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Nas indústrias de separação de suspensões sólidas, a filtração é uma técnica recorrente para obtenção
de, basicamente, duas porções: uma enriquecida em componentes sólidos e a outra enriquecida com a fração
líquida. Tal técnica é um método de separação mecânica, na qual a suspensão se move através do leito
poroso estacionário quando aplicada uma força propulsora, geralmente, uma diferença de pressão.
Com isso, no momento de realização da filtração, a suspensão é forçada a atravessar um leito poroso,
que permite a passagem da fração líquida, denominada de filtrado, e retenção das partículas sólidas, referida
como torta de filtração. Deste modo, à medida que a filtração sucede, a espessura da torta aumenta e,
consequentemente, aumenta a resistência do meio filtrante. Neste caso, a torta de filtração funciona como o
real leito poroso responsável pela separação da suspensão.
Tais tortas podem ser classificadas como incompressíveis, cujo comportamento confere uma menor
resistência ao escoamento, ou como compressíveis, cujo comportamento apresenta uma compressibilidade
maior e maior resistência ao escoamento. Para evitar tal situação, são utilizados sólidos auxiliares de
filtração, como terra diatomácea ou polpa de celulose, que promovem um aumento da porosidade e
diminuem a compressibilidade da torta.
Neste contexto, devida à construção simples, robusta e econômica, o filtro prensa de placas e quadros
é um tipo de filtro comumente empregado na indústria química. Ele é constituído por um conjunto de placas
quadradas justapostas e dispostas firmemente umas contra as outras, por meio de um parafuso ou sistema
hidráulico, como mostra a Figura 1.
Objetivo
Materiais e metodologia
● Provetas;
● Béqueres;
● Cronômetro;
● Instalação experimental (Figura 2);
● Carbonato de cálcio: 1 kg;
● Terra de infusório: 0,5 kg;
● Estufa para secagem;
● Balança;
● Placa petri.
Feito isso, constatada a circulação de água por ambos as tubulações, fechou-se a válvula de
regulagem de pressão enquanto que a válvula de recirculação foi aberta. Na segunda etapa, foram realizadas
as operações para conhecimento da resistência do meio filtrante. Deste modo, utilizando ainda de água como
fluido de alimentação, foram coletadas, em triplicatas, volumes de filtrado em função do tempo, para as
pressões de 0.1, 0.2 e 0.3 bar.
E, por fim, na terceira etapa, substituiu-se o fluido de alimentação para uma suspensão contendo
carbonato de cálcio e terra de infusório. Nesta etapa, a pressão regulada foi mantida em 0,5 bar. As medidas
de volume por tempo correspondente foram mantidas, porém além desse tempo, media-se agora o tempo de
experimento, ou seja, o tempo decorrido para a realização da prática. Ao fim da prática, o sistema é
desligado e limpo, e a torta úmida obtida é pesada e após três é feita a mesma pesagem, agora considerando
a torta seca.
Resultados e discussão
A partir dos dados brutos obtidos experimentalmente, foi possível realizar os cálculos para
conhecimento dos parâmetros que concernem à filtração. Desta forma, os dados referentes ao cálculo para
conhecimento da resistência do meio filtrante encontram-se na Tabela 1:
1 𝑑𝑉 ∆𝑃
= (equação 1)
𝐴 𝑑𝑡 𝜇𝑅𝑓
𝜇.𝑅𝑓 𝑄
ΔP (Q) = (equação 2)
𝐴
A partir da equação rearranjada é possível conhecer a resistência do meio filtrante, Rf, plotando um
gráfico da queda de pressão, ΔP, em função da vazão, Q. Deste modo, a inclinação do gráfico corresponde a
𝜇.𝑅𝑓
termo , e o cômputo de Rf é possibilitado. O gráfico em questão encontra-se adiante:
𝐴
0.30
y = 2237.6x - 0.0653
R² = 0.9932
0.25
ΔP (atm)
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00005 0.00007 0.00009 0.00011 0.00013 0.00015 0.00017
Vazão (m3/s)
Gráfico 1: regressão linear obtida a partir dos dados de queda de pressão em função da vazão;
resistência do meio filtrante.
De acordo com a regressão linear realizada a equação obtida foi ΔP = 2237,6.Q – 0,0653. Com isso,
tem-se que:
𝜇.𝑅𝑓 𝑠
= 2237,6 atm.𝑚3
𝐴
Cujo valor de A é 0,04 m2 e µ, na temperatura de 25ºC[3], como sendo de 0,000892 Pa.s. O valor
correspondente de Rf foi de 1,02x1010 m-1.
Diante desse valor, a próxima etapa consiste em determinar os parâmetros correspondentes à
operação de filtração da suspensão contendo carbonato de cálcio e terra de infusório. Para tanto, utilizou-se
dos dados contidos na Tabela 2:
O próximo passo é o cálculo do volume filtrado. Mas antes, é necessário conhecer como a vazão
varia com o tempo e, a partir desse resultado, calcular o volume filtrado. Com isso, constrói-se um gráfico
da vazão em função do tempo, conforme segue:
Gráfico vazão vs tempo decorrido (texp)
0.0000140
0.0000120
0.0000100 y = 7E-05x-0.477
Vazão[m3/s] 0.0000080 R² = 0.9901
0.0000060
0.0000040
0.0000020
0.0000000
0 500 1000 1500 2000 2500
tempo [s]
E a equação obtida a partir desse gráfico, Q(t) = 0,00007.t-0,477, permite conhecer como a vazão varia
ao longo do tempo. Como sugere a tendência do gráfico, a vazão decai exponencialmente à medida que o
tempo de experimento decorre. Tal observação é coerente com o esperado, pois, à medida que a filtração
ocorre, a vazão tende a diminuir, já que a resistência do meio filtrante aumenta com a formação da torta.
𝑡
V(t) = ∫0 0,00007. 𝑡 −0,477 . 𝑑𝑡 (equação 3)
Por meio da equação 4, o volume filtrado em função do tempo decorrido de experimento é possível
de ser calculado:
O parâmetro t/V será importante para o cálculo da resistência específica, α. Mas antes é preciso
plotar um gráfico desse parâmetro em função do próprio volume filtrado, V, e com os parâmetros obtidos da
regressão calcular a resistência específica. Tal gráfico é apresentado a seguir:
Gráfico texp/V vs V
350000
300000
250000
t/V [s.m-3]
200000
150000 y = 4E+07x + 14147
100000 R² = 0.9996
50000
0
0 0.002 0.004 0.006 0.008
V [m3]
(equação 5)
Por analogia entre as equações chega-se a:
𝛼𝜇𝐶𝑠
4𝑥107 = (equação 6)
2𝐴2 𝛥𝑃
𝛼𝜇𝐶
14147 = 𝐴2 𝛥𝑃𝑠 𝑉𝑒 (equação 7)
Antes de calcular os parâmetros convenientes, é preciso determinar a concentração de sólidos, Cs, conforme
segue:
𝑚𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜 + 𝑚𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎 (1,0 + 0,5)𝑘𝑔
Cs = = = 37,5 kg.m-3
𝑉 0,04 𝑚3
e, consequentemente:
𝑘(1−𝜀)𝑆02
𝛼𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 = (equação 8)
𝜌𝑠 𝜀 2
Onde,
𝑉á𝑔𝑢𝑎
ε = (equação 9)
𝑉á𝑔𝑢𝑎 +𝑉𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜
S0: é a superfície das partículas por unidade de volume, que se consideradas esféricas será S0 = 6/Dp
(onde Dp é o diâmetro da partícula).
Ao término do experimento, uma certa quantidade da torta foi coletada, ainda úmida, foi pesada. Após
a secagem da amostra coletada, obtivemos um novo valor para a massa da torta. Valores apresentados
na Tabela 4.
Tabela 4: Valores obtidos para a massa da torta
𝑚𝑠𝑒𝑐𝑎
𝑉𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜 = (equação 10)
𝜌𝑠
1 𝑥 1−𝑥
=𝜌 +𝜌 (equação 11)
𝜌𝑠 𝐶𝑎𝐶𝑂3 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎 𝑖𝑛𝑓𝑢𝑠ó𝑟𝑖𝑜
Logo, 𝜌s = 2,701 g/cm3 e, consequentemente V sólido = 5,26 cm3. Para o cálculo do volume da água, a
seguinte relação foi utilizada:
𝜀 =0,7514
6
S0 = 𝐷 (Equação 13)
𝑝
Onde o diâmetro médio das partículas, Dp, é calculo a partir da média ponderada do diâmetro da terra
de infusório (3,24 µm) e do carbonato de cálcio (0,77 µm):
𝑚𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎 𝑚𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜
𝐷𝑝 = × 𝐷𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎 + × 𝐷𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 14)
(𝑚𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜 + 𝑚𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎 ) (𝑚𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑎𝑡𝑜 + 𝑚𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎 )
0,5 kg 1,0 kg
𝐷𝑝 = × 3,24 µm + × 0,77 µm
(1,0 + 0,5) 𝑘𝑔 (1,0 + 0,5) 𝑘𝑔
Dp = 1,59 µm = 1,59x10-6 m
Logo, o valor de S0 é:
6
S0 = 1,59x10−6 m = 3773584,91 m-1
𝛼𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 − 𝛼𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜
𝐸𝑟,% = x100%
𝛼𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜
O erro entre o 𝛼teórico e o 𝛼experimental foi igual à 1392,9 %. Comparado o valor esperado (teórico) e o
valor real, encontrados para 𝛼, nota-se um erro bastante elevado. Era de se esperar que obtivéssemos um erro
relativamente alto, visto que, foi definida geometria esférica para as partículas, bem como, torta
incompressível.
5.0 Conclusão
Dos aspectos que eram esperados ao decorrer da prática, é importante destacar, que, à medida
que a filtração ocorre a vazão no filtro diminui. Isso pode ser justificado pelo acúmulo de torta que
está sendo formada, o que aumenta a resistência e dificulta a passagem do fluido.