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P pisrorsa Da CaiTiCa DE ARTE 18 valistas mas também ao homem comum. Trabalhou-se 6 aos especialis no sentido de descobrir e publicar os dados tanto, se nd ma ob hi Bis relativos as obras de arte ¢ aos artistas, de modo que, tam- istdricos rela mrss neste campo, o progresso foi bastante grande. O niimero de docu. tox eo earictercaético da sua publicagao tornam 0 seu completo , dificil ao estudioso isolado; acontece até vérios conhecimento as estudiosos anunciarem sucessivamente a mesma «descoberta», por- {que mutuamente se desconhecem. Inconvenientes inevitdveis e, em si mesmos, naio muito graves. Um indice bem feito e actualizado de tudo «6 que se publicou nas revistas de arte permitiré remediar tais incon- venientes. Alids, a prova de que jé se chegou a uma certa unidade no que diz respeito & publicagao de materiais graficos e documentais nos dada pelos catélogos cumulativos da obra de um tinico artista, Por todo o lado, ou quase, na Europa como na América, 0 autor de uma monografia elabora igualmente o catélogo cumulativo das obras de um artista. £ jé um resultado importante, que convém sublinhar. ‘Sabe-se, porém, que a hist6ria da arte, embora englobe os caté- Jogos cumulativos, nao se limita a eles. Para a difusio dos factos assimilados, para a explicag’io dos documentos que servem de base & pesquisa, foi necessério o trabalho dos historiadores de arte, trabalho notdyel e louvavel. Compreende-se que, levados pela necessidade de recolher, de enriquecer ¢ aperfeigoar o material reunido, eles se tenham deixado absorver por esse trabalho basico e nao tenham pen- sado em mais nada. Se, depois de termos admirado o trabalho de publicag’o do mate- rial artistico e documental, quisermos tomar contacto com as ideias directrizes da hist6ria de arte actual, com os valores espirituais que ela representa, com as relagdes que estabelece com a filosofia, a historia ea literatura, apercebemo-nos logo de que a unidade nao existe, de que a anarquia impera. A hist6ria da arte assume aspectos diferentes nos diversos paises, como se vivesse em compartimentos estanques. Um inglés que se debruce sobre Giorgione Ié os documentos que S® descobriram sobre este artista, todos os argumentos que se invocam a favor da atribuigao da sua autoria a esta ou aquela obra, mesmo ue esses documentos tenham sido publicados em italiano, alem#o ou francés. Mas se um italiano expuser determinadas teorias criticas ue Possam servir para formular uma apreciagio de Giorgione ¢ de muitos outros mestres, podemos estar certos de que o dito inglés nunca as lerd. Bem entendido que o contrério é igualmente verdade, Todos, ou quase todos, os escritores de arte do continente leram 0s livros de Berenson ou de Hill, mas quem leu as Speculation de Hulme (1924)? Alids, dentro dos proprios paises se observa também um fendmeno semelhante. O modo como se ensina a historia da arte €m duas universidades pode dar a impressao de se estar a ensinar duas disciplinas diferentes. De onde vem entao esta total auséncia de unidade, este caos metodolégico que se encontra na historia da arte que ultrapasse o simples trabalho museografico? A resposta é facil: 0 progresso alcancado na publicagio dos documentos e no seu comentitio filolégico desaparece quando se trata de exprimir um juézo Sobre uma obra de arte ou um artista. E, 0 que € piot, nem sequer Muitas vezes existe a consciéncia de que esse juizo € necessério. Mais: a verdadeira causa da falta de progresso & precisamente esta falta de consciéneia, porque, salvo erro, a primeira condigéo para obter progresso é desejé-lo. Se dissermos a um professor de historia da arte que as suas licdes sio totalmente desprovidas de juizos, ofender-se-4. Mas se the per- guntarmos quais os critérios dos seus juizos, responder-nos- que se limita aos factos, que a arte se sente ou nao se sente, ou improvisaré qualquer esquema utilizado como diapasio de apreciagao: por exem- plo, a perfei¢ao da arte classica, o respeito pela realidade, o valor decorativo, a perfeicao técnica, o predominio da forma e por af fora. Se confrontarmos em seguida a solidez. destas ideias com a preciso dos factos que expde, aperceber-nos-emos de que a sua cultura, irre- Preensfvel em tudo o que se refere & documentagio factual, se opée uma discreta ignorancia de tudo 0 que se refere as ideias. B evidente que tal condicdo no existe sem as suas razdes, Com efeito, é preciso recuarmos até ao inicio do século xix para encon- trarmos um especial florescimento de todas as disciplinas histéricas, fomentado pela filosofia idealista. Aqueles que, na base do conceito idealista de desenvolvimento, se dedicaram a descobrir os factos his- toricos, acabaram, por um lado, por interessar-se tao exclusivamente pela verificagdo dos factos que esqueceram pelo caminho as ideias de

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