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A busca de uma arquitetura implica por definição na busca de uma ordenação, seja ela
mais simples ou mais complexa. Ao longo da história da arquitetura, o conceito de ordem é
quase que invariavelmente associado à geometria e mais precisamente às noções de
regularidade, repetitividade ou coordenação modular (AGUIAR, 2003).
Para que a construção civil, esteja apta à responder aos anseios da sociedade atual, é
indispensável que respeite condições como habitabilidade, funcionalidade, durabilidade,
segurança, além de características relacionadas à produtividade, construtividade, baixo custo e
desempenho ambiental (GREVEN; BALDAUF, 2007).
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Conforme descreve Boueri Filho (2008), o uso de módulos na arquitetura pode ser
encontrado desde a Antiguidade. Sabe-se que, provavelmente a partir do império de Augusto,
os romanos passaram a projetar edifícios e planejar cidades com base em uma retícula modular
dos “passus” romano, uma medida antropométrica.
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Já no século XX, Le Corbusier reviveu o interesse nas normas vitruvianas, criando o Modulor,
que se enquadra nos princípios de módulo-função, partindo da idéia da necessidade e atividades
do homem como determinante para modulação do espaço.
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Até a década de 1980, cada país adotou sua medida modular, quando então as normas
internacionais definiram a medida de 100mm como módulo básico (CIRQUEIRA, 2015).
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Cirqueira (2015), ressalta que para que haja certa flexibilidade projetual, é usual a
criação de componentes proporcionais à uma medida de referência dentro do projeto,
possibilitando uma variedade de arranjos espaciais. “Costuma-se denominar esta unidade de
referência de módulo” (RIBEIRO e JR, 2003).
O módulo
A palavra “módulo” tem origem no latim modulu e, adotando a definição de Ferreira
(1999), significa:
Projeto modular
O projeto modular, de acordo com o Banco Nacional da Habitação e o Instituto de
Desenvolvimento Econômico e Gerencial (1976), é baseado no sistema de referência, através do
quadriculado modular de referência.
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Por isso, para o projeto modular, deve-se procurar a melhor solução diante dos
inúmeros componentes que deverão ser considerados, atendendo da melhor forma a todas as
exigências.
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Quando o projeto da edificação for composto de blocos ou partes não ortogonais entre
si, usa-se a zona neutra, criando uma faixa de sobreposição dos quadriculados modulares de
referência.
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Eles apresentam uma vida útil no transporte de cargas de dez a quinze anos,
sendo que após esse período entram em desuso e ficam acumulados em extensos depósitos não
operacionais nas regiões portuárias (ARAUJO, 2012). Fato que segundo Carbonari (2015), trata-
se de um problema ambiental que apresenta um potencial como recurso material para a
construção de edifícios.
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Da embalagem ao habitável
Deve-se lembrar no entanto, que os contêineres são projetados para o transporte de
cargas e não foram feitos para fins de habitação. Portanto, para serem utilizados na construção
de edificações, eles necessitam passar primeiramente por uma seleção técnica ainda no terminal
de contêineres, afim de avaliar risos químicos, biológicos e físicos decorrentes da carga
previamente transportada (FIGUEROLA, 2013).
Também deve ser feita uma avaliação, do estado de conservação do piso, o alinhamento
dos contêineres, de amassamentos em seu invólucro e principalmente da integridade da
estrutura (CASTILHO, 2014).
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A estrutura do contêiner é composta por quatro vigas inferiores e quatro superiores que
se conectam por meio de pilares posicionados nas quinas, formando uma armação intertravada
e rígida. Os quatro montantes são providos de cantoneiras, pelas quais são feitos o manuseio e
o travamento do conjunto.
Seus fechamentos apresentam três elementos distintos: o piso, que possui um trilho de
conexão intermediário soldado às vigas inferiores e que serve de sustentação para as placas de
compensado aparafusadas sobre toda a estrutura do chão; o painel frontal, composto por uma
porta de duas folhas; e os painéis laterais, superior e posterior, que são soldados nas vigas
perimetrais (SLAWIK et al., 2010).
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Por possuírem estrutura reforçada em aço capaz de suportar dez vezes o próprio peso,
eles permitem o agrupamente estático de até oito unidades de altura no sentido transversal e
três unidades de altura no sentido longitudinal, sem que tenham suas características estruturais
comprometidas.
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Os tipos de contêineres ISO mais utilizados nas construções são os de 20 e 40 pés devido a sua
grande versatilidade. Uma alternativa para conseguir pé direito mais alto, é a utilização do
contêiner High Cube 40’, que apresenta as mesmas dimensões do contêiner ISSO de 40 pés, mas
com uma altura externa de 2,89m (RSCP, 2014).
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Arquitetura com contêineres ISSO
A utilização de contêineres na arquitetura passou por uma evolução histórica que teve
início com seu uso conceitual por arquitetos inovadores evoluindo até sua utilização como
alternativa de arquitetura modular produzida em série (KOTNIK, 2008).
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Mais tarde, por meio da expansão das laterais dos contêineres, o espaço interno foi
ampliado. A obra denominada Mobile Dwelling Unit (MDU), projetada pela Lot-ek em 2003, é
um exemplar da adição de áreas extras ao contêiner. Caracterizada como uma unidade móvel
de habitação, suas paredes metálicas foram cortadas para gerar volumes extrudados que podem
ser deslocados, voltando a configuração inicial do contêiner possibilitando o transporte.
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Outro exemplo é a obra Redondo Beach House, uma residência projetada pelo escritório
De Maria Design em 2007, na qual foram combinadas técnicas construtivas tradicionais e
materiais pré fabricados.
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Para Kotnik (2008), os projetos atuais que utilizam contêineres ISO, não mais estão
limitados a propostas inovadoras, mas também como alternativa de uma arquitetura modular
produzida em série.
Aspectos construtivos da utilização de contêineres ISO
a) Custos e seleção
Segundo descreve Carbonari (2015), a construção com contêineres pode ser
realizada por empresas especializadas ou por iniciativa própria.
No primeiro caso o gerenciamento e administração da obra ficam a cargo da
empresa, que por ter experiência prévia no manuseio do material e maquinário, acaba
reduzindo o tempo da obra.
No segundo caso, o custo é inferior, porém, a necessidade de maquinários
especiais e mão de obra qualificada para execução de reparos e modificações nos
contêineres, podem elevar o custo da montagem.
b) Transporte e manipulação
O maquinário usado para manipulação e transporte dos contêineres, pode
interferir no fluxo viário próximo ao terreno de implantação e também no planejamento
do canteiro de obras, pois necessita de um grande espaço para sua movimentação
(FIGUEIROLA, 2013). O transporte é realizado por um caminhão convencional e o
descarregamento com guindaste ou caminhão tipo Munk.
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c) Fundações
As edificações com contêineres costumam requerer algum tipo de fundação,
que depende da geometria do projeto, da temporalidade (efêmero ou permanente) e
das propriedades geofísicas do terreno (SLAWIK et al., 2010). De acordo com o
Residential Shipping Container Primer (2014), existem três tipo básicos de fundação: o
primeiro quando é construída uma área de porão em baixo da edificação; o segundo,
quando é deixado um espaço para fiações e tubulações sob o contêiner; e o terceiro
quando o contêiner fica apoiado sobre o solo.
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Para Figueirola (2013), o terceiro é o tipo mais comum, sendo muito utilizado o
sistema de radier, as vigas baldrame e, na maioria das vezes, as sapatas isoladas de
concreto.
d) Acoplamento
O acoplamento de unidades pode ser feito por ligações permanentes do tipo
solda, ou por ligações reversíveis do tipo acoplamento ou parafusamento. Quando há
interligação de várias unidades é necessário criar juntas de dilatação (SLAWIK et al.,
2010).
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e) Aberturas
Segundo Figueirola (2013), os contêineres normalmente chegam à obra
parcialmente adaptados, com aberturas recortadas, molduras soldadas e instalações
técnicas embutidas. Os recortes geralmente são realizados nas empresas, com
máquinas de plasma e devem ser executados com precisão para posterior instalação
dos requadros, que por sua vez, devem ser realizados com o mesmo material do
contêiner afim de evitar corrosão.
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g) Revestimentos externos
Externamente os revestimentos mais utilizados são os painéis de argamassa
armada, chapas laminadas, lambris de madeira tipo sidding, entre outros.
Em relação à proteção da cobertura, podem ser utilizados recobrimentos de
madeira, vegetação ou polímeros, e até mesmo uma estrutura para cobertura adicional.
(CARBONARI, 2015)
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i) Isolamento térmico
Trata-se de uma das maiores dificuldades na utilização dos contêineres ISO na
construção, uma vez que o aço da chapa envoltória não é um bom isolante térmico. Para
isso, podem ser utilizadas camadas de isolamento internamente e externamente.
(CARBONARI, 2015).
Segundo Figuerola (2013), os materiais mais utilizados para o isolamento
térmico são as placas de poliestireno expanido, lã de PET, lã de rocha, lã de vidro,
poliuretano extrudado, aglomerados de cortiça ou espuma de poliuretano.
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Coberturas tensionadas
Os primeiros indícios comprovados da existência de estruturas
tensionadas, segundo Oliveira (2007), são datadas de 40.000 anos, encontradas na
Ucrânia, onde são utilizados ossos e presas de mamute para sustentar peles de
animais. Os índios norte-americanos e chineses usavam tendas cônicas para se
proteger das intempéries.
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Com o final da Segunda Guerra Mundial, a tecnologia na área das
mantas estruturais se desenvolveu, trazendo benefícios no campo da luminosidade e
flexibilidade e, também, na estabilidade, não assegurada somente pelo peso, como
antes, levando-se em conta agora curvaturas acrescidas de pré-tensionameno induzido.
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