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br DOMINGO, 22 DE JUNHO DE 2014

Gil Fuentes Nunca é tarde demais para ser


aquilo que sempre se desejou
ser.”

George Eliot

entrevista Cleiton Xavier


OSMARITO BRITUS

Qual sua formação?


Cleiton Xavier – Em 2008 ingressei
Jogo rápido
no curso superior em Música com ha- UM LUGAR
bilitação em canto lírico na Faculda- Humilde
de Cantareira, em São Paulo. Hoje,
meus estudos são voltados para a arte UM CHEIRO
Cheiro do mar
da regência coral e da musicalização.
UMA COR
Quando se interessou por música? Azul
Cleiton – Há quem diga que o re-
gente nasce feito. A mim nunca foi UM LIVRO
perguntado se eu gostaria de estudar Hints on Singing (Manuel Garcia)
música, regência ou técnica vocal. A
música sempre foi vital em minha vida UM FILME
Camille Claudel
e não foi uma escolha, apesar de não
ter histórico de músicos na família. Na UMA MÚSICA
minha infância e adolescência parti- L´heure Exquise (Reynaldo Hahn)
cipava como solista em igrejas e em
coros pela cidade. Também na adoles- UM MOMENTO
cência, montava grupos vocais a fim de Servir
colocar em experiência os arranjos a
UM HOMEM
três e quatro vozes que criava de “ou- Jesus
vido”. Entretanto, meu contato com
a música ”de verdade” veio somente UMA MULHER
aos 19 anos, quando entendi que es- Luci Xavier (minha mãe)
tudar música era admitir que se deve
estudar por toda a vida. DEUS
Soberano

Quem são seus mestres?


Tudo o que é feito com intensidade e paixão não
Cleiton – Tive a felicidade de ter sido volta vazio, sempre haverá transformação de
aluno de pessoas que eram muito mais um modo ou de outro. O valor, no entanto, está
do que professores. Fui aluno de can- na finalidade da arte e não somente nela, de outro
to do premiado Mezzo Soprano Ma- modo eu não estaria aqui. No mesmo peso, está a Qual o repertório que executam?
riana Cioromila (Romênia). Aluno e busca pela excelência da arte”. Cleiton – O coro segue o formato
amigo do tenor brasileiro Benito Ma- “A capella”, tendo em seu repertório
resca considerado um dos melhores te- peças de compositores dos períodos
nores da história do Brasil. Também alcance as grandes massas. A própria se coro e observo os relacionamentos renascentistas, barroco, assim como
fui aluno do tenor Adriano Pinheiro, cidade de Suzano teve no último ano criados por intermédio dele, como a canções folclóricas, música popular
meu primeiro professor, do barítono duas apresentações de montagens re- música é instrumento para transforma- brasileira e internacional, unindo o
Ary Lima e do pianista e coaching Ri- duzidas da ópera La Boheme de Gia- ção de pessoas, a quantidade grande canto à dança em alguns momentos.
cardo Ballestero. Durante esse perío- como Puccini e da ópera Carmen de de experiência afetiva envolvida, além É um grande desafio. Existe relação
do tive também a oportunidade de ter Bizet. Apesar disso é frequente ver da dinâmica estabelecida entre coral direta entre emissão vocal e tipo de
algumas aulas com o tenor Luigi Alva jovens de várias idades assistindo a e público. Tudo o que é feito com in- repertório a ser interpretado. Não se
(Famoso Tenor Leggero peruano que concertos na Sala São Paulo e óperas tensidade e paixão não volta vazio, canta renascença como se canta mú-
cantou com Maria Callas) e com o no Theatro Municipal. Mesmo hoje sempre haverá transformação de um sica folclórica. Da mesma forma que
Baixo italiano Carlo Colombara, além acreditando que a melhor forma de se modo ou de outro. O valor, no entan- não se pode aceitar cantar música fol-
de Masterclasses de canto com canto- fazer ópera é no teatro, eu sou fruto to, está na finalidade da arte e não clórica com vibrato excessivo como na
res como Alícia Nafé (Mezzo soprano de uma popularização da ópera, os “3 somente nela, de outro modo eu não ópera. Estar aberto a diferentes tipos
argentino) e o Soprano Maria Pia Pis- Tenores” (Luciano Pavarotti, Plácido estaria aqui. No mesmo peso, está a de emissões para diferentes repertó-
citelli (Itália). Na área de musicaliza- Domingo e José Carreras) muito co- busca pela excelência da arte. Sempre rios é uma das características do coro.
ção, tenho estudado com o brasileiro nhecidos na década de 90 e que são digo aos coralistas: “não basta cantar
radicado na Suiça, Iramar Rodrigues, lembrados até hoje. bem, é preciso excelência”. Cada en- Ontem o Coral Municipal de Suzano
todas as vezes que ele vem ao Brasil. saio é um período intenso na busca participou de um concurso?
Você é regente da Orquestra Del Chia- pela perfeita afinação, pela emissão Cleiton – Sim, o Coral Municipal de
Não é muito comum entre os jovens ro? Fale um pouco dessa experiência. igual das vogais, pela articulação das Suzano participou do Encontro Na-
este gosto musical. Por que canto lírico? Cleiton – Sim, sou um dos regen- notas no momento preciso, fusão dos cional de Piracicaba, no Teatro Muni-
Cleiton – Nem sou tão jovem assim tes. Essa orquestra é conhecida por to- timbres, pela lenta construção de uma cipal Erotides de Campos. Um even-
(risos). É incomum porque não conhe- car em casamentos de famosos como ideia interpretativa e de uma sonori- to que acontece há oito anos e reúne
cem. Infelizmente a música erudita no Emerson Fittipaldi, o nadador Thiago dade. Além dessa busca, cada coralista convidados de todo o País.
País ainda é limitada aos grandes cen- Pereira, o jogador Ganso e o cantor tem aula individual de técnica vocal,
tros, a um público específico. Entre- Naldo, além de eventos, como a fes- aula de teoria musical e solfejo além Quais são os próximos passos do Co-
tanto existem esforços para que ela ta de aniversário de 1 ano do filho do de aula de dança. Alguns já partici- ral Municipal de Suzano? Onde irão se
jogador Neymar. pam de concertos individuais em um apresentar este ano e quais festivais
repertório que abrange do Lied à ópe- irão participar?
Como chegou ao Coral Municipal de ra. Hoje o novo Coral Municipal de Cleiton – A ideia é formar no coral,
Suzano? Suzano já é referência no canto coral pessoas aptas a difundirem oficinas de
IDADE NOVA
Cleiton – Eu nasci em Suzano. Mo- em toda a Grande São Paulo. Para- música pela cidade, de modo que pos-
Hoje rei aqui até os 20 anos de idade e me lelo a esse trabalho existe também a samos ter mais 25 novas oficinas de
Elza Cirillo, Marco Ortiz, Arnaldo Marin Junior, Lu- mudei para São Paulo. Acompanhei o Fábrica Coral, oficina aberta a toda a musicalização espalhadas pelos bair-
zia Nunes Slupko, Ricardo Raffoul, Branca Fran-
co de Lima, Geisa Antunes de Campos, Gilmar de coro Municipal de Suzano por mui- comunidade, aos que não têm nenhum ros. Em agosto estaremos no Festival
Souza Ferreira e Analivia Garcia. tos anos. Há um ano fui convidado conhecimento musical. A oficina abor- Internacional de Coros de Vinhedo.
para recomeçar um coral na cidade. da os elementos da música, o solfejo, Estamos nos preparativos para a gra-
Amanhã Me contrataram e comecei a trabalhar. bem como os fundamentos da técnica vação de um clipe até o final do ano.
Daniella Galvão de Oliveira Oldra, Roseli Pinto
da Cunha, Eduardo Fiamini, Carmen Silva Fer- As vezes me pergunto porque as coisas de coro, desenvolvendo sonoridade e Não posso contar nada a respeito para
reira Bastos, Jaqueline Esteves, Isa Alvarenga acontecem, porque estou à frente des- percepção em grupo. não estragar a surpresa!
Piovan, Bernardo Moraes Freitas Rossi, Lincoln
Mori, Rosemary Silvestre Valadão, Adauto Perei-
ra Silva, Alexandre Kashiwakura, Naira Fernanda
de Castro, Ricardo Carneiro, Fabiana Ventura
Bernardo, Dario Oliveira, Wiverson C. Marques
Figueira, Rogério Muniz e Aretha Marques.

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