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Estudo da Influência do Método do


Empacotamento do Agregado Miúdo na
Resistência do Concreto Convencional

Article · October 2016

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6 authors, including:

Selton Fernandes de Sousa Lima Samuel Gomes


Universidade Federal de Tocantins Universidade Federal de Tocantins
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Welkens Oliveira Lucas Quintanilha


Universidade Federal de Tocantins Universidade Federal de Tocantins
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Estudo da Influência do Método do Empacotamento do Agregado Miúdo
na Resistência do Concreto Convencional
Study of the Influence of Packing Method of Fine Aggregates on Conventional Concrete
Strength

Selton Fernandes de Sousa Lima (1); Samuel de Carvalho Gomes (2); Welkens Gomes
de Oliveira (3); Lucas Carvalho Quintanilha (4); André Soares Mendes (5); Henrique
Tochtrop (6).

Graduando, UFT - seltonfernandes@uft.edu.br


Graduando, UFT - samuk a@uft.edu.br
Graduando, UFT - woliver@uft.edu.br
Professor Engenheiro, UFT – lucasquintanilha@uft.edu.br
Graduando, CEULP ULBRA/IFTO - andremendes@ceulp.edu.br
Graduando, CEULP ULBRA – henriquetoch@gmail.com

Resumo
Um dos métodos de dosagem do concreto mais difundidos no Brasil é conh ecido como método do volume absoluto.
Através dele, é possível obter a proporção ideal dos materiais que compõem o concreto convencional para as demandas
tradicionais. Contudo, um método alternativo – com menor popularidade – se propõe à obtenção do conjunto com maior
compacidade possível: o método do empacotamento compressivo. O método consiste, simplificadamente, em
especificar uma granulometria das partículas agregadas tal que promova uma alta densidade de empacotamento. Dessa
forma, o produto final apresentará elevada resistência mecânica e maior durabilidade se comparado ao concreto dosado
do modo tradicional. Tal procedimento é adotado principalmente para proporcionar o traço do concreto de alto
desempenho (CAD), o qual costuma contar com aditivos e/ou agregados especiais. O efeito desse procedimento de
dosagem sobre o concreto comum é, no entanto, menos estudado mesmo que seja possível supor que vantagens
semelhantes – ainda que proporcionalmente inferiores – possam ser alcançadas na dosagem de concretos convencionais
através do mesmo raciocínio. Diante disso e com o propósito de trazer para a realidade das obras no que se refere à
produção in loco do concreto convencional, o presente trabalho se propôs a verificar influência do método do
empacotamento do agregado miúdo na resistência do concreto convencional, motivo pelo qu al a metodologia foi
adaptada e simplificada. O programa experimental avaliou comparativamente dois traços de concreto: um traço comum
(dosado da maneira tradicional) e outro em que a granulometria do agregado miúdo foi especificada de maneira tal que
o módulo de finura fosse 2,6 (foram adotadas quatro frações granulométricas após peneiramento de areia natural
média). Em ambos os casos, foram verificadas as principais propriedades do c oncreto nos estados fresco e endurecido,
isto é: consistência, massa específica, teor de ar aprisionado, além da resistência à compressão axial e à tração – medida
pela compressão diametral. Os resultados obtidos mostraram que o aumento da compacidade prov ocou perda de
abatimento (consistência seca) e consequente aumento na dificuldade de adensamento, embora não tenha havido
incrementos (nem prejuízos) significativos na resistência mecânica do material. Vale salientar que o conteúdo total de
materiais finos foi maior no concreto com empacotamento da areia do que no traço de referência, fato que está
relacionado à perda de fluidez. No caso do CAD, esse problema pode ser contornado com o uso de aditivos, mas este
trabalho optou por não se valer desse produto a fim de verificar a resposta do concreto em sua composição trivial.

Palavras-chave: Agregados fino, Empacotamento, Dosagem.

ANAIS DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2016 – 58CBC2016 1


Abstract

One of the most widespread concrete dosing methods in Brazil is known as the absolute volume method. Through it,
you can get the ideal proportion of the materials that make up the conventional concrete for traditional demands.
However, an alternative method – with less popularity - intends to obtain greater compactness together as possible: the
method of compression packaging. The method is, simply, to specify a grain size of aggregate particles such that
promote high density packaging. Thus, the final product will have high mechanical strength and durability when
compared to traditional concrete dosed manner. This procedure is adopted mainly to provide the high performance
concrete mix (CAD), which usually rely on additives and / or special aggregates. The effect of this dosage procedure on
the joint concrete is, however, less studied even if it can be assumed that similar advantages - even in lower proportion -
can be achieved at a dosage of conventional concrete through the same reasoning. In view of this and in order to bring
the reality of the works in relation to the production in loco of conventional concrete, this study aimed to verify the
influence of the application of packaging method in conventional concrete resistance, which is why the methodology
has been adapted and simplified. The experimental program evaluated compare two specific traits: a common thread
(dosed in the traditional way) and another in which the particle size of the fine aggregate was specified such that the
fineness modulus was 2.6 (were adopted four size fractions after screening natural medium sand). In both cases, the
main properties of the concrete in fresh and hardened states were checked, that is, consistency, density, entrained air
content, as well as compressive strength and tensile strength - measured by diametral compression. The results showed
that increasing the compactness caused dejection loss (dry consistency) and consequent increase in the difficulty of
densification, although no increments (or losses) significant in mechanical strength of the material were verified. It is
noteworthy that the total content of fines was higher in concrete with packing sand than in the mark, a fact that is related
to the loss of fluidity. In the case of CAD, this problem can be circumvented with the use of additives , but this work has
chosen not to make use of this product in order to verify the concrete response in their trivial composition.

Keywords: fine aggregates, Packaging, Dosage.

ANAIS DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2016 – 58CBC2016 2


1 Introdução
1.1 Agregados para Concreto

Os agregados são materiais granulares que estão dispostos em um meio


aglomerante, também chamada de pasta de cimento, porém não atuam nas reações
químicas de enrijecimento da pasta cimentícia, sendo considerados como um material de
enchimento que proporciona economia na composição da mistura. Entretanto, Mehta e
Monteiro (2008) tratam do agregado como um material que contribui para as propriedades
do concreto seja no estado fresco ou no estado endurecido. Assim, é notável a influência
do tipo de material e sua proporção na produção do concreto por intervir nas propriedades
físicas da mistura durante todo o processo de endurecimento e, ainda, na sua
durabilidade.

1.1.1 Influência do agregado no concreto

Em vista da produção do agregado demandar pouco ou nenhum beneficiamento


industrial, seu valor é em geral bastante inferior ao custo do aglomerante utilizado na
produção do concreto convencional, o cimento Portland. Isso ocorre devido ao processo
de produção do aglomerante ser mais complexo, partindo da extração da matéria-prima
(calcário e argila) e passando por todas as etapas até se obter o cimento Portland pronto.
Logo, dentre as principais razões do emprego dos agregados na mistura é o fator
econômico, pois a utilização desse material reduz a necessidade de consumo de
aglomerante, reduzindo gastos na fabricação de argamassas e concretos. (METHA e
MONTEIRO, 2008; NEVILLE, 1997).
Além do benefício econômico da utilização dos agregados no concreto, há ainda
razões técnicas que justificam essa inserção. O emprego dos agregados exerce influência
sobre a retração térmica do concreto, reduzindo esse fenômeno devido à sua não
contribuição ao calor de hidratação do cimento. Ainda, é possível destacar como aspecto
positivo a manutenção da estabilidade dimensional do concreto pois como os agregados
possuem módulo de elasticidade geralmente mais alto que o concreto, eles estão menos
sujeitos a sofrer com tais variações dimensionais (METHA e MONTEIRO, 2008; NEVILLE,
1997).
São as características dos agregados utilizados no concreto que irão determinar a
abrangência da sua contribuição para a estrutura. Dentre as propriedades dos agregados
que mais se destacam no desempenho do concreto, estão a porosidade, composição
granulométrica, absorção de água, forma e textura superficial das partículas, resistência à
compressão, módulo de elasticidade e os tipos de substâncias deletérias presentes e
resistência à abrasão (MEHTA e MONTEIRO,2008).
Uma das características mais importantes dos agregados apontada pela norma
NBR 7211 (ABNT, 2009) bem como pela literatura técnica é a distribuição granulométrica.
Sabe-se que os agregados usados em concretos têm em sua composição partículas de
diversos tamanhos e, além disso, o concreto convencional sempre se vale do uso de
agregados miúdos (areia) e graúdos (seixo ou rocha britada). Há, inclusive, imposição
normativa para o percentual de cada fração granulométrica que deve compor os
agregados miúdo e graúdo (ver Tabelas 1 e 2).
ANAIS DO 58º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2016 – 58CBC2016 3
Tabela 1 – Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo (ABNT NBR 7211 (2009))

Peneira com Porcentagem, em massa, retida acumulada


abertura de malha Limites inferiores Limites superiores
(ABNT NBR NM
Zona utilizável Zona ótima Zona ótima Zona utilizável
ISO 3310-1)
9,5 mm 0 0 0 0
6,3 mm 0 0 0 7
4,75 mm 0 0 5 10
2,36 mm 0 10 20 25
1,18 mm 5 20 30 50
600 μm 15 35 55 70
300 μm 50 65 85 95
150 μm 85 90 95 100
NOTA 1 O módulo de finura da zona ótima varia de 2,20 a 2,90.
NOTA 2 O módulo de finura da zona utilizável inferior varia de 1,55 a 2,20.
NOTA 3 O módulo de finura da zona utilizável superior varia de 2,90 a 3, 50.

Tabela 2 – Limites da composição granulométrica do agregado graúdo (ABNT NBR 7211 (2009))

Peneira com Porcentagem, em massa, retida acumulada


abertura de Zona granulométrica
malha (ABNT d/Dª
NBR NM ISO
4,75/12,5 9,5/25 19/31,5 25/50 37,5/75
3310-1)
75 mm - - - - 0-5
63 mm - - - - 5 - 30
50 mm - - - 0-5 75 - 100
37,5 mm - - - 5 - 30 90 - 100
31,5 mm - - 0-5 75 - 100 95 - 100
25 mm - 0-5 5 - 25b 87 - 100 -
19 mm - 2 - 15b 65b - 95 95 - 100 -
12,5 mm 0-5 40b - 65b 92 - 100 - -
9,5 mm 2 - 15b 80b - 100 95 - 100 - -
6,3 mm 40b - 65b 92 - 100 - - -
4,75 mm 80b - 100 95 - 100 - - -
2,36 mm 95 - 100 - - - -
ª Zona granulométrica correspondente à menor (d) e à maior (D) dimensões do agregado graúdo.
b Em cada zona granulométrica deve ser aceita uma variação de no máximo cinco unidades percentuais em apenas um

dos limites marcados com 2). Essa variação também pode estar distribuída em vários desses limites.

O motivo pelo qual há necessidade de contar com essas diferentes faixas


granulométricas está relacionado à compacidade do conjunto. Isto é, deseja-se que o
concreto pronto tenha o mínimo possível de vazios em sua constituição e, para isso, os
espaços deixados por agregados maiores devem ser progressivamente preenchidos por
agregados de menor dimensão. Quando esses espaços forem muito pequenos de modo
que os agregados não consigam mais preenchê-los, a própria pasta de cimento o fará. Se
o conjunto for bastante coeso, o concreto será compacto. A alta compacidade é desejável
tanto para o desempenho mecânico, quanto para a durabilidade (METHA, 2008).

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1.2 O método do volume absoluto

O proporcionamento em volume dos componentes básicos do concreto


(aglomerante, agregado graúdo, agregado miúdo e água de amassamento) é comumente
definido por procedimentos matemáticos simples conhecidos na literatura técnica como
método do volume absoluto. Não existe uma única maneira para se dosar um traço de
concreto e, aliás, não há no Brasil uma exigência normativa para a metodologia de
dosagem. Contudo, a maior parte dos Engenheiros e pesquisadores se vale desse
método (amplamente conhecido por suas variações como o método ACI Seven Steps ou
método ABCP, aqui no Brasil) para obter as proporções entre os insumos que garantam a
trabalhabilidade desejada e a resistência mecânica necessária ao concreto.
O método do volume absoluto é considerado bastante exato, mas não se pode
dizer que o de melhor eficiência e eficácia. Isso significa que mesmo que traço seja
calculado da maneira correta, o concreto obtido ainda deve ser submetido a ensaios de
verificação da qualidade alcançada. Diversos autores, a exemplo Helene e Terzian
(1993), sugerem que seja realizada uma etapa de correção do traço após a verificação da
trabalhabilidade e da resistência. Nesse sentido, Mehta e Monteiro (2008) afirmam que a
dosagem do concreto é mais uma arte que uma ciência propriamente dita.
Este método de dosagem exige o conhecimento das massas específicas do
agregado miúdo (NBR NM 52 (ABNT, 2009)) e do agregado graúdo (NBR NM 43 (ABNT,
2009)), a massa unitária do agregado graúdo (NBR NM 45 (ABNT,2006)), o módulo de
finura do agregado miúdo e a dimensão máxima característica do agregado graúdo, que
devem ser obtidos após os ensaios de granulometria segundo a NBR 7211 (ABNT, 2009)
e a NBR NM 248 (ABNT, 2003); em relação ao aglomerante, é necessário o
conhecimento do tipo de cimento e sua massa específica. A partir dessas informações,
somadas às determinações prévias de resistência característica e abatimento são
calculadas as proporções de cada componente do concreto.

1.3 Método do empacotamento dos agregados

Em busca da melhoria das técnicas de dosagem, o método do volume absoluto é,


por certas vezes, substituído pelo método do empacotamento dos agregados. Esse
processo lança mão da melhoria do arranjo granulométrico para incrementar a resistência
mecânica do concreto e estender sua durabilidade, aumentando a compacidade do
conjunto. Dessa forma, a distribuição granulométrica reduz a quantidade de vazios na
mistura, controlando o empacotamento das partículas e, com a pasta, beneficiando as
propriedades reológicas do conjunto durante o processo de mistura enquanto o concreto
estiver no seu estado plástico.
O empacotamento de partículas se propõe a discriminar a proporção e o tamanho
adequado do material granular, rearranjando a mistura para que os vazios maiores sejam
preenchidos por partículas menores e os vazios formados nessa disposição sejam
ocupados por partículas ainda menores de forma a reduzir ao máximo o volume de vazios
em função da granulometria adotada (McGEARY, 1961 apud BARBOSA, 2008).

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Mesmo que o método seja de fácil entendimento, sua aplicação depende de uma
modelagem matemática complexa que determine o melhor arranjo geométrico entre as
partículas. Além disso, utilização desse método pode demandar a utilização de aditivos ou
agregados especiais e, assim, Castro e Pandolfelli (2000) e Oliveira et al. (2009) têm
estudado a utilização deste processo em concreto de alto desempenho. A dificuldade na
execução do método dificulta a sua utilização na produção de concreto convencional.
É observado, ainda, que em alguns casos a composição de frações
granulométricas para o procedimento de fabricação do concreto é utilizada. Mesmo que
essa utilização não seja de fato o método do empacotamento, a intenção é a mesma:
reduzir o volume de vazios a partir do aumento da compacidade da mistura.

2 Objetivos
2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem como principal objetivo a verificação da influência da


resistência à tração e à compressão ao ser utilizado o método do empacotamento do
agregado miúdo no concreto.

2.2 Objetivo Específico

Dessa forma, além de verificar se há variação nas características do estado


endurecido do concreto, vê-se necessária a verificação do seu estado fresco, assim
atendem como objetivos específicos:
 Avaliação da consistência do concreto fresco ao ser empregado o método do
empacotamento do agregado miúdo;
 Medição da massa específica aparente do concreto produzido por meio do método
do empacotamento do agregado miúdo;
 Quantificação do teor de ar aprisionado no estado fresco do concreto com a
utilização do método do empacotamento do agregado miúdo.

3 Metodologia
3.1 Programa experimental

Diante disso, o presente trabalho se propôs a estudar a influência desse método


(tomado apenas para o agregado miúdo) na resistência do concreto de cimento Portland
convencional. O programa experimental avaliou as características principais do concreto
no estado fresco e no estado endurecido, a saber: consistência (pelo abatimento do
tronco de cone), massa específica, teor de ar aprisionado, além da resistência à
compressão axial, à tração – medida pela compressão. A Tabela 3 resume os ensaios e
mostra as normas usadas como referência para sua execução.

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Tabela 3 – Programa experimental
Concreto fresco Concreto endurecido
Ensaio Norma Ensaio Norma
Abatimento do tronco de cone NBR NM 67 Resistência à compressão NBR 5739
Massa específica NBR 9833
Resistência à tração por compressão diametral NBR 7222
Teor de ar aprisionado NBR 9833

A fim de aproximar os resultados da realidade dos processos cotidianos de


produção de concreto convencional, o método do empacotamento foi adaptado para uma
versão mais simples: o agregado miúdo utilizado foi tomado em duas frações
granulométricas, obtidas por peneiramento de areia natural média. Como parâmetro
comparativo, foi produzido um exemplar do concreto convencional (TR) dosado e
produzido sem a especificação das frações granulométricas e submetido aos mesmos
ensaios.
Desse modo, serão comparadas as resistências à compressão axial e diametral do
concreto produzido de duas maneiras diferentes. A primeira faz uso do método do
empacotamento do agregado miúdo, que parte do traço em massa de 1 : 2,41 : 2,75 :
0,59 (cimento : areia : brita : água), feito de acordo com o método da ABCP. A segunda
maneira se dá de acordo com a produção convencional de concreto, utilizando o mesmo
traço, mudando apenas que o agregado miúdo não é dosado como no método do
empacotamento.
Ambas as produções ocorreram conforme a seguinte sequência de mistura:
 Execução da imprimação;
 Colocação do agregado graúdo e metade da água utilizada na betoneira;
 Acréscimo do aglomerante e, posteriormente, do agregado miúdo e o
restante da água;
 Mistura dos materiais na betoneira por 3 minutos.

3.2 Materiais
3.2.1 Aglomerante

Como aglomerante foi usado cimento Portland composto com pozolanas (tipo CP II
– Z) classe 32.

3.2.2 Agregado miúdo

Foi utilizada areia média de leito de rio obtida na região de Palmas-TO. Antes do
preparo do concreto, a areia foi lavada e seca em estufa até a constância de massa. No
traço estudado (T1) foram utilizadas porcentagens de 20% de agregado retido na peneira
1,20 mm, 40% do agregado retido na peneira 0,60 mm, 20% retido na 0,30 mm e 20% do
agregado retido na peneira de abertura 0,15 mm, separados por peneiramento mecânico,
seguindo as recomendações do método IPT/SP. O agregado miúdo foi caracterizado com
módulo de finura 2,6, classificado na zona ótima segundo a NBR 7211.

3.2.3 Agregado graúdo


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O agregado graúdo adotado foi a brita granítica com dimensão máxima de 9,5 mm.

4 Resultados e Análise
4.1 Concreto Fresco
4.1.1 Abatimento do Tronco de Cone

O ensaio de consistência do estado fresco do concreto foi realizado conforme a


NBR NM 67 (ABNT, 1998), por meio do abatimento do tronco de cone. Na dosagem, foi
considerado um abatimento estimado de 7 ± 1 cm, porém os resultados reais do traço de
referência (TR) e traço 1 (T1) são mostrados na Figura 1.
Figura 1 – Abatimento do tronco de cone.

A análise visual simples do gráfico evidencia que o traço T1 apresentou menor


abatimento do que o traço TR. É notável que, tendo sido mantida a relação água/cimento
para ambos os traços, a fluidez diminuiu na medida em que também aumentaram os
percentuais de grãos de menor dimensão.
Portanto, neste caso, a utilização do método do empacotamento implica na
diminuição da trabalhabilidade do concreto. Assim, o resultado também indica que, para
compatibilizar a consistência do traço T1 com o traço de referência, pode-se aumentar a
quantidade de água da mistura, reduzindo dessa forma a resistência mecânica do
concreto produzido com o respectivo traço.

4.1.2 Massa Específica Aparente

A massa específica aparente do concreto fresco foi obtida segundo os


procedimentos estabelecidos pela NBR 9833 (ABNT, 2009). Este ensaio possibilita a
verificação de maneira indireta da densidade de empacotamento dos agregados no
estado fresco do concreto, possibilitando a inferência de que misturas com maior
densidade de empacotamento dos materiais granulares sugerem o aumento da densidade
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global da estrutura. Os resultados obtidos para esse ensaio podem ser observados a
Figura 2 a baixo.
Figura 2 – Massa específica aparente.

A partir dos valores obtidos, é possível observar que, comparado ao traço de


referência, o traço 1 apresenta maior massa específica aparente, indicando que o arranjo
adotado para essa dosagem. Com a utilização de agregados conforme o traço 1, houve
um aumento de quase 90 Kg/m³ em relação ao traço de referência.
Apesar do aumento da massa específica estar diretamente relacionado à melhoria
do desempenho mecânico da estrutura, os resultados dos ensaios de resistência indicam
equivalência para ambos os traços. Assim, deste ponto de vista, o aumento da massa
específica deixa de ser interessante, pois provoca o aumento do peso próprio da estrutura
e consequentemente afeta o seu desempenho devido ao aumento de esforços de
solicitação.

4.1.3 Teor de Ar Aprisionado

A quantidade de vazio na produção do concreto, tais como acúmulo de ar e água,


também exercem influência sobre a mistura, como a redução do peso próprio da estrutura
e melhor desempenho frente a ciclos de congelamento, ou mesmo a formação de zonas
frágeis na microestrutura do concreto, como afirma Mehta e Monteiro (2008). O maior
prejuízo para o concreto em relação ao aumento do teor de ar aprisionado, é que este
fator está diretamente ligado à redução da resistência mecânica da estrutura e ao
aumento da permeabilidade da mistura, atentando-se ao aumento da porosidade e
tornando a estrutura mais suscetível à percolação de fluidos agressivos.
Assim, como o método do empacotamento reduz a quantidade de vazios na
mistura, é esperada a redução do teor de ar aprisionado no concreto com a utilização do
traço T1. A Figura 3 expõe os resultados obtidos.

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Figura 3 – Teor de ar aprisionado.

Os resultados, expostos na Figura 3, o menor teor de ar aprisionado foi obtido com


o traço T1, traço que também apresentou a maios massa específica aparente. Tal
resultado aponta para o fato de que os percentuais usados na confecção do concreto T1
se aproximam melhor do que se poderia chamar de composição ótima. Não foi verificada
a porosidade ou a permeabilidade do concreto no estado endurecido, mas pode-se
esperar que o traço TR tenha menor durabilidade que o traço T1, visto que seu maior teor
de ar aprisionado permita mais facilmente a passagem de fluidos potencialmente
agressivos.

4.2 Concreto Endurecido


4.2.1 Resistência à Compressão

Com a premissa do método do empacotamento dos grãos reduzir a quantidade de


vazios no interior do concreto, estima-se o acréscimo da resistência à compressão dos
corpos-de-prova nos quais foi utilizado esse procedimento, pois a transferência de
tensões ocorre de forma mais efetiva devido ao aumento da densidade da mistura.
Seguindo as prescrições da NBR 5739 (ABNT, 2007), foram realizados ensaios de
resistência à compressão do traço de referência e do traço 1, aos 7 e 28 dias, utilizando 3
corpos-de-prova para cada traço mantidos em cura úmida até o dia do rompimento. O
resultado pode ser observado nas tabelas 3 e 4.
Tabela 4 – Resistência à compressão aos 7 dias de idade.

Resistência à Compressão aos 7 dias (MPa)


Traços Coeficiente de
Média Desvio Padrão
Variação
TR 15,90 0,36 0,13
T1 16,10 1,33 1,77
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Tabela 5 – Resistência à compressão aos 28 dias de idade.

Resistência à Compressão aos 28 dias (MPa)


Traços Coeficiente de
Média Desvio Padrão
Variação
TR 20,60 0,55 0,30
T1 19,50 1,45 2,11

Como as tabelas 1 e 2 revelam, não houve correspondência perfeita entre as


massas específicas aparentes obtidas (e apresentadas no item 3.1.2) e os resultados de
resistência à copressão. De fato, o traço de maior massa específica (T1) obteve o melhor
desempenho mecânico aos 7 dias de idade, porém o cenário mudou quando foram
aferidas as resistências aos 28 dias. Dessa forma, a diferença entre as resistências
máxima e mínima obtidas pelos corpos-de-prova do traço 1 é de 2,6 MPa para 7 dias de
idade e 2,9 para 28 dias. Entretanto, para o traço de referência, a diferença entre as
resistências máximas e mínimas são de 0,7 MPa para 7 dias de cura e 1,1 MPa para 28
dias. Desse modo, é possível concluir que o empacotamento granular promovido pelo
traço 1 não representou variações relevantes na resistência à compressão dos concretos
confeccionados.

4.2.2 Resistência à Tração


Os corpos-de-prova cilíndricos foram rompidos à compressão diametral segundo a
NBR 7222 (ABNT, 2011) para se obter resultados de resistência à tração. A Tabela 5
apresentada na sequência mostra os resultados obtidos.
Tabela 6 – Resistência à tração por compressão diametral.

Resistência à Tração aos 28 dias (MPa)


Traços Coeficiente de
Média Desvio Padrão
Variação
TR 2,12 0,06 0,00
T1 1,94 0,16 0,03

Analogamente aos resultados obtidos pela resistência à compressão axial


apresentados anteriormente, as resistências à tração por compressão diametral dos dois
traços de concreto avaliados obtiveram resultados muito próximos, o que pode sugerir
que os arranjos granulares não manifestaram efeito considerável para essa grandeza. A
diferença entre as resistências médias de tração entre TR e T1 é de apenas 0,19 MPa.

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5 Conclusões
A utilização do concreto ao longo do tempo proporcionou o aumento do estudo dos
materiais que o compõe em busca de economia e eficiência. As práticas evoluíram e se
tornaram difundidas, dessa forma a dosagem do concreto pelo método do volume
absoluto foi estabelecida como a mais usual. Entretanto, devido â necessidade de
otimizar o procedimento de fabricação de concreto, surgem outras técnicas que visam
obter resultados melhores com os mesmos componentes, seja para o próprio aumento do
desempenho mecânico da estrutura ou mesmo para economia dos materiais de consumo.
Mesmo que não totalmente difundidos, novos métodos de dosagem do concreto vêm
ganhando espaço no cenário da construção.
Assim, o empacotamento dos materiais granulares surge como uma alternativa
para melhorar propriedades do concreto nos estados fresco e endurecido. Esta técnica
proporciona o rearranjo dos grãos e traz benefícios diretos para a composição do
concreto em estado fresco refletidos na redução do teor de ar aprisionado, que acarretam
na diminuição dos vazios no interior do concreto, no aumento da massa específica
aparente, na redução da retração térmica e, consequentemente de microfissuras,
tornando a mistura mais coesa e menos suscetível à penetração de agentes externos.
Logo, o uso de partículas granulares aglutinadas avaliado pelo presente trabalho
confere vantagens ao concreto convencional. O aumento da densidade provocado pelo
método do empacotamento implica não somente em ganhos para a coesão da mistura,
mas também reflete na economia de aglomerante usado na produção do concreto. Ainda,
apesar de não se verificar o aumento das resistências à compressão e à tração da
estrutura, o procedimento utilizado para a dosagem não reduziu estes parâmetros, este
fato pode se justificar pela adoção de porcentagens arbitrárias de agregados miúdos na
mistura.

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