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Acta do V Congresso do LIVRE

Data: 19 de Junho de 2016


Local: Auditório do INATEL de Setúbal

1. Eleição da Mesa do Congresso e abertura do Congresso


Os trabalhos foram abertos às 11 horas e 5 minutos por Rui Tavares,
que apresentou a proposta de Ordem de Trabalhos:
1. Eleição da Mesa do Congresso e abertura do Congresso;
2. Votação do Regimento do Congresso;
3. Alterações estatutárias:
a. Intervenção do Grupo de Contacto;
b. Apresentação das propostas de alteração estatutária;
c. Votação das propostas de alteração estatutária;
4. Alterações ao Regulamento da Assembleia:
a. Intervenção de representante da Assembleia;
b. Apresentação das propostas de alteração do Regulamento;
c. Votação das propostas de alteração ao Regulamento;
5. Apresentação e debate das propostas relativas à filiação
internacional do LIVRE; Votação das resoluções relativas à filiação
internacional do LIVRE;
6. Ponto de situação financeira do LIVRE, apresentação e votação do
orçamento para 2016;
Intervalo para almoço
7. Intervenções e mensagens de convidados;
8. Apresentação das moções de estratégia autárquica;
9. Apresentação das moções específicas;
10. Intervenções dos Congressistas sobre as Moções;
11. Votação das moções;
12. Intervenção do Grupo de Contacto;
13. Encerramento do Congresso.
Seguidamente, apresentou a seguinte proposta de Mesa do
Congresso: Rui Tavares, Marisa Galiza, Ricardo Alves (membros da Mesa
da Assembleia), Luciana Rio Branco (Conselho de Jurisdição) e Miguel
Dias (Grupo de Contacto), que foi aprovada por unanimidade. Foi
imediatamente colocada à votação a Ordem de Trabalhos, que foi também
aprovada por unanimidade.
Rui Tavares fez então uma intervenção declarando aberto o
Congresso, e explicitando o seu motivo: as alterações estatutárias e a
mudança de nome, a discussão sobre as eleições regionais nos Açores e
as eleições autárquicas. Falou também sobre o momento europeu e
internacional, em particular sobre a questão dos refugiados, o assassinato
da deputada britânica Jo Cox, e o massacre na discoteca de Orlando, e
propôs um minuto de silêncio, que foi observado imediatamente.

2. ​Votação do Regimento do Congresso


Colocado à votação o Regimento do Congresso, foi aprovado por
unanimidade.

3. Alterações estatutárias
Entrados neste ponto, o Presidente da Mesa do Congresso pediu ao
Grupo de Contacto que indicasse o seu membro encarregue de
apresentar as alterações aos Estatutos. Foi indicado Miguel Dias.
Miguel Dias anunciou que a principal alteração proposta pelo Grupo
de Contacto é que o nome do partido passe a ser apenas LIVRE (e não
«LIVRE/Tempo de Avançar», como até este Congresso), e que a sigla seja
«L» (e não «L/TDA», como actualmente), justificando esta alteração com o
regresso ao nome original do partido, após o final do movimento «Tempo
de Avançar».
O Presidente da Mesa, Rui Tavares, recordou que no final do
movimento Tempo de Avançar foi solicitado que nenhuma organização
ficasse com o património dessa designação. Anunciou que havia também
propostas de alterações estatutárias dos membros do partido Eduardo
Proença, João Massena e Paulo Muacho. Pediu a estes congressistas que
tomassem a palavra para explicar as suas propostas de alteração aos
Estatutos, dando a palavra em primeiro lugar a Eduardo Proença.
(As emendas aos Estatutos apresentadas por escrito estão no Anexo A.)
Eduardo Proença tomou a palavra. Contextualizou que algumas das
propostas se destinam a clarificar os Estatutos, nomeadamente a que
estipula que os membros do Grupo de Contacto não podem ser membros
da Assembleia. Por outro lado, destacou a importância da alteração que
propôs no artigo respeitante às eleições primárias: que seja retirada a
palavra «gerais» em «eleições gerais» para garantir que haverá realmente
eleições primárias em todas as eleições, embora possa haver flexibilidade
quanto à forma das primárias.
João Massena tomou então a palavra e apresentou uma emenda
sobre a questão da paridade, defendendo que, por razões práticas, fosse
suavizada essa exigência, e que só fosse respeitada a paridade «sempre
que existam condições». Em princípio, será sempre respeitada até 33%.
Paulo Muacho tomou a palavra (a título pessoal) e esclareceu que a
emenda que propõe se destina a impedir que, no âmbito das autárquicas,
a existência de primárias não impeça o partido de apresentar listas.
O Presidente da Mesa interveio para notar que estavam em
discussão duas questões identitárias do partido: as primárias e a
paridade.
João Lopes tomou a palavra e afirmou que gostaria que o João
Massena especificasse que na sua emenda não mencionava que a
paridade seria aplicada a 33%.
Ricardo Alves tomou a palavra para apresentar uma emenda oral
aos Estatutos: que no artigo 7º, nº6, se acrescente que «os lugares em falta
[possam] ser eleitos num Congresso intercalar», justificando que existem
três lugares em falta na Assembleia que podem ser preenchidos se este
Congresso iniciar um processo de eleição. Acrescentou a sua
concordância com a emenda apresentada por Paulo Muacho sobre as
primárias, defendendo maior flexibilidade no caso de primárias para
autárquicas.
Rui Tavares tomou a palavra (em nome pessoal). Relativamente ao
nome, acrescentou que a alteração para «LIVRE/Tempo de Avançar» fora
feita no contexto de uma campanha eleitoral e de uma convergência que
terminou. Quanto à sigla, defendeu que os Estatutos especifiquem que «a
sigla do partido é LIVRE, acrónimo de Liberdade, Esquerda, Europa,
Ecologia», mas chamando a atenção de que a aprovação deve ser
condicional à aceitação pelo Tribunal Constitucional, porque se este
recusar ficará apenas «L», como era o caso no início do partido. Recordou
que o Tribunal Constitucional, aquando da legalização do partido,
publicou um segundo acórdão especificando que o nome do partido se
escreveria com maiúsculas. Defendeu em seguida, relativamente às
primárias, que a paridade de género seja interpretada como 50% de
mulheres, porque temos conseguido trazer mulheres para a participação,
anunciando que não votaria a favor da emenda de João Massena tal como
apresentada e pedindo um compromisso entre as posições presentes.
Relativamente à emenda apresentada por Paulo Muacho, disse que o
princípio da subsidiariedade deve ser aplicado às eleições primárias,
devendo ser encontrado o modelo que melhor se adapte a cada escala, e
que portanto ainda existe espaço para as primárias nos Estatutos serem
interpretadas na formulação atual, opondo-se portanto a esta emenda.
Concordou com a emenda apresentada por Ricardo Alves, propondo que
o Congresso inicie o processo eleitoral para a Assembleia o terminar
posteriormente.
Paulo Monteiro tomou a palavra. Concordou com Rui Tavares que se
mantenha a formulação atual dos Estatutos no que respeita às eleições
primárias, embora tendo em conta que nas autárquicas poderá haver
especificidades que terão que ser contempladas. Afirmou ainda que
acompanha a posição do Eduardo Proença.
Miguel Dias tomou a palavra. Esclareceu, relativamente à alteração
ao nome, que o Grupo de Contacto apresenta três emendas para votar em
alternativa: primeira, nome «LIVRE» e sigla «LIVRE»; segunda, nome
«LIVRE Liberdade Esquerda Europa Ecologia» e sigla «LIVRE»; terceira,
nome «Liberdade Esquerda Europa Ecologia» e sigla «LIVRE». Salientou
que se o Tribunal Constitucional não aceitar que a sigla seja «LIVRE», que
será apenas «L». A título pessoal afirmou, relativamente à questão da
paridade, que concorda com Rui Tavares e que devemos continuar a
fazer um esforço para obter a paridade em todos os órgãos; relativamente
às primárias para as autárquicas, frisou que haverá situações muito
diversas nessas eleições, e questionou se fará sentido haver primárias em
locais em que tenhamos muito poucos membros, e também se fará
sentido haver votantes de fora das respetivas autarquias.
Eduardo Proença tomou a palavra e afirmou que entendia os
argumentos apresentados, e que não se pode impedir as pessoas de
participar, a título de independentes, noutras listas.
Miguel Won tomou a palavra e afirmou que as primárias são um
princípio fundador, que às vezes é seguido de uma forma não pragmática,
o que pode acabar por matar o próprio partido, e que portanto temos que
ser flexíveis nos nossos princípios, tendo em conta que somos poucos.
Argumentou ainda que será difícil negociar coligações tendo nós a
obrigação de primárias a que não podemos forçar eventuais parceiros de
coligação, sublinhando que as eleições autárquicas têm um carácter
específico. Afirmou que votaria a favor da emenda de Paulo Muacho.
Teresa Leitão tomou a palavra e afirmou que tem que haver alguma
flexibilidade quanto às primárias. Frisando não querer pessoalizar,
afirmou que o Grupo de Contacto deve abster-se de dar indicações de
voto em primárias, porque nem sempre o Grupo de Contacto conhece as
realidades locais, e afirmou concretamente que o Grupo de Contacto não
respeitou as inclinações locais nas primárias para as legislativas.
Luciana Rio Branco tomou a palavra na qualidade de Presidente do
Conselho de Jurisdição, e recomendou às pessoas que reflitam bem e que
se recordem que são necessários dois terços dos votos do Congresso para
aprovar cada emenda. Acrescentou que o Conselho de Jurisdição terá
que escrutinar todas as decisões. Finalmente, frisou que todas as nossas
decisões sobre os Estatutos serão escrutinadas pelo Tribunal
Constitucional.
Rui Tavares tomou a palavra a título pessoal para afirmar que
estamos todos a dizer o mesmo, porque todos estão a dizer que as
primárias são um princípio importante para o partido, mas também que
tem que haver algum respeito pelo princípio da subsidiariedade.
Acrescentou que o artigo sobre primárias dos Estatutos é muito taxativo.
Propõe a seguinte emenda de consenso: «As modalidades das primárias
são regidas por Regulamentos próprios, tendo em conta o princípio da
subsidiariedade, e enquadrados pelas decisões dos órgãos relevantes,
nomeadamente em eleições locais». Sublinhou que em candidaturas do
partido em nome próprio haverá sempre primárias abertas.
João Vasco Gama tomou a palavra e afirmou que os Estatutos devem
estar preparados para todas as dimensões do partido (em número de
membros) e não apenas para a dimensão atual. Discorda do Eduardo
Proença. O princípio das primárias visa proteger as pessoas que se
querem candidatar sem passar por aprovação dos órgãos de um partido.
Aurora Cerqueira tomou a palavra e recordou, sobre o nome do
partido, que uma sigla e um acrónimo não são a mesma coisa. A primeira
emenda ao nome (das três em votação) não é portanto teoricamente
sustentável.
Antes de Paulo Muacho tomar a palavra (a título individual), Rui
Tavares interpelou-o perguntando se seria possível salvaguardar a grafia
em maiúsculas do nome e da sigla do partido. Paulo Muacho respondeu
que em princípio seria possível, já havendo um acórdão do Tribunal
Constitucional sobre a grafia em maiúsculas do nome. Relativamente à
emenda do Eduardo Proença, disse ser necessário recordar que a
realidade local é muito diferente das grandes cidades, e que a emenda
que ele (Paulo Muacho) apresentou pretende respeitar essa diferença.
Afirmou não estar em desacordo com a proposta de Rui Tavares, mas
acrescentou que é necessário ter uma discussão longa e aprofundada
sobre o que são primárias. Não acha, por exemplo, que voto de braço no
ar numa Assembleia local o seja. Primárias deve significar uma eleição,
idealmente uninominal.
Rui Tavares, na qualidade de Presidente da Mesa, notou que
dificilmente haveria a maioria de dois terços necessária em torno desta
emenda do Paulo Muacho e propôs que Paulo Muacho e Eduardo Proença
encontrassem uma proposta de compromisso, adiando a votação final
dos Estatutos para a tarde.
Paulo Monteiro tomou a palavra e afirmou que se deve especificar o
que são «órgãos relevantes» na proposta de consenso do Rui Tavares (se
se trata do Grupo de Contacto, da Assembleia ou do Congresso).
Pedro Mendonça tomou a palavra (a título pessoal) e afirmou que as
primárias não são um fim em si, são a ferramenta que nós encontramos
para retirar poder aos órgãos nacionais. Defendeu portanto que a
obrigatoriedade formal de fazer primárias em todas as situações
(coligações ou não, por exemplo) não seja uma necessidade para garantir
a democracia e a liberdade, e afirmou-se portanto favorável a que a
obrigatoriedade de primárias saia dos Estatutos. Afirmou ainda que acha
inaceitável que um membro do LIVRE se candidate como independente,
porque seria mentir aos eleitores. Apelou a um compromisso entre o
Paulo Muacho e o Eduardo Proença, mantendo sempre presente que as
primárias não são um fim, mas um meio.
Rui Tavares deu início à votação. Os resultados foram os seguintes1:
● Emenda nº1 (apresentada por Eduardo Proença), aprovada com um
voto contra;

1
​Ver o Anexo A para a numeração das emendas, artigo e número a que dizem respeito e
para o seu conteúdo, salvo quando se trata de emendas orais ou alteradas oralmente.
● Emenda oral ao Artigo 7º nº72 (apresentada por Ricardo Alves), cuja
nova redação passa a ser «Os mandatos dos órgãos do partido têm uma
duração de dois anos, podendo os titulares de mandatos individuais
nesses órgãos ser eleitos pelo máximo de três vezes sucessivas. Por
decisão do Congresso podem realizar-se eleições intercalares para
preenchimento de lugares vagos na Assembleia», aprovada com uma
abstenção;
● Emenda nº2 (apresentada por João Massena, alterada oralmente),
cuja nova redação passa a ser «Nas eleições aos órgãos partidários e nas
candidaturas apresentadas pelo LIVRE deve estar assegurada a igualdade
representativa de género, cabendo aos órgãos partidários fazer os
possíveis para assegurar o cumprimento de condições para tal»,
aprovada com vinte cinco votos a favor, seis abstenções e quatro votos
contra;
● Emenda nº3 (apresentada por Eduardo Proença), aprovada com
quatro abstenções;
● Emenda nº4 (apresentada por Eduardo Proença, alterada
oralmente), cuja nova redação passa a ser «Rege-se por regimento
próprio aprovado no início dos trabalhos de cada Congresso, sob
proposta do Grupo de Contacto ou de uma Comissão Organizadora do
Congresso aprovada em Assembleia para tal», aprovada com duas
abstenções;
● Emenda nº5 (apresentada por Eduardo Proença), rejeitada com
onze votos a favor, treze contra e nove abstenções;
● Emenda nº6 (apresentada por Eduardo Proença), aprovada com
seis abstenções e dois votos contra.
A votação sobre a emenda nº7 foi deixada para a parte da tarde do
Congresso.
Na votação em alternativa sobre o nome e sigla do partido (artigo 3º,
nº1), as propostas eram: «O nome do partido é LIVRE, acrónimo dos
quatro pilares Liberdade, Esquerda, Europa e Ecologia. A sigla do partido

2
Nº7 na nova numeração, nº6 na anterior numeração.
é LIVRE» (proposta A); «O nome do partido é LIVRE Liberdade Esquerda
Europa Ecologia. A sigla do partido é LIVRE» (proposta B); «O nome do
partido é Liberdade Esquerda Europa Ecologia. A sigla do partido é
LIVRE» (proposta C). O Presidente da Mesa recordou que em qualquer
destes casos a sigla será «LIVRE», e que no caso de o Tribunal
Constitucional recusar esta sigla, a sigla será apenas «L». Os resultados
foram: proposta A, vinte e três votos; proposta B, oito votos; proposta C,
um voto, sendo portanto aprovada a proposta A.
Finalmente, colocada a votação a emenda nº9, foi aprovada por
unanimidade.
Dado serem 13 horas, o Presidente da Mesa propôs que fosse
antecipado o ponto 5 (filiação internacional), ficando o ponto 4 (alterações
ao Regulamento da Assembleia) restrito a uma intervenção de um
membro da Assembleia.

5. Apresentação e debate das propostas relativas à filiação


internacional do LIVRE; Votação das resoluções relativas à filiação
internacional do LIVRE;
O Presidente da Mesa deu a palavra a Marta Neves, membro do
Grupo de Contacto, que apresentou então a moção sobre a inserção
político-partidária europeia do LIVRE. Marta Neves começa a sua
intervenção notando os tempos de grande polarização que se vivem no
projeto europeu. O euroceticismo e a eurofobia crescem à direita, mas
também à esquerda. O LIVRE tem desde a sua fundação uma posição
clara de europeísmo de esquerda. “No entanto, ser europeísta não
significa aceitar impávido” o que se está a passar com o projeto europeu,
prossegue, identificando como áreas de crítica vigorosa o atual acordo
entre a UE e a Turquia respeitante aos refugiados e o sistemático desfazer
do princípio da solidariedade entre os estados-membros. Ao contrário de
outros partidos, o LIVRE tem como proposta a construção de uma
democracia europeia para os 500 milhões de cidadãos europeus. Esta é a
forma de avançar contra o nacionalismo primário que renasce à
esquerda e à direita. “O LIVRE não pode nem deve ceder ao facilitismo”:
continuaremos a defender não “esta” União, mas uma União democrática
sem a qual não poderá existir uma Europa Social. “O BE e o PCP vão
pintando os seus discursos soberanistas de euroceticismo… o PSD e o
CDS parecem não ter opinião sobre o futuro do projeto europeu… e o PS,
cuja posição perante Bruxelas é apesar de tudo mais saudável do que a do
governo anterior, mostra também um certo vazio de propostas para o
futuro do projeto europeu”. O LIVRE, independentemente da sua
dimensão, tem uma responsabilidade particular nesta questão, e é aí que
se enquadra a questão da nossa filiação europeia.
Marta Neves resume o estado dos vários debates que ocorreram no
partido desde a sua fundação e nota que a conclusão natural é a de que o
LIVRE se revê naturalmente no Partido Verde Europeu. Contudo, desde a
nossa fundação que se assiste também a uma evolução no sentido de
movimentos democráticos pan-europeus dos quais nos sentimos
próximos e que podem vir a alterar o cenário no plano partidário
europeu. Essa realidade, admite abertamente Marta Neves, produziu uma
distinção clara no Grupo Contacto entre aqueles que consideram que
deveríamos pedir já a adesão ao Partido Verde Europeu e aqueles que
consideram que deveríamos esperar para ver quais são as
movimentações na política europeia que possam redundar na criação de
partidos democráticos e progressistas europeus que possam precisar do
LIVRE para a sua fundação. A resolução apresentada ao Congresso
resulta de um consenso entre estas duas posições.
“Se por um lado pedimos um mandato para encetar negociações
com os Verdes europeus, precisamos também de mais tempo e margem
de manobra caso o cenário partidário europeu se altere”. Por uma
questão de força negocial e espaço político, o Grupo de Contacto propõe
assim que se avance ao mesmo tempo nas duas frentes, sempre
reportando aos membros do partido e à Assembleia os passos que se
forem dando no plano partidário europeu.
Marta Neves termina a sua intervenção notando que se vivem
tempos difíceis para o europeísmo: é difícil, para muita gente, assumi-lo,
encontra pouco espaço na comunicação social e não é fácil de explicar,
não cede a populismos nem a facilitismos. A nossa inserção num partido
europeu de esquerda mas também a nossa participação nos movimentos
democráticos que se têm vindo a criar são essenciais para o caminho que
decidimos trilhar.
O Presidente da Mesa disse que intervenções sobre a filiação
internacional serão feitas à tarde, e que esta moção será também votada à
tarde.

6. Ponto de situação financeira do LIVRE, apresentação e


votação do orçamento para 2016
O Presidente da Mesa deu a palavra a Paulo Muacho, Tesoureiro do
Grupo de Contacto, que apresentou o Orçamento para 2016 [Anexo B],
mencionando como a situação é muito diferente do ano anterior, tendo
em conta o final do processo de convergência com o movimento Tempo
de Avançar. Descreveu os processos de angariação de fundos, as receitas
e as despesas previstas. Afirmou que não há muitas novidades sobre o
processo de angariação de fundos com as organizações parceiras no
movimento Tempo de Avançar.
Diz Paulo Muacho: “O orçamento é bastante mais modesto do que
habitualmente e sobretudo do que no ano de 2015, que foi um ano
excepcional na vida do partido pela construção da convergência “Tempo
de Avançar” e pela participação nas eleições legislativas. Apesar do facto
de não termos elegido nenhum deputado nem termos direito à
subvenção, tentámos fazer algum controle de gastos da parte do LIVRE,
alterámos a sede para um espaço igualmente bom em relação ao anterior,
mas que nos sai mais barato, tentámos fazer algumas campanhas de
angariação de fundos e merchandising, etc. No orçamento para 2016 as
despesas estão divididas em três grandes categorias: despesas com a
sede, despesas com atividade política do LIVRE (incluindo o Congresso, a
campanha para as eleições regionais dos Açores e “Os Setembristas”) e
despesas com propaganda e comunicação. Em relação às receitas, temos
aquelas que vêm das quotas e os donativos, o que nos dará um orçamento
à volta de 12 mil euros. As contas para 2015 estão já consultáveis no
Tribunal Constitucional e dizem respeito a um resultado líquido com um
passivo de 66.273,11€ (sessenta e seis mil, duzentos e setenta e três euros
e onze cêntimos), que corresponde essencialmente às despesas de
campanha eleitoral que falta pagar. Estamos ainda a trabalhar com os
parceiros do Tempo de Avançar e especificamente do GT Finanças do
movimento para tentar achar a melhor solução para este passivo.”
O Presidente da Mesa recapitula os dados do orçamento para 2016,
salientando que além dos cinco mil euros que se recolherão em quotas
será necessário recolher cerca de sete mil em donativos, “o que não será
fácil mas também não é impossível”. Ao trabalho, portanto, e passa-se ao
ponto seguinte na Ordem de Trabalhos.

5. Alterações ao Regulamento da Assembleia:


O Presidente da Mesa deu a palavra a Eduardo Proença para

apresentar as propostas de emendas elaboradas pelo Grupo de Trabalho


Democracia da Assembleia sobre o Regulamento da Assembleia [Anexo
C].
Eduardo Proença tomou a palavra e enquadrou e explicou as
emendas submetidas por escrito. Acrescentou uma emenda oral: no
Artigo 2º do Regulamento da Assembleia, deve ficar explícito que os
representantes dos Núcleos Territoriais enviados à Assembleia devem
estar mandatados pelos Grupos de Coordenação Local. A título pessoal,
apresentou uma emenda oral ao Artigo 10º: deve passar a ler-se «a
Assembleia deve criar Grupos de Trabalho por votação maioritária» (e
não apenas «pode»).
O Presidente da Mesa anunciou que havia duas emendas que
colocavam dúvidas a Luciana Rio Branco, representante na Mesa do
Congresso do Conselho de Jurisdição, concretamente as emendas ao
Artigo 2º e ao nº3 do Artigo 20º. Luciana Rio Branco explicou brevemente
as suas reservas: relativamente à emenda nº1, entende que será uma
formulação muito fraca dizer que os membros do Grupo de Contacto
«participam» (e não «acompanham», como previamente), os trabalhos da
Assembleia, porque pode ser uma limitação à liberdade de expressão dos
membros do Grupo de Contacto e é do interesse do partido que os
membros do Grupo de Contacto participem nos trabalhos da Assembleia;
e relativamente à emenda nº7, que também acaba por cercear o debate
interno do partido.
Eduardo Proença tomou a palavra e respondeu que acha um bocado
forte dizer que os membros do Grupo de Contacto participam nos
trabalhos da Assembleia (como acontece na formulação atual).
Marta Loja Neves pediu a palavra para alertar para a excessiva
burocratização do Congresso.
José Manuel Azevedo tomou a palavra para sugerir que na emenda
nº13, a formulação fosse «exceto quando a votação exigir escrutínio
secreto e houver condições para tal».
O Presidente da Mesa deu então início à votação das emendas ao
Regulamento da Assembleia.
● A votação sobre votar imediatamente a emenda 1 foi favorável à
votação imediata, com onze votos contra e cinco abstenções.
● A emenda 1 foi rejeitada com cinco votos a favor e oito abstenções.
● A emenda 2 foi aprovada por unanimidade.
● A emenda 3 foi aprovada com cinco abstenções.
● A emenda 4 foi aprovada com quatro abstenções.
● A emenda 5 foi aprovada com sete abstenções.
● A emenda 6 foi aprovada com cinco abstenções.
● A emenda 7 foi rejeitada com dez abstenções e três votos a favor.
● A emenda 8 foi aprovada com oito abstenções.
● A emenda 9 foi aprovada com onze abstenções.
● A emenda 10 foi aprovada com seis abstenções.
● A emenda 11 foi aprovada com um voto contra e onze abstenções.
● A emenda 12 foi aprovada com dois votos contra e três abstenções.
● A emenda 13 foi aprovada com três votos contra e uma abstenção, e
com a adenda «e não houver condições para tal».
● A emenda 14 foi aprovada com dois votos contra e cinco
abstenções.
● A emenda 15 foi aprovada com quatro votos contra e nove
abstenções.
● Votação sobre a emenda oral ao artigo 1º, proposta por Eduardo
Proença, segundo a qual passa-se a ler «um representante mandatado
pelo Grupo de Coordenação Local de cada Núcleo Territorial», foi
aprovada com dois votos contra.
● Votação sobre a emenda oral ao Artigo 10º, que passa a ler-se «a
Assembleia deve criar Grupos de Trabalho» (e não «pode criar Grupos de
Trabalho») foi aprovada com duas abstenções.
A versão final do Regulamento da Assembleia está no Anexo D.
O Presidente da Mesa suspendeu os trabalhos às treze horas e
cinquenta e cinco minutos, e pediu aos congressistas que estivessem
presentes às catorze horas e trinta minutos para reiniciar os trabalhos.

(Intervalo para almoço.)

Os trabalhos reiniciaram-se às quinze horas.

7.​ Intervenções e mensagens de convidados


O Presidente da Mesa, Rui Tavares, reabriu os trabalhos e anunciou
que haveria intervenções dos convidados seguintes: Rui Martins do
Movimento pela Democratização dos Partidos Políticos (MDP); Luís
Sousa da Transparência e Integridade - Associação Cívica (TIAC); e José
Sá Fernandes do Lisboa é Muita Gente. Agradeceu também a presença de
representantes do Partido Comunista Português e do Partido Ecologista
“Os Verdes”.
Tomou a palavra Rui Martins (MDP), com uma intervenção
chamando a atenção para a corrupção partidária, para as pessoas que
elegemos não serem responsáveis depois pelas actuações. Chama ainda a
atenção que dos filiados partidários menos de 40% pagam quotas. Os
militantes não aparecem às reuniões dos órgãos partidários, porque não
se revêem nas práticas partidárias. As juventudes partidárias deixaram
de ser escolas de cidadania e passaram a ser escolas de más práticas e
carreira partidária. A legislação atual não favorece o aparecimento de
novos partidos e prejudica os pequenos. Defende que o exercício de cargo
parlamentar (deputado) deve ser exclusivo. Favorável à implantação de
círculo de compensação nas legislativas. Afirma ainda que de todos os
partidos pequenos, o LIVRE é dos partidos emergentes aquele que
funciona melhor e que tem uns estatutos mais completos, depois de todos
os partidos analisados.
Luís Sousa da TIAC faz uma intervenção mais ligada à realidade
autárquica e ao trabalho que a Associação faz nesta matéria. A TIAC tem
um ranking de transparência municipal (Índice Transparência
Municipal). Afirma ser necessária uma reforma do poder local. Ela tem
vindo a acontecer efetivamente, com algumas alterações que favorecem o
intercâmbio entre órgãos e populares. Elas existem, estão no terreno, mas
precisam de ser acompanhadas. Fala da limitação de mandatos,
referendos locais, candidaturas independentes ou orçamentos
participativos. O modelo de poder local está datado, teve o seu tempo e
parece ter deixado de ter lógica a partir da entrada na UE. É preciso uma
reforma mais profunda para que tal seja reflectido num aumento na
participação eleitoral, aumentando o número de votantes. Temos 308
municípios que representam realidades diferentes. A ideia de ter uma
Assembleia Municipal a funcionar em permanência é financeiramente
incomportável, embora até possa ser uma boa ideia. A questão da
governabilidade deve ser resolvida caso a caso. Os dois maiores partidos
recolhem mais de 80% dos votos em 2/3 do continente. Mais uma vez se
confirma que o sistema eleitoral é desfavorável para os pequenos
partidos. Em cerca de metade dos municípios a diferença entre o 1.º e 2.º
partido foi superior a 20%, o que determina uma fraca competitividade
eleitoral e emagrece o pluralismo democrático. Em termos de ITM, dados
demonstram que as áreas nas quais existem menos transparência são a
contratação local e o urbanismo. A TIAC deixa alguns desafios: repensar o
desenho eleitoral do poder local, pode necessitar de reequacionar a
escala, maior autonomia fiscal aos municípios, proporcionar condições
reais para que haja efectivamente pluralismo, alternância e alternativas.
Seguidamente toma a palavra José Sá Fernandes, do movimento
Lisboa é Gente. Fala sobre a experiência como elemento independente
dentro das listas do PS. Começou a experiência com o BE e depois passou
para o PS. No primeiro acordo foi tudo muito vago e não ficou nada
escrito, acabando por não se cumprir. Com o PS o acordo ficou escrito
pormenorizadamente o que facilita o escrutínio dos vários itens. Um
deles era relativo à corrupção e transparência, que tem tido uma
evolução muito positiva. Outro relativo ao planeamento, nas vertentes
ecológicas e urbanísticas, que também tem sido cumprido. A participação
teve também saltos positivos, nomeadamente no orçamento
participativo, auscultação em numerosas matérias, embora neste campo
considere que podia o executivo de Lisboa ter ido mais longe. A
descentralização de competências para as freguesias foi única em termos
nacionais e deve continuar esse esforço nos próximos tempos. Nas
eleições autárquicas é muito importante que as pessoas sintam que
existem questões concretas que podem ser resolvidas localmente. Para
tal, deixa o conselho ao LIVRE, que em sede de coligações ou parcerias, é
importante que as coisas sejam discutidas em pormenor e que fiquem
escritos para depois se poder aquilatar se foram ou não cumpridos os
objetivos delineados.
8. Apresentação das moções de estratégia autárquicas
Intervenção do Grupo de Contacto para apresentação da moção
estratégica do partido, por de Jorge Pinto e Patrícia Gonçalves. (Anexo E)
Jorge Pinto relembra a criação do LIVRE, a quebra do tabu da
governação com convergência à esquerda, refere que essa “vitória moral”
do LIVRE não serve de grande consolo e nos deve fazer insistir na ideia
de que uma convergência à esquerda deve significar também a
participação governativa. Menciona o apoio do LIVRE a António Sampaio
da Nóvoa e congratula-se pelo resultado honroso que este teve nas
eleições presidenciais, embora insuficiente para impedir uma vitória de
Marcelo Rebelo de Sousa à primeira volta. Faz o balanço aos primeiros
meses de governação à esquerda, com um enfoque especial sobre
questões sociais, da educação e ambientais. Defende a reposição do
horário de 35 horas de trabalho tanto no setor público como no setor
privado e assinala a presença de “dois elefantes no meio da sala” que são
o Tratado Orçamental e a renegociação da dúvida. O LIVRE tem a
liberdade de levantar estes temas e deve continuar a enfatizá-los em
nome do direito dos países da UE a poderem desenvolver-se.
Jorge Pinto foca-se particularmente na questão europeia, para
distinguir claramente aquilo que na UE é efeito de um projeto de
integração europeia daquilo que é consequência de lógicas de poder
intergovernamental. Menciona o acordo “vergonhoso” para gestão de
refugiados com a Turquia, as negociações para o TTIP e as questões da
evasão aos impostos e dos paraísos fiscais. É nesta agenda europeia que o
LIVRE deve estar presente com o “europeísmo crítico” que nos
caracteriza, e a esse propósito Jorge Pinto relembra a participação do
LIVRE em reuniões de movimentos alternativos europeus, como no
lançamento do DIEM25 e na reunião de Copenhaga organizada pelo
partido Alternativet.
A nível nacional, o LIVRE deve continuar a defender temas que
nem sempre estão na agenda política: o rendimento básico, a
regionalização, a legalização de drogas leves e a democratização dos
partidos políticos são alguns desses temas. Temos de conseguir discutir
sem medo o federalismo europeu, ou a democracia europeia. O futuro do
combate às alterações climáticas passa por uma europeização das
políticas ambientais. E temos de conseguir discutir para lá da Europa a
necessidade de uma globalização justa, ambientalmente sustentável e
mais democrática. O século XXI deve ser encarado com ideias do século
XXI, e uma dessas ideias é a da cidadania global.
Patrícia Gonçalves toma agora a palavra para falar das eleições
autárquicas e das eleições regionais açorianas.
As eleições regionais nos Açores constituirão o terceiro desafio
eleitoral do LIVRE em apenas dois anos de existência. Não tendo sido
possível estabelecer estratégias de convergência com outras forças
progressistas, o LIVRE apresentará uma candidatura própria às eleições
nos Açores. Esta será também uma boa oportunidade para
apresentarmos as nossas ideias aos concidadãos açorianos, através de
um programa participativo e sério, como é timbre do LIVRE. Estão a
decorrer agora as primárias para candidatos e candidatas à lista do LIVRE
e Patrícia Gonçalves apela à participação nas primárias a todos os que
tenham capacidade e vontade de ajudar ao desenvolvimento da Região
Autónoma defendendo as ideias e os princípios do LIVRE.
No próximo ano de 2017 o LIVRE terá um outro desafio ainda mais
complexo que é o das eleições autárquicas. Trata-se de centenas de
eleições que normalmente mobilizam milhares de candidatos. A decisão
do LIVRE em relação a estas eleições é de concorrer a elas em geometria
variável: em alguns casos o LIVRE apresentará a sua candidatura
sozinho, noutros em convergência, noutros ainda apoiará movimentos de
cidadãos independentes e finalmente poderá também abrir as suas portas
a cidadãos independentes para que se apresentem candidaturas a
autarquias. É nosso entendimento que esta estratégia de geometria
variável reforça o papel do LIVRE como partido pioneiro na abertura das
suas listas aos cidadãos independentes que assim o desejem. As eleições
autárquicas dão-nos também uma boa ocasião para estabelecer sinergias
com movimentos locais, e é isso que pretenderemos fazer.
Qualquer candidatura que o LIVRE apresente terá evidentemente
de respeitar os princípios basilares do partido, nomeadamente no que diz
respeito à luta ambiental. Teremos assim uma oportunidade única de
divulgar o nosso projeto e as nossas ideias. Vamos inscrever o LIVRE no
espaço das nossas cidades, vilas e aldeias com os nossos princípios de
liberdade, participação e desenvolvimento.
Começam as intervenções dos Congressistas, com José Azevedo
falando da realidade açoriana e do desafio das próximas eleições
regionais. Indicando que a região tem dos piores indicadores de
participação cívica da OCDE. A estratégia do LIVRE deve ser apostar nos
locais onde existem mais pessoas. Para apresentar uma lista em São
Miguel, por exemplo, precisamos de 21 pessoas e para a Terceira 12
pessoas. Neste momento há apenas duas candidaturas em S. Miguel.
Lança o mote para que dentro o LIVRE as pessoas tentem ajudar nesta
demanda e para se apresentarem como candidatas.
José Manuel Tengarrinha afirma que é um prazer intelectual ler
um documento com a qualidade da moção estratégica levada a este
Congresso. A realidade política actual deu por finda a noção conhecida
como arco da governação, que no fundo não era mais de uma alternância
sem alternativa no poder. Hoje isso parece estar ultrapassado. Dentro das
questões autárquicas, tendo alguma experiência nos órgãos locais, as
escolhas dos cidadãos resultam de um compromisso entre as directizes
partidárias e as simpatias locais. Isso não é bem visto pelos partidos.
Deixa algumas ideias para as autárquicas: nas Assembleias municipais –
reforço dos poderes e recursos menos limitados; Listas de cidadãos – o L
deve promover as listas independentes de cidadãos e essa deve ser uma
das prioridades.
João Vasco Gama, identifica-se com a moção estratégica e
congratula o GC. Mostra-se crítico da moção sectorial – Mudar a
Educação, parecendo-lhe mal preparada e pouco fundamentada, por isso
votará contra.
Marisa Filipe afirma que na generalidade a moção é boa, mas que
continuam a faltar referências às empresas e recibos verdes. É essencial
regular o mercado laboral dos recibos verdes e determinar valores mínimos
de hora de trabalho. A «geringonça» já fez muitas coisas bem, mas em
termos fiscais continua a ser complicada a relação entre contribuinte e
finanças essencialmente pelo desconhecimento.
Rui ​Tavares recorda que o LIVRE apareceu para tentar mudar
Portugal, nomeadamente no campo da esquerda tentando acordar esse
campo político para os perigos da ausência de entendimentos. O LIVRE
não está cá para fomentar carreiras políticas, pretendendo lançar novos
nomes na cena política. Assim, é necessário impulsionar o processo nos
Açores, falando com as pessoas e ajudando no processo das eleições
regionais. Em termos de eleições autárquicas é preciso estar atento para
o mais que provável processo inédito de eleição direta nas áreas
metropolitanas de Lisboa e Porto. Nas questões europeias o L parece
estar isolado no campo da esquerda a nível nacional. A ideia de que o
projecto europeu está falido é até perigosa. É necessária passar a
mensagem que a UE deve estar na linha da frente na defesa dos direitos
humanos e só o seu sucesso pode contribuir para um mundo mais
hum​ano.

Paulo Monte​iro: o Grupo de Coordenação Local do Núcleo


Territorial do Porto decidiu encetar contactos com os partidos
progressistas, associações e movimentos ecologistas tendo em vista as
próximas eleições autárquicas. Valoriza o trabalho feito em termos
estatutários pelos demais camaradas.
Bárbara Tengarrinha: o LIVRE é um partido inclusivo. Tal está no
seu ADN. Existe um gueto que começa a crescer perante os nossos olhos
que é o gueto das gerações. Nenhum partido parece estar atento a esta
temática e o LIVRE parece estar bem colocado para responder a este
desafio, por ser um partido novo. Apresenta a ideia de modelo de
coabitação (intergeracional) para fazer face ao desaparecimento do
modelo social da família tradicional. Esse impulso deveria ter o seu
espaço na realidade local. Embora não tenha um modelo ainda pensado
gostava que o LIVRE se debruçasse sobre o mesmo, propondo a criação
de um grupo de estudo nesta matéria.

Marta Loja Neves: o LIVRE deve começar a partir de Setembro uma


espécie de programa aberto reunindo ideias de pessoas externas ao
partido sobre as realidades locais. Reunir-se-iam assim ideias para a
fundamentação dos programas locais, consubstanciado e alinhavado
depois com os princípios do LIVRE. Teríamos assim um programa
participado pelas comunidades locais.

Eduardo Proença: favorável à moção sectorial da educação,


defendendo o ensinamento de noções políticas na escola. É preciso
também repensar o sistema dos exames e o método de avaliação.

Rodrigo Brito acha positiva a resolução do GC sobre a filiação


europeia do L, alertando para as possíveis consequências do referendo
no Reino Unido. Nas questões autárquicas deixa em aberto a
possibilidade do L se candidatar apenas em coligações ou assumir não ir
a votos. Quanto à moção sectorial da educação parece leviana​.

Luciana Rio Branco, acerca da temática da escola pública relembra


que ninguém fala da pré-escola pública, mais concretamente creches e
infantários. O incentivo à natalidade passa também por aqui​.

Nelson Caetano: uma das maiores forças do LIVRE é a força


democrática. As primárias são uma forma de mobilização. Como é que
conseguiremos ter primárias nas autárquicas? Devíamos iniciar um
processo de primárias e elas só seriam vinculativas se houvesse pessoal
suficiente.
João Vasco Gama: o estudo da política no currículo educativo já
consta do programa do LIVRE. As propostas devem ser apresentadas de
forma responsável sob pena de cairmos no ridículo ou entediarmos as
pessoas com propostas recorrentes ou redundantes.
Aurora Cerqueira: a educação pode e deve ser discutida, mas o
nosso programa às legislativas já era bastante bom. Agora a discussão
tem de ser feita de forma responsável e não alterar meramente o que já
existe. Por exemplo, porquê a noção de turma? O ensinamento não está
necessariamente fechado no espaço de turma. O ensinamento cívico e
político tem de ser feita de forma experimental. A escola pública é o
espaço por excelência onde todos, independentemente do seu percurso e
donde vêm, partem em pé de igualdade​.
Jorge Gravanita: a democracia está implantada em Portugal, mas é
necessário trazer o povo à democracia. O partido deve propor formas de
organização social que façam face aos desafios do século XXI.
João Lopes: defende a moção sectorial da educação que apesar de
não ser perfeita tem o mérito de falar no assunto e colocá-lo em
discussão.

Nivaldo Silva: na moção sectorial de educação falta a educação


inclusiva e as necessidades especiais. O LIVRE tem de falar na saúde
mental e no alojamento nos grandes centros urbanos, onde as famílias
com menos posses são “expulsas” da cidade. Na ligação ferroviária entre
Sines e Caia a qualidade de vida das populações locais será brutalmente
afetada​.
Marta Loja Neves: não concorda com a moção específica da
educação mas a mesma chega num bom momento, pois o Grupo de
Contacto tem uma série de iniciativas na questão da escola pública e na
escola que queremos para o futuro​.

João Caseiro envia vídeo, passado no Congresso, onde defende a sua


moção.
Pedro Mendonça: disserta sobre a CPLP e sua possível interação
com as autárquicas. A ideia seria fazer de Lisboa e Porto como principais
centros urbanos e cidades de cidadãos livres, farol para o mundo da
lusofonia e possível porto de abrigo para cidadãos ativistas de direitos
cívicos perseguidos nos países de origem.

11. Votação das moções

Neste ponto foram incluídas outras votações pendentes de pontos


anteriores.

A)Moção estratégica aprovada por unanimidade e aclamação;


B) Moção sectorial relativa a educação foi chumbada com 10 Votos a
favor, 10 votos contra e 10 abstenções;
C) Resolução sobre a inserção político-partidária europeia do LIVRE
foi aprovada com duas abstenções;
D)Emenda 7 aos Estatutos do LIVRE, de compromisso entre Eduardo
Proença e Paulo Muacho, foi aprovada por unanimidade, sendo que o nº1
passa a ter a seguinte redação: “As eleições para cargos internos ao
partido são feitas através de eleições diretas. A escolha de candidatos
para eleições gerais exteriores ao partido é feita através de primárias
abertas. As modalidades destas eleições primárias são regidas por
regulamentos próprios e enquadradas em decisões dos órgãos nacionais,
incluindo também os órgãos locais quando aplicável, tendo em conta o
princípio da subsidiariedade”;
E) Alterações aos estatutos aprovadas por unanimidade na
generalidade. (A forma final dos Estatutos encontra-se no Anexo F.)

Na parte da votação do orçamento, Paulo Monteiro pede para


intervir, colocando alguns pontos à consideração. Como é que a execução
orçamental foi feita até ao momento? Como é sustentado o valor das
primárias nos Açores? Parece um valor muito pequeno. Regista com
agrado que as contas de 2015 já estão disponíveis no site do TC, pelo que
deveria haver um link no site do LIVRE. Quanto à transparência
devíamos ter um indicador que refletisse a saúde financeira do partido
disponível para membros e apoiantes. Na Assembleia de 2 de Abril foram
apresentadas como despesas para pagar €54.900,00 e agora fala-se de
mais de €66.000,00.
Em nome do Grupo de Contacto intervém Paulo Muacho, dizendo
que quanto à execução orçamental tal pode ser especificado numa
Assembleia. O valor para os Açores não é o orçamento ideal, é o
orçamento possível. Quanto ao link no site do LIVRE parece fazer todo o
sentido. No que diz respeito à discrepância de valores o de 54 mil euros é
apenas da fatura dos outdoors, enquanto que os 66 mil euros englobam
outras contas em aberto​.
F) Votação de proposta de orçamento: aprovada com quatro
abstenções.
Antes da intervenção de encerramento por parte do Grupo de
Contacto houve uma transmissão de mensagem video de Monica
Frassoni, vice-presidente dos Verde Europeus.

O Presidente da Mesa do Congresso, Rui Tavares, agradece a


Nelson Caetano e João Massena pelo apoio técnico e à Inatel pelas
instalações. Informa que brevemente serão iniciados processos de
eleição dos GCL dos NT de Lisboa e Setúbal. Também informa que fruto
das mudanças estatutárias podemos iniciar o processo para eleição
intercalar de vagas na Assembleia por preencher, no caso específico para
preencher os 3 lugares destinados ao sexo feminino. Colocado à votação,
o início deste processo foi aprovado por unanimidade.

12. Intervenção do Grupo de Contacto


O encerramento do Congresso esteve a cargo de Safaa Dib (Anexo
G) e Paulo Muacho (Anexo H), membros do GC.

13. Encerramento do Congresso.


Deram-se por concluídos os trabalhos pelas 18h00.
. Ata redigida por Ricardo Alves e Miguel Dias

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