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Descubra Qual é o seu estilo Operacional.

VOCÊ JÁ SABE QUE ESTILO


OPERACIONAL É O SEU?
Ao contrário da crença comum de que os participantes do mercado (traders ou
investidores) consideram apenas Análise Técnica ou Análise Fundamentalista (ou
ambas), nós listamos pelo menos 15 Conceitos ou Estilos Operacionais que norteiam o
processo decisório.São eles:

- Análise Fundamentalista (macro/valuation)

- Abordagem Intermercados

- Hedger

- Arbitragem sem risco

- Travado (combinação de ativos)

- Trend Follower

- Trade de Bandas (princípio de reversão à média)

- Ciclos e Sazonalidade

- Reconhecimento de Padrões

- Estatístico & Indicadores Técnicos

- Price Action

- Seguidores de ordenações da natureza (adeptos a matematizar o mercado)


- Market Maker – (ainda pouco representativo no Brasil)

- Análise do Fluxo de Ordens

- Algoritmos – (todos os tipos e que na verdade podem ser uma mistrura de tudo)

Cada um dos estilos ou conceitos operacionais listados acima requer crenças


particulares. Isso que dizer que para o trader adotar o estilo de trend following, por
exemplo, deve acreditar nas premissas básicas deste estilo, como a de que os preços se
movem em tendência. Já o trader que adote o estilo de reconhecimento de padrões deve
acreditar na premissa de que há certos padrões de comportamento no mercado.

Segundo Van Tharp, reconhecido coach de traders, nós não operamos os mercados, mas
sim as crenças que possuímos sobre ele. Pare para pensar sobre o que te motiva comprar
ou vender? Certamente chegará à conclusão que se baseia em alguma crença
pertencente à sua estrutura de pensamento.

Agora, não confunda estilo/conceito com setup. Estilo ou conceito, como esta
apresentado no artigo tem haver com a fundação do racional por trás da forma como
você olha o mercado. O setup em específico é o conjunto de fatores que têm que estar
presentes para definir uma oportunidade. Existem vários setups, mas ficaria muito
extenso nesse artigo e perderíamos o foco central.

São 2 níveis. O primeiro nível (estilo ou conceito) é mais abrangente e o segundo nível
(setup) é especifico.

Eu tenho certeza de que você está com essa pergunta em mente “André, qual é o melhor
estilo ou conceito?”

Essa pergunta é chave e a mais comum de todas. Essa pergunta era unânime nas
palestras que fazíamos tempos atrás.
Minha resposta é: Depende! Depende do tipo de participante que você é. Se for um
trader institucional de mesa proprietária (de um fundo ou banco), muito provavelmente
a análise fundamentalista será o pilar principal se sua tomada de decisão. Obviamente
há possibilidade de unir estilos, mas as crenças primárias deverão ser mais energizadas
nas características exigidas pela abordagem de fundamentos. Já um trader pessoa física,
por exemplo, dificilmente terá sucesso com abordagem fundamentalista, pois, não terá
acesso aos mesmos recursos (contatos e projeções) que os institucionais possuem.

Melhor ou pior é sempre relativo!

Vamos fazer algumas considerações sobre a ótica do Trader Pessoa Física?

Você reparou que não listamos uma categoria chamada “Analise Técnica”? E sabe por
quê?

Por que na verdade Análise técnica pode ser muita coisa. Quem opera com indicadores
usa analise técnica, quem opera rompimentos também pode ser chamado de Analista
técnico, da mesma maneira que quem opera com Fibonacci. Só que cada um desses
exemplos é uma vertente diferente dentro da Análise Técnica e cada vertente (ou
estilo/conceito) possui um pilar central, ou uma crença central.

Empacotar tudo isso dentro do nome “Analise Técnica”, além de ser um erro de
conceito, pode te gerar um problema de relação com o mercado.

Basicamente dentro do que seria Análise técnica temos o conceito de Padronização, cuja
crença central é identificar padrões de comportamento. Essa crença rege todo o processo
decisório, pois o trader só vai buscar setups que identifiquem padrões. Traders que
operam exclusivamente com candlesticks, e traders que operamexclusivamente
identificando formações gráficas com M, topo triplo, OCO, Pivots e etc são exemplos
traders com crença em padronização.

Ainda dentro da Análise Técnica temos quem opera exclusivamente com Indicadores
Técnicos, cuja crença(mesmo que inconsciente) é de que a manipulação dos dados
(preço e volume) trás informações relevantes para tomada de decisão. Claro que cada
indicador tem uma premissa por trás e também uma crença, mas estou exemplificando o
grupo de pessoas que simplesmente manipulam informação (preço) a fim de identificar
oportunidades no mercado.

Também dentro da AT temos o Price Action (nesse caso seria Análise Gráfica e não
Técnica, mas tudo bem!). De forma bem resumida o trader que olha price action puro,
não se preocupa com o que causa os movimentos, mas se preocupa apenas em entender
a psicologia por trás dos movimentos interpretando preço e volume. Nos EUA esse
conceito é conhecido como operar naked (gráfico pelado). Os adeptos de price action
costumam usar os conceitos de níveis de preço (suporte e resistência), acumulações e
coisas do tipo. Mas diferentemente da simplicidade do senso comum, o bom trader de
price action sabe e entende de psicologia de massa. Entende da briga entre comprados e
vendidos, sabe onde potencialmente vai entrar stops e consegue identificar força real no
mercado baseado no próprio mercado e não simplesmente nas linhas traçadas no
gráfico. O conhecimento transcende o gráfico.
Outra vertente da AT é a ordenações da natureza. Esse nome eu peguei de um livro do
Van Tharp onde ele classifica os traders que matematizam o mercado atrás de fractais,
Fibo, Elliot, e derivados. Não gosto muito de falar sobre isso, pois entendo pouco e
nunca vi ninguém ter consistência de resultados SOMENTE com essa crença em
“matematização”.

Trend Following e Reversão a média são dois princípios que se confundem com AT,
mas na verdade não pertencem à esse grupo. Quem é Trend Follower é seguidor de
tendência, independentemente do prazo dessa tendência. Esse tipo de trader acredita que
existem movimentos de preços e que sua oportunidade esta em capturar esses
movimentos tendenciosos. De novo repare que não estou falando de setup. Setups
usados por Trend Followers seriam Hilo, Médias, VWAP no caso de intraday e
variações ou combinações entre essas métricas.

Já o Princípio de reversão à média é exatamente o oposto do Trend Following.


MeanReversion, como é conhecido é o principio cuja crença central é de que os preços
revertem à média. Como estou tentando ser o mais imparcial possível, vou me controlar
e fazer poucas observações (muitas vezes não consigo, rs). Esse principio pode se
adequar bem em operações cominadas de opções (travas e volatilidade) e em alguns
outros ativos, mas fique atento em tentar encaixar esse conceito em ativos “soltos”, pois
nem sempre é muito lógico. Por exemplo, porque acreditar que o Dolar, o Juros ou o
Índice revertem para sua média? Isso depende muito e tem que ser avaliado. Eu
particularmente não uso muito, mas não significa que não funciona se usado
adequadamente.

Temos os demais estilos ou conceitos e que são pouco difundidos entre pessoas físicas.

Análise Fundamentalista é de longe o estilo ou conceito mais utilizado como pilar do


operacional de players (traders) corporativos. Você já deve ter ouvido a prazo, no longo
prazo tudo reflete os fundamentos. Fundamento é o termo geral que no fundo quer dizer
“embasamento”. Você precisa estar embasado em algum fundamento para fazer uma
previsão, etc. Esse estilo ou conceito serve tanto para a parte macro (variáveis como
dólar, inflação, pib, etc) quanto para a parte micro, onde estão as empresas. Não daria
para explicar como faz uma análise fundamentalista aqui (nem da parte macro, pois
envolve conceitos teóricos e econometria) tanto da parte micro, pois envolve
conhecimentos de valuation. Saiba apenas que esse conceito é um dos que mais gera
ordens para o mercado.

A abordagem Intermercados reflete a conexão quase que “matemática” entre dois


ativos. É uma abordagem pouco utilizada no Brasil pela pequena quantidade de ativos
matematicamente relacionados. Um exemplo que eu costumo usar é ativo euro/dólar ter
cerca de 60% de peso na cesta de moedas DXY que também é um ativo negociado.
Logo uma oscilação no euro/dólar deve causar impacto no DXY, mantidas as outras
moedas constantes. Lógico que quem faz essa “arbitragem” hoje é um robô, mas quero
dizer que existem ordens que vão para o mercado e não são nem por Análise Técnica e
nem Fundamentalista.

O Hedger é um dos maiores exemplos de geradores de ordens para o mercado (que


impactam preço) e que na maior parte das vezes não tem nenhuma motivação técnica ou
mesmo fundamental. Geralmente o Hedger busca proteção no mercado contra oscilação
de preço do ativo que detém. O Hedger pode ter dívida em dólar e, portanto faz o hedge
comprando dólares, pode ser credor em dólar e, portanto faz o hedge vendendo dólares
no futuro, o Hedger pode ser tomador ou aplicador de recursos e faz o hedge nos DIs, o
Hedger pode ser detentor de ações e faz hedge vendendo Índice Futuro e por ai vai.

Geralmente o Hedger não faz o hedge de forma preventiva, pois o hedge custa $. Muitos
traders fazem o hedge quando as cotações atingem o limite da sua MARGEM DE
TOLERÂNCIA ANTES DO HEDGE, ou seja, muitas vezes o que motiva o Hedger a
fazer a operação é o preço atingido no mercado e não uma análise sobre o futuro dos
preços.

O conceito de Travado é um dos mais amplos. Travado significa alguma combinação de


ativos (2, 3ou mais). Fazem parte desse conceito operações Long&Shot Intrasetoriais
(exemplo compra BBDC4 vende ITAU4, Intersetoriais (ex: compra CIEL venda
GFSA3) e Intraclasse (ex: compra On vendePn).

Os critérios para esse tipo de operações podem ser fundamentalistas ou estatísticos, mas
via de regra os fundamentalistas fazem mais sentido especialmente nas arbitragens Inter
setoriais onde existe um fator de risco evidente e que beneficia um setor ao mesmo
tempo que prejudica outro.

Ainda dentro da abordagem Travado temos as combinações de opções, quais sejam:


travas, volatilidade etc…As travas conhecidas como 1 para 1 ou seja, compra 1.000 de
uma e vende 1.000 de outra são operações com risco e retorno limitados. Toda outra
combinação tem risco e retorno ilimitados.

Repare que a crença central de operar travado é se “escorar na trava”. Geralmente este
trader enxerga uma oportunidade (baseada em qualquer uma dos estilos citados) e se
“protege” (palavra mais adequada que achei) numa conta que é a combinação dos
ativos. Logicamente existem diversas formas e tipos, mas só quis deixar a mensagem de
que existem traders que não mandam ordens direcionais em um único ativo. Saber que
eles existem será essencial para que você identifique essas ordens quando estiver lendo
o fluxo dos mercados.

Ciclos e Sazonalidade também é uma abordagem pouco utilizada no Brasil devido a


tímida presença de ativos que reflete variações sazonais de preço. O melhor exemplo
disso são os agrícolas devidos os períodos de safra e entre safra. A maior crença por trás
dessa abordagem é da ligação direta de oferta e demanda física do ativo em questão.
Claro que existem contas, cálculos etc, mas é só para você saber.

O Market maker é um player pouco difundido ainda no Brasil. O Market maker nos
EUA costuma deter um estoque x de determinados ativos e é responsável por fornecer
liquidez na tela sendo obrigado a ofertar ordens de compra e venda. O Market Maker
logicamente se mune de automação e costuma receber para fomentar a liquidez,
portanto, seu principal papel não é ganhar $ com exposição no mercado e sim dar lote
(liquidez) em vários níveis de preço. Logicamente que ele se protege e reduz a oferta de
lotes quando percebe movimento agressivo contra suas ofertas. Existem diversos
modelos de Market Maker (mas dá muito pano para manga nesse artigo…)
Tape Reading - SCALPING REATIVO

Análise de Fluxo de Ordens. Esse sim eu gosto de falar e esse sim eu realmente acredito
e opero. Não que eu não acredite em fundamentos, pelo contrário, só que não temos
acesso às mesmas informações dos price makers e, portanto, não temos como concorrer
neste nível. A crença primária atrás de analisar o fluxo das ordens é que o fluxo causa o
preço e que mudança no fluxo precede uma mudança em preço.

E por fim temos os Algoritmos. Aqui temos uma categoria que na verdade nada mais é
do uma forma de automatizar um, ou mais dos estilos ou conceitos apresentados acima.
Um algoritmo nada mais é do que uma receita que mostra passo a passo os
procedimentos necessários para resolução de uma tarefa. Você precisa roteirizar o que
você quer e você só roteiriza em cima de um estilo ou conceito e descrevendo um setup.

O que é importante você saber! É muito importante que saiba que existem dois tipos de
robôs, Os HFTs (High Frequency Traders) e os Low Frequency. Como o próprio nome
diz, os HTFs enviam várias ordens ao mercado (VÁRIAS MESMO). Exigem ambiente
estável e excelente conectividade com a bolsa (eventualmente ficam no Co-location
dentro da própria bolsa). Os low frequency traders podem ser quais algos que enviam
poucas ordens ao mercado. Aqui não estou falando de impacto e tamanho das ordens e
sim de magnitude de envio.

Outra observação importante é que existem mais duas classificações: Robôs


simplesmente executores e robôs que entregam uma estratégia inteira. Na verdade é
uma distinção feita por mim para você entender o que existe no mercado. Os executores,
são aquele facilmente encontrados em corretoras ou até mesmo em soluções de
plataforma. Você escolhe uma estratégia (por exemplo: troca ou Long&Short duas
pontas), seleciona qual ativo vai comprar, qual vai vender, o tamanho do lote e o
diferencial de preço que quer fazer aquela “troca”.
A outra vertente de robôs que entregam a estratégia inteira (entrada, saída e stop) são
mais escassos no mercado, pois requerem conhecimento de programação e ou uma
plataforma flexível suficiente para que a descrição da sua estratégia seja entendida pela
máquina.

Você já tentou automatizar o seu processo decisório? Se sim sabe que não é tão fácil!

A mensagem que queria deixar desse artigo é que não existe só Análise Técnica e
Análise Fundamentalista por trás dos players envolvidos no mercado. A pessoa física
costuma ter uma falsa crença de que todos estão olhando para o mesmo gráfico e
escolhendo as melhores estratégias enquanto a maior parte dos price makers (que fazem
o mercado andar) está considerando outras variáveis diferentes das suas…

Se você não conseguir se desvencilhar desta falsa crença vai ficar preso no círculo de
tentar achar explicação técnica para as oscilações de preço.

Bom, chegamos ao final deste longo artigo e espero que tenha feito sentido para você e
principalmente que você esteja conseguindo “unir as peças” com os conceitos chave de
cada um.

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