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Antes de tratar imediatamente sobre as quatro interações fundamentais, que é o

tema deste seminário, é importante dizer o que significa interação no contexto da Física.
Quando duas partículas possuem uma propriedade em comum e por causa desta,
estas partículas se influenciam mutuamente, diz-se então que estas partículas estão
interagindo. É interessante comentar também, no que diz respeito a força, que esta se trata
da medida dessa interação.
A primeira interação a ser tratada aqui será a gravitacional, que ocorre quando
dois corpos possuem a propriedade massa. Visto que foi a primeira a receber um modelo
físico que a explicasse, este que foi proposto por Newton séculos atrás. É o que hoje
conhecemos como a Lei da Gravitação Universal. Embora tenha um nome imponente, a
lei da gravitação não é nada universal. Muito pelo contrário, trata-se de um modelo que
explica somente as interações gravitacionais lineares. Ou seja, interações que ocorrem a
uma distância significativa entre corpos muito massivos, onde o princípio da superposição
ainda é válido, por exemplo.
Além disso, a interação gravitacional do ponto de vista do modelo de Newton era
instantânea! Se um corpo A que está interagindo gravitacionalmente com um corpo B, é
movido de sua posição, a interação entre os corpos A e B será afetada imediatamente, ou
seja, é como se o corpo B “soubesse” que o A teve sua distância modificada em relação
a ele assim que A se movesse. O que já foi comprovado que não ocorre dessa forma, a
informação de que a posição de A foi modificada “percorre” o espaço na mesma
velocidade da luz. Portanto, por exemplo, se o nosso Sol magicamente desaparecesse do
Universo, nós só sentiríamos a sua falta oito minutos depois, visto que esse é o valor
aproximado do tempo que a luz demora para percorrer a distância entre o Sol e a Terra.
A lei não tão universal assim da gravitação proposta por Newton, por exemplo,
falha em tentar explicar um fenômeno oriundo do movimento de precessão do periélio do
planeta Mercúrio. É interessante notar que justamente quando a distância começa a não
ser significativa para evitar manifestações não lineares das interações gravitacionais, não
há mais corpos para se observar.
Agora é sabido que o modelo de Newton está incompleto, pois há muitas
manifestações gravitacionais da natureza que não são explicadas por ele. Felizmente esse
não é o único modelo que se propõe a explicar as interações gravitacionais! Há modelos
mais completos que se propõe a explicar as interações gravitacionais na escala macro
(nível astronômico). No início do século XX, Einstein propôs um novo modelo para a
interação gravitacional. Nesse modelo a gravidade não se trata mais de uma força e sim
de uma curvatura do espaço-tempo. Por mais que não se trate de uma interação
fundamental, visto que Einstein não explica as interações entre partículas elementares,
não deixa de ser interessante mencionar a existência dessa teoria.
Com esse novo modelo foi possível não só explicar a precessão do periélio do
Mercúrio como também prever fenômenos que ainda não tinham sido sequer vistos.
Como por exemplo, os buracos negros e ondas gravitacionais.
Esse modelo de Einstein, conhecido como Relatividade Geral, também difere do
proposto por Newton quanto as órbitas dos planetas, que antes se achava que estas eram
fechadas, mas segundo a relatividade geral, são abertas. Vale lembrar que essa curvatura
do espaço-tempo já foi verificada experimentalmente antes da foto do buraco negro. Foi
num projeto chamado Gravity-Probe-B.
Há outros modelos físicos que se propõe a explicar as interações gravitacionais,
mas aqui será abordado apenas três. O próximo surgiu da teoria de campos de Gauge.
Segundo essa teoria, de maneira simplificada para fins práticos desse seminário, as quatro
interações possuem partículas mediadoras, conhecidas como bósons! De acordo com essa
teoria, o gráviton, em baixos níveis de energias, é o mediador da interação gravitacional.
Mas por que um novo modelo foi criado se a Relatividade Geral já explica todos
os fenômenos conhecidos? Na verdade, fenômenos em escala subatômica não são
explicáveis corretamente pela teoria da relatividade geral e sim pela teoria de campos de
Gauge para a gravitação. É importante dizer que este modelo também possui limitações
e que o gráviton ainda não foi verificado experimentalmente, além disso, atualmente suas
próprias características previstas pela teoria apresentam incompatibilidade com outros
modelos, como por exemplo, o seu spin que só pode ser 2 para tornar a explicação de
alguns fenômenos válida.
Na interação eletromagnética temos o famoso modelo de Maxwell, em que corpos
com a propriedade carga elétrica interagem eletromagneticamente. Como ele foi
construído na época da física clássica, as inconsistências oriundas das limitações dessa
física linear vieram juntas. Ou seja, fenômenos eletromagnéticos não lineares jamais
poderão ser explicados a partir desse modelo. Por exemplo, campos elétricos de
Schwinger, cuja intensidade é altíssima, na ordem de 10^13 V/m devido ao elétron estar
basicamente sobre a superfície do próton, ou campos magnéticos de magnetares que são
da ordem de 10^8 teslas. Na escala subatômica, com distâncias entre os elétrons, por
exemplo, não muito maiores que o comprimento de onda de Compton delas, temos
manifestações de característica quântica e às interações nessa configuração, utiliza-se a
eletrodinâmica quântica.
Agora em casos onde as distâncias entre os elétrons são muito maiores que seus
comprimentos de onda de Compton e que o nível de energia é insuficiente para que haja
a manifestação da interação eletrofraca, o modelo padrão de partículas elementares, que
é uma teoria de campos de gauge, é utilizado para explicar as interações eletromagnéticas.
Segundo esse modelo padrão, as interações entre os dois elétrons ocorrem por meio da
troca de fótons, que são as partículas mediadoras dessa interação.
A terceira interação da lista ocorre no núcleo dos átomos. Vocês certamente já
devem ter se perguntado por que os prótons, que são partículas carregadas eletricamente
e que possuem o mesmo sinal, não se repelem e saem do núcleo. A resposta é: porque
existe uma outra interação impedindo eles de saírem “correndo” dos núcleos, a interação
nuclear forte, que chamaremos apenas de interação forte.
Segundo o modelo padrão de partículas elementares, as interações fortes entre
partículas ocorrem quando estas possuem uma carga chamada carga de cor. Os quarks no
núcleo atômico são dotados dessa carga que se manifesta em três cores: verde, azul e
vermelho. É importante ressaltar que os nomes para as cargas de cor azul, verde ou
vermelho são apenas nomenclaturas para designar os diferentes aspectos da carga de cor,
ou seja, não tem nenhuma relação com as cores das partículas, é apenas um nome.
Essa interação forte é mediada por uma partícula chamada glúon. Devido ao fato
dos glúons possuírem massa não nula, essa interação é de curto alcance, por isso, embora
mais intensa que a eletromagnética e a gravitacional, essa interação se restringe ao núcleo
atômico, especificamente a vizinhança do próton e do nêutron. Um fato curioso sobre a
interação forte é que ela, ao contrário das já mencionadas aqui, aumenta sua intensidade
na medida que a distância entre os quarks aumenta, fazendo com que haja um
confinamento dos quarks no interior das partículas compostas por eles.
Agora a última interação nesse nível de energia, a interação nuclear fraca. Essa é
a resposta de uma possível pergunta que vocês poderiam fazer: por que alguns átomos
com número atômico maiores que 200 decaem e emitem um elétron de seu núcleo?
Ocorre um processo resultante da interação nuclear fraca que transforma um nêutron em
um próton e como resultado dessa transformação, um elétron e um antineutrino do elétron
são emitidos do núcleo atômico. No interior do nêutron, cuja composição é de dois quarks
down e um quark up, que virou um próton ocorre a transformação de um quark down em
um quark up, que é a composição de um próton e nesse processo um elétron e um
antineutrino do elétron é gerado e como eles não possuem carga de cor, saem do núcleo.
Segundo o modelo padrão de partículas elementares, as interações nucleares
fracas ocorrem entre partículas que possuem a propriedade carga fraca e há três partículas
mediadoras dessa interação: bóson W+, W- e Z0.
Para encerrar o seminário, é interessante noticiar algumas diferenças e
semelhanças entre as interações apresentadas. A interação nuclear fraca é a única entre as
quatro que não se conhece nenhum sistema estável, para a gravitacional, temos como
exemplo o sistema solar, para a eletromagnética temos o hidrogênio e para a nuclear forte
temos o próton. Além disso, a interação gravitacional é a única que ainda não se conseguiu
unificar com as outras interações, como ocorreu com a eletromagnética e a nuclear fraca.
Em um nível de energia superior a 246GeV, essas duas interações se unificam e passam
a ser conhecidas como interação eletrofraca.
Interação Gravitacional:

[...] Ainda mais, de acordo com a SUGRA, a teoria da Supergravidade, a partir de determinada
escala de energias [...].

- Qual escala de energia?

200GeV

- É correto afirmar que a interação gravitacional, que na verdade, segundo a teoria da


relatividade geral de Einstein se trata da curvatura do espaço-tempo e, portanto, a trajetória
dos planetas do sistema solar é uma linha reta, mas num espaço curvo?

Sim, acontece que a interação gravitacional, no contexto da relatividade geral não se trata de
uma interação, fala-se apenas em gravidade como o efeito de distorção do espaço-tempo.
- Previsões, como por exemplo, a teoria geral da relatividade fez sobre a existência de buracos
negros, podem ser feitas utilizando a teoria de campos de gauge?

Não. A teoria de campos de gauge se limita a explicar fenômenos quânticos.

- Ainda se tratando da teoria de campos de gauge para explicar a interação gravitacional, se de


acordo com a definição de interação para a física (a de que partículas interagem uma com a
outra se possuírem a mesma propriedade que permite essa interação), do ponto de vista da
teoria de campos de gauge, como pode se explicar a influência que a gravidade possui sobre a
luz que, à princípio, não possui massa, a propriedade necessária para que haja interação
gravitacional?

A teoria de campos de gauge para a interação gravitacional é capaz de explicar a influência


gravitacional sobre a luz.

- Os efeitos da gravidade sobre o espaço-tempo previstos pela teoria geral da relatividade e


depois verificados no projeto Gravity Probe-B podem ser explicados segundo a teoria de campos
de gauge para a interação gravitacional? Se sim, como?

Não, já foi respondido acima.

Interação Eletromagnética:

Interação Nuclear Fraca:

- Do que se trata a quiralidade das partículas?

[...] A interação fraca não “vê” o elétron, no entanto, “vê” dois elétrons distintos: os chamados
de elétron left (𝑒 − 𝐿 ) e de elétron right (𝑒 − 𝑅), o que é condizente com o que vem do fato de
que nessas interações a paridade 𝑃 é violada.

- Por que os elétrons left e right são uma consequência da violação da paridade P?
O texto foi mal escrito, os elétrons right e left não são consequências da violação da paridade P
e sim condizem com ela.

Segundo o princípio de paridade P, as interações devem independer do sistema de referencial


adotado.

- Dê mais um exemplo de manifestação da interação nuclear fraca na natureza.

Interação Nuclear Fraca é incapaz de manter sistemas estáveis, tal como ocorre com a
gravitacional (sistema solar), eletromagnética (átomo de hidrogênio) e nuclear forte (hádrons).

Interação Nuclear Forte:

[...] Os glúons, os quais são os quanta do campo da interação forte, tem massa nula e carregam
carga de cor. Eles podem interagir entre si, o qual leva ao fenômeno do “confinamento dos
quarks”, restringindo a interação forte a distâncias nucleares. [...]

- O que é o fenômeno do “confinamento dos quarks” e por que esse fenômeno restringe a
interação forte a distâncias nucleares?

A interação nuclear forte é diferente das outras interações no sentido de que, enquanto que na
interação gravitacional, por exemplo, a intensidade da força vai diminuindo na medida que as
partículas se afastam, o que também ocorre com as interações eletromagnéticas; para a
interação nuclear forte é o contrário, ou seja, na medida que as partículas com propriedade
carga de cor se afastam, essa interação vai se tornando cada vez mais forte. Até tal ponto que é
impossível afastar as partículas.

O período de 10−22 𝑠 é o tempo que os quarks demoram para retornar ao sistema estável
produzido pela interação nuclear forte, esse fenômeno é chamado de “confinamento dos
quarks”.

Quanto a última pergunta, o confinamento dos quarks não restringe a interação nuclear forte.
O que a restringe é o fato de que sua partícula mediadora da interação possui massa e por isso
essas interações são de curto alcance.

- Como os glúons, que são as partículas mediadoras da interação nuclear forte, possuem massa
nula, se não fosse pelo fenômeno de confinamento, seria seguro dizer que a interação forte
seria de longo alcance, ou seja, seria de um alcance superior a distâncias nucleares?

A massa dos glúons não é nula.


- Os quarks podem assumir três estados de cor (verde, azul e vermelho), a minha dúvida é, se
caso alguém da plateia perguntasse: “Iam, na interação eletromagnética há dois tipos de cargas
elétricas, as positivas e as negativas, as de sinal contrário se atraem e de sinal igual se repelem.
O comportamento de quarks com cargas de cor diferentes é análogo ao das cargas elétricas na
interação eletromagnética? ”

Até certo ponto sim, acontece que a geometria utilizada para descrever essa interação é
diferente da utilizada na eletromagnética.

Teorias avelianas e não avelianas

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