Você está na página 1de 55

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO EM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

O COMPROMETIMENTO E A AFETIVIDADE NA DIFICULDADE DE


APRENDIZAGEM

por

Maria da Conceição Machado da Silva

Maria Lúcia Rodrigues de Lira

Rio de Janeiro

2011.1
1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO EM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

O COMPROMETIMENTO E A AFETIVIDADE NA DIFICULDADE DE


APRENDIZAGEM

Trabalho acadêmico apresentado ao


Curso de Pedagogia da UERJ, como
parte dos requisitos para obtenção do
Curso de Pós Graduação de ???

Por:

Maria da Conceição Machado da Silva

Maria Lúcia Rodrigues de Lira

Professor-Orientador:

Henriete

Rio de Janeiro

2011

2
DEDICATÓRIA
Aluna: Maria da Conceição Machado da Silva

Por primazia, dedico este trabalho acadêmico a Deus que me deu forças

para começar, desenvolver e finalizar tal trabalho;

Ao meu marido José Maria, por acompanhar a elaboração e estar

diuturnamente na torcida;

Aos meus filhos Letícia, Bruno e Felipe José, por também terem dado suas

importantes parcelas de ajuda neste TCC e por terem me suportado nos dias de

elaboração.

Aluna: Maria Lúcia Rodrigues de Lira

Dedico este trabalho a Deus pela oportunidade da vida;

A minha mãe Ruth e minha tia e madrinha Lucia por cuidarem tanto de

mim; as minhas irmãs Ruth e Irene e meu sobrinho José Vitor por terem me

aturado durante todo o curso ouvindo meus relatos entusiasmados;

Aos meus queridos mestres por sua doação de conhecimento e

experiências, criando um divisor de águas na minha prática docente: antes e

depois deste curso.

3
RESUMO

SILVA. Maria da Conceição Machado Da e LIRA. Maria Lúcia Rodrigues De. O


COMPROMETIMENTO E A AFETIVIDADE NA DIFICULDADE DA
APRENDIZAGEM Orientador: Profª. Henriete. Rio de Janeiro: UERJ, 2011. 55
páginas. Monografia. (PÓS- GRADUAÇÃO EM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM)

Esta pesquisa tem como objetivo principal o estudo de como o comprometimento


dos educadores e a influência da afetividade podem contribuir para a relação
professor-aluno com dificuldade de aprendizagem, visto que ao finalizar o
processo de identificação do aluno com dificuldade de aprendizagem por uma
equipe multidisciplinar, o professor se depara com um sujeito complexo, cujas
dificuldades e habilidades se configuram e estabelecem relações de forma
particular e única, necessitando de alto grau de comprometimento e afetividade
do professor, para que as dificuldades sejam sanadas ou minimizadas e as
habilidades desenvolvidas em sua plenitude.

Palavras-chave: Dificuldade de Aprendizagem. Comprometimento. Afetividade

4
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................07

CAPÍTULO 1 – DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM.......................................08

1.1 Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH ...........................10

1.2 Distúrbios que interferem na aprendizagem ...................................................11

1.3 Atuação do Especialista em Dificuldades de Aprendizagem ..........................15

CAPÍTULO 2 – ESPECIALIZAÇÃO EM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM:

PREVENÇÃO, REEDUCAÇÃO E A PSICOPEDAGOGIA NO PROCESSO

EDUCACIONAL.....................................................................................................18

CAPÍTULO 3 – HENRY WALLON E A AFETIVIDADE........................................23

3.1 Wallon e os estágios de desenvolvimento da criança.....................................26

CAPÍTULO 4 – O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E SOCIAL DA CRIANÇA

E A AFETIVIDADE ...............................................................................................32

4.1 Os primeiros anos de vida da criança e a importância do meio social............35

CAPÍTULO 5 – ENVOLVIMENTO X COMPROMETIMENTO..............................42

5.1 Envolvimento ...................................................................................................42

5.2 Comprometimento............................................................................................43

5.3 Auto-estima......................................................................................................45

5.4 Empatia............................................................................................................46

5.5 Afetividade.......................................................................................................48

5
5.6 Transparência..................................................................................................49

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................53

6
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade refletir sobre a importância do

comprometimento dos profissionais da educação apontando a afetividade como

propulsora do desenvolvimento do aluno em sala de aula, fazendo com que o

mesmo adquira a habilidade de expressar suas emoções, facilitando assim seu

desenvolvimento cognitivo, sua interação com o meio social no qual vive e sua

relação com o professor. É necessário destacar que para um professor

comprometido e afetivo é possível alcançar uma relação importante à troca de

conhecimentos entre professor e aluno.

A tarefa do professor não é só transmitir os conteúdos educacionais, é

preciso que o mesmo vá além dos modos tradicionais de ensino. O educador

precisa estar atento as dificuldades que o aluno possa ter, desde as dificuldades

físicas às dificuldades intelectuais, indo até mesmo tratar sobre as dificuldades

que o aluno possa estar passando dentro do seu lar ou no meio social.

O professor comprometido entende que é essencial para o entendimento

da manifestação da afetividade em sala de aula, saber ouvir o aluno, não

menosprezá-lo, ter uma relação de confiança com os educandos, levar em conta

as limitações que o aluno possa ter. É preciso que o educador nunca esqueça

que ele está lidando continuamente com as emoções de outro indivíduo.

No decorrer deste trabalho apresentaremos estudos de autores como:

Almeida (1999) e Oliveira (2007) onde encontraram em Henri Wallon o aporte

teórico para a afetividade onde discutem a importância da emoção no espaço

escolar, mostrando toda a importância da afetividade em sala de aula. E

buscamos em Fernandes (1991), Montoan (1997), Bossa (2000), Pain (2000) os

principais fatores que provocam Dificuldades de Aprendizagem (DA).

7
Encontramos em Cerqueira (2005) a abordagem dos valores culturais que

sustentam o comprometimento das pessoas como auto-estima, empatia e

afetividade.

CAPÍTULO 1

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

De acordo com o Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem –

National Joint Comittee on Learning Disabilities (NJCLD, 1997) – Estados Unidos

(EUA): a Dificuldade de Aprendizagem (DA) é um termo geral que se refere a um

grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades

significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, raciocínio ou habilidades

matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao indivíduo, supondo-se devido

à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital.

Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas

condutas de auto-regulação, percepção social e interação social. Mas não

constituem, por si próprias uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que as

dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras

condições incapacitantes, com influências extrínsecas, não são o resultado

dessas condições ou influências.

Fernandes (1991), Mantoan (1997), Bossa (2000), Pain (2000)

concordam que os principais fatores que provocam Dificuldades de Aprendizagem

(DA) são:

a) Orgânicos: incluem questões genéticas, fatores pré, Peri ou pós-

natais que, por sua vez, seriam responsáveis por distúrbios no

8
sistema nervoso central, saúde física deficiente ou alimentação

inadequada.

b) Psicológicos: inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à

realidade, sentimento generalizado de rejeição.

c) Ambientais: a dinâmica familiar, o grau de estimulação que o aluno

recebe desde os primeiros dias de vida na família e, depois, na

escola, a influência dos meios de comunicação.

No entanto, além destes fatores acima citados outro fator externo que

potencializa a dificuldade de aprendizagem de alguns alunos é a atuação didática

de alguns professores e o relacionamento familiar. Escola e família têm que andar

juntos para conseguirem resolver ou pelo menos amenizar os problemas de

aprendizagem do aluno. Fernandez (2001) assinala que experiências

psicopedagógicas demonstram que a modalidade de aprendizagem de um aluno,

bem como seus modos de responder e estudar na escola, não são conseqüências

de características de organismo, mas efeito de muitos fatores e,

fundamentalmente, efeito da modalidade de ensino dos professores.

Nesse sentido a psicopedagogia, reconhece que a dificuldade de

aprendizagem é um sintoma que surge a partir da “dinâmica de relações entre o

sujeito e o meio familiar e social em que vive” (Escott, 2004, p66), podendo

também ser explicada pela inadaptação da prática escolar às necessidades do

aluno, ou seja, os chamados processos reativos.

Quanto às dificuldades mais comuns, destacam-se os transtornos e

distúrbios conforme se descreve a seguir.

9
1.1 - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH

O TDAH ou a Síndrome de Déficit de Atenção tem causas

relacionadas a problemas de gravidez e do parto. Para Gonçalves (1999),

complicações perinatais, ingestão de álcool e utilização de drogas durante a

gravidez, infecção do Sistema Nervoso Central na primeira infância, efeitos

colaterais de certas medicações, também predispõem a Déficits de Atenção,

assim como, causas ambientais, desvantagem social, famílias numerosas e

superlotação também já foram apontadas. A sua origem é genética e seus

portadores apresentam uma taxa menor de dopamina, um neurotransmissor

responsável pelo controle motor e atenção, tendo como consequência a falta de

concentração, característica primordial do hiperativo, e o esquecimento daquilo

que lhe é pedido. Chega a atingir de 3 a 5% da população escolar infantil,

provocando baixo rendimento escolar, baixa auto-estima e dificultando os

relacionamentos entre os colegas.

A principal característica do aluno hiperativo é apresentar

incoordenação motora. O sintoma se confunde facilmente com indisciplina.

Possui dificuldade para andar de bicicletas, patins, pular cordas, subir em árvores,

abotoar roupas, amarrar sapatos, fazer recortes com tesoura, arremessar bola

etc.

Conforme Golfeto (1992), o aluno hiperativo apresenta dificuldade em

distinguir direita de esquerda, alterações de memória visual e auditiva, em

orientar-se no espaço, fazer discriminações auditivas, em elaborar sínteses

auditivas, além de possuir má estruturação do esquema corporal.

Geralmente, na escola um imperativo é considerado, sem diagnóstico

especialista, um aluno problema, reconhecido pelo professor como indisciplinado,

10
desatencioso, que não se concentra, não termina as tarefas. Por não conseguir

terminar suas tarefas, não parar quieto na sala, mexer com todo mundo

atrapalhando a aula. Este aluno tende a se sentir incompreendido, inconseqüente

e provavelmente de baixa estima.

O hiperativo normalmente é rejeitado pela sociedade e pela escola,

lugar que deveria aprender e desenvolver seu potencial. seu comportamento

inadequado prejudica a concentração dos colegas que passa a excluí-lo. Esta

exclusão pode levar o indivíduo a desenvolver problemas psicológicos podendo

tornar-se introvertido ou agressivo, exibicionista e com baixa estima. Se não for

ajudado, quando adolescente pode desenvolver comportamentos de riscos, tais

como vícios e marginalidade.

Além do TDAH , outros distúrbios interferem na aprendizagem: distúrbio de

memória auditiva, distúrbios de leitura (dislexia), distúrbios de escrita (disgrafia),

distúrbios de matemática (discalculia).

1.2 - Distúrbios que interferem na aprendizagem

A causa do fracasso escolar pode ser realmente do aluno e trata-se de um

distúrbio e não de preguiça, de desinteresse, de desmotivação para estudar como

pensam muitos pais e professores. Em geral, a dificuldade em aprender pode ter

várias causas:

a) Distúrbios de memória auditiva

Segundo Pereira (1999), a disfunção auditiva central ou desordem do

processamento auditivo central é um distúrbio da audição em que há um

impedimento na habilidade de analisar e/ou interpretar padrões sonoros. A

avaliação audiológica do sistema nervoso auditivo central (SNAC) é altamente

11
complexo considerando que a anatomia e fisiologia deste sistema ainda não são

completamente compreendidas. Alguns sintomas são detectados no ambiente

escolar:

- O aluno não consegue ouvir os enunciados que lhe são passados

oralmente, sendo assim, não conseguem guardar os fatos, isto lhe incapacitaria

para resolver os problemas matemáticos.

- Problemas de reorganização auditiva: o aluno reconhece o número

quando ouve, mas tem dificuldade de lembrar-se do número com rapidez.

b) Distúrbios de leitura

A dislexia, segundo Jean Dubois ET AL. (1993, p.197), é um defeito de

aprendizagem da leitura caracterizado por dificuldades na correspondência entre

símbolos gráficos, às vezes mal reconhecidos, e fonemas, muitas vezes, mal

identificados.

Os disléxicos e outros alunos com distúrbios de leitura apresentam

dificuldade em ler o enunciado do problema, mas podem fazer cálculos quando o

problema é lido em voz alta. É bom lembrar que os disléxicos podem ser

excelentes matemáticos, tendo habilidade de visualização em três dimensões,

que as ajudam a assimilar conceitos, podendo resolver cálculos mentalmente

mesmo sem decompor o cálculo. Podem apresentar dificuldade na leitura do

problema, mas não na interpretação.

- Dificuldade de percepção visual: o aluno pode trocar 6 por 9, ou 3 por

8 ou 2 por 5 por exemplo. Por não conseguirem se lembrar da aparência elas tem

dificuldade em realizar cálculos.

c) Distúrbios de escrita

[...] eu digo escrita entendendo que não falo somente de produção de marcas gráficas
por parte das crianças; também falo de interpretação dessas marcas gráficas. [...] algo

12
que também supõe conhecimento acerca deste objeto tão complexo – a língua escrita
- , que se apresenta em uma multiplicidade de usos sociais (Ferreiro,
1992, p.79).

A disgrafia é também chamada de letra feia. Alunos com disgrafia tem

dificuldade de escrever letras e números. Ver a figura gráfica e interpreta, mas

não consegue concluir os movimentos tornando a letra ilegível. Não possui

coordenação e organização espacial para escrever entre linhas. Tem o traçado

muito forte e irregular deixando marcas no papel.

Há dois tipos de disgrafia:

- Disgrafia motora (discaligrafia): a criança consegue falar e ler, mas

encontra dificuldades na coordenação motora fina para escrever as letras,

palavras e números, ou seja, vê a figura gráfica, mas não consegue fazer

movimentos para escrever.

- Disgrafia perceptiva: não consegue fazer relação entre o sistema

simbólico e as grafias que apresentam os sons, as palavras e frases. Possui as

características da dislexia sendo que esta associada à leitura e a disgrafia está

associada à escrita.

d) Discalculia

Conforme Araújo (2006, p23) “ A palavra discalculia vem do grego (dis,

mal) e do latim (calculare, contar) formando: contando mal”. Essa palavra por

calculare vem, por sua vez, de cálculo, que significa o seixo ou um dos

contadores em um ábaco”.

Carraher (2002, p.72) afirma que:

Vários estudos sobre o desenvolvimento da criança mostram que


termos quantitativos como “mais”, “menos”, “maior”, “menor”
etc. são adquiridos gradativamente e, de

13
inicio, são utilizados apenas no sentido absoluto de “ o que tem mais”,
“o que é maior” e não no sentido relativo de “ter mais que’ ou “ser maior
que”. A compreensão dessas expressões como indicando uma relação
ou uma comparação entre duas coisas parece depender da aquisição
da capacidade de usar da lógica que é adquirida no estágio das
operações concretas”... “O problema passa então a ser algo sem
sentido e a solução, ao invés de ser procurada através do uso da lógica,
torna-se uma questão de adivinhação.

A discalculia é um dos transtornos de aprendizagem que causa a

dificuldade na matemática. Impede o aluno de compreender os processos

matemáticos. Este transtorno não é causado por deficiência mental, nem por

déficits visuais ou auditivos, nem por má escolarização, por isso é importante não

confundir a discalculia com os fatores citados acima. De acordo com Belleboni

(apud Garcia, 1998), a discalculia é uma dificuldade de aprendizagem evolutiva,

que não causa lesão e que não é causada por nenhuma deficiência mental,

déficits auditivos e nem pela má escolarização.

O portador de discalculia comete erros diversos na solução de problemas

verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades computacionais, na

compreensão de números .

Os erros provocados por estes distúrbios desestimulam a vontade de

aprender, comprometem a estima do aluno e, interferem na aprendizagem dos

conteúdos escolares.

Erros de percepção, tanto visual como auditiva: fundamentalmente estão

baseados numa dificuldade para memorizar os esquemas gráficos ou para

discriminar qualitativamente os fonemas. Falhas de atenção: se esta é instável ou

frágil, não permite a fixação dos grafemas ou dos fonemas corretamente. Uma

aprendizagem incorreta da leitura e da escrita, especialmente na fase de

iniciação, pode originar lacunas de base com a consequente insegurança para

14
escrever. Igualmente, numa etapa posterior, a aprendizagem deficiente de

normas gramaticais pode levar à realização de erros ortográficos que não se

produziriam se não existissem lacunas no conhecimento gramatical da língua.

1.3 - Atuação do Especialista em Dificuldades de Aprendizagem

Padilha (2001) afirma que “a crença na necessidade de crianças sanarem

suas dificuldades escolares em uma instituição fora da escola parte do

pressuposto de que a escola consegue desempenhar seu papel de ensinar

somente a quem ‘pode’ aprender, ou seja, a quem aprende sem dificuldade o que

ela propõe, da forma como propõe”.

Os problemas de aprendizagem podem ter causas bastante simples

quando percebidas e tratadas preventivamente, porém complexas para um

diagnóstico psicopedagógico preciso. Os estímulos de intervenção

psicopedagógica são baseados em jogos e atividades lúdicas, bastante

diversificadas podem contribuir para elevar auto-estima do aluno, valorizando

suas atividades sociais, descobrindo qual o seu processo de aprendizagem

através de instrumentos que ajudarão em seu entendimento. Segundo Fernandes

(2001), os jogos, com estímulos naturais de mediação psicopedagógica, irão

ajudar na seriação, classificação, habilidades psicomotoras, habilidades

espaciais, contagem.

Como por exemplo, as atividades do tangram e do mosaico estimulam as

habilidades e operações mentais necessárias para correção de dislexia e

discalculia. Como também as atividades do gênero: jogo da memória, caça

palavras, quebra cabeça, liga pontos que promovem a concentração e

15
desenvolvem a criatividade individual favorecendo a diminuição e a exclusão das

disfunções cognitivas.

O uso do computador é um instrumento de construção e desenvolvimento

da aprendizagem, por se tratar de objeto de interesse do aluno e ser um

instrumento de mediação para a descoberta de inúmeras possibilidades de

aprendizagem, despertar o potencial, a autonomia e a criatividade do aluno.

Em caráter complementar, uma equipe multidisciplinar capacitada poderá

se responsabilizar pelos estímulos através da psicopedagogia clinica abordando

um tratamento individualizado e personalizado para o aluno. É indicado a

realização de anamnese para indicações de outras áreas do conhecimento.

Como por exemplo: um psicólogo para tratar traumas relacionais, um neurologista

que irá confirmar um diagnóstico, através de exames apropriados. Um

neuropsicólogo também é importante para detectar as áreas do cérebro afetadas

e relacionar com os fatores psicossociais.

A psicopedagogia, hoje, é entendida num contexto de


interdisciplinaridade, sem, contudo, perder de vista que “Os diferentes
níveis de Realidade são acessíveis ao conhecimento humano graças à
existência de diferentes níveis de percepção, que se acham em
correspondência biunívoca com níveis de realidade [...] sem jamais
esgotá-la completamente (Rubinstein, 1996, p.23).

Com isso, a psicopedagogia tem um importante papel nas dificuldades de

aprendizagem (mais frequentes) que foram citadas neste capítulo. É atuante no

processo de aprendizagem do aluno, identificando as reais dificuldades,

transtornos individuais, analisando as causas e conseqüências, fazendo os

encaminhamentos necessários para o tratamento e a prevenção das disfunções

cognitivas.

16
O assunto que será tratado no próximo capitulo é a intervenção

psicopedagógica institucional como construção de uma identidade escolar própria,

a partir da articulação relacional dentro do contexto escolar (gestores,

professores, alunos e funcionários), entre os métodos didáticos e os alunos, entre

a escola e a família e, entre alunos e a família.

CAPÍTULO 2

A ESPECIALIZAÇÃO EM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM:

PREVENÇÃO, REEDUCAÇÃO E A PSICOPEDAGOGIA NO PROCESSO

EDUCACIONAL

17
A Psicopedagogia e a especialização em Dificuldades de Aprendizagem

Prevenção e Reeducação , com a proposta de perceber o indivíduo como ator de

um processo, no qual tudo e todos a sua volta estão envolvidos, ajuda o professor

a perceber esse aluno e lançar a ele um olhar investigativo, com o intuito de

descobrir suas necessidades, para assim auxiliá-lo na superação das dificuldades

de aprendizagem e, principalmente na prevenção das mesmas. A ação do

psicopedagogo e do especialista em DA na escola oportuniza um espaço de

reflexões, onde o professor poderá através de diálogos e estudos com o

psicopedagogo e com o especialista em DA, repensar e adequar sua prática de

maneira a suprir as necessidades coletivas e individuais dos alunos. Com esse

olhar psicopedagógico , é possível perceber as necessidades de cada aluno, além

de perceber a escola como um todo, incluindo todos os participantes dessa escola

como atuantes nas construções do desenvolvimento cognitivo dos alunos.

A psicopedagogia e a especialização em DA surge de uma necessidade

de entender e solucionar as dificuldades de aprendizagem, que eram vistas

antigamente pela sociedade escolar e familiar como uma espécie de doença.

Durante muito tempo, o aluno que tivesse alguma dificuldade de aprendizagem

não era respeitado em seu processo de construção do conhecimento, sofrendo

preconceitos e, muitas vezes, sendo encaminhada para escolas especais.

Buscando modificar essa realidade “a Psicopedagogia surgiu na fronteira entre a

Pedagogia e a Psicologia, a partir das necessidades de atendimento de crianças

com ‘distúrbios de aprendizagem’, consideradas inaptas dentro do sistema

educacional convencional” (Kiguel apud Bossa, 2000, p.18).

Segundo Fernández (1991), por meio da hora do jogo, estabelecida pelos

psicopedagogos na prática clínica, é permitido a observação da aprendizagem,

18
possibilitando: a observação do processo de construção do símbolo e os

processos de assimilação; acomodação; equilibração; diagnóstico de alguns

processos que podem ter levado à instalação de alguma patologia do aprendente;

verificação da capacidade da criança para construção do mundo simbólico.

O que diferencia a psicopedagogia clínica da psicopedagogia

organizacional ou institucional é que a primeira tem uma ação com análise

corretiva e individualizada, enquanto na instituição a análise se torna preventiva e

coletiva. Vale salientar que nas duas situações a psicopedagogia colabora de

maneira proveitosa para estabelecer canais de comunicação entre a família e a

escola, deixando o aluno apto a perceber as regras sociais.

Os alunos aprendem através da relação, das trocas que estabelecem com

os outros e com os objetos do conhecimento, sendo a mediação do professor

fundamental para que a aprendizagem ocorra e para que avance em suas

hipóteses e forma de conhecer o mundo. Eles precisam estabelecer um bom

vínculo, sendo considerado para isto seu desenvolvimento afetivo, cognitivo,

social, através de desafios adequados ao contexto. Todas as aprendizagens dos

alunos, nesta fase partem de experiências corporais e afetivas, tendo o jogo, um

papel crucial no desenvolvimento humano. Piaget (apud Kamii, 1992) afirma que

para que o aluno construa algum conhecimento, é necessário que este tenha

significado para ele. Pain (apud Parente, 2000, p.19) afirma: “temos que tornar o

terreno o mais fértil possível a partir de sensações corporais e afetivas”, ou seja,

tem que significar as aprendizagens do aluno, como também respeitar a sua

individualidade, tem que propor atividades que eles necessitem e que dêem

conta, tem que observá-las perceber o que ela necessita e tentar suprir essas

19
necessidades, sem esquecer que ela aprende com as outras crianças também,

por isso o social e o biológico têm que andar juntos.

A Psicopedagogia, tendo uma preocupação especial com a prevenção

das dificuldades de aprendizagem, preocupa-se em conhecer o sujeito como um

ser único, embora complexo, pois segundo Bossa (2000, p.90) “cada sujeito tem

umas histórias pessoais, das quais fazem parte várias histórias: a familiar, a

escolar e outras as quais, articuladas, condicionam-se mutuamente.” A partir

deste conhecimento da cultura e história do aluno, o professor e o

psicopedagogo, juntamente com outros profissionais envolvidos no processo de

ensino e aprendizagem, como o diretor, o supervisor e o orientador, construirão

uma prática pedagógica que contribua para as construções de aprendizagem

daquele aluno, ou daquele grupo. Escott (2004, p.71) afirma que “a

Psicopedagogia Institucional, insere-se neste contexto como a possibilidade de

construção de um espaço de trocas e reflexão teórico-prática.”

A aprendizagem também é dificultada devido a fatores internos ou

familiares, aparecendo como sintoma de algum conflito individual ou no

relacionamento familiar ou uma inibição, na qual o sujeito não consegue nem

sequer aproximar-se do objeto de conhecimento, ou fatores externos ao sujeito

aparecendo como um processo reativo à instituição escolar (passividade,

indisciplina). Segundo Pain (1985) há duas condições que possibilitam a

aprendizagem, as externas que indicam o ambiente que este aluno está inserido e

as internas que estão relacionadas com a subjetividade do sujeito. É necessário

que o professor tenha um olhar crítico e investigativo em relação aos seus alunos,

percebendo cada sujeito como individual e fruto de uma história que contribui para

a construção de seus vínculos, significados e constituição da modalidade de

20
aprendizagem. Desta forma, se faz necessário perceber que cada grupo de

alunos constitui uma identidade, um conjunto de sujeitos diferentes que

constituem uma outra história e uma modalidade de interações, de significados e

relações de aprendizagem.

CAPÍTULO 3

HENRI WALLON E A AFETIVIDADE

21
Wallon (apud ALMEIDA, 1999) demonstrou em seus trabalhos, toda a

importância da afetividade na educação da criança, vindo definir a mesma como

teoria da emoção e do caráter, pois para ele, a afetividade tem um papel

importantíssimo no processo de desenvolvimento da personalidade.

A afetividade é uma das primeiras etapas no desenvolvimento da criança,

desenvolvendo-se antes mesmo que a inteligência, valendo citar que o recém

nascido mantém-se durante certo tempo voltado somente a si mesmo, para

consequentemente encarar o mundo à sua volta como se estivesse em transe,

desenvolvendo certas habilidades para posteriormente conseguir se expressar no

mundo que o cerca.

Conseguimos perceber facilmente nas crianças que ainda não se

comunicam pela fala,a tentativa de manter uma relação com as pessoas próximas

através de movimentos e gestos, esta é a maneira que ela encontra para

demonstrar seus significados afetivos, que no começo são apenas expressões

das necessidades alimentares e do humor. Todos os simples gestos gerados

pelas pequenas crianças incluindo as que ainda se encontram no pré-natal são

carregados de afetos e é justamente essa falta de desenvolvimento dos seus

centros nervosos, que faz com que a afetividade seja desenvolvida precocemente

mais rápida que a inteligência a à medida que forem se formando, fará com que a

criança se comporte diferente no meio ao qual vive e sendo estes gestos afetivos

a expressão das emoções dos pequeninos.(ALMEIDA, 1999).

De acordo com os estudos de Almeida (1999), o comportamento da

criança vai se modificando graças a sua evolução motora, em que a mesma

começa a demonstrar expressões corporais um pouco mais complexas com o seu

meio, como se fosse um número de mímica. Com o passar do tempo, a criança

22
vai desenvolvendo sua comunicação através da linguagem, em que a palavra tem

cada vez mais sentido, substituindo em muitas ocasiões a sensibilidade corporal

pela sensibilidade oral e moral e aos poucos, a comunicação verbal vai se

solidificando e se tornando mais útil para a criança.

Nos primeiros momentos de evolução dos gestos afetivos da criança, que

anda se encontra mamando no peito, nos deparamos com gestos mais

diversificados, dentre eles o impulso de raiva, o medo e a alegria. Essas são

reações que a criança começa a apresentar não com o intuito de necessidade,

mas com a finalidade de se expressar emocionalmente, vemos assim as primeiras

reações que a criança começa a apresentar ao mundo social. (ALMEIDA, 1999)

A teoria walloriana defende que a afetividade é ponto inicial do

desenvolvimento do ser humano, afirmando que a relação afetiva é iniciada numa

relação chamada simbiose alimentar, que é a relação que existe no início da vida

do feto, onde o mesmo necessita fisiológicamente da mãe para sobreviver através

de seu organismo e logo após esse período encontramos a simbiose afetiva,

girando em torno dos três meses de vida do recém nascido, que é quando o bebê

demonstra com sorrisos e demais gestos, a satisfação e sinais de contentamento.

(ALMEIDA, 1999)

Neste período, a família começará a dar um rumo à vida da criança, pois o

meio social é constitutivo do comportamento futuro que esta criança apresentará,

deste modo, o meio social tem influência marcante na construção da identidade

do indivíduo, em que o mesmo irá realizar conquistas afetivas que irão constituir a

sua personalidade, notando que o mesmo terá suas próprias particularidades e

ainda assim, fará parte de um todo, uma sociedade.

23
Inicialmente, vamos ver que o bebê encontra-se submetido a expressar-se

somente por suas necessidades básicas no início da vida, mas pouco a pouco,

conforme ele vai se desenvolvendo, começa a perceber sua interação com o

mundo a sua volta.

Segundo Wallon (apud ALMEIDA 1999) é a afetividade que dá alicerce à

relação entre a mãe e o recém nascido, na qual o mesmo irá expressar

inicialmente suas necessidades alimentares. Para tal feito, o bebê expressa sua

indisposição ou bem estar e em muitos casos dá a impressão ser prazeroso

essas primeiras expressões apresentadas.

Na opinião de Wallon, a maturação funcional e as condições das


relações da criança com o meio são o que caracteriza um estágio.
O que torna possível o estágio emocional é o amadurecimento
dos centros nervosos, como sistema opto-estriado. Quanto às
condições externas, é exatamente neste período que o outro
interpreta as explosões emotivas do bebê, transformando os
meros gestos em meios de expressão com o mundo.(ALMEIDA,
1999, p.47-48)

A partir daí, notamos que a afetividade vai se manifestando de diferentes

formas, conforme a evolução maturacional e social da criança, em que nos

deparamos com as interações da criança e o seu meio. Quando a criança

encontra-se nos seus seis meses de idade, ela consegue se expressar de tal

maneira que começa haver uma interação muito maior com o meio do que antes,

quando apenas demonstrava simples gestos limitados à fome, cólicas ou sono.

Agora os seus gestos despertam mais atitudes e significados, podendo prever o

que o bebê está querendo e suas vontades.

Fica claro toda importância dos gestos apresentados pelo bebê, gestos

estes, carregados de afetividade que são a tentativa do mesmo de se comunicar

conosco, pois conforme vai se dando a formação da musculatura do bebê ele

começa a ter um controle do seu corpo, ele tenta através de movimentos simples,

24
expressar suas emoções. Quando o bebê está feliz, vemos claramente como ele

se movimenta, como se tentasse pular de alegria.

Segundo Wallon, (apud OLIVEIRA, 2007), quando uma mãe vê o bebê

erguendo a cabeça, movimentando também o tronco, tende a interpretar como um

pedido de passeio por parte do mesmo e conforme ela leva a criança pelo

ambiente, nota-se que a criança fica olhando atentamente ao seu redor, podendo

sorrir ou até mesmo chorar, exigindo da mãe novas reações.

Mais tarde, nos deparamos com o outro tipo de afetividade que atua

com as outras forças da criança, como a representação e o conhecimento, ou

seja, quando começa a entrar em ação o conflito entre razão e emoção.

Cada estágio de desenvolvimento da criança se faz com a

necessidade do desenvolvimento de várias capacidades que ainda estão

evoluindo. Wallon (apud ALMEIDA, 1999) afirma que quanto mais habilidade a

criança tiver na parte racional maior será o desenvolvimento da afetividade, no

qual o progresso das atitudes mentais alicerçará os sentimentos e a paixão.

No decorrer do processo de desenvolvimento da criança, a afetividade

se mostrará em diferentes níveis de relação, seja em consequência da

maturidade da criança ou das características sociais da idade, valendo lembrar

que as relações que definirão o crescimento interno da criança serão mais

complexas, quanto maior for à idade da criança.

Por exemplo, quando o indivíduo chega a adolescência, ocorre uma

fase de transformação que atinge principalmente o campo morar das relações

com outro indivíduo, com isso ele começa a questionar a si mesmo e se auto

avaliar, começa a entrar em conflito com o meio que o cerca e acaba

questionando os valores que lhe são impostos e suas relações sociais.

25
Num processo de querer se libertar, o adolescente acaba passando

por muitas transformações experimentando os mais variados sentimentos e

paixões. Wallon (apud ALMEIDA, 1999) descreve que a tentativa constante de se

conhecer acaba deixando-o desorientado, fazendo com que ele fique surpreso

diante das modificações corporais derivadas da maturação sexual. Além do mais,

o adolescente se sente meio perdido nos sentimentos que demonstra para o

próximo, ele pode ao mesmo tempo ser ambivalente, ou seja, sentir ódio e amor

perante a mesma pessoa, pode ser egoísta e ao mesmo tempo humanitário, ele

se encontra desequilibrado perante suas emoções.

Pode se imaginar que a afetividade tende a modificar a parte moral do

indivíduo fugindo das interferências que a racionalidade é capaz de produzir, mas

Wallon (apud ALMEIDA, 1999) faz questão de destacar que o desenvolvimento

intelectual influencia a vida afetiva e vice-versa, afirmando que entre ambas,

existe a mesma evolução.

3.1 - Wallon e os estágios de desenvolvimento da criança

No decorrer do desenvolvimento humano temos a capacidade de

identificar a existência de várias etapas diferentes, caracterizadas por um grupo

de necessidades e de interesses. Etapas estas, que seguem uma ordem

essencial, em que é preciso que uma aconteça para o aparecimento da etapa

seguinte conforme descrito por ALMEIDA (1999).

Segundo os estágios de desenvolvimento propostos por Wallon (apud

ALMEIDA, 1999), vamos notar que a cada idade se estabelecerá um jeito

específico de relação entre a criança e seu ambiente. Todas as características do

lugar, os entes próximos, a língua e os seus próprios conhecimentos adquiridos

26
pela sua cultura constroem uma idéia de desenvolvimento. A idade na qual a

criança se encontra vai proporcionar uma interação maior com o seu meio,

visando sempre o seu desenvolvimento.

Com o decorrer do tempo, a criança vai expondo seus pontos de vista e

suas necessidades, logo, vamos observar que o meio não é algo estático, ele

também vai se modificando juntamente com a criança e a vontade da mesma.

Nesse sentido, a sua determinação em manter uma relação com o seu meio,

interagindo com o que ele oferece, vai propiciar um processo de desenvolvimento

muito relativo.

Wallon ( apud ALMEIDA, 1999) afirma que, os responsáveis pela sequência

encontrada nos estágios do desenvolvimento são os fatores orgânicos e os

fatores sociais, mas que eles não garantem um padrão no tempo de duração de

cada estágio e eles podem inclusive, serem alterados em relação aos modos de

vida do indivíduo perante o seu meio social. Por esta razão, a duração de cada

estágio é relativo em consequência das características pessoais e das

características do meio social à qual determinado indivíduo está inserido.

No início do desenvolvimento, o sistema biológico do indivíduo tem um

fator decisivo no amadurecimento do mesmo e a influência do meio social está

presente desde quando a criança se encontra aprendendo a andar.

É a cultura e a linguagem que fornecem ao pensamento os


instrumentos para sua evolução. O simples amadurecimento do
sistema nervoso não garante o desenvolvimento de habilidades
intelectuais mais complexas. Para que se desenvolvam, precisam
interagir com “alimento cultural”, isto é, linguagem e
conhecimento. (GALVÃO, 1995, p.41)

Vemos claramente toda a influência exercida pelo meio na constituição

da afetividade do indivíduo, valendo citar que não é possível especificar um limite

27
para o desenvolvimento da inteligência e da pessoa em si, isso é determinado

pelos recursos oferecidos pelo meio e uso que o indivíduo faz destes recursos,

sendo necessário ressaltar que as funções psíquicas podem continuar evoluindo

mesmo quando o corpo, organicamente falando, tenha adquirido a maturidade.

Outro tema importante a frisar é o ritmo que marcam estas etapas de

desenvolvimento por contínuas oscilações, em que cada estágio novo traz

significativas mudanças em relação ao estágio anterior, ocorrendo inclusive, a

permanência de significados de etapas passadas na nova que está se

sucedendo.

Wallon (apud ALMEIDA, 1999) defendia que a passagem de um

estágio para outro, não é apenas uma ampliação e sim uma reformulação, uma

reestruturação das idéias, ocorrendo diversas vezes, uma crise nos momentos de

transição entre os estágios mudando visivelmente o comportamento da criança.

O desenvolvimento infantil é cercado de conflitos resultantes da

comunicação da criança perante o seu ambiente, sendo os adultos e a cultura, os

responsáveis por este determinado tipo de conflito, ocorrendo também os conflitos

internos gerados pela evolução do corpo da criança.

A criança está constantemente exercitando o seu eu, pois quando

ocorre a mudança de um estágio ao outro, a mesma se encontra estável em

relação ao seu meio, por isso, ela precisa se readaptar com suas novas

habilidades e esse tempo de readaptação modifica, confunde as atitudes da

criança e para Wallon (apud ALMEIDA, 1999) são justamente esses conflitos que

excitam o desenvolvimento da criança.

Wallon (apud ALMEIDA, 1999) considera o desenvolvimento humano

como uma construção progressiva, indo por fases, pendendo em momentos ora

28
para o lado afetivo, ora para o lado cognitivo, tendo cada etapa um valor único,

um sentido próprio. Com isso vamos ver a criança se comportando, exercendo

uma atividade correspondendo com recursos que a criança possui no momento

para interagir com o mundo à sua volta.

Segundo os estudos de Wallon (apud ALMEIDA, 1999), a criança vive

intensamente o que ele denominou de estágios de desenvolvimento da

personalidade. Porem cada estágio tem uma relação direta com o qual o precede

e com aquele que o sucederá.

Na teoria Walloniana, o desenvolvimento é entendido como um


processo descontínuo, cujas características são a contradição e
os conflitos. Seus estágios não possuem limites nítidos;
sobrepõem-se, misturam-se, confundem-se. Cada estágio é
caracterizado pelo predomínio de um tipo de relação com o meio,
ao mesmo tempo em que representa um instante da evolução
mental.(NUNES, 2000, p.106)

Sendo assim, o primeiro estágio é o impulsivo-emocional, que se faz

no primeiro ano de vida, em que a emoção é fundamental para interação com o

meio social. A incapacidade do bebê de se expressar é contornada por sua

afetividade, por causa de suas limitações físicas e mentais, essa é a única forma

dele se comunicar com o mundo à sua volta, através de simples gestos corporais.

(ALMEIDA, 1999)

No segundo estágio que vai até o terceiro ano, encontramos o termo

sensório-motor e projetivo, em que vemos as atitudes da criança voltadas para

exploração motora do corpo e de reconhecer o mundo à sua volta. Com a

aquisição de movimentos um pouco mais firmes, consegue manipular objetos e se

relacionar melhor com o espaço que se encontra. Neste estágio, desenvolve-se

também a função simbólica e a linguagem. Já o termo projetivo, serve para

29
descrever o ato do funcionamento mental precisar da ajuda de gestos para chegar

ao mundo real. O desejo mental se realiza através dos atos corporais. No

estágio anterior era a afetividade que se mostrava sobressalente, já neste estágio

é a parte cognitiva que se mostra mais evidente. (ALMEIDA, 1999)

Encontramos após o segundo estágio, o estágio do personalismo, que

abrange dos três aos seis anos, a afetividade volta a ter uma força, maior, pois

neste estágio busca-se a formação da personalidade, a construção do eu, que é

realizada pelas interações com o meio social constituindo o interesse da criança.

(ALMEIDA, 1999)

Em seguida, após os seis anos, indo até os onze, nos deparamos com

o quarto estágio denominado categorial que traz avanços de suma importância no

campo da inteligência, graças à função simbólica e formação da personalidade

que teve início no estágio anterior.

Agora neste estágio, a atenção da criança está orientada para as

pessoas, para o mundo e para a conquista do conhecimento, ela está indo rumo à

adolescência. Na adolescência, a parte afetiva é modificada por causa da

puberdade, enfim, pelas modificações corporais causadas pelos hormônios, com

isso, vai se dando uma nova roupagem nas características da personalidade,

trazendo novamente uma reflexão pessoal, moral e de relação para com o meio.

(ALMEIDA, 1999)

O quinto e último estágio é o denominado predominância funcional.

Neste estágio, a busca é pela realização de atividades reais voltadas ao

conhecimento do mundo físico, com isso temos um maior enfoque na construção

do eu relacionado ao caráter afetivo, é somente através da elaboração do real

que o caráter intelectual irá se desenvolver. (ALMEIDA, 1999)

30
Iremos encontrar nesta troca de estágio para estágio, mudanças nas

formas das atividades afetivas e cognitivas. Cada fase tem um sentido e um

interesse específico da criança, na relação entre ela e o mundo.

A afetividade e a cognição trabalham em equilíbrio se desenvolvendo

numa espécie de parceria, construindo assim, um desenvolvimento pleno do

indivíduo, pois sempre quando uma assume a predominância num estágio, acaba

por incorporar o que a outra conquistou e vice-versa.

CAPÍTULO 4

O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E SOCIAL DA CRIANÇA E A

AFETIVIDADE

Para compreender mais afundo o termo afetividade, é preciso

entender também como se forma o desenvolvimento emocional e social da

criança. Segundo Piletti (1993), quando a criança nasce ela não traz consigo o

31
ato de amar, odiar, sentir raiva, medo, aproximar-se ou afastar-se das pessoas.

Esse tipo de sentimento se desenvolve conforme as suas experiências com

pessoas adultas em seus primeiros anos de vida.

O ato inicial do desenvolvimento das atitudes positivas ou negativas da

criança vai depender da interação com a mãe ou com seu responsável que toma

conta dela no seu primeiro ano de vida, por isso, se faz necessário destacar que

tudo o que é feito perto de uma criança a constituirá enquanto ser humano

singular.

Piletti (1993) afirmou que a criança por volta do quarto ou quinto mês

de vida já consegue diferenciar a pessoa que cuida dela e com isso não aceita

que qualquer um a tome no colo. A partir de um ano e três meses desenvolve a

afeição por crianças, por volta de um ano e quatro meses manifesta o ciúme e a

alegria e com um ano e dez meses manifesta grandes risadas. Esses

comportamentos emocionais aparecem conforme a maturação da criança, ou

seja, quando os processos internos dela se manifestam expondo o que ela está

sentindo naquele momento.

Agarrar-se à mãe, parar de chorar quando a vê, segui-la

engatinhando, são algumas das muitas demonstrações de afeto que uma criança

demonstra para com sua mãe ou responsável. A criança também tende a mudar

seus hábitos para entrar em equilíbrio com a mãe ou vice-versa, vemos

claramente a relação que se estabelece entre esses dois indivíduos, conforme

Barros (1998) descreveu, alicerçada, principalmente pelo afeto.

O autor diz também que a aprendizagem é muito importante no que se

refere a expressão de emoção e isso varia conforme a idade, em que notamos

que um adulto chora bem menos que uma criança. As expressões emocionais

32
variam muito dependendo dos costumes e a cultura em que o indivíduo foi

inserido, como exemplo, podemos observar que em nosso país os homens não

beijam uns aos outros para manifestar a amizade como fazem os homens na

Rússia, onde esse tipo de comportamento é natural.

Com efeito, o valor simbólico varia em grau e em intensidade, de


um povo para o outro, por causa da estimativa peculiar dada aos
instrumentos, às idéias, às crenças e aos demais valores através
dos quais a cultura se objetiva. (FERACINE, 1990, p.26)

Conforme Feracini (1990) descreveu acima, cada grupo social

determina seus significados conforme sua cultura, com isso fica claro entender o

porquê dos indivíduos manifestarem suas emoções e atitudes dependendo da

aprendizagem adquirida pelo mesmo quando criança em seu contexto familiar,

social e cultural.

Segundo Piletti (1993), a criança desenvolve suas primeiras

experiências sociais com a mãe ou com um responsável que cuida dela . A

primeira experiência da criança para com alguém é de aproximar-se cada vez

mais ou se afastar, dependendo das experiências positivas ou negativas que a

criança vive com quem cuida dela facilitando assim, a ligação afetiva entre

ambas.

Essa ligação afetiva se apresenta na criança a partir dos dois anos de

idade, pois a tendência para aproximar-se das pessoas é para que a mesma se

sinta bem, segura e sem medo. Conforme Piletti (1993) descreveu as primeiras

aproximações da criança em relação à mãe e com as pessoas da casa está

relacionada à alimentação, pois quando a criança está com fome ela chora e a

mãe a alimenta, com isso ela se satisfaz. Desta maneira, a criança aprende a

33
chorar ao sentir a satisfação de comer, a criança acaba ligando essa idéia com

outras necessidades, confortos e percepções.

Vale lembrar que não são apenas esses requisitos que fazem o bebê

se ligar afetivamente à mãe, esse querer do bebê em querer ficar junto da mãe é

uma tendência natural, pois além da alimentação que a mãe lhe fornece, a

mesma associa outros comportamentos da mãe que são muito importantes para

seu desenvolvimento. Por exemplo, quando a mãe fala e estimula o balbuciar do

bebê, quando estimula o mesmo o mesmo a explorar o seu corpo visualmente

brincando com seu próprio cabelo favorecendo o aparecimento de respostas de

manipulação, são inúmeras atitudes que fazem com que o mesmo se sinta

confortável e apegado a alguma figura adulta.

As estruturas da consciência e da personalidade surgem assim,


dos desdobramentos e das oposições provocadas pelas reações
emocionais sentidas pelo bebê - choro, sorriso, gestos -, as quais
são o recurso inicial que ele dispõe para agir. Inicialmente, a
emoção une o bebê e aquele que dele cuida por condições
orgânicas visto que o bebê não consegue simbolizar o que sente,
e, por exemplo, usar uma palavra para representá-lo. (OLIVIRA,
2007, p.130)

Conforme descrito anteriormente, podemos compreender que a

consciência e a personalidade se constituem no bebê através de suas primeiras

tentativas de expressar suas emoções, tais como o choro ou sorriso, pois são as

maneiras que o mesmo encontra para se comunicar com o mundo à sua volta

4.1 - Os primeiros anos de vida da criança e a importância do meio social

Com base nas afirmações de Ferreira (1998) sabemos que a criança em

seus primeiros anos de vida acredita ser merecedora da atenção de todas as

pessoas a sua volta, pois ela ainda não compreende que no mundo que ela vive,

também existem outras pessoas que também merecem atenção. Com isso,
34
conforme vai crescendo, começa a perceber que ela precisa dividir esta atenção

com outras pessoas, que precisa dividir o mesmo ambiente ou até mesmo o

próprio brinquedo com outro amiguinho (a) ou o colo dos pais.

Para experimentar o poder da sua personalidade tenta dominar as


pessoas que a cercam, exigindo que lhe dispensem
exclusividade. Pode cometer erros intencionalmente para chamar
a atenção sobre si. Assume duplicidade em suas atitudes para
conquistar o que deseja, ou seja astutamente finge interesse por
algo diferente daquilo que realmente pretende conseguir.
Portanto, é capaz de “subordinar o provável ao possível”, tendo
grande prazer em “fazer de conta”.(OLIVEIRA, 2001, p.110)

Nesse sentido, a criança usa de meios e artifícios para querer a todo

custo nossa atenção, não importando em qual situação estejamos, ela pode

mentir, pode fingir se machucar, se mostrará meiga em muitos casos, teimosa ou

até chorona, pode demonstrar muitas vezes falsos desejos, tudo em prol de ser

detentora de toda atenção que possa conseguir.

Segundo Sisto (1999), a criança aprende tudo o que ela queira fazer vai

depender da permissão do adulto que cuida dela, por isso, conforme descrito por

Oliveira, (2001), ela irá usar de todos os artifícios possíveis para conseguir seus

objetivos, assim sendo, é necessário estabelecer limites e regras a serem

seguidas, pois conforme Taille (2001), também destacou a colocação de limites,

no sentido restritivo do termo, faz parte da educação, do processo civilizador e a

ausência dessa prática pode gerar uma crise de valores, uma volta a um estado

selvagem em que prevalece a lei do mais forte, dificultando assim um convívio

social saudável.

Posteriormente quando a criança começar a participar mais ativamente do

meio social a qual está inserida, irá procurar o auxílio de um adulto quando se

encontrar desamparada num mundo que começa a mostrar conflitos com suas

idéias e desejos, e o que ela quer e não consegue ter, pode acabar em choro,
35
brigas ou mordidas e com base nesses fatos, é evidente que a educação pode

ajudar a criança nessa empreitada, para que ela compreenda seus sentimentos e

o dos outros.

Nesse sentido, conforme Taille (2001) destaca, é preciso colocar limites

no sentido do “deixa viver”, colocando regras em nossas ações e exigir que os

outros também o façam. Conforme Kramer (2007) ressaltou, é de extrema

importância ensinar sobre o respeito que ela deve ter em relação à raça ou classe

social de seus semelhantes e conforme Durkheim (apud TAILLE, 1992) também

destacou, a educação moral não deve se restringir a uma aula específica, mas

deve estar presente a todo momento, estar integrada a toda vida escolar, pois ela

é parte integrante de toda a vida social.

Conforme declarado no Referencial Curricular Nacional para a Educação

Infantil (1998), é preciso dar atenção à criança como pessoa que está numa

contínua evolução, tanto de crescimento quando de desenvolvimento,

compreendendo seu jeito de ser e tentando auxiliá-la em suas necessidades.

Desse modo, precisamos sentir interesse no que a criança pensa, no que ela

sente, como ela vê o mundo e como ela enxerga a si mesma, facilitando assim, a

ampliação de seu conhecimento e suas habilidades.

Desta maneira, observamos que a criança começa a participar do mundo

à sua volta graças ao laço afetivo que foi estabelecido com um adulto, onde se

sente segura e amparada para qualquer momento.

Muitos estados afetivos num homem, como o amor, o respeito, a


admiração, o sentimento de justiça, o sentimento atlético e moral,
são, em grande proporção, fruto da experiência e da educação.
A escola e a família devem exercitar essas respostas afetivas e
outras, que desempenham papel da maior relevância na vida
social. (CAMPOS, 2008, p.69)

36
Baseando-se nessa idéia, conforme Ferreira (1998) também descreve, é

de suma importância que este adulto que está servindo de exemplo e guia para

esta criança perceba essa relação que está se formando, frisando ser necessário

o ensinamento da generosidade na hora de emprestar um brinquedo e saber

incentivá-la na hora que ela sentir medo de enfrentar alguma situação ou

dificuldade etc.

Essa relação afetiva que se constrói com uma criança é a mesma que um

educador vivencia, a diferença é que ele precisa entender as dificuldades de um

grupo, trabalhando com cada criança individualmente, pois a maneira como ele

contorna uma expressão de choro de uma criança é diferente de outra, ou a

maneira afetiva que facilitou a confiança de uma criança para com o educador

pode não funcionar para outra criança, cada uma tem seu jeito e sua maneira de

se expressar, por isso se faz necessário estabelecer vínculos com cada criança,

mesmo trabalhando em classe, conforme Ferreira (1998) descreveu.

Esteban (2002) também ressalta sobre a existência de muitos dilemas nas

práticas pedagógicas onde sempre é preciso levar em consideração as

características de cada sujeito e as situações específicas que os educadores

precisam lidar.

Outro fator importante a destacar, conforme encontrado no Referencial

Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) é que o desafio de um educador

é compreender, conhecer e reconhecer o jeito de cada criança encarar sua

vivência neste mundo e em como elas o veem embora haja uma base de

conhecimento muito vasta pelos educadores, ainda assim é preciso levar em

conta, que as crianças sempre são únicas, cada criança tem sua própria maneira

de existir e de participar da sociedade. Baseando-se nessa idéia e no que Aquino

37
(1998) também descreveu, é preciso ter paciência e tolerância em compreender

que cada indivíduo é um indivíduo próprio, com sentimentos e vontades próprias,

assim sendo, precisamos admitir que cada ser tem seu espaço único que precisa

ser respeitado e acima de tudo, temos que aceitar que o outro é diferente de mim,

assim como eu, sou diferente dele.

De acordo com Oliveira/Davis (1994) a participação de um adulto na vida

da criança faz com que a mesma se sinta segura, tanto emocional quanto física,

fazendo com que ela sinta-se confortável para explorar o ambiente ao seu redor,

e consequentemente aprender, mas para isso se firmar é preciso que a emoção,

ou seja, a afetividade seja um elemento básico. Desta maneira, a construção de

funções mentais superiores da criança, se dará pela relação social com indivíduos

mais experientes.

Com base em ideologias que fundamentam o desenvolvimento


global de todo e qualquer indivíduo, em vários aspectos
(emocional, afetivo, e intelectual), é preciso refletir sobre o quanto
esses mesmos aspectos se fazem presentes e necessários nas
relações interindividuais. (SISTO, 1999, p.117)

Por isso, se faz necessário destacar conforme descrito acima, que nosso

lado afetivo, emocional e intelectual fará toda a diferença para facilitar o

desenvolvimento de qualquer indivíduo. Nesta parceria que firmamos com uma

criança, pelo afeto e confiança que nos foi depositada, precisamos fazer com que

a criança acredite que pode contar conosco, quando estiver com dúvidas, com

receios, com medo e também precisamos saber ouvi-la, entendê-la, precisamos

ser autênticos e saber levar em conta suas opiniões, desta forma ela sentirá

vontade de buscar conhecimento e não terá medo de errar ou encarar desafios.

Conforme o tempo for passando, essa criança terá muito mais autonomia

e habilidades, pois teve um apoio, alguém que incentivou seu potencial, que

38
soube dar ouvidos ao que ela pensa, graças ao afeto que estabeleceu nesta

relação, em que a mesma conseguiu mais facilmente lidar com o mundo, com

outras pessoas e soube entender seu próprio potencial e isso proporcionará que a

mesma continue enfrentando desafios e buscando conhecimentos, pois essa

relação que se firmou a fortaleceu deixando-a sempre motivada, conforme

Ferreira (1998) analisou.

Com base nas afirmações de Sawrey (1971), a criança em sua primeira

infância se centraliza em sua família e seus cuidados físicos. Em seguida, seu

desenvolvimento social passe em grande parte numa relação interpessoal com

seus pais, irmãos e os companheiros com quem divide seus brinquedos. Com o

passar do tempo, seus contatos sociais aumentam e ela começa a interagir com

as crianças do parque infantil e de sua vizinhança e logo após isso ela dá um

grande passo importante que é sua entrada na creche ou pré-escola.

Segundo Hoffman (1993) a vida do cotidiano das crianças em seus

âmbito familiar é diferente do cotidiano escolar. Na pré-escola ou creche a

criança se vê inserida num novo mundo, que para ela é totalmente estranho, pois

ela passa a conviver com um grande número de crianças e adultos as quais não

conhece, além de que o espaço também é novo, os objetos à sua volta, enfim, a

partir de agora ela tem uma nova rotina de vida.

Segundo Ferreira (1998), quando a criança encara este novo mundo ao

lado de um familiar, ela se sente segura e com isso acaba achando ele

interessante e atraente, mas quando está sozinha no mesmo ambiente, pode se

sentir desamparada e as novidades lhe causam medo e a mesma acaba

demonstrando esse medo ficando triste ou muito quieta.

39
Nesta nova rotina, o professor é quem tem a possibilidade de melhor

enxergar e interagir com estas novas mudanças, como o mesmo está em contato

direto com os alunos, ele precisará apurar sua percepção para notar o cenário

que o cerca, observando quais são os problemas, as origens, as necessidades,

as ansiedades, as angústias, os mecanismos de defesas apresentados, o

contexto social, as potencialidades e as dificuldades e demais fatores que o aluno

possa apresentar, conforme Nogueira (2005) descreveu.

Segundo Puig (1998) a compreensão é um ato de existência indispensável

na construção humana, por esse motivo o professor sempre deve tentar

estabelecer uma relação com seus alunos, saber como estão se sentindo,

perguntar se tudo está bem em sua vida, perguntar se o mesmo entendeu

perfeitamente a matéria, saber ouvir a opinião de cada um, perceber o potencial

de cada um para determinada tarefa.

Ferreira (1998) em suas análises descreveu que a relação entre

professor e aluno poderá ser facilitada quando a criança estiver mais flexível,

estando mais aberta para ouvir o que os outros têm a dizer, mostrando uma

atitude mais madura. Por outro lado, se a criança estiver muito ansiosa ou muito

nervosa, um pequeno gesto de alguém pode parecer agressivo e qualquer

“coisinha” pode dificultar a relação com a mesma.

Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o


egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não
pode educar. Não há educação imposta, como não há amor
imposto. Quem não ama não compreende o próximo, não o
respeita. Não há educação do medo. Nada se pode temer na
educação quando se ama. (FREIRE, 1979, p.45)

Conforme a citação acima e também com base no que Freire (2000)

relatou, a amorosidade e a afetividade, são os fatores básicos da vida humana e

40
da educação, fica claro entender que, o amor para com o próximo e em especial

ao aluno será a ponte para um melhor diálogo entre educador e educando,

visando assim , o alcance do objetivo de um verdadeiro educador, que é o ato de

ensinar.

CAPÍTULO 5

ENVOLVIMENTO X COMPROMETIMENTO

Cerqueira (2005, p.9) acredita que vivemos em nossa

sociedade um grande choque cultural. Nas instituições escolares não é diferente.

É o choque entre a Cultura do Envolvimento e a do Comprometimento.

5.1 - Envolvimento

41
Como a própria palavra traduz, significa algo que apenas envolve, sem

se misturar. Quando afirmamos que alguém está praticando a Cultura do

Envolvimento, significa constatar que a pessoa tem apenas relações superficiais

com outras pessoas nos diversos seguimentos que atua, assim como, os

profissionais da educação com as Instituições escolares de que faz parte. No

momento de sentir, pensar e agir de forma Envolvida, a pessoa não está

preocupada com o coletivo, com a importância que sua ação ou omissão poderá

repercutir no todo. Principalmente na prática docente com alunos com DA. De

forma geral o envolvido sente, pensa e age guiado pelo seguinte raciocínio: “Isto

não é problema meu.” Como vemos a Cultura do Envolvimento enseja que as

pessoas sejam meros coadjuvantes nas instituições que fazem parte de sua vida.

Não existe a cumplicidade.

As pessoas não vislumbram o quanto é importante a sua participação com

idéias atitudes e exemplos e extremamente importante que o profissional da

educação, principalmente o professor esteja atento aos questionamentos dos

alunos, ou ausência de participação, bem como se a criança está interagindo,

dispersa ou por que não está aprendendo, de modo que estas observações ao

final de um determinado período contribua para a confecção de um diagnóstico, e

esses alunos possam ser encaminhados a profissionais especializados

5.2 - Comprometimento

Nos dias atuais, devido a todas a mudanças que vem ocorrendo na

sociedade, principalmente, nas relações de trabalho e na prática educacional, há

necessidade de muito maior Comprometimento por parte dos educadores.

42
O que é a Cultura do Comprometimento? Comprometer-se é sentir, pensar e

agir de forma a dar eficácia aos compromissos assumidos. É o empenho em

resolver problemas identificados ou pelo menos direcioná-los para a solução e

sentir seus efeitos minimizados. É não ser um mero participante, mas sim um

completo integrante de uma Instituição. É ser cúmplice e não um mero

coadjuvante nas coisas que acontecem ao redor e que fatalmente afetará a

todos. É ter o sentimento coletivo e espírito de grupo, e lutar para que eles

ocorram e se mantenham efetivamente. No nosso estudo que é voltado para o

desenvolvimento do aluno com DA é um grande desafio identificar, diagnosticar e

fazer intervenções necessárias para que a aprendizagem do aluno seja

satisfatória, para sua vida acadêmica e para sua auto estima, é necessário

atenção para não rotular, condenando um aluno para o resto de sua vida.

O Comprometimento dos profissionais da educação sustenta que é preciso

levar o tema DA para dentro da escola não como assunto pontual, mas numa

discussão permanente, contemplando as diversas dimensões da vida do aluno,

como mais um instrumento para seu desenvolvimento integral, visto que as

dificuldades de aprendizagem não têm como causa apenas um fator.

Segundo Cerqueira (2005, p.44), quando estamos praticando a Cultura do

Comprometimento um raciocínio nos conduz: “Todos os problemas são

problemas de todos.” De forma diferente do Envolvimento, quando se está

comprometido, saímos de nossa Zona de Conforto, quebrando barreiras e lutando

contentemente pela mudança dos padrões inadequados. Saímos da atitude de

comodismo e lutamos para que se aprimorem ou se modifiquem os paradigmas,

principalmente os relacionados aos alunos que apresentam dificuldades de

aprendizagem. A Cultura do Comprometimento acontece, quando externamos na

43
prática os compromissos assumidos internamente. Primeiro sentimos, depois

pensamos e em seguida agimos tentando com todo empenho e interesse vê-los

se efetivar. Não são apenas relações superficiais com as pessoas e com as

instituições, mas sim relações efetivas. As nossas palavras, o nosso modo de

ser, os nossos exemplos refletem aquilo que sentimos, pensamos e agimos. Se

estivermos comprometidos, daremos eficácia aos compromissos assumidos

anteriormente. Comprometer-se é muitas vezes dizer “não”, é ter de enfrentar

constrangimentos, é assumir responsabilidades, é trabalhoso.

Com as mudanças tão freqüentes e velozes do mundo atual, cada vez se

torna mais importante termos relações comprometidas. A própria sociedade atual

e tudo que nela está inserido, exige um maior comprometimento de todos com

todos e com tudo que lhe cerca.

Nossa cultura é construída através de um conjunto de princípios, crenças e

valores materiais e espirituais. Existem alguns valores que sustentarão a

obtenção e a demonstração do Comprometimento fazendo difundir a cultura.

Estes valores são a auto estima, empatia e afetividade.

5.3 - Auto estima

A auto estima é a grande força motivacional do ego, gerando um potencial

psíquico intenso e dinâmico perante o meio ambiente; impulsionando-o para um

maior ou menor estado de felicidade. A auto estima é a força viva que nos leva a

um maior ou menor estado de motivação. É o gostar de si mesmo, é o estar

contente consigo mesmo. É uma verdadeira mola propulsora interna que nos

motiva ou desmotiva. É o principal valor que temos dentro de nós. Jamais

gostamos de ter nossa auto estima ferida, agredida e derrubada. Por esta razão,

44
na vida de relação e principalmente na relação professor aluno, não temos o

direito de ferir, agredir e derrubar a auto-estima de ninguém, por um simples e

único motivo; não gostaríamos de ter a nossa auto estima afetada. Dessa forma,

em todas as nossas relações devemos no mínimo, preservar a auto estima dos

outros. Se possível até elevá-la. Nunca derrubá-la.

Quando agredimos a auto estima do outro, o que vamos obter dele segundo

CERQUEIRA (2005, p.10) é a “ADESÃO EXTERNA” aquilo que está sendo

solicitado, ensinado, falado ou ordenado. Por uma reação psicológica contrária

obteremos apenas respostas mecânicas. Ocorre um processo reativo interno que

será canalizado para algum lugar e/ou pessoa. O que vamos obter da pessoa é

apenas o seu ENVOLVIMENTO, não mudando seus padrões de comportamento

e por conseguinte não aprendendo ou corrigindo aquilo que precisa ser aprendido

ou corrigido. A agressão a auto estima provoca a disseminação da Cultura do

Envolvimento.

Assim sendo, em todas as nossas relações devemos estabilizar ou elevar

a auto-estima do outro, no sentido de obter a sua “ ADESÃO INTERNA” aquilo

que está sendo solicitado, ensinado, falado ou ordenado. Compreendendo os

porquês e as razões e com sua auto estima no mínimo preservada, a

probabilidade que temos de obter o aprendizado, a obediência , a aceitação e a

ADESÃO TOTAL aquilo que desejamos é muito maior. Quando agimos assim

demonstramos nosso COMPROMETIMENTO com o outro e obtemos o seu

comprometimento, disseminamos a Cultura do Comprometimento.

Só estaremos atentos e preocupados com a auto estima do outro, se

diariamente tratarmos da nossa auto estima. Para todos os profissionais da

educação há necessidade de um trabalho constante de autoconhecimento,

45
reflexão e ampliação de nossa percepção, a fim de mantermos no mínimo

preservada a nossa auto estima , nos tornando aptos ao ambiente ensino

aprendizagem, alcançando assim as competências necessárias a um verdadeiro

educador .

5.4 - Empatia

Segundo GOLEMAN (2001, p.23) “ A empatia é um ato de compreensão

tão seguro quanto a apreensão do sentido das palavras contidas numa página

impressa.”

Ainda GOLEMAN ( 2001, p.109) “ A empatia é alimentada pelo auto

conhecimento; quanto mais consciente estivermos acerca de nossas próprias

emoções, mais facilmente podemos entender o sentido alheio.”

Empatia é colocar-se psicologicamente e em sentimento no lugar do

outro. É o tentar sentir como o outro está sentindo. É compreender os

sentimentos do outro. Empatia não significa permissividade, estar bonzinho ou

omisso em relação às outras pessoas. Estar empático, por vezes exige uma

postura racional educadora, orientada para o crescimento das relações,

estabelecendo limites, dizendo não, orientando etc., entretanto, sem ferir ou

agredir a auto estima alheia. É impossível estarmos todo o tempo empático,

estaremos atitudinalmente oscilante entre o estado afetivo/empático e o estado

egocêntrico. O grande desafio é lenta e gradualmente desenvolvermos

predominantemente as atitudes empáticas. O importante não é ser empático e

sim estar empático, favorecendo assim o processo ensino aprendizagem ,

principalmente com os alunos que apresentam Dificuldade de Aprendizagem.

46
Cabe definir que nosso ego poderá apresentar-se em dado momento

egocêntrico, com uma centralização excessiva em nós mesmos, desenvolvendo o

sentimento de busca da satisfação dos nossos próprios interesses e

necessidades, sem levar muito em conta os interesses alheios.

O nosso ego poderá em outra situação estar voltado para fora de nós,

amando-nos e amando os outros da mesma forma, com a mesma intensidade,

buscando a felicidade também na construção e na idealização do bem estar

alheio, este é o estado de ego empático.

O nosso ego egocêntrico poderá estar fundamentado psicologicamente

numa pretensa percepção de superioridade perante os outros ou, mesmo

manifesto numa inferioridade sentida diante das dificuldades, restrições e

limitações reais ou imaginárias decorrente de um estado de auto estima

desarmonizado.

O egocentrismo é um fenômeno psicológico muito comum de ser observado,

é o oposto da empatia e é muito comum em qualquer grupo social. No estado

egocêntrico tudo gira em torno de si. Maior probabilidade de obter Envolvimento.

No estado empático estamos muito mais preocupados com o coletivo. Tudo gira

em torno de todos. Maior probabilidade de obter Comprometimento.

5.5 - Afetividade

É a grande facilitadora para obtenção e demonstração de relação de

Comprometimento. Cada um gera afetividade da sua maneira. Podemos gerá-la

com um sorriso, com um olhar, com uma palavra, com um gesto, com nossas

atitudes etc. É um sentimento que surge quando espontaneamente nos

preocupamos com nosso semelhante, aproximamo-nos gerando um mútuo

47
conhecimento, conversamos sabendo ouvir estabelecemos com o outro

expectativas recíprocas.

Não existe padrão humano ideal para o desenvolvimento da percepção

afetiva, da atitude afetiva, ou seja da afetividade, cada um a desenvolve a seu

modo, em função do próprio temperamento, do momento psicológico de que

vivência. Ninguém deve imitar as demonstrações afetivas do outro, já que

podemos demonstrá-la com um olhar, com um gesto, com um toque, com uma

palavra, ou seja de muitas maneiras, mas sempre ao nosso modo.

A atitude afetiva é o estado de relação harmonizada que desenvolvemos a

partir da percepção afetiva, não podendo ser representada.

Ela deve vir do fundo do nosso ser: não devemos servir, cumprimentar,

abraçar, etc. sem sentir verdadeiramente o que demonstramos, isso é hipocrisia e

com certeza os alunos percebem.

O ato de aproximação pessoal, de percepção do outro, de interação pela

conversa informal poderá caracterizar um estado de maior ou menor afetividade,

dependendo do momento psicológico vivido: menos egocêntrico ou mais

egocêntrico.

O estado de ego mais harmonizado, de auto estima mais estável favorece

o desenvolvimento da percepção afetiva, sendo esta a base da atitude afetiva que

permitirá melhor atendimento das necessidades do outro.

Em síntese, a afetividade acontece, quando percebemos o outro com a

mesma natureza igualitária. A afetividade gera uma maior probabilidade de

obtermos a obediência, a aceitação e a adesão interna do outro, e, por

conseguinte, cria o clima e ambiente adequado para demonstrarmos e obtermos

relações de COMPROMETIMENTO.

48
5.6 - Transparência

Ser transparente é não ser hipócrita. Somos um só. Não podemos ser

afetivos num lugar e autoritário em outro. Temos uma parte escondida que para

alguns aparece e para outros não. É falarmos a verdade e exigirmos a verdade.

Não nos omitirmos no caso de errarmos. Dar nossas opiniões quando necessário

sem omissão. Sem transparência não há comprometimento.

A transparência está diretamente ligada a comunicação, que cada vez se

torna mais importante principalmente no ambiente escolar onde buscamos cada

vez mais a eficiência e eficácia nas nossas práticas pedagógicas. Através da

comunicação acontece a transferência de informação de uma pessoa para outra.

É através da comunicação que atingimos os outros com idéias, fatos,

pensamentos e valores. As pessoas podem compartilhar aquilo que sentem e

sabem, evitando mal entendidos que muitas vezes acabam em conflitos. Segundo

DAVIS (2004, p.9).

Barreiras pessoais são interferências que surgem das emoções


humanas, dos valores ou de maus hábitos de escuta. Eles
ocorrem com frequência nas situações de trabalho. Todos nós já
vivenciamos como nossos sentimentos pessoais podem limitar
nossas comunicações com outras pessoas e estas situações
ocorrem no trabalho, assim como na vida privada.

O ambiente escolar não pode existir sem a comunicação. Se não houver

comunicação os professores não sabem aquilo que seus colegas estão

realizando, os diretores não recebem as informações necessárias e os

coordenadores não podem dar instruções. Transparência é usar a comunicação

de forma verdadeira.

49
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em todas as organizações, existe um grande choque entre as Culturas

do Envolvimento e do Comprometimento. Na família, na escola, na empresa, na

igreja, no condomínio, no clube e na sociedade como um todo, as pessoas

preferem muito mais se envolver do que se comprometer. É mais fácil, mais

cômodo, não dá trabalho. É importante que se comente , que a questão acima

colocada não é culpa de ninguém. É reflexo de um processo educacional,

50
político, social e econômico, que, principalmente nós brasileiros, vivemos

historicamente. Sofremos muito com o autoritarismo, em que “manda quem pode

e obedece quem tem juízo”, prevalece o medo, o instinto de preservação, de

defesa e por essa razão acatamos, nos tornando meros participantes nas

diversas situações que enfrentamos na vida. Entretanto, com a evolução política,

social e econômica, em que atualmente prevalece um sistema mais democrático,

e também , em razão da própria evolução dos meios de comunicação, das

pesquisas na área da educação, os dias de hoje exigem outro tipo de postura

pessoal e profissional dos educadores. A cultura do Comprometimento, nos

direciona para ações pro ativas no completo sentido de contribuição para o

aprimoramento contínuo da prática docente.

Sabemos, como educadores que o nosso grande desafio é planejar e

organizar estratégias e práticas pedagógicas que promovam o desenvolvimento

dos educandos em sua plenitude, principalmente os alunos com dificuldade de

aprendizagem, propiciando a estes alunos oportunidades de desenvolvimento de

suas potencialidades, apesar das dificuldades em aprender. Devemos levar em

consideração a diversidade, ou seja, devemos valorizar as diferenças individuais

e oferecer experiências de aprendizagem conforme as habilidades, interesses e

potencialidades dos alunos.

Através do Comprometimento e da crença nos valores que o sustentam

como: auto estima, empatia e afetividade, podemos desenvolver nossa

criatividade baseada em referencial teórico, oferecendo sugestões que possam

aprofundar e enriquecer a aprendizagem para a educação de alunos com

dificuldade de aprendizagem, pois eles necessitam de um ambiente adequado,

estimulador, afetivo e rico em experiências. O professor deve sempre estar

51
atento a possível falta de sintonia entre desenvolvimento intelectual e afetivo ou

físico desses alunos, por isso ressalto mais uma vez a importância do

Comprometimento do professor com sua prática docente e a influência dos

valores como auto estima, empatia e afetividade no cotidiano escolar.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, A. R. S. A Emoção na Sala de Aula. São Paulo: Papirus, 1999.

BARROS, C. S. G. Pontos de Psicologia do Desenvolvimento. 11. ed. são

Paulo: Ática, 1998.

CAMPOS, D. M. S. Psicologia da Aprendizagem. 37. ed. Petrópolis: Vozes,

2008.

ESTEBAN, M. T. O Que Sabe quem Erra? Rio de Janeiro: DP e A Editora LTDA,

2002.

52
FERACINE, L. O Professor como Agente de Mudança Social. São Paulo:

E.P.U., 1990.

FERREIRA, M. C. R(org). Os Fazeres na Educação Infantil. São Paulo: Cortez,

1998.

FREIRE, P. Educação e Mudança. 23. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

_________ Pedagogia da autonomia. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra 1996.

_________ Pedagogia da Indignação – Cartas Pedagógicas e outros

Escritos. São Paulo: UNESP, 2000.

GALVÃO, I. Uma Concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil. Rio de

Janeiro: Vozes, 1995

HOFFMAN, J. Avaliação Mediadora. Rio Grande do Sul: Mediação, 1993.

KRAMER, S. Com a Pré-Escola nas Mãos. 14. ed. São Paulo: Ática, 2007.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, SECRETARIA DE


EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil. Vol.I. Brasília: MEC/SEF, 1998.
NUNES, N. N. O Ingresso na pré-escola: uma leitura Psicogenética.In;

Oliveira, Z.R. A Criança e seu Desenvolvimento. Perspectivas Para se

Discutir a Educação Infantil. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

OLIVEIRA, Z. R. A Criança e seu Desenvolvimento. Perspectivas Para se

Discutir a Educação Infantil. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

OLIVEIRA, Z. R. Educação Infantil: Fundamentos e Métodos. 3. ed.São Paulo:

Cortez, 2007

PILETTI, N. Psicologia Educacional. 12. ed. São Paulo: Ática, 1993.

PUIG, J. M. A Construção da Personalidade de Moral. São Paulo: Ática, 1998.

SAWREY, J. M. Psicologia – Uma Introdução aos Princípios Fundamentais

do Comportamento. São Paulo: Cultrix, 1971.

53
SISTO, F. F. O Cognitivo, o Social e o Afetivo no Cotidiano Escolar. São

Paulo: Papirus, 1999.

TAILLE, Y. L. Limites: três dimensões educacionas. 3. ed. São Paulo: Ática,

2001.

TAILLE, Y. L. Wallon - Teorias Psicogenéticas em Discussão. 13. ed. São

Paulo: Summus Editorial, 1992.

BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática.

Porto Alegre: Artmed, 2000,

_________ . Fracasso escolar: um olhar psicopedagógico. Porto Alegre:

Artmed, 2002

ESCOTT, Clarice Monteiro. Interfaces entre a Psicopedagogia Clínica e

Institucional: um olhar e uma escuta na ação preventiva das dificuldades de

de aprendizagem. Novo Hamburgo, FEEVALE, 2004.

FERNANDES, Alicia. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica

clínica do aluno e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

__________ . Psicopedagogia em psicodrama: morando no brincar.

Petrópolis: Vozes, 2001.

KAMIL, Constance; DEVRIES, Rheta. Piaget para a educação pré-escolar.

Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

LA TAILLE, Y.; Oliveira, M. K.; Dantas, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias

psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.

MANTOAN, Maria Tereza Eglér. A Integração da pessoa portadora de

deficiência. São Paulo: Memnon, 1997.

PAIN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de Aprendizagem. Porto

Alegre: Artes Médicas, 2000.

54
PARENTE, Juraci. Informática e Educação no Brasil. São Paulo: Atlas, 2002.

RUBINSTEIN, Edith. A Especialidade do Diagnóstico Psicopedagógico. In.

SISTO, Firmino Fernandes (org). Atuação Psicopedagógica e Aprendizagem

Escolar. Petrópolis: Vozes, 1996

55

Você também pode gostar