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3. Alterações estatutárias
Entrados neste ponto, o Presidente da Mesa do Congresso pediu ao
Grupo de Contacto que indicasse o seu membro encarregue de
apresentar as alterações aos Estatutos. Foi indicado Miguel Dias.
Miguel Dias anunciou que a principal alteração proposta pelo Grupo
de Contacto é que o nome do partido passe a ser apenas LIVRE (e não
«LIVRE/Tempo de Avançar», como até este Congresso), e que a sigla seja
«L» (e não «L/TDA», como actualmente), justificando esta alteração com o
regresso ao nome original do partido, após o final do movimento «Tempo
de Avançar».
O Presidente da Mesa, Rui Tavares, recordou que no final do
movimento Tempo de Avançar foi solicitado que nenhuma organização
ficasse com o património dessa designação. Anunciou que havia também
propostas de alterações estatutárias dos membros do partido Eduardo
Proença, João Massena e Paulo Muacho. Pediu a estes congressistas que
tomassem a palavra para explicar as suas propostas de alteração aos
Estatutos, dando a palavra em primeiro lugar a Eduardo Proença.
(As emendas aos Estatutos apresentadas por escrito estão no Anexo A.)
Eduardo Proença tomou a palavra. Contextualizou que algumas das
propostas se destinam a clarificar os Estatutos, nomeadamente a que
estipula que os membros do Grupo de Contacto não podem ser membros
da Assembleia. Por outro lado, destacou a importância da alteração que
propôs no artigo respeitante às eleições primárias: que seja retirada a
palavra «gerais» em «eleições gerais» para garantir que haverá realmente
eleições primárias em todas as eleições, embora possa haver flexibilidade
quanto à forma das primárias.
João Massena tomou então a palavra e apresentou uma emenda
sobre a questão da paridade, defendendo que, por razões práticas, fosse
suavizada essa exigência, e que só fosse respeitada a paridade «sempre
que existam condições». Em princípio, será sempre respeitada até 33%.
Paulo Muacho tomou a palavra (a título pessoal) e esclareceu que a
emenda que propõe se destina a impedir que, no âmbito das autárquicas,
a existência de primárias não impeça o partido de apresentar listas.
O Presidente da Mesa interveio para notar que estavam em
discussão duas questões identitárias do partido: as primárias e a
paridade.
João Lopes tomou a palavra e afirmou que gostaria que o João
Massena especificasse que na sua emenda não mencionava que a
paridade seria aplicada a 33%.
Ricardo Alves tomou a palavra para apresentar uma emenda oral
aos Estatutos: que no artigo 7º, nº6, se acrescente que «os lugares em falta
[possam] ser eleitos num Congresso intercalar», justificando que existem
três lugares em falta na Assembleia que podem ser preenchidos se este
Congresso iniciar um processo de eleição. Acrescentou a sua
concordância com a emenda apresentada por Paulo Muacho sobre as
primárias, defendendo maior flexibilidade no caso de primárias para
autárquicas.
Rui Tavares tomou a palavra (em nome pessoal). Relativamente ao
nome, acrescentou que a alteração para «LIVRE/Tempo de Avançar» fora
feita no contexto de uma campanha eleitoral e de uma convergência que
terminou. Quanto à sigla, defendeu que os Estatutos especifiquem que «a
sigla do partido é LIVRE, acrónimo de Liberdade, Esquerda, Europa,
Ecologia», mas chamando a atenção de que a aprovação deve ser
condicional à aceitação pelo Tribunal Constitucional, porque se este
recusar ficará apenas «L», como era o caso no início do partido. Recordou
que o Tribunal Constitucional, aquando da legalização do partido,
publicou um segundo acórdão especificando que o nome do partido se
escreveria com maiúsculas. Defendeu em seguida, relativamente às
primárias, que a paridade de género seja interpretada como 50% de
mulheres, porque temos conseguido trazer mulheres para a participação,
anunciando que não votaria a favor da emenda de João Massena tal como
apresentada e pedindo um compromisso entre as posições presentes.
Relativamente à emenda apresentada por Paulo Muacho, disse que o
princípio da subsidiariedade deve ser aplicado às eleições primárias,
devendo ser encontrado o modelo que melhor se adapte a cada escala, e
que portanto ainda existe espaço para as primárias nos Estatutos serem
interpretadas na formulação atual, opondo-se portanto a esta emenda.
Concordou com a emenda apresentada por Ricardo Alves, propondo que
o Congresso inicie o processo eleitoral para a Assembleia o terminar
posteriormente.
Paulo Monteiro tomou a palavra. Concordou com Rui Tavares que se
mantenha a formulação atual dos Estatutos no que respeita às eleições
primárias, embora tendo em conta que nas autárquicas poderá haver
especificidades que terão que ser contempladas. Afirmou ainda que
acompanha a posição do Eduardo Proença.
Miguel Dias tomou a palavra. Esclareceu, relativamente à alteração
ao nome, que o Grupo de Contacto apresenta três emendas para votar em
alternativa: primeira, nome «LIVRE» e sigla «LIVRE»; segunda, nome
«LIVRE Liberdade Esquerda Europa Ecologia» e sigla «LIVRE»; terceira,
nome «Liberdade Esquerda Europa Ecologia» e sigla «LIVRE». Salientou
que se o Tribunal Constitucional não aceitar que a sigla seja «LIVRE», que
será apenas «L». A título pessoal afirmou, relativamente à questão da
paridade, que concorda com Rui Tavares e que devemos continuar a
fazer um esforço para obter a paridade em todos os órgãos; relativamente
às primárias para as autárquicas, frisou que haverá situações muito
diversas nessas eleições, e questionou se fará sentido haver primárias em
locais em que tenhamos muito poucos membros, e também se fará
sentido haver votantes de fora das respetivas autarquias.
Eduardo Proença tomou a palavra e afirmou que entendia os
argumentos apresentados, e que não se pode impedir as pessoas de
participar, a título de independentes, noutras listas.
Miguel Won tomou a palavra e afirmou que as primárias são um
princípio fundador, que às vezes é seguido de uma forma não pragmática,
o que pode acabar por matar o próprio partido, e que portanto temos que
ser flexíveis nos nossos princípios, tendo em conta que somos poucos.
Argumentou ainda que será difícil negociar coligações tendo nós a
obrigação de primárias a que não podemos forçar eventuais parceiros de
coligação, sublinhando que as eleições autárquicas têm um carácter
específico. Afirmou que votaria a favor da emenda de Paulo Muacho.
Teresa Leitão tomou a palavra e afirmou que tem que haver alguma
flexibilidade quanto às primárias. Frisando não querer pessoalizar,
afirmou que o Grupo de Contacto deve abster-se de dar indicações de
voto em primárias, porque nem sempre o Grupo de Contacto conhece as
realidades locais, e afirmou concretamente que o Grupo de Contacto não
respeitou as inclinações locais nas primárias para as legislativas.
Luciana Rio Branco tomou a palavra na qualidade de Presidente do
Conselho de Jurisdição, e recomendou às pessoas que reflitam bem e que
se recordem que são necessários dois terços dos votos do Congresso para
aprovar cada emenda. Acrescentou que o Conselho de Jurisdição terá
que escrutinar todas as decisões. Finalmente, frisou que todas as nossas
decisões sobre os Estatutos serão escrutinadas pelo Tribunal
Constitucional.
Rui Tavares tomou a palavra a título pessoal para afirmar que
estamos todos a dizer o mesmo, porque todos estão a dizer que as
primárias são um princípio importante para o partido, mas também que
tem que haver algum respeito pelo princípio da subsidiariedade.
Acrescentou que o artigo sobre primárias dos Estatutos é muito taxativo.
Propõe a seguinte emenda de consenso: «As modalidades das primárias
são regidas por Regulamentos próprios, tendo em conta o princípio da
subsidiariedade, e enquadrados pelas decisões dos órgãos relevantes,
nomeadamente em eleições locais». Sublinhou que em candidaturas do
partido em nome próprio haverá sempre primárias abertas.
João Vasco Gama tomou a palavra e afirmou que os Estatutos devem
estar preparados para todas as dimensões do partido (em número de
membros) e não apenas para a dimensão atual. Discorda do Eduardo
Proença. O princípio das primárias visa proteger as pessoas que se
querem candidatar sem passar por aprovação dos órgãos de um partido.
Aurora Cerqueira tomou a palavra e recordou, sobre o nome do
partido, que uma sigla e um acrónimo não são a mesma coisa. A primeira
emenda ao nome (das três em votação) não é portanto teoricamente
sustentável.
Antes de Paulo Muacho tomar a palavra (a título individual), Rui
Tavares interpelou-o perguntando se seria possível salvaguardar a grafia
em maiúsculas do nome e da sigla do partido. Paulo Muacho respondeu
que em princípio seria possível, já havendo um acórdão do Tribunal
Constitucional sobre a grafia em maiúsculas do nome. Relativamente à
emenda do Eduardo Proença, disse ser necessário recordar que a
realidade local é muito diferente das grandes cidades, e que a emenda
que ele (Paulo Muacho) apresentou pretende respeitar essa diferença.
Afirmou não estar em desacordo com a proposta de Rui Tavares, mas
acrescentou que é necessário ter uma discussão longa e aprofundada
sobre o que são primárias. Não acha, por exemplo, que voto de braço no
ar numa Assembleia local o seja. Primárias deve significar uma eleição,
idealmente uninominal.
Rui Tavares, na qualidade de Presidente da Mesa, notou que
dificilmente haveria a maioria de dois terços necessária em torno desta
emenda do Paulo Muacho e propôs que Paulo Muacho e Eduardo Proença
encontrassem uma proposta de compromisso, adiando a votação final
dos Estatutos para a tarde.
Paulo Monteiro tomou a palavra e afirmou que se deve especificar o
que são «órgãos relevantes» na proposta de consenso do Rui Tavares (se
se trata do Grupo de Contacto, da Assembleia ou do Congresso).
Pedro Mendonça tomou a palavra (a título pessoal) e afirmou que as
primárias não são um fim em si, são a ferramenta que nós encontramos
para retirar poder aos órgãos nacionais. Defendeu portanto que a
obrigatoriedade formal de fazer primárias em todas as situações
(coligações ou não, por exemplo) não seja uma necessidade para garantir
a democracia e a liberdade, e afirmou-se portanto favorável a que a
obrigatoriedade de primárias saia dos Estatutos. Afirmou ainda que acha
inaceitável que um membro do LIVRE se candidate como independente,
porque seria mentir aos eleitores. Apelou a um compromisso entre o
Paulo Muacho e o Eduardo Proença, mantendo sempre presente que as
primárias não são um fim, mas um meio.
Rui Tavares deu início à votação. Os resultados foram os seguintes1:
● Emenda nº1 (apresentada por Eduardo Proença), aprovada com um
voto contra;
1
Ver o Anexo A para a numeração das emendas, artigo e número a que dizem respeito e
para o seu conteúdo, salvo quando se trata de emendas orais ou alteradas oralmente.
● Emenda oral ao Artigo 7º nº72 (apresentada por Ricardo Alves), cuja
nova redação passa a ser «Os mandatos dos órgãos do partido têm uma
duração de dois anos, podendo os titulares de mandatos individuais
nesses órgãos ser eleitos pelo máximo de três vezes sucessivas. Por
decisão do Congresso podem realizar-se eleições intercalares para
preenchimento de lugares vagos na Assembleia», aprovada com uma
abstenção;
● Emenda nº2 (apresentada por João Massena, alterada oralmente),
cuja nova redação passa a ser «Nas eleições aos órgãos partidários e nas
candidaturas apresentadas pelo LIVRE deve estar assegurada a igualdade
representativa de género, cabendo aos órgãos partidários fazer os
possíveis para assegurar o cumprimento de condições para tal»,
aprovada com vinte cinco votos a favor, seis abstenções e quatro votos
contra;
● Emenda nº3 (apresentada por Eduardo Proença), aprovada com
quatro abstenções;
● Emenda nº4 (apresentada por Eduardo Proença, alterada
oralmente), cuja nova redação passa a ser «Rege-se por regimento
próprio aprovado no início dos trabalhos de cada Congresso, sob
proposta do Grupo de Contacto ou de uma Comissão Organizadora do
Congresso aprovada em Assembleia para tal», aprovada com duas
abstenções;
● Emenda nº5 (apresentada por Eduardo Proença), rejeitada com
onze votos a favor, treze contra e nove abstenções;
● Emenda nº6 (apresentada por Eduardo Proença), aprovada com
seis abstenções e dois votos contra.
A votação sobre a emenda nº7 foi deixada para a parte da tarde do
Congresso.
Na votação em alternativa sobre o nome e sigla do partido (artigo 3º,
nº1), as propostas eram: «O nome do partido é LIVRE, acrónimo dos
quatro pilares Liberdade, Esquerda, Europa e Ecologia. A sigla do partido
2
Nº7 na nova numeração, nº6 na anterior numeração.
é LIVRE» (proposta A); «O nome do partido é LIVRE Liberdade Esquerda
Europa Ecologia. A sigla do partido é LIVRE» (proposta B); «O nome do
partido é Liberdade Esquerda Europa Ecologia. A sigla do partido é
LIVRE» (proposta C). O Presidente da Mesa recordou que em qualquer
destes casos a sigla será «LIVRE», e que no caso de o Tribunal
Constitucional recusar esta sigla, a sigla será apenas «L». Os resultados
foram: proposta A, vinte e três votos; proposta B, oito votos; proposta C,
um voto, sendo portanto aprovada a proposta A.
Finalmente, colocada a votação a emenda nº9, foi aprovada por
unanimidade.
Dado serem 13 horas, o Presidente da Mesa propôs que fosse
antecipado o ponto 5 (filiação internacional), ficando o ponto 4 (alterações
ao Regulamento da Assembleia) restrito a uma intervenção de um
membro da Assembleia.