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O caso do estupro de uma jovem de 16 anos no Rio de Janeiro causou grande discussão
nas redes sociais e motivou protestos contra a cultura do estupro. Entre alternativas e
suposições de como frear a violência sexual, alguns comentários questionaram por que
o Brasil não adotava a “castração química” para estupradores. Mas você sabe o que é
este procedimento?
A alternativa ganhou força com um projeto de lei apresentado pelo deputado Jair
Bolsonaro (PP-RJ) em 2013, que está tramitando na Câmara e teve um relator
designado, o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF), em junho deste ano. O texto prevê
o “tratamento químico voluntário para a inibição do desejo sexual”, mas não especifica
como e com quais drogas o método seria aplicado.
Os nomes dos medicamentos usados variam, existem drogas injetáveis ou orais, que os
pacientes precisam tomar diariamente, mensalmente, uma vez por trimestre ou
semestre. As doses também não são fixas, cada medicação tem uma posologia
diferente. E, segundo os médicos, o tratamento é caro.
“A droga pode ser comprada na farmácia por um valor em torno de R$ 2 mil a R$ 3 mil
por injeção, no caso de remédios que precisam ser usados uma vez a cada três meses”,
diz Meller. Além disso, o médico afirma que o produto não é de fácil acesso. “É
necessário ter receita com carimbo do médico.”
É importante até não se assustar com o termo: “castração química”. Segundo o
psiquiatra Danilo Baltieri, coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade
da Faculdade de Medicina do ABC, o tratamento de testosterona não é uma castração.
“Essa palavra é muito forte, mentirosa. Não temos uma privação da eficácia, temos um
tratamento, uma diminuição de impulsos. Esse termo é mais jurídico do que médico”.
As drogas vão mexer com o organismo do homem, mas não impedem o agressor de
repetir os delitos. Apesar de ter o impulso sexual diminuído, a libido e os desejos
continuam.
Além disso, como o projeto de lei não deixa claro quais serão os termos de uso, médicos
também se preocupam com o uso contínuo dos remédios. “O criminoso vai se medicar
pelo resto da vida? Em longo prazo, esse tipo de medicação pode ter efeitos colaterais
como osteoporose, perda de massa muscular, dificuldades na memória e até doenças
vasculares”, afirma Meller.
Apesar das incertezas e polêmicas, o método é usado em alguns países. Nos Estados
Unidos, doze Estados usam a castração em casos de violência sexual. Na Califórnia, por
exemplo, até a castração cirúrgica é proposta para criminosos reincidentes que
quiserem redução de sua pena. Na Argentina, a província de Mendoza adotou a
castração química após notar grandes índices de reincidência nos casos de crimes
sexuais.