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AS CIÊNCIAS E A FILOSOFIA GREGA.

Foi da antiga filosofia grega que idéias e conceitos tão antagônicos


como ciência e religião nasceram e se consolidaram. A Filosofia surgiu na
Grécia antiga (colônias), nas ilhas Jônicas mais particularmente em
Mileto, na região da atual Turquia. Quando, em filosofia se fala na cidade
portuária de Mileto, nos vem à mente, o nome do lendário Tales de
Mileto considerado o primeiro grande filósofo pré-socrático. Tales, o
Sábio, viveu entre 624-545 a.C. e foi o precursor das ciências e filosofias
modernas. Discute-se até hoje, de como e o porquê que, num pequeno
vilarejo sem muita importância na época, distante dos grandes Impérios
políticos, populacionais e culturais teve início o pensamento intelectual
moderno. Antes disso: por que na Grécia? Essa pergunta não tem uma
resposta adequada até hoje. Afinal outras grandes civilizações estavam
em pleno desenvolvimento, na mesma época. China, Pérsia e Índia. Uma
das causas consideradas pertinentes era que o pensamento de então era
baseado mais em questões digamos, “mágicas” e “místicas”, do que
raciocínios observacionais ou de pura curiosidade. Sonhos, presságios e
espíritos era o que reinava. Outro fator era que os Deuses Gregos eram
menos "perfeitos" e mais sujeitos a “falhas”. Eram mais distantes dos
problemas humanos. “Eles que se virem…” deveriam pensar as
divindades gregas. Não havia um Deus único e com poderes
sobrenaturais. Ocorrências como fenômenos da natureza, estes sim eram
considerados Divinos. Trovões, o Mar, a Beleza. Havia até mesmo, um
Deus dos Ladrões. O Deus Mercúrio. A filosofia jônica veio e, tudo
mudou. Separou o homem do Universo, possibilitando assim que as
pessoas pudessem tirar suas próprias conclusões a respeito do que era
observado. Justamente por estar longe daqueles Impérios é que se podia
pensar sem censuras, sem idéias pré-concebidas e principalmente,
sem explicações divinas para o comportamento da natureza.
Especificamente nas ilhas jônicas o poder político estava nas mãos dos
mercadores e negociantes vindos de diferentes lugares. Assim, esta
sociedade naturalmente democrática tinha interesse direto no
aparecimento das ciências para viabilizar o desenvolvimento de seus
negócios. E foi em 600 a.C. que o amor pelo saber surgiu na Grécia
antiga, com o primeiro cientista, Tales de Mileto.

Os Elementos Naturais e as Ciências


Tales explicava o mundo através de conhecimentos adquiridos na
observação do comportamento da própria natureza. Ele percebeu que o
mundo seguia uma ordem, independentemente das pessoas. Tales
defendia que todas as coisas vieram da Água, para ele o principal
elemento do cosmos. Para Anaxímandro, discípulo de Tales, o berço do
cosmos era uma espécie de força eterna que, ele chamava
de Àpeiron ou, infinito. Por sua vez para o discípulo de Anaxímandro,
Anaxímenes (ambos de Mileto), o Ar era o início de tudo. Estavam ai
desenhadas as primeiras Ciências, como, a Astronomia e a Geometria.
Anaxímandro detem o título de ser o primeiro filósofo-cientista a executar
um experimento científico. Eram considerações a respeito das sombras
projetadas por uma vareta fincada no chão e iluminada pelo sol. Nesta
fase inicial pré-socrática, a teoria e a prática do dia-a-dia andavam juntas.
Essa foi mais uma das causas do aparecimento das ciências. Por volta de
400 a.C., o filósofo Empédocles de Agrigento (já da nova escola jônica)
postulou que, tudo era formado de quatro elementos básicos: ar, terra,
água e fogo. Ele imaginou também, a partir da observação do ar, o qual
não conseguia enxergar, que este era composto de alguma coisa muito,
muito pequena. Considera-se que Demócrito de Ábdera foi o fundador do
atomismo. Diz-se que, a partir das idéias de Empédocles, Demócrito
construiu a Teoria Atomista. A história porém, registra que segundo o
filósofo Aristóteles de Estagira (384 – 322 a.C.) foi Leucipo de Mileto (500
a.C.), quem formulou a primeira hipótese da existência do Átomo como
indivisível. De qualquer maneira Demócrito defendeu e consolidou
o Atomismo. Curiosamente Demócrito, o filósofo atomista, apesar de ser
um ferrenho crítico das religiões que considerava perigosas e, de tão
pouco acreditar em Deuses com vida eterna, não foi perseguido por suas
posições. Aqui um detalhe, talvez decisivo, na história de Demócrito e da
própria filosofia. Ábdera era uma cidadezinha no litoral do mar Egeu. Tida
como um lugar sem muita importância na época, seus habitantes sempre
tiveram a fama de serem um povo alegre que gostava de dançar, comer e
beber e por isso não eram levados muito a sério. Por isso, Demócrito com
suas idéias revolucionárias, não foi incomodado pelo poder dos políticos e
dos religiosos da época. Assim de certa forma sua filosofia evoluiu sem
grandes percalços. Já, o fim da nova escola jônica, não foi lá muito
suave. Anaxágoras de Clasomene considerado o ultimo dos filósofos da
nova escola jônica, não teve a mesma sorte de Demócrito. Foi preso,
acusado e condenado por blasfêmia. Defendia que, a Lua e o Sol não
eram Deuses, mas sim corpos constituídos por átomos. A filosofia e sua
filha, a ciência, como métodos compostos por raciocínio e observação
estavam ameaçadas. As coisas tomariam outros rumos, pelo menos por
um tempo.

Voltam os místicos munidos da matemática


Nas mesmas ilhas Jônicas nasceu uma outra corrente filosófica, a Itálica
ou Pitagórica. Pitágoras nascido em Samos em c. 585 a.C., foi o fundador
desta corrente (Pitágoras imigrou pra a Itália posteriormente). O filósofo
misturou filosofia com religião e sua escola baseava-se numa espécie de
misticismo filosófico. Acreditava na imortalidade da alma e
na reencarnação. Suas aulas eram ministradas no interior de uma
caverna, onde se posicionava atrás de uma cortina. Para ele a
matemática era a única maneira de se atingir a perfeição. Pitágoras
formou uma sociedade fechada e era considerado uma espécie
desemideus, que podia ir ao mundo dos Deuses conversar e trazer
soluções para os mortais comuns. Foi um verdadeiro líder religioso e
praticava inclusive rituais de purificação, mas no lugar de algum tipo de
água benta usava a verdade como método purificador e a matemática,
como instrumento de harmonia. Sua filosofia influenciou muito o famoso
filósofo Platão. E a ciência? Bem, também sofre mudanças. Ao contrário
dos jônicos e pré-socráticos, Pitágoras defendia que a observação era
dispensável para explicar o funcionamento do mundo. Para ele
o pensamento puro e a matemática bastavam. Além disso, ele
considerava que, as ciências e a matemática não deveriam ficar nas
mãos de comerciantes, mercadores ou agricultores (jônicos) e não tinha
nenhum interesse em dividir suas experiências com os outros, apenas
com os seus iniciados. Essa postura exclusivista aproximou sua filosofia
com o poder e a religião. Uma combinação explosiva para as ciências,
que nasceu sob a égide da liberdade e comunhão do conhecimento,
metodologia da observação e da experimentação ao testar suas idéias.
Como mencionamos, Platão levou os ensinamentos do matemático a
sério, e foi o maior seguidor e divulgador das idéias metafísicas de
Pitágoras.

machina, já sobrevoava os sonhos do italiano, Leonardo di ser Piero da


Vinci.

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