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Fontes Renováveis de Energiá

Professor: Jorge Luiz Nascimento

UTILIZAÇÃO DE FONTES RENOVÁVEIS PARA


SUPRIMENTO ENERGÉTICO DE UMA
PROPRIEDADE RURAL DE GADO LEITEIRO COM
BENEFICIAMENTO DE LEITE.

Bruno Pinheiro
Camila Buzatto
Priscila Oliveira
Renan Lombardo
Stephanie Carolina Maia

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2015


2015.1

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 5

2. DEFINIÇÃO DA PROPRIEDADE ........................................................................................ 6

2.1. Localização Da Propriedade ......................................................................................................... 6

2.2. Descrição Da Propriedade ............................................................................................................. 7

2.3. População ......................................................................................................................................... 8

2.4. Gado Leiteiro ................................................................................................................................... 9

2.5. Beneficiamento Do Leite ................................................................................................................ 9

2.6. Agricultura........................................................................................................................................ 9

3. ATIVIDADE LEITEIRA ............................................................................................................ 9

3.1. Rebanho ............................................................................................................................................ 9

3.2. Manejo Da Exploração Leiteira ....................................................................................................10


3.2.1. Área de Confinamento ................................................................................................................. 10
3.2.2. Área de Ordenha........................................................................................................................... 11
3.2.3. Áreas Especiais ............................................................................................................................ 12

3.3. Alimentação ....................................................................................................................................13

3.4. Manejo De Resíduos ......................................................................................................................14

3.5. Sanidade ..........................................................................................................................................14

3.6. Distribuição Dos Prédios Que Compõem A Exploração ........................................................15

4. BENEFICIAMENTO DO LEITE ......................................................................................... 16

4.1. Pasteurização/ homogeneização ................................................................................................16

4.2. Envase..............................................................................................................................................17

4.3. Distribuição dos prédios que compõem a exploração ...........................................................17

5. CONSUMO ENERGÉTICO ................................................................................................. 18

5.1. Residencial ......................................................................................................................................18


5.1.1. Casa dos patrões .......................................................................................................................... 18
5.1.2. Casa dos funcionários .................................................................................................................. 19

5.2. Iluminação De Áreas Externas ....................................................................................................19

5.3. Gado Leiteiro ..................................................................................................................................20


5.3.1. Sala de ordenha e leite ................................................................................................................ 20

5.4. Beneficiamento Do Leite ...............................................................................................................20

5.5. Máquinas Agrícolas .......................................................................................................................21

6. USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS ............................................................................... 21

6.1. Fotovoltaica ....................................................................................................................................22


6.1.1. Itens necessários no projeto de um sistema solar fotovoltaico.............................................. 22
6.1.2. Alimentação energética ............................................................................................................... 24
6.1.2.1. Residencial ................................................................................................................................ 24
6.1.2.2. Iluminação externa ................................................................................................................... 30

6.2. Termossolar ....................................................................................................................................32


6.2.1. Itens Necessários No Projeto De Um Sistema Termossolar.................................................. 33
6.2.2. Alimentação Energética ............................................................................................................... 33
6.2.2.1. Residencial ................................................................................................................................ 33
6.2.2.2. Para exploração e beneficiamento do leite .......................................................................... 36

6.3. Biomassa .........................................................................................................................................37

6.4. Eólica ................................................................................................................................................53

7. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 64

8. REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 64

ANEXO A .......................................................................................................................................... 67

1. Cálculo do índice solarimétrico do local de projeto ........................................................................67


1.1. Cálculo da irradiação solar média ........................................................................................................ 67
1.2. Cálculo do Plano Inclinado .................................................................................................................... 68

2. Cálculo da velocidade do vento ..........................................................................................................68

ANEXO B .......................................................................................................................................... 70
5

1. INTRODUÇÃO
As energias renováveis, que estão cada vez mais difundidas, levam em consideração além
do fator renovável a sustentabilidade. Com boas condições de matéria-prima é possível gerar
um grande potencial energético a partir delas.

Com esse conceito também tem sido disseminado a capacidade de pequenas gerações,
não sendo necessária a produção em massa em uma usina com apenas uma especialidade
de produção, possibilitando pequenas usinas domésticas, capazes de alimentar parte ou todo
de instalações aonde é empregada.

Neste trabalho, nos restringiremos aos seguintes tipos de energia renovável: biomassa,
eólica, fotovoltaica e termossolar. E o objetivo é mostrar que é possível, em termos
energéticos, alimentar uma propriedade apenas com energias renováveis.

A propriedade em questão é de origem rural, com atividade de gado leiteiro e


beneficiamento de leite, além da agricultura de subsistência, o que faz com que o consumo
energético requerido seja alto, pois para tal exploração é requerido um leite com qualidade
tipo “A”, o que implica mão de obra primordialmente mecânica.

A propriedade ainda abriga todas as pessoas que a fazem funcionar e os próprios donos,
o que aumenta a carga energética necessária para a região.

A propriedade descrita, não abriga, de fato, nenhuma das explorações proposta. Sendo,
atualmente, apenas um terreno com potencial para as instalações. O projeto é baseado em
valores reais, viabilizando a execução da mesma futuramente, caso haja interesse.

As energias renováveis acima foram utilizadas conforme a necessidade e capacidade de


geração de cada uma, tomando como base as medidas necessárias da região como
temperatura, índice de radiação solar e velocidade do vento e matéria-prima obtida na própria
fazenda.
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2. DEFINIÇÃO DA PROPRIEDADE

2.1. Localização Da Propriedade

A localização escolhida para a propriedade rural de gado leiteiro foi a cidade de Santo
Antônio de Pádua, localizada no noroeste fluminense do estado Rio de Janeiro, cuja
coordenada de latitude é 21º25’ e 21º40’ ao sul e de longitude, 42º00’ e 41º20’ ao oeste, e
sua altitude é de 86 metros.

Santo Antônio de Pádua tem um clima tropical, tendo mais pluviosidade no verão do que
no inverno, sendo considerado um inverno seco. A pluviosidade média anual é de 1234
milímetros, concentrando-se de novembro a março, sendo dezembro o mês mais chuvoso e
julho, o mais seco. O balanço híbrido médio da região apresenta os meses de fevereiro a
outubro com déficit híbrido e o excesso aparece em novembro e dezembro.

Os principais rios são controlados pela estrutura geológica local. A cidade é abastecida
pelo Rio Pomba que corta a cidade ao meio e é um dos principais afluentes da margem
esquerda do Rio Paraíba do Sul

Quanto à temperatura, a média da cidade é de 22.9 ºC, sendo janeiro o mês mais quente
e julho, conta com a menor temperatura. Quanto a radiação solar, o mês que apresenta o
caso de menor índice é junho, com 3.87 kWh/m².dia (Anexo A).

Apresenta ventos com velocidade média próximas a 2,07m/s e pressão atmosférica é em


torno de 1010 hPa (Anexo A).

Geomorfologicamente o município está inserido no Domínio dos Mares de Morro


Florestados. Está inserido no Bioma de Mata Atlântica, identificado como “hotspot” (áreas com
alta biodiversidade, altas taxas de endemismo e ao mesmo tempo com alta pressão
antrópica). Localiza-se na porção reversa da Serra do Mar, na bacia do Paraíba do sul, onde
predominam colinas côncavo-convexas com diferentes amplitudes de relevo, em que a
distância entre os divisores de drenagem e o fundo de vale pode variar de duzentos metros
até seiscentos metros, dependendo do domínio morfológico.

A vegetação original da Mata Atlântica foi praticamente devastada. Vale ressaltar que os
solos com grande capacidade de reter água não são os mais comuns visto que a estrutura
geológica deste setor fluminense é fortemente marcada por afloramentos rochosos
ocasionando solos rasos.
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Figura 1 - Localização da cidade escolhida.

2.2. Descrição Da Propriedade

As características da região são adequadas ao cultivo de gado leiteiro de tal modo que a
cidade abriga um grande número dos produtores de leite.

A propriedade está localizada na Rua Rosalina Barcelos Moreno, no bairro do Campelo,


em Santo Antônio de Pádua. Sua extensão é marcada longitudinalmente é ao longo do eixo
leste-oeste. Ela conta com um terreno com boas características de drenagem, é levemente
inclinado e firme. É abastecida de água potável pela empresa local Águas de Santo Antônio
e de energias renováveis de produção própria, não sendo abastecida de energia elétrica
convencional. Tem extensão em torno de 100 hectares, compreendendo área de cultivo
agrícola, de gado leiteiro, de beneficiamento do leite, uma área residencial, abrigando todos
os responsáveis pela manutenção da fazenda e mais algumas áreas para armazenamento e
estoque.
8

Áreas para armazenamento

O alojamento para os tratores, implementos rurais e depósito de insumos possui 765 m²


de área coberta, edificada com estrutura mista de concreto/aço/madeira, pé-direito de seis
metros, cobertura em telhas de fibrocimento e piso de concreto rústico.

2.3. População

A população que reside na propriedade tem um padrão de vida simples, mas sem miséria.
O mesmo padrão de vida se aplica a funcionários e patrões, diferenciando-se primordialmente
em termos de dimensão das habitações. Não há luxo, mas todos vivem com boa qualidade
de vida.

A propriedade é composta por 48 moradores. Ela abriga todos os funcionários (16) e


patrões e suas respectivas famílias. A moradia dos patrões compreende uma área de 90m²
enquanto a moradia dos colonos conta com apenas 50m².

Tabela 1 - Quadro de funcionários

Quadro de Funcionários Quantidade


Casqueador 1
Gerente 1
Ordenhadores 3 (sendo 1 folguista)
Responsável pela fábrica de ração 1
Responsável pela plantação 2
Responsável pela recria 2
Sanitarista 1
Tratorista 2
Responsavél pelo envase do leite 1
Responsável pela qualidade do leite 1
Responsável pelo transporte do leite 1

Foram considerados 16 funcionários, dispostos em 11 casas. Acreditando que por ser uma
propriedade isolada os familiares tem tendência a participar do mesmo ramo de trabalho que
família, fazendo com que mais de um funcionário habite a mesma casa.

Foi considerado também, que cada casa de colono abriga 4 pessoas abrangendo
funcionários, cônjuges e filhos.
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2.4. Gado Leiteiro

A propriedade possui exploração de gado leiteiro e buscamos a produção de um leite


classe A, para isso, o sistema de criação de gado adotado é intensivo. Neste método, os
animais ficam confinados durante todo o ano recebendo alimentação adequada (volumoso,
feno e ração) em comedouros localizados na própria instalação de confinamentos.

O manejo de confinamento é facilitado já que existe maior proximidade do tratador com o


animal, podendo identificar rapidamente doenças e problemas diversos. Já o ponto negativo,
é a facilidade de proliferação de doenças contagiosas. Por isso, existem alguns cuidados e
áreas direcionadas para garantir um alto padrão de qualidade.

2.5. Beneficiamento Do Leite

Além da exploração do gado leiteiro, possui na propriedade, uma usina de laticínio, onde
o leite é resfriado, pasteurizado e homogeneizado, tudo conforme exigências. A fazenda
produz 4000 litros de leite envasados por dia, oriundos somente da produção própria.

2.6. Agricultura

A agricultura da propriedade compreende uma área de 95ha. Nessa área, inclui-se a


agricultura para subsistência e alimentação para o gado. A maior parte da plantação é voltada
para milho. A silagem de milho representa cerca de 80% da alimentação das vacas.

Desses 95ha, 85 foram usados na produção de milho para silagem e o restante foi
ocupado por demais grãos cultivados e instalações

3. ATIVIDADE LEITEIRA

3.1. Rebanho
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O rebanho de vaca leiteira existente na propriedade é de 255 vacas. Neste rebanho está
incluído o número de bezerras e novilhas gestantes.

Tabela 2 - Quantidade de animais por nível

Animais por nível Quantidade de animais


Animais em lactação 140
Bezerras 55
Novilhas gestantes 60

3.2. Manejo Da Exploração Leiteira

O processo de manejo é uma dinâmica de difícil definição, mas representa a linha mestra
do sucesso da exploração leiteira. Como dito anteriormente, o método adotado é o
confinamento total.

O rebanho é criado em baias livres. Este método consiste em alojar os animais livremente
em um complexo de construções e áreas independentes, porém ligadas entre si. O tipo de
baia utilizado é o free-stall, que são baias individuais. O free-stall é formado de um galpão
destinado ao descanso das vacas em produção, que contém baias de contenção com
dispositivo para controle de deposição de dejetos em corredor (fosso) apropriado. Ligado a
esse galpão, a área dispõe de comedouros para a alimentação das vacas, com ligação
facilitada aos silos e fábricas de ração. E uma área de circulação com bebedouros e que
permite o controle de limpeza do corredor de dejetos.

Para garantir o conforto térmico, o pé direito adotado é de 4,5m, o telhado, inclinado, e


forrado com telhas de cerâmica e é parcialmente aberto nas laterais.

O sistema de estabulação livre consiste, nas seguintes áreas:

1- Área de Confinamento
2- Área de Ordenha
3- Áreas Especiais

3.2.1. Área de Confinamento

Nesta área localizam-se as baias individuais para repouso, comedouros e bebedouros.


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Há uma estrutura somente para o fornecimento de alimento, onde se tem, geralmente, um


corredor central, por onde pode ser distribuído o alimento por meio de trator, dotado de
comedouros nas laterais. O controle da competição pelo alimento, neste caso, é realizado
somente por meio de um sistema de semi-contenção.

Os animais permanecem lado a lado, em baias individuais que são bem


dimensionadas dotadas com “material de cama”, com largura suficiente para o conforto do
animal, sem, entretanto, permitir que o mesmo se vire. O comprimento é o mínimo para que
o animal, ao deitar-se, permaneça com o úbere e as pernas alojadas internamente ao
cubículo, enquanto os dejetos são lançadas no corredor de limpeza ou serviço.

A separação das baias é feita em tubos galvanizados. O acesso às baias se dá na


parte posterior, permitindo aos animais entrarem e saírem livremente. Entretanto, uma barra
limitadora é instalada na parte superior das divisórias, obrigando o animal a se afastar toda
vez que se levanta, projetando sua parte traseira para fora da baia, também evitando que o
animal defeque ou urine no material de cama, mantendo um maior tempo de vida do material
da cama.

O piso das baias pode é de concreto, sendo a cama de material seco e macio, distribuído
com uma espessura de 10 cm. O material escolhido foi a palha (5 a 6 kg por animal).

O corredor de serviço também tem piso de concreto e é frisado no sentido longitudinal,


com declividade de 1 a 1,5% para evitar que os animais escorreguem e facilitar o escoamento
de águas e resíduos orgânicos.

3.2.2. Área de Ordenha

Cada vaca da nossa propriedade é capaz de produzir 30 litros de leite por dia ao longo
das duas ordenhas diárias.

Curral de espera:

É uma área antes da sala de ordenha onde os animais esperam para ser ordenhados.
Os animais não permanecem mais de 2 horas nesta área. Esta área tem em média 1,5m² por
animal.
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Sala de ordenha:

Antes de cada ordenha, os tetos dos animais são limpos com solução desinfetante e
secos em seguida com papel descartável, cuidado imprescindível na conservação da
classificação de leite tipo “A” e é feita uma desinfecção dos tetos após a ordenha, evitando a
entrada e multiplicação de micro-organismos.

Nesta área é feita a ordenha, que é totalmente mecânica, ou seja, não há nenhum
contato manual com o leite, o que evita contaminação e garante um padrão de qualidade.
Este método é a maneira mais rápida e higiênica para a coleta do leite. O equipamento usado
é do tipo espinha-de-peixe 6x6, ordenhando 12 animais de uma vez. A ordenha é feita em
nível superior, permitindo que o ordenhador circule pelo vão central. Ela é feita por lote e após
cada ordenha é feita uma higienização no material.

A sala de ordenha é do tipo espinha de peixe 6x6 (marca: DeLaval), linha alta, com tanque
de expansão de 4.000 L (marca: Kepler Weber), com dois motores de 5,5 HP e com as
seguintes características construtivas: 245 m² de área coberta e edificada em alvenaria de
blocos de concreto aparente, pé-direito de três metros, cobertura mista com telhas de
fibrocimento/cerâmicas e piso cimentado liso.

3.2.3. Áreas Especiais

Local conveniente para tratar animais doentes e examinar vacas para diagnóstico de
gestação.

Área de isolamento

É destinado para isolar animais para tratamentos ou cuidados especiais. Para o


rebanho adotado, são instaladas 3 baias com 15m² cada com capacidade de 3 animais
cada. As baias ficam afastadas do restante das instalações para evitar contaminação, mas
em posição de fácil acesso e visualização dos funcionários.

Também chamada de “hospital” é locada bem distante dos demais animais, para
evitar o contato de animais doentes com os sadios. Localiza-se longe de fontes de
barulhos frequentes e de movimentação de pessoas.
13

O isolamento oferece o bem-estar e boas condições de higiene para os animais


doentes.

Área de tratamento

É usada para inseminação artificial, que é o método reprodutivo estabelecido,


exames ginecológicos pós-parto e diagnóstico de gestação. Fica próxima da área de
ordenha por questões de manejo.

Área de maternidade

São baias de 14m² para cada grupo de 25 vacas, com piso cimentado, hanhurado,
para evitar que os animais escorreguem; e com camas. Cocho para fornecimento de
alimentos volumosos e concentrados e bebedouro.

Área de manejo

Área destinada à locação do conjunto: seringa, tronco (coletivo, individual ou


ambos), balança e embarcadouro. O dimensionamento desse conjunto de contenção é
bastante criterioso para evitar acidentes com os animais e com o homem. A cobertura ou
sombreamento de parte ou de todo o conjunto é importante para dar mais durabilidade
aos materiais e equipamentos, garantir conforto e melhores condições de trabalho,
reduzindo o nível de estresse dos animais. As especificações técnicas e construtivas
desses equipamentos são fornecidas pelos fabricantes. Ainda fazem parte o lava-pés
(6,00x1,00x0,20), o pedilúvio coberto (2,50x1,00x0,20) contendo solução
preventiva/curativa de cascos, o tronco de vacinação (1,50m por cabeça), o brete
pulverizador, a balança e o embarcadouro.

3.3. Alimentação

Os animais recebem uma alimentação balanceada, garantindo todas as necessidades


nutricionais para uma produção da mais alta qualidade, inclusive na época de seca. Comem
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alimentos produzidos na própria fazenda, como silagem de milho, aveia, alfafa e feno de
capim.

3.4. Manejo De Resíduos

Os dejetos são recolhidos diariamente do estábulo com um raspador de esterco,


proporcionando uma boa limpeza na região. Bovinos confinados podem produzir até 80kg de
dejetos por cabeça por dia. A solução utilizada para dar fim a esses resíduos, em nossa
fazenda, é a utilização como fonte de energia (biodigestores) e servindo de adubo para as
terras. Os dejetos podem ser armazenados das seguintes formas:

Na forma líquida:

Em lagos de estabilização natural, impermeabilizados com manta plástica coberta com


terra e solo-cimento ou por processo de compactação, preenchendo os requisitos do tempo
de estabilização. Quando estabilizados em biodigestor, podem ser utilizados imediatamente.

Na forma sólida:

Os dejetos sólidos são manejados e armazenados em áreas denominados de pátios


de compostagem. As esterqueiras, devidamente dimensionadas e operadas, também
constituem alternativa em uso na região

3.5. Sanidade

O controle sanitário é feito pelo sanitarista periodicamente, e a eficiência reprodutiva é


crucial, por isso foi escolhido o descarte de animais improdutivos e a reprodução apenas de
inseminação artificial.

O rebanho recebe cuidados sanitários tais como: preventivos (vacinas contra aftosa e
brucelose e exames de brucelose e tuberculose) e terapêuticos (antibióticos e
antiparasitários), de acordo com orientação veterinária. Todos os animais que são tratados
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com medicamentos que exijam período de carência são marcados com colares coloridos, para
facilitar sua identificação.

3.6. Distribuição Dos Prédios Que Compõem A


Exploração

A disposição das instalações permite um bom fluxograma, com o que se possibilitará um


melhor rendimento da mão de obra, boa movimentação dos insumos ou produtos finais, com
destino final dos subprodutos e consequentemente lucros maiores.

Possuem o eixo longitudinal orientado no sentido leste-oeste, fazendo com que a


superfície exposta a oeste seja menor evitando superaquecimento pela forte insolação nas
longas tardes de verão.

A área do estábulo é ensolarada e protegida contra ventos frios, minimizando os


problemas advindos da alta concentração de umidade no local da criação dos animais.

Tabela 2 - Dimensão das instalações de gado leiteiro

nº Tipo de instalação Área (m²)


1 Curral de espera 300
2 Depósito de material de cama 100
3 Depósito de dejetos
4 Estábulo 4000
5 Farmácia 30
6 Isolamento 45
7 Maternidade 90
8 Sala de leite 50
9 Sala de ordenha 245
10 Tronco 12

Planta das instalações da exploração de leite


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4. BENEFICIAMENTO DO LEITE

A fazenda trabalha em regime de 2 ordenhas, uma no período da manhã, por volta das
5:00 horas, e a outra no período da tarde, por volta das 15:00 horas, coletando
aproximadamente 2.200 e 1.800 litros de leite, respectivamente.

Os processos de pasteurização e envase são realizados somente uma vez ao dia,


sempre após a ordenha da manhã, processando leite de duas ordenhas. Durante a ordenha
da tarde, o leite é diretamente encaminhado, por tubulação, para um trocador de calor do tipo
placas, o qual sofre o processo de resfriamento rápido. Este processo de resfriamento é
realizado com um banco de gelo, o qual fornece toda a carga térmica necessária para baixar
a temperatura do leite para 4ºC. Após resfriamento, este leite é armazenado em um tanque
refrigerado, mantendo-se a temperatura de 4ºC até a manhã do dia seguinte. O leite coletado
na ordenha da manhã sofre o mesmo processo de resfriamento, e é misturado ao leite
armazenado no tanque refrigerado. Em seguida, todo o leite é submetido ao processo de
pasteurização e envase.

4.1. Pasteurização/ homogeneização


Durante o processo de pasteurização, o leite é aquecido a 75ºC por 15 segundos e, logo
após, é resfriado a 4ºC. Esse processo elimina as bactérias nocivas, sem comprometer o valor
nutritivo do leite. Após o resfriamento, o leite é armazenado em um tanque de leite
pasteurizado.

Na fase de aquecimento para a pasteurização, o leite passa também pelo


homogeneizador, que quebra as partículas de gordura, incorporando-as ao leite. Isso faz com
que ele fique mais digestivo, cremoso e saboroso.

No processo de pasteurização, o leite é pré-aquecido a 53ºC, utilizando água pré-


aquecida a 60ºC em um aquecedor elétrico de acumulação, e encaminhado ao
homogeneizador. Em seguida, no pasteurizador, com o uso de um aquecedor elétrico de
passagem (aquecimento suplementar da água pré-aquecida do acumulador elétrico), o leite é
aquecido a aproximadamente 76ºC, e resfriado rapidamente, a 4ºC, utilizando como fonte
térmica o banco de gelo.
17

4.2. Envase
Ao final do processo, o leite é envasado e estocado em câmaras frias na temperatura de
4ºC, aguardando o transporte, que também é feito diariamente. O envase é feito
mecanicamente.

4.3. Distribuição dos prédios que compõem a exploração

Tabela 3 - Dimensão das instalações de beneficiamento de leite

nº Tipo de instalação Área (m²)


1 Banheiro 2
2 Escritório 10
3 Sala de armazenamento 30
4 Sala de envase 30
5 Sala de pasteurização 20
6 Refeitório 15

Mapa da distribuição
18

5. CONSUMO ENERGÉTICO

5.1. Residencial

Para o projeto de iluminação residencial, será levado em consideração a utilização de


lâmpadas fluorescentes compactas de 15W da Osram, cujo fluxo luminoso é equivalente ao
de uma incandescente de 50W. Essa lâmpada possui como vantagem a facilidade de ser
encontrada e com preço acessível. Maiores características podem ser vistas na tabela abaixo,
cujos dados foram fornecidos pelo fabricante:

Tabela 4 - Dados da lâmpada fluorescente compacta

Fluorescente compacta
Tensão Fluxo luminoso (lm) Potência (W)
127V (110V) 840 15

Será adotada uma lâmpada por cômodo para qualquer dos dois tipo de moradia

5.1.1. Casa dos patrões

Tabela 5 - Consumo estimado de iluminação

Potência Horas de Consumo Consumo


Ambiente Quantidade
nominal (W) uso/Dia diário/(W.h) mensal/(kW.h)
Sala 1 15 3 45 1,35
Cozinha 1 15 3 45 1,35
Quarto 1 1 15 1 15 0,45
Quarto 2 1 15 1 15 0,45
Banheiro 1 15 1 15 0,45
Área de serviço 1 15 2 30 0,9
Total 6 90 11 165 4,95

Tabela 6 - Consumo estimado dos aparelhos

Potência Horas de Consumo Consumo


Aparelho Quantidade
Nominal (W) uso/Dia Diário/(W.h) mensal/(kW.h)
TV 2 90 5 900 27
Geladeira 1 200 10 2000 60
19

Rádio 1 15 3 45 1,35
Máquina de Lavar 1 1500 0.5 750 22,5
Computador 2 25 2 100 3
Ventilador de teto 3 130 4 1560 46,8
Carregador (celular) 4 2,5 1 10 0,3
Chuveiro elétrico* 1 2000 0.15 300 9
Total 15 4345 25 5665 169,95
*Caso especial quando o aquecimento termossolar não for suficiente

5.1.2. Casa dos funcionários

Tabela 7 - Consumo estimado de iluminação

Potência Horas de Consumo Consumo


Ambiente Quantidade
nominal (W) uso/Dia diário/(W.h) mensal/(kW.h)
Sala 1 15 3 45 1,35
Cozinha 1 15 3 45 1,35
Quarto 1 15 1 15 0,45
Banheiro 1 15 1 15 0,45
Área de serviço 1 15 2 30 0,9
Total 5 75 10 150 4,5

Tabela 8 - Consumo estimado dos aparelhos

Potência Horas de Consumo Consumo


Aparelho Quantidade
Nominal (W) uso/Dia Diário/(W.h) mensal/(kW.h)
TV 1 90 5 450 13,5
Geladeira 1 200 10 2000 60
Rádio 1 15 3 45 1,35
Máquina de Lavar 1 1500 0.5 750 22,5
Computador 1 25 2 50 1,5
Ventilador de teto 2 130 4 1040 31,2
Carregador (celular) 4 2,5 1 10 0,3
Chuveiro elétrico* 1 2000 0,15 300 9
Total 12 4100 25 4645 139,35
*Caso especial quando o aquecimento termossolar não for suficiente

5.2. Iluminação De Áreas Externas

A iluminação das áreas externas seguirá a especificação indicada na tabela abaixo:


20

Tabela 9 - Dados da lâmpada LED

Aparelho Tensão Potência Uso (h/dia) Consumo diário


1 Lâmpada LED 12V 24W 11 h/dia 264 Wh/dia

A lâmpada LED foi escolhida por apresentar grande eficiência e luminosidade.

5.3. Gado Leiteiro

5.3.1. Sala de ordenha e leite

A sala de ordenha é do tipo espinha de peixe 6x6 (marca: DeLaval), linha alta, com
tanque de expansão de 4.000 litros (marca: Kepler Weber), com dois motores de 5,5 HP.

Tabela 10 - Consumo estimado do gado leiteiro

Potencia Horas de Consumo Consumo


Aparelho Quantidade
Nominal (W) uso/Dia Diário/(W.h) mensal/(kw.h)
Motor 2 4100 5 20500 615

Tabela 11 - Dados da lâmpada LED tubular

LED tubular t8 38W 2400mm


Tensão Fluxo luminoso (lm) Potência (W)
127V (110V) 4180 38

Tabela 12 - Consumo estimado da iluminação de LED tubular

Potência Horas de Consumo Consumo


Ambiente Quantidade
nominal (W) uso/Dia diário/(W.h) mensal/(kW.h)
Sala de ordenha 24 38 8 7296 160,51
Sala de leite 8 38 8 2432 53,50

5.4. Beneficiamento Do Leite

O banco de gelo, que tem como função realizar o resfriamento do leite nas fases de pós-
ordenha e pós-pasteurização-, opera com dois compressores herméticos marca Maneurop de
21

10 hp cada, com trocadores tube-in-tube, condensação a água (resfriamento da água de


condensação em torre de resfriamento com ar forçado) e expansão direta em evaporador tipo
serpentina imersa em tanque de água. O banco de gelo tem um volume de 7150 litros a 2ºC.

Tabela 13 - Consumo estimado do beneficiamento de leite

Potencia Horas de Consumo Consumo


Aparelho Quantidade
Nominal (W) uso/Dia Diário/(W.h) mensal/(kw.h)
Compressor 2 7547 15,5 116978,5 7018,71
Acumulador
2 2700 0,15 405 24,3
elétrico*
Aquecedor elétrico
1 45000 3,5 157500 4725
de passagem
Total 5 55247 19,15 1057980,05 11768,01
*Considerando já o pré-aquecimento feito a partir da energia termossolar

Tabela 14 - Consumo estimado de iluminação

Potência Horas de Consumo Consumo


Usina de leite Quantidade
nominal (W) uso/Dia diário/(W.h) mensal/(kW.h)
Sala de pasteurização 4 38 8 1216 36,48
Sala de envase 6 38 8 1824 54,72
Sala de armanezamento 6 38 8 1824 54,72
Refeitório 2 38 3 228 6,84
Escritório 2 15 8 240 7,20
Banheiro 1 15 2 30 0,90
Total 21 182 37 5362 160,86

5.5. Máquinas Agrícolas

Tabela 15 - Consumo estimado de máquinas agrícolas

Potência Horas de Consumo Consumo


Aparelho Quantidade
nominal (W) uso/Dia diário/(W.h) mensal/(kW.h)
Picadeira 1 5500 4 22000 484
Misturador de ração 1 15000 6 90000 2700
Triturador 1 27000 6 162000 3564
Total 3 47500 16 274000 6748

Tabela 16 - Consumo estimado de iluminação tubular

Potência Horas de Consumo Consumo


Ambiente Quantidade
nominal (W) uso/Dia diário/(W.h) mensal/(kW.h)
Galpão para
30 38 8 9120 200,64
armazenamento
6. USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
22

6.1. Fotovoltaica
6.1.1. Itens necessários no projeto de um sistema solar
fotovoltaico

Painéis fotovoltaicos

Células solares ou fotovoltaicas são os elementos responsáveis pela transformação da


energia solar em energia elétrica. São formados por materiais semicondutores (geralmente
silício).

Uma única célula solar produz apenas cerca de 0.4 V quando operando na condição de
máxima potência. Dessa forma, é necessário conectar várias células em série para que
tenhamos na saída tensões mais elevadas. A essa junção de células solares dá-se o nome
de painel fotovoltaico. A maioria dos painéis é composto por algo entre 36 a 72 células. A
saída é em corrente contínua e é apropriada para sistemas de 12 V e 24 V.

Baterias

Energias renováveis possuem a necessidade de armazenamento da energia produzida,


já que o consumo não ocorre necessariamente no momento da geração.

Nos casos de sistemas off-grid, ou seja, não conectados à rede elétrica convencional, as
baterias são equipamentos de extrema importância pois armazenam a energia que foi
produzida pelos painéis fotovoltaicos, permitindo sua utilização quando ocorrer a demanda
energética.

A célula eletroquímica é a unidade responsável pelo processo de acumulação de energia.


São basicamente constituídos por dois eletrodos isolados com polaridades opostas e imersos
num meio eletrolítico. Quando há a descarga, o material dos eletrodos reage quimicamente
com o eletrólito liberando energia elétrica.

Controladores de carga

Baterias sofrem processo de descarga e portanto, devem ser carregadas. Para que o
banco de baterias sofra processo de carga, é necessário que a tensão de carga seja sempre
23

superior à tensão da bateria. Caso ocorra o contrário, significa que as baterias estão enviando
energia para o sistema.

Essa tensão aplicada como carga não deve ser superior à um limite, que varia de acordo
com as especificidades de cada bateria. É igualmente importante o monitoramento, já que
descargas muito profundas podem causar danos irreversíveis às baterias do banco.

Para controle dessas variáveis é necessário um mecanismo que controle a tensão a ser
aplicada ao banco de baterias e impeça o retorno de corrente para os painéis.

Esse mecanismo é o controlador de carga, que interliga carga, bateria e painéis de forma
que o banco de baterias só sofra processo de carga enquanto a tensão presente seja menor
que a tensão nominal necessária para funcionamento a plena carga, assim como possui
diodos de bloqueio que impedem a passagem de corrente do sentido banco de baterias-
arranjo fotovoltaico.

Alguns controladores de carga possuem um dispositivo MPP (do inglês, Maximum Power
Point), responsável por rastrear o ponto de operação em máxima potência e assim fornecer a
condição ótima ao sistema.

Inversores

Inversores (ou Conversor CC-CA) são equipamentos que realizam a conversão da


corrente contínua produzida pelos painéis para corrente alternada demandada pela carga. A
maioria dos equipamentos elétricos do nosso dia a dia demandam alimentação em corrente
alternada, compatível com a rede elétrica convencional que chega em nossas casas.

A energia elétrica em corrente alternada presente em nossas casas possui forma de onda
senoidal, portanto a maioria dos aparelhos é projetada para receber alimentação mais próxima
possível dessa forma de onda. Equipamentos que possuem retificador (carregadores de
celulares e computadores) não possuem desempenho afetado pela forma de onda da entrada.
Por outro lado, equipamentos mais sensíveis como máquinas elétricas, podem ter
funcionamento prejudicado e vida útil reduzida caso as formas de onda nas quais estão
conectadas sejam demasiadamente diferenciadas das senoidais.

No mercado podemos encontrar inversores que produzem na saída formas de onda


senoidais puras ou modificadas. Os inversores com onda senoidal modificada são bem mais
baratos, portanto se o sistema fotovoltaico não alimentar muitas cargas sensíveis talvez não
seja necessário o uso de um inversor que produza onda senoidal pura.
24

Cargas alimentadas em corrente contínua dispensam o uso de inversor, e caso o projeto


deseje alimentar apenas cargas CC o uso do inversor não é necessário. No caso em que o
sistema contenha cargas CC e CA, a potência das cargas CC é desconsiderada para o
dimensionamento do inversor.

6.1.2. Alimentação energética

6.1.2.1. Residencial

Casa dos patrões

A partir das tabelas 6 e 7 – Consumo estimado de iluminação e demais cargas, tem-se


que o consumo mensal total é de 174,9kwh e a potência instalada, de 4435W.

1. Dimensionamento das baterias

Como as baterias a serem dimensionadas não são de ciclo profundo, será


considerada uma descarga diária de 20%.

Assim, a energia nominal mínima das baterias será:

5830 𝑊. ℎ
𝐸𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 = = 29150 𝑊ℎ
0.2

Serão utilizadas baterias com tensão nominal de 12 V (mais facilmente


encontradas no mercado). Assim, a capacidade das baterias será:

29150𝑊. ℎ
𝐶𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 = = 2429,17 𝐴ℎ
12 𝑉

Aproximando a descarga diária (20%) da bateria em 4h, a partir de uma regra de


três simples, tem-se que a taxa de descarga completa se dará em 20h.

Deve-se procurar por um banco de baterias com 2429,17Ah de capacidade, ou


melhor.

Se utilizarmos baterias cuja especificação seja 12 V e 200 Ah de capacidade,


podemos associar uma certa quantidade de baterias em paralelo, de forma que a
tensão na entrada do inversor seja 12 V. Nesse caso, o número mínimo de baterias
necessário será:
25

2429,17
𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑠 = = 12.15
200

Portanto, 13 baterias de 12 V e 200 Ah associadas em paralelo são necessárias


ao sistema.

2. Dimensionamento dos painéis voltaicos

Painéis de 250 W serão utilizados para otimização do projeto. A Tabela 18


apresenta as especificações de um painel fotovoltaico cujo preço é compatível com o
que é apresentado no mercado e é capaz de suprir as necessidades energéticas da
residência (tanto para projeto de iluminação como posteriores cargas à serem
calculadas):

Tabela 17 - Especificações do painel fotovoltaico escolhido

Especificações Painel Kyocera Solar


Pmáx 250W
Tolerância de potência 5%
Vmpp 29.8 V
Impp 8.39 A
Voc 36.9 V
Isc 9.09 A

Como já calculado no Anexo A, a região apresenta em média 3.87 horas de sol


pleno por dia. Portanto, a potência mínima que deve ser suprida pelo arranjo
fotovoltaico é de:

5830 𝑊. ℎ
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 = = 1506,46 𝑊
3.87

Porém este valor não leva em consideração possíveis perdas. As perdas nos
cabos serão aproximadas em 6%, assim como perdas por conversão de energia na
bateria (energia elétrica-química-elétrica) de 10% e outros 10% por desajuste (não
utilização de um MPPT). Assim, a potência mínima a ser suprida se torna:

1506,46
𝑃𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑎 = = 1978,54 𝑊
(1 − 0.06). (1 − 0.1). (1 − 0.1)

Esses dados podem fornecer o número de painéis necessários para atender a


demanda de energia:

1978,54𝑊
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠 = = 7,92 𝑝𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠
250𝑊
26

Ou seja, 8 painéis de 250W são capazes de atender a demanda de iluminação da


casa com folga.

3. Dimensionamento do inversor

Para unidades residenciais cuja potência instalada é inferior a 1kVA, deve-se ser
adotado um fator de demanda igual a 0.80 (ver Anexo). Dessa forma, a demanda
máxima será:

𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = 0.80 . 4435 = 3548𝑊

Logo, o inversor utilizado deverá possuir uma potência real mínima de 3548 W,
uma entrada em corrente contínua em 12 V e uma saída em 127 V.

𝑃 3548
𝑆= = = 5913,33𝑉𝐴
𝑓𝑝 0.6

Normalmente inversores são dimensionados em função da potência aparente


(utilizando o fator de potência de 0.6 nominal, fornecido pelo fabricante das lâmpadas
eletrônicas).

As cargas serão alimentadas através da utilização de um inversor de onda senoidal


pura. O inversor escolhido será de onda senoidal modificada, mais barato e que atende
as especificações da carga sem causar prejuízos quanto a alimentação (o mesmo
inversor será utilizado para alimentação das demais cargas da residência)

Inversores de senoidal modificada devem trabalhar com no máximo 80% da sua


potência nominal para que se possa obter o máximo possível de eficiência.

Se utilizarmos um inversor cuja potência nominal seja de 150W, observamos que

5913,3 𝑉𝐴
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎 = = 40%
150𝑊

Logo, um inversor com 150W de potência nominal é capaz de atender as


necessidades do projeto.

A Tabela 19 apresenta as especificações técnicas de um inversor que poderia ser


utilizado no projeto de iluminação por atender as especificações de projeto:
27

Tabela 18 - Especificação do inversor escolhido

Especificações técnicas Unitron iVolt


Potência Máxima de Saída 150 W
Tensão de Saída (nominal
115 Vca
RMS)
Tensão de Entrada 12 Vcc
Frequência de saída 60 Hz
Senoidal
Forma de Onda
Modificada
Eficiência Máxima 90%

4. Dimensionamento do controlador de carga

O controlador de carga tem como função de permitir que as baterias sejam


carregadas do modo ótimo, protegê-las contra sobrecargas e prevenir contra
descargas indesejáveis. Sua presença no sistema permite o aumento da vida útil das
baterias.

Como já calculado anteriormente, a demanda máxima do sistema é de 4435 W e


a potência aparente é igual a 5,9kVA. O controlador de carga a ser usado deve suprir
a potência calculada a ser usado.

Casa dos funcionários

Das tabelas 8 e 9 – Consumo estimado de iluminação e demais cargas para casa de


funcionários, tem-se que o consumo mensal é de 143,85kwh e a potência instalada, de
4175W.

1. Dimensionamento da bateria

Como as baterias a serem dimensionadas não são de ciclo profundo, será considerada
uma descarga diária de 20%.

Assim, a energia nominal mínima das baterias será:

4795𝑊. ℎ
𝐸𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 = = 23975 𝑊ℎ
0.2
28

Serão utilizadas baterias com tensão nominal de 12 V (mais facilmente encontradas


no mercado). Assim, a capacidade das baterias será:

23975 𝑊. ℎ
𝐶𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 = = 1998 𝐴ℎ
12 𝑉

Aproximando a descarga diária (20%) da bateria em 4h, a partir de uma regra de três
simples, tem-se que a taxa de descarga completa se dará em 20h.

Deve-se procurar por um banco de baterias com 1998Ah de capacidade, ou melhor.

Se utilizarmos baterias de 12 V e cuja capacidade corresponda a 200 Ah


(especificação facilmente encontrada no mercado), podemos associar baterias em paralelo,
de forma que a tensão de entrada do inversor se mantenha em 12 V. Nesse caso, o número
de baterias necessárias será:

1998 𝐴ℎ
𝐵𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑠 = = 9.99
200 𝐴ℎ

Portanto, 10 baterias de 200 Ah associadas em paralelo são necessárias ao sistema.

2. Dimensionamento dos painéis fotovoltaicos

Como já calculado no Anexo A, a região apresenta em média 3.87 horas de sol pleno
por dia. Portanto, a potência mínima que deve ser suprida pelo arranjo fotovoltaico é de:

4795 𝑊. ℎ
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 = = 1239 𝑊
3.87

Devemos considerar as possíveis perdas. Aqui também iremos considerar perdas


aproximadas de 6% no cabeamento, 10% por conversão de energia nas baterias e outros
10% por desajuste (não utilização de um MPPT). A potência mínima será:

1239
𝑃𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑎 = = 1627,3𝑊
(1 − 0.06). (1 − 0.1). (1 − 0.1)

O número mínimo de painéis necessários será:

1627,3𝑊
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠 = = 6,5 𝑝𝑎𝑖𝑛é𝑖𝑠
250𝑊

Ou seja, 7 painéis de 250W são suficientes para atender a carga de cada casa de
funcionário da propriedade.
29

3. Dimensionamento do inversor

O fator de demanda a ser adotado é igual a 0.80 (ver anexo). Dessa forma, a demanda
máxima será:

𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 = 0.80 .4795 = 3836𝑊

Logo, o inversor utilizado deverá possuir uma potência real mínima de 3836 W, uma
entrada em corrente contínua em 12 V e uma saída em 127 V.

Como inversores são dimensionados em função da potência aparente (utilizando o


fator de potência de 0.6 nominal):

𝑃 3836
𝑆= = = 6363,33𝑉𝐴
𝑓𝑝 0.6

Não será utilizado um inversor de onda senoidal pura, assim como no caso anterior.
O inversor escolhido também será de onda senoidal modificada.

Como esses inversores devem trabalhar com no máximo 80% da sua potência nominal
para que se possa obter o máximo possível de eficiência, para um inversor de 150W
teremos:

6363,33 𝑉𝐴
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑎 = = 42,62%
150𝑊

Logo, um inversor com no mínimo 150W de potência nominal é capaz de atender as


necessidades do projeto, pois em condições de carga máxima a potência fornecida está
em torno de 42,62% da potência nominal, ou seja, abaixo dos 80% da potência nominal.

Portanto o inversor Unitron iVolt 150W/12Vcc/115Vac será utilizado nessas outras


casas igualmente.

4. Dimensionamento do controlador de carga

Como já calculado anteriormente, a demanda máxima do sistema é de 150 W e a


potência aparente é igual a 6363,33VA. O controlador de carga escolhido deve atender
essas especificações de projeto.
30

6.1.2.2. Iluminação externa

Com base na tabela 10 podemos dimensionar os postes fotovoltaicos.

O dimensionamento mostrado se refere a apenas uma unidade de poste solar. Para a


área da propriedade, cerca de cinco postes solares de especificação como a projetada abaixo,
montados a uma altura de 6 metros, são capazes de fornecer iluminação adequada às áreas
da propriedade onde ocorre maior circulação de pessoas durante o período noturno.

O projeto consistirá em adequar os equipamentos a serem utilizados às especificações


determinadas na tabela acima. Para tal, será realizado o dimensionamento da bateria, do
gerador fotovoltaico e controlador de carga mais adequado para esta aplicação.

1. Dimensionamento da bateria

Será utilizada bateria de 12 V por se tratar de um sistema de pequeno porte.

Para calcular a bateria mais adequada, podem-se realizar cálculos baseados na


autonomia ou no consumo. Neste projeto, o dimensionamento será efetuado através
do consumo máximo:

𝑊ℎ
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ( )
𝑑𝑖𝑎
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = 𝑝𝑢
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑎𝑠 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑠 (𝑉). 𝑃𝑟𝑜𝑓𝑢𝑛𝑑, 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑛𝑜 𝑓𝑖𝑚 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑛𝑜𝑖𝑡𝑒 ( )
𝑑𝑖𝑎

264 𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝐴ℎ) = = 110 𝐴ℎ
12 𝑉 . 0.2 𝑝𝑢

2. Dimensionamento do painel fotovoltaico

O painel mais apropriado deverá ser calculado através da potência mínima que ele
deverá atender:

𝑊ℎ
𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 (𝑑𝑖𝑎)
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 (𝑊𝑝) = ℎ
𝐻𝑟𝑠 𝑒𝑞𝑢𝑖𝑣. 𝑠𝑜𝑙 𝑝𝑙𝑒𝑛𝑜 (𝑑𝑖𝑎) . 𝐹𝑝𝑝 . 𝐹𝑝𝑠

Onde:

Fpp= Fator de perda de potência. Deve-se ao fato de a tensão da bateria ser inferior
à tensão de máxima potência do painel utilizado. Consideraremos que o painel fotovoltaico
utilizado no projeto apresente uma tensão de máxima potência de 17.9 Vp.
31

Fps=Fator de perdas e segurança. Leva em conta a redução da geração do módulo


devido à poeira, degradação, sombras, desalinhamentos e também perdas elétricas na
bateria.

𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎 12𝑉


𝐹𝑝𝑝 = = = 0.67
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑎 𝑝𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 17.9𝑉

Fps = Será utilizado um valor típico de 0.8

O valor de horas equivalentes de sol pleno, já obtido previamente corresponde a 3.87


h/dia.

Assim:

264 𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎
𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 (𝑊𝑝) = ℎ = 127.3 𝑊𝑝
3.87 . 0.67. 0.8
𝑑𝑖𝑎

3. Dimensionamento do controlador de carga

Será necessário calcular as correntes máximas que o controlador de carga deve


suportar, tanto do lado da carga como do lado do painel.

Para cálculo da corrente máxima a ser suportada no lado da carga, temos:

𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎𝑠 𝐶𝐶 (𝑊). 1.1


𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎𝑠 (𝐴) =
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎

Onde:

1,1 = fator de folga/segurança

Assim,

24 𝑊 . 1.1
𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎𝑠 (𝐴) = = 2.2 𝐴
12 𝑉

Do lado do módulo fotovoltaico, temos:

𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑡. 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎


= 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑐𝑢𝑟𝑡𝑜 𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 (𝐴). 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑙𝑒𝑙𝑜
32

Logo,

𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑜 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 (𝐴) = 8.11 . 1 = 8.11 𝐴

A corrente de curto-circuito para o módulo fotovoltaico foi obtida através da folha de


dados de um painel fotovoltaico com características coerentes com o projeto. Todos os
dados desse módulo serão apresentados no item abaixo.

Tabela 19 - Especificação do módulo fotovoltaico escolhido

Descrição do produto
Módulo fotovoltaico com 36 células de sílicio policristalino
Potência nominal de 140 W
Corrente em potência máxima de 7,74 A
Tensão de potência máxima de 17.9 V
Corrente de curto circuito de 8.11 A
Tensão de circuito aberto de 22.7 V
Capacidade de geração de 690 Wh/dia

6.2. Termossolar

O aquecimento de água previamente faz com que o uso de equipamentos elétricos


responsáveis pelo processo sejam menos necessários, dessa forma, faremos o aquecimento
das águas, de modo a poupar energia elétrica.

Em sistemas convencionais, que é o adotado, a água circula entre os coletores e o


reservatório térmico através de um sistema natural chamado termossifão. Nesse sistema, a
água dos coletores fica mais quente e, portanto, menos densa que a água no reservatório.
Assim a água fria “empurra” a água quente gerando a circulação. Esses sistemas são
chamados da circulação natural ou termossifão.

Para os cálculos, adotaremos o pior caso de temperatura, ou seja, o mais baixo (18,8 ºC),
a fim de garantir maior eficiência do sistema.

Tabela 20 - Temperatura média mensal

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
T (ºC) 25,9 25,8 25,3 23,7 21,2 19,4 18,8 20,3 22,0 23,3 24,0 25,0
33

6.2.1. Itens Necessários No Projeto De Um Sistema Termossolar

Placas coletoras

As placas coletoras são responsáveis pela absorção da radiação solar. O calor do sol,
captado pelas placas do aquecedor solar, é transferido para a água que circula no interior de
suas tubulações de cobre.

Reservatórios térmicos

O reservatório térmico, também conhecido por Boiler, é um recipiente para


armazenamento da água aquecida. São cilindros de cobre, inox ou polipropileno, isolados
termicamente com poliuretano expandido sem CFC, que não agride a camada de ozônio.
Desta forma, a água é conservada aquecida para consumo posterior. Os boilers usados no
projeto possuem resistência de 2kW. A caixa de água fria é responsável por alimentar o
reservatório térmico do aquecedor solar, mantendo-o sempre cheio.

6.2.2. Alimentação Energética


6.2.2.1. Residencial

A Norma Técnica Brasileira, NB 128/ABNT (Agência Brasileira de Normas Técnicas), que


rege a instalação de água quente no Brasil, fornece as seguintes especificações para o
aquecimento de água residencial: temperaturas usuais para uso pessoal em banhos ou
higiene: 35° a 50°C; cozinhas (dissolução de gorduras) 60° a 70°C. Consumo diário de água
a uma temperatura média de 60°C: casa popular ou rural, 36 litros por pessoa; residencial, 45
litros por pessoa. Para futuros cálculos adotaremos 36 litros para colonos e 45 litros para
patrões.
Os valores adotados num projeto podem variar, a depender de exigências e costumes dos
moradores. Por exemplo, é pouco provável que se use no chuveiro, água a uma temperatura
superior a 40°C.

A temperatura ambiente da água na região que usaremos é 18,8 ºC, lembrando que
estamos usando o pior caso. Consideramos que a temperatura que desejamos chegar para
34

água de banho é de 50 ºC, usando um caso mais extremo e garantindo um intervalo para
possíveis perdas.

Para projetar a colocação de nossos coletores devemos ter noção da demanda de energia
elétrica que será necessária mensalmente e determinar, de acordo com a capacidade do
coletor escolhido, a área a ser coberta.

Para determinar a demanda energética mensal, temos a seguinte relação:

𝑉𝑚𝑒𝑠 (𝑇𝑎𝑔𝑢𝑎 − 𝑇𝑎𝑚𝑏)


𝐿𝑚𝑒𝑠 = 𝜌. . 𝐶𝑝
1000 3600

onde:

𝜌 ∶ 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑎́𝑔𝑢𝑎, 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑖𝑑𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙 𝑎 1000𝑘𝑔/𝑚3


𝑉𝑚𝑒̂𝑠 ∶ 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑎́𝑔𝑢𝑎 𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑟𝑒𝑞𝑢𝑒𝑟𝑖𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑚𝑒̂𝑠, 𝑒𝑚 𝑙𝑖𝑡𝑟𝑜𝑠
𝐶𝑝 = 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐𝑖́𝑓𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑎 𝑎́𝑔𝑢𝑎 𝑎 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑎̃𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑖𝑔𝑢𝑎𝑙 𝑎 4,18 𝑘𝐽/𝑘𝑔°𝐶
𝑇𝑎𝑔𝑢𝑎 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑔𝑢𝑎 𝑑𝑜 𝑏𝑎𝑛ℎ𝑜
𝑇𝑎𝑚𝑏 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑒𝑟𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑎𝑚𝑏𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒

Casa dos patrões

Como dito anteriormente, estaremos considerando um consumo médio de água quente


per capita diário de 45 litros, isto é, cada pessoa, numa residência, considerando uma
modesta melhoria na qualidade de vida comparada a dos colonos, consome em média 45
litros de água quente durante o dia.
O modelo de residência que estamos utilizando é composto por quatro moradores, desta
forma, o consumo de água quente em uma residência deste padrão em um dia do mês é de
180 litros, da mesma forma, o consumo mensal é de 5400 litros.
Da aplicação da fórmula proposta, temos que o consumo mensal é de aproximadamente
195,6kWh/mês em questão do aquecimento de água.
5400 (50 − 18,8)
𝐿𝑚𝑒𝑠 = 1000. . 4,18 = 195,6𝑘𝑊ℎ/𝑚ê𝑠
1000 3600

1. Dimensionamento dos coletores


Os coletores precisam suprir a demanda energética de 195,6kw/h, para isso, usaremos
o coletor com os dados a seguir:
35

Tabela 21 - modelo do coletor solar escolhido

Modelo dos coletores MC15 Evolution


Dimensões A/L/P (mm) 1500x1000x67
Peso (kg) 19
Produção média de energia (kW/mês) 118,3
Vazão recomendada (l/h coletor) 53
Pressão máxima admissível 40kgf/cm² 40mca
Eficiência por m²(%) 57,1

Com base nesses dados, serão necessários 2 coletores.

2. Dimensionamento do reservatório térmico

O boiler escolhido é de 200l visto que o consumo de água quente é de 180l. E o mesmo
possui uma resistência inteira de 2kwh que é utilizada quando o aquecimento solar térmico
não foi suficiente

Casa dos funcionários

Seguindo a norma NB 128/ABNT, estaremos considerando um consumo médio de


água quente per capita diário é de 36 litros, isto é, cada pessoa, numa moradia rural padrão,
consome em média 36 litros de água quente durante o dia.
O modelo de residência que estamos utilizando é composto por quatro moradores,
desta forma, o consumo de água quente neste tipo de residência, em um dia do mês, é de
144 litros, da mesma forma, o consumo mensal é de 4320 litros.
Da aplicação da fórmula proposta temos que o consumo mensal é de
aproximadamente 156,5 kWh/mês em cada casa do padrão, em questão no aquecimento de
água.
4320 (50 − 18,8)
𝐿𝑚𝑒𝑠 = 1000. . 4,18 = 156,5𝑘𝑊ℎ/𝑚ê𝑠
1000 3600

1. Dimensionamento dos coletores


Os coletores precisam suprir a demanda energética de 156,5kWh/mês, para isso, pode
ser utilizado os mesmos 2 módulos usado para a casa dos patrões ou apenas 1 deste:

Tabela 22 - Modelo do coletor solar sugerido

Modelo dos coletores MC Evolution Pro 20


Dimensões A/L/P (mm) 2000x1000x67
Peso (kg) 27
36

Produção média de energia (kW/mês) 168,5


Vazão recomendada (l/h coletor) 70
Pressão máxima admissível 40kgf/cm² 40mca
Eficiência por m²(%) 57,1

A decisão final ficará a cargo do valor financeiro.

2. Dimensionamento do boiler

Como é fácil de achar no mercado reservatórios térmicos de valores inteiros, como


100 ou 200 litros do que fracionado como 150 litros, será adotado o mesmo boiler usado
no projeto anterior, dessa forma, o boiler escolhido é de 200 litros com resistência de
2kWh, que também será conectado a um sistema hibrido com a energia gerada pelos
painéis fotovoltaicos que garantirão a água quente em casos extremos.

6.2.2.2. Para exploração e beneficiamento do leite

O acumulador elétrico de água quente - que tem como função: o pré-aquecimento do


leite; pré-aquecimento da água de alimentação do aquecedor elétrico de passagem e;
aquecimento da água de limpeza de equipamentos e do estabelecimento de processamento,
sala de ordenha e estábulo-, consiste em um reservatório térmico com volume de 2000 litros
e com resistência elétrica de 2,7 kW. A temperatura da água pré aquecida é de 60ºC. O
consumo diário de água quente é de aproximadamente 5000 litros/dia.

Seguindo as mesmas orientações utilizadas para o aquecimento das casas,


ressaltamos que:

O pior caso de temperatura ambiente da água na região é 18,8 ºC. E a temperatura


utilizada agora é de 60 ºc.

150000 (60 − 18,8)


𝐿𝑚𝑒𝑠 = 1000. . 4,18 = 7175,7𝑘𝑊ℎ/𝑚ê𝑠
1000 3600

1. Dimensionamento do coletor

Seguindo a mesma fórmula, temos que a demanda é de aproximadamente


7175,7kWh. Assim, temos que serão necessários 43 coletores do seguinte modelo:
37

Tabela 23 - modelo do coletor escolhido

Modelo dos coletores MC Evolution Pro 20


Dimensões A/L/P (mm) 2000x1000x67
Peso (kg) 27
Produção média de energia (kW/mês) 168,5
Vazão recomendada (l/h coletor) 70
Pressão máxima admissível 40kgf/cm² 40mca
Eficiência por m²(%) 57,1

2. Dimensionamento do reservatório térmico

Como já mencionado, o modelo do acumulador elétrico é de 2000 litros, então, para


suprir a demanda, serão necessários 3 destes.

6.3. Biomassa
Por ser considerada uma fonte energética limpa e renovável, o interesse na utilização
de biomassa ganhou espaço no mercado de energia, passando a ser considerada uma boa
alternativa para a diversificação da matriz energética mundial e consequente redução da
dependência dos combustíveis fósseis. Por este motivo os investimentos e incentivos do setor
público e do setor privado de diversos países na produção de energia utilizando a biomassa
têm aumentado consideravelmente nos últimos anos.

Quando utilizada para fins energéticos, é classificada em três categorias: florestal,


agrícola e rejeitos urbanos, onde, na biomassa energética agrícola, estão incluídos as culturas
agroenergéticas e os resíduos e subprodutos das atividades agrícolas, agroindustriais e da
produção animal. O potencial energético de cada um desses grupos depende tanto da
matéria-prima utilizada quanto da tecnologia utilizada no processamento para obtê-los.
Existem diversas rotas tecnológicas para a utilização da biomassa com a finalidade de se
produzir energia elétrica, contudo, todas envolvem a transformação da biomassa, por meio de
processos termoquímicos, bioquímicos e físico-químicos, em um produto intermediário, que
por fim, será usado na geração de eletricidade. Para cada cenário deve ser observado a
viabilidade técnica e econômica de cada tipo de biomassa e da tecnologia a ser empregada
visando a otimização dos resultados.

Principais vantagens da Biomassa:

 Baixo Custo.
38

 Fonte de energia produzida regionalmente e, portanto, colaborando para


independência energética e geração de receita.
 Alta eficiência energética.
 Utilização de recursos renováveis.
 A energia nela contida pode ficar armazenada por muitos anos.
 Menor corrosão de equipamentos.

Principais desvantagens da Biomassa:

 Na maioria dos casos é proveniente da combustão, libera gases que causam o efeito
estufa.
 A maioria dos tipos de biomassa tem baixa densidade, ocupando muito espaço para
armazenamento, dificultando o transporte e o armazenamento.

Os processos de biodigestão da biomassa geram dois produtos e um “serviço”: o


biogás e o biofertilizante, e a venda dos serviços de sequestro de carbono, gerando chamados
“créditos de carbono”. O biofertilizante contém dosagens de nitrogênio e fósforo interessantes
sob o ponto de vista de uso agrícola, e carbono em alta quantidade, que pode ser utilizado
em revitalização de solos, pois é o elemento essencial para nutrição da sua microbiologia.
Renovar os estoques de carbono dos solos significa melhorar suas condições para realizar os
ciclos biogeoquímicos, que são essenciais para disponibilizar os nutrientes necessários para
as culturas agrícolas.

6.3.1 Processamento da Biomassa:

Um biodigestor compõe-se, basicamente, de uma câmara fechada na qual uma


biomassa (em geral detritos de animais) é fermentada anaerobicamente, isto é, sem a
presença de ar. Como resultado desta fermentação ocorrem a liberação de biogás e a
produção de biofertilizante. É possível, portanto, definir biodigestor como um aparelho
destinado a conter a biomassa e seu produto: o biogás. Tal aparelho, contudo, não produz o
biogás, uma vez que sua função é fornecer as condições propícias para que 16 um grupo
especial de bactérias, as metanogênicas, degrade o material orgânico, com a conseqüente
liberação do gás metano. Existem vários tipos de biodigestor, mas, em geral, todos são
compostos, basicamente, de duas partes: um recipiente (tanque) para abrigar e permitir a
digestão da biomassa, e o gasômetro (campânula), para armazenar o biogás.

Em relação ao abastecimento de biomassa, o biodigestor pode ser classificado como


contínuo abastecimento diário de biomassa , com descarga proporcional à entrada de
biomassa, ou intermitente, quando utiliza sua capacidade máxima de armazenamento de
39

biomassa, retendo-a até a completa biodigestão. Então, retiram-se os restos da digestão e


faz-se nova recarga. O modelo de abastecimento intermitente é mais indicado quando da
utilização de materiais orgânicos de decomposição lenta e com longo período de produção,
como no caso de palha ou forragem misturada a dejetos animais.

No Brasil, temos dois tipos principais de biodigestores que são utilizados: Modelo
Chines e Modelo Indiano:

 O modelo chinês é mais rústico e completamente construído em alvenaria, ficando


quase que totalmente enterrado no solo. Funciona, normalmente, com alta pressão, a
qual varia em função da produção e consumo do biogás, destarte contar com uma
câmara de regulagem. O biogás fornecido pelo digestor é levado até o destino de
consumo por tubos e conexões soldáveis em PVC.

 O modelo indiano é o mais usado no Brasil devido à sua funcionalidade. Quando


construído, apresenta o formato de um poço que é o local onde ocorre a digestão da
biomassa , coberto por uma tampa cônica, isto é, pela campânula flutuante que
controla a pressão do gás metano e permite a regulagem da emissão do mesmo. Outra
razão para sua maior difusão está no fato do outro modelo, o chinês, exigir a
observação de muitos detalhes para sua construção.

Figura: Modelo chinês


40

Figura: Modelo Indiano

É possível, tecnicamente, comparar a construção de um biodigestor com a de um


forno. Salientamos que uma das vantagens do modelo indiano é a sua campânula flutuante,
que permite manter a pressão de escape de biogás estável, não sendo necessário regular
constantemente os aparelhos que utilizam o metano. Uma desvantagem, razoavelmente
significativa, é o preço da construção da campânula, normalmente moldada em ferro. Este
modelo oferece, em relação ao modelo chinês, algumas vantagens no momento da
construção, pois pode ser adaptado ao clima local e ao tipo de solo. Não há necessidade de
se estabelecer medidas fixas para o diâmetro e a profundidade, bastando que se observe a
relação de capacidade do tanque digestor e da campânula.

A seguir, temos uma tabela com as dimensões necessárias para armazenamento


diário:

Tabela 25 - Dimensões para o tanque digestor.

Dimensões do Dimensões da
Capacidade do tanque digestor em
Tanque Digestor Campânula
𝒎𝟑
(d x m)
8 2,00 x 2,60 1,80 x 2,30
10 2,20 x 2,70 2,00 x 2,50
12 2,35 x 2,80 2,15 x 2,50
15 2,53 x 3,00 2,33 x 2,50
18 2,70 x 3,15 2,50 x 2,60
41

Fonte: SGANZERLA, 1983, p. 42.

Assim como no estômago de uma vaca, a decomposição de material orgânico produz


gás contendo cerca de dois terços de metano e um terço de dióxido de carbono. Queimado
na usina de cogeração, esse gás pode produzir energia suficiente para mover uma enorme
fazenda e gerar energia excedente para a rede pública local. O calor residual pode ser usado
para aquecer fermentadores ou construções.

A composição do biogás, resultante da biomassa residual de criatórios de animais é


geralmente a seguinte:

 Metano (CH4): 40-70% vol.


 Dióxido de carbono (CO2): 30-60% vol.
 Outros gases: 1–5% vol.
 Hidrogênio (H2): 0-1% vol.
 Sulfeto de hidrogênio (H2S): 0-3% vol.

A geração de biogás na biodegradação anaeróbia se dá em três fases, como mostrado:

 Hidrólise: as bactérias liberam enzimas extracelulares, para promover a hidrólise das


partículas e degradar os sólidos em suspensão maiores em moléculas menores,
solúveis no meio;

 Acetogênese: as bactérias produzem ácidos para transformar as moléculas de


proteínas, gorduras e carboidratos existentes na biomassa, em ácidos orgânicos
(ácido láctico, ácido butílico), etanol, amônia, hidrogênio e dióxido de carbono, entre
outros;
42

 Metanogênese: as bactérias metanogênicas atuam sobre o hidrogênio e o dióxido de


carbono, transformando-os em metano (CH4). Essa fase limita a velocidade da cadeia
de reações devido, principalmente, à formação de microbolhas de metano e dióxido
de carbono em torno da bactéria metanogênica, isolando-a do contato direto com a
mistura em digestão, razão pela qual a agitação da massa contida no digestor é prática
sempre recomendável.

O biogás resultante da digestão da biomassa é inflamável em função da quantidade


de metano que contém, uma característica que o habilita também para uso como combustível
em turbinas e motores a explosão e, acoplandose a estes um gerador, produz-se energia
elétrica. O seu poder calorífico usual varia entre 5.000 e 7.000 quilocalorias por metro cúbico,
podendo chegar até 12.000 kcal quando altamente purificado , portanto, com grande potencial
de uso como energia térmica ou energia elétrica ao alimentar motogeradores.

Tabela – Equivalência entre o biogás e outros combustíveis.

Fonte: Ministério de Minas e Energia: Empresa de Pesquisas Energéticas - Plano Nacional


de Energia 2030 - Brasília: MME:EPE, 2007

6.3.2 Produção de Biogás:

A produção de biogás, obtida a partir de dejetos animais, depende de muitas variáveis,


como a quantidade de dejetos produzidos, a composição dos mesmos e o tipo de alimentação
dos animais, além de fatores externos como o clima, tipo de confinamento e a eficiência do
biodigestor.
43

Alternativamente a literatura especializada apresenta alguns índices médios de


produção de biogás, baseados em situações experimentais que podem ser utilizados para
calcular aproximadamente a produção de biogás para diversos tipos de animais.

A Tabela a seguir apresenta para cada animal a produção média de esterco e biogás
por dia.

Tabela 26 - modelo do coletor escolhido

Espécie animal Esterco (kg/dia) Biogás (𝒎𝟑 /dia)


Bovino adulto confinado 30 - 40 1,1 -1,47
Bovino adulto semi confinado 15 - 25 0,56 - 0,93
Bovino adulto não confinado 10 - 20 0,36 - 0,72
Bezerro confinado 10 0,36
Bezerro semi confinado 5 0,18
Bezerro não confinado 3 0,12
Fonte: SGANZERLA, Edílio

6.3.2 Processos de conversão energética da biomassa

O processo de conversão de biomassa se realiza através de rotas tecnológicas e


produtivas bem diversificadas. Existem diversas fontes, as quais incluem resíduos agrícolas,
florestais, industriais, urbanos e, dependendo das viabilidades técnicas e econômicas, até
culturas cultivadas especificamente para este fim. Com o objetivo de se aproveitar a energia
presente em tais fontes foram desenvolvidos diversos processos de conversão, que são
classificados, segundo a natureza dos processamentos primários aplicados à biomassa em:
termoquímicos, bio-químicos e físico-químicos.

Em nosso estudo, utilizamos como fonte de geração de biomassa os resíduos


pecuários sólidos e líquidos, onde o processo de conversão desta biomassa pode se dar de
três maneiras: Combustão direta, Gaseificação e biodigestão. A seguir temos um esquema
ilustrativo onde são explicados os processos de conversão de uma biomassa em um tipo de
44

energia.

6.3.2.1 Conversão Termoquímica

A conversão termoquímica ocorre quando a energia “quimicamente armazenada” na


biomassa é convertida em calor por meio da combustão. Uma larga variedade de tecnologias
capazes de converter a biomassa em energia está disponível através da via termoquímica, e
sua diferenciação está associada à quantidade de oxigênio que é fornecido ao processo,
tendo como referência o valor do coeficiente estequiométrico (número que antecede cada
fórmula química), resultando nas vias de combustão direta, pirólise e gaseificação. Todos
estes processos são baseados na decomposição térmica da carga combustível primária e na
combustão dos produtos resultantes da decomposição.

6.3.2.2 Combustão Direta


45

É a transformação da energia química dos combustíveis em calor, por meio das


reações dos elementos constituintes com o oxigênio fornecido. Para fins energéticos, a
combustão direta ocorre essencialmente em fogões, fornos e caldeira. Embora muito prático
e às vezes conveniente, o processo de combustão direta é normalmente muito ineficiente.
Outro problema da combustão direta é a alta umidade (20% ou mais no caso da lenha) e a
baixa densidade energética do combustível, o que dificulta o seu armazenamento e
transporte. Neste processo é fornecida uma quantidade suficiente de oxigênio para se
conseguir a combustão completa da biomassa.

6.3.2.3 Pirólise

No processo de pirólise a biomassa é aquecida a temperaturas relativamente baixas,


entre 500ºC e 800ºC, em uma atmosfera com pouquíssima ou nenhuma presença de oxigênio,
resultando em um composto sólido rico em carbono e uma fração volátil composta de gases
e vapores orgânicos condensáveis. Através do gradativo aumento da temperatura ocorre a
degradação do insumo energético utilizado no processo, tendo como resultados combustíveis
sólidos, tal como o carvão vegetal; líquidos, como o óleo pirolítico; e gasosos, como o gás
pirolítico. Existem diversos processos de pirólise, sendo os mais antigos a carbonização,
normalmente utilizado com madeira, e a destilação seca ou destrutiva. Na carbonização são
utilizadas baixas taxas de aquecimento visando maximizar a produção de carvão vegetal. Já
na destilação seca são empregadas taxas de aquecimento mais altas, objetivando maximizar
a produção de líquidos. Após diversas pesquisas, houve mudanças substanciais na produção
dos gases, líquidos e sólidos resultantes do processo de pirólise através do aumento das
taxas de aquecimento e das variações da temperatura final do processo.

6.3.2.4 Gaseificação

A gaseificação é o processo termoquímico de converter um insumo sólido ou líquido


num gás, também chamado de producer gás ou gás pobre, com características basicamente
combustíveis, através de sua oxidação parcial a temperaturas intermediárias, isto é,
temperaturas acima das recomendadas nos processos de pirólise rápida e abaixo das
recomendadas nos processos de combustão. O processo de gaseificação é realizado através
da injeção controlada de ar, oxigênio puro ou uma mistura destes com vapor de água. Esta
escolha é baseada no uso final do gás obtido, sendo o gás gerado através da gaseificação
com ar de baixo poder calorífico e o gás gerado através da injeção de oxigênio puro ou, a
partir de uma mistura de gases, de médio ou alto poder calorífico. A diferença verificada no
poder calorífico destes processos se dá basicamente pelo teor de nitrogênio livre no gás
gerado visto que a mistura gasosa de saída do reator (base seca), a partir da injeção de ar,
46

contem em torno de 50% em volume de nitrogênio e, com a injeção de oxigênio puro ou


misturas de oxigênio ou ar com vapor de água, este teor é nulo ou muito baixo.A gaseificação
da biomassa possui muitas aplicações práticas, dentre elas a produção de eletricidade e calor,
contudo para estes casos o processo de gaseificação deve ser comparado, técnico e
economicamente, com a combustão direta da biomassa, combustíveis fósseis e outros
combustíveis alternativos. O uso da gaseificação para o processo de co-geração de energia
pode ser dividido em relação a densidade da biomassa utilizada como insumo e o tamanho
do empreendimento. Utilizando-se biomassas de alta densidade, principalmente madeira, são
utilizados gaseificadores de leito fixo (bandejas). Em pequenas plantas, estes são acoplados
a motores do ciclo Otto e, para projetos de larga escala, são pressurizados com carvão fóssil.
Já no caso do uso de biomassas de baixa densidade (dispersas), são propostos
gaseificadores de leito fluidizado (leito de partículas inertes) tanto atmosféricos como
pressurizados.

6.3.2.5 Conversão Físico-química

A via de conversão físico-química da biomassa é aquela que utiliza técnicas para


disponibilização de lipídios através da compressão e esmagamento de matérias vegetais
diversas e extração dos óleos vegetais, que posteriormente sofrerão transformação química.
As transformações químicas variam segundo o produto final a ser obtido. Os óleos vegetais
podem ser processados através de esterificação direta, sendo então diretamente utilizáveis
em motores a combustão interna. Por outro lado, estes mesmos óleos vegetais podem ser
convertidos, para a produção de biodiesel, através de uma série de processos tecnológicos
diferentes, sendo os mais comuns a transesterificação alcoólica por via catalítica ácida, básica
ou enzimática e o craqueamento catalítico ou térmico. Os processos de esterificação e
craqueamento não estão relacionados diretamente com a utilização da biomassa como
alternativa energética. Já o processo de transesterificação é utilizado na produção de
biodiesel através da utilização de biomassas específicas.

6.3.2.6 Transesterificação

Transesterificação é um processo químico que consiste na reação de óleos e gorduras


com um produto intermediário ativo (metóxido ou etóxido), oriundo da reação entre alcoóis
(metanol ou etanol) e uma base (hidróxido de sódio ou de potássio). Os produtos dessa reação
química são a glicerina e uma mistura de ésteres etílicos ou metílicos (biodiesel). O biodiesel
tem características físico-químicas muito semelhantes às do óleo diesel e, portanto, pode ser
usado em motores de combustão interna, de uso veicular ou estacionário.
47

6.3.2.7 Conversão Bioquímica

A via bioquímica de conversão da biomassa é aquela que utiliza processos biológicos


e químicos, que incluem a digestão anaeróbica, a fermentação/destilação e a hidrólise. A
fermentação/destilação e a hidrólise são rotas que apresentam as mais adequadas condições
para produção de combustíveis líquidos (etanol) derivados da biomassa, sendo a primeira, já
tradicionalmente empregada no mundo todo para a produção de etanol, utilizando matérias-
primas variadas, com base nos conteúdos sacarídeos e amiláceos. A hidrólise é um processo
que realiza a sacarificação de materiais celulósicos (conversão em açúcares), este produto
intermediário segue, então, para o ciclo de fermentação/destilação convencional. Há inúmeras
opções de processos, como a catálise ácida ou enzimática, ou mesmo a hidrólise e a
fermentação realizadas simultaneamente, sendo que todas elas requerem um pré- tratamento
para remoção da lignina, e às vezes separação da hemicelulose, seguida pela hidrólise
propriamente dita, fase na qual ocorre a quebra das ligações das cadeias complexas de
açúcares. Os pré-tratamentos são físicos (picadores, moagem), físico-químicos (auto-
hidrólise: descompressão com vapor, com amônia ou com CO2), químicos (com ozônio,
ácidos diluídos ou concentrados, alcalino) ou com solventes (para dissolver a lignina). 48 Na
biodigestão anaeróbica ocorre a degradação biológica da matéria orgânica através da ação
de diversos microorganismos na ausência de oxigênio. Todos estes processos estão em fase
de desenvolvimento e sua operação será essencial para o desenvolvimento final de sistemas
comerciais. O processo de fermentação consiste basicamente na conversão de açúcares,
principalmente glicose, frutose ou sacarídeos, em etanol e CO2. No Brasil os substratos mais
importantes deste processo são provenientes da cana-de-açúcar, respectivamente o caldo de
cana, o melaço e mistura desses dois componentes. Além do açúcar outros parâmetros
devem ser levados em consideração no processo industrial da fermentação, tais como: teor
de água, teor de macro e micronutrientes, presença de microorganismos, teor de sólidos
insolúveis, pH, podertampão (resistência a mudança de pH) e presença de compostos tóxicos
ou inibidores. Parâmetros do açúcar (matéria-prima) que não estejam enquadrados dentro
das especificações adequadas geram aumento do custo de produção, seja pela necessidade
de se adicionar algum outro insumo, seja pela necessidade de execução de um pré-
tratamento mais caro da matéria-prima ou então por causar uma redução ou no rendimento
em álcool ou no seu teor final.

6.3.2.8 Digestão Anaeróbica

A digestão anaeróbica, assim como a pirólise, ocorre na ausência de ar, porém nesse
caso o processo consiste na decomposição do material pela ação de microrganismos
48

(bactérias acidogênicas e metanogênicas). Trata-se de um processo simples, que ocorre


naturalmente com quase todos os compostos orgânicos. O tratamento e o aproveitamento
energético de dejetos orgânicos (esterco animal, resíduos industriais etc.) podem ser feitos
pela digestão anaeróbica em biodigestores, onde o processo é favorecido pela umidade e
aquecimento. O aquecimento é provocado pela própria ação das bactérias, mas, em regiões
ou épocas de frio, pode ser necessário calor adicional, visto que a temperatura deve ser de
pelo menos 35ºC. Em termos energéticos, o produto final é o biogás, composto
essencialmente por metano (50% a 75%) e dióxido de carbono. Seu conteúdo energético gira
em torno 52 de 5.000 kcal/m³. O efluente gerado pelo processo pode ser usado como
fertilizante, conforme o ciclo apresentado:

A digestão anaeróbia pode ser utilizada tanto em resíduos líquidos quanto em resíduos
sólidos, e a conversão da matéria orgânica em biogás pode reduzir de maneira significante o
poder poluente dos resíduos. Assim, o desenvolvimento tecnológico da biodigestão anaeróbia
está ligado à problemática do tratamento dos resíduos industriais, dos resíduos urbanos,
como é o caso dos esgotos, e dos resíduos provenientes das atividades agropecuárias, como
é o caso dos estercos.

6.3.3 Geração de Energia Elétrica Através da Biomassa

Do ponto de vista das tecnologias de produção de eletricidade a partir do uso de


biomassas, as rotas tecnológicas possíveis incluem os sistemas baseados nos ciclos a vapor
(que usualmente empregam combustíveis sólidos), os sistemas baseados em motores de
49

combustão interna (ou mesmo combustão externa) e em turbinas a gás (alternativa que requer
combustíveis líquidos e gasosos, com determinadas especificações físico-químicas) e os
sistemas baseados em células a combustível.

6.3.3.1 Ciclos a Vapor

A rota tecnológica para produção de energia elétrica mais viável atualmente é a


baseada em ciclos de vapor, na qual é necessária a queima da biomassa para a geração de
calor e sua consequente utilização na geração de vapor. O combustível mais utilizado neste
tipo de processo é a biomassa em estado sólido, porém também podem ser utilizados
resíduos no estado líquido. A relação custo-benefício e a viabilidade econômica em sistemas
de ciclo de vapor são altamente influenciadas por fatores como a proximidade da planta de
geração à fonte de biomassa, custos de transporte e manuseio, além dos teores de umidade
do composto orgânico e tecnologias usadas na conversão energética da biomassa.

O vapor pode ser aproveitado individualmente em processos industriais


termodinâmicos, gerando aquecimento ou trabalho mecânico, ou em processos de geração
termoelétrica. Todavia, o melhor rendimento e eficiência são alcançados com a combinação
destas duas aplicações, através do processo de co-geração. Para que uma planta de co-
geração seja viável deve-se ter conhecimento das quantidades de trabalho mecânico, de
energia elétrica e de calor ou frio visando a integração dos processos e a adequada
especificação dos equipamentos a serem utilizados. As alternativas consideradas para
geração de energia elétrica a partir da biomassa em ciclos de vapor são: o ciclo com turbinas
de contrapressão, empregado de forma integrada a processos produtivos através da co-
geração; e o ciclo de turbinas de condensação e extração, que operam de forma isolada ou
integrada ao processo produtivo também por intermédio da co-geração.

Os ciclos de co-geração podem ser divididos em dois tipos: topping e bottoming. No


tipo bottoming o calor é aproveitado inicialmente em processos térmicos de alta temperatura
e posteriormente para a geração de energia elétrica. Já no processo tipo topping, o mais
comumente usado, o calor é aproveitado inicialmente em uma turbina visando a geração de
energia elétrica e em uma segunda etapa nos processos térmicos.

O tipo topping ainda pode ser dividido em dois subtipos: os que operam com turbinas
de contrapressão e os que operam com turbinas de condensação e extração. No primeiro
caso, com turbinas de contrapressão, a geração de energia elétrica fica restringida pelo
consumo de energia térmica do processo de produção, já que é no processo produtivo onde
50

o vapor é condensado e bombeado de volta para a caldeira. Nesta configuração, o sistema


apresenta baixo desempenho energético e baixa capacidade de produção.

No caso do ciclo a vapor com turbinas de condensação e extração o vapor, ao final da


realização de trabalho na turbina, é totalmente ou parcialmente condensado no condensador
localizado na exaustão da turbina. O vapor solicitado pelo processo produtivo é extraído de
pontos intermediários da própria turbina. Este sistema apresenta ganhos significativos de
eficiência e de capacidade de geração em comparação às turbinas de contrapressão, pois
permitem a utilização de caldeiras mais avançadas e uma maior manipulação condições do
vapor (temperatura e pressão).

6.3.3.2 Gaseificação da Biomassa e Uso de Turbinas a Gás

O processo de gaseificação é definido como a conversão de qualquer combustível,


seja ele sólido ou líquido, em um gás energético através da oxidação parcial em um ambiente
com temperatura elevada. Esta conversão é realizada em gaseificadores e produzem um gás
combustível que pode ser utilizado em uma turbina a gás para a produção de energia elétrica.
Sendo assim, neste processo, a biomassa pode ser considerada uma importante fonte
primária para geração de elevadas potências em centrais termoelétricas. Durante a década
de noventa uma verdadeira revolução se processou na tecnologia de geração termoelétrica
no mundo e seu principal agente foi a aplicação das novas e eficientes plantas baseadas em
turbinas a gás. Os principais agentes desta transformação das turbinas a gás são o
desenvolvimento de sistemas eletrônicos de controle, da fluido-dinâmica, da metalurgia e de
novos materiais. Por este motivo, os ciclos de geração térmica baseados em turbinas a gás
se encontram, atualmente, em um estágio maduro de confiabilidade e eficiência. Embora a
tecnologia de gaseificação de biomassa já tenha se tornado viável e prática ainda são
necessários superar alguns obstáculos para que a mesma se torne competitiva
comercialmente. A maior dificuldade se encontra no desenvolvimento de um equipamento que
produza gás de qualidade e se adapte aos diversos combustíveis que podem ser utilizados
em sua operação.

A seguir serão apresentados os quatro principais sistemas que podem ser aplicados a
tecnologia de geração de energia elétrica através da gaseificação da biomassa.

O primeiro sistema engloba a tecnologia de gaseificação de biomassa à turbina a gás


em ciclo simples, também conhecido na literatura como BIG-GT. Este é o ciclo com
gaseificação mais simples, de menor eficiência e menor custo de investimento, onde o fluido
de trabalho é apenas o ar comprimido aquecido pelo combustível e expandido na turbina que
51

está acoplada a um gerador elétrico. Quando este ciclo é utilizado em processos de co-
geração se faz necessário a utilização de um gerador de vapor (caldeira) para atender às
necessidades térmicas utilizando os gases recuperados da exaustão da turbina como fonte
de energia.

O segundo processo a ser descrito é um dos aprimoramentos do processo de ciclo


simples da turbina a gás. É conhecido como BIG-STIG e consiste na injeção direta de vapor
na turbina a gás. As turbinas utilizadas nesta configuração são Caldeira Biomassa Processo
Secador Gaseificador Sistema de limpeza do gás ~ Gás combustível Gás combustível limpo
Turbina a gás Gases de exaustão Turbogerador Ar Ar Turboacionadores Ar Vapor saturado
Vapor 61 aeroderivativas e a injeção de vapor d’água na turbina é realizada para aumentar a
potência gerada na máquina, aumentando-se assim o fluxo mássico e o calor específico do
fluido de trabalho, e para reduzir as emissões de NOx.

Outro processo que também é um aprimoramento da configuração de ciclo simples da


turbina a gás é o BIG-ISTIG que se diferencia do BIG-STIG pela introdução de um resfriador
visando reduzir a temperatura do ar que esta sendo comprimido para alimentar a combustão.
Como benefícios desta prática são obtidos a redução da potência requerida para a
compressão, elevando a potência disponível na turbina, e a elevação da temperatura de
entrada dos gases da turbina, proporcionando o aumento da eficiência termodinâmica do
ciclo.

O último processo apresentado referente à aplicação da tecnologia de gaseificação de


biomassa para geração de energia elétrica é o BIG-GTCC que consiste na combinação de
turbinas a gás e turbinas a vapor, conhecido como ciclo combinado, integradas a um
gaseificador de biomassa que produz o gás combustível. Nestes ciclos a energia térmica
contida nos gases quentes, provenientes da exaustão da turbina a gás, são direcionados a
uma caldeira de recuperação (HRSG) com o objetivo de se produzir vapor que é então
utilizado como fluido de acionamento de uma turbina a vapor de condensação para gerar
trabalho adicional. O acréscimo de potência alcançada em um ciclo combinado é da ordem
de 50% da potência da turbina a gás e a eficiência global passa da média de 30% do ciclo
simples e atinge valores em torno dos 55% a 60% em ciclos combinados comerciais.

6.3.4 Em nossa fazenda

Como temos 200 animais adultos estabulados, (usando o pior caso, onde produzem
30kg) produção de 6000 kg/dia somados aos 55 bezerros, também confinados, que produzem
em média 10kg/dia cada um, sendo 550 kg/dia. Então temos o total de esterco de 6550 kg/dia.
52

De maneira que precisamos de 14 tanques biodigestores com capacidade de 18 m3 e


dimensões de 2,70 de diâmetro e 3,15 m de profundidade.

Assim teremos que a produção de biogás será da forma:

Para os bovinos adultos: 200 x 1,1 = 220 m3 de biogás/dia

Para bezerros: 55 x 0,36 = 19,8 m3 de biogás/dia

Sendo um total de : 239,8 m3 de biogás/dia ou 7.194 m3 de biogás/mês

6.3.4.1 Aplicação da energia

Podemos utilizar o GLP para abastecer as cozinhas(para isso, precisamos de fogões


especiais para o uso do biogás) das casas dos funcionários e dos colonos, com um gasto de
1 botijão, de 13 kg, por mês para cada casa, são necessários 9 X 13 = 117 kg de GLP por
mês.

Usando as referências da tabela apresentada anteriormente, vimos que é preciso


utilizar 117 ÷ 0,454 = 257,7 m3de biogás/mês, para termos uma faixa de segurança,
aproximamos esse valor por 260 m3de biogás/mês.

Restando ainda um total de 7194 - 260 = 6934m3 de biogás/mês, que podemos


converter em energia elétrica pelo processo da gaseificação de biomassa o BIG-GTCC, de
maneira que assim teremos uma produção de : 6934 x 1,428 = 9901,7 kWh que podem ser
distribuídos para que alimentem:

1. Os 2 compressores que consomem 7018,71 kWh/mês


2. Galpões para armazenamento que consome 200,64 kWh/mês
3. Motores que consome 1230 kWh/mês
4. A usina de leite que consome 160,86 kWh/mês
5. Sala de ordenha 160,51 kWh/mês
6. Sala de leite 53,5 kWh/mês
7. Acumulador elétrico 24,3 kWh/mês
8. Picadeira (máquina agrícola) que consome 484 kWh/mês

Restando 567 kWh/mês, que pode ser considerada uma margem de confiança pra que
tudo seja alimentado sem problemas.
53

6.4. Eólica
A partir da definição das cargas da fazenda podemos ter como metodologia desta parte
do trabalho procurar uma técnica de projeto e definição a fim de suprir as necessidades
energéticas de propriedades rurais.

Em relação à utilização deste sistema, o objetivo básico consiste na implantação de um


mini aerogerador eólico capaz de suprir as necessidades existentes. Basicamente denomina-
se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimento (vento). Seu
aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética de translação em energia
cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas (aerogeradores) denominadas, para
a geração de eletricidade.

6.4.1 Funcionamento

Um sistema eólico é constituído por vários componentes que devem trabalhar em


harmonia de forma a propiciar um maior rendimento final. Para efeito de estudo global da
conversão eólica devem ser considerados os seguintes componentes:

• Vento: Disponibilidade energética do local destinado à instalação do sistema eólico.

• Rotor: Responsável por transformar a energia cinética do vento em energia mecânica de


rotação.

• Transmissão e Caixa Multiplicadora: Responsável por transmitir a energia mecânica


entregue pelo eixo do rotor até a carga. Alguns geradores não utilizam este componente;
neste caso, o eixo do rotor é acoplado diretamente à carga.

• Gerador Elétrico: Responsável pela conversão da energia mecânica em energia elétrica.

• Mecanismo de Controle: Responsável pela orientação do rotor, controle de velocidade,


controle da carga, etc.

• Torre: Responsável por sustentar e posicionar o rotor na altura conveniente.

• Sistema de Armazenamento: Responsável por armazenar a energia para produção de


energia firme a partir de uma fonte intermitente.

• transformador: Responsável pelo acoplamento elétrico entre o aerogerador e a rede


elétrica.
54

6.4.2 Tamanho das turbinas eólicas

Turbinas eólicas podem ser arbitrariamente divididas em três categorias: pequenas,


médias e grandes. Pequenas turbinas eólicas conseguem gerar entre 50 W e 60 kW de
energia e usam rotores com diâmetro que varia de menos de 1 até 15 metros. Estão
geralmente instaladas em áreas remotas, onde é necessária energia, mas o acesso a fontes
convencionais de eletricidade ou é muito caro ou pouco confiável. Alguns tipos, chamados de
microturbinas, são tão pequenos que podem ser transportados a cavalo. A maioria dos
equipamentos eólicos comerciais é de turbinas de tamanho médio. Utilizam rotores com
diâmetros entre 15 e 60 m e têm capacidade geradora de 50 a 1.500 kW. A maioria dessas
turbinas comerciais gera entre 500 a 750 quilowatts. As grandes turbinas eólicas são enormes,
com rotores entre 60 e 100 m de diâmetro, e são capazes de gerar de 2 a 3 MW de energia.
Como o rendimento de usinas de energia convencional à carvão ou petróleo aumenta com o
tamanho da instalação, acreditava-se originalmente que as turbinas eólicas gigantes seriam
mais econômicas do que equipamentos menores.

Diversos países tentaram desenvolver turbinas eólicas comerciais de grande porte, mas
elas se mostraram menos econômicas e confiáveis do que os equipamentos de tamanho
médio.

6.4.3 Produção de Energia

A produção de energia elétrica a partir do vento tem vantagens e desvantagens que devem
ser ponderadas
55

Vantagens:

Não gera resíduos e não emite gases poluentes;

É uma fonte de energia inesgotável;

Os parques eólicos podem ser usados para outros fins, agricultura, pastorícia ou criação de
gado;

É uma fonte barata de energia que pode competir com as fontes de energia tradicionais em
termos de rentabilidade;

Não requer uma manutenção frequente e tem uma manutenção reduzida.

Desvantagens da utilização da energia eólica:

Não tem uma produção constante, fatores como a falta de vento podem, durante períodos,
tornar nula a produção;

Impacto visual e sonoro dos parques eólicos ou mesmo de um gerador caseiro;

Em larga escala, pode afetar o comportamento migratório de algumas espécies de aves.

A energia cinética, resultante das deslocações de massas de ar, pode ser


transformada em:

Energia mecânica através de aeromotores;

Energia elétrica através de turbinas eólicas ou aerogeradores.

6.4.4 Métodos e Técnicas

A metodologia utilizada para atingir os objetivos deste trabalho é apresentada da seguinte


forma:

a) Realização de pesquisa exploratória, levantamento bibliográfico para o conhecimento sobre


turbinas eólicas;

b) Identificação da necessidade energética de uma propriedade rural;

c) Determinação da velocidade do vento através do mapa eólico do Estado do Rio de Janeiro;

d) Definição de um diâmetro para o rotor eólico e seu número de pás.

e) Realização de cálculos de potência.


56

6.4.4.1 Estudo dos Ventos

O potencial eólico exige um conhecimento detalhado do comportamento dos ventos. Os


dados relativos a esse comportamento que auxiliam na determinação do potencial eólico de
um local, são relativos à intensidade da velocidade e à direção do vento. Para obter esses
dados, é necessário também analisar os fatores que influenciam o regime dos ventos no local
da instalação. Entre eles pode-se citar o relevo, a rugosidade do solo e outros obstáculos.

A região onde se encontra a fazenda de gado leiteiro é no norte fluminense do Rio de


Janeiro na cidade de Santo Antônio de Pádua. Para que pudéssemos obter a velocidade
média do vento na região, recorremos ao mapa eólico do Rio de Janeiro, como pode ser visto
através da figura X1.

No entanto, esse mapa eólico nos fornece a média anual da velocidade do vento. Para que
a gente possa assegurar um fornecimento de energia com qualidade e estável temos que
trabalhar na condição limite, ou seja, na época do ano onde se tem a menor velocidade de
ventos e consequentemente terá a menor produção de energia. No atlas eólico podemos obter
o potencial eólico sazonal, como pode ser visto através da figura X2. Assim sendo, a partir
dos dados dos mapas, tem se que a pior incidência dos ventos na cidade é no inverno, com
velocidades de aproximadamente 3,5m/s.

A potência mecânica disponível (P) numa turbina depende grandemente (fator cúbico) da
velocidade do caudal de ar que passa através dela, o que faz com que o interesse e o
aproveitamento deste recurso variem muito com a intensidade e a direção do vento.

A potência do vento que passa perpendicularmente através de uma área circular é dada
por:

1
𝑃= 𝜌𝑣 3 𝐴
2

Onde:
P = potência média do vento em Watts [W]

ρ = densidade do ar seco = 1,225 kg/m3 (PTN)

v = velocidade média do vento [m/s]

A = área do rotor [m2]


57

Figura X1 - Mapa Eólico do Rio de Janeiro

Figura X2 – Potencial Eólico Sazonal


58

Contudo, esta energia não pode ser inteiramente recuperada pelo aerogerador, pois
há que evacuar o ar turbinado; introduz-se, de modo a tornar o cálculo mais preciso, o
coeficiente Cp no cálculo da potência:

1
𝑃= 𝜌𝑣 3 𝐴𝐶𝑝
2

O coeficiente potência foi introduzido pela teoria de Betz. O coeficiente Cp caracteriza


o nível de rendimento de uma turbina de eólica.

A velocidade de 3,5m/s por segundo do vento, foi obtida por medições anemométricas
à 50 metros do chão. No entanto, para a nossa fazenda essa altura é inviável, pois o custo
para tal seria muito caro. Para ter uma base de qual seria a velocidade do vento a uma altura
inferior a 50 metros usamos a seguinte fórmula,

Onde Vo e ho é a velocidade e a altura predeterminadas, respectivamente, h é a altura


que estará o aerogerador e v a velocidade a ser calculada, α é chamado de coeficiente
característico do local que varia entre 0,1 e 0,4. Para a nossa região vamos supor α= 0,4 para
possuir o pior caso.

Dessa forma, através da tabela X1 temos os dados da nossa propriedade e do nosso


aerogerador.

Tabela X1- Dados

Descrição Símbolo Valor

Velocidade v 3.16 m/s

Massa específica do
ρ 1.18 Kg/m3
ar

Diâmetro do rotor D 10 m

Altura da montagem h 30 m

Número de pás 3
59

A densidade do ar da cidade de Santo Antônio de Pádua foi retirada do atlas eólico. A


partir da equação da potência podemos estimar a potência elétrica que um aerogerador irá
produzir. Os valores encontrados estão na tabela X2.

6.4.4.2 Consumo de Energia

Os geradores eólicos serão responsáveis por alimentar as seguintes cargas: motor,


máquinas agrícolas e usina de leite. Uma característica desse tipo de carga, que deve ser
levada em consideração neste trabalho, é o elevado consumo de energia. Deve-se inclusive
tomar um cuidado especial com o consumo de energia durante o seu tempo de
funcionamento, pois a energia proveniente dos ventos nem sempre está disponível. Neste
caso seria indispensável a utilização de baterias para o armazenamento da energia
necessária para alimentar esse tipo de carga. Para estimar a energia demandada pelas cargas
foi construído um quadro contendo as cargas que serão alimentadas pelo sistema com as
suas respectivas características elétricas, como mostrado na Tabela X. Os horários de
funcionamento de cada equipamento foram estabelecidos de acordo com a rotina da fazenda.

Tabela X – Quadro de cargas

Potencia Horas
Consumo Consumo
Aparelho Quantidade Nominal de
Diário/(W.h) mensal/(kw.h)
(W) uso/Dia
Misturador de
1 15000 6 90000 2700
ração
Triturador 1 27000 6 162000 3564
aquecedor
elétrico de 1 45000 3,5 157500 4725
passagem
Total 87000 15.5 409500 10989

Considerando que o vento é satisfatório durante quinze horas do dia A potência


contínua que o sistema eólico deverá ser capaz de fornecer para atender a demanda de
energia por dia pode ser calculada por:

𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 409500𝑊ℎ


𝑃𝑚é𝑑𝑖𝑎 = = = 27,30𝐾𝑊
𝑁º 𝑑𝑒 ℎ𝑜𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑎𝑡𝑖𝑠𝑓𝑎𝑡ó𝑟𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠 15ℎ

O sistema eólico deverá, então, ser capaz de fornecer continuamente uma potência
média de 27,30KW para atender a demanda diária de energia. Nos horários do dia em que
não há geração suficiente para atender a carga, a mesma será atendida por um banco de
baterias, que deverá ser dimensionado de tal forma que seja capaz de atender a carga nos
momentos em que não há geração suficiente.
60

6.4.4.2 Dimensionamento da Turbina

O dimensionamento de uma turbina eólica consiste na determinação de uma série de


variáveis como diâmetro do rotor, comprimento e largura das pás, geometria e posicionamento
das pás, tipo de configuração da turbina e tipo de gerador elétrico que será utilizado para
converter a energia mecânica da turbina em energia elétrica. Após um estudo de mercado
optamos por escolher o aerogerador Hummer H10.0 - 30000W que já vem equipado com
controlador e inversor. Suas especificações e curva de potência podem ser vistas a seguir.

Figura X- Aerogerador Hummer H12.0-30000W

Figura X – Tabela de especificações da turbina


61

Figura X- Curva de potência

Tabela X2 – Determinação da potência da turbina

Descrição Símbolo Valor

Potência disponível no vento P 1462,18 Wh

Cp máx % 0.42

Potência disponível no eixo Pe 614 Wh

Potência por dia P dia 14,736 KW

Potência por mês P mês 442,16 KWh

Através da curva de potência do aerogerador vemos que a potência gerada dada uma
velocidade de aproximadamente 3m/s é de 3000W, mesmo que tenhamos uma grande
potência no vento o rendimento das turbinas é baixo para pequenas velocidades. Assim
sendo, para suprir a demanda energética da fazenda, vamos colocar 10 aerogeradores
fornecendo assim um total de carda de 30 KWh por dia.

6.4.4.3 Gerador

Definido o ponto nominal de operação da turbina, o próximo passo é escolher um


gerador elétrico apropriado para a turbina. Esse deverá ter uma potência nominal com valor a
cima do valor obtido para a potência nominal da turbina e ser capaz de atender a potência
pedida pela carga. O valor acima do ponto nominal da turbina é para não sofrer danos por
sobrecargas ou não ficar com produção limitada em ventos superiores aos da região do ponto
de operação nominal. O gerador elétrico que será utilizado para operar em conjunto com a
62

turbina é um gerador de imã permanente trifásico de 5KW, da empresa Ctturbine New Energy.
As especificações do gerador são:

 Modelo: MDKBH
 Potência: 5 KW/KVA
 Voltagem: 120/240
 Ciclagem: 60Hz
 Fase: 1
 Amperagem: 41.7 (120v) / 20.8 (240v) amps
 RPM: 2900
 Tamanho (Comprimento/ Largura /Altura)mm: 662x511x524
 Nível de Ruído 100%: 71Db a 1 metro

6.4.4.4 Posicionamento dos Aerogeradores

O próximo passo a se fazer é posicionar os aerogeradores de forma que possa ter o


maior aproveitamento possível dos ventos. Para isso existe uma regra geral que diz que o
espaçamento entre os aerogeradores deve ser de 5 a 9 vezes o diâmetro do rotor na direção
dos ventos dominantes e de 3 a 5 vezes o diâmetro na direção perpendicular.

Figura X3 – Posicionamentos das turbinas


63

6.4.4.5 Escolha das baterias:

Uma vez que o fabricante do aerogerador aconselha a utilização de baterias de


12V,200Ah, aproveitamos essa indicação para partir diretamente para a escolha da melhor
opção dentro dessa gama de características técnicas. Deste modo a escolha recaiu sobreas
Baterias Estacionárias Seladas (AGM) VRLA GetPower 12V - 200Ah - GP12-200. Outra
recomendação do fabricante foi a utilização de 10 baterias para colmatar as necessidades da
instalação pelo que se dispensou o cálculo dessa necessidade. Apresentamos de seguida as
características das baterias:

Bateria Estacionária Selada (AGM) VRLA GetPower 12V - 200Ah - GP12-200 As


baterias GetPower possuem tecnologia de electrólito absorvido em manta de microfibra
(AGMAbsorbed Glass Mat) e são reguladas à válvula (VRLA Valve Regulated Lead Acid),
possibilitando um processo de recombinação dos gases com eficiência superior a 99%. Com
estas características, é possível utilizar as baterias em diversos tipos de aplicação, sem a
necessidade de adição de água ou electrólito, com baixíssimo custo de manutenção. Também
não requer ambientes com ventilação especial e podem ser instaladas em locais com a
presença de seres vivos e outros equipamentos electrónicos, pois a dispersão de gases ao
ambiente é desprezível e não prejudicial.

Principais Características Baterias de chumbo-ácido reguladas por válvula (VRLA)


Tecnologia AGM - electrólito absorvido em manta de microfibra. Recombinação de gases Livre
de manutenção Elevada taxa de descarga Baixa taxa de auto descarga Seguro para
transporte aéreo (IATA A-67). Especificações Técnicas: Tensão: 12V C-20 : 200Ah Peso : 60
Kg Dimensões ( Comp x Larg x Alt ) : 522 x240 x 219mm.

6.4.4.6 Escolha do Inversor:

No caso desta instalação em particular, não irá ser necessária a escolha de um


inversor uma vez que na compra do aerogerador estará incluído quer o inversor, quer o
controlador de carga. Este será capaz de converter a corrente DC em corrente AC, com
voltagem à saída igual a 230V. Só deste modo nos é permitido utilizar essa energia em
corrente alternada, à voltagem necessária ao funcionamento dos elementos correspondentes
à carga.

Para que houvesse uma precisão maior na potência estimada deveríamos realizar um
estudo local, com dados de medições exatos e fazer um levantamento de alguns métodos
necessários como por exemplo, distribuição teórica de Weibull, extrapolação horizontal e
64

vertical da velocidade, cálculo da PEA utilizando um histograma de velocidade e o modelo


computacional WAsP. No dimensionamento de sistemas eólicos é de grande importância a
realização de um estudo das velocidades do vento no local em que será instalada a turbina.
A avaliação do potencial eólico deve ser realizada com base em observações diárias da
velocidade do vento durante um bom período de tempo. Para a obtenção dos dados da
velocidade do vento são utilizados anemômetros, que são instrumentos responsáveis pela
medição da velocidade do vento nos instantes desejados. Normalmente nas estações
anemométricas as medições são realizadas continuamente em períodos discretos podendo
ser de minutos ou horas.

7. CONCLUSÃO

8. REFERÊNCIAS
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67

ANEXO A
1. Cálculo do índice solarimétrico do local de projeto
1.1. Cálculo da irradiação solar média

Para cálculo da irradiação solar média mensal na localidade escolhida, foi utilizado o
programa Sun Data (CRESESB/CEPEL). Foi fornecida a latitude e longitude da cidade de
Santo Antônio de Pádua como entrada e os seguintes dados foram obtidos:

Figura A. 1 - Irradiação solar para três localidades próximas (FONTE: CRESESB/CEPEL)

Figura A. 2 - Irradiação solar para três localidades próximas


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A Figura A.2 mostra a irradiação solar média (kWh/m2. dia) para três cidades próximas
à Santo Antônio de Pádua: Santa Maria Madalena, Leopoldina e Itaperuna. Assumiremos a
pior média para nossos cálculos (no caso, Santa Maria Madalena, com 4,30 kWh/m2. dia).

1.2. Cálculo do Plano Inclinado

Deve-se escolher a angulação de instalação dos painéis fotovoltaicos que forneça o


maior aproveitamento possível. A Figura 6.3 mostra a irradiação solar média mensal para
Santa Maria Madalena em quatro diferentes ângulos:

Figura A. 3 - Irradiação solar média e os ângulos de inclinação (FONTE: CRESESB/CEPEL)

Para projetos off-grid devemos escolher o pior caso do índice solarimétrico que
apresenta “Maior mínimo mensal”. Como pode-se observar nos dados da tabela, o mês que
apresenta o caso de menor irradiação solar é junho, com 3.87 kWh/m2. dia.

A inclinação dos painéis solares deverá ser de 37o N (trinta e sete graus de inclinação,
voltados para a face norte geográfico do planeta).

Portanto, os dados mostram que a localidade possui, em média, 3.87 horas de sol
pleno.

2. Cálculo da velocidade do vento

Foi consultado o Atlas Eólico Brasileiro do CEPEL. E esse mapa eólico nos fornece a média anual
da velocidade do vento. Para que a gente possa assegurar um fornecimento de energia com qualidade
e estável temos que trabalhar na condição limite, ou seja, na época do ano onde se tem a menor
velocidade de ventos e consequentemente terá a menor produção de energia. No altas eólico
podemos obter o potencial eólico sazonal, como pode ser visto através da figura X2. Assim sendo, a
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partir dos dados dos mapas, tem se que a pior incidência dos ventos na cidade é no inverno, com
velocidades de aproximadamente 3m/s.

Figura A. 4 - Potencial eólico do Rio de Janeiro

Figura A. 5 - Potencial eólico sazonal

A velocidade de 3m/s por segundo do vento, foi obtida por medições anemométricas
à 50 metros do chão. No entanto, para a nossa fazenda essa altura é inviável, pois o custo
para tal seria muito caro. Para ter uma base de qual seria a velocidade do vento a uma altura
inferior a 50 metros usamos a seguinte fórmula,

𝑉 ℎ
=( )∝
𝑉0 ℎ0

Onde 𝑉0 e ℎ0 é a velocidade e a altura predeterminadas, respectivamente, ℎ é a altura


que estará o aerogerador e 𝑉 a velocidade a ser calculada. ∝ é chamado de coeficiente
característico do local que varia entre 0,1 e 0,4. Para a nossa região vamos supor ∝ = 0,4
para possuir o pior caso.
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Com isso, temos que a velocidade do vento para ℎ = 20𝑚 é de 2.07m/s.

ANEXO B

Tabela B. 1 - Tabela de Consumo Médio Mensal


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Tabela B. 2 - Fator de demanda para instalações em geral (FONTE: Light/Recon)

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