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Processo Coletivo: o processo será coletivo se seu objeto (relação jurídica) é coletivo; o objeto litigioso
pode ser uma situação jurídica coletiva ativa (direitos difusos, direitos coletivos em sentido estrito e
direitos individuais homogêneos - art. 81, CDC) ou passiva de titularidade de um grupo de pessoas;
um dos sujeitos, ativo ou passivo, deve ser um grupo; é aquele em que se postula um direito coletivo
lato sensu ou que haja uma situação jurídica coletiva passiva de titularidade de um grupo de pessoas.
➢ Conceito de Antônio Gidi: é criticado por incluir as ideias de legitimidade, competência e coisa
julgada; apesar de importantes para a caracterização da ação coletiva, não fazem parte de seu
conceito.
• Legitimação para agir: atribuída ao legitimado extraordinário ope legis (o legitimado age em
nome próprio defendendo interesse da coletividade);
• Coisa Julgada Coletiva: permite a extensão in utilibus para as situações jurídicas individuais;
• Litigação de interesse público: requisito para o prosseguimento de um processo coletivo;
flexibiliza o procedimento a favor da tutela de mérito e determina a intervenção obrigatória
do MP como fiscal.
Microssistema da tutela coletiva: o sistema de tutela coletiva é formado por diversas leis que se
comunicam entre si, em verdadeiro diálogo de fontes, e que formam um verdadeiro microssistema
do processo coletivo.
• Principais Leis: Lei de Ação Popular (Lei n◦ 4.717/65); Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente (Lei n◦ 6.938/81); Lei de Ação Civil Pública (Lei n◦ 7.347/85); CF/88; Código de Defesa
do Consumidor (Lei n◦ 9.078/90); Lei do Mandado de Segurança (Coletivo) (Lei n◦ 12.016/09)
e outros.
Ação Coletiva: é a demanda que origina o processo coletivo; é por ela que se afirma a existência de
uma situação jurídica coletiva ativa ou passiva exigida para a tutela de grupos de pessoas.
Tutela Jurisdicional Coletiva: proteção dada a uma situação jurídica coletiva ativa ou a efetivação de
situações jurídicas em face de um grupo que seja titular de deveres coletivos.
➢ Ação civil pública: é uma espécie de ação coletiva, assim como a ação popular; mandado de
segurança coletivo e as ações coletivas para a defesa de direitos individuais homogêneos;
entre outros.
Conceitos importantes
• Grupo: sujeito de direito que é titular da situação jurídica coletiva afirmada em um processo
coletivo; deve ser o sujeito de um dos polos da relação jurídica do processo coletivo; poderá
participar do processo por meio de audiências públicas e prestação de contas; a coisa julgada
coletiva atinge o grupo (coisa julgada para o et contra) e, como regra, apenas se estende ao
membro do grupo se favorável (extensão da coisa julgada in utilibus);
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• Membro do grupo: são os sujeitos de direito que compõe o grupo; pode ser um indivíduo ou
um outro grupo; a pretensão coletiva não é de titularidade do membro do grupo, mas do
próprio grupo;
• Condutor do processo coletivo: é um terceiro, legitimado extraordinário, que nem é o grupo
nem é membro do grupo e que irá conduzir o processo; é o exemplo do MP que propõe uma
ação coletiva, ele não pretende defender uma situação jurídica que titulariza; nem o grupo,
nem o membro do grupo podem ser o condutor, exceto a comunidade indígena ou um
membro do grupo em caso de ação popular ou quando este conduz o processo piloto no
julgamento de casos repetitivos.
Finalidade do Processo
Finalidade Tradicional: é a litigação de interesse público - LIP – ou seja, serve às demandas judiciais
que envolvam os interesses referentes à preservação da harmonia e à realização dos objetivos
constitucionais da sociedade e da comunidade.
• A LIP: visa aas medidas estruturantes, postuladas por meio de ações coletivas ou acordos
coletivos que permitem coordenar as atividades pela intervenção dos órgãos de garantia até
a satisfação integral da tutela do direito coletivo.
• Medidas estruturantes do modelo experimentalista: audiências públicas (arts. 927, § 2º, 983,
§ 1º, 1038, II do CPC 2015); intervenção amicus curiae (art. 138 do CPC); estas medidas são de
performance específica para decisões com caráter estruturante, como uma espécie execução
do common law, em que a medida se adequa às necessidades práticas para a efetivação da
tutela jurisdicional; estas medidas permitem que ao mesmo tempo tanto o juiz quanto as
partes conheçam o problema, como possibilita uma maior responsabilização e legitimação
democrática da situação.
Interesse público
Interesse público primário: é o interesse público “verdadeiro”, de acordo com o qual devem atuar os
três poderes; é o complexo de interesses coletivos prevalente na sociedade; a ação coletiva precisa
caracterizar-se como um processo de interesse público primário. Ex: direitos coletivos lato sensu (em
razão da dimensão do ilícito ou dano, dos valores dos bens jurídicos tutelados ou número de pessoas
atingidas).
Interesse público secundário: são os interesses imediatos da administração pública, ou seja, aqueles
que a Administração poderia ter como qualquer sujeito de direito.
Direitos individuais X públicos: tanto a doutrina quanto o STF adotam a posição de que determinados
direitos individuais devem ser compreendidos como direitos de interesse público; neste caso são os
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direitos individuais indisponíveis; importante ressaltar que não há supremacia abstrata do interesse
público sobre o interesse individual, as situações deverão ser analisadas caso a caso.
• Art. 927, CPC/2015: este artigo traz o modelo de precedentes normativos formalmente
vinculantes, ou seja, para além da lei e da CF os juízes e tribunais estarão obrigados,
normativamente, a seguir os precedentes-norma.
o Precedentes-norma: são as decisões em controle de constitucionalidade
concentrado, as súmulas vinculantes, as decisões em incidente de resolução de
demandas repetitivas, recursos especial e extraordinário repetitivos e incidente de
assunção de competência, as teses consagradas em súmulas do STF, em matéria
constitucional, e do STJ, em matéria infraconstitucional, além das decisões dos Órgãos
Plenários e das Cortes Especiais às quais os juízes e tribunais estiverem vinculados
(art. 927, incisos I, II, III, IV e V do CPC).
• Ativismo judicial seletivo: é o controle indevido de decisões judiciais sobre políticas públicas
que implantam normas constitucionais e legais; decorre de uma posição revanchista em
relação às políticas públicas definidas na lei e na CF.
Art. 81, CDC: traz a definição de direitos difusos, coletivos, stricto sensu e individuais homogêneos,
atingindo um tema que até então não havia sido trazido em nenhuma outra legislação nacional, com
o objetivo de dar efetividade e facilidade de acesso à justiça ao consumidor.
Art. 83, CDC: consagra o princípio da atipicidade das demandas coletivas, permitindo que sejam
propostas todas as espécies de ações (condenatórias, declaratórias e constitutivas), sem importar a
sua classificação.
Conceito: são os direitos coletivos entendidos como gênero, dos quais são espécies: os direitos
difusos, os direitos coletivos strictu senso e os direitos individuais homogêneos - Art. 81, § único, CDC;
apesar de conceituados no CDC, não se aplicam apenas às relações de consumo; o CDC garantiu aos
grupos a possibilidade de veicular quaisquer pretensões afirmadas como coletivas em juízo, desde que
dissessem respeito a uma coletividade de pessoas, reconhecendo a dimensão coletiva dos direitos
subjetivos.
Direitos X Interesses: a doutrina amplamente majoritária afirma que o CDC não fez distinção entre as
duas expressões; contudo, o termo “interesses” é equivocado, deve-se adotar “direitos”, uma vez que
se busca a defesa de direitos, muitas vezes previstos na Constituição Federal.
Direitos difusos: são aqueles transindividuais, de natureza indivisível, ou seja, só podem ser
considerados como um todo, titularizado por um grupo composto por pessoas indeterminadas,
ligadas por circunstâncias de fato. Ex: a propaganda enganosa que atinge diversas pessoas; a proteção
do meio ambiente.
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Direitos Coletivos Strictu Senso: são transindividuais, indivisíveis, titularizado por um grupo
indeterminado, porém determinável, ligadas entre si ou com a parte contrária, por uma relação
jurídica base anterior à lesão; essa relação pode se dar entre membros do grupo, como os membros
de uma associação ou ligados à parte contrária, como os contribuintes de um imposto.
Direitos Individuais Homogêneos: são direitos nascidos da própria lesão, em que a relação jurídica
entre as partes se dá após o fato lesivo; é titularizado por um grupo de indivíduos determinável, em
situação jurídica comum; é divisível pois é direito essencialmente individual; trata-se de direitos
tipicamente individuais, que por poderem ensejar conflitos de massa, receberam do legislador a
tratativa na forma coletiva. Ex: adquirentes de modelo de veículo com defeito; consumidores de um
produto nocivo à saúde que buscam indenização.
Coletividade de
indivíduos Essencialmente
DIFUSO Indivisível Fato lesivo
indeterminados e coletivo
indetermináveis
Coletividade de
INDIVIDUAL indivíduos em Acidentalmente
Divisível Fato lesivo
HOMOGÊNEO situação jurídica coletivo
homogênea
Direitos Individuais Homogêneos como Direitos Coletivos: parte da doutrina afirma que os direitos
individuais homogêneos seriam direitos individuais coletivamente tratados, e não direitos coletivos;
contudo, deve ser observado que a tutela desses direitos não se restringe aos direitos individuais das
vítimas, mas sim tutela a coletividade; assim, como poderiam ser individuais se sua função é mais
ampla do que ser apenas direitos individuais?; são direitos coletivizados pelo ordenamento para obter
a tutela jurisdicional e não “direitos acidentalmente coletivos”;
• Entendimento STF: os direitos individuais homogêneos são os que têm a mesma origem
comum, constituindo-se em subespécie de direitos coletivos – RE nº 163.321/SP;
• RE nº 631.111/GO: na presente decisão o ministro esclareceu que existem 2 fases na tutela
coletiva de direitos individuais homogêneos:
o 1ª Fase: ação coletiva propriamente dita – visa obter a sentença genérica a respeito
dos elementos que compõe o núcleo de homogeneidade dos direitos tutelados;
▪ Núcleo de homogeneidade: identifica-se (a) se é devido; (b) o que é devido;
(c) quem deve;
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o 2ª Fase: ocorrerá em caso de procedência do pedido na primeira fase – é o
cumprimento de sentença genérico, que poderá complementar a atividade cognitiva
mediante juízo específico sobre as situações individuais de cada um dos lesados
(margem de heterogeneidade) ou poderá efetivar os correspondentes atos
executórios;
▪ Margem de heterogeneidade: está relacionada aos elementos característicos
e peculiares, que individualizam e distinguem os direitos individuais
homogêneos; aqui, aufere-se (a) para quem é devido; e (b) o quanto é devido;
• 3ª Fase – Fluid Recovery: esta fase não é mencionada na decisão, contudo, é necessária para
a garantia da reparação integral, em atenção ao macrobem objeto da tutela coletiva e ao
interesse público primário; esta é a fase de execução residual; aqui a questão volta ao núcleo
de homogeneidade, de forma a determinar o quanto é devido e que será destinado ao FDD –
fundo de direitos difusos; o objetivo é a promoção do desestímulo à prática de condutas
ilícitas coletivas, por meio de sua efetiva punição.
Titulares: os direitos coletivos não possuem titulares individuais determinados, eles pertencem a uma
comunidade ou coletividade. A titularidade está prevista no art. 81, CDC:
• Direitos coletivos stricto sensu: o grupo de pessoas ligadas por uma relação jurídica de base
anterior;
• Direitos individuais homogêneos: o grupo dos indivíduos lesados, quando a lesão decorrer
de origem comum, tomados abstrata e genericamente para fins de tutela.
Critério: para saber qual é o direito objeto da ação é preciso identificar o direito subjetivo específico
que foi violado, pois um mesmo fato pode gerar diversas ações, podendo elas serem difusas, coletivas
ou individuais; é preciso identificar também tipo de tutela jurisdicional que se pretende obter em
juízo; assim, faz-se necessário que ocorra a correta individuação, pelo advogado, do pedido e da causa
de pedir, incluindo os fatos e o direito coletivo aplicável na ação.
O processo coletivo brasileiro não distingue perante as peculiaridades dos conflitos que surgem.
Independentemente da situação, a ação coletiva seguirá o mesmo procedimento, sem se preocupar
com as características individuais de cada caso concreto.
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A proposta: observando esta característica do processo coletivo, Vitorelli propôs a construção do
devido processo legal coletivo a partir do tipo de conflito, que podem ser de difusão global, local ou
irradiada.
• Difusão Global: é o litígio cuja lesão ou ameaça de lesão não atinge diretamente os interesses
de qualquer pessoa; o grau de conflituosidade do grupo titular do direito é baixo, pois os
indivíduos que o compõe são atingidos de modo uniforme pela lesão e praticamente não há
interesse pessoal; tendem a ser menos complexos; são legitimados órgãos públicos e
associações como o Greenpeace; a competência do juízo do foro do local da lesão ou ameaça;
Ex: vazamento de pequena quantidade de óleo no meio do oceano;
• Difusão Local: é o litígio cuja lesão ou ameaça atinge diretamente um grupo de indivíduos que
compartilham de uma identidade própria comum ou de mesma perspectiva social; a
conflituosidade é média, pois pode haver divergência internas no grupo; a complexidade
também é média; competência do local do dano; os legitimados podem ser um sindicato ou
associação, ou até mesmo o próprio grupo, no caso de comunidades indígenas ou até mesmo
o MP; Ex: lesão que atinge comunidades tradicionais, como índios ou quilombolas;
• Difusão Irradiada: a lesão ou ameaça atinge diretamente os interesses de diversas pessoas ou
segmentos sociais, mas essas pessoas não compõe uma comunidade, não tem a mesma
perspectiva social e não serão atingidas na mesma medida, tendo visões do resultado
desejável diferentes; a conflituosidade é alta e a complexidade também, pois o grupo titular
do direito é composto por membros - inclusive outros grupos - que possuem interesses
variados e há múltiplos resultados para o litígio; a legitimação é de difícil definição pois há
vários interesses e interessados, mas na maioria das vezes será o MP; a competência será do
local onde estejam as pessoas mais próximas atingias pela lesão, o epicentro; Ex: construção
de uma hidrelétrica.
Cumulação de Litígios de Difusão Irradiada com Litígios Globais: o processo coletivo pode ter por
objeto a solução de uma combinação de litígios coletivos, inclusive, podendo ter como objeto os três
tipos de litígios anteriores; assim, a fragmentação da tutela jurisdicional poderá ser recomendável
para atender ao devido processo legal referente a cada espécie de litígio.
Ação Coletiva: a situação jurídica coletiva é a questão principal, objetiva-se a coisa julgada coletiva
por meio da decisão final, somente sendo aplicada (vinculada) aos membros grupo se beneficiá-los,
podendo ser proposta por alguns legitimados.
Julgamento de Casos Repetitivos: objetiva definir uma solução a uma questão de direito, produzindo
precedente obrigatório a ser seguido, vinculando a todos os membros do grupo, independentemente
de ser favorável ou não; não é coisa julgada, mas precedente obrigatório.
Coincidência entre objetos: havendo coincidência entre os objetos de uma ação coletiva e um IRDR,
haverá preferência pela ação coletiva, conforme art. 139, X, CPC/15, pois a ação coletiva leva à coisa
julgada e é conduzida por legitimado coletivo; no caso de os objetos serem divergentes, mas entre as
ações de causas repetitivas uma deles for de ação coletiva, esta deverá ser o caso-pilo – Art. 1.036,
§6º, CPC/15.
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AÇÕES COLETIVAS x JULGAMENTO DE CASOS REPETITIVOS
JULGAMENTO DE CASOS
AÇÕES COLETIVAS
REPETITIVOS
Definição de uma solução para uma
Objeto litigioso – situação
QUESTÃO PRINCIPAL questão de direito que se repete em
jurídica coletiva
demandas individuais
SEMELHANÇAS
Estas normas estruturam o modelo do processo civil brasileiro e norteiam a compreensão de todas as
demais normais jurídicas processuais coletivas e estão previstas no CPC/15.
Princípio do Devido Processo Legal Coletivo: o devido processo legal precisa ser adaptado ao processo
coletivo, pois este exige regramento próprio para diversos institutos; algumas das características do
devido processo legal constituem princípios próprios; são eles:
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• Regra da Adequada Legitimação: só estaria legitimado quem, após verificação da
legitimidade pelo ordenamento jurídico, apresentasse condições de adequadamente
desenvolver a defesa em juízo dos direitos afirmados; busca-se a devida representação na
demanda coletiva, por legitimado ativo ou passivo, que guie o processo com recursos
financeiros adequados, boa técnica e probidade;
• Adequada Certificação da Ação Coletiva: a certificação no processo coletivo é decisão de
conteúdo complexo e envolve o juízo de admissibilidade do processo coletivo, a delimitação
do processo coletivo; será realizada pelo magistrado na fase de saneamento, para saber se de
fato ela se encaixa na hipótese de ação coletiva – Art. 357, §3º, CPC/15; a certificação é
essencial para proteger o réu, que poderia ser forçado a realizar um acordo antes mesmo de
verificada a admissibilidade da ação;
• Informação e Publicidade Adequadas (princípio da publicidade): está previsto no art. 8º e
art. 979, CPC/15 - possui duas dimensões:
o Princípio da Adequada Notificação dos Membros do Grupo (fair notice): os membros
do grupo devem ser adequadamente notificados, geralmente feito pela publicação de
editais, visando possibilitar, conforme art. 94, CDC, (i) que os autores individuais
possam requerer a suspensão de seus processos; (ii) a propositura de uma única
demanda coletiva, evitando casos de litispendência e coisa julgada; (iii) a intervenção
de amicus curiae; (iv) a execução individual da sentença coletiva; (v) o controle da
atuação adequada do legitimado extraordinário;
o Regra da Informação aos Órgãos Competentes para propositura da ação coletiva,
sobre a instauração do processo coletivo e sobre o resultado do seu julgamento:
esta regra decorre dos arts. 6◦ e 7◦ da Lei de Ação Civil Pública e é reforçado pelo art.
139, X, CPC/15 e pelo art. 985, §2º, CPC/15; não se trata de litisconsórcio necessário,
e sim, apenas de informação para que possam participar do processo e auxiliar na
construção da decisão.
• Princípio da Competência Adequada: trata-se de aplicar no processo coletivo a regra que
permite ao juiz da causa (onde a demanda foi proposta) controlar a competência adequada,
podendo controlar sua própria competência, evitando que sejam julgadas causas por juízos
não adequados;
Princípio da Primazia do Conhecimento do Mérito do Processo Coletivo: por esse princípio deve o
órgão julgador priorizar a decisão de mérito, tê-la como objetivo e fazer o máximo possível para que
ocorra; a demanda deve ser julgada, seja a principal, um recurso ou uma demanda incidental;
pretende-se garantir que o julgamento pela a procedência ou improcedência de um pedido se
relacione efetivamente ao mérito, não se limitando a aplicação da regra do ônus da prova como regra
de julgamento; o princípio foi consolidado pelo art. 4º, CPC/15 e reforçado pelos arts. 6º; 76; 139, IX;
§2º do art. 282; 317; 321; 485, § 7º; 488; 932, § único; 1.029, § 3º, do CPC/15.
Postulado Hermenêutico do Microssistema: sempre que houver lacuna no conjunto normativo que
rege os processos coletivos caberá ao aplicador buscar a solução para o problema dogmático dentro
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do microssistema da tutela coletiva; há diversas fontes de normas coletivas que devem ser
interpretadas em permanente diálogo sistemático de coerência – na aplicação simultânea de duas
leis, uma pode servir de base conceitual para outra; o conjunto normativo que regra a tutela coletiva
no Brasil é delineado pelo CDC, LACP, CPC, Estatuto do Idoso, ECRIAD, Lei da Ação Popular e Lei de
Improbidade Administrativa; o CPC é supletivo e subsidiário ao microssistema: supletivo, quando não
há no microssistema disciplina da matéria (ex.: precedentes obrigatórios e normas fundamentais);
subsidiário, quando a disciplina na matéria é incompleta (ex.: distribuição dinâmica do ônus da prova
- art. 373, §1º, CPC); todavia, somente será aplicado se não houver incompatibilidade com a disciplina
própria do microssistema.
Reparação Integral do Dano: o dano ao grupo deve ser reparado integralmente, assim, mesmo que
não tenha sido feito o pedido pela condenação este deve ser determinado; este princípio está
diretamente relacionado ao fluid recovery – art. 100, CDC, em que, mesmo que não haja liquidação e
execução da totalidade dos titulares dos direitos individuais homogêneos, a reparação deverá ser
integral, com os valores auferidos revertidos para o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD).
• Art. 7º da Lei nº 7.347/1985: o juiz deve remeter as peças ao MP se verificar que poderá ser
proposta ação civil;
• Fluid Recovery: o magistrado deve determinar o pagamento de indenização que será
remetido ao FDD;
• Controle Judicial de Políticas Públicas: já há precedentes nos Tribunais Superiores que
ordenam a execução de atividades essenciais pelo administrador público (ex.: construção de
creches, reforma de presídios, etc.);
• Controle da condução do processo pelo legitimado extraordinário.
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Princípio da Primazia da Decisão de Mérito do Processo Coletivo em relação à Decisão de Mérito do
Processo Individual: o direito brasileiro prioriza a decisão de mérito do processo coletivo em
detrimento do processo individual quando os dois tratem da mesma situação; essa prioridade não
pode inviabilizar a tutela individual, por isso, há três compensações sistêmicas: há de se estabelecer
um prazo para suspensão dos processos individuais; sempre será possível a obtenção de tutela
provisória de urgência a despeito da suspensão; e, na fase de execução, aplica-se o art. 99, CDC.
Competência
Princípio da Competência Adequada: este princípio é corolário dos princípios do devido processo
legal e da adequação; não é possível aplicar as regras legais de competência sem fazer o juízo de
ponderação a partir do exame das peculiaridades do caso concreto.
Competência Territorial:
Competência para ação civil pública: pelo art. 2º da LACP, será competente para a ação civil pública
o foro do local do dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa; contudo,
a doutrina tem preferido designar esta competência como territorial absoluta; se o dano ocorrer em
mais de uma localidade, qualquer delas é competente, mas deve-se aplicar as regras de prevenção
pois há foros concorrentes; pelo art. 5º da Lei da Ação popular extrai-se que a competência territorial
para a ação civil pública é absoluta; a lei qualifica a competência do foro do local do dano como
funcional apenas para que não paire dúvida sobre a natureza de ordem pública dessa regra.
• Regra de Delegação de Competência Federal ao Juiz Estadual: art. 109, § 3º, CF/88 - a súmula
183 do STJ dizia que nas comarcas em que não houvesse sede de vara da Justiça Federal, a
competência da ação civil pública, mesmo que a União fosse parte do processo. Contudo, o
STF, ao proferir manifestação diversa, fez com que a súmula do STJ fosse cancelada; entendeu-
se que, se a ação civil pública se encaixar em qualquer hipótese dos incisos do art. 109 da CF,
ela deverá necessariamente tramitar na Justiça Federal, não sendo aplicada a regra do §3º do
art. 109. Ademais, o simples fato de uma causa envolver um dano ao meio ambiente, não atrai
a competência para a Justiça Federal;
• Dano ou ilícito nacional: a competência está prevista no art. 93, CDC – a competência será no
foro da Capital do Estado, ou DF, aplicando-se as regras do CPC aos casos de competência
concorrente;
o Competência Concorrente entre Capitais e DF: por decisão do STJ, entendeu-se que
os estados e o DF possuem competência concorrente para processar e julgar ações
coletivas cuja dano seja de âmbito nacional; contudo, é importante ressaltar que
quando um dano é nacional, ele também é local, o que tem justificado a propositura
de ações para a proteção dos interesses locais por membros do MP do local que
atuam (e não da capital), este entendimento NÃO É CORRETO; a existência de ações
locais apenas se justifica no caso de consequências particulares à comunidade
afetada, como no caso do rompimento da barragem de Mariana;
▪ Pode ser qualquer capital? Apesar da competência nacional ser direcionada
as capitais, deve ser aplicado o princípio da competência adequada, a partir
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da análise das particularidades do caso concreto, observando ainda o
princípio da primazia do julgamento de mérito, não devendo ser extintos
processos por incompetência do juízo, devendo ser privilegiada a reunião dos
processos em um único juízo.
• Dano ou ilícito regional: não há definição legal para dano regional, mas pode ser entendido
como aquele que abarca uma das regiões do país ou quando atingir um número mínimo de
comarcas; deve ser aplicado também o princípio da competência adequada, prestigiando ao
máximo o juízo de uma das comarcas afetadas; o juízo adequado é próximo dos fatos, permite
a participação das partes, facilita a instrução probatória, etc. Se um estado não foi atingido
pelo dano, ele não poderá ser adequado.
• Dano ou ilícito estadual: o juízo competente será o da capital do Estado envolvido; se tiver
mais de um estado envolvido, poderá ser qualquer uma das capitais; há quem defenda que a
competência deve ser da JF.
Competência para Ação de Improbidade Administrativa: em decisão do STF decidiu-se que a ação de
improbidade possui natureza cível, não penal, e que é impossível criar competência dos tribunais
superiores por norma infraconstitucional. Assim, os agentes públicos serão processados no primeiro
grau de jurisdição; há na doutrina quem discorde do posicionamento do STJ, pois este esvazia a tutela
da improbidade administrativa.
Art. 102, I, “f”, CF/88: o artigo 102 traz uma outra hipótese de competência, no caso de haver conflito
entre os Estados ou entre os Estados e a União; nestes casos, a competência será do STF.
Competência Originária do STF para julgar a Ação Popular: a regra do art.5º da Lei da Ação Popular
diz que a competência para julgar a ação popular será do juízo de primeiro grau, conforme a origem
do ato e não importando qual seja a autoridade impugnada; contudo, o STF trouxe duas possibilidades
em que a competência originária será do corte superior:
• Caso a ação popular interesse à totalidade de juízes estaduais e/ou ficar configurado o
impedimento de mais da metade dos desembargadores;
• Caso a ação envolva conflito entre a União e Estado-membro.
Competência para julgamento de Ação Civil Pública sobre poluição visual por propaganda política:
será da justiça comum estadual pois este tema não versa sobre questão eleitoral.
Conexão e Litispendência
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reunião, uma das causas será suspensa até a outra seja decidida, evitando assim que haja contradição
entre as decisões; o critério para determinar o juízo competente será o da prevenção (prevento será
o juízo que conheceu do primeiro processo - art. 59, CPC/15); a conexão pode ser conhecida de ofício.
• Conexão e Prevenção na tutela coletiva: o § único do art.2º da Lei 7.347/85 prevê uma
hipótese de conexão entre ações coletivas: “a propositura da ação prevenirá a jurisdição do
juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou
o mesmo objeto”; a cláusula geral de conexão está prevista no art. 55, §3º do CPC, que
reconhece a existência de vínculo entre causas sempre que houver risco de decisões
contraditórias, sendo esta norma aplicada integralmente às causas coletivas.
• Conexão Probatória: seria possível entre causas coletivas, de modo que os órgãos
jurisdicionais unifiquem a produção de prova, racionalizem os custos do processo e observem
a duração razoável do processo; é uma espécie de cooperação entre os órgãos jurisdicionais
do país; está previsto no art. 69, CPC.
• Conexão Após o Julgamento de uma das Ações Coletivas: via de regra, não se reúnem os
processos conexos se um deles já tiver sido julgado (art. 55, §1º, CPC e Súmula 235 - STJ);
contudo, há uma exceção: no CC 144.922/MG, o STJ afirmou a inaplicabilidade do enunciado
da Súmula 235 do STJ, criando uma distinção; essa decisão se deu pois na mesma data
tramitavam mais de uma ação em juízos distintos e a sentença foi proferida em uma ação
cautelar, com juízo sumário, enquanto ainda tramitava a ação principal.
Litispendência: o CPC adota a teoria de Chiovenda; ocorre quando há três elementos em comum entre
demandas, ou seja, há uma tríplice identidade entre os elementos da demanda – partes, causa de
pedir e pedido; é uma mesma demanda que deu origem a dois ou mais processos distintos; está
previsto no art. 327, §2, CPC/15.
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preliminar àquela que versa sobre direitos individuais homogêneos, pois a depender
da solução que se der a ela, a segunda demanda nem será examinada (art. 55, §3º,
CPC).
• Litispendência: não há litispendência entre ação coletiva e ação individual, pois as ações são
idênticas, uma vez que os pedidos são distintos; nas ações coletivas pleiteia-se o direito
coletivo lato sensu, enquanto nas ações individuais busca-se a tutela do direito individual –
conforme art. 104, CDC.
• Conexão: pode haver conexão entre ação coletiva e ação individual, pois apesar de o pedido
ser diferente, poderá ser a mesma causa de pedir fática, com mesmo fato base – art. 55, caput
e §3º - ESTA CONEXÃO SE DÁ POR PREJUDICIALIDADE - Art. 313, V, “a”, CPC/15;
o Suspensão de ofício: havendo esta conexão, há quem defenda que o juiz poderá, de
ofício, suspender as ações individuais; contudo, o art. 104, CDC, o autor deve ser
intimado para escolher se deseja suspender o processo ou não; assim, o precedente
do STJ que autoriza a suspensão de ofício foi chamado por muitos doutrinadores de
contra legis; porém, se for o caso de prejudicialidade, o entendimento do STJ não será
contra legis pois está de acordo com o Art. 313, V, “a”, CPC/15 – o STJ chama esta
situação de MACROLIDE GERADORA DE LITÍGIOS MULTITUDINÁRIOS – Tema 60, 589
e 923, STJ;
• Coisa Julgada: ainda que não prejudique os indivíduos, a coisa julgada poderá beneficiá-los;
com a coisa julgada de uma ação coletiva, um indivíduo poderá pleitear a liquidação do seu
prejuízo; é o chamado ‘transporte in utilibus’ da coisa julgada para o plano individual; porém,
esta extensão apenas ocorrerá se o processo individual for suspenso (o prazo para o
requerimento é de 30 dias a partir do conhecimento da ação coletiva), isto é, se houver uma
ação coletiva e individual pendentes, para que o autor da ação individual se beneficie, este
deverá pedir a suspensão do seu processo enquanto a demanda coletiva é julgada; se isto não
ocorrer, este indivíduo será excluído dos efeitos da sentença coletiva – este é direito de OPT
OUT (optar por sair); se o demandante tomar ciência e não se manifestar, o processo será
suspenso, beneficiando o autor da ação individual; se ele não teve ciência, não poderá ser
prejudicado; o ônus que informar o indivíduo é do réu, pois é ele quem tem maior interesse
em não ser demandado duas vezes pela mesma situação;
o Prazo para fazer o pedido: até a sentença, pois não pode haver o trânsito em julgado
(poderá ser feito depois se houver interposição de recurso);
o Revogação: o autor da ação individual pode revogar o pedido, devendo informar nas
duas demandas, a individual e a coletiva;
o Consequência sobre o processo individual suspenso: o juiz deverá tomar ciência da
coisa julgada coletiva como fundamento para julgar procedente o objeto litigioso do
processo individual – art. 493, CPC.
Mandado de Segurança Individual X Coletivo: pelo art. 22, § 1º, da Lei 12.016/2009, havendo
mandando de segurança coletivo, o indivíduo autor do mandado de segurança individual deverá
desistir do processo e não pedir a suspensão; este artigo tende a ser inconstitucional no caso de a
desistência implicar a perda do direito fundamental; a jurisprudência tem considerado mais adequado
que seja suspenso o processo.
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Direito de Autoexclusão: é o poder jurídico do indivíduo, por expressa manifestação da vontade,
renunciar à jurisdição coletiva. Exercido este direito, a jurisdição coletiva não produzirá efeitos na
situação jurídica do indivíduo que se excluiu é o RIGHT TO OPT OUT. Esta exclusão não significa que o
indivíduo não possui interesse na demanda, mas sim que não quer que seu direito seja tutelado no
âmbito coletivo; ao excluir-se, não poderá ser beneficiado pela sentença favorável do processo
coletivo; o indivíduo deve abdicar expressamente da jurisdição coletiva – art. 104, CDC.
Suspensão do processo sem requerimento: como visto, uma ação coletiva poderá existir
concomitantemente a uma ação individual; podendo a ação individual, via de regra, ser suspensa pela
parte interessada se assim desejar (art. 104, CDC); porém, o STJ vem entendendo ser possível a
suspensão da ação individual de ofício pelo julgador, sob a justificativa de haver interesse público na
preservação da efetividade da Justiça pela presença de processos individuais multitudinários,
contendo a mesma e única lide; assim, as ações seriam suspensas enquanto ocorre o julgamento da
ação coletiva (TEMA 60, 589 e, recentemente, 923 – STJ).
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tutela de direito individual; contudo, parte da doutrina entende ser esta uma espécie de
legitimação extraordinária, que é quando o legitimado está autorizado a conduzir o processo
independente da participação do titular do direito.
Legitimação Ativa: o direito brasileiro indica na lei, expressamente, o rol dos legitimados,
estabelecendo parâmetros objetivos para a legitimação; esta legitimação é plúrima, pois há vários
legitimados e mista, pois, engloba entes da sociedade civil e do Estado; assim, tem-se:
Características:
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Interesse do Substituto: a substituição processual independe da existência ou não de um específico
interesse processual ou material do substituto; o que deve ser averiguado é a existência de um
interesse processual na solução do conflito, decorrente da posição jurídica ocupada pelo grupo, sem
relacioná-lo à figura do substituto processual.
Controle Jurisdicional da Legitimação Coletiva: ainda que haja a previsão legal, é necessário que
a legitimação passe por um filtro judicial, pois não seria razoável imaginar que uma entidade, pela
simples circunstância de estar autorizada pela lei para a condução do processo, possa propor
qualquer demanda coletiva, pouco importando suas peculiaridades; é preciso verificar se o
legitimado possui os atributos que o tornem adequado; a necessidade deste controle decorre da
aplicação do devido processo legal à tutela coletiva; para esta definição tem-se duas fases:
• 1 ª Fase: deve ser verificado se há autorização legal para que determinado ente possa
substituir os titulares coletivos do direito afirmado;
• 2ª Fase: o órgão julgador deve fazer o controle in concreto da adequação da legitimidade para
aferir, se estão presentes os elementos que asseguram a representatividade adequada dos
direitos em discussão.
Legitimação Adequada nos litígios de difusão global, local ou irradiada: cada tipo de litígio possui um
tipo de representatividade:
• Litígios Globais: neste tipo de litígio o grupo é definido a partir de um interesse comum e bem
determinado; assim, a identificação do legitimado limita-se à análise da pertinência entre o
tema discutido e a atuação do legitimado;
• Litígios Locais: a representatividade tem um controle muito claro e objetivo, tendo em vista
a coesão e homogeneidade do grupo; assim, o legitimado é identificado pela aderência aos
interesses do grupo; ademais, o legitimado extraordinário deve fomentar a participação do
grupo atingido;
• Litígios de Difusão Irradiada: por existir grande conflituosidade interna a dualidade autor e
réu é insuficiente, assim, adota-se o conceito de zonas de interesse e que se abra espaço para
a representação dos grupos com diversos interesses no processo; Vitorelli afirma que nesses
casos é melhor que a legitimidade ativa seja de um órgão imparcial, como o Ministério Público,
não de associações, por exemplo; assim, ele acrescenta uma terceira fase:
o 3ª Fase: controle da condução do processo pelo legitimado, feita pelo juiz e pelos
substituídos (adequada atuação).
Falta de Legitimação: não é necessariamente a extinção do processo sem o exame do mérito, pois
esta solução contraria o princípio da primazia da decisão de mérito; assim, o magistrado deve, se
concluir pela inadequação, providenciar a substituição, convocando ao processo por meio da
publicação de edital.
Legitimidade das Defensorias Públicas: art. 5º da lei 7.347/85 prevê expressamente a DP como
legitimada para propor ação civil pública, ratificando o positivado no art. 185, CPC; porém, para que
seja legitimada adequada, deve apresentar nexo entre a demanda coletiva e o interesse de uma
coletividade composta por pessoas necessitadas; a DP tem legitimidade para ajuizar ações coletivas
16
que tratem de direitos difusos, coletivos em sentido estrito e individuais homogêneos, verificáveis
no âmbito de suas atribuições constitucionais (tutela dos necessitados) – ADI nº. 3.943; essa
legitimação não se estende necessariamente para a fase de liquidação e execução da sentença.
Nesses casos, somente estará autorizada a prosseguir em relação aos que comprovarem
insuficiência de recursos, pois nessa fase a tutela de cada membro da coletividade ocorre
separadamente.
Legitimação ad causam: pelo art.5º, LXX, CF/88, o mandado de segurança pode ser impetrado por
partido político, organização sindical, entidade de classe ou associação; esta é a legitimação ad
causam; é a capacidade que se atribui a um sujeito de direito tendo em vista a relação que ele mantém
com o objeto litigioso; para saber se a parte é legítima é preciso investigar o objeto litigioso do
processo.
Demais legitimados para ação coletiva: a legitimação do inciso LXX deve ser vista como garantia
mínima, mas que não restringe a legitimidade ad causam de outros entes, pois, se eles seriam
legitimados para tutelas coletivas de ritos ordinários, não faz sentido que não sejam para esse
procedimento especial e importante usado quando um direito fundamental sofre restrições.
• Litisconsórcio: a pessoa jurídica da qual o "agente ímprobo" seja sócio majoritário NÃO é
litisconsorte passivo necessário da ação de improbidade; mas, pela eficácia reflexa da
sentença, a esfera jurídica desse terceiro pode ser atingida, pois também ficará proibido de
contratar com o poder público (art. 12, I, II e III, LIP). Todavia, bastaria que esse sócio
condenado se retirasse da sociedade para que essa empresa pudesse contratar com o Poder
Público novamente.
Existem das correntes quanto a atuação das associações e sua legitimação nas ações coletivas:
17
Ação por Representação: é uma ação que se tutela direito alheio, em nome alheio. Somente os
representados que autorizaram a atuação expressamente estão acobertados pela coisa julgada, que
é pro et contra (vincula independente do resultado); como há necessidade de autorização expressa, é
utilizada a técnica do OPT IN; as ações têm fulcro no art. 5º, XXI, CF/88.
Ação por Substituição: é uma ação que se tutela direito alheio em nome próprio; assim, não é exigido
autorização e o resultado se estende para além dos associados; neste caso a técnica é do OPT OUT,
em que o indivíduo deve manifesta-se apenas caso deseje ser excluído dos resultados; as ações tem
fulcro no art. 129, III, CF/88.
Tema 499 e 82, STF: estes temas têm como entendimento que é necessário que haja a demonstração
da autorização dos associados para que seja impetrada a ação coletiva; contudo este entendimento
somente poderá ser aplicado às ações por representação, nos casos previstos no art. 5º, XXI, CF/88,
uma vez que nas ações por substituição a autorização não se faz necessária.
Tempo mínimo de constituição: O art.5º §4º, da lei 7.347/85, permite a dispensa do requisito da
constituição prévia há mais de 01 ano pelas Associações; o requisito da pré-constituição poderá ser
dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou
característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
Inquérito Civil
Outras funções: além de servir para a colheita de elementos para a propositura da ação civil pública,
o inquérito também funciona como instrumento facilitador da conciliação extrajudicial no conflito
coletivo; de fato, um dos resultados mais frequentes é a celebração de um compromisso de
ajustamento de conduta – art. 5º, § 6º, Lei 7.347/85.
Fases: é possível identificar três fases distintas: a instauração, a produção das provas e a conclusão.
• Conclusão: é neste momento que será decidido pelo presidente do inquérito, se o inquérito
será arquivado, se será celebrado um compromisso de ajustamento de conduta ou se a ação
será ajuizada.
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Inquérito Civil X Inquérito Policial
Obs: Caso, dentro do inquérito civil o MP tenha ciência de fato que se enquadre em um tipo penal
deve informar ao órgão do MP com competência criminal.
• Interrupção da decadência: art. 26, §2º, CDC – o STJ entendeu que a instauração do inquérito
não interrompe a prescrição;
• Possibilidade de expedição de requisições e notificações, condução coercitiva em caso de
não comparecimento: art. 129, VI da CF; art. 26, I da LOMPE
• Possibilidade de requisição de perícias e informações, de entes públicos ou particulares, em
prazo não superior a 10 dias: art. 8º, §1º, lei nº 7.347/85; art. 6º da lei n 7.853/89; art. 223 da
lei n 8.069/90;
• Possibilidade de indenizar: possibilidade de surgir o dever de o Estado/União indenizar o
investigado, pelos prejuízos sofridos em razão da instauração e desenvolvimento do inquérito,
que se mostrou temerário causando prejuízo ao investigado.
• 1ª Corrente: restringe o objeto apenas aos direitos configurados diretamente como direitos
coletivos, uma vez que o inquérito civil está previsto na legislação para a tutela coletiva, que
cuida apenas dos processos coletivos lato sensu e assim, não poderia servir de garantia para
os direitos estritamente individuais;
• 2ª Corrente: entende que é possível que as demais atribuições constitucionais e legais do
Ministério Público poderão ser objeto do inquérito civil, uma vez que a norma constitucional
referiu expressamente ao inquérito, ele seria possível em todas as atribuições afetas ao MP;
esta parece ser a melhor opção pois a própria CF/88, em seu art. 129, III e o CDC, art. 90,
expandem o objeto do inquérito civil.
Matéria eleitoral: apesar de a jurisprudência entender que a matéria eleitoral não pode ser objeto de
inquérito civil por proibição expressa do art. 105-A da Lei nº. 9.504/97, a doutrina vem defendendo
que por se tratar de tutela de direitos coletivos lato sensu com relevância social e presença de
interesse público, essa limitação é infundada.
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Contraditório no Inquérito Civil: por se tratar de mero procedimento administrativo e não processo
administrativo e por não haver aplicação de sanção ao investigado, a doutrina tende a mitigar a
aplicação do princípio do contraditório; contudo, com a fase de “processualização dos procedimentos”
em que se encontra o direito neste momento, vem sendo cada vez mais necessário que o princípio do
contraditório seja respeitado; apesar de não ser plano, pois sua plenitude poderá ser exercida no
processo jurisdicional subsequente, o contraditório no inquérito civil existe e tem por características:
O contraditório no inquérito civil prestigia a eficiência processual, permitindo que, durante a fase de
instrução do processo jurisdicional coletivo, não sejam repetidas provas anteriormente produzidas
administrativamente, em contraditório, vide art. 22 da Resolução 006/2014 do MPES.
Princípio da publicidade no inquérito civil: apesar de inquisitivo, o inquérito civil não é secreto; deve
ser dada a publicidade tanto para sua instauração, quanto para o seu arquivamento, assim como em
caso de ajuizamento da ação civil, permitindo que o investigado e colegitimados tenham acesso aos
autos e que acompanhem as investigações.
Produção Antecipada de Provas Periciais: quanto mais público o inquérito civil e maior tiver sido a
participação do investigado, maior credibilidade a prova terá diante do juiz da ação civil pública, o que
pode ocasionar a dispensa de prova pericial, por exemplo – art. 472, CPC/15.
O Inquérito X Produção Antecipada de Provas não urgentes: o CPC ampliou a autonomia do direito à
produção de prova permitindo a ação probatória autônoma em situações em que não se
pressuponham urgência, se a provar servir para a autocomposição ou se o prévio conhecimento dos
fatos puder justificar ou evitar o ajuizamento da ação – art. 381, II e III, CPC/15; como o inquérito é
exclusivo do MP, o instrumento da produção antecipada de provas autoriza aos colegitimados a
requererem provas em juízo.
Simultaneidade de procedimentos investigatórios para apurar o mesmo fato: como não pode haver
limitação para que distintos órgãos realizem investigações é possível que seja feito um “intercâmbio
probatório”, ou seja, há a possibilidade de a utilização de prova emprestada entre um procedimento
investigatório e outro – art. 372, CPC/15.
Duração Razoável: o inquérito civil deve obedecer ao princípio da duração razoável do processo – art.
5º, LXXVIII, CF/88 por deixar em situação de incerteza inúmeras situações jurídicas, impedindo
investimentos e imobilizando o patrimônio de várias pessoas; é deste princípio que decorre a
possibilidade de o poder público indenizar os prejudicados.
Instauração do Inquérito: será feito por portaria – art. 4º, Resolução nº 23 do CNMP; sua utilização é
importante para garantir a publicidade e formalização do procedimento.
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• Portaria: é uma fórmula pela qual as autoridades em nível inferior ao de chefe executivo
dirijam-se aos seus subordinados, transmitindo decisões de efeito interno; é um ato formal
de conteúdo fluido e amplo.
IC pode ser instaurado contra qualquer pessoa, mesmo que ocupante de cargo ou função pública
com prerrogativa de função para a respectiva ação penal? A resposta a esta pergunta gera grande
controvérsia na doutrina, pois a os agentes públicos cujo foro para a ação penal é fixada como
prerrogativa de função ao serem processados em ação de improbidade podem perder o cargo e os
direitos político; assim, a competência para a condução do inquérito civil deve respeitar a competência
para o ajuizamento da futura ação coletiva. Ex: se a ação coletiva somente puder ser proposta pelo
Procurador Geral de Justiça, caberá a ele presidir o inquérito. Por isso, é admitido o ajuizamento de
reclamação por usurpação de competência – art. 988, CPC/15 – ou seja, se a ação coletiva ajuizada
contra o agente investigado for de competência de um tribunal, é possível que seja ajuizada
reclamação perante este tribunal para controlar a competência, ainda que esta seja administrativa.
Representação Anônima: a representação anônima, feita por particular com propósito de iniciar a
investigação poderá ser admitida, cabendo ao órgão de execução averiguar os elementos de convicção
para saber se estão presentes os requisitos de instauração, não havendo nulidade em caso de o MP
proceder a investigação civil a partir de representação anônima.
• TAC Parcial: irá referir-se a parte da matéria investigada; se assim ocorrer, a investigação dos
fatos não abrangidos avançará até a obtenção de novo ajuste ou ajuizamento ou
arquivamento;
• TAC Integral: irá esgotar a matéria investigada; neste caso o inquérito será remetido ao
Conselho Superior do MP para a apreciação de eventual ocorrência de arquivamento
implícito.
Há quem entenda que o controle do compromisso deverá ocorrer após o cumprimento, porém o
entendimento do MPSP e do MPES é de que o inquérito será arquivado e será instaurado novo
procedimento para o acompanhamento do TAC.
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• Arquivamento Liminar: poderá ocorrer na própria Promotoria de Justiça, na espécie
denominada indeferimento do pedido de instauração de inquérito civil, nos casos em que
ocorra manifesta improbidade da instauração, seja por já ter sido objeto de investigação ou
ACP; ou se os fatos apresentados já tiverem sido solucionados; ou no caso de faltar os
requisitos mínimos de identificação do objeto e dos autores; a falta de formalidade não enseja
o arquivamento.
• 1ª Corrente: só é possível reabrir o inquérito com base em novas provas; esta corrente faz
equiparação como inquérito policial (art. 19, CPP); é a corrente adotada pelo MPSP;
• 2ª Corrente: a reabertura é possível independentemente de haver novas provas, pois não há
previsão legal quanto a necessidade de haver novas provas; esta parece ser a melhor opção
pois pela peculiaridade dos direitos coletivos, não faz sentido a equiparação ao inquérito
policial e nenhum dos colegitimados à ação civil pública ou coletiva está vinculado ao
arquivamento do inquérito civil; é a posição adotada pelo art. 12 da Resolução nº. 23 do
CNMP.
Crimes cometidos durante o Inquérito Civil: alguns crimes podem ser cometidos, são eles:
• Falso Testemunho: apesar de não haver menção ao inquérito civil no art. 342, CP, que dispõe
do crime de falso testemunho, a doutrina entende que se se considerar o inquérito civil como
um processo administrativo, ao menos em sentido lato, seria possível o enquadramento
penal;
• Deixar de Prestar Informações: o art. 10 da Lei n. 7.347/85 estabelece que a recusa, o
retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil,
quando requisitados pelo MP, constitui crime;
• Denunciação Caluniosa: previsto no art. 339, CP, será imputado àquele que provocar a
instauração de procedimento administrativo (elemento objetivo) e imputar a alguém fato
crime de que o sabe inocente (elemento subjetivo); para que o crime ocorra devem ser
preenchidos os dois elementos.
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• Função: serve para a melhoria de serviços públicos e de relevância pública e como tutela dos
demais interesses e direitos cuja defesa é atribuída ao MP; exerce o controle mediante
fiscalização das atividades das autoridades estatais a partir da reclamação dos cidadãos contra
a ação dos órgãos públicos e em defesa dos direitos e liberdades; para isso, poderá:
o conduzir investigações; providenciar recomendações; restaurar os direitos
fundamentais; submeter propostas de alterações legislativas para melhorar e tornar
mais efetiva a tutela dos direitos.
• Momento para as recomendações: só devem ser manejadas quando ainda não houver
consequências jurídicas, ou seja, quando não houver incidência da norma que qualifique a
conduta como ato ilícito, pois havendo lesão ao direito, caberá ao órgão do MP ajuizar a ação
cabível ou formular o compromisso de ajustamento de conduta, se possível sua recomposição
pela via conciliatória.
Objetivo: possui caráter duplo: assegurar a estabilidade social do direito; “castigar” à negligência em
prol do interesse público.
Prescrição: encobre a eficácia do direito – art. 198, CC; os casos específicos estão nos arts. 205 e 206,
CC.
Decadência: ocorre em relação aos direitos subjetivos-poder, que são direitos sem pretensão; a perda
do prazo para ser exercício acarreta sua extinção; art. 209, CC.
Imprescritibilidade das Ações Coletivas: muitos autores defendem a regra de imprescritibilidade das
ações coletivas, por se tratar de direitos supraindividuais e extrapatrimoniais. No entanto, existem no
microssistema de processo coletivo regras expressas para alguns casos.
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• Prescrição (ou decadência) na ação popular, em prazo quinquenal (art. 21 da Lei n. 4.717/65).
Nesse caso, há prescrição em relação ao pedido condenatório e decadência ao constitutivo;
• Prazo decadencial de 120 dias, determinado pelo art. 23 da Lei n. 12.016/2009 para
ajuizamento do MS e do MS coletivo; (Súmula 632 do STF – “é constitucional lei que fixa prazo
de decadência para impetração de MS”);
• Prescrição e decadência dos direitos do consumidor e das respectivas ações singulares (art.
26, CDC).
• a) a tutela condenatória dos DIH é sempre repressiva. Pressupõe-se que tenha havido lesão
comum a diversos direitos individuais. Por essa razão, é possível se cogitar a prescrição das
pretensões, cujo prazo começa a correr da respectiva lesão (art. 189, CC).
• b) a ação coletiva que tutela DIH visa à obtenção de decisão judicial que sirva de título
executivo para a execução preferencialmente individual. É possível que haja execução fluid
recovery (art. 100, CDC);
• c) o prazo prescricional para a tutela coletiva de DIH será o prazo prescricional das respectivas
pretensões individuais. Assim, se a ação individual ressarcitória tiver o prazo de 3 anos, o
mesmo prazo haverá para a ação coletiva.
• d) o ajuizamento de uma ação coletiva para tutela de DIH interrompe a prescrição das
pretensões individuais. O prazo prescricional recomeça a correr, após o trânsito em julgado
da decisão coletiva.
• e) Pode acontecer que embora ultrapassado o prazo prescricional para o ajuizamento da ação
coletiva relativa a DIH, ainda remanesçam eficazes algumas pretensões individuais,
beneficiadas por hipóteses de impedimento, suspensão e interrupção do prazo prescricional.
Prazo para execução decorrente de ações coletivas: pela súmula 150, STF o prazo é quinquenal para
todas as ações decorrentes da execução da tutela coletiva.
• Prazo prescricional: inicia-se após o legitimado coletivo ter tomado ciência inequívoca da
violação do direito, conforme art. 27, CDC; é por isso dito que possui início flexível;
• Prazo decadencial: irá variar dependendo do tipo de ação; pelo art. 26 do CDC, o prazo
correria apenas após a entrega efetiva do bem ou serviço ou no momento que se evidencia o
defeito; para o mandado de segurança coletivo o prazo só tem início após a prática do ato
ilegal ou abusivo; o art. 207 do CC/02 permite que leis especiais prevejam causas de
impedimento, suspensão ou interrupção da decadência.
A Propositura de uma Ação Coletiva interrompe o Prazo Prescricional para a Ação Individual? SIM!
A interrupção ocorre pela ampliação ope legis do objeto litigioso coma extensão in utilibus da coisa
24
julgada coletiva ao plano individual; ou seja, como os titulares das ações individuais poderão ser
afetados pelo resultado positivo da coisa julgada coletiva (exceto se optarem por excluir-se) enquanto
tramitar a ação coletiva, o prazo prescricional para a ação individual será interrompido.
Prazo Prescricional para a Execução Individual: a execução prescreve no prazo de 05 anos (Súmula
150, STF), ou seja, no mesmo prazo da pretensão certificada na sentença; contudo é discutível o início
do prazo para se executar; via de regra, transitada em julgada a sentença coletiva, dá-se início ao prazo
prescricional da pretensão de execução individual; entretanto, o STJ pacificou o entendimento de que
não ocorre a prescrição para o ajuizamento de execuções individuais quando pendente a discussão
sobre a legitimidade dos sindicatos e entidades de classe para a execução coletiva.
Prazo de 5 anos para Ação Civil Pública: o entendimento do STJ de que o prazo prescricional para a
interposição da ação civil pública é de 5 anos parece, à melhor doutrina, incorreto. No precedente, a
definição do prazo de 5 anos dá-se com base no prazo da ação popular; contudo, o que prescreve não
é ação, mas o direito material; não existe prescrição de ação; assim, esta aplicação torna-se atécnica
pois vai de encontro com o microssistema do processo coletivo, pois o STJ importou uma regra de
direito material para o direito processual.
Justiça Multiportas: nessa nova justiça, a solução judicial deixa de ser a primazia dos litígios que
permitem a autocomposição e passa a ser a ultima ratio.
Autocomposição nos processos coletivos: não é possível renunciar os direitos que fundamentam a
ação coletiva, pois a titularidade é do grupo e não do indivíduo; porém, é possível cogitar o
reconhecimento da procedência do pedido, por se tratar de benefício para o grupo; em razão disso é
possível afirmar que a autocomposição no processo coletivo tornou-se comum; mas a
autocomposição tem limites mais rigorosos pelo fato de os legitimados por substituição processual
não serem titulares do direito que veicula a ação.
Previsão Legal: foi instituído pela Lei de Ação Civil Pública, em seu artigo 5º, §6º.
Características: pelo TAC não se pode dispensar a satisfação do direito transindividual ofendido; não
cabe a renúncia, mas tão somente a regulação do modo como se deverá proceder à reparação dos
prejuízos, a concretizar dos elementos normativos para a efetivação do direito coletivo; pelo TAC os
litigantes podem firmar acordos em demandas coletivas de modo que se ponha fim ao processo com
resolução de mérito (art. 487, III, ‘b’, CPC/15); como a conciliação judicial tem as mesmas limitações
25
que o compromisso de ajuste de conduta, é possível afirmar que há ajuste de conduta judicial e
extrajudicial;
Órgãos Legitimados: o MP não é o único órgão legitimado; mas apenas órgãos públicos podem firmar
o TAC extrajudicial - 784, IV, CPC.
Audiência Preliminar de Mediação e Conciliação: art. 334, CPC; a sequência dos atos do
procedimento da ação civil pública é a mesma do procedimento comum (sendo o réu citado para
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audiência antes de apresentar a resposta), podendo ser aplicada também à ação popular, mas não ao
mandado de segurança coletivo;
Controle de Autocomposição pelo Juiz: o juiz poderá controlar, na fase homologatória o conteúdo
da transação sobre o objeto litigioso: deixando de homologá-la; homologando-a parcialmente ou
recomendando às partes alterações em determinadas cláusulas; as partes colegitimadas poderão
peticionar antes da homologação, caso não tenham participação no acordo, solicitando a
intervenção no processo – art. 5º, §2º, LACP - e requerendo a não homologação do acordo, sua
homologação parcial ou a alteração de cláusulas; da mesma forma poderá o MP fazer o mesmo.
Limites à Autocomposição: a autocomposição não pode ser vista como uma forma de diminuição do
número de causas que tramitam no judiciário ou como forma de acelerar os processos; o juiz da causa
não deve ser o mediador ou conciliador; devem existir profissionais preparados para essa função; deve
ser pautada nos valores de:
27
• justiça mais adequada, célere e duradoura.
Primazia do julgamento de mérito: a premissa trazida no CPC de “salvo por insuficiência de provas”,
permite ao juiz deixar de julgar o mérito, podendo rever no futuro a decisão de mérito quando as
partes apresentarem prova nova capaz de alterar o resultado do julgamento; da mesma forma,
quando o acordo se basear em prova insuficiente, ele pode ser revisto, desde que surja prova nova.
• Coisa Julgada: Caso haja homologação incidirá a coisa julgada rebus sic stantibus: sobrevindo
circunstância de fato que altere a situação definida na sentença, poderá ser reproposta nova
ação; isto é, a decisão de homologação anterior pode ser revista, no caso de haver novas
provas e novos fatos, capazes de por si só alterar os elementos do acordo homologado.
Impugnação pelos Colegitimados: Há a produção de coisa julgada erga omnes (pois se trata de direito
coletivo) na homologação de acordo judicial em causa coletiva, impedindo a repropositura da
demanda por qualquer dos colegitimados, inclusive por aqueles que não participaram da celebração;
todavia, considerando o regime da legitimação extraordinária, admite-se a possibilidade de um
terceiro ingressar com um recurso, questionando a homologação do acordo. Não é ação nova, pois a
legitimidade também é sua e já fora exercida por outro colegitimado. Assume o processo no estado
em que se encontra, sem alterá-lo objetivamente (art. 996, CPC).
Design de Sistema de Disputas (DSD): havendo complexidade do tema, grande número de envolvidos,
ou outro fator, seria possível estabelecer convencionalmente uma arena extrajudicial para que esses
conflitos sejam adequadamente tratados (ex vi, art. 3º, §2º, CPC "outros métodos de solução de
conflitos").
Coisa Julgada
Conceito: coisa julgada é uma situação jurídica que torna indiscutível o conteúdo de uma decisão
judicial.
• Limites Subjetivos: é a quem a coisa julgada irá ser aplicada; pode ser art. 103, CDC:
o Inter partes: nesta situação somente estarão vinculadas as partes do processo; é a
regra geral do processo individual;
o Ultra partes: neste caso a coisa julgada afetará não só as partes do processo, mas irá
se estender para terceiros que não participaram do processo, como no caso em que
há substituição processual e o substituído, apesar de não ter figurado em um dos
28
polos da ação estará vinculado pela coisa julgada; é o que predomina no processo
coletivo;
o Erga Omnes: seus efeitos atingirão a todos, os que participaram do processo e os que
não; é o caso das coisas julgadas dos processos de controle de constitucionalidade
concentrado.
• Limites Objetivos: é o que será submetido aos efeitos da coisa julgada; a regra é que a coisa
julgada submeta o conteúdo da norma jurídica individualizada, decorrente do dispositivo da
decisão que julgou a questão principal; é possível que a coisa julgada se estenda as questões
prejudiciais incidentes;
• Modo de produção: é como a coisa julgada é formada, há três tipos:
o pro et contra: aqui a coisa julgada irá se formar independente do resultado, sendo de
procedência ou de improcedência; regra geral;
o secundum eventum litis: a coisa julgada somente será produzida quando a demanda
for julgada procedente; se julgada improcedente ela poderá ser reproposta, pois não
haverá coisa julgada material; esta posição não é bem vista pois o réu fica em
desvantagem;
o secundum eventum probationis: neste caso a coisa julgada somente se formará em
caso de haver o esgotamento das provas; ou seja, precisa haver um exaurimento de
todos os meios de prova; se a demanda for procedente é porque esgotou-se as
provas; se for improcedente é com suficiência de provas; se houver insuficiência de
provas na improcedência, não haverá coisa julgada; este caso é também pro et contra,
pois a coisa julgada se dá seja qual for o resultado, mas neste caso, poderá ser revista
se houver prova nova capaz de alterar o resultado da ação coletiva.
Coisa julgada coletiva nas ações que versam sobre direitos difusos ou coletivos
• Regime Jurídico: pela regra do CDC, seria secundum eventum probationis art. 103, CDC;
contudo, como todo secundum eventum probationis é pro et contra pois a coisa julgada irá se
formar independentemente do resultado (procedência ou não do pedido), entende-se que A
COISA JULGADA É PRO ET CONTRA;
o secundum eventum probationis: é uma peculiaridade da coisa julgada, pois em caso
de prova nova, poderá ser proposta nova ação; a regra do art. 103 permite até mesmo
aquele que propôs a demanda julgada improcedente possa repropô-la se assim
julgada por insuficiência probatória; a prova nova é toda aquela capaz de alterar o
resultado improcedente do primeiro processo e sua produção somente é válida se
feita pelos colegitimados;
o secundum eventum litis: não é a coisa julgada, mas a extensão de seus efeitos; os
efeitos da coisa julgada somente serão estendidos aos titulares dos direitos
individuais para beneficiá-los, nunca para prejudicá-los.
▪ Direitos difusos: coisa julgada erga omnes;
▪ Direitos coletivos: coisa julgada ultra partes.
Coisa julgada coletiva nas ações que versam sobre direitos individuais homogêneos
• Art. 103, III, CDC: o artigo é omisso; em vez de abordar a coisa julgada, trata apenas da
extensão da coisa julgada para o plano individual, o que não é a mesma coisa;
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• Posicionamento doutrinário: se aplica a Coisa Julgada secundum eventum probationis
também em direitos individuais homogêneos, pois se o direito individual homogêneo é um
direito essencialmente coletivo não poderia haver regra diferente entre os direitos coletivos;
• Posicionamento do STJ: não se aplica o secundum eventum probationis, não sendo possível a
aplicação da regra da coisa nova para repropor a ação quando julgada improcedente; o
precedente argumenta que os indivíduos poderiam intervir na ação, pelo art. 94, CDC.
§§ 2º e 3º, Art. 103, CDC: pela dupla finalidade do processo coletivo, de tutelar direitos e resolver
litígios repetitivos, o CDC estabeleceu que os efeitos da coisa julgada coletiva se estenderão para o
plano individual in utilibus, isto é, o indivíduo poderá, valendo-se da coisa julgada, proceder à
liquidação dos seus prejuízos e promover a execução da sentença; é o transporte in utilibus da coisa
julgada coletiva para o plano individual;
• Sentença de procedência: a sentença de procedência nas ações para tutela de direitos difusos
e coletivos stricto sensu poderá ser liquidada e executada no plano individual sem a
necessidade de um novo processo para a afirmação do que é devido – art. 103, §1º, CDC.
o Direitos Individuais Homogêneos: esta regra não é necessária para os DIH uma vez
que a própria sentença já tem como efeito a autorização da liquidação e da execução
dos danos individuais – arts. 95 e 97, CDC.
• Indivíduos beneficiados: a coisa julgada coletiva servirá ao indivíduo membro da coletividade,
independentemente de ele ser formalmente membro deste grupo, de forma que a coisa
julgada proveniente de um processo conduzido por um sindicato ou associação, nos casos de
substituição processual, não beneficiará apenas os indivíduos sindicalizados ou associados,
mas sim todo aquele que pertencer ao grupo.
O autor da ação popular: será afetado em seu plano individual, pela coisa julgada pro et contra
secundum eventum probationis, ou seja, sendo a ação popular julgada com suficiência de provas,
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independentemente do resultado, se foi julgado com suficiência de provas, o autor não poderá
ajuizar, posteriormente, ação individual para rediscutir a questão.
Coisa Julgada na Ação de Improbidade Administrativa: não há regra geral sobre o assunto, usa-
se a analogia; o regime será diferenciado conforme o capítulo da sentença:
Coisa Julgada no Mandado de Segurança Coletivo: há lacuna normativa, assim, a melhor solução seria
considerar-se o microssistema de processo coletivo e se conclui que é secundum eventum probaitionis,
sem qualquer limitação quanto ao novo meio de prova que pode fundar a repropositura da demanda
coletiva; a extensão subjetiva da coisa julgada será secundum eventum litis, sem prejuízo das
pretensões dos titulares de direitos individuais, mesmo no caso de desistência do processo.
Os Limites Territoriais à Coisa Julgada: os artigos 16, da LACP e 2º-A da Lei nº 9.494/1997 restringem
a eficácia da coisa julgada, limitando-a ao território do órgão julgador que prolatou a sentença;
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representação; assim, não precisando seguir o Tema 499, a coisa julgada irá
atingir a todos, independente do território.
Art. 327, CPC/15: O CPC/15 adotou a técnica da adaptabilidade do procedimento, assim, é permitido
que se utilize técnicas diferenciadas ainda que no procedimento comum; é lícita, em um único
processo, contra o mesmo réu, a reunião de vários pedidos, ainda que entre eles não haja conexão;
para isso, é fundamental que haja uma compatibilidade lógica entre os pedidos, que o Juiz seja
absolutamente competente para ambos os pedidos, e que os pedidos se submetam ao mesmo
procedimento.
• §2º: Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a
cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das
técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam
um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o
procedimento comum.
o Este artigo reforça a possibilidade de combinar técnicas de procedimentos especiais
com procedimentos comuns, assim como pode-se levar para o procedimento especial
técnicas do procedimento comum. Também pode-se combinar técnicas de um
procedimento especial com outro procedimento especial.
▪ Exemplo 1: pode-se pedir a um só tempo a resolução do contrato e a
reintegração da posse com a liminar do procedimento especial no
procedimento comum;
▪ Exemplo 2: no Mandado de Segurança, a autoridade traz um elemento novo
(que não foi trazido na petição inicial). Aqui, é possível que se crie uma
espécie de réplica para o mandado de segurança, para que o réu fale sobre o
tópico;
▪ Exemplo 3: em audiência de ação de família, se ficar comprovada alienação
parentar, o Juiz pode valer-se de um psicólogo ou assistente social para
auxiliá-lo. Este mesmo auxílio também serve para outros tipos de audiência.
o Procedimentos Obrigatórios: existem procedimentos que são obrigatórios, quando
existe algum interesse público, como o procedimento de improbidade administrativa,
que apresenta algumas peculiaridades; assim não tem como prever uma técnica de
improbidade administrativa no procedimento comum por se tratar de um
procedimento especial obrigatório; logo, ao se falar de improbidade administrativa,
ou outros tipos de procedimentos obrigatórios não há que se falar da técnica do art.
327,§2º, CPC;
o Procedimentos Opcionais: existem procedimentos especiais opcionais como, por
exemplo, o mandado de segurança. Isso porque, não se está limitado a impetrar,
obrigatoriamente, um mandado de segurança para proteger direitos podendo, de
outro modo, dar início a um procedimento comum; de igual forma, ocorre com as
ações possessórias; ou seja, aos procedimentos especiais opcionais aplica-se,
irrestritamente, o art. 327, §2º, CPC, uma vez que pode ser adaptado a estes
procedimentos as técnicas do procedimento comum, sem prejuízo da técnica
diferenciada.
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