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Saneamento I

Consumo de Água

Prof Eduardo Cohim


edcohim@gmail.com 1
SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA


• A previsão do consumo de água é fundamental para


o planejamento, projeto e operação de um SAA.
• O dimensionamento de tubulações, estruturas e
equipamentos são função das vazões, que
dependem do consumo médio por habitante, do
número de habitantes, das variações da demanda e
de outros consumos.
Gestão da oferta de água

Gestão da demanda de água


Gestão da oferta
- As necessidades de água são exigências que têm que
ser atendidas e não demandas que podem ser
alteradas
- Novas instalações são construídas usando os
mananciais disponíveis para atender o que se
“percebe” como aumento da necessidade de água
- Resultado: abuso dos recursos hídricos e outros
recursos, super investimento e poluição
- Esse paradigma de conceber o sistema de
abastecimento de água sem dar atenção aos
determinantes da demanda, estruturas de preço e
políticas de financiamento não é sustentável.
Gestão da Demanda
•Gestão da demanda é qualquer ação que
reduza ou modifique os volumes de captação
e de consumo de água.
•Pode ser definida como uma estratégia para
melhorar o a eficiência e o uso sustetável da
água, levando em conta os aspectos
econômico, social e ambiental.
•Pode fazer uso dos preços, de restrições
quantitativas e outros meios para limitar a
demanda de água.
Gestão da demanda
•A gestão da demanda da água foca nas
demandas propriamente ditas, não em
soluções estruturais.
•Recomenda a implantação de novas
estruturas apenas depois que as opções para
reduzir as demandas tenham sido
plenamente analisadas.
•A gestão da demanda junto com as medidas
de conservação é a forma mais barata de
disponibilizar água. Principalmente em locais
onde demandas adicionais são colocadas e
os recursos hídricos já são usados no limite.
CLASSIFICAÇÃO DE
CONSUMIDORES
RMSP
Consumidor Participação %
Residencial 80,3
• Doméstico
Comercial 12,3
Industrial 3,6
Público 3,8
Total 100
• Comercial
Porto Seguro -BA
LIGAÇÕES DE ÁGUA • Industrial
CATEGORIA QUANT. %
RESIDENCIAL 9843 91,05%
COMERCIAL 892 8,25%
INDUSTRIAL 1 0,01% • Público
PÚBLICA 75 0,69%
TOTAL 10811
Feira de Santana

1%
7%

5%

Residencial

Comercial

Industrial

Público

87%

Ipuaçu
0%
1% 7%

Residencial
Comercial
Industrial
Público

92% 9
USO DOMÉSTICO
Distribuição % do Consumo Domiciliar de Água por
Ponto de Consumo em Países Selecionados
Pontos de consumo % em relação ao total
Bacia sanitária 38 • Corresponde à água usada em
Banho/chuveiro 29 residências para bebida, higiene
Lavatório 5 pessoal,preparo de alimentos,
Lavagem de roupa 17 lavagem de roupa e limpeza em geral.
Lavagem de louça 6 Depende de muitos fatores:
Beber/cozinhar 5
Total 100
– Físicos: temperatura do ar, chuva,
etc.
– Renda familiar
Distribuição % do Consumo Domiciliar – Características da habitação
de Água por Ponto de Consumo na RMSP
– Características do SAA
Pontos de % em relação ao total
consumo Em casas e Em apartamentos
– Forma de gerenciamento do SAA
sobrados – Características culturais da
Bacia sanitária 29 30 comunidade
Chuveiro 28 29
Lavatório 6 6 – Equipamentos hidráulicos utilizados
Pia 17 18
Lava-louça 5 4
Tanque 6 5
Lava-roupa 9 8
Total 100 100
USO COMERCIAL
• Atividades diversas
• Poucas pesquisas para
medição do consumo
de água em
estabelecimentos
comerciais
USO INDUSTRIAL

• O uso da água na indústria


pode ser classificado em
cinco categorias:
– Humano
– Doméstico
– Incorporação ao produto
– Utilização no processo
– Perdas e usos não rotineiros
USO PÚBLICO
• Nesta classificação se inclui a água utilizada
em:
– Irrigação de parques e jardins
– Lavagem de ruas e passeios
– Edifícios e sanitários públicos
– Chafarizes e fontes ornamentais
– Combate a incêndio, etc.
Sistemas de abastecimento de água
ESTUDO DA POPULAÇÃO

• As obras são projetadas para atender


populações maiores que as atuais
• O horizonte de projeto é normalmente de 20 a
30 anos
• Para evitar ociosidade nas etapas iniciais, as
obras são previstas para implantação em
etapas
POPULAÇÃO NA ÁREA DE PROJETO
Para o estudo de população deve ser levado
em conta:
Qualidade das informações que vão servir de
base
Efeito do tamanho da área
Período de tempo a ser projetado
Compatibilização das diversas projeções
realizadas
POPULAÇÃO NA ÁREA DE PROJETO
 A projeção da população para um SAA deve levar em conta as
especificidades da área, suas características sócio-econômicas,
urbanísticas e a dinâmica de ocupação do solo, além da existência de
projetos para a área. Portanto deve-se levar em conta:
 Dados populacionais do município e distritos dos últimos 4 censos
 Os setores censitários da área de projeto
 Os dados atuais de ligações de água e energia, com os respectivos índices de
atendimento
 Dados atualizados do cadastro imobiliário
 Pesquisa de campo
 Planos e projetos para a área
 Plano Diretor do Município
 Situação sócio-econômica do município
MÉTODOS PARA O ESTUDO DEMOGRÁFICO

• Método dos componentes demográficos


• Métodos matemáticos
– Método aritmético
– Método geométrico
– Método da curva logística
– Extrapolação gráfica
• População flutuante
• Distribuição demográfica
COMPONENTES DEMOGRÁFICOS
 Considera a tendência passada das variáveis demográficas:
 Fecundidade
 Mortalidade Crescimento Crescimento
social
vegetativo
 Migração

P  Po  ( N  M )  ( I  E)
Onde: P= população na data t
Po= população na data inicial to
N= número de nascimentos no período
M= número de mortes no período
I= imigrantes no período
E= emigrantes no período
POPULAÇÃO FLUTUANTE

É a população que se estabelece no núcleo urbano


por curtos períodos de tempo, como no caso de
locais de veraneios, estâncias climáticas e
hidrominerais.
A avaliação pode ser feita a partir do número de
domicílios de ocupação temporária, obtido do censo,
e complementado com informações do número de
leitos em hotéis e pousadas e respectivas taxas de
ocupação
Densidades populacionais típicas
em função do uso do solo

Uso do solo Densidade populacional


(hab/ha) (hab/km2)
Áreas residenciais
Residências unifamiliares; lotes grandes 12 – 36 1.200 – 3.600
Residências unifamiliares; lotes pequenos 36 – 90 3.600 – 9.000
Residências multifamiliares; lotes pequenos 90 – 250 9.000 – 25.000
Apartamentos 250 – 2.500 25.000 – 250.000
Äreas comerciais 36 – 75 3.600 – 7.500
Áreas industriais 12 – 36 1.200 – 3.600
Total (excluindo-se parques e outros equipamentos de grande porte) 25 – 125 2.500 – 12.500

21
Densidades demográficas e extensões
médias de arruamentos por ha

Uso do solo Densidade populacional Extensão média de


de saturação (hab/ha) arruamentos (m/ha)
Bairros residenciais de luxo, com lote padrão de 800 m2 100 150
Bairros residenciais médios, com lote padrão de 450 m 2 120 180
Bairros residencais populares, com lote padrão de 250 m2 150 200
Bairros mistos residencial-comercial da zona central, com 300 150
predominância de prédios de 3 e 4 pavimentos
Bairros residenciais da zona central, com predominância de 450 150
edifícios de apartamentos com 10 e 12 pavimentos
Bairros mistos residencial-comercial –industrial da zona urbana, 600 150
com predominância de comércio e indústrias artesanais e leves
Bairros comerciais da zona central com predominância de 1000 200
edifícios de escritórios

Em condições de saturação, em regiões metropolitanas


altamente ocupadas
22
ARITMÉTICO
Pressupõe uma taxa de crescimento constante para
os anos que se seguem, a partir de dados
conhecidos. É recomendável para previsões de
períodos curtos, 1 a 5 anos

P  P2  K a (t  t 2 )
P2  P1
Ka 
t 2  t1
Dados
1990 10585
2000 23150
2010 40000

24
ARITMÉTICO
Dados P  P2  K a (t  t 2 )
1990 10585 P2  P1
2000 23150 Ka 
t 2  t1
2010 40000

40000  10585
Ka   1470,8
2010  1990

P2030  10685  1470,8.(2030 1990)  69415


GEOMÉTRICO

Considera para iguais períodos de tempo, a mesma


percentagem de crescimento populacional
K g ( t t 2 )
P  P2 e
ln P2  ln P1
Kg 
t 2  t1
GEOMÉTRICO
Dados K g ( t t 2 )
1990 10585 P  P2 e
2000 23150 ln P2  ln P1
Kg 
2010 40000 t 2  t1

ln 40000  ln10585
Kg   0,0665
2010  1990

0, 0665.( 2030 2010)


P2030  10585.e  151157
Taxa decrescente
À medida em que a cidade cresce, a taxa de
crescimento torna-se menor. A população tende
assintoticamente a um valor de saturação.

-K d .(t - t 0 )
Pt = P0 + (Ps - P0 ) . [1- e ]
2.P0 .P1.P2  P12 .(P0  P2 )
Ps 
P0 .P2  P1 2
 ln[(Ps  P2 )/(Ps  P0 )]
Kd 
t2  t 0

28
Taxa decrescente
2.10585.23150.40000  231502.(10585  40000)
Ps   66709
10585.40000  23150 2

 ln[(66709  40000) /(66709  10585)]


Kd   0,0371
2010  1980

Pt  10585  (66709 - 10585) x (1 - e -0,0371x (t -1980)


)
Pt  53998

29
CURVA LOGÍSTICA
 Admite que a população
cresce ao longo do tempo,
tendendo,
assintoticamente, a um
valor limite de saturação, K.

Ps
Pt 
K l .(t  t 0 )
1  c.e
2.P0 .P1.P2  P12 .(P0  P2 )
Ps 
P0 .P2  P12
1 P0 .(Ps - P1)
Kl = .ln[ ]
c  (Ps  P0 )/P0 t 2 - t1 P1.(Ps - P0 )
CURVA LOGÍSTICA
Dados Pt 
Ps c  (Ps  P0 )/P0
1990 10585 1  c.eK l .(t  t 0 )

2000 23150 2.P0 .P1.P2  P12 .(P0  P2 ) 1 P0 .(Ps - P1)


Ps  Kl = .ln[ ]
2010 40000 P0 .P2  P12 t 2 - t1 P1.(Ps - P0 )

2.10585.23150.40000  231502.(10585  40000)


Ps   66709
10585.40000  23150 2

66709  10585
c  5,302
10585
1 10585.(66709 - 23150)
Kl = .ln[ ]  -0,1036
2010 - 2000 23150.(66709 - 10585)
66709
P2030  -0,1036.(2030 2010)
 61534
1  5,302.e
EXERCÍCIO
Calcular a população de Feira de Santana para o ano 2035.
Admitir os seguintes dados:
População: Ano Pop Censo
1990 339.018
2000 431.419
2010 495.965

• Utilizar os quatro métodos apresentados:


crescimento geométrico, crescimento aritmético,
taxa de crescimento decrescente e curva logística.

32
FATORES QUE AFETAM O CONSUMO
• Clima
• Condição social
• Características da cidade
• Medição de água
• Pressão na rede
• Rede de esgoto
• Tarifa
• Fatores demográficos
33
CONSUMO MÉDIO PER CÁPITA NO BRASIL
CONSUMO PER CAPITA NA BAHIA
• Dados do PERH mostram que:
• O consumo per capita médio na Bahia é de 120
L/hab./dia
• 92% vem de mananciais superficiais
• São captados 230 L/hab/dia
• Perda média de 49%
• Cenário desejado:
– Manter o consumo per capita de 120 L/hab/dia
– Reduzir as perdas a 20%
6
y = -0,054x + 113,2
R² = 0,990
5

4
(hab/domicílio)

y = -0,048x + 100,2
3 R² = 0,999
Brasil
Bahia
2

0
1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
Ano

36
400,0

350,0
Consumo per capita (L/hab.dia)

300,0

250,0 y = 342,3x-0,99
R² = 0,998
200,0

150,0

100,0

50,0 A linha pontilhada indica


o intervalo para IC=95%

0,0
1 2 3 4 5 6

Taxa de ocupação (hab/dom)

350

300
Consumo per capita (L/hab.dia)

250

y = 268,7x-0,67
R² = 0,983
200

150

100
A linha pontilhada indica
o intervalo para IC=95%

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8
37
Taxa de ocupação (no. de moradores/dom.)
CONSUMO PER CÁPITA
• O consumo de água pode ser
determinado através de um dos
seguintes métodos
– Leitura dos hidrômetros
– Leitura dos macromedidores
– Quando não existir medição
VALORES DO CONSUMO MÉDIO
EFETIVO PER CÁPITA
• Esse procedimento é adotado quando existem hidrômetros
nas ligações prediais

Volmicro
qc  .1000
NE.ND.Toc
• Onde,
– qc= consumo efetivo percápita, L/hab/dia
– Volmicro= volume micromedido, m3
– NE= número de economias
– ND= número de dias medidos
– Toc= taxa de ocupação por domicílio, Hab/economia
VALORES DO CONSUMO MÉDIO
EFETIVO PER CÁPITA
• Para incorporar as perdas de água:

qc
qp 
1  I perdas
• Onde,
– qp= consumo percápita, L/hab/dia
– Iperdas= índice de perdas, decimal
APLICAÇÃO
• Para o cálculo do per capita dessa localidade, considerou-se, o volume
micromedido acrescido de 35% de perdas.
• Volume micromedido: 2.667.146,0 m3/ano
• Economias micromedidas: 19.486
• Taxa de ocupação por economia: 3,0 Hab/economia (IBGE Censo 2010)

2667146
qc   125L / hab / dia
19.486  365  3
125,0
qp   192,0 L / hab / dia
1  0,35
Adotado
q p  195,0 L / Hab.dia
Leitura dos macromedidores
• O medidor instalado na saída do reservatório fornece
a cada intervalo de tempo o volume consumido.
• Alguns modelos fornecem o gráfico tempo vazão,
que permite conhecer os coeficientes de variação de
vazão.
• Dividindo-se o volume pelo número de habitantes,
obtem-se o consumo per cápita
Quando não existir medição

• Nesses casos, adotam-se valores


médios e coeficientes de variação de
comunidades ou setores de
abastecimento com caracteríticas
semelhantes
Exercício
• Com base nos dados do relatório distribuído,
calcule o consumo e a produção per capita
dessa localidade.

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VARIAÇÕES NO CONSUMO

• Em um SAA, a • Variação anual


quantidade consumida • Variação mensal
varia em função do • Variação diária
tempo, das condições
climáticas, dos hábitos • Variação horária
da população, etc. • Variação instantânea
Variação diária
• A relação entre o maior
consumo diário verificado no
período de um ano e o
consumo médio no mesmo
período fornece o coeficiente
do dia de maior consumo, K1

CDmáx
K1 
CDméd
Variação horária
• A relação entre o maior
consumo horário verificado no
período de um dia e o
consumo médio no mesmo
período fornece o coeficiente
da hora de maior consumo, K2

CH máx
K2 
CH méd
VALORES DOS COEFICIENTES DE VARIAÇÃO
Variação diária (K1)
VALORES DOS COEFICIENTES DE VARIAÇÃO
Variação horária (K2)
SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Sistema Sistema
Produtor Distribuidor
VAZÕES DE DIMENSIONAMENTO

• O dimensionamento das diversas unidades de um SAA


deve ser feito para a condição de maior demanda
• Para captação, EE, AAB e ETA

• Para AAT
K1 Pq
Q1  (  Qesp ).CETA
86400
VAZÕES DE DIMENSIONAMENTO
• O dimensionamento das diversas unidades de um SAA
deve ser feito para a condição de maior demanda
• Para AAT

K1 Pq
Q2   Qesp
86400
VAZÕES DE DIMENSIONAMENTO
• O dimensionamento das diversas unidades de um SAA
deve ser feito para a condição de maior demanda
• Para rede

K1 K 2 Pq
Q3   Qesp
86400
APLICAÇÃO
• Calcular as vazões de dimensionamento de cada
uma das unidades do sistema de abastecimento de
água da cidade de Conceição do Coité para o ano de
2035.
• Dados:
• 5% o consumo na ETA.
• Taxa de ocupação: 3,2 hab./dom.

Período Pop.
1991 20.002
2000 28.026
2010 36.278

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