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3 passos para você sair do zero

e ganhar dinheiro enquanto viaja o mundo.

Título Original: Nômades Digitais - 3 passos para você sair


do zero e ganhar dinheiro enquanto viaja o mundo
Copyright© 2019 por Jaqueline Barbosa, Emerson Viegas e Loui Kelly Espindola.
Todos os direitos reservados. Vedada a produção, distribuição, comercialização,
ou cessão sem autorização prévia dos autores.
Colaboração:
Loui Kelly Espindola

Revisão:
Jaqueline Barbosa

Projeto Gráfico e Diagramação:


Rafael Wiechert Gatuzzo

Capa:
Sayuri Izumi / Rafael Wiechert Gatuzzo

2019
Índice

5
Prefácio...............................................................................................................................07
Capítulo 1 .......................................................................................................................18
Como cheguei até aqui

Capítulo 2 .......................................................................................................................32
Uma geração exausta e correndo

Capítulo 3 .......................................................................................................................41
Como saber se é a sua hora de pedir demissão

Capítulo 4 .......................................................................................................................49
Coisas terríveis que podem acontecer se você virar
nômade digital

Capítulo 5 .......................................................................................................................55
Quem são os nômades digitais?

Capítulo 6 .......................................................................................................................59
É preciso ser rico para ser um nômade digital?

Capítulo 7 .......................................................................................................................63
Vantagens do nomadismo digital

Capítulo 8 .......................................................................................................................67
Nomadismo Digital - somente flores?

Capítulo 9 ......................................................................................................................70
Como se tornar um nômade digital

Capítulo 10 ..................................................................................................................75
Os 3 melhores caminhos para sair do zero e ganhar
dinheiro enquanto você viaja o mundo

Capítulo 11 ..................................................................................................................79
Você também pode
Prefácio

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Quando nós trouxemos o conceito de Nomadismo Digital para o Brasil,
no ano de 2015, quase ninguém tinha ouvido falar nesse termo. A ideia
de poder trabalhar do seu laptop, estando em qualquer lugar do mundo,
parecia no mínimo utópica ou romântica.

Mas não para a gente.

Lembro-me exatamente quando eu e o Emerson estávamos conversando


um dia, parados no trânsito, voltando de um dia de trabalho, ele me falou:

Você sabia que tem gente que consegue trabalhar de qualquer lugar
do mundo levando somente o seu laptop?

A minha cabeça explodiu. Como assim isso poderia ser possível? Então
quer dizer que muita gente conseguia ganhar dinheiro, ser produtivo, sem
precisar estar fechado num escritório das 8h até às 18h?

Aquela passou a ser a nossa nova meta de vida. Não sabíamos como
faríamos isso, mas iríamos dar um jeito. Criaríamos um trabalho que
se adaptaria a esse estilo de vida, com mais liberdade e autonomia.

Nessa época, eu, Jaqueline Barbosa, era professora de inglês e o Emerson


Viegas publicitário nas maiores agências de São Paulo. Ambos tínhamos
trabalhos bacanas, com salários decentes, e uma projeção de crescimento
profissional clara. Tínhamos basicamente que continuar a fazer o que
fazíamos para que cada dia mais tivéssemos cargos melhores, uma
carreira promissora e uma aposentadoria garantida.

Ainda assim, tínhamos um buraco no peito.

Uma estranha sensação de desperdício e de estar perdendo algo tomava


conta da gente a cada dia. No começo, tentamos ignorá-la, deixar para lá,
seguir o caminho mais fácil. Mas se é preciso coragem para realizar seus
sonhos, é preciso coragem talvez até maior para permanecer estático
e ignorar os chamados da vida que te provocam toda vez que você percebe
que não está fazendo o melhor que poderia fazer com ela.

Nossa vida era ótima, tirando o fato de que o melhor dela acontecia
nos intervalos.

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Os momentos nos quais nos sentíamos verdadeiramente vivos
e inspirados eram aqueles que aconteciam depois do expediente. Nos
fins de semana. Nos feriados. Nas férias. Foi então que concluímos que
a vida era curta demais para ser feliz somente nos intervalos. A gente
queria viver por inteiro.

Depois dessa fatídica conversa parada no habitual trânsito de São Paulo,


ficamos obcecados com essa ideia. Começamos a pesquisar no mundo
inteiro pessoas que conseguiam trabalhar dessa forma. As referências
eram muito poucas. Talvez tivessem pessoas vivendo e trabalhando
dessa forma, mas tinha pouquíssimo conteúdo sobre isso na internet.

Começamos a pensar em qual tipo de trabalho poderíamos fazer


remotamente. O Emerson já trabalhava em agências de publicidade
e sabia que um mercado que estava começando a ganhar espaço era
o mercado de blogs - pessoas que criavam blogs sobre temas diversos
e conseguiam ganhar dinheiro através de publicidade. Mais ou menos
como funciona uma revista, só que online.

Esse seria um bom caminho, mas sobre o que escreveríamos?


Começamos a olhar para nossa vida e pensar sobre quais temas a gente
gostava de falar, estudar e pesquisar.

O primeiro deles era sem dúvidas a temática dos relacionamentos.


A gente tinha uma obsessão por esse tema. Gostávamos de observar
os casais, tentar observar o que fazia uma relação dar certo e o que fazia
uma relação fracassar. Nas rodas de amigos, inevitavelmente caíamos
nesse tema. Tínhamos uma biblioteca em casa cheia de livros sobre
esse assunto. E sabíamos que, naquele momento, não tinha ninguém
falando sobre isso de uma forma mais atual na internet. Assim nasceu
então o Casal Sem Vergonha (que depois de um tempo, virou somente
CSV) - um blog e canal no Youtube onde discutíamos sobre questões
do coração que fazem parte da vida de qualquer ser humano.

Ao mesmo tempo, o Emerson notou que havia uma lacuna também


no mercado de publicidade. Todos os publicitários, ou criativos de outras
áreas, precisam sempre de referências para criarem coisas novas. Ele
percebeu então que faltava um site que trouxesse inspiração diária
sobre temas diversos como arte, tecnologia, design, sustentabilidade,

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dentre outros. Assim nasceu o Hypeness - um blog onde compilávamos
o que de mais inspirador e inovador encontrávamos na internet e assim
ajudávamos diariamente criativos de diversas áreas a terem novas
ideias.

Ambos os sites logo se tornaram sucesso de audiência e faturamento


em suas respectivas áreas (O Hypeness, em 2017, foi vendido para uma
multinacional francesa). Claro que ambos os projetos não conquistaram
juntos 10 milhões de visitantes por mês do nada. Foi preciso muita
perseverança, trabalho duro e determinação para fazer acontecer.

Além do trabalho duro, foi preciso coragem de largar a trilha já traçada


por outras pessoas, para abrir a nossa no facão, enfrentando todos
os perigos de um terreno inexplorado, mas também colhendo frutos que
a maioria das pessoas não consegue colher.

Desde o início, o objetivo principal da criação dos projetos - além de gerar


transformação na vida das pessoas - era conquistar a nossa liberdade
e poder trabalhar de qualquer lugar do mundo. Sonhávamos com o dia
no qual poderíamos trabalhar tanto de um café em Amsterdam, quanto
de uma cachoeira na Chapada Diamantina. Esse era um dos objetivos
principais desde o início.

Assim, quando conseguimos nos manter financeiramente somente


com a lucratividade vinda desses dois projetos, aproximadamente 1 ano
e meio depois da criação deles, nos mudamos de São Paulo para uma
casa numa agrovila em Ilhabela, cercada de natureza em todos os cantos.

Nossos companheiros de trabalho eram tucanos e papagaios, e nossa


sala de brainstorm era uma varanda com vista panorâmica para o mar.
Na verdade, a ideia era somente passar um mês lá, planejando nossas
próximas viagens. Mas gostamos tanto, que ficamos dois anos. Essa
é a coisa que mais nos fascina no nomadismo digital - a possibilidade
de estarmos em qualquer lugar do mundo, ficar o tempo que quisermos
e partir quando sentirmos que chegou a hora.

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A agrovila em Ilhabela - SP onde moramos por 2 anos.

Depois disso, com a certeza de que nunca mais queríamos ver a mesma
vista da janela todos os dias e que não queríamos viajar somente nas
férias, arrumamos as malas de vez e adotamos um novo estilo de vida -
um estilo de vida com liberdade e autonomia.

Emerson, em 2015, trabalhando em Búzios,


com uma vista no mínimo inspiradora.

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A partir daí, moramos em diversos lugares do mundo, ficando quanto
tempo sentíamos que deveríamos ficar: Ilhabela, Florianópolis,
Amsterdam, Barcelona, Buenos Aires, Lisboa, Montevideo, foram
alguns dos destinos entre dezenas de outros.

Percebemos que muita gente não entendia esse estilo de vida e ficava
curiosa para saber como fazíamos para gerenciar uma empresa com
mais de 20 pessoas no time, e milhões de reais de faturamento anual,
sem ter uma sede fixa. Surgiu então a ideia de criarmos um projeto para
inspirar pessoas a fazer o mesmo - e assim nasceu o Nômades Digitais,
o projeto pioneiro no Brasil a trazer a temática do nomadismo digital
para o país.

Mais um escritório inspirador, dessa vez em Barcelona - Espanha.

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Mais uma vez, o projeto foi sucesso instantâneo. Muita gente não tinha
ideia que esse estilo de vida e de trabalho era possível, mas assim que
ouviam a gente falar sobre essa possibilidade, as pessoas percebiam
que era isso que elas sempre sonharam em viver.

Começamos a documentar a nossa vida trabalhando e morando


em diversos lugares do mundo num canal no Youtube, no Instagram,
e no nosso blog, , onde também escrevíamos conteúdos diários para
ajudar quem estava começando nesse estilo de vida. O que nasceu
como um projeto para inspirar pessoas, logo se tornou uma nova fonte
de renda, já que diversas marcas ficaram interessadas em nos patrocinar
e poder associar a imagem delas com esse estilo de vida e de trabalho
do futuro.

Éramos chamados para palestrar em vários eventos e explicar como


duas pessoas comuns saíram do zero, somente com um sonho
na mente, e conseguiram criar uma empresa totalmente inovadora,
provando que é possível sim ganhar bastante dinheiro, tendo um time
motivado e feliz, que consegue trabalhar com autonomia, liberdade
e produtividade de qualquer lugar do mundo.

Uma das nossas palestras na Campus Party, em São Paulo, em 2016.

13
Saímos em matérias em diversos veículos - jornais, revistas, TV - no
país, sempre inspirando pessoas e mostrando que vivemos numa época
que nos permite sim unirmos liberdade com produtividade, provando
que a ideia de que nômade digital era um mochileiro que vivia pulando
de país em país, sempre sem dinheiro, era um grande mito.

Matéria na Época Negócios - clique aqui para ler na íntegra.

Éramos dois jovens que estavam trazendo um novo conceito para


o Brasil, provando que produtividade e sucesso não tem nada a ver com
estar fechado num escritório, das 8h até às 18h, vendo a vida passar
pela janela.

14
Matéria na Folha de S. Paulo, sobre a nossa história.
Clique para ler na íntegra.

15
Notamos que somente explicar de forma mais solta sobre como
se tornar um nômade digital e continuar tendo uma carreira de sucesso,
somente no blog, nas palestras, nas matérias e nas redes sociais já não
estava sendo suficiente. As pessoas precisavam de uma metodologia
guiada, passo a passo, onde aprenderiam como sair do zero e conquistar
esse estilo de vida de forma segura e estruturada. Foi assim então que
criamos o curso online Como Ser um Nômade Digital - uma metodologia
própria criada pela gente, na qual ensinamos qualquer pessoa a sair
do zero e conseguir criar um trabalho remoto, que lhe permite ter uma
carreira de sucesso, sem precisar estar fechado num escritório.

Esse foi o primeiro curso no Brasil a trazer essa proposta inovadora, que
ajudou milhares de pessoas a realizarem esse sonho e conquistarem
tanto liberdade geográfica, quanto financeira. No total, foram mais
de 2 mil alunos matriculados que, com ajuda da nossa metodologia,
conseguiram tirar esse sonho do papel e sair pelo mundo.

Desde 2015, muita coisa aconteceu. Quando trabalhamos com propósito


e alinhados com o que acreditamos, é impressionante como tudo
parece dar certo. É a sensação de estarmos no fluxo da vida, fazendo
o que deveríamos estar fazendo. Não existe sensação melhor do que
essa na vida.

Nesses anos, esse fluxo nos levou para outros caminhos também.
Nossa busca pelo nosso desenvolvimento pessoal e autoconhecimento,
nos levou a uma nova paixão, no qual mergulhamos com força total,
como sempre fazemos quando sentimos esse chamado da vida.
Assim, nasceu o Você Melhor (@vocemelhoroficial), um projeto
que ajuda pessoas a se auto conhecerem e assumirem a sua vida
através de uma jornada interna.

O que nos motivou a criar esse novo projeto foi a descoberta


da hipnoterapia, uma ferramenta altamente inovadora, que nos ajuda
a resolver nossas questões agindo diretamente na mente
subconsciente. Nossa vida foi transformada através dessa ferramenta
e, como não poderia deixar de ser, decidimos que era hora de atender
esse novo chamado e mergulhar nessa nova área de atuação.

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Seguimos nossa vida como nômades digitais, mas já sem tempo para
continuarmos tão a frente do projeto e nos dedicando 100% a ele, como
estávamos fazendo nos outros anos. Sentimos que era a hora de passar
a bola para uma pessoa que merecesse esse posto, que estivesse
fascinada por esse estilo de vida e que poderia transmitir isso para
as pessoas. Decidimos que era a hora de escolher um novo “avatar”
para representar o Nômades Digitais, sempre com nossa mentoria
e acompanhamento por trás. Ou seja, continuamos guiando o projeto
nos bastidores, mas agora com uma nova apresentadora sendo
a imagem do Nômades Digitais.

Conversamos com muitas pessoas para decidir quem seria a escolhida.


O principal critério seria a pessoa com mais brilho no olho, com mais
paixão por esse assunto. Lembramos então da Loui, que há tempos
trabalhava com a gente como colunista do CSV, e sempre demonstrando
muita paixão por esse estilo de vida com liberdade e autonomia.
Ela passou por um longo processo de treinamento e mentoria com
a gente até que sentimos que ela estava pronta para assumir esse posto.

Essa hora chegou. Se você acompanha o Instagram do Nômades Digitais,


já deve tê-la visto bastante por lá. No primeiro capítulo deste livro, você
vai ter a chance de conhecer a história dela e - quem sabe - se identificar
bastante com a sua jornada também.

Nós seguimos por aqui, presentes nos bastidores do projeto, tão


apaixonados pelo nomadismo digital quanto no início e com a certeza
que essa tendência veio para ficar. Cada dia mais pessoas estão aderindo
a esse estilo de trabalho e cada vez mais empresas estão entendendo
que esse é o futuro. É um caminho sem volta. Que bom. E que bom que
pudemos ser os primeiros a trazer essa nova possibilidade para o Brasil.

Você também pode ser mais um integrante desse time de pessoas que
entendem que não é preciso parar de viver para ter uma vida profissional bem
sucedida. Esse livro nasceu para te ensinar como dar os primeiros passos.

Seja bem-vindo a essa jornada.

Jaqueline Barbosa e Emerson Viegas


Abril, 2019.

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Capítulo 1
Como cheguei até aqui

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Manhã de segunda-feira. Acordei 7 horas ouvindo os passarinhos
cantando. Preparei meu café, frutas e um pão na chapa. Abri a janela
e de lá vi o pé de acerola carregado quase entrando na janela. Na outra
janela, aquele marzão azul sem fim de um paraíso chamado Praia
do Rosa, no litoral de Santa Catarina.

Estou num chalézinho aconchegante que tem sido minha casa e meu
escritório no último mês.

Só uma manhã normal de segunda-feira, na Praia do Rosa - SC.

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Enquanto olho para aquela imensidão me dou conta de que nunca fui
tão feliz.

Troco de roupa e pego a trilhazinha que vai dar na praia. Sou filha
do mar e nunca perco a chance de começar o dia com um mergulho.
Vou descalça sentindo a areia nos pés. Olho para traz e o Xamã,
o cachorro mais querido do bairro, vem me acompanhando.

Chego na praia, dou um mergulho daqueles que lava a alma. Tem um


ditado que diz: “água salgada, alma lavada” e para mim sempre foi
assim mesmo. Deito na areia e sinto o calor do Sol secando meu corpo.
Respiro feliz enquanto arrumo as coisas para voltar para casa e começar
a trabalhar. Apenas mais uma segunda-feira comum.

Trabalhar descalça num chalé de madeira - por que não?

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Quem me vê assim, feliz, com brilho no olho, conseguindo trabalhar
de qualquer lugar, me sentindo realizada profissionalmente e com
um estilo de vida dos sonhos, jamais poderia imaginar que, poucos anos
atrás, eu estava tendo crises de Síndrome do Pânico fechada no banheiro
de um escritório.

Minha vida até aqui não tinha sido fácil. Eu comecei a trabalhar muito
cedo, com 11 anos de idade. Eu cuidava dos filhos das minhas vizinhas
e, em troca, elas pagavam a conta de energia da minha casa.

Com 14 anos, comecei meu primeiro emprego formal, como estagiária


de administração em um escritório. Apesar de alguma coisa dentro
de mim já me dizer que aquilo não era exatamente o que eu queria
para minha vida, eu fiquei feliz por conseguir um emprego corporativo
mesmo sendo tão nova.

Como eu já sabia que tinha paixão por escrever, entrei na faculdade


de jornalismo aos 19 anos e na mesma época consegui um emprego
na Prefeitura da cidade onde eu morava. Fui subindo de cargo, até virar
coordenadora do meu departamento.

Até os 24 anos, fui pulando de emprego em emprego, sempre trabalhando


em escritórios, subindo de cargo mas me sentindo estranhamente infeliz
por dentro. Começava um trabalho, me empolgava, passava um tempo
vinha o desânimo de novo. Trocava de trabalho, me empolgava, e logo
depois me sentia totalmente presa e com vontade de sair correndo dali.

Estava trabalhando numa empresa de assessoria jurídica, tinha acabado


de receber um anúncio de promoção por ter batido uma meta dificílima,
até que comecei a perceber que as coisas não estavam nada bem.

Percebia que sempre que chegava no trabalho, eu começava a sentir


uma ansiedade que ia se intensificando ao longo do dia. Minhas mãos
suavam. Eu sentia um medo, mesmo sem saber explicar porquê. Meu
coração acelerava. Eu tinha dificuldade de concentração e pensamentos
repetitivos.

Meus colegas de trabalho não notavam o que estava acontecendo.


Falavam comigo normalmente enquanto eu fazia um baita esforço

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para colocar um sorriso no rosto e fingir que estava tudo bem, afinal,
precisamos ser fortes, não é mesmo?

Entre uma reunião e outra, eu ia para o banheiro tentar me acalmar.


Sentava no chão e chorava em pânico. O que estava acontecendo
comigo? Será que eu estava enlouquecendo? Passei a não conseguir
dormir mais de 3 horas por noite. Eu perdia totalmente o controle
do meu corpo e comecei a ter fortes crises de claustrofobia. Descobri
que estava muito doente, com diagnóstico de Transtorno Grave
de Ansiedade e Síndrome do Pânico.

Não sabendo lidar com esses


sintomas, decidir largar tudo e
mudar completamente de vida.
Pedi demissão, fui morar com
meu irmão em Londres. Aos 25
anos, falida, com a faculdade
trancada e sem saber o que
fazer da vida, resolvi enviar
um texto para me candidatar
como colunista de um site
que eu sempre acompanhava,
o Casal Sem Vergonha, criado
pelo Emerson Viegas e pela
Jaqueline Barbosa (também
criadores do site Nômades
Digitais). O texto foi recusado.

Comecei a trabalhar como au pair


e fazer freelas de maquiagem
em Londres. Nesse meio tempo
viajei um pouco pela Europa,
me senti muito perdida na vida
e as crises de pânico seguiam
com força total.

Eu, em Londres, falida e tendo


constantes crises de ansiedade

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Meu visto venceu e eu voltei para o Brasil, no mesmo tempo em que
minha mãe passava por uma fortíssima crise de depressão. Nessa
mesma época, enviei mais um texto para me candidatar como colunista
do site Casal Sem Vergonha e a Jaqueline me respondeu dizendo que
meu texto tinha sido aprovado e que eles gostariam que eu começasse
a escrever semanalmente para o site. Eu quase chorei de emoção. Fui
morar com a minha mãe e, mesmo estando completamente falida, fiquei
segurando as contas da casa com o meu freela de redatora.

Nesse meio tempo, tentei também uma vaga numa Agência de Marketing
Digital, Google Partner. Pouco tempo depois fui contratada como Social
Media. A empresa era incrível, daquelas que dá gosto de trabalhar. Só
que a demanda de trabalho era muito grande e logo estava trabalhando
cerca de 16 horas por dia para dar conta. Voltei a ter fortes crises
de insônia, ansiedade e claustrofobia.

Ficar fechada naquele escritório - por mais lindo que fosse, mesmo
podendo jogar ping-pong ou escolher entre as várias opções de lanches
pro café da tarde - me dava a sensação de que a vida estava passando
pela janela enquanto eu estava lá fechada. Talvez por isso as crises
de claustrofobia.

Quem sabe fosse um chamado interno meu me dizendo que eu precisava


me libertar. Que eu não tinha nascido para ficar um dia inteiro fechada
dentro de um escritório. Eu não sabia o que eu queria fazer da minha
vida, mas tinha uma força muito grande dentro de mim me chamando
para eu me libertar daquelas paredes. Para eu me libertar do trânsito
para chegar no escritório todos os dias. Para eu me libertar de ter que
bater ponto. Para eu me libertar de ter que trabalhar todo dia naquele
horário, mesmo em períodos em que eu claramente não era produtiva.

Segui tendo crises de ansiedade, quase sem dormir, trabalhando mais


do que qualquer ser humano normal deveria mas, por fora, eu estava
sendo vista como alguém que tinha vencido na vida. Todos os meus
amigos me elogiavam pelo trabalho que eu tinha conquistado. Meus
colegas achavam que eu estava super feliz e realizada. Minha família
achava que, finalmente, eu tinha me encontrado na vida.

Por dentro, eu estava morrendo.

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Estava com 29 anos quando eu saí de férias. Quando voltei, sentei
na mesa de trabalho por duas horas e sabia que eu não podia mais
continuar fazendo aquilo. Eu queria continuar mas meu corpo
simplesmente se recusava.

Estava me sentindo totalmente claustrofóbica e precisando ver o Sol.


Alguma força interna brotou dentro de mim. Aqueles lapsos de coragem
que a razão não explica. Me levantei. Fui caminhando até a sala do meu
chefe. Tudo parecia em câmera lenta. Aquele escritório lindo. As pessoas
bem arrumadas fazendo reuniões. O ar-condicionado mantendo
a temperatura ideal. As pessoas sorrindo com suas caneca de café
descoladas.

Pois não, Loui posso te ajudar


em alguma coisa? - perguntou
meu chefe.
Estou me demitindo.

Ele me olhou atônito como se não tivesse escutado direito. Como assim,
você, a funcionária exemplar? Mas você parece tão feliz aqui? Mas você
acabou de voltar de férias?

Pois é, eu tinha acabado


de voltar de férias.

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Foto tirada nas últimas férias de um
emprego formal - eu não imaginaria
que minha vida mudaria drasticamente
depois disso.

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Isso me fez entender que eu não estava precisando de férias. Eu estava
precisando de uma nova vida. Uma vida onde eu não precisasse ver
o mundo quadrado pela janela. Uma vida na qual eu pudesse trabalhar
vendo o mar, sentindo o Sol renovando minha energia. Uma vida na qual
eu pudesse ter a liberdade de ir e vir, sem que isso significasse abdicar
da minha carreira. Uma vida na qual eu pudesse trabalhar nas horas
em que eu fosse mais produtiva. Uma vida na qual eu pudesse explorar
o mundo sem precisar esperar minha aposentadoria para isso. Uma vida
na qual eu não precisasse viver somente esperando os fins de semana
e as férias. Uma vida na qual eu não odiasse as segundas-feiras.

Eu percebi que a vida era curta demais para viver somente nos intervalos.
Eu queria vivê-la por inteiro.

Eu peguei minhas coisas no escritório, limpei minha mesa, me despedi


dos meus colegas que não entenderam absolutamente nada. Eu não
tinha ideia para onde eu iria. O que eu iria fazer depois dali. Como
eu iria solucionar essa minha vontade de me libertar das paredes
de um escritório. Mas senti um chamado interno muito grande que
me dizia que era para confiar. Que as coisas iam dar certo de uma forma
ou de outra.

Depois de alguns dias, já em casa pensando no que seria de mim dali


para frente, sentei e escrevi essa carta para meu chefe. Eu nunca enviei,
mas acredito que essa carta serve para os chefes de muitas pessoas por
aí:

“Obrigada pelos anos, pelo aprendizado e pela experiência. Mas eu me demito.

Não, não é só por grana ou por gostar ou não do trabalho. É simplesmente


porque quero muito mais da minha rotina e eu definitivamente já não encontro
aqui.

Eu não quero mais encarar um trânsito infinito e estressante, duas vezes


ao dia. Nem ver minhas horas preciosas de vida, perdidas nesse momento
tão absolutamente inútil para meu curriculum.

Também não quero mais que meus processos de criatividade sejam


interrompidos por telefones estridentes, ou chefes agoniados. Quero criar

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com sossego e respeitando cada passo do momento.

Estou exausta de reuniões que se estendem por horas, sendo que boa parte
delas poderiam ser resolvidas com um simples email.

Eu não quero ter de acordar cedo num dia de gripe, quando vou estar
absolutamente improdutiva e sem forças. Quero esperar meu corpo
despertar e corresponder ao meu trabalho, sem passar por cima das minhas
necessidades de repouso.

Eu quero conhecer lugares novos, quero ver montanhas cobertas de gelo,


navegar em mares perfeitamente azuis e sentir aquela chuva fininha de fim
de tarde, refrescar minha pele.

Cansei de ter pressa. De comer com pressa, usar o banheiro com pressa
e viver sempre em função de alguma agenda, que não leva em conta fatores
tão importantes quanto minha felicidade.

E é por isso que eu me demito. Eu não quero mais vestir a camisa da empresa
se isto me custar o sono tranquilo à noite. Nem tomar remédios para controlar
meu stress e ansiedade, resultado de cobranças que sequer fazem sentido.
Eu me demito para conhecer, para ampliar meus horizontes e aproveitar.

Eu me demito para viver.”

Segui pegando freelas de jornalismo e, só de não estar trabalhando


mais no escritório, eu já me sentia muito melhor. Eu conseguia acordar
e ir ver o Sol. Eu podia curtir as manhãs e focar mais no trabalho na parte
da noite, que é o momento do dia no qual eu produzo melhor. Eu sentia
muito medo do futuro, mas alguma coisa dentro de mim me dizia para
confiar porque eu estava no caminho certo.

Duas semanas depois, pipocou uma mensagem na minha inbox


do Facebook. Era a Jaqueline, co-criadora do Casal Sem Vergonha
e do Nômades Digitais:

27
Na hora, senti meu coração acelerar, só que dessa vez com
um sentimento bom. Eu não sabia o que ela iria me falar, mas sentia
que seria alguma coisa que me daria uma luz para essa nova fase
da minha vida.

Conversei com ela e com o Emerson naquele dia e o que eles me falaram
pareceu um grande roteiro de filme: eles estavam focados em outros
projetos, e precisavam de alguma pessoa para ser a editora de conteúdo
do @nomadesdigitais. Como eles já conheciam meu trabalho com
o Casal Sem Vergonha, já sabiam da minha experiência como
freelancer, sabiam que eu gostava de viajar, sabiam que eu gostava
de me comunicar por vídeo, eles lembraram de mim e queriam saber
se eu teria interesse em fazer um teste para essa vaga.

SE EU TINHA INTERESSE
NA VAGA????
Eu quase tive um treco. Como o universo nos surpreende quando
atendemos o chamado da nossa intuição! Quase chorando, eu respondi
que sim. É claro que eu queria. Era tudo o que eu mais queria.

Se você acompanha o @nomadesdigitais nas redes sociais, você já sabe


como as coisas seguiram. Comecei a trabalhar como editora do projeto,
coordenando colaboradores, escrevendo textos, respondendo dúvidas

28
dos leitores, sempre com a mentoria da Jaqueline e do Emerson por trás
me treinando em todos os passos.

Trabalhando feliz em um dos vários cafés por onde passei.

Depois de um mês de teste eles me chamaram para conversar e disseram


que eu tinha sido aprovada. Eu seria a nova representante do Nômades
Digitais e teria a chance de inspirar um monte de gente que, como
eu, tinha sonho de viver esse estilo de vida mas não tinha ideia
de como começar.

A partir daí, minha vida mudou. Aprendi em meses o que eu não tinha
aprendido em uma vida de trabalho. Foi um verdadeiro MBA da vida real.
Poder viver esse estilo de vida com liberdade e ainda inspirar pessoas
a fazer o mesmo era mais do que eu jamais poderia sonhar. Quando
a gente confia na vida, ela nos dá mais do que poderíamos imaginar.

29
Em mais um dos
meus escritórios
por aí.

30
Nesse tempo trabalhando como editora do Nômades Digitais,
consegui viver ativamente o estilo de vida de nômade digital.
Consegui ter liberdade de viajar mais. Trabalhei de diversas cidades
diferentes. Vi muitos nasceres do Sol. Mergulhei em diversos mares.
Fiz pausa no trabalho tomando banho de cachoeira. E nunca fui tão
produtiva. E nem tão feliz.

Então, se você tem esse sonho, o que eu posso te dizer é que


você pode realizá-lo. Durante esse período de incertezas, eu tive
que lidar diariamente com insegurança, medo, pressão da família,
julgamento das pessoas, limitação financeira, dentre outros desafios.
Mas eu não desisti diante deles. E não ter desistido me fez chegar
até aqui. Se eu, perdida, falida, e confusa, consegui, você também pode.
E nesse ebook, vamos te mostrar como começar nessa jornada rumo
ao nomadismo digital. Rumo à realização do seu sonho.

Só te deixo um alerta: descobrir


que a vida pode ser muito
melhor quando você tem a
liberdade de estar onde você
quiser é um caminho sem volta.
Uma vez que esse portal é aberto,
dificilmente é possível se adaptar
novamente a uma vida fechada
nas paredes de um escritório.
Quem experimenta viver no
mundo, não quer mais voltar para
uma caixa.

Você está
pronto?

31
Capítulo 2
Uma geração exausta
e correndo

32
Você é uma pessoa de muita sorte de estar vivo nesse momento. Você
está presenciando um momento épico, no qual as condições e moldes
de trabalho estão sendo revistos.

Na geração dos nossos pais, não existia muita opção: o caminho era
estudar, ir para a faculdade, arrumar um emprego bom e ficar por
lá a maior quantidade de tempo que conseguisse. Gostar ou não
do trabalho nem era um questionamento plausível.

Hoje, as paredes dos escritórios e as baias começam a despencar


para diversas profissões. Em diversos casos, elas já não fazem mais
sentido. Atualmente, para muita gente, não há mais porque pegar horas
de trânsito todos os dias, se locomover para escritórios que em sua
maioria ficam em áreas centrais, gastar com transporte, estacionamento,
almoço, gasolina, e tudo inflacionado, pois há muitas pessoas fazendo
as mesmas coisas nos mesmos lugares. Há formas mais inteligentes
de trabalhar, ganhar dinheiro e ter uma vida fantástica ao mesmo tempo.

Com as condições de trabalho atuais, várias pessoas podem realizar


suas funções de qualquer computador com acesso à internet. Nem
mesmo reuniões precisam necessariamente ser presenciais, hoje em
dia, salvo algumas exceções. A internet possibilitou uma nova opção
para aqueles que se sentem muito mais inspirados e produtivos quando
trabalham em casa ou em qualquer outro lugar de sua escolha. Ela veio
para ser uma ferramenta poderosa para aqueles que estão insatisfeitos
com seu caminho profissional e de vida, e que desejam trabalhar e viver
de outra forma. Ela é a carta de alforria para milhões de pessoas que há
tempos se sentiam frustrados com seus trabalhos.

As pessoas começaram a perceber que o tal Sonho Americano estava


mais para pesadelo, já que esse modelo de vida capitalista estava criando
cada dia mais prisões nas vidas delas. Elas começaram a perceber que
tinham entrado numa corrida alucinada sem fim em busca de mais
dinheiro, independente das consequências. Não somos contra ganhar
dinheiro – muito pelo contrário. Somos a favor de ganhar dinheiro, mas
sem que isso signifique ter de abdicar de 80% do seu tempo, e passar
a viver somente nos intervalos do expediente. A vida é curta demais
para isso.

33
O estilo de vida das grandes cidades está deixando as pessoas exaustas
- física e mentalmente. A necessidade das pessoas irem para os grandes
centros para trabalhar, faz com que tudo vire uma grande - e cara -
disputa. Para morar perto do trabalho é preciso ter muito dinheiro para
poder comprar um apartamento bem localizado. Se você for morar longe
do trabalho, precisa se conformar em passar longas horas no trânsito
dentro do carro ou espremido em algum transporte público.

Como todo mundo precisa entrar e sair do trabalho em horas muito


próximas, fica quase impossível escapar da hora do rush - todo mundo
correndo, apressado, para chegar no trabalho, para almoçar, para voltar
para casa. Longas filas. Grande concentração de pessoas em pequenos
espaços. Tudo fica mais difícil.

Passamos pelo menos 8 horas por dia fechados dentro do escritório.


Pelo menos mais duas horas se locomovendo para chegar ao trabalho.
Uma hora para comer o “prato feito” executivo. Nas poucas horas que
sobram, precisamos encaixar o cuidar dos filhos, fazer alguma atividade
física, e quem sabe fazer algo que nos faça feliz como ler um livro
ou assistir a uma série. Tudo cronometrado. Sempre atrasados. Parece
que nunca daremos conta.

É a vida do ser humano moderno.


Nos disseram que se fizermos tudo certo, se seguirmos o roteiro que
a sociedade nos propõe, tudo vai dar certo no final - seremos finalmente
felizes. Só que se pararmos um pouco e observarmos com mais
atenção perceberemos que a fórmula da felicidade que nos venderam
não está funcionando.

Tudo se inicia quando somos crianças e entramos na escola.


O processo começa lento, aos poucos. O objetivo é que consigamos
ficar sentados numa cadeira desconfortável, numa sala fechada, por
5 horas. No início há mais intervalos e períodos de brincadeira, que vão
sendo diminuídos aos poucos. O que parece é que estamos aprendendo
matemática, português, história. Mas a verdade é que esse é o treino
para aprendermos a suportar situações insuportáveis por períodos

34
longos dos nossos dias, repetidamente ao longo da nossa vida. Para
aprendermos a respeitar uma autoridade sem questionar. E para limitar
a nossa criatividade e autenticidade.

Depois da escola, vem a faculdade. Parece que temos a liberdade


de escolhermos o que queremos ser, mas o nome que ganhamos
quando terminamos o curso superior já diz tudo: estamos “formados”.
Cada dia mais encaixados numa forma. Cada dia mais prontos
para sermos uma peça substituível do sistema. E quanto mais nos
adequamos, mais a nossa essência morre. Com o passar dos anos,
já não sabemos mais quem somos, do que gostamos, o que nos faz feliz.

Estamos perdidos.
Ao entrar no mercado de trabalho esse sentimento só piora. Aprendemos
que a lei vigente é a da competição. Todo o sistema faz parecer que
a vida é uma corrida, uma constante disputa. A competitividade tem
que ser incentivada ao máximo. Viver não é mais o bastante, tem que
vencer na vida. Tem que produzir derrotados, tem que estar em conflito,
tem que estar se comparando.

Há sempre que fazer mais, bater mais metas, mostrar mais serviço.
O medo implantado propositalmente nas nossas mentes faz achar
que não há outras formas de nos sustentar se não nos submetermos
a um tipo de trabalho que muitas vezes não tem nada a ver com
a nossa verdadeira essência. Que se não estivermos batendo ponto,
com a carteira assinada e recebendo promoções de tempos em tempos,
num grande escritório, não somos ninguém.

Com o cansaço que surge de uma rotina massacrante, só nos resta


consumir. É o nosso prêmio por suportarmos uma vida que nos suga
a todo momento. Nós merecemos. O restaurante caro, o carro de luxo,
a roupa de marca, a viagem pro exterior, a decoração da casa. Assim,
nos tornamos peças perfeitas para o sistema. Porque, no mercado,
o bom cidadão é aquele que consome. Então consumimos, compramos...
criamos um padrão de vida que fica cada vez mais difícil de se sustentar.
Para isso, precisamos trabalhar mais, dando continuidade ao ciclo.

35
A nossa maior frustração é que seguimos comprando, mas a alegria
inicial dessa nova aquisição dura pouco. No começo nos sentimos cheios
de vida, animados, felizes. Mas passa pouco tempo e aquela experiência
já não faz mais brotar aquela energia dentro da gente. A alegria surgiu,
mas não conseguimos sustentá-la. A energia se foi e agora teremos que
saber o que fazer com mais aquela tralha que não vamos usar.

Nesse momento, estamos pegos pelo sistema. Estamos amarrados


em várias pontas. A dívida do apartamento que parcelamos
em 360 meses. A escola cara do filho que agora não pode mais descer
de padrão. A viagem de férias que dura somente dez dias mas leva-
se um ano para pagar. A dívida da faculdade. E principalmente, nossa
imagem de bem-sucedidos que não conseguimos mais abandonar.

Olhamos ao redor e está todo mundo vivendo assim. Todo mundo meio
mal, meio perdido. Ficamos descrentes que uma saída dessa roda seja
possível. Nos sentamos no nosso sofá de couro retrátil e reclinável
e assistimos a filmes e vídeos com histórias de pessoas que tiveram
coragem de revolucionar suas vidas enquanto desistimos da nossa.
Tiramos dezenas de fotos num cenário montado para escolhermos
aquela que mais vai vender a ideia de que estamos felizes no Instagram.

Ganhamos muitos likes, mas perdemos o momento.

No trabalho, por trás das roupas bonitas e do sorriso no rosto, muita


gente está precisando tomar remédio pra dormir, para acordar, para
acelerar, para desacelerar. O corpo se rebela e começa a manifestar
vários problemas, por isso é preciso dopá-lo. Nos perdemos de nós
mesmos. A jornalista Eliane Brum, descreveu muito bem como é a vida
dessa nossa geração de humanos modernos:

“Estamos exaustos e correndo. Exaustos e correndo. Exaustos


e correndo. E a má notícia é que continuaremos exaustos e correndo,
porque exaustos-e-correndo virou a condição humana dessa época.
E já percebemos que essa condição humana um corpo humano não
aguenta. O corpo então virou um atrapalho, um apêndice incômodo,
um não-dá-conta que adoece, fica ansioso, deprime, entra em pânico.
E assim dopamos esse corpo falho que se contorce ao ser submetido

36
a uma velocidade não humana. Viramos exaustos-e-correndo-e-
dopados. Porque só dopados para continuar exaustos-e-correndo.
Pelo menos até conseguirmos nos livrar desse corpo que se tornou uma
barreira. O problema é que o corpo não é um outro, o corpo é o que
chamamos de eu. O corpo não é limite, mas a própria condição. O corpo
é.”

Quando levantar mais um dia da cama parece uma tarefa difícil


demais, focamos nas férias. Quantos meses faltam mesmo? Quantos
meses para sermos felizes? Passamos o ano todo planejando aquela
viagem. Quando chegamos lá, nossa mente está tão acelerada, que não
conseguimos mais parar.

Não sabemos mais simplesmente sentar na frente de uma paisagem


e sentir, observar a vida. Precisamos nos entorpecer, nos entreter
o tempo inteiro, fazer um monte de atividades, participar de todos
os passeios, tirar muitas fotos e gravar centenas de vídeos que nunca
mais assistiremos. Nos condicionamos tanto a estarmos num molde
de alta performance constante que, quando paramos, a nossa mente
não acompanha mais. Não conseguimos mais virar a chave.

Saímos do escritório,
mas o escritório não sai da gente.
O resultado disso é que vivemos uma epidemia de pessoas que
se sentem frustradas, cansadas, exaustas e perdidas. Nunca na história
da humanidade tivemos tanto conforto e facilidades, e ao mesmo
tempo nunca estivemos tão perdidos. Estamos tão exaustos que temos
medo de parar, pois se pararmos vamos sentir de cara essa
inquietação interna. Então seguimos correndo, nos movimentando,
trabalhando cada vez mais, tendo cada vez menos tempo livre.
Engatamos numa maratona sem linha de chegada. Nos prometeram
que a felicidade está em algum lugar no futuro e seguimos correndo
em direção a essa miragem.

Seguimos fazendo o que todo mundo está fazendo, sem nos perguntar

37
se esse tipo de vida faz sentido pra gente. Se tem a ver com quem
somos de verdade. Caímos no paradoxo da liberdade que nos escraviza.
Preenchemos cada minuto dos nossos dias com atividades para
nos sentirmos mais produtivos, sem notar que estamos dia após dia
morrendo por dentro. Já não há mais tempo para parar, contemplar,
sentir. É o vazio de uma vida ocupada demais.

Esse modelo de vida do homem moderno está gerando gravíssimos


problemas na saúde mental das pessoas. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), nos últimos dez anos o número de pessoas
com depressão aumentou 18,4%, isso corresponde a 322 milhões
de indivíduos, ou 4,4% da população da Terra. No Brasil, 5,8% dos
habitantes – a maior taxa do continente latino-americano – sofrem
com o problema.

O Brasil também é campeão mundial no índice de ansiedade - 9,3%


da população brasileira tem atualmente um diagnóstico desse quadro
que pode envolver transtorno de ansiedade generalizada, síndrome
de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, fobias e estresse
pós-traumático.

Uma outra pesquisa alarmante feita pela Isma-BR, representante local


da International Stress Management Association, constatou que nove
em cada dez brasileiros no mercado de trabalho apresentam sintomas
de ansiedade, do grau mais leve ao incapacitante. Cerca de 30%
dos profissionais brasileiros sofrem de Bournout, o estágio mais
avançado do estresse. E quase metade deles (47%) sofre de algum nível
de depressão, recorrente em 14% dos casos.

Segundo a revista Exame, os transtornos mentais e emocionais são


a segunda causa de afastamento do serviço. Nos últimos dez anos,
a concessão de auxílio-doença acidentário devido a esses problemas
aumentou quase em 20 vezes, segundo o Ministério da Previdência
Social.

Em todo o mundo, os gastos relacionados a transtornos emocionais


e psicológicos podem chegar a 6 trilhões de dólares até 2030, mais
do que a soma dos custos com diabetes, doenças respiratórias e câncer,
apontam estimativas do Fórum Econômico Mundial. A Organização

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Mundial da Saúde alerta que uma em cada quatro pessoas sofrerá
com um transtorno da mente ao longo da vida. Apesar dos números,
são raras as empresas que mantêm um programa de saúde psicológica
e emocional para seus empregados.

Não poderia ser diferente. Pessoas confinadas em escritórios o dia todo.


Completamente afastadas da natureza - mal conseguem pisar na grama
ou tomar um pouco de sol. Mercado de trabalho altamente competitivo,
que não respeita as individualidades das pessoas. Que acha que uma
massagem e mesa de ping-pong no escritório vai resolver o stress dos
funcionários.

Não vai.
As pessoas não precisam de mais feriados e nem de férias mais longas.
O que elas precisam é repensar seu estilo de vida e de trabalho - afinal,
um anda junto com o outro. E como sabemos que a mentalidade
exploratória das empresas não vai mudar tão cedo, precisamos fazer
algo a respeito pelas nossas vidas.

Vivemos num momento em que a tecnologia nos permite criar novos


modelos de trabalho - mais livres, respeitando mais as individualidades
das pessoas, sem que isso signifique uma baixa na produtividade e sem
precisar deixar a carreira de lado. Pelo contrário - quando trabalhamos
felizes, nossos resultados são muito melhores.

Então, espero que você esteja cansado da sua rotina. Que bata aquela
certa vontade de chorar quando você tem que enfrentar o trânsito
mais uma vez. Que você sinta aquela tristeza no domingo na hora
do Fantástico. Que você não esteja feliz com as suas segundas-feiras.
É o se sentir mal que nos indica que alguma coisa está errada e que
precisamos nos mover, fazer uma transformação na nossa vida. A dor
nos coloca em movimento.

O que você vai aprender neste livro vai mudar completamente a sua
forma de enxergar as possibilidades de trabalho atuais. Este livro pode
ser um portal para um novo estilo de vida. Um estilo de vida no qual você

39
possa escolher onde quer morar e por quanto tempo quer ficar, sem que
isso atrapalhe o seu trabalho. Um estilo de vida que te permita viver
viajando e trabalhando, se esse é o seu sonho. Um estilo de vida que
te permita sair dos grandes centros e morar numa cidade mais tranquila,
com mais qualidade de vida para você e para a sua família, sem precisar
se preocupar em arrumar um novo trabalho numa cidade pequena que
talvez tenha poucas possibilidades de trabalho formal. Um estilo de vida
que te permita criar a sua própria rotina - trabalhar nas horas em que
você se sinta mais produtivo e descansar nas horas em que você quer
descansar. Um estilo de vida que te permita estar mais perto dos seus
filhos e da sua família. Um estilo de vida que te dê a constante sensação
de que vale a pena estar vivo.

O estilo de vida do nômade digital é para todo mundo? Não! Mais pode
ser para você! No próximo capítulo, vamos te falar como saber se é a
sua hora certa de pedir demissão e ir buscar o seu sonho de poder viver
e trabalhar com mais liberdade e autonomia.

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Capítulo 3
Como saber se é a sua hora
de pedir demissão

41
Grandes mudanças na vida exigem uma grande coragem. Sabemos que
não é fácil largar um emprego “estável” (o que é estabilidade mesmo?),
mas se você não encarar essa questão de frente, seu trabalho será um
fantasma que vai te assombrar para a vida inteira.
43
44
Ser um nômade digital não é pra todo mundo. Tem gente que
se enquadra bem no modelo de trabalho das 8h às 18h, dentro
de um escritório fechado, num ambiente nada inspirador. Mas tem
gente que definitivamente seria muito mais feliz caso considerasse
a hipótese de trabalhar de uma forma mais livre e com mais autonomia.

Para te ajudar a tirar as dúvidas e descobrir se seu trabalho tem


te causado infelicidade (e se é hora de repensá-lo), montamos uma lista
com 10 sinais óbvios e claros de que você precisa recalcular a sua rota
e dar uma guinada na sua vida profissional. Aí vai:

1. Você sente depressão


domingo de noite e odeia
as segundas-feiras
Domingo a noite vem sempre chegando com aquela deprê clássica.
“Sério que o fim de semana não pode continuar? Por que minha vida
não pode ser um fim de semana eterno? Já começou o Fantástico…hunf”.
Segunda-feira de manhã é sempre o pior dia da semana para você.
Você não vai para o trabalho – se arrasta. Você não consegue entender
como as pessoas conseguem ser felizes nas segundas, e tem vontade
de responder “só se for para você“, sempre que alguém te dá um bom
dia sorridente.

2. Você tem a sensação que não


está fazendo a diferença
Você se sente como uma peça substituível. Sabe que se você for embora,
logo eles acharão alguém para ocupar o seu lugar, e você não fará mais
falta. O trabalho que você faz poderia ser feito pela maioria das pessoas,
e não é beneficiado por seus talentos pessoais.

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3. Você tem passado muito
pouco tempo com a sua família
Você chega em casa exausto e mal consegue passar tempo de qualidade
com sua família. Talvez, na hora em que você saia de manhã, seus filhos
ainda estejam dormindo. E talvez na hora em que você volte para casa
a noite, eles também já tenham ido para a cama. Somente nos fins
de semana vocês conseguem passar algum tempo de qualidade junto
e você fica triste em pensar que está perdendo a melhor fase da vida
deles enquanto está fechado num escritório.

4. Seu trabalho não faz


o seu coração vibrar
Você se sente desmotivado e entediado nos seus dias. Realiza
as tarefas de forma mecânica e fica torcendo para chegar às 18h
logo. Você raramente se sente vibrante, feliz, empolgado. Se dinheiro
não existisse, você estaria trabalhando em qualquer outra coisa que
não fosse o seu trabalho atual.

5. Você vive esperando


o fim de semana
Você se sente uma pessoa muito feliz – nos fins de semana. Somente
quando não está trabalhando consegue se sentir realizado, feliz,
motivado. Somente nos fins de semana consegue fazer realmente
o que tem vontade e é só nesses dias que tem a sensação que você tem
a rédea da sua vida nas mãos.

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6. Você tem ficado doente
O stress do trabalho tem começado a deixar marcas na sua saúde. Você
se sente estressado, cansado, sem energia. Pode estar desenvolvendo
doenças relacionadas ao stress, como enxaqueca, problemas de pele,
dores nas costas, depressão, transtorno de ansiedade, fadiga extrema,
etc. É o seu corpo dizendo que algo está errado no seu caminho.

7. Você troca toda hora


de trabalho mas não consegue
ficar em nenhum deles
Para tentar notar uma diferença na sua qualidade de vida e felicidade,
você troca de empresa toda hora. No começo, sente uma sensação boa,
acha que as coisas vão melhorar, se sente motivado, mas pouco tempo
depois, sente que voltou para o ponto onde estava e fica com vontade
de procurar outro emprego logo. Você nota que, apesar do ambiente
de trabalho mudar, o vazio no seu peito permanece.

8. Você se sente depressivo


Às vezes, quando vai se deitar, você chora. Não sabe muito bem o motivo,
mas sente um buraco no peito, uma vontade de desistir, um desânimo.
As lágrimas rolam no seu rosto sem que você consiga contê-las. Para
continuar a vida, você estampa um sorriso no rosto e finge que está
tudo bem, mas só você sabe como se sente quando está sozinho.

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9. Você sente que deixou seus
sonhos de lado
Você sente que passou a vida toda ajudando as pessoas a realizar
os seus sonhos, e nunca conseguiu de fato fazer algo que te realize
de verdade. Por mais que tenha crescido na carreira, e tenha uma
posição de destaque, sente que nunca colocou seus sonhos e desejos
em primeiro lugar.

10. Se o mundo acabasse


hoje, você não estaria feliz
e orgulhoso do que está
fazendo no momento
Você tem muitos sonhos, mas acha que só vai realizá-los algum dia.
O problema é que o “algum dia”, nunca vai chegar, ele não existe no
calendário. O único dia disponível no calendário é o “hoje”. Se o mundo
acabasse, ou se algo acontecesse com você que te deixasse debilitado
(um acidente, uma doença grave, etc), você se arrependeria de não ter
largado tudo e ter corrido atrás da sua felicidade?

48
Capítulo 4
Coisas terríveis que podem
acontecer se você
virar nômade digital

49
Desde que nascemos, fomos condicionados a acreditar que devemos
seguir um certo padrão para que possamos ser aceitos na sociedade.
Tudo o que é diferente pode causar constrangimento, então toda a nossa
realidade foi criada de modo a que não nos diferenciássemos do que
é considerado normal pelos padrões sociais.

O conceito de normalidade atual envolve se formar na escola, escolher


um curso e ingressar na faculdade, fazer estágio, subir de cargo
de tempos em tempos, arrumar um par, se casar, ter filhos, comprar
uma casa, mobiliá-la e provavelmente passar bons anos pagando por
tudo isso.

Esse é um estilo de vida que pode ser interessante para muita gente,
mas por um outro lado, também existe muita gente que não se encaixa
nessa sequência de expectativas e que acha um desperdício ter que
viver conforme os padrões alheios.

Por causa dessa educação e da influência cultural que tivemos, somos


tomados por um grande medo do fracasso que nos impede de ir em
uma nova direção – mesmo tendo certeza que essa nova direção
poderia nos trazer muito mais satisfação e felicidade. O fantasma
do “e se” nos assombra: “E se tudo der errado?”, “E se meus pais ficarem
decepcionados?”, “E se eu não conseguir manter o meu padrão de vida?”,
“E se a educação dos meus filhos for prejudicada?”. Como encontrar
respostas para tantos “e se” é algo difícil, geralmente empacamos
nessa fase e deixamos nossos sonhos serem somente sonhos.

Por isso, resolvemos criar uma lista com coisas que podem dar errado
caso você finalmente decida dar uma guinada na sua vida, largar
o formato clássico de trabalho das 9h às 17h, e realmente ir fazer algo
que te motive e que esteja alinhada ao estilo de vida que você gostaria
de viver:

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1. Eu posso me arrepender
muito depois
A melhor forma de checar essa informação é se basear na vida e nos
depoimentos de quem teve coragem de mudar. Dê uma passada
em sites de viagens, leia entrevistas com outros nômades digitais,
faça uma varredura por sites de pessoas que estão fazendo o que
você gostaria de fazer e tente encontrar alguém que se arrependeu
amargamente da decisão. Se você encontrar nos avise, porque
pesquisamos o tema há bastante tempo, e nunca encontramos
um depoimento de pessoas que se arrependeram de terem migrado
para um estilo de vida e trabalho com mais liberdade. Talvez algumas
pessoas se cansaram de viver viajando - OK - mas o nomadismo digital
não implica nessa obrigação, como você vai entender ao longo deste
livro.

2. Não vou conseguir ficar


tranquilo sem a estabilidade
do meu emprego
Quem disse mesmo que seu trabalho é estável? Em um segundo tudo
pode mudar – a empresa pode ir a falência por causa de uma lei nova,
alguém melhor pode surgir e ocupar o seu lugar, o mercado pode ficar
defasado e você rodar numa demissão em massa, pode surgir um outro
“Collor” que vai acabar com as economias que você tem no banco, enfim,
podem parecer exemplos exagerados, mas exagerado mesmo é a nossa
certeza de que temos uma estabilidade que na verdade não existe.
Se você fosse demitido amanhã, o que faria? Encontraria uma outra
forma de se virar, da mesma forma que vai conseguir encontrar uma
forma de ganhar dinheiro fazendo algo mais alinhado com um estilo
de vida que faz sentido para você, se você colocar a mesma quantidade
de esforço nisso.

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3. Minha carreira
vai desmoronar
Tem muita gente que acha que ser um Nômade Digital significa parar
de trabalhar e sair pelo mundo com uma mochila nas costas.
Não, nômades digitais não vieram necessariamente de famílias ricas,
nem tiraram um ano sabático, e muito menos abandonaram as suas
carreiras. A única diferença de um nômade digital para você é que,
em vez de realizar suas funções fechado num escritório, ele trabalha
de qualquer lugar, desde que tenha seu laptop consigo e uma boa
internet. Muitos nômades digitais acabam trabalhando 12h por dia,
estando numa cidade incrível, sem conseguir colocar o pé para fora
de casa. Mas em compensação, tem vários dias que eles conseguem
tirar a tarde para passear na cidade, ou ir num teatro local, ir tomar
café de frente para um parque, almoçar num restaurante diferente, etc.
Ou seja, se a sua carreira ia bem num escritório, ela vai continuar indo
bem mesmo você estando sem uma localização fixa, afinal, você
continuará trabalhando do seu computador.

4. Eu vou gastar muito


dinheiro viajando
Ao se defrontar com esse novo molde de vida e trabalho, a primeira
desculpa que 90% das pessoas usa é: “Eu não tenho dinheiro para viajar.
Viajar é caro.” Esse é um raciocínio razoável à primeira vista, mas que
pode ser facilmente desbancado.

As pessoas que usam esse argumento não perceberam que têm gastado
muito mais dinheiro estando paradas do que se estivessem viajando.
Ter uma vida nos moldes tradicionais das grandes cidades é caro, muito
caro. E viajar pode ser surpreendentemente mais barato, se você for
inteligente.

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Os Nômades Digitais usam o câmbio ao seu favor e assim se tornam
“ricos” sem ter que trabalhar mais. Como eles conseguem? Uma das
formas mais eficazes é viajar e viver em países no qual a moeda valha
menos do que a moeda na qual eles recebem seu dinheiro. Explicaremos
mais sobre isso mais para frente neste livro.

5. Vou ter que abandonar


meus animais de estimação
Você não precisa deixá-los para trás – e nem deveria! Hoje em dia
é possível levar o seu cão em viagens. Talvez a única escolha que vai
ter que fazer é ficar um pouco mais de tempo nos lugares para que
a rotina de mudanças não estresse os animais. Se você ficar, por exemplo,
6 meses em cada cidade, com certeza seu amigo peludo não vai sofrer
um stress e vai adorar te acompanhar nas suas aventuras.

6. Meus filhos
vão ser prejudicados
Ser um nômade com filhos, era uma grande dificuldade anos atrás, mas
hoje a tecnologia mudou esse cenário. Há tempos que tem surgido um
debate sério acerca da necessidade urgente das escolas tradicionais
se adaptarem à realidade atual. O mundo mudou e as escolas continuam
as mesmas da geração dos nosso pais. Sendo assim, é óbvio que esse
sistema educacional atrasado esteja formando jovens desmotivados,
repreendidos e com potenciais desperdiçados.

Enquanto o governo não se move para criar uma solução para esse
problema latente, as pessoas estão encontrando soluções eficazes para
contornar a situação. Um dos métodos que estão sendo mais adotados
são as metodologias que ensinam através da internet, como a Khan
Academy (que hoje tem mais de 43 milhões de alunos pelo mundo),
e várias outras. O objetivo é oferecer um ensino interativo e muito mais
motivacional para uma geração que não consegue mais focar somente

53
em uma coisa de cada vez. A educação precisa se adaptar à velocidade
do pensamento dessa nova geração, e um quadro negro acompanhado
de um professor falando, cada dia mais se provam ineficazes.

O Brasil ainda está se adaptando no quesito homeschooling, mas


enquanto as coisas se ajeitam, a melhor opção para os nômades com
filhos é ficar mais tempos nas cidades. Por exemplo, você pode passar
uma temporada de 2 anos morando em uma cidade específica. Depois
outros anos em outra cidade. Ou você pode simplesmente escolher uma
cidade fixa para morar e trabalhar de casa, perto dos seus filhos.

7. As pessoas vão achar


que eu fiquei louco
Esse item é verdade. Muita gente vai achar mesmo. As pessoas que
nunca pensaram sobre a possibilidade de deixar de ser mais uma peça
do sistema nos moldes pré-determinados, com certeza vão te achar
maluco. Mas isso só vai acontecer no começo – quando elas verem
que deu certo, que você está conhecendo lugares pelo mundo que elas
sempre sonharam em conhecer, que seus filhos estão felizes, saudáveis
e espertos crescendo ao seu lado, que você continua trabalhando
e ganhando dinheiro, que sua carreira está muito bem, obrigado, e que
você jamais vai pensar na ideia de voltar a trabalhar num escritório
fechado, então, elas vão mudar de ideia. E, quem sabe, vão até sentir
uma pontinha de inveja e vão começar a pensar sobre a possibilidade
de também ir em busca de uma vida com mais liberdade e autonomia.

Certo, nessa altura do campeonato, você provavelmente já está


começando a entender que esse estilo de vida e trabalho não é assim
tão utópico quanto você imaginava, certo? Nos próximos capítulos, você
vai entender com mais detalhes quem são os nômades digitais e como
eles ganham dinheiro.

54
Capítulo 5
Quem são
os nômades digitais?

55
Segundo a Wikipedia: “Nômades digitais são pessoas que aproveitam
as tecnologias (internet, laptops, smartphones) para desempenharem
as suas funções de trabalho, e mais geralmente conduzem suas vidas
de forma nômade. Essas pessoas normalmente trabalham remotamente
a partir de casa, cafés, bibliotecas públicas e até mesmo de motocasa
ou campervan para realizar tarefas e objetivos que eram tradicionalmente
executados em um único local de trabalho fixo.”

O conceito de “nômade digital” é relativamente novo, mas não é de hoje


que algumas pessoas, insatisfeitas com suas vidas de escritório de 9h
às 18h, optaram por um estilo de vida e de trabalho diferente.

Elas se deram conta de que o tempo é um artigo de luxo e que não faz
sentido ficar preso num escritório durante os melhores anos da sua
vida – quando você está saudável e cheio de vida – para juntar dinheiro,
se aposentar com mais de 60 anos e aí sim poder viajar ou morar numa
cidade mais tranquila. Querem viver isso agora.

Antes era realmente preciso abandonar a carreira, a estabilidade,


dentre outras coisas para fazer essa mudança. Hoje, com a internet, é
possível ser tão bem sucedido viajando pelo mundo enquanto trabalha,
quanto se você estivesse numa baia fechado entre quatro paredes
de um escritório.

Muita gente vê os nômades digitais como mochileiros que saem


ganhando um trocado por cada lugar onde passa. Ledo engano. A
grande maioria dos nômades digitais que conhecemos são empresários
super bem-sucedidos, com carreiras de sucesso, e contas bem gordas
no banco.

Isso porque para ser um nômade digital é preciso mesmo pensar


na frente, ter uma visão de futuro mais inovadora, estar mais adiantado
do que a maioria das pessoas que não conseguem conceber a ideia
de ganhar dinheiro fora de um escritório convencional. Portanto,
consequentemente, os nômades digitais têm perfil de serem pessoas
visionárias.

Muita gente confunde nômades digitais com pessoas que precisam


viver viajando, mas isso não é verdade. Viver viajando sempre pode ser

56
divertido durante uma fase da vida, mas a maioria das pessoas se cansa
desse estilo de vida em algum momento e buscam mais estabilidade.
Então nós gostamos de definir os nômades digitais como aqueles que
não precisam estar num lugar específico para trabalhar. Eles levam seu
trabalho com eles em seu laptop.

Vamos usar por exemplo, o Emerson e a Jaqueline, criadores do projeto


Nômades Digitais. Eles tinham um estilo de trabalho tradicional -
moravam em São Paulo e trabalhavam no meio corporativo. Até que
decidiram que não queriam mais essa vida de cidade grande e correria.
Eles então encontraram uma forma de trabalhar online, e assim
puderam se livrar do escritório tradicional. Eles saíram de São Paulo,
moraram dois anos numa agrovila em Ilhabela, depois saíram pelo
mundo e passaram alguns anos viajando. Após alguns anos, foram para
Florianópolis onde montaram sua base e onde puderam concentrar
suas coisas - afinal, ficar vivendo somente com uma mala nem sempre é
tão divertido. Atualmente, eles têm essa base em Florianópolis e passam
metade do ano lá e metade do ano viajando para lugares diferentes.

Ou seja - a essência do nomadismo digital é a liberdade de estar onde


quiser. Não existe nenhuma obrigação em ficar viajando, mas existe
sempre essa possibilidade.

A tecnologia já permite que reuniões e fluxos de trabalho sejam feitos


por meio de um computador com acesso à internet. Isto é: aquelas
reuniões semanais com o chefe, a conversa com o colega e a interação
com fornecedores não precisa ser presencial. Ótimo, isso quer dizer
que você pode trabalhar de casa? Na verdade isso quer dizer que você
pode trabalhar em casa, em seu café favorito, na casa dos seus pais em
outro estado e até na China. Havendo um computador e uma conexão
à internet, você consegue realizar o seu trabalho tranquilamente.

Uma outra vantagem que o nomadismo digital oferece é flexibilidade


de horário. Você pode escolher as horas em que trabalha, desde que
cumpra as suas metas. Imagina poder tirar uma manhã livre para ler
aquele livro que você estava querendo estudar ou passear com seus
filhos, e depois compensar ficando até um pouco mais tarde na parte
da noite - horário em que você talvez seja mais produtivo. Cada nômade
digital faz sua agenda diária, podendo escolher trabalhar nas horas

57
em que prefere.

Pois bem, enquanto você provavelmente está aí batendo ponto


e contando os minutos pro fim de semana chegar, milhões de pessoas
em todo o mundo já fizeram sua escolha e decidiram transformar
o mundo em seu escritório, tornando-se nômades digitais.

Imagens ©André Dahmer/Malvados

Certo, mas você deve estar pensando - bom, para viver esse estilo
de vida é preciso ser rico, não é mesmo? Como as pessoas conseguem?
Você vai entender isso no próximo capítulo.

58
Capítulo 6
É preciso ser rico
para ser um nômade digital?

59
“Eu não tenho dinheiro para viajar. Viajar é caro.” Esse é um raciocínio
razoável à primeira vista, mas que pode ser facilmente desbancado.
As pessoas que usam esse argumento não perceberam que têm gastado
muito mais dinheiro estando paradas do que se estivessem viajando.

Ter uma vida nos moldes tradicionais das grandes cidades é caro, muito
caro. E viajar pode ser surpreendentemente mais barato, se você for
inteligente. Os Nômades Digitais usam o câmbio ao seu favor e assim
se tornam “ricos” sem ter que trabalhar mais.

Como eles conseguem? Uma das formas mais eficazes é viajar e viver
em países no qual a moeda valha menos do que a moeda na qual
eles recebem seu dinheiro. E com a globalização, lugares que antes
eram perigosos para viajantes, hoje recebem turistas do mundo todo
e provavelmente são tão ou mais seguros do que o local onde você vive.

Se você não tem sonho de ficar viajando, você pode simplesmente


escolher viver em alguma cidade com custo de vida mais barato do que
o das grandes metrópoles.

Existe um site muito legal que te permite comparar o custo de vida


de diferentes cidades do mundo, chamado Expatistan. Fizemos
um cálculo, por exemplo, de quanto custa morar em São Paulo,
comparado com morar em uma cidade com bem mais qualidade de vida,
como Florianópolis. Eis o resultado:

60
Ou seja, viver em São Paulo custa pelo menos 20% a mais do que viver
em Florianópolis. E você também precisa lembrar que, ao trabalhar
de casa, você gastará muito menos com transporte, estacionamento,
almoço em restaurante todo dia, etc, então essa diferença seria muito
maior.

Se formos comparar com uma cidade onde tem uma moeda mais
desvalorizada do que a nossa, como Chiang Mai na Tailândia, a diferença
é ainda maior, chegando a 38%, como você pode ver abaixo:

61
Ou seja, só de você estar morando em uma grande cidade no Brasil como
São Paulo e tendo que se deslocar para trabalhar diariamente, seu custo
de vida já é super alto! Isso significa que, sem precisar gastar mais, você
poderia escolher viver em várias outras cidades, levando o seu trabalho
com você e vivendo com muito mais qualidade de vida.

Agora que você já quebrou o mito de que é preciso ser rico para ser
um Nômade Digital, você deve estar se perguntando: “tá, mas como
eu faço para me tornar um nômade digital na prática?” É sobre isso que
falaremos no próximo capítulo.

62
Capítulo 7
Vantagens
do nomadismo
digital.

63
A gente não tem como fugir de trabalhar. Precisamos de dinheiro para
viver uma vida confortável. O grande problema está na forma com a qual
estamos sendo condicionados a trabalhar durante as últimas décadas.
Se pararmos pra pensar, esse estilo de vida considerado como “normal”,
faz com que as pessoas se comportem como zumbis. De casa pro
trabalho, do trabalho pra casa, muitas horas num lugar fechado, tendo
que pegar trânsito para se locomover. A gente não foi feito pra isso.
Esse estilo de vida é capaz de tirar toda gota de motivação de qualquer
pessoa a longo prazo, mesmo que tenham um alto salário. As pessoas
estão ficando doentes e isso se deve em muitos dos casos a esse estilo
de trabalho estressante que já não faz mais sentido. A internet veio para
nos libertar.
Podemos ser produtivos e ter uma carreira de sucesso, sem que isso
signifique passar a maior parte das nossas horas fechados, fazendo
reuniões desnecessárias, e gastando um precioso tempo com locomoção.
A gente não é contra ganhar dinheiro, muito pelo contrário. Somos a favor
de ganhar dinheiro, mas sem que isso signifique ter de abdicar de 80%
do seu tempo, e passar a viver somente nos intervalos do expediente.
Separamos aqui algumas vantagens do nomadismo digital:

1. Custo de vida mais baixo


Como você já viu aqui neste livro, muitas vezes um nômade digital pode
ter um custo de vida muito mais baixo do que uma pessoa que mora
numa cidade grande como São Paulo. Quando você trabalha de casa,
os custos caem muito porque você não precisa ter gastos com locomoção,
não precisa comer fora todo dia, etc. Se você unir isso a viver numa cidade
que tenha qualidade de vida e custo de vida mais baixo, você vai acabar
gastando menos do que imaginava sendo um nômade digital.

2. Flexibilidade de horário
Ser um nômade digital não vai te fazer trabalhar menos. Não se iluda.
Se você acordar e pensar “hoje eu vou ficar o dia inteiro na cama” você
pode, mas isso provavelmente vai atrapalhar a sua produtividade,
e o trabalho vai acumular ou você não vai ganhar tanto dinheiro quanto

64
poderia. Você passa a ser seu próprio chefe, por isso precisa ter disciplina.
Você vai continuar trabalhando as mesmas horas que antes. Só que
o lado bom é que você pode escolher os horários nos quais você vai
trabalhar, horários nos quais você se sente mais produtivo, etc.

3. Você pode conhecer


cidades como um local
e não como turista
Quando a gente viaja de férias, raramente temos a chance de
conhecer de verdade o lifestyle de uma cidade. Só quando você tem
a oportunidade de passar um tempo maior no lugar, aí sim você emerge
na cultura de lá, consegue conhecer os lugares que somente os locais
conhecem, consegue sentir o ritmo da cidade através de situações
cotidianas, como a feira que acontece no seu bairro toda quarta
ou aquele pub secreto dentro de um apartamento que só abre
de final de semana. Passar uma temporada numa cidade é outra
experiência do que passar somente alguns dias nela. É definitivamente,
muito melhor. Sem falar que você vai poder viajar sempre em baixa
temporada, se quiser.

4. Você pode ganhar


mais dinheiro do que quando
estava no escritório
Os nômades digitais muitas vezes conseguem ganhar mais do
que quando estavam fechados num escritório, porque deixam
de trabalhar numa empresa só e usam suas horas para ter mais
clientes e potencializar seus lucros. Eles também trabalham com
formas mais inteligentes de ganhar dinheiro, como produzindo seus
próprios produtos ou conseguindo patrocínio de marcas. A gente vai

65
te explicar como fazer isso nos próximos capítulos.

5. Você pode ficar mais


com a sua família
Uma das vantagens do nomadismo digital é que trabalhando de casa
(onde quer que seja sua casa), você pode ficar mais tempo com sua
família. Muitas vezes nos moldes tradicionais, você só consegue ficar
junto da sua família no comecinho da manhã, no fim de noite e nos finais
de semana. No nomadismo digital, você pode escolher passar mais
tempo com eles já que você vai poder trabalhar de casa e com horários
flexíveis.

Mas então significa que os Nômades Digitais têm uma vida perfeita?
Não é bem assim. Você vai entender melhor no próximo capítulo.

66
Capítulo 8
Nomadismo digital-
Somente Flores?

67
Muita gente vive essa ilusão de que os nômades digitais têm a vida
perfeita - afinal, como você pode ser infeliz trabalhando da praia?

Não se iluda. Primeiro de tudo, porque essa promessa de felicidade que


tentam nos vender é ilusória. A felicidade mora dentro da gente, e se você
não estiver bem com você, não vai ser o estilo de vida do nomadismo
digital que vai resolver esse problema.

Então não podemos te prometer que você será feliz sendo nômade
digital, mas podemos te garantir que você vai ter a possibilidade de viver
um estilo de vida fantástico. Um estilo de vida com a liberdade de poder
ESCOLHER onde quer estar, sem precisar abrir mão do seu trabalho.
Liberdade de poder ir e vir. Liberdade de criar sua própria carreira sem
precisar estar fechado num escritório.

Também já quebramos os mitos de que todo nômade digital vai querer


ficar viajando sempre. Isso também é uma ilusão. Geralmente essa
vontade de ficar viajando de um lugar para outro dura pouco tempo,
talvez alguns anos. É provável que depois você queira ter uma base em
algum lugar que você goste.

O legal é que você vai ter viajado bastante e vai poder escolher
um lugar que tenha mais afinidade para chamar de casa. Vai ser o lugar
onde você vai ter suas coisas, é o lugar para onde você vai querer voltar
quando se cansar de viajar. Isso não significa que você não vai mais ser
um nômade digital e sim que você vai ter a liberdade de ficar nesse lugar
quando quiser e de viajar quando quiser. A maioria dos nômades digitais
atualmente passa uma média de 6 meses por ano em um lugar fixo
e os outros 6 meses viajando. Nada mal, não?

Outro mito que precisa ser quebrado é que você vai trabalhar menos sendo
um nômade digital. Isso não é verdade. Você vai continuar trabalhando
bastante, talvez até mais porque vai se sentir mais motivado. Só que
é diferente de trabalhar várias horas e depois ter que sair do escritório
e pegar um trânsito infernal, do que encerrar o seu expediente, fechar
o computador, e poder dar um passeio na praia, ou assistir a um filme,
ou fazer qualquer coisa que seja um lazer para você. A gente trabalha
bastante sendo nômades, mas a vida fica mais leve no geral.

68
Então, não: não estamos te prometendo a felicidade. Mas estamos
te garantindo que vale a pena. Vai exigir esforço, vai exigir superar
desafios, mas depois que você conseguir se estabilizar nesse estilo
de vida e trabalho, você vai se perguntar porque demorou tanto para
fazer essa escolha na sua vida.

69
Capítulo 9
Como se tornar
um nômade digital

70
Paulo era um contador que trabalhou a vida inteira no ambiente
corporativo. Como ele sempre foi muito bom no que ele fazia, ele foi,
ao longo da vida, conquistando promoções e subindo de cargo. Só que
por mais que todo mundo o visse como bem sucedido na carreira, por
dentro, algo não ia bem.

A rotina da vida fechada dentro de um escritório ao longo de anos,


atrapalhou muito a saúde mental de Paulo. Ele começou a ter problemas
para dormir e para acordar. Ele alternava picos extremos de ansiedade
com picos de depressão - e notou que isso estava associado ao trabalho.

Até que um dia, na mesa de escritório, Paulo começou a sentir fortes


dores no peito. Ele foi levado às pressas para o hospital e descobriram
que ele estava tendo um início de infarto, que, felizmente, conseguiu ser
revertido pelos médicos. Para Paulo, essa foi a gota d’água. Ele decidiu
que não iria mais fazer isso com ele mesmo. Ele iria orientar seu trabalho
a um estilo de vida que pudesse lhe permitir viver numa cidade mais
tranquila, junto dos seus filhos, morando perto do mar.

Ele então começou a trabalhar de casa, como prestador de serviços.


Ou seja, ele continuou fazendo a mesma coisa que fazia antes, só que
ao invés de trabalhar somente para uma empresa fixa, ele passou
a prestar serviço como contador para várias empresas. E ao adotar esse
estilo de trabalho, ele ainda duplicou a sua renda no final do mês.

Por exemplo: Uma empresa precisa de um contador. Ela tem duas


opções: Contratar um CLT gastando R$ 4.000,00 + impostos ou contratar
um Nômade Digital que presta o serviço de contabilidade que cobra
R$ 1.000,00 para fazer a mesma função, trabalhando 1 hora por dia
para ela. Por outro lado o Contador que é Nômade Digital pode ter
8 clientes ao mesmo tempo, ganhando R$ 1.000,00 por mês de cada um
deles, assim ele dobra o seu rendimento, ganhando agora R$ 8.000,00
por mês trabalhando as mesmas horas. É bom para a empresa que
tem seu custo reduzido e é bom para o Nômade Digital que pode ganhar
mais e ainda viajar ao mesmo tempo. Principalmente em tempos
de crise, o nômade digital tem mais chances de conseguir trabalho, pois
o modelo de contratação é mais barato do que o CLT.

71
Ou seja - para ser um nômade digital, você pode empreender ou pode
atuar como prestador de serviços. A única condição é você atuar num
trabalho que possa ser feito de casa, do seu computador. As profissões
escolhidas pelos nômades digitais são as mais diversas. Listamos
algumas das mais comuns:

• Escritor freelancer, para jornais, revistas, sites;


(ex: se você é muito bom em redação, português ou línguas)

• Revisor de textos;

• Escritor de ebooks sobre assuntos que você entende;

• Contador;

• Professor de idiomas online;


(ex: se você é muito bom em inglês ou outro idioma)

• Tradutor;

• Web Designer;

• Programador;

• Vendedor de fotografias online em bancos de imagem;


(ex: se o melhor que você sabe fazer é tirar fotos fantásticas)

• Consultor de diferentes áreas como marketing online, finanças, saúde,


fitness, decoração, business e outras centenas de possibilidades;

• Vendedor de cursos online dos assuntos que você entende,


sejam eles quais forem;

• Vendedor de loja online (ex: ir vendendo coisas que você compra


em lugares bacanas durante a viagem!);

• Investidor de ações; (ex: se você já tem um bom dinheiro)

• Organizador de eventos/ Promoter;

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• Agente de viagens/ Guia para estrangeiros;

• Assessor de imprensa digital para empresas


e personalidades globais;

• Professora primária e de colegial para filhos de casais que viajam


muito ou que não gostam do sistema educacional tradicional;

• Professor/ Consultor de jovens que estão prestando vestibular


(ex: cobrar mensalidade e pacote de horas/aula via Skype);

• Terapeuta online (faz sessões de terapia via Skype);

• Suporte técnico à distância. (ex: Se o que você sabe fazer de melhor


é arrumar computadores, tirar vírus e aumentar a perfomance
de um hardware existem milhões de pessoas que pagariam
tranquilamente alguns reais por mês para outra pessoa resolver
isso por elas via VPN);

Esses são alguns exemplos, mas existem milhares de outros que podem
ser adaptados de formas criativas para o nomadismo digital.

Um outro caminho também é ser contratado por uma empresa


que aceite que você trabalhe no modelo homeoffice. Cada vez mais
empresas estão inovando ao adotar este modelo e, ao que tudo indica,
essa é uma tendência que veio para ficar. Funcionários viajantes
ou que vivem em locais diversos ajudam a criar hubs de informações,
insights e conteúdo de forma muito mais plural. Todo mundo sai
ganhando: a empresa diminui os custos em estrutura fixa e ganha
colaboradores mais motivados, que podem contribuir com sua área
de atuação sem depender de um endereço fixo

Segundo um estudo realizado pelo oDesk, a flexibilidade de horários


é o benefício mais procurado por candidatos a vagas nos Estados Unidos.
Ao permitir o trabalho remoto, as empresas também conseguem atrair
profissionais mais inovadores e qualificados. A pesquisa apontou que
64% dos trabalhadores freelancer busca a habilidade de trabalhar
enquanto viaja.

73
Ou seja, as possibilidades de você entrar no nomadismo digital
são muitas, basta encontrar quais se encaixam mais na sua área
de atuação e no seu perfil. Dentro de todas as possibilidades
que falamos, todas podem ser encaixadas em 3 áreas macro:
prestador de serviço, influenciador digital ou infoprodutor. Falaremos
mais sobre essas opções no capítulo a seguir.

74
Capítulo 10
Os 3 melhores
caminhos para sair
do zero e ganhar dinheiro
enquanto você viaja
o mundo

75
Independente da sua profissão, ou da sua área de atuação, para ser
um nômade digital você eventualmente vai se encaixar em uma dessas
áreas macro: prestador de serviços, influenciador digital ou infoprodutor.
Talvez você não saiba o que sejam essas coisas e provavelmente não
entenda bem como ganhar dinheiro com elas. Mas é isso que você vai
aprender neste capítulo.

Vamos lá:

1. Prestador de Serviços
Prestação de serviços é a forma mais tradicional de ser um nômade
digital. Por exemplo, a empresa da Jaqueline e do Emerson, que abriga
o projeto Nômades Digitais e outros, tem mais de 20 pessoas
no time, todos eles prestando serviços remotamente em áreas como
contabilidade, financeiro, programação, jornalismo, marketing, social
media e por aí vai.

Muita gente consegue manter a sua carreira trabalhando como freelancer


que é a mesma coisa que prestador de serviços. Um exemplo: se você
trabalha como designer, ao invés de trabalhar somente para uma
empresa, você pode passar a trabalhar para vários clientes ao mesmo
tempo. Você pode fazer isso da sua casa, portanto, pode fazer isso de
qualquer lugar do mundo.

Você pode começar prestando seus serviços para um cliente e conforme


a demanda for aumentando, você vai contratando mais pessoas para
o seu time e assim vai criando uma pequena empresa de prestação de
serviços na sua área, que com o tempo vai escalando, e gerando mais
faturamento.

2. Influenciador Digital / Youtuber


Vivemos numa época hoje em dia na qual as marcas preferem associar
seus produtos a pessoas, do que a grandes veículos de mídia. Para isso,

76
elas procuram os chamados influenciadores digitais.

Um influenciador digital é uma pessoa que produz conteúdo na internet


sobre algum tema - às vezes sobre sua própria vida - e que tem seguidores
que acompanham o seu trabalho e que confiam nessa pessoa.

Por exemplo, um personal trainer pode ter um canal no Youtube


(e presença nas redes sociais) onde ele ajuda pessoas a se manter em
forma, ensina técnicas, etc. Esse personal trainer vai ter uma audiência,
seguidores, que acompanham seu trabalho. Isso abre a possibilidade
de marcas do ramo fitness se interessarem em anunciar seus produtos
no canal dele. Quanto melhor o trabalho do influenciador digital,
mais as chances de conseguir ganhar bastante dinheiro com
patrocínio de marcas. Para isso, é preciso saber criar conteúdo relevante
e de qualidade para seus seguidores.

3. Infoprodutor
Um dos mercados mais aquecidos do momento é o mercado
de infoprodutos. O que são infoprodutos? São produtos como cursos,
livros, palestras, congressos que acontecem 100% online. Ou seja -
a pessoa pode escrever um livro e fazer todo o trâmite de tentar vender
a ideia pra uma editora e se conseguir, levar somente 10% do valor
no final do mês - que é a média que as editoras repassam para o autor.
Ou pode fazer uma escolha muito melhor - criar o mesmo livro em versão
online e ficar com a maior parte do lucro. É claro que para isso você vai
precisar saber as estratégias de marketing pra divulgar esse produto
e também para construir audiência.

Isso também vale para cursos - você pode criar um curso presencial,
e conseguir 20 alunos (por questão de estrutura, espaço, etc) ou pode
gravar esse mesmo curso e fazê-lo chegar para milhares de pessoas,
coisa que jamais seria possível num curso presencial. Isso também te
ajuda a alcançar pessoas de diferentes cidades: se você fizer um curso
presencial em São Paulo, por exemplo, dificilmente vai conseguir atrair
alguém que seja de Belo Horizonte. Agora se o curso for online, qualquer
pessoa pode participar, mesmo se estiver em outro continente.

77
Acreditamos que TODAS as pessoas têm algum conhecimento que
poderia ser transformado em produto. Por exemplo: tocar violão,
ensinar pessoas que tem medo de dirigir, orientar pais com filhos
pequenos, ensinar manter a forma, ensinar programação, ensinar como
tirar boas fotos, etc. Às vezes aquelas habilidade que você tem, e que
não necessariamente é a sua profissão, pode virar um produto para ser
vendido para seus leitores. Por exemplo: se você cria um curso online
de fotografia cobrando R$ 49,90 pela inscrição, e conseguir vender 300
cursos por mês, isso dá R$ 14.970,00 reais por mês. Sem sair de casa.

É claro que existe técnica por trás de todos esses caminhos. Você quer
viver uma nova vida e por isso vai ter que aprender como chegar lá.
É por isso que criamos o curso Como Ser Um Nômade Digital, que ensina
passo-a-passo, de forma estruturada e segura, como sair do zero
e conseguir criar um trabalho remoto que te dê bastante dinheiro
e que te permita ser livre para trabalhar de onde quiser. Nós abrimos
poucas turmas por ano. Se você quiser ser avisado sobre a próxima
turma do curso, deixe seu contato aqui.

78
Capítulo 11
Você também pode!

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Se você chegou até aqui neste livro, provavelmente você está sentindo
um frio na barriga e aquela excitação boa que sentimos quando nos
deparamos com uma ideia que explode a nossa mente, certo?

Parabéns - isso significa que você foi picado pelo bichinho do nomadismo
digital e que, a partir de hoje, essa ideia não vai mais sair da sua cabeça!

Quando o Emerson e a Jaqueline começaram nesse estilo de vida e de


trabalho, eles não tinham dinheiro guardado, não vinham de famílias
ricas, não tinham apoio, não tinham experiência, e tinham pouquíssimas
referências de pessoas que tinham conseguido viver esse estilo de vida
e de trabalho.

Eles só tinham um sonho e a vontade de fazer acontecer.

Depois de muitas dificuldades, muitas horas de trabalho, e muita


determinação, eles conseguiram sair do zero, criar uma empresa com
faturamento anual de milhões de reais, ao mesmo tempo em que
viajavam pelo mundo e inspiravam milhares de outras pessoas a fazer
o mesmo.

Durante esse período de incertezas, eles tiveram que lidar diariamente


com insegurança, medo, pressão da família, julgamento das pessoas,
limitação financeira, dentre outros desafios. Eles não se deixaram abater
pelos desafios e conseguiram chegar onde chegaram. Do sonho deles,
nasceu o sonho de milhares de outras pessoas.

Então, este livro é para dizer que, se eles conseguiram, você também
pode.

Para isso basta você se dedicar a ele mais do que todas as outras pessoas
que estão sonhando o mesmo sonho. Para ser realizado, todo sonho
cobra um preço emocional e físico. Reflita se você está disposto a pagar
antes de dar o primeiro passo. Se a resposta for sim, você já começou
a sua jornada. Toda jornada começa com uma decisão interna e, pelo
que parece, você já tomou a sua.

A mudança começa dentro de você.

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Não existe atalho para qualquer destino que valha a pena. E podemos
garantir que poder viver e trabalhar com liberdade é uma das coisas
nessa vida que mais vale a pena.

Estamos numa contagem regressiva. Cada dia é um dia a menos nessa


louca e bela aventura chamada vida. Cada um vem para cá com um
caderninho em branco para criar a sua própria história e - quem sabe -
inspirar outras pessoas no caminho.

Siga esse chamado do seu coração. Faça a sua história valer a pena.

Se você gostou, aprendeu, se inspirou ou se motivou com esse livro,


por favor espalhe para o mundo! Investimos longas horas para montar
esse material e decidimos disponibilizá-lo de graça porque realmente
acreditamos que um mundo onde as pessoas seguem seu propósito
é um mundo melhor. Obrigado por fazer parte disso.

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Nos vemos na estrada!

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