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Artigo original

O ambiente que adoece:


condições ambientais de trabalho
do professor do ensino fundamental
The environment that sickens: environmental working
conditions of the basic education teacher
Jaqueline Brito Vidal Batista1, Mary Sandra Carlotto2, Antônio Souto Coutinho3, Daniel
Augusto de Moura Pereira4, Lia Giraldo da Silva Augusto5

Resumo
Considerando a necessidade de um ambiente de trabalho confortável, em que o professor possa desempenhar favoravel-
mente suas funções, e a importância disso para sua saúde, foram mensuradas medidas de conforto ambiental (temperatura,
ruído e iluminação) e avaliados o discurso dos professores sobre as condições de trabalho do professor do ensino funda-
mental em João Pessoa (PB), utilizando grupo focal, para coleta de dados, e o Discurso do Sujeito Coletivo para analisá-los.
Os resultados descreveram, tanto nas medições quanto no discurso, condições de trabalho insalubres e inadequadas que
podem atingir diretamente a saúde e o desempenho do professor.
Palavras-chave: Saúde do trabalhador, ambiente de trabalho, condições de trabalho

Abstract
Considering the need of a comfortable working environment for the favorable developing of the teacher’s functions, and the
importance of this for their health, this study investigated the conditions of environmental comfort (temperature, noise and
lighting) in the primary school of João Pessoa city, Paraíba, Brazil, and evaluated the teacher’s discourse about the working
conditions. A focal group was used to data collection, and the Collective Subject Discourse was built to analyze the catego-
rized conditions. The results both in the measurements and in the discourse described unsanitary and inadequate working
conditions that can directly affect the health and the teacher performance.
Key words: Occupational health, working environment, working conditions

1
Doutora em Saúde Pública. Professora Adjunta da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). End.: Rua Áurea, 67, apto. 201 - Cabo Branco - João Pessoa
(PB) - CEP: 58045-360 - E-mail: jaqbvb@gmail.com
2
Doutora em Psicologia Social. Professora Adjunta da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).
3
Doutor em Engenharia Mecânica. Professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
4
Mestre em Engenharia de Produção da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
5
Doutora em Ciências Médicas. Pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz).

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O ambiente que adoece: condições ambientais de trabalho do professor do ensino fundamental

Introdução referentes às condições ambientais de trabalho e as consequên-


O trabalho docente e sua relação com a saúde vem sendo cias dessas condições em sua saúde (Oliveira, 2006; Araújo et
objeto de estudo em diversas áreas do conhecimento (Carlot- al., 2003). Assim, este estudo se propôs a avaliar as condições
to & Câmara, 2007; Oliveira, 2006; Reis et al., 2006; Andrade de trabalho no que se refere ao conforto ambiental das escolas
& Silva, 2004; Codo, 2002; Carvalho, 1995). Mesmo assim, o da Rede Municipal de Ensino da cidade de João Pessoa (PB),
professor ainda transita em meio a outras profissões como por meio da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC)
um trabalhador ‘invisível’ (Ferreira, 2003). Em consequência elaborado pelos professores a respeito da percepção coletiva
dessa invisibilidade, a opinião pública percebe a atividade de risco existente nas condições ambientais de trabalho.
docente de uma maneira desvalorizada e como resultado
de um trabalho pouco exigente (Castelo-Branco, 2009), o
que não corresponde à realidade. A atividade docente é um Método
conjunto de tarefas inter-relacionadas que envolvem fatores Foram mensuradas medidas de conforto ambiental
múltiplos, ligados ao desenvolvimento do professor e ao seu (temperatura, ruído e iluminação) e avaliados o discurso dos
desempenho profissional. Esses fatores interligam variáveis professores sobre as condições de trabalho, utilizando grupo
relacionadas com o ambiente construído, com os alunos e focal, para coleta de dados, e discurso do sujeito coletivo para
com todos os processos do ensino-aprendizagem, além de análise dos dados.
estarem diretamente relacionados à saúde (Latino, 2009). O aspecto quantitativo do estudo desenvolveu-se por meio
Para que o professor possa desempenhar favoravelmente da análise das variáveis que compõem o conforto ambiental
suas funções, é preciso que trabalhe em um ambiente que, no (ruído, temperatura e iluminância) em escolas sorteadas que
mínimo, lhe proporcione conforto. O ‘conforto ambiental’ está fazem parte dos nove polos e abrangem todas as três regiões
predominantemente ligado a variáveis que representam uma de ensino da Prefeitura Municipal de João Pessoa. Para a rea-
parte importante do bem-estar dos indivíduos e da satisfação lização das medições, houve autorização prévia da Secretaria
de alunos e professores que necessitam de ambientes escola- Municipal de Educação. As condições térmicas e acústicas
res saudáveis. É algo que, já comprovadamente, interfere no foram avaliadas em 16 escolas, e a avaliação lumínica foi feita
comportamento do ser humano, podendo provocar reações em 11 escolas. A diferença na quantidade de escolas avaliadas
que vão do relaxamento total, ao surto psicótico (Coutinho, se deu devido ao controle dos vieses encontrados, como as
2005). condições climáticas e o funcionamento das escolas.
Os estudos que tratam do conforto ambiental apontam Os dados referentes às condições térmicas foram obtidos
para salas de aula inadequadas, barulhentas, escuras e muito por meio de um conjunto IBUTG digital, modelo TGD-200,
quentes. Ou seja, ambientes extremamente desconfortáveis que forneceu as temperaturas de globo (Tg), de bulbo seco
(Monteiro, 2000; Vedovato, 2008; Pereira, 2009). Além disso, (Tbs) e de bulbo úmido (Tbu). A partir das temperaturas de
os próprios professores associam as condições ambientais de bulbo seco e bulbo úmido, determinou-se a umidade relativa
trabalho ao adoecimento da categoria (Reis et al., 2005), cor- do ar (U). A avaliação acústica envolveu as medições do nível
roborando a advertência de Iida de que condições de trabalho de ruído, na escala de compensação A, em decibéis, comu-
desfavoráveis, como pouca iluminação, excesso de calor, mente chamado dB(A), realizada por meio de um decibelíme-
vibrações e ruídos, são grande fonte de tensão no trabalho, tro modelo DEC 470. Para a avaliação lumínica, estabeleceu-
provocando danos sérios à saúde (Iida, 2005). Gasparini et al. se o índice médio de iluminância, em lux, por meio de um
(2006), em um estudo feito com professores de escolas públi- luxímetro digital portátil, modelo LUX-METER.
cas, associaram os parâmetros ambientais ‘calor’ e ‘ruído’ aos As medições das variáveis termoambientais foram reali-
transtornos mentais apresentados por docentes, chamando a zadas no mesmo horário, que correspondia ao horário nor-
atenção para a sobrecarga que o professor enfrenta quando se mal de aula do ensino fundamental nas escolas. Para tanto,
introduz mais um aspecto extra (desconforto ambiental) com sensores do conjunto IBUTG ficaram localizados a 1,5 m de
o qual tem que lidar, já que os alunos se queixam, sua prática altura; o decibelímetro a 1,2 m acima do solo e o luxímetro a
fica comprometida e, consequentemente, seu desempenho e aproximadamente 0,75 m do piso; todos instalados no posto
sua saúde são afetados. de trabalho do professor.
Esse desconforto, além de estar presente em estudos que O aspecto qualitativo do estudo realizou-se por meio das
avaliaram fisicamente os ambientes (Vedovato, 2008; Pereira, técnicas de ‘grupo focal’ (para coleta de dados) e o DSC (para
2009; Batista et al., 2003), também pode ser percebido no dis- análise dos dados). O grupo focal pode ser definido como um
curso do trabalhador docente. É comum o relato de queixas grupo de discussão que coloca em conjunto pessoas com ca-

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racterísticas ou experiências em comum para discutirem um nele as representações e significados importantes apontados
tópico específico de interesse para a pesquisa (Demo, 2003). por seus representantes, que são recorrentes. O DSC é uma téc-
Sua finalidade, nesse estudo, foi a coleta de informações sobre nica desenvolvida por Lefèvre e Lefèvre (2003), cujo objetivo é
a percepção coletiva de risco para os professores com rela- resgatar o discurso como signo de conhecimento dos próprios
ção ao conforto ambiental da sala de aula (Lefevre e Lefevre, discursos, considerando a característica própria e indissociá-
2003). vel do pensamento coletivo: a partir do DSC pode-se conhecer
Foram realizados três grupos focais, cada um correspon- ou reduzir a variabilidade discursiva empírica e resgatar o
dendo a uma escola de cada região de ensino da cidade de discurso como signo de conhecimento dos próprios discursos.
João Pessoa, tendo sido as escolas sorteadas dentro da região Assim, os discursos individuais de cada sujeito foram transfor-
de ensino da qual faziam parte. Os grupos foram formados mados em um discurso-síntese redigido na primeira pessoa do
com o total de professores que atuavam na primeira fase do singular. Os discursos em estado bruto foram submetidos a um
ensino fundamental em cada escola, sendo formados a partir trabalho analítico inicial de decomposição, consistindo, basi-
de autorização prévia da diretoria e da consulta pessoal a cada camente, na seleção das ‘ancoragens e/ou ideias centrais’ (IC)
professor a respeito do interesse em participar do estudo. Os recorrentes. As IC se encontraram presentes em cada discurso
três grupos focais se constituíram da seguinte maneira: o pri- individual e em todos eles reunidos, e terminaram sob uma
meiro foi formado por 9 professores, todos do sexo feminino, forma sintética, composta pelas expressões chaves (ECH), que,
com idade média de 41 anos e tempo médio de serviço de 17,5 posteriormente transformadas em DSC, representam a fala do
anos. O segundo foi formado por 10 professores, também to- social ou o pensamento coletivo.
dos do sexo feminino, com idade média de 42 anos e tempo
médio de serviço de 16,5 anos. O terceiro foi composto de 12
professores, sendo 11 do sexo feminino e 1 do sexo masculino, Resultados e discussão
com idade média de 43 anos e tempo médio de serviço de 18 No que se refere às variáveis que constituem o conforto
anos. A idade média dos professores dos três grupos foi de 42 ambiental, foi possível observar índices bem acima dos reco-
anos com um tempo médio de trabalho de 17 anos. mendados pelas normas. As médias das temperaturas obser-
Antes do início das sessões houve um encontro de esclare- vadas nas escolas (Tabela 1) se mostraram acima dos limites
cimento a respeito do desenvolvimento do trabalho e de como de conforto (Coutinho, 2005). Observando as temperaturas
seria a participação de cada um. Foram realizadas três sessões obtidas por meio do termômetro de bulbo seco (Tbs) vê-se
de grupo com cada um, tendo cada encontro a duração média que a média mínima registrada foi de 26,67ºC e a máxima
de uma hora. Os encontros se deram nas salas de reunião das Tabela 1 - Média das variáveis climáticas, da sensação e da
escolas, no turno correspondente ao de atuação dos profes- insatisfação térmicas das salas de aula de escolas da rede
municipal de João Pessoa.
sores, conduzidos por um moderador e dois assistentes. Os
Escolas Tg Tbs Tbu U PMV PPD
registros das informações foram feitos mediante anotações
(°C) (°C) (°C) (%) (%)
e equipamento de áudio, sendo posteriormente transcritos 1 27,61 27,58 26,81 90 -0,67 14,37
e analisados. Durante cada sessão houve a identificação 2 26,57 26,67 25,73 90 -1,33 41,72
dos participantes e facilitadores, a apresentação do objetivo 3 27,66 27,41 24,02 77 -0,8 18,61
da discussão, a apresentação dos tópicos que conduziram 4 30,43 30,44 25,74 70 -0,98 25,27
à discussão naquele encontro e a assinatura por parte dos 5 27,7 27,53 23,7 75 -1,24 37
6 29,5 29,54 27,94 90 0,56 11,55
participantes do Termo de Consentimento Livre e Esclare-
7 27,64 27,61 26,87 95 -0,67 14,37
cido (Certidão do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro
8 29,95 29,92 26,63 75 0,49 9,97
de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba n.o 9 27,9 27,86 27,09 92 -0,6 12,45
0116). As questões que nortearam as discussões se referiam à 10 28,75 28,68 24,86 98 -0,22 6,01
percepção dos professores em relação às condições físicas de 11 28,56 28,5 24,94 75 -0,22 6,01
trabalho e suas consequências na saúde. Na conclusão de cada 12 30,01 30,13 28,23 88 1,2 35,01
sessão, o conteúdo discutido era abordado resumidamente e 13 27,4 27,42 26,58 92 0,69 15,04
14 29,96 29,84 25,26 70 0,42 8,65
sua confirmação por parte do grupo compunha as considera-
15 29,51 29,22 24,42 70 0,35 7,58
ções finais. 16 27,66 27,58 26,78 95 -0,67 14,37
Após a transcrição feita, o conteúdo foi analisado mediante Fonte: Pereira (2009).
técnica do DSC, que possibilita alcançar a compreensão de um Tg: temperaturas de globo; Tbs: termômetro de bulbo seco; Tbu: termômetro
de bulbo úmido; PMV: sensação térmica previsível (predicted mean vote);
determinado fenômeno, escutando o grupo e encontrando PPD: pessoas insatisfeitas (predicted percentage of dissatisfied).

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registrada foi de 30,43ºC. Em todas as escolas a temperatura na pele, influenciadas pela vestimenta. Além das trocas de ca-
de bulbo seco e a umidade relativa do ar foram superiores aos lor, há o aspecto subjetivo, segundo o qual as pessoas sentem
valores recomendados pela Norma Brasileira da ABNT – NBR o calor em diferentes níveis. O esforço do sistema termorre-
6.401, que recomenda um intervalo de 24ºC a 26ºC e 40 a 60% gulador é desproporcional ao desconforto térmico. Quando
respectivamente. ele perde o controle, pode ocorrer hipertermia ou hipotermia.
Segundo a norma NBR 17, nos locais de trabalho onde Outras doenças causadas por temperaturas elevadas são:
são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e hipertermia ou intermação; tontura ou desfalecimento por
atenção, o índice de temperatura efetiva deve estar entre 20ºC déficit de sódio, por hipovolemia relativa ou por evaporação
e 23ºC. Observa-se que nos ambientes estudados, as tempera- deficiente; doenças da pele; distúrbios psiconeuróticos; cata-
turas estavam muito acima da estipulada pela Norma. rata (Coutinho, 2005).
O calor é considerado um dos grandes estressores ambien- Um estudo realizado por Pereira (2009) analisou os ín-
tais. A falta de conforto térmico é responsável pelas principais dices de sensação térmica previsível (predicted mean vote
reclamações dos trabalhadores da educação, especificamente, – PMV) e de pessoas insatisfeitas (predicted percentage
os professores. Diferentemente do ruído (conforto auditivo) of dissatisfied – PPD) nas mesmas escolas objetos desse
e da iluminação (conforto lumínico), o conforto térmico está estudo. O PMV permite estimar, a partir das variáveis en-
diretamente ligado ao sistema termorregulador que atua no volvidas no balanço térmico, a opinião que a maioria das
sentido de anular o saldo de energia do balanço térmico da pessoas emitiria sobre a sensação térmica proporcionada
pessoa. Esse balanço contém a taxa metabólica, o trabalho pelo ambiente analisado e o PPD indica a percentagem
realizado, as perdas de calor por evaporação e convecção na de pessoas insatisfeitas com um determinado PMV, que
respiração, bem como por convecção, radiação e evaporação é avaliado conforme a escala: -3: muito frio; -2: frio; -1:
levemente frio; 0: confortável; +1: levemente quente; +2:
quente; +3: muito quente. Para que um ambiente esteja
dentro da zona de conforto térmico estabelecida pela norma
ISO 7.730/1994, o PMV deve estar no intervalo de - 0,5 a
+0,5, correspondendo ao máximo de 10% de pessoas in-
satisfeitas, ou seja, um índice PPD ±a 10%. Na avaliação
feita nas escolas por Pereira (2009), o PMV médio das 16
escolas esteve acima do limite superior do intervalo e o
PPD apontou uma variação entre 61 e 92% de professores
Gráfico 1 - Percentagem de pessoas termicamente insatisfeitas em
sala de aula.
termicamente insatisfeitos nas salas de aula.
Neste estudo, observou-se o PMV e o PPD de cada escola
Tabela 2 - Médias do ruído [dB(A)] das salas de aula de escolas da
separadamente (Tabela 1 e Gráfico 1), onde pode-se perceber
rede municipal de João Pessoa. que as escolas 8, 10, 11, 14, e, 15 apresentaram índices de
Escolas Decibel dB (A) PPD e PMV de acordo com o limite especificado pela norma
1 69,89 ISO 7.730/1994 (±0,5 e 10% respectivamente) e o restante
2 76,27 das escolas, a maioria, apresentou índices acima do especi-
3 75,49
ficado pela norma. Pereira comenta que fatores de ordens
4 77,74
arquitetônicas da edificação das escolas (má orientação e
5 69,54
6 73,43 subdimensionamento das aberturas de entrada e saída de ar,
7 78,6 falta de proteção solar, fechamentos ineficientes) contribuem
8 75,15 diretamente para a situação de desconforto térmico dos pro-
9 78,2 fessores (Pereira, 2009). Resultados semelhantes também são
10 68,65 encontrados em outros estudos que constataram a insatisfação
11 76,96
térmica de professores e desconforto em sala de aula (Couti-
12 74,15
13 80,1
nho Filho et al., 2007; Wong & Khoo, 2003; Kwok, 1998;
14 70,56 Kwok & Chun, 2003).
15 79,81 Os índices de ruído médio nas escolas (Tabela 2) ficaram
16 72,42 entre 68,65 dB(A) e 80,10 dB(A), bem acima do recomendado
Fonte: Escolas municipais de João Pessoa (PB). pela norma NBR 10.152/ABNT, cujo limite de ruído para sala

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de aula está entre 40 e 50 decibéis (Gráfico 2). Esse resultado


corrobora outros estudos (Oiticica et al., 2005; Gonçalves et
al., 2005; Martins et al., 2007; Jaroszewski et al., 2007) que
também identificaram níveis de ruído acima do limite de con-
forto acústico e do limite de tolerância estabelecido.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o ruí-
do o terceiro grande causador de poluição depois da poluição
do ar e da água (Cota, 2003). Seligman (1997) o complementa
descrevendo-o como o agente físico mais nocivo encontrado
Gráfico 2 - Ruído médio das escolas.
no ambiente de trabalho. O ruído é, fisicamente, uma mis-
tura complexa de diversas vibrações (Iida, 2005) e pode ser
classificado em dois tipos: externo (veículos, obras, fábricas...)
e interno (máquinas, ventiladores, moinhos...). Os ruídos da
sala de aula geralmente são provenientes de conversas, cam-
painhas, ventiladores, bem como ruído de passos (Grandjean,
1998).
Alguns estudos apontam os efeitos do ruído excessivo no
ambiente de trabalho como responsável por danos à saúde
do trabalhador. Uma investigação feita por Fleig (2004) des- Gráfico 3- Iluminância média das escolas.
creve a queda no rendimento geral, o aumento da sobrecarga
mental de trabalho e os efeitos deletérios no sistema nervoso Tabela 3 - Médias da iluminância (Lux) das salas de aula de escolas
da Rede Municipal de João Pessoa.
autônomo, no estado de vigília e na qualidade do sono como
Escolas Iluminância (lux)
sequelas fisiológicas da exposição ao ruído. Segundo Baring e
1 430,07
Murgel (2005), o ruído excessivo também pode causar gastri-
2 249,05
te, insônia, aumento do nível de colesterol, perda da audição, 3 176,31
distúrbios psíquicos, irritabilidade, ansiedade, desconforto, 4 219,48
medo e tensão. O professor que trabalha em um ambiente aci- 5 232,96
ma do limite permitido está sujeito a desenvolver os sintomas 6 251,86
descritos e ter sua saúde comprometida. 7 171,79
8 148,21
Moura (2004) cita algumas pesquisas que relatam pro-
9 159,03
blemas de saúde descritos por professores: sentiam-se inco- Fonte: Escolas municipais de João Pessoa (PB).
modados em ministrar aulas em salas ruidosas; percebiam a
interferência do ruído no entendimento de sua fala; notavam
a dispersão da atenção dos alunos; diziam-se estressados de- meio da voz que o professor produz – como também no seu
vido a problemas de voz provocados pela necessidade de falar relacionamento com os alunos, na sua postura profissional e,
em alto volume. Martins et al. (2007) realizaram um estudo principalmente, na sua auto estima.
avaliando o ruído a que 80 professores de escolas públicas de De acordo com Pereira (2003), os altos níveis de ruído em
São Paulo estavam expostos. Os resultados apontaram para sala de aula podem ser atribuídos a concentração de um gran-
uma elevada frequência de sintomas auditivos nos professo- de número de alunos; a materiais utilizados no revestimento
res, além de uma porcentagem expressiva de exames audio- da sala (cerâmica) e a baixa eficiência de isolamento acústico
métricos alterados. dos materiais de fechamento da sala (paredes de alvenaria
Sem dúvida a principal vítima do excesso de ruído em simples, com elementos vazados, portas de madeira compen-
sala de aula é a voz do professor. Segundo Dragone (2000), sada e janelas de venezianas).
quando o professor está exposto a índices altos de ruído e não A avaliação do conforto lumínico (Tabela 3) apresentou
existe uma orientação correta no trato com a voz, ele pode resultados médios entre 148,21lux e 430,07lux. A norma NBR
apresentar, a curto e longo prazo, uma série de sintomas (ge- 57 (NB 91) estabelece os valores de iluminância médias míni-
ralmente ligados ao mal uso e abuso vocal, demanda vocal mas para iluminação artificial em interiores onde se realizem
excessiva, hábitos de higiene vocal prejudiciais) que interfe- atividades de comércio, indústria, ensino, esporte, entre ou-
rirão diretamente, não só na sua produtividade – já que é por tras. Em salas de aula, a iluminância deve ser de no mínimo

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200lux e no máximo 500lux sendo considerado como limite de E a escola é um caos, né? O ambiente agride o professor, o pro-
iluminação confortável para sala de aula 300lux (Gráfico 3). fessor se autoagride pra poder continuar ali. Fica se matando:
Observa-se que as escolas 3, 7, 8 e 9 apresentam uma ilu- é estresse, é doença, é problema cardíaco, é problema de pres-
minação inferior a estabelecida pela norma NB 91, e as escolas são, é problema de voz, a gente sempre tem isso. O professor
2, 4, 5, e 6 apresentam uma iluminância pouco acima do limite não aguenta. Aí entra o sol, pega no rosto dos alunos, também
mínimo estabelecido pela norma, estando apenas as escolas 1, pega no meu rosto quando vou para o quadro, é insuportável
10 e 11 com uma iluminação considerada confortável. minha sala, calor de dar agonia, o barulho. Aí obriga a ligar o
Sabe-se que um bom sistema de iluminação pode tornar ventilador. Aí quando liga o ventilador, o barulho.”
mais agradável a sala de aula, proporcionando conforto,
pouca fadiga e pouca monotonia, podendo contribuir com a O calor é um dos grandes estressores ambientais. A falta
melhora do desempenho das pessoas presentes no ambiente. de conforto térmico é responsável pelas principais reclama-
Junta-se, a isso, o fato de a iluminação ser o principal determi- ções dos trabalhadores da educação. O discurso do professor
nante para o conforto visual, levando em consideração que os está em torno de queixas comuns, nas quais a sala de aula
ambientes são iluminados para permitir que as tarefas visuais é descrita como causa de mal-estar, de irritação, de agonia.
sejam executadas. Uma iluminação inadequada na sala de aula Além disso, os alunos são incluídos nesse discurso como
pode acarretar danos à saúde visual das pessoas no ambiente vítimas também do ambiente termicamente inadequado: por
e uma piora para os que apresentam problemas de visão (Pe- causa do calor, eles se tornam agitados, reclamam, depredam
reira et. al., 2003). Pode também desencadear processos de e, consequentemente, demandam do professor mais atenção
fadiga, cefaleia e irritabilidade ocular, e interferir diretamente e intervenções mais constantes. Esse é um fator que expõe
no desempenho do professor e dos alunos (Lamberts, 1997). mais ainda o professor ao risco causado por cargas extras de
Miguel et al. (2006) também realizaram um estudo sobre trabalho, que culminam no adoecimento (Monteiro, 2000).
conforto lumínico, avaliando ambientes escolares e obtiveram DSC
resultados semelhantes: as escolas se apresentaram com ilu- “Eu reconheço que o que estressa é o ambiente físico, a sala
minância inferior à estabelecida pela norma. Di Masi (1996), quente, isso influencia muito para o professor ficar agita-
depois de avaliar o conforto lumínico em escolas da rede do na sala. Isso faz também com que você fique irritada,
municipal do Rio de Janeiro, sugeriu medidas a fim de pro- agressiva, aí você tem que se autoanalisar, só não pode ficar
mover melhorias na qualidade ambiental e a racionalização assim. Essa condição dá mal-estar, dá uma dor de cabeça,
do consumo de energia. tem hora que me dá uma agonia. Aí começa também a per-
A avaliação quantitativa do conforto ambiental em sala de turbação dos meninos, porque estão com calor - a ventilação
aula, nesse estudo, mostrou o quanto as escolas estão fora do não existe.
padrão de conforto necessário. As condições de desconforto E outra coisa, o ventilador ligado com ar quente, né?
às quais os professores se submetem certamente estão inter- Porque a sala é simplesmente abafada, é uma sauna, uma
ferindo, não só no desempenho, mas principalmente em sua sauna. Os meninos estavam com a cabecinha cheia de
saúde. Essa situação também aparece no discurso da catego- suor, ‘Tia, eu não aguento, não, Tia, tá calor...’ O ar tava
ria, confirmando o que as medições apontaram. tão quente em cima deles, que o ventilador eu tive que
No discurso coletivo do professor, a escola de uma maneira desligar. E as crianças ficam agitadas com o calor. Além
geral e, especificamente, as salas de aula, foram descritas como disso, afeta também a minha garganta, porque eu tenho
ambientes muito ruins fisicamente, ao ponto de o professor se alergia quando eu recebo quentura, mormaço, calor. Veio
sentir desrespeitado em trabalhar ali. Quando compara com o pessoal da prefeitura, deu aproximadamente 33°C, mi-
outros ambientes de trabalho considerados confortáveis, au- nha sala. É câmara de tortura. Aí o que é que acontece?
menta ainda mais a sensação de sofrimento, de descaso e de Calor, calor de dar agonia. Outra coisa é que os alunos
vulnerabilidade a ambientes estressantes. ainda não estão educados o suficiente pra saber preservar
DSC o ambiente escolar, ventiladores, até portas, tudo. Então,
“Essa escola é muito ruim fisicamente. O estresse é muito eles danificam, eles quebram os ventiladores, e quando a
grande devido à falta de espaço, o barulho, a quentura, tudo gente tá na alta temperatura, na alta estação, é insupor-
é inadequado, aí não tem nada pra ser uma sala de aula. É tável, a gente transpira a valer.”
briga do professor com o dia a dia, para que dê certo.
Na Câmara, que eu já fui à Assembleia, é um conforto, as Foi referido a respeito de cada variável do conforto am-
cadeiras super confortáveis, dá vontade de ficar lá, dormindo. biental investigada que o ruído é uma das principais causas

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de desconforto, capaz de interferir diretamente nas atividades em que deveria ser dispensado e, além de contribuir enorme-
em sala de aula. Outras pesquisas relatam a interferência do mente para o desconforto, dá demonstração do desperdício
ruído no entendimento da fala; na dispersão da atenção dos energético, indicando despreocupação no planejamento das
alunos; sendo o professor obrigado a falar mais alto, o que construções com relação à saúde e ao ambiente (Di Masi,
aumenta o estresse (Moura, 2004; Oiticica et al., 2006). O 1996):
discurso do professor é coerente com as medições do ruído DSC
em sala de aula, principalmente no que se refere aos prejuízos “Outra coisa que incomoda, é o reflexo da luz no quadro:
para com a voz e o estresse consequente do esforço para ficar ‘professora, no quadro, eu não tô vendo, não, fecha’. É esse
no ambiente. ritual, todas as tardes. Tenho que fechar todas as janelas
DSC do lado do sol e acender a luz todos os dias. No finalzinho
“Outra coisa que me afeta é o barulho. O ruído do ventila- da tarde, eles querem abrir a janela, mas não pode, porque
dor. Porque eu não consigo, não consigo falar e ouvir, sentir ainda tá o sol, o sol todinho no lado da sala, não tem con-
que eles estão me ouvindo bem, porque são dois barulhos dição de abrir a janela, a tarde todinha fechada. O que eles
terríveis. Então eu ligo só um. Junta-se a isso o barulho das reclamam é do reflexo do sol no quadro. Ou seja, pelo menos
crianças. Tá se falando alto, a criança falando alto, eu pra na minha sala, eu sempre uso a energia, porque devido aos
controlar essa turma, é uma faixa de 20 minutos, pra eu raios solares e ao reflexo, tenho que fechar a janela. Aí tem
poder controlar, pra eu poder dar o assunto, aguentar dar que usar luz artificial: se fechar a janela fica escuro, e se
aula. deixar aberta fica o sol em cima dos alunos, aí eles não
Isso tudo atinge na voz, que eu já tô rouca hoje, de falar. querem. Geralmente é direto, fechada a janela e a luz acesa.
Numa sala quente, a turma fica mais agitada, a professora Eu acho que em todas as salas funcionam com luz artificial.
vai usar mais a voz pra poder manter a turma em ordem; Além disso, mesmo com as luzes acesas, eu acho pouca a
ela vai se estressar mais, por quê? Porque a turma não iluminação em sala de aula.”
consegue ficar quieta de tanto calor que está. Outra coisa
que observo, também, é a questão da gente saber usar a voz Pelos aspectos investigados, percebe-se que a atividade
dentro daquele limite que a gente tem. A gente vai pra sala laboral aparece como um elemento patogênico, tornando-se
de aula e o professor fala tão alto que a voz às vezes chega nocivo à saúde, causador de sofrimento, gerando um para-
lá... Então, sala de aula eu não gosto por causa do barulho doxo entre a escolha profissional (que deveria ser acompa-
que me irrita bastante, eu não dou aula legal e realmente nhada de uma realização pessoal) e o sofrimento vivenciado.
afeta a voz, é o que eu sinto mais.” Esse paradoxo é colocado por Dejours (1992) como um dos
responsáveis pelo desgaste (físico e psíquico) sofrido pelo
A iluminação da sala de aula é referida no discurso do trabalhador. A organização do ambiente e o tipo de traba-
professor como algo que se destaca pelo incômodo e pela lho exercido podem determinar o processo de desgaste e,
inadequação. Sabe-se que um bom sistema de iluminação consequentemente, o adoecer do trabalhador. Dejours (ibid)
pode tornar mais agradável a sala de aula, proporcionando afirma que a somatização orgânica funciona como uma saída
conforto, pouca fadiga e pouca monotonia, podendo contri- para o sofrimento psíquico causado pelo trabalho. É possível
buir com a melhora do desempenho das pessoas presentes no transpor essa realidade para o professor, observando que não
ambiente (Pereira et. al., 2003). Além disso, sobrecarrega o é por acaso que o estresse ocupa um lugar de destaque entre
professor quando introduz mais um aspecto extra com o qual os problemas de saúde observados na categoria docente (De-
tem que lidar, já que os alunos se queixam, sua prática fica jours et al., 1994).
comprometida e, consequentemente, seu desempenho e sua O organismo do trabalhador não é um ‘motor humano’,
saúde são afetados (Gasparini et al., 2005). mas um todo de excitações (endógenas e exógenas) perma-
A partir do discurso do professor, é importante observar nentes. Esse ser possui uma história que se firma a partir de
dois aspectos. O primeiro diz respeito ao reflexo da luz do sol suas aspirações, seus desejos, suas motivações, suas necessida-
no quadro e o desconforto que isso causa. Esse fator aponta des psicológicas, e integram o seu passado, o que lhe confere
para a inadequação da localização do quadro, como também características únicas e ao mesmo tempo participantes de um
para a inadequação da localização da sala de aula – ao ser coletivo que também experimenta das mesmas nocividades,
construída a escola, os gestores não levam em conta essa construindo assim uma experiência social que gera um perfil
possibilidade. O segundo aspecto se refere ao uso constante de saúde e de doença. Em decorrência das singularidades que
da luz artificial. Utiliza-se esse recurso em um horário do dia não são as mesmas para todos e são o resultado daquilo que

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O ambiente que adoece: condições ambientais de trabalho do professor do ensino fundamental

se chama ‘estrutura da personalidade’, mas também daquilo Oliveira (2003) afirma que a inserção dos indivíduos no
que é recorrente da experiência coletiva se tem um padrão mercado de trabalho exige níveis de escolarização cada vez mais
de adoecimento que caracteriza essa população vulnerável elevados. Espera-se da escola e, principalmente, do docente, a
(Dejours, 1992). formação de um profissional flexível e polivalente. No entanto,
Soma-se a essa realidade o fato de a organização do traba- para que isso aconteça, muitas vezes são realizadas restrições das
lho exercer sobre o homem uma ação específica, cujo impacto políticas educacionais com efeitos diretos nas atividades dos pro-
é o aparelho psíquico (Codo et al, 1993). Em certas condições, fessores, no modo de execução de sua atividade e em sua própria
emerge um sofrimento que pode ser atribuído ao choque entre saúde. O professor é impedido de executar seu mister com ade-
uma história individual, portadora de projetos, de esperanças quação, é vítima de ambientes insalubres para o trabalho e como
e de desejos, e uma organização do trabalho que os ignora. resposta, uma má qualidade de vida e de ensino. Uma série de
Esse sofrimento, de natureza mental, começa quando o ho- forças converge para o surgimento de uma categoria vulnerável
mem, no trabalho, já não pode fazer nenhuma modificação às condições nocivas para a saúde decorrente de macro e micro-
na sua tarefa no sentido de torná-la mais consonante às suas contextos socioambientais geradores de adoecimento.
necessidades fisiológicas e a seus desejos psicológicos, isto é,
quando a relação homem-trabalho é bloqueada.
É por isso que a sensação de desamparo está tão pre- Conclusões
sente no discurso do professor. Existe uma massificação da Nesse contexto, pode-se concluir, então, que o adoecimen-
categoria por parte dos governantes, independentemente da to da categoria docente surge como uma saída socialmente
área que atue: fundamental, médio ou superior. As regras de aceitável para a superação da impotência e da frustração
atuação, os códigos de conduta, os passos para qualificação profissional e como maneira de expressar silenciosamente o
e as cobranças direcionadas ao comportamento em sala de sofrimento vivenciado, no qual não aparecem as condições de
aula são feitos de maneira inadequada, sem levar em conta trabalho e as limitações as quais o professor é exposto. Dessa
o ambiente que deve acolher pessoas (professores e alunos) forma, os gestores são poupados de suas responsabilidades,
que interagem em busca de um objetivo comum: o apren- transformando essa saída numa solução de perdedores, po-
dizado. rém socialmente aceita.

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