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Aula 09 - Prof.

Rodrigo Rennó

Administração Pública p/ AFRFB - 2016 (com videoaulas)


Professores: Rodrigo Rennó, Sérgio Mendes, Vinícius Nascimento
Administração Pública p/ AFRFB - 2016
Teoria e exercícios comentados
Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 09

Aula 9: Organização do Estado, Governança,


Governabilidade e Accountability

Olá pessoal, tudo bem?


Na aula de hoje iremos cobrir os seguintes itens:
 Organização do Estado e da Administração Pública;
Governabilidade, Governança e Accountability.

Espero que gostem da aula!

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Sumário
Governabilidade e governança .................................................................... 3
Capacidade Governativa ........................................................................ 7
Accountability ................................................................................... 12
Tipos de Accountability ...................................................................... 14
Organização do Estado e da Administração Pública. .......................................... 23
Definição de Estado ........................................................................ 23
Evolução Histórica do Estado ............................................................. 24
Estado Moderno ............................................................................ 25
Estado Liberal e do Bem-Estar Social ou Welfare State ................................. 30
Estado e Governo .......................................................................... 36
Relação entre Política e Administração ................................................... 36
Conceito de Administração Pública .......................................................... 37
Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas .... 40
Poder Executivo ............................................................................ 41
Poder Legislativo ........................................................................... 45
Poder Judiciário ............................................................................ 47
Ministério Público.......................................................................... 48
Mudanças Institucionais Recentes............................................................ 51
Terceiro Setor - Paraestatais .................................................................. 53
Serviços Sociais Autônomos .............................................................. 54
Organizações Sociais ...................................................................... 55
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) ......................... 59
Instituições Comunitárias de Educação Superior (ICES) ................................ 63
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Entidades de Apoio ........................................................................ 65


Conselhos ..................................................................................... 72
Agência Reguladora .......................................................................... 73
Agência Executiva ............................................................................ 77
Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ........................................................ 91
Gabarito ........................................................................................ 107
Bibliografia .................................................................................... 108

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Governabilidade e governança

Os termos governança e governabilidade passaram a ser mais


debatidos após as crises econômicas dos países em desenvolvimento nos
anos 70 e 80 do século passado e do crescente processo de globalização 1.
Um exemplo de instituição que disseminou estes conceitos foi o do
Banco Mundial. Esta instituição estava preocupada, naquela época, com
uma baixa capacidade dos governos em desenvolvimento de
implementarem seus programas com eficiência e eficácia.
Portanto, o conhecimento destes conceitos nos possibilita entender
melhor os desafios que os Estados modernos enfrentam nestes tempos
complexos. Entretanto, são termos muito confundidos, pois são conceitos
entrelaçados e conexos.
O conceito de governabilidade é mais relacionado à capacidade
política de governar2, ou seja, às condições de um governo de se
legitimar perante a sociedade como um todo. É um termo ligado ao próprio
exercício do poder e às condições materiais que devem existir para que um
governo consiga exercer suas funções.
Se um governo conta com apoio da sociedade como um todo para
governar, ele tem governabilidade. A governabilidade insere-se então nos
aspectos políticos do Estado: as relações entre os poderes, os sistemas
partidários, a forma de governo, etc.3
Já a governança está relacionada com a gestão dos recursos e
com a capacidade deste governo de implementar as políticas
públicas, ou seja, sua capacidade gerencial, técnica e financeira.
De acordo com o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado 4 -
PDRAE, o governo brasileiro não carece de governabilidade, mas de
governança. Veja o texto original abaixo:
“...pretende-se reforçar a governança - a
capacidade de governo do Estado - através da
transição programada de um tipo de
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administração pública burocrática, rígida e


ineficiente, voltada para si própria e para o
controle interno, para uma administração

1
(Araújo V. d., 2002)
2
(Matias-Pereira, Curso de Administração Pública: foco nas instituições e ações
governamentais, 2009)
3
(Matias-Pereira, Curso de Administração Pública: foco nas instituições e ações
governamentais, 2009)
4
(Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

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pública gerencial, flexível e eficiente, voltada
para o atendimento do cidadão. O governo
brasileiro não carece de
“governabilidade”, ou seja, de poder para
governar, dada sua legitimidade
democrática e o apoio com que conta na
sociedade civil. Enfrenta, entretanto, um
problema de governança, na medida em
que sua capacidade de implementar as
políticas públicas é limitada pela rigidez e
ineficiência da máquina administrativa.”
Assim, de acordo com a análise de Bresser, o Brasil naquela época
(anos 90) tinha apenas um problema de governança. Após a
redemocratização, o governo era percebido pela população como legítimo,
portanto tinha apoio – e governabilidade. O que faltava era capacidade
gerencial e financeira de atender às demandas da sociedade por serviços
públicos. De acordo com Bresser:
“Um governo pode ter governabilidade, na medida
em que seus dirigentes contem com os necessários
apoios políticos para governar, e no entanto pode
governar mal por lhe faltar a capacidade da
governança.”5
Vamos analisar uma questão que analisa este tópico?
1 - (CESPE - TCE-AC / ANALISTA - 2006) Aumentar a governança
do Estado significa aumentar sua capacidade administrativa de
gerenciar com efetividade e eficiência, voltando-se a ação dos
serviços do Estado para o atendimento ao cidadão.

Esta questão está perfeita e seu texto foi retirado do PDRAE. De


acordo com o Plano Diretor6 em seu tópico 6.1, um de seus objetivos é:
“Aumentar a governança do Estado, ou seja, sua
capacidade administrativa de governar com
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efetividade e eficiência, voltando a ação dos


serviços do Estado para o atendimento dos
cidadãos.”
Portanto, a questão está correta.
Mas professor, eu não entendi porque estes conceitos são
entrelaçados!

5
(Bresser Pereira, 1998)
6
(Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

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Pessoal, imaginem que vocês estejam morando agora no Egito (que
enfrentou diversas revoltas para derrubar o ditador Mubarak). Este país
enfrentou uma crise de governabilidade, ou seja, não foi visto pela sua
própria população como legítimo para governar o país.
Com estas revoltas que aconteceram, certamente diversos serviços
públicos foram suspensos (como escolas e hospitais) e vários programas
governamentais não foram executados de forma correta.
Desta forma, a dificuldade do próprio governo de exercer o
poder (governabilidade) acaba afetando a capacidade deste mesmo
governo de viabilizar as políticas públicas (governança), não é
mesmo?
Entretanto, a falta de governança também pode diminuir a
governabilidade. Mas como vimos no texto acima do PDRAE, a falta de
governança não reduziu a governabilidade no caso brasileiro.
Ou seja, é possível um Estado ter uma baixa governança e manter a
sua governabilidade. Abaixo podemos ver um resumo dos conceitos:

Capacidade técnica, financeira e


Governança gerencial;
Aspectos operacionais - gerir recursos.

Legitimidade;
Governabilidade Poder para governar;
Capacidade política.

Figura 1 - Governança e governabilidade

Outra vertente teórica considera a governança (ou “governance”)


como uma mudança no papel do Estado. Este passaria a ser mais pluralista,
ou seja, aceitaria uma participação maior da sociedade na formulação das
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políticas públicas. Seria o movimento da governança pública.


Desta forma, a governança pública seria uma maneira de aumentar
a participação da sociedade na gestão do Estado e de tornar as decisões
menos técnicas e mais políticas.
De acordo com Kooiman7, a governança poderia ser definida como
“um modelo horizontal de relação entre atores públicos e privados no
processo de elaboração de políticas públicas.” Assim, o Estado abre espaço

7
(Kooiman, 1993) apud (Secchi, 2009)

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para um maior envolvimento de outros atores não-estatais na formulação,
implementação, execução e avaliação das políticas públicas.
Assim sendo, a governança teria um aspecto interno e outro aspecto
externo. A gestão dos diversos recursos públicos (como as pessoas, os
recursos financeiros e os recursos materiais) estaria relacionada com a
governança interna.
Já a coordenação com diversas entidades governamentais e não
governamentais na implementação das políticas públicas estaria ligada a
governança externa.
De acordo com Secchi8, a governança pública seria ligada ao
movimento do Neoliberalismo. De acordo com o autor:
“A etiqueta “governance” denota pluralismo, no
sentido que diferentes atores têm, ou deveriam ter,
o direito de influenciar a construção das políticas
públicas. Essa definição implicitamente traduz-se
numa mudança do papel do Estado (menos
hierárquico e menos monopolista) na solução de
problemas públicos.”
Assim, na visão destes autores, o movimento da governança pública
seria uma resposta dos Estados a um ambiente de maior complexidade
e maiores demandas sociais; à ascensão dos valores neoliberais
(que derivam de uma desconfiança na capacidade do Estado sozinho
resolver os problemas da sociedade e prescrevem uma associação com
entidades da sociedade civil para que estas ajudem ao Estado) e à própria
elevação do modelo gerencial (e sua preocupação com o desempenho
da máquina estatal).
De acordo com estes autores, o resgate das redes ou comunidades
como estruturas de construção de políticas públicas9 é um dos pontos mais
importantes do movimento da governança pública.
Além disso, dentro desta lógica, o Estado passa a ter de lidar com
uma gama de redes interorganizacionais, integradas por diversos
diferentes atores, sejam pertencentes ao Estado ou não, que estarão
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envolvidos neste processo.


Portanto, neste modelo, o Estado deixa de “fazer tudo sozinho” e
passa a contar com diversos atores (ONG´s, Organizações Sociais, etc.) no
processo de execução das políticas. Assim, deixa de ocupar um papel
de execução para assumir uma posição de coordenação e controle
das políticas públicas10.

8
(Secchi, 2009)
9
(Brugué e Valles, 2005) apud (Secchi, 2009)
10
(Richards e Smith, 2002) apud (Secchi, 2009)

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De acordo com Matias-Pereira11, a Governança Pública está apoiada
em quatro princípios:

 Relações Éticas;
 Conformidade, em todas as suas dimensões;
 Transparência;
 Prestação responsável de contas.
Outra diferença entre a governança e a governabilidade relaciona-se
com a fonte de cada uma. No caso da governabilidade, sua fonte direta são
os cidadãos e da cidadania organizada12.
Ou seja, sem o apoio destes, nenhum governo consegue desenvolver
as condições políticas para suas políticas públicas.
Já no caso da governança, de acordo com Araújo13, sua fonte não
seriam os cidadãos, mais os agentes e servidores públicos (pois são os que
efetivamente formulam e executam as políticas públicas).

Capacidade Governativa

Com a evolução das discussões sobre as distintas capacidades do


Estado de atuar no plano político institucional (identificado com o conceito
de governabilidade) e no plano gerencial (identificado com o conceito de
governança), alguns autores já falam da falta de sentido de existir uma
diferenciação dos conceitos.
De acordo com Santos14, o conceito de governança não englobaria
apenas os aspectos operacionais e da gestão de recursos do Estado e de
gestão da máquina. Pela autora,
“a discussão mais recente do conceito de
governance ultrapassa o marco operacional para
incorporar questões relativas a padrões de
articulação e cooperação entre atores sociais e
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políticos e arranjos institucionais que coordenam e


regulam transações dentro e através das fronteiras
do sistema econômico. Incluem-se aí, não apenas
os mecanismos tradicionais de agregação e
articulação de interesses, tais como partidos

11
(Matias-Pereira, Os efeitos da crise política e ética sobre as instituições e a economia no
Brasil, 2006)
12
(Araújo V. d., 2003)
13
(Araújo V. d., 2003)
14
(Santos, 1996)

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políticos e grupos de pressão, como também redes
sociais informais (de fornecedores, famílias,
gerentes), hierarquias e associações de diversos
tipos.”
Assim, os conceitos de governança e de governabilidade deveriam
ser substituídos pelo conceito de capacidade governativa, que englobaria
tanto os aspectos políticos quanto os aspectos de gestão do Estado. A
capacidade governativa, de acordo com ela15, seria
“a capacidade de um sistema político de produzir
políticas públicas que resolvam os problemas da
sociedade, ou, dizendo de outra forma, de
converter o potencial político de um dado conjunto
de instituições e práticas políticas em capacidade de
definir, implementar e sustentar políticas”
Portanto, o conceito de capacidade governativa seria mais adequado,
pois facilitaria a compreensão de que os fatores políticos afetam a
capacidade de gestão e que uma incapacidade nesta gestão também causa
uma erosão na capacidade política de governar.
Vamos ver algumas questões agora?
2 - (ESAF – CGU / AFC – 2004) O desafio do Estado brasileiro
pressupõe uma tarefa de transformação que exige a redefinição de
seus papéis, funções e mecanismos de funcionamento interno. Este
processo impõe novas exigências à sociedade como um todo.
Assinale a opção correta entre as seguintes afirmações sobre
governança.
a) A governança consiste na própria autoridade política ou
legitimidade possuída pelo Estado para apresentar à sociedade civil
e ao mercado um amplo projeto para determinada nação.
b) A governança é composta das condições sistêmicas nas quais se
edifica um projeto de Estado e sociedade.
c) A governança visa não apenas superar a crise do Estado e do seu
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aparelho, mas também cooperar na superação do atual quadro


social persistente em nosso país.
d) As principais fontes e origens da governança são os cidadãos e
a cidadania organizada.
e) A governança é a capacidade que um determinado governo tem
para formular e implementar as suas políticas, ou seja, os aspectos
adjetivos/ instrumentais da governabilidade.

15
(Santos, 1996)

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A letra A, B, C e D estão erradas, pois estes conceitos se relacionam
com a governabilidade e não de governança. A única alternativa correta é
a E, que finalmente descreve corretamente um aspecto da governança.
Assim, o gabarito é a letra E.

3 - (ESAF – CGU / AFC – 2004) Assinale como verdadeira (V) ou


falsa (F) as definições sobre a Governabilidade, relacionadas a
seguir:
( ) A governabilidade refere-se às próprias condições substantivas
/ materiais de exercício do poder e de legitimidade do Estado e do
seu governo, derivadas da sua postura diante da sociedade civil e
do mercado.
( ) A governabilidade é a autoridade política do Estado em si,
entendida como a habilidade que este tem para agregar os
múltiplos interesses dispersos pela sociedade e apresentar-lhes um
objetivo comum.
( ) A fonte e a origem da governabilidade são as leis e o poder
legislativo, pois é ele que garante a estabilidade política do Estado,
por representar todas as unidades da Federação e os diversos
segmentos da sociedade.
( ) A fonte da governabilidade são os agentes públicos ou
servidores do Estado que possibilitam a formulação /
implementação correta das políticas públicas.
( ) A governabilidade é o apoio obtido pelo Estado às suas políticas
e à sua capacidade de articular alianças e coalizões para viabilizar
o projeto de Estado e sociedade a ser implementado.
Escolha a opção correta.
a) V, F, V, V, F
b) F, V, F, V, V
c) V, V, F, F, V 02224759193

d) V, F, V, F, F
e) F, F, V, F, V

De acordo com Araujo16, “a fonte da governabilidade são os cidadãos


e a cidadania organizada”. Portanto, a terceira e a quarta afirmativa estão
erradas. Já as demais estão corretas e, assim, o nosso gabarito é a letra C.

16
(Araújo V. d., 2002)

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4 - (CESPE – TCU / PLANEJAMENTO – 2008) A governabilidade diz
respeito às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá
o exercício do poder, tais como as características do sistema
político, a forma de governo, as relações entre os poderes e o
sistema de intermediação de interesses.

Esta definição de governabilidade está perfeita. Como já vimos, a


governabilidade está associada as condições políticas do exercício do poder.
O gabarito é, portanto, questão correta.

5 - (CESPE – MDS / TÉCNICO – 2006) O termo governabilidade está


associado às condições políticas de gestão do Estado, enquanto
governança refere-se às condições administrativas de gestão do
aparelho estatal.

Beleza. Mais uma vez vemos o Cespe cobrar os conceitos de


governança e governabilidade. Questão bem tranquila. O gabarito é
questão correta.

6 - (CESPE – SERPRO / GESTÃO EMPRESARIAL – 2008) As


demandas recorrentes por políticas públicas são aquelas não
resolvidas ou mal resolvidas. Quando se acumulam sem uma
solução satisfatória, dependendo de sua duração e gravidade,
podem levar a crises de governabilidade que, no limite, chegam a
provocar rupturas institucionais.

Naturalmente, se as demandas da sociedade por serviços e políticas


públicos ficarem eternamente insatisfeitas, esta população perderá a
confiança em relação ao governo e suas instituições.
Em uma situação extrema, isto poderá levar à uma ruptura
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institucional, ou seja, a perda de crédito nas instituições levaria à um


questionamento das mesmas. O gabarito é questão correta.

7 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) Com relação à governança


na Administração Pública, assinale a alternativa Incorreta.
A) Governabilidade diz respeito ao exercício do poder e de
legitimidade do Estado e do seu governo.
B) Governabilidade é a capacidade que determinado governo tem
para formular e implementar as suas políticas.

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C) O grau de governança democrática de um Estado independe do
quantum de accountability existente na sociedade.
D) A fonte direta da governança não são os cidadãos ou a cidadania
organizada em si mesma, mas um prolongamento desta, ou seja,
são os próprios agentes públicos ou servidores do Estado que
possibilitam a formulação e a implementação adequada das
políticas públicas e representam a face deste diante da sociedade
civil e do mercado, no setor de prestação de serviços diretos ao
público.
E) Uma boa governança pública está apoiada em 4 princípios:
relações éticas; conformidade, em todas as suas dimensões,
transparências; e prestação responsável de contas.

A FMP nesta questão pediu para que o candidato apontasse a opção


incorreta. As duas primeiras opções estão corretas e não apresentam
maiores dificuldades. A governabilidade está realmente relacionada com o
exercício do poder e da legitimidade deste perante a sociedade.
A terceira frase está errada e é o nosso gabarito. A banca inverteu o
conceito, pois a governança democrática está ligada à Accountability. Desta
maneira, esta é sim necessária para que a governança democrática exista.
Na letra D, a banca trouxe o conceito da origem da governabilidade
e da governança. Ao contrário da governabilidade (que depende do apoio
da sociedade e dos grupos organizados), a governança deriva dos
servidores e agentes públicos, pois são eles que formulam e executam as
políticas públicas.
A letra E reproduz o conceito de Matias-Pereira, que cita estes quatro
elementos como princípios de uma boa governança pública. Assim, o nosso
gabarito é mesmo a letra C.

8 - (FCC – TRE/MS – ANAL ADM – 2007) Considere as afirmativas


abaixo.
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I. É o conjunto de condições necessárias ao exercício do poder.


II. É a capacidade do governo de implementar as decisões tomadas.
III. Compreende a forma de governo, relações entre os poderes,
sistema partidário e equilíbrio entre as forças políticas de oposição
e situação.
IV. Diz respeito à capacidade de decidir.
V. Envolve arranjos institucionais pelos quais a autoridade é
exercida de modo a viabilizar as condições financeiras e
administrativas indispensáveis à execução das decisões que o
governo toma.

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Correspondem ao conceito de governança APENAS:
(A) I e II.
(B) III e IV.
(C) II e III.
(D) II e V.
(E) IV e V.

A questão refere-se ao conceito de governança. Assim, a primeira


frase está incorreta, pois as condições necessárias ao exercício do poder
relacionam-se com a governabilidade, não com a governança. Já a segunda
frase está correta, pois a governança refere-se exatamente à capacidade
do Estado de implementar suas políticas públicas.
A terceira frase também está incorreta, pois as relações entre os
poderes, a forma de governo são aspectos políticos ligados à
governabilidade. A quarta frase também está ligada à governabilidade, ou
seja, a capacidade de tomar decisões relaciona-se com o exercício do
poder.
A quinta frase está certa, pois dizemos que existe governança quando
o Estado consegue implementar (viabilizar) as políticas públicas. Desta
forma, tem capacidade gerencial, técnica e financeira de tornar realidade
as decisões políticas tomadas pelos governantes. O gabarito é mesmo a
letra D.

Accountability

O termo accountability deriva da noção, antiga no mundo anglo-


saxão, de que os representantes do Estado devem prestar contas à
sociedade de seus atos. Portanto, podemos ligar este conceito à capacidade
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dos governantes e agentes públicos de prestar contas de seus atos na


gestão da coisa pública aos governados.
De acordo com Campos17, nas sociedades democráticas mais
modernas, se aceita como natural e se espera que os governos – e o serviço
público – sejam responsáveis perante os cidadãos. Além disso, acredita-se
nestes países que a própria accountability força uma evolução das práticas
administrativas, pois com mais informação e participação, a população
passa a exigir melhores resultados.

17
(Campos, 1990)

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Para a supracitada autora, o próprio conceito de accountability não
era conhecido no Brasil até pouco tempo, pois não havia esta noção de que
o agente público teria a obrigação de prestar contas e de que os recursos
públicos tinham, sim, dono - a coletividade.
Desta forma, os mecanismos burocráticos de controle não supriam
esta necessidade e não existia na cultura do setor público esta noção de
prestação de contas à população. Entretanto, como os recursos públicos
são da sociedade, torna-se fundamental a obrigação dos agentes que
cuidam destes recursos de responder por eles18.
Portanto, o agente que recebeu o poder de administrar a “coisa”
pública deve prestar contas à sociedade, que delegou este poder. De acordo
com Paludo, nas experiências de accountability, quase sempre “estão
presentes três dimensões: informação, justificação e punição”.
Para Mosher19, a accountability é sinônima de responsabilidade
objetiva ou obrigação em responder por algo. Desta forma, o autor
diferencia a responsabilidade objetiva (que vem de fora, sendo imposta),
da responsabilidade subjetiva (que vem de dentro do sujeito).
Assim, se o agente público não se sente na obrigação de prestar
contas, deveria existir algum mecanismo que o obrigue! Deve existir a
noção de que a prestação de contas não é um favor, mas um dever
do agente público.
Este fator é ainda mais importante no caso da burocracia. Estes
agentes públicos, ao contrário dos políticos (que devem ser eleitos a cada
eleição), não são submetidos a uma avaliação da sociedade. Desta forma,
devem existir mecanismos que busquem evitar que estes servidores
públicos abusem de sua autoridade ou façam uma má gestão dos recursos
públicos.
Além disso, a accountability é um elemento fundamental para o grau
de governança democrática20. Afinal, se não temos nenhum controle sobre
as ações e decisões do Estado, como podemos exercer a nossa cidadania
em sua plenitude?
Se não estamos informados dos fatos que ocorrem no governo, das
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decisões e motivos dos governantes, não teremos como exigir melhoras


práticas e governantes, não é mesmo?
De acordo com de Araújo:
“o grau de governança democrática de um Estado
depende, diretamente, do quantum de
accountability existente na sociedade, assim como

18
(Paludo, 2010)
19
(Mosher) apud (Campos, 1990)
20
(de Araújo, 2010)

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da natureza e abrangência do controle público
sobre a ação governamental, visto que o princípio
da soberania popular, alma da democracia,
pressupõe não apenas o governo do povo e para o
povo, mas também pelo povo”

Tipos de Accountability

O conceito de accountability pode ser dividido em três tipos:


horizontal, vertical e societal21.
A accountability horizontal é relacionada com o controle e
prestação de contas que ocorre quando um poder ou órgão fiscaliza o outro.
Ou seja, o accountability horizontal ocorre quando existe uma ação entre
entidades no mesmo plano.
Pense neste termo horizontal – passa uma ideia de que as
pessoas ou entidades são do mesmo nível, não é mesmo?
Portanto, este tipo de controle funciona dentro do equilíbrio que deve
existir entre os Poderes da República e o próprio controle interno de cada
órgão.
Dentre os exemplos, podemos citar as auditorias realizadas pela
Controladoria-Geral da União nos órgãos federais (controle interno), as
auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União (controle externo),
dentre outras.
Já a accountability vertical se refere ao controle que a população
exerce sobre os políticos e os governos. De acordo com O´Donnell22, que
criou os conceitos de accountability horizontal e vertical, a accountability
vertical é relacionada com a capacidade da população de votar e se
manifestar de forma livre:
“Por definição, nesses países a dimensão eleitoral
de accountability vertical existe. Por meio de
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eleições razoavelmente livres e justas, os


cidadãos podem punir ou premiar um mandatário
votando a seu favor ou contra ele ou os candidatos
que apoie na eleição seguinte. Também por
definição, as liberdades de opinião e de associação,
assim como o acesso a variadas fontes de
informação, permitem articular reivindicações e
mesmo denúncias de atos de autoridades públicas.

21
(Campos, 1990)
22
(O´Donnell, 1998)

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Isso é possível graças à existência de uma mídia
razoavelmente livre, também exigida pela definição
de poliarquia. Eleições, reivindicações sociais
que possam ser normalmente proferidas, sem
que se corra o risco de coerção, e cobertura
regular pela mídia ao menos das mais visíveis
dessa reivindicações e de atos supostamente ilícitos
de autoridades públicas são dimensões do que
chamo de "accountability vertical".”
Os principais mecanismos da accountability vertical seriam: o voto e
a ação popular. Entretanto, O´Donnell critica a eficácia deste tipo de
controle, pois as eleições ocorrem somente de quatro em quatro anos.
Desta forma, pouco a população pode fazer neste intervalo de tempo.
Ao contrário da accountability horizontal, no caso do vertical, este
controle não é exercido por entidades do mesmo plano, do mesmo nível,
com poderes semelhantes.
A accountability societal refere-se ao controle exercido pela
sociedade civil, muitas vezes representada por ONGs, sindicatos e
associações. Estas instituições, em busca de denunciar abusos e
desmandos dos agentes públicos, exercem uma pressão legítima sobre a
Administração Pública.
Além disso, estas instituições buscam, com este tipo de pressão e de
denúncia, alertar os “canais normais” de controle, como o Ministério Público
e o Tribunal de Contas da União, por exemplo.
De acordo com Smulovitz e Peruzzotti23:
“um mecanismo de controle não-eleitoral, que
emprega ferramentas institucionais e não
institucionais (ações legais, participação em
instâncias de monitoramento, denúncias na mídia,
etc.) e que se baseia na ação de múltiplas
associações de cidadãos, movimentos, ou mídia,
objetivando expor erros e falhas do governo, trazer
02224759193

novas questões para a agenda pública ou


influenciar decisões políticas a serem
implementadas pelos órgãos públicos.”
De acordo com Carneiro24, os Conselhos de Políticas Públicas, em que
o Estado e a sociedade participam de forma paritária, são exemplos de
accountability societal, pois possibilitam a participação popular na
condução das políticas públicas e, portanto, no funcionamento do Estado.

23
(Smulovitz e Peruzzotti, 2000) apud (Carneiro, 2006)
24
(Carneiro, 2006)

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De acordo com a autora:
“os conselhos apontam para uma nova forma de
atuação de instrumentos de accountability
societal, pela capacidade de colocar tópicos na
agenda pública, de controlar seu desenvolvimento
e de monitorar processos de implementação de
políticas e direitos, através de uma
institucionalidade híbrida, composta de
representantes do governo e da sociedade civil.”
Desta forma, podemos ver no gráfico abaixo as três modalidades de
Accountability.

Vertical
Horizontal

Societal

Accountability

Figura 2 - Tipos de Accountability

Vamos ver agora algumas questões?


9 - (ESAF – CGU / AFC – 2012) O surgimento de um conceito como
o de governança supõe uma mudança na forma de atuar do poder
público. Assinale abaixo com que tipo de ações esta mudança está
relacionada.
a) Ações que garantam, por parte do poder público, com amplo
respaldo popular.
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b) A definição de políticas públicas universais.


c) Modificar as relações entre o Estado e a Sociedade Civil para
dividir as responsabilidades na execução das políticas públicas.
d) Ações que permitam governar de forma cooperativa, com
instituições públicas e não públicas, participando e cooperando na
definição e execução das políticas públicas.
e) Ações que garantam o controle dos processos políticos, por parte
do poder público, com medidas periódicas de prestação de contas
aos cidadãos.

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Esta questão da ESAF veio com o gabarito na letra B, mas após os
recursos a banca alterou o gabarito para a letra D. Antes de mais nada,
devemos nos lembrar que o conceito de governança está mudando.
Muitos autores deixaram de considerar a governança apenas pelo seu
lado operacional, de gestão da máquina, para incluir a articulação entre os
agentes públicos e privados para resolverem os problemas de políticas
públicas, de modo participativo. De acordo Secchi25, om o autor:
“A etiqueta “governance” denota pluralismo, no
sentido que diferentes atores têm, ou deveriam ter,
o direito de influenciar a construção das políticas
públicas. Essa definição implicitamente traduz-se
numa mudança do papel do Estado (menos
hierárquico e menos monopolista) na solução de
problemas públicos.”
Vamos às alternativas então? A letra A está errada porque não faz o
menor sentido. Vejam que a frase parece ter algo “faltando” nela. As ações
vão garantir o quê? Assim, não é essa a alternativa correta.
A letra B também está equivocada, pois a definição pura e simples de
políticas públicas universais não está relacionada com o conceito de
governança. A governança também pode existir em políticas públicas que
sejam focadas em públicos isolados, por exemplo, como a defesa da
integridade da mulher.
A letra C também foi considerada errada pela banca, mas creio que
esteja correta. A governança atualmente inclui esta “divisão” de
responsabilidades entre o Estado e a sociedade civil.
A letra D está correta e é o gabarito da banca. Vejam que a letra C e
a letra D são bem semelhantes. Creio que a solução mais correta teria sido
a anulação desta questão.
Finalmente, a letra E está errada porque este “controle político” fica
menor no conceito de governança atual. Como o governo passará a
interagir e se articular com diversos atores públicos e privados, perderá o
“monopólio” das decisões sobre a política pública. Assim, o gabarito foi
02224759193

mesmo a letra D.

10 - (ESAF – CGU / AFC – 2006) Assinale se as frases a seguir são


verdadeiras (V) ou falsas (F).
( ) Os conceitos de governabilidade e governança estão
intimamente relacionados entre si e com a reforma do Estado.

25
(Secchi, 2009)

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( ) Os conceitos de governabilidade e governança não estão
relacionados entre si e nem com a reforma do Estado.
( ) Por governança se entende a capacidade de governar derivada
da legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade civil.
( ) Por governabilidade se entende a legitimidade de um
determinado governo junto à sociedade para empreender
mudanças.
( ) Por governança se entende a capacidade técnica, financeira e
gerencial de implementar políticas públicas.
( ) Por accountability se entende a capacidade do Estado em
formular e implementar políticas públicas e atingir metas.
Escolha a opção correta.
a) F, V, V, V, F, F
b) V, F, V, F, F, V
c) F, V, F, F, V, V
d) V, F, F, V, V, F
e) F, V, F, V, V, V

A primeira frase está correta. Os conceitos de governança e


governabilidade estão muito ligados e com a reforma do Estado. Estes
conceitos passaram a ser mais debatidos após as crises econômicas dos
países em desenvolvimento nos anos 70 e 80.
Um exemplo de instituição que disseminou estes conceitos foi o do
Banco Mundial, que estava preocupado com a baixa capacidade dos
governos em desenvolvimento de implementarem seus programas com
eficiência. Naturalmente, a segunda frase está errada, pois contradiz a
primeira.
A terceira frase está errada, pois este conceito está ligado ao de
governabilidade, não a governança. Vejam que a quarta frase é muito
02224759193

semelhante e está certa.


Já a quarta frase está certa e aborda o conceito tradicional de
governança, que seria a capacidade técnica, gerencial e financeira de
executar as políticas públicas. Finalmente, a última frase está errada
porque este conceito é ligado à governança, não à accountability. O
gabarito é, assim, a letra D.

11 - (ESAF - RFB – AFRF – 2009) Sobre o tema ‘governabilidade,


governança e accountability’, assinale a opção incorreta.

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a) A accountability visa a fortalecer o controle social e político, em
detrimento do controle burocrático.
b) Governança pode ser entendida como um modelo horizontal de
relação entre atores públicos e privados no processo de elaboração
de políticas públicas.
c) O conceito de governança possui um caráter mais amplo que o
conceito de governabilidade.
d) As parcerias público-privadas (PPPs) constituem um exemplo de
coordenação de atores estatais e não estatais, típico da
governança.
e) A governabilidade refere-se mais à dimensão estatal do exercício
do poder.

A primeira alternativa está incorreta, pois o conceito de Accountability


se relaciona com a responsividade dos agentes públicos, ou seja, com o
dever de prestação de contas de seus atos à sociedade.
Desta forma, a accountability se refere à uma "resposta" dos agentes
públicos no tocante aos recursos públicos geridos. Do jeito que a frase está
construída, não faz muito sentido, pois a prestação de contas não poderia
nunca ser em detrimento de um controle (seja burocrático ou não). Este é,
portanto, nosso gabarito.
As outras alternativas foram baseadas em um artigo de Alcindo
Gonçalves26. Veja como este autor conceituou a governabilidade:
"Já a governança tem um caráter mais amplo.
Pode englobar dimensões presentes na
governabilidade, mas vai alem. Veja-se, por
exemplo, a definição de Melo (apud Santos, 1997,
p. 341): "refere-se ao modus operandi das políticas
governamentais - que inclui, dentre outras,
questões ligadas ao formato político institucional do
processo decisório, a definição do mix apropriado
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de financiamento de políticas e ao alcance geral dos


programas"."
Assim, a letra C está correta, de acordo com a definição de Gonçalves.
As letras B e D se enquadram no conceito de governança como um
movimento de resposta do Estado a uma série de novos desafios, de acordo
com o conceito de Kooiman27. O gabarito é mesmo a letra A.

26
(Gonçalves, 2005)
27
(Kooiman, 1993) apud (Secchi, 2009)

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12 - (ESAF – SEFAZ-SP - AUDITOR – 2009) Considerado
fundamental à governança no setor público, o processo pelo qual
as entidades públicas e seus responsáveis devem prestar contas
dos resultados obtidos, em função das responsabilidades que lhes
foram atribuídas por delegação de poder, denomina-se:
a) Transparência.
b) Integridade.
c) Equidade.
d) Responsabilidade Fiscal.
e) Accountability.

Questão bem tranquila da ESAF. O conceito que se refere à


necessidade de prestação de contas pelos agentes públicos é exatamente
a accountability. O gabarito é a letra E.

13 - (ESAF – MTE - AUDITOR – 2010) Assinale a opção correta.


a) As eleições e o voto são mecanismos de accountability
horizontal.
b) Uma alta demanda social por accountability afeta,
negativamente, a capacidade de governança.
c) Sem legitimidade, não há como se falar em governabilidade.
d) Instâncias responsáveis pela fiscalização das prestações de
contas contribuem para o desempenho da accountability vertical.
e) Uma boa governabilidade garante uma boa governança.

A letra A está errada, pois as eleições são exemplos de accountability


vertical e não horizontal. Na letra B, o contrário é que ocorre. A
accountability favorece a governança. A letra C está perfeita e é o nosso
02224759193

gabarito.
Já a letra D mais uma vez inverte os conceitos e está incorreta (estas
instâncias responsáveis pela fiscalização das prestações de contas, como o
TCU, fazem parte da accountability horizontal). Finalmente, a
governabilidade por si só não garante uma boa governança. Esta era
exatamente uma das conclusões do PDRAE em 1995. O gabarito é mesmo
a letra C.

14 - (CESPE – ABIN – OFICIAL - 2010) A notícia institucional pode


ser utilizada como ferramenta para o exercício da accountability em
organizações públicas, privadas e do terceiro setor.

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A utilização de qualquer instrumento para informar a população se


relaciona perfeitamente com o conceito de accountability. Deste modo,
estas organizações prestam contas de seus atos e mostram o que estão
fazendo, porque estão fazendo aquilo, quais são os recursos que estão
sendo utilizados etc.
Assim, a assertiva da questão está correta.

15 - (CESPE – TRE-BA – ANALISTA - 2010) O conceito de


accountability implica a transparência das ações e práticas
governamentais que passam a ter mais visibilidade e ser do
conhecimento das pessoas em geral, portanto, representa
ferramenta de combate à corrupção.

Perfeito. O fortalecimento do accountability, ou seja, da


transparência, responsabilidade de prestar contas e de uma responsividade
das organizações aos desejos da sociedade, ajuda no combate da
corrupção.
Se a sociedade tem mais informações sobre os atos e razões
utilizadas pelas organizações, podem julgar seu desempenho e cobrar
resultados e correções de desvios. O gabarito é questão correta.

16 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) Com relação ao conceito de


accountability, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A accountability é um conceito cujos contornos são bastante
imprecisos; no entanto, há certo consenso de que se refere,
basicamente, à prestação de contas da Administração Pública e dos
agentes públicos perante a sociedade.
b) A accountability vertical é caracterizada por uma relação entre
desiguais, seja pelo controle de baixo para cima ou pelo controle de
02224759193

cima para baixo.


c) A accountability horizontal é caracterizada por uma relação entre
iguais, realizada principalmente pelos instrumentos de checks and
balances, da vigilância recíproca entre os poderes autônomos do
Estado.
d) A accountability social abarca formas de controle exercidas pelos
meios de comunicação e por organizações não governamentais
(ONGs).
e) O voto é um típico mecanismo de accountability horizontal.

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Todas as alternativas estão corretas, menos a letra E. O voto é um
modo de controle efetuado por desiguais. Ou seja, As autoridades são
“avaliadas” pelos cidadãos no momento das eleições.
Deste modo, este é um tipo de accountability vertical, em que
existem um controle de “baixo para cima”. O gabarito é, portanto, a letra
E.

17 - (FCC – BAHIAGAS – ADMINISTRADOR – 2010) Accountability


é
(A) a relação de legitimidade e autoridade do Estado e do seu
governo com a sociedade.
(B) o reconhecimento que tem uma ordem política, dependente das
crenças e das opiniões subjetivas, e seus princípios são
justificações do direito de mandar.
(C) o conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os
decisores governamentais a prestarem contas dos resultados de
suas ações, garantindo-se maior transparência e a exposição das
políticas públicas.
(D) a capacidade do governo de representar os interesses de suas
próprias instituições.
(E) a aquisição e centralização de poder do setor público na
administração das agências, por meio dos princípios de governança
corporativa do setor privado.

Após o que já vimos acima, não fica difícil acertar esta questão, não
é mesmo? O conceito de accountability relaciona-se com a alternativa C. A
alternativa A relaciona-se mais com a governabilidade, portanto está
incorreta. A segunda opção também não se relaciona com a accountability.
Já na letra D, o governo deve representar a sociedade, e não suas
próprias instituições. Da mesma maneira, a letra E contradiz o conceito de
02224759193

accountability, pois o a centralização do poder na administração das


agências não é coerente com a prestação de contas e a responsividade aos
desejos da população. Assim sendo, o gabarito é mesmo a letra C.

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Organização do Estado e da Administração Pública.

Definição de Estado

Pode-se dizer que o conceito do termo Estado foi aparecendo aos


poucos. De certa forma, é um fenômeno histórico28. Ou seja, seu significado
foi evoluindo ao longo do tempo e das experiências humanas.
Apesar de este conceito ser utilizado desde a antiguidade para
designar status, a situação atual de poder em uma sociedade, muitos
autores consideram que o conceito atual de Estado foi utilizado pela
primeira vez por Maquiavel. Este autor define Estado como29:
“sociedade política organizada, o que exige uma
autoridade própria e de regras definidas para
permitir a convivência de seus membros.”
O pensamento político de Maquiavel sinalizou uma mudança no
conceito tradicionalista e inaugurou a noção de Estado laico, ou seja, um
Estado independente da religião30. Foi o início da concepção de Estado
Moderno, que veremos adiante.
Existem alguns elementos que são essenciais para que possamos
justificar a existência do Estado31. Estes elementos são:
Povo – um aglomerado de indivíduos que estão subordinados ao
Estado. Aqui cabe diferenciar povo de população. Um americano pode estar
presente no momento no Brasil, por exemplo.
Esta pessoa está no momento dentro de nosso território, portanto
está inserido em nossa população. Entretanto, não faz parte de nosso povo,
ou seja, não é cidadão brasileiro;
Território – área geográfica que delimita a soberania do Estado.
Naquele espaço, o poder é uno, ou seja, o Estado não divide sua soberania
com nenhum outro; 02224759193

Poder Político ou Soberano – o Estado é o instrumento pelo qual


a sociedade se organiza e desenvolve politicamente. Desta forma, o Estado
tem o poder final sobre os assuntos internos.

28
(Matias-Pereira, Curso de Administração Pública: foco nas instituições e ações
governamentais, 2009)
29
(Maquiavel, 1513) apud (Paludo, 2010)
30
(Matias-Pereira, Curso de Administração Pública: foco nas instituições e ações
governamentais, 2009)
31
(Matias-Pereira, Curso de Administração Pública: foco nas instituições e ações
governamentais, 2009)

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Outros autores consideram como elemento o Governo, ou seja, o
corpo decisório do Estado. Além destes três elementos, alguns autores
consideram que deve existir mais um – a independência.
Já vi uma questão da ESAF em um concurso do MPOG em 2002 que
cobrou este conceito. Vejam abaixo:
18 - (ESAF – MPOG / EPPGG – 2002) Um Estado é caracterizado por
quatro elementos: povo, território, governo e independência.

A questão foi considerada correta. Desta forma, para a ESAF, a


independência faz parte dos elementos do Estado.
Cabe aqui diferenciar um Estado de uma Nação. Existem Estados que
englobam diversas nações. Já existem Nações que não têm nenhum Estado
(como os Curdos ou os Judeus antes da Segunda Guerra Mundial).
Quando dizemos que alguém pertence a uma Nação, estamos nos
referindo a sua identificação com uma cultura, uma maneira de vida e seus
costumes32.

Evolução Histórica do Estado

Há diversas teorias que abordam as origens dos Estados. Uma delas


toca nos aspectos históricos. De acordo com Azambuja33, existem três
modos históricos de formação dos Estados:
“Originários: em que a formação é inteiramente
nova, nasce diretamente da população e do país,
sem derivar de outro Estado preexistente.
Secundários: quando vários Estados se unem para
formar um novo Estado, ou quando um se fraciona
para formar outros.
Derivados: quando a formação se produz por
02224759193

influências exteriores, de outros Estados.”


Exemplos de Estados formados de modo originário seriam o Japão
ou a França, pois foram formados em decorrência da ocupação de um
território que não pertencia anteriormente a nenhum Estado.
Atualmente, como não existe mais nenhuma área da terra que não
esteja ocupada, seria impossível um Estado se formar deste modo.

32
(Dias, 2010)
33
(Azambuja, 2008)

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Já o modo secundário é bastante comum. Ele pode ocorrer se dois
ou mais Estados se unem (como foi o caso dos Estados Unidos da América)
ou quando um Estado de divide em dois ou mais Estados (como foi o caso
de diversos Estados que se separaram da antiga União Soviética).
De acordo com Azambuja34, o modo derivado – que ocorre por
influência externa – foi o que levou ao Estado brasileiro. Desta forma,
através da colonização portuguesa da América do Sul iniciou-se um
processo que acabou por levar a independência brasileira e, por
conseqüência, ao Estado brasileiro.
Portanto, a colonização das Américas, bem como a criação do Estado
de Israel (criado após a segunda guerra mundial por influência externa)
são exemplos de criação de Estados pelo modo derivado.
Vamos ver uma questão que toca neste ponto?
19 - (ESAF – CGU / AUDITORIA - 2008) Indique a opção que
completa corretamente as lacunas das frases a seguir:
Há três modos pelos quais historicamente se formam os Estados:
Os modos ______________ em que a formação é inteiramente
nova, o Estado nasce diretamente da população e do país; os modos
_____________, quando a formação se produz por influências
externas e os modos ______________, quando vários Estados se
unem para formar um novo Estado ou quando um se fraciona para
formar um outro.
a) originários – derivados – secundários
b) derivados – contratuais – originários
c) contratuais – derivados – naturais
d) naturais – originários – derivados
e) secundários – naturais – originários

Questão bem tranquila, não é mesmo? Vejam que a banca se baseou


na mesma definição do Azambuja. Desta forma, a ordem seria: originários,
02224759193

derivados e secundários. A letra A está correta.


As outras opções tratam de modos de criação contratuais e naturais,
que não estão englobadas nas formas históricas de criação do Estado.

Estado Moderno

34
(Azambuja, 2008)

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As origens do Estado moderno podem ser relacionadas com o período
renascentista. Este Estado, no conceito que conhecemos atualmente, foi
desenvolvido durante um longo processo. Um dos aspectos mais
importantes foi a separação entre a esfera privada e a esfera pública 35.
Além disso, o poder do divino – da Igreja - passa a ser diferenciado
do poder mundano, ou político. Desta forma, o Estado passa a ser laico, ou
seja, distante dos aspectos religiosos que dominavam o mundo medieval.
De acordo com Bobbio:
“A distinção entre o espiritual e o mundano,
inicialmente introduzida pelos papas para
fundamentar o primado da igreja, desencadeou
agora sua força na direção do primado e da
supremacia da política.”
Outro aspecto que diferencia este Estado foi uma concentração de
poder dentro de um território específico. Anteriormente, o poder era
fragmentado, seja internamente com os diversos lordes feudais, seja
externamente com a Igreja, por exemplo.
Assim, o Estado absolutista foi sua primeira versão moderna. Este
Estado surge com a ideia de soberania, ou seja, de que dentro de um
território específico o poder é uno, sem se submeter a nenhum outro poder.
Com o passar do tempo, foi necessário conter este poder absoluto do
Estado, e o Estado liberal aparece. De acordo com Heller36:
“O moderno Estado soberano nasce da luta dos
príncipes territoriais para a consecução do poder
absoluto dentro do seu território, contra o
imperador e a Igreja, no exterior, e com os poderes
feudais organizados em estamentos (modos de
estar), no interior.”
De acordo com Weber, as características que são necessárias ao
Estado Moderno são: uma ordem legal, a burocracia, a jurisdição
compulsória sobre um determinado território e o monopólio do uso legítimo
da força.
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Assim, os senhores feudais deixam de poder administrar a justiça em


seus domínios, bem como perdem o direito ao uso da força contra outros
indivíduos.
Somente o Estado (inicialmente na figura do monarca, após certo
tempo através das normas jurídicas, ou seja, o que se chama Estado de

35
(Dias, 2010)
36
(Heller, 1968) apud (Dias, 2010)

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direito) passa a ter este poder de força, pois se baseia em uma legislação
aceita e reconhecida pela sociedade.
Claro que este processo não ocorreu de forma fácil. De um lado o
Estado privou estes antigos senhores feudais de poder, mas ao mesmo
tempo necessitava de apoio financeiro e material destes mesmos senhores
para pagar sua máquina administrativa e organizar o exército contra
inimigos externos.
Estas tensões foram moldando as evoluções do modelo, de forma que
inicialmente o poder era dividido entre estes senhores e o monarca. Com o
tempo o monarca passa a contar com a burguesia para o financiamento do
Estado.
Dessa forma, a nobreza vai perdendo seus privilégios (como a não
tributação) e a burguesia começa a ganhar espaço. O sistema de
tributação, por exemplo, fica mais justo.
Vamos ver mais algumas questões?
20 - (ESAF – MPOG / EPPGG - 2008) A formação do Estado moderno,
entre os séculos XII/ XIII e XVIII/XIX, consistiu em um longo e
complexo processo que levou à normatização das relações de força
por meio do exercício monopolístico do poder pelo soberano. Todos
os enunciados abaixo sobre a formação do Estado estão corretos,
exceto:
a) além do desenvolvimento do Estado territorial institucional, a
formação do Estado moderno envolveu a passagem do poder
personificado do príncipe para o primado dos esquemas
universalistas e abstratos da norma jurídica, que mais tarde daria
origem ao Estado de Direito.
b) o processo de formação do Estado foi marcado pela tensão entre,
de um lado, a expropriação dos poderes privados locais; e, de outro,
a necessidade do soberano de recorrer às categorias ou camadas
sociais para dispor de fundos para criar e manter seu quadro
administrativo e um exército permanente.
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c) além da distinção entre o espaço público e o privado, a formação


do Estado implicou em substituir gradualmente a supremacia da
dimensão individual do senhor feudal e do príncipe pelo princípio
das categorias sociais como núcleos da sociedade civil, novos
interlocutores do soberano.
d) a delimitação de um espaço das relações sociais, gerenciado de
forma exclusivamente política, tornou-se possível graças à
conquista, pelo príncipe, do apoio da esfera financeira à luta contra
os privilégios, inclusive fiscais, da aristocracia.
e) a distinção entre o mundo espiritual e o mundano, sobre a qual
se assentava o primado da Igreja e de sua concepção universalista

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da república cristã, acabou por fundamentar a supremacia da
política.

A primeira alternativa está correta. O desenvolvimento do Estado


Moderno se inicia no poder absoluto dos monarcas e evolui para o domínio
das normas jurídicas e para o Estado de direito atual.
A letra B também está certa. Na formação do Estado Moderno
existiram tensões, pois ao mesmo tempo em que os poderes da nobreza
foram reduzidos, o Estado necessitava das diversas categorias para o
financiamento do Estado.
Já a letra C está errada, pois não existiu a substituição. O que ocorreu
foi exatamente o contrário. Logo que o Estado passou a ser soberano no
domínio da força, trocou a interlocução com as categorias para passar a
lidar diretamente com os indivíduos.
Ou seja, o soberano passou a deter o poder que camadas sociais
anteriormente detinham. Este é, portanto, o nosso gabarito.
A letra D está correta, pois o apoio da burguesia foi fundamental para
que o soberano rompesse com a nobreza e mudasse o padrão de
relacionamento político. Desta forma, os privilégios desta categoria passam
a ser eliminados aos poucos.
Finalmente, a letra E é um “ctrl-c ctrl-v” da definição de Bobbio, que
afirma que passa a existir a separação entre o plano espiritual e o plano
político. O gabarito é mesmo a letra C.

21 - (FGV – CAERN – SOCIÓLOGO - 2010) Max Weber define o


Estado Moderno não pelos seus fins, mas pelos seus meios. Qual
das dimensões abaixo NÃO caracteriza o Estado Moderno para o
autor?
A) Território delimitado.
B) Monopólio do uso legítimo da força.
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C) Democracia.
D) Racionalização do direito.
E) Administração racional.

Como vimos acima, Weber considera como elementos essenciais ao


Estado Moderno os seguintes: uma ordem legal, a burocracia, a jurisdição
compulsória sobre um determinado território e o monopólio do uso legítimo
da força.

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Assim sendo, não considera necessário que este Estado seja
democrático. Naturalmente, ainda hoje temos diversos Estados que não
são democráticos.
O Estado representativo foi uma evolução histórica do Estado
Moderno. Desta maneira, a alternativa C está incorreta e é o nosso
gabarito.

22 - (ESAF – MPOG / APO – 2008) Na civilização ocidental, os


diversos aspectos do Estado moderno só apareceram
gradualmente, quando a legitimidade passou a ser atribuída ao
conjunto de normas que governava o exercício da autoridade. São
características essenciais do Estado moderno todas as que se
seguem, exceto:
a) um ordenamento jurídico impositivo.
b) a cidadania: relação de direitos e deveres.
c) o monopólio do uso legítimo da violência.
d) um quadro administrativo ou uma burocracia.
e) a jurisdição compulsória sobre um território.

Vejam como este tema é recorrente. Novamente a definição de


Weber é solicitada. Vamos então relembrar?
Para Weber, os elementos essenciais de um Estado Moderno são:

 uma ordem legal,


 a burocracia,
 a jurisdição compulsória sobre um determinado território,
 o monopólio do uso legítimo da força.
Desta maneira, só sobrou a letra B, que se refere à cidadania. Esta é
uma “pegadinha” para os incautos, pois o termo Estado Moderno leva
02224759193

muitas pessoas a imaginar que somente estão englobados os Estados mais


recentes, que se baseiam na representação e no conceito de cidadania.
Entretanto, o Estado Moderno também abrange o Estado Absolutista,
em que o soberano se impunha aos seus súditos. Desta forma, só com a
criação do Estado representativo (que ocorreu com a Revolução Francesa)
é que a ideia de cidadania, já existente na Grécia antiga, volta a
predominar. Assim, o nosso gabarito é mesmo a letra B.

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Estado Liberal e do Bem-Estar Social ou Welfare State

A construção do Estado liberal se inicia com a experiência histórica


inglesa e o iluminismo. Sua ideia principal é a da liberdade dos homens.
Desta forma, o Estado deve ser controlado para que não afronte as
liberdades individuais.
Este Estado veio substituir o absolutismo e foi construído com base
nas Declarações de Direitos Humanos das Revoluções francesa e
americana. De acordo com Dias37:
“nelas se define, basicamente, o âmbito da
liberdade que será exercida sem interferência do
poder político. Para impor limites ao poder político,
de modo que não possa se constituir em ameaça às
liberdades individuais, ao lado da Proclamação dos
Direitos do Homem, foram estabelecidas duas
outras garantias para que a prática dessa liberdade
fosse respeitada: a separação dos poderes e o
Estado de direito. Assim, ambos surgem como
mecanismos de controle do poder político, com a
finalidade de garantir a liberdade individual.”
Desta forma, a preocupação principal do Estado Liberal é com
a liberdade, ou seja, a não-interferência do Estado na esfera privada.
Assim, menos importante do que quem mandava era como mandava.
Assim, muitos Estados liberais se mantinham monarquistas, desde que o
monarca respeitasse estas liberdades individuais.
Entretanto, aos poucos o Estado passa a ser demandado em outras
áreas e passa a deter um poder e uma importância na organização da
coletividade que não mais se “encaixam” no modelo liberal.
O que ocorre é que o Estado liberal, por si só uma evolução do
absolutismo, não consegue integrar social e economicamente a parcela da
população mais pobre.
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Com a democratização dos Estados liberais, passa a existir uma


demanda cada vez maior para uma atuação mais firme e incisiva do Estado
na produção de bens (buscando um desenvolvimento nacional) e na
construção de uma rede de proteção social. Este maior papel do Estado na
sociedade passa a se chamar de Estado de Bem-estar Social ou Welfare
State.
Outra importante mudança foi a introdução do primado do público,
em troca do primado do privado. Ou seja, a importância concedida às

37
(Dias, 2010)

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liberdades individuais vai cedendo espaço à preocupação com a
coletividade.
Podemos ver isto bem claro na nossa constituição, que analisa a
propriedade privada, por exemplo, pelo prisma da “função social”. Ou seja,
que pode ser usurpada pelo Estado em busca do benefício da coletividade
(como no caso das reformas agrárias).
De acordo com Bobbio:
“O primado do público assumiu várias formas
segundo os vários modos através dos quais se
manifestou, sobretudo no último século, a reação
contra a concepção liberal do Estado e se
configurou a derrota histórica, embora não
definitiva, do Estado Mínimo. Ele se funda sobre a
contraposição do interesse coletivo ao
interesse individual e sobre a necessária
subordinação, até a eventual supressão, do
segundo ao primeiro, bem como a irredutibilidade
do bem comum à soma dos bens individuais, e
portanto sobre a crítica de uma das teses mais
correntes do utilitarismo elementar.”
Assim, o Estado passa a ser cada vez mais importante na indução do
crescimento econômico e no fornecimento de condições mínimas de
educação, renda e atendimento social, não como favores, mas como uma
obrigação do Estado e um direito de todos os cidadãos.
Para Bobbio, o Estado de bem-estar pode ser definido como:
“O Estado do bem-estar (Welfare state), ou Estado
assistencial, pode ser definido, à primeira análise,
como Estado que garante "tipos mínimos de renda,
alimentação, saúde, habitação, educação,
assegurados a todo o cidadão, não como caridade
mas como direito político".”
Podemos ver a instalação do Estado de bem-estar como uma reação
02224759193

dos Estados liberais às novas condições sociais trazidas pela


industrialização e urbanização ocorridas no século 1938.
Além disso, também pode ser analisada como uma resposta das
economias capitalistas aos novos Estados comunistas que ofereciam uma
maior igualdade e um modelo econômico que, na época, se mostrava
promissor.

38
(Dias, 2010)

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De acordo com Gomes39:
“A definição de welfare state pode ser
compreendida como um conjunto de serviços e
benefícios sociais de alcance universal promovidos
pelo Estado com a finalidade de garantir uma
certa “harmonia” entre o avanço das forças de
mercado e uma relativa estabilidade social,
suprindo a sociedade de benefícios sociais que
significam segurança aos indivíduos para manterem
um mínimo de base material e níveis de padrão de
vida, que possam enfrentar os efeitos deletérios de
uma estrutura de produção capitalista desenvolvida
e excludente.”
Atualmente, estamos vendo o que se chama de crise do modelo do
Estado de Bem-estar Social. Os Estados estão tendo cada vez mais
dificuldades de financiar todos estes serviços públicos.
As dificuldades econômicas e a desaceleração econômica levaram a
diversos déficits e ao aumento das dívidas dos Estados. Além disso, com a
década perdida de 1980 e a crise dos países comunistas, o Estado deixou
de ser visto como “resposta” para todos os males da sociedade.
Com isso, passou a ser considerado certo retorno ao liberalismo –
chamado de neoliberalismo por alguns – que foi derivado da preocupação
de reformar o Estado e prepará-lo para este novo cenário.
A este Estado que buscou passar mais funções à iniciativa privada –
de certa forma deixar de ser executor para regulador da atividade
econômica – chamamos de Estado Regulador.
Esta reversão de um Estado provedor de todos os serviços públicos
para um Estado regulador leva a sérios desafios. Um deles é a preservação
da qualidade (ou sua melhoria) destes serviços públicos.
Além disso, deve ser buscada uma maior concorrência entre estes
provedores privados, de modo que não se utilizem de formas de exploração
dos cidadãos. Este cenário se mostra ainda mais complexo quando
02224759193

imaginamos um contexto de força cada vez maior dos grupos econômicos


nacionais e internacionais (que operam em diversos continentes) em
comparação com os poderes dos Estados.
Vamos ver mais algumas questões?
23 - (ESAF – MPOG / EPPGG - 2005) A primazia do público sobre o
privado, como assinalam Bobbio e outros autores, se manifestou,
sobretudo no século XX, como reação à concepção liberal do Estado
e como derrota histórica, ainda que não definitiva, do “Estado

39
(Gomes, 2006)

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Mínimo”. Em relação às afirmativas abaixo, assinale a opção
correta.
I - Essa primazia baseia-se na contraposição entre interesse
coletivo e privado com a necessária subordinação do segundo ao
primeiro.
II - Essa primazia admite a eventual supressão do interesse privado
em benefício do interesse coletivo.
III - Essa primazia implica irredutibilidade do bem comum à soma
dos bens individuais.
IV - A primazia do público significa o aumento da intervenção
estatal na regulação coativa do comportamento dos indivíduos e
dos grupos infra-estatais.
a) Estão todas corretas.
b) Estão todas incorretas.
c) Apenas a I está correta.
d) Apenas a II está correta.
e) Apenas a III está correta.

Esta questão se baseia na definição de Bobbio que citamos acima


sobre a primazia do público sobre o privado. Como podemos ver, ao
comparar com o texto original, as três primeiras alternativas estão
corretas.
Em relação à opção número IV, ela está correta. Realmente, esta
primazia do público sobre o privado acarretou um aumento da intervenção
estatal na sociedade.
Isto ocorreu seja por causa de um aumento na carga tributária
(necessária para “bancar” os diversos serviços públicos que foram
necessários) bem como por causa de uma maior regulação dos diversos
comportamentos individuais. 02224759193

Desta maneira, o nosso gabarito é a letra A.

24 - (ESAF – MPOG / EPPGG - 2005) Originado nos anos quarenta,


na Inglaterra, o Estado de Bem-estar (Welfare state) foi adotado
por diversos países durante décadas. Indique a opção que expressa
o princípio fundamental desse modelo assistencialista.
a) Independentemente de sua renda, todos os cidadãos, como tais,
teriam direito de ser protegidos por meio do pagamento de dinheiro
ou com serviços públicos.

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b) Apenas os cidadãos pertencentes às classes menos favorecidas
teriam o direito de ser protegidos com o pagamento de dinheiro. Já
os serviços públicos eram de livre acesso a todas as classes.
c) Independentemente de sua renda, todos os cidadãos, como tais,
teriam direito de ser protegidos apenas por meio de serviços
públicos, como os das áreas de saúde, educação e segurança.
d) Somente os cidadãos desempregados teriam direito de ser
protegidos com o pagamento de dinheiro ou com serviços. O
conceito de ajuda ao cidadão estava pautado em uma noção
calvinista do trabalho.
e) Somente os contribuintes empregados, indivíduos incapazes
e/ou aposentados teriam direito à ajuda do Estado. A política do
pleno emprego restringia a assistência a desempregados.

A ESAF nesta questão buscou saber se o candidato tinha domínio


sobre as principais características do Estado de Bem-estar Social. A
primeira opção está correta, pois engloba todos os principais aspectos.
Já a opção B está incorreta, pois neste Estado os serviços públicos e
a rede de proteção social são direitos de todos! Desta forma, não são
restritos aos mais desfavorecidos. Se o Silvio Santos for a um hospital
público, conveniado ao SUS, será atendido, não é verdade? Esta é a ideia
por trás deste modelo.
A letra C está com um pequeno erro. A ajuda do Estado pode se dar
de outras formas. Ou seja, pode se dar além dos serviços públicos descritos
na questão. O programa Bolsa-família é um exemplo, pois as pessoas
recebem um valor monetário e não um serviço público.
A letra D também está errada. Esta questão “imita” a letra B, ao
restringir aos desempregados os direitos do Estado de Bem-estar Social. O
mesmo ocorre na letra E. Desta forma, o nosso gabarito é mesmo a letra
A.
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25 - (CESPE – SGA-AC / ASSISTENTE SOCIAL - 2007) O termo


estado de bem-estar em geral designa um sistema de organização
social que assegura aos cidadãos condições mínimas de bem-estar,
ou aquele que proporciona aos cidadãos serviços públicos, tais
como educação, saúde, renda em caso de necessidade
(desemprego, enfermidade, aposentadoria) ou outras prestações e
serviços sociais.

Questão perfeita. A ideia do Estado de Bem-estar Social é a de que


TODOS os cidadãos devem receber do Estado condições mínimas de saúde,
segurança, educação, entre outras. O gabarito é questão certa.

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26 - (CESPE – SGA-AC / ASSISTENTE SOCIAL - 2007) As políticas


sociais do estado de bem-estar datadas no século XX assemelham-
se às do século anterior por manterem o foco de suas ações
direcionadas para a pobreza extrema, desvinculada da concepção
de cidadania e dos direitos sociais.

Esta questão está toda errada. Para começar, a banca mais uma vez
tenta restringir o “público-alvo” dos direitos sociais. No Estado de Bem-
estar Social, os direitos sociais são garantidos a TODOS!
Além disso, este modelo não é desvinculado da concepção de
cidadania e dos direitos sociais, muito pelo contrário! Existe uma vinculação
óbvia entre estes conceitos e este Estado. O gabarito é questão errada.

27 - (CESPE – SEMAD-ES / ASSISTENTE SOCIAL - 2008) O Welfare


State ou Estado Social tem conotação histórica e institucional cujas
políticas possuem forte identificação com o conceito de cidadania.

Agora sim! Vejam que nesta questão o CESPE já liga o conceito de


cidadania com o Welfare State. Desta forma, o Estado de Bem-estar Social
foi realmente uma evolução histórica do Estado liberal para lidar com uma
realidade social cada vez mais complexa decorrente da industrialização e
de um avanço dos países comunistas. O gabarito é questão correta.

28 - (CESPE – TCU / ACE - 2008) A transição de Estado provedor


para regulador impõe sérios desafios, entre os quais se destacam o
reforço da função regulatória em face do avanço da privatização, o
fortalecimento da defesa da concorrência diante da abertura
comercial e as exigências da competitividade em um contexto
dominado por grandes conglomerados internacionais.
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Como vimos acima, o Estado Regulador deve buscar manter a


qualidade e um custo razoável destes serviços privatizados. Desta forma,
o Estado deixa de ser provedor para passar a ser regulador da atividade
econômica. O gabarito é questão correta.

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Estado e Governo

Estado e Governo não são a mesma coisa. Normalmente, podemos


identificar o governo com um conjunto de órgãos que são responsáveis por
uma orientação política do Estado.
Ou seja, é a maneira como o Estado é gerido para a consecução de
seus objetivos40. Isto é, o Estado exerce seu poder através do Governo.
Mas o Estado é estável (em teoria), enquanto o Governo é transitório.
Assim, o Governo é um instrumento pelo qual o Estado atua na arena
pública. Desta maneira, é um ente tangível, enquanto o Estado é um ente
intangível.
De acordo com Dias41:
“O governo constitui-se no sujeito principal da ação
política. Podemos defini-lo como o conjunto de
órgãos estáveis que atualizam, coordenam,
instrumentam e orientam a ação política que se
expressa como fins do Estado e que se desenvolve
no exercício de suas funções básicas: executiva,
legislativa e jurídica.”

Relação entre Política e Administração

O relacionamento entre a política e a Administração é estudado em


diversos modelos de Administração Pública, como os modelos burocráticos
e gerenciais – ou pós-burocráticos.
De certa forma, estes modelos fazem uma divisão clara de funções
entre o papel dos políticos (relacionado com a definição da agenda de
políticas públicas) e o papel da Administração (que deve implementar e
executar estas políticas públicas).42
02224759193

Entretanto, várias diferenças existem entre os diferentes modelos de


Administração Pública. Estes modelos tratam tanto o relacionamento da
máquina estatal com os agentes políticos, quanto o relacionamento com a
população em geral de modo diverso.
Desta maneira, os modelos burocrático e gerencial ainda fazem uma
distinção muito clara entre a política e a Administração Pública. A diferença
que existe entre estes dois modelos é que, no gerencialismo, a

40
(Paludo, 2010)
41
(Dias, 2010)
42
(Secchi, 2009)

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responsabilidade sobre os resultados das políticas públicas recai sobre os
ombros dos políticos43.
Entretanto, o modelo da Governança Pública, com sua preocupação
em envolver a sociedade organizada e a burocracia no processo de
elaboração e controle das políticas públicas, acaba por suavizar esta
diferenciação entre a política e a Administração Pública.
Com relação ao contexto da autonomia dos agentes públicos e da
centralização de poder, a burocracia se caracteriza por uma “desconfiança”
inata em relação aos agentes públicos. Para Hood44:
“evitar a discricionariedade de gestores públicos
sempre foi uma marca característica da
administração pública burocrática”.
Já os modelos pós-burocráticos, como o gerencialismo e o movimento
da governança pública, têm uma visão mais positiva dos agentes públicos.
Com isso, enfatizam uma mudança na “ótica” do controle.
Estes modelos reforçam a necessidade de que o que deve ser
controlado são os resultados, ao invés dos procedimentos. A preocupação
apenas com a estrita legalidade deixa de ser o objetivo do agente público
para alcançar também a eficiência e a efetividade das ações
governamentais.

Conceito de Administração Pública

A Administração Pública pode ser definida de várias formas. De


acordo com a ciência da Administração, refere-se ao ramo da Administração
aplicado à gestão dos diversos entes públicos e da administração direta e
indireta.
De acordo com a ciência jurídica, trata-se do conjunto de funções e
órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do governo. De acordo
com Meirelles, a Administração Pública: 02224759193

“em sentido formal é o conjunto de órgãos


instituídos para consecução dos objetivos do
Governo. Em sentido material, é o conjunto das
funções necessárias para os serviços públicos em
geral...pratica atos de execução, vinculada à lei
ou à norma técnica, com maior ou menor

43
(Secchi, 2009)
44
(Hood, 1995) apud (Secchi, 2009)

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autonomia funcional, de acordo com a
competência do órgão ou agente.”
Assim, no sentido amplo, abrange os órgãos do governo, que
exercem a função política, mas também os órgãos e agentes que exercem
funções administrativas45.
Desta forma, a Administração Pública é um conjunto de órgãos e
agentes públicos que devem executar as políticas públicas e as funções
estatais. Poderíamos definir as funções políticas como as principais
diretrizes de um governo, suas principais políticas de atuação na sociedade.
Já ao corpo técnico – a burocracia – cabe a função de executar estas
políticas definidas pelos agentes políticos. Assim sendo, estes agentes têm
a responsabilidade técnica – mas não política – de executar as funções
estatais.
Imagine que um governador decide ampliar o horário escolar em
todas as instituições de ensino de seu estado. Assim, ele acredita que esta
decisão ampliará os conhecimentos dos alunos e proporcionará um melhor
futuro a estes jovens.
Esta é, portanto, uma decisão política. Entretanto, para que se torne
realidade, dependerá de uma série de atos administrativos e de um
trabalho de gestão para que esta decisão possa ser executada de acordo
com os objetivos do governo.
De acordo com Alexandrino e Paulo:
“O “como fazer”, o estabelecimento das prioridades
na execução, o detalhamento dos programas de
ação, tudo isso é atividade administrativa em
sentido amplo, vale dizer, atividade política, para
o exercício da qual o Poder Público, embora
subordinado à lei e ao direito, dispõe de ampla
discricionariedade.”
Vamos dar uma olhada em algumas questões que cobram isso?
29 - (FGV – BADESC – ANALISTA ADM - 2010) Com relação ao
02224759193

funcionamento da administração pública, analise as afirmativas a


seguir.
I. A administração pública, em sentido formal, é o conjunto de
órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do governo.
II. A administração pública executa, técnica e legalmente, os atos
de governo.

45
(Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009)

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III. A administração pública executa, com responsabilidade
constitucional e política, os projetos governamentais.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

A primeira frase está correta. Na segunda afirmativa, cabe uma


diferenciação entre os atos de governo (políticos) com os atos de
execução - executados pela Administração Pública. Desta forma, a
segunda frase está errada, pois os atos de governo são executados pelos
agentes políticos.
A terceira frase também está incorreta, pois a Administração Pública
executa seus atos sem a responsabilidade constitucional e política, somente
técnica. Ou seja, não é responsável pela definição das leis e das políticas
governamentais. O nosso gabarito é, portanto, a letra A.

30 - (CESGRANRIO – CAPES – ANALISTA - 2008) Em sentido formal,


a Administração Pública pode ser conceituada como o (a)
a) conjunto de funções necessárias aos serviços públicos em geral.
b) conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos
do Governo.
c) expressão política de comando e de fixação de objetivos do
Estado.
d) união dos Poderes de Estado com funções atribuídas com
precipuidade. 02224759193

e) união de três elementos originários e indissociáveis: Povo,


Território e Governo soberano.

Vejam como a banca somente copiou a definição de Administração


Pública do Meirelles. De acordo com o autor, a “Administração Pública é
conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do
Governo”.
Assim sendo, o gabarito é a letra B.

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Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e
Tribunal de Contas

Quando os Estados passaram a ficar mais complexos, ficou clara a


necessidade de que existisse uma divisão de funções. Antigamente, o
soberano detinha todas as funções em seu nome46.
Entretanto, quanto maior fica o Estado, mais difícil se torna
administrá-lo através de uma só pessoa ou órgão supremo. De acordo com
Azambuja47:
“Nas sociedades primitivas, o chefe mantém a
ordem interna, julga os dissídios, impõe
penalidades, comanda os guerreiros e geralmente
desempenha funções religiosas, é feiticeiro, mago,
sacerdote. Tudo o que interessa à vida do grupo, e
que hoje denominamos direito, moral, religião,
administração, serviços públicos, governo etc., é
exercido por um órgão único, que pode ser um
homem ou uma assembléia, como acontecia, por
exemplo, nas democracias gregas.”
Assim, aos poucos, o soberano começou a delegar poderes aos
órgãos e agentes que passaram a assumir algumas destas funções por ele.
Foi, entretanto, somente com Montesquieu que as três funções principais
do Estado (executiva, legislativa e judiciária) foram efetivamente vistas
como necessariamente separadas.
Montesquieu acreditava que estes poderes deveriam estar separados
para que nenhum deles pudesse “abusar” do poder. Desta maneira, uma
limitação ao poder de cada um seria necessária. De acordo com o autor 48:
“A liberdade política somente existe nos governos
moderados. Mas nem sempre ela existe nos
governos moderados. Só existe quando não se
abusa do poder, mas é uma experiência eterna que
02224759193

todo homem que detém o poder é levado a dele


abusar: e vai até onde encontra limites. Quem o
diria? A própria virtude precisa de limites. Para que
não se abuse do poder é necessário que pela
disposição das coisas o poder limite o poder.
Quando, na mesma pessoa ou no mesmo corpo de
magistrados, o Poder Legislativo está unido ao

46
(Azambuja, 2008)
47
(Azambuja, 2008)
48
(Montesquieu) apud (Azambuja, 2008)

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Poder Executivo, não há liberdade, pois é de
esperar que o mesmo monarca ou assembléia faça
leis tirânicas e as execute tiranicamente. Não há
também liberdade, se o poder de julgar não está
separado do Poder Legislativo e do Executivo. Se
aquele estiver unido ao Poder Legislativo, o poder
sobre a vida e a liberdade dos cidadãos será
arbitrário, pois o juiz será também legislador. Se o
poder de julgar estiver unido ao Poder Executivo, o
juiz terá a força de um opressor. Tudo estará
perdido se o mesmo homem ou a mesma
assembleia de notáveis, ou de nobres ou do povo,
exerce os três poderes, o de fazer as leis, o de
executar as resoluções, e o de julgar os crimes ou
dissídios dos particulares.”
Além disso, Montesquieu acreditava que os poderes deveriam ser
harmônicos e contar com a mesma força relativa. Assim, trabalhar de forma
cooperativa. Seguindo esta ideia, o Executivo pode propor leis ao
Legislativo, que tem a função de legislar.
O mesmo ocorre com o judiciário, que analisa a constitucionalidade
das leis. E acontece também com a função executiva, que depende muitas
vezes de atos do Legislativo.
Portanto, no Brasil cada poder, além de executar sua função precípua
(principal, essencial), também atua de maneira subsidiária nas outras
funções.

Poder Executivo

No Brasil, os chefes do Poder Executivo são: o Presidente da


República (União), os governadores (estados e DF) e os prefeitos
(municípios). No caso do Presidente, ele ainda acumula as funções de chefe
02224759193

de Estado e de chefe de governo49.


Desta forma, o presidente tem como principais funções, entre outras:

 Ser o comandante das forças armadas;


 Representar o país internacionalmente;
 Dirigir a Administração Pública Federal;
 Garantir o cumprimento das leis;
 Propor políticas públicas.

49
(Costin, 2010)

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Para alcançar êxito nestas funções, ele pode propor, sancionar e vetar
leis junto ao Congresso Nacional, editar medidas provisórias e administrar
os recursos arrecadados perante à sociedade.
Tanto no caso da União quanto dos estados e municípios, o chefe do
Poder Executivo é eleito de forma direta e tem um mandato de quatro anos,
com direito a uma reeleição.
O Poder Executivo tem ganhado maior relevância desde que o Estado
de Bem-estar Social passou a existir. As diversas demandas sociais, aliadas
às necessidades de desenvolvimento econômico (dentro de um contexto de
competição entre os países decorrente da globalização), levaram a uma
importância relativa do Executivo – em comparação aos outros Poderes -
cada vez maior50.

Administração Direta

Dentro do Estado, podemos classificar os órgãos e entidades entre a


Administração Direta e a Indireta. A Administração Direta concentra os
órgãos e setores sem personalidade jurídica própria.
Assim, a Administração Direta se relaciona com os órgãos e setores
dos três poderes (estados, União e municípios) pelos quais o Estado atua
diretamente. São os órgãos e poderes que estão englobados nas pessoas
jurídicas de Direito Público.
Dentre estes órgãos, podemos citar (no caso da União): a Presidência
da República e seus ministérios, os órgãos do poder Judiciário (STF, STJ,
TST, TSE etc.) e do Legislativo (Senado e Câmara), o Tribunal de Contas
da União, a Advocacia Geral da União, o Ministério Público da União, os
conselhos etc.
De acordo com o entendimento da doutrina, os órgãos apenas
possuem competências (são centros de competências) sem possuir
capacidade jurídica e constituir pessoa jurídica51.
02224759193

Administração Indireta

Já a Administração Indireta é composta por entidades que têm


personalidade jurídica, podendo ser de Direito Público ou Direito

50
(Azambuja, 2008)
51
(Paludo, 2010)

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Privado, que operam por delegação ou outorga do poder público ao qual
estão ligadas.
Dentre as entidades da Administração Indireta podemos citar: as
fundações, as autarquias, as empresas públicas, as sociedades de
economia mista e os consórcios públicos (instituídos como associação
pública ou pessoa jurídica de direito privado)52.
Estas entidades normalmente são vinculadas aos ministérios (ou
secretarias) da área em que atuam. Assim, uma empresa pública federal
voltada para pesquisas na área de educação estará vinculada ao ministério
da educação. Entretanto, esta empresa terá autonomia em relação ao
ministério, sendo controlada apenas em relação à finalidade.

Consórcios Públicos

A Lei 11.107/2005 dispõe sobre normas gerais para a União, os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem consórcios
públicos para a realização de objetivos de interesse comum.
O consórcio público adquirirá personalidade jurídica:
I – de direito público, no caso de constituir associação pública,
mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de intenções;
II – de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da
legislação civil.
No entanto, o consórcio público com personalidade jurídica de
direito público integra a administração indireta de todos os entes
da Federação consorciados, conforme vimos anteriormente.
Para a União participar de um consórcio público, todos os todos os
Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados
também deverão fazer parte.
Conforme a Lei, os consórcios públicos, na área de saúde deverão
02224759193

obedecer aos princípios, diretrizes e normas que regulam o Sistema Único


de Saúde – SUS.
Pessoal, os objetivos dos consórcios públicos serão determinados
pelos entes da Federação que se consorciarem, observados os limites
constitucionais e para alcançar tal fim, o consórcio público poderá:
I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza,
receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas de
outras entidades e órgãos do governo;

52
(Paludo, 2010)

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II – nos termos do contrato de consórcio de direito público, promover
desapropriações e instituir servidões nos termos de declaração de utilidade
ou necessidade pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Público; e
III – ser contratado pela administração direta ou indireta dos entes
da Federação consorciados, dispensada a licitação.
O consórcio público será constituído por contrato cuja celebração
dependerá da prévia subscrição de protocolo de intenções (publicado
na imprensa oficial), o qual deverá definir o número de votos que cada
ente da Federação consorciado possui na assembleia geral, sendo
assegurado 1 (um) voto a cada ente consorciado.
É também no protocolo de intenções que são definidas as condições
para que o consórcio público celebre contrato de gestão ou termo de
parceria. Logo, percebe-se que há dois tipos de contratos passíveis de
serem firmados pelo consórcio público: contrato de gestão ou termo de
parceria.
Pessoal, os entes consorciados somente entregarão recursos ao
consórcio público mediante contrato de rateio que será formalizado em
cada exercício financeiro, e seu prazo de vigência não será superior ao das
dotações que o suportam. Há uma exceção para esse prazo não ser
superior: quando tiverem como objeto os projetos consistentes em
programas e ações contemplados em plano plurianual ou a gestão
associada de serviços públicos custeados por tarifas ou outros preços
públicos.
Cabe apena mais uma consideração quanto ao contrato de rateio: é
proibido aplicar os recursos entregues ao consórcio público por meio de
contrato de rateio para o atendimento de despesas genéricas, inclusive
transferências ou operações de crédito.
O consórcio público está sujeito à fiscalização contábil,
operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para
apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo representante legal do
consórcio, inclusive quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das
despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo do controle
02224759193

externo a ser exercido em razão de cada um dos contratos de rateio.


Dessa forma, os agentes públicos incumbidos da gestão de consórcio
não responderão pessoalmente pelas obrigações contraídas pelo
consórcio público.
E caso um ente da Federação queira se retirar do consórcio? Como
deverá proceder? Bom, a retirada dependerá de ato formal de seu
representante na assembleia geral. No entanto, a retirada ou a
extinção do consórcio público não prejudicará as obrigações já constituídas,
inclusive os contratos de programa, cuja extinção dependerá do prévio
pagamento das indenizações eventualmente devidas.

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Conforme a Lei, até que haja decisão que indique os responsáveis por
cada obrigação, os entes consorciados responderão solidariamente
pelas obrigações remanescentes, garantindo o direito de regresso em face
dos entes beneficiados ou dos que deram causa à obrigação.
E como ficam os bens que o ente consorciado destinou ao consócio
público, mas agora quer se retirar? Simples: apenas se houver previsão
expressa no contrato de consórcio público ou no instrumento de
transferência ou de alienação, é que o consorciado terá os bens revertidos
ou retrocedidos.
Falamos há pouco sobre o contrato de programa. Este contrato
serve para constituir e regular, como condição de sua validade, as
obrigações que um ente da Federação vier a constituir para com outro
ente da Federação ou para com consórcio público no âmbito de gestão
associada em que haja a prestação de serviços públicos ou a transferência
total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens necessários à
continuidade dos serviços transferidos.
O contrato de programa, portanto, poderá ser celebrado por
entidades de direito público ou privado que integrem a administração
indireta de qualquer dos entes da Federação consorciados ou conveniados
desde que haja previsão no contrato de consórcio público, ou de convênio
de cooperação.
Conforme a Lei, o contrato de programa deverá:
I – atender à legislação de concessões e permissões de serviços
públicos; e
II – prever procedimentos que garantam a transparência da gestão
econômica e financeira de cada serviço em relação a cada um de seus
titulares.
Caso o contratado não mais integrar a administração indireta do ente
da Federação que autorizou a gestão associada de serviços públicos por
meio de consórcio público ou de convênio de cooperação, o contrato de
programa celebrado será automaticamente extinto.
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Atenção para um detalhe: o contrato de programa continuará vigente


mesmo quando extinto o consórcio público ou o convênio de cooperação
que autorizou a gestão associada de serviços públicos. Ele só deixa de
existir se o contratado deixar de integras a administração indireta, ok?

Poder Legislativo

O Poder Legislativo ou parlamento é quem tem a função de criar as


principais leis do país. O parlamento foi o poder que, originalmente, iniciou
o “checks and balances” (freios e contrapesos) nos Estados, pois passou a
limitar o poder anteriormente ilimitado dos soberanos.

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Apesar disso, em outros Estados atuais, o parlamento não se limita à
criação de leis. No sistema parlamentarista, é o parlamento que nomeia e
“derruba” o Poder Executivo, o Conselho de Ministros ou o Gabinete 53.
No âmbito da União, o Poder Legislativo se consiste do Congresso
Nacional. Ao contrário dos estados e municípios, na União, o Legislativo é
bicameral, ou seja, abrange duas casas: a Câmara dos Deputados, que
contém 513 deputados federais, e o Senado, que é integrado por 81
senadores.
A eleição dos deputados federais ocorre a cada quatro anos e todos
seus integrantes são renovados (se não forem reeleitos) em cada pleito.
Assim sendo, a reeleição de seus integrantes é permitida.
Já os senadores têm um mandato de oito anos. A cada eleição, parte
de seus integrantes (um terço em uma eleição e dois terços na próxima)
são renovados. Assim, existem eleições de quatro em quatro anos, mas a
casa mantém uma estabilidade de seus membros normalmente maior do
que na Câmara.
Os deputados são eleitos de forma proporcional, ou seja, de acordo
com a população de cada estado (em princípio). Mas, no sistema brasileiro,
esta proporcionalidade é relativa, pois existe um limite mínimo por estado
de oito deputados e um limite máximo de 70 deputados.
Assim sendo, o estado de São Paulo, por exemplo, é
proporcionalmente menos representado (em relação à sua população) do
que o estado de Rondônia. Desta forma, menos pessoas são necessárias
para eleger um deputado federal em Rondônia do que em São Paulo.
Já no caso dos senadores, a eleição é feita no sistema majoritário, ou
seja, a cada eleição, os estados elegem um senador (ou dois, nas eleições
em que o Senado tem dois terços de suas vagas em disputa). O candidato
mais votado ganha a vaga.
Em teoria, uma das vantagens do bicameralismo é evitar um excesso
e um abuso de poder por uma câmara única. Assim, enquanto os deputados
seriam mais ligados à opinião pública do momento (sendo assim mais
impulsivos e voláteis), os senadores seriam mais moderados, pois esta casa
02224759193

conteria indivíduos mais maduros e experimentados (além de terem


mandatos mais longos, ou seja, serem mais estáveis no cargo).
Desta forma, o Senado teria uma função de moderar o ímpeto da
Câmara. No caso de um Estado federalista, mais importante ainda se faz o
Senado. Isto ocorre porque no Senado existe uma paridade na
representação dos estados dentro da federação. Com isto, evita-se uma
predominância excessiva de poucos estados perante os demais.

53
(Azambuja, 2008)

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De acordo com Azambuja54:
“Em suma, na chamada câmara popular,
representa-se a nação como entidade política, tem
voz o povo de todo o país, a representação
proporcionalmente à população de cada Estado. Os
Estados populosos enviam maior número de
deputados e assim fica assegurada uma
representação na medida do número de cidadãos
ativos que conta cada circunscrição. Na outra, no
Senado, representam-se os Estados, como órgãos
formadores da União Federal. Grandes e pequenos
Estados têm todos o mesmo número de
representantes, e assegura-se assim a igual e exata
participação das unidades federadas na formação
da vontade do todo, na organização do governo
federal.”
Nos estados e nos municípios, não existe o bicameralismo. Nos
estados, o parlamento é exercido nas Assembleias Legislativas (no caso do
Distrito Federal, por meio da Câmara Distrital – que absorve as funções
legislativas de estado e município). Nos municípios, o parlamento é
exercido nas Câmaras Municipais.

Poder Judiciário

Cabe ao Poder Judiciário a função de aplicar a lei e dirimir as disputas


e conflitos entre os indivíduos, entidades e o Estado. Um Judiciário
independente, como já vimos, é imprescindível para que um Estado
Moderno possa cumprir suas funções sem oprimir os indivíduos.
Desta forma, seus membros devem gozar de diversas prerrogativas
que os permitam agirem sem interferência externa, ou seja, somente de
acordo com suas consciências. 02224759193

Dentre estas prerrogativas, as principais são:

 Vitaliciedade – assim não podem ser demitidos sem uma


sentença definitiva do próprio Judiciário;
 Inamovibilidade – desta maneira, não podem ser transferidos
para outra jurisdição sem a sua concordância. Isto evita que
magistrados sejam afastados, pelo Executivo, de questões em
que “causem problemas” ao governo ou a outros interesses;

54
(Azambuja, 2008)

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 Irredutibilidade dos vencimentos – por motivos óbvios,
esta prerrogativa evita que sejam prejudicados
financeiramente em razão de decisões judiciais não apreciadas
pelos governantes.
O órgão máximo do Poder Judiciário é o Supremo Tribunal Federal.
Este tem o papel de resguardar e interpretar a Constituição Federal e julgar
ações contra o Presidente da República e ministros de Estado, além de
servir como última instância do Poder Judiciário em diversas matérias.
Seus membros (onze juízes) são indicados pelo Presidente e
aprovados pelo Senado Federal. Estes devem ter reputação ilibada e
notável saber jurídico.
Além disso, o Judiciário conta com o Conselho Nacional de Justiça que
tem como função o controle da atuação administrativa e financeira do Poder
Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes55.
O CNJ também visa, mediante ações de planejamento, à
coordenação, ao controle administrativo e ao aperfeiçoamento do serviço
público na prestação da Justiça56.
Assim, de certa forma, o CNJ efetua um controle interno57 do
Poder Judiciário.
Além destes órgãos, o Poder Judiciário conta com: o Superior Tribunal
de Justiça - STJ, os tribunais Regionais Federais e os órgãos especializados,
como: A Justiça do Trabalho, a Justiça Militar e a Justiça Eleitoral.
Nos estados e no DF, o Poder Judiciário é exercido pelo Tribunal de
Justiça, com competência residual aos dos demais órgãos. Já os municípios
não contam, pela Constituição Federal, com o Poder Judiciário.

Ministério Público

O Ministério Público é uma instituição dinâmica de garantia e


02224759193

efetivação de direitos, pois não precisa ser provocado para atual em prol
de sua concretização58.
Esta atuação é ainda mais percebida pela sociedade no caso dos
direitos que necessitam da atuação do Estado, por meio de políticas
públicas, para sua efetivação.

55
(Costin, 2010)
56
Fonte: www.cnj.jus.br
57
(Paludo, 2010)
58
(Costin, 2010)

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No caso brasileiro, o Ministério Público ascendeu a uma posição de
destaque, pois a Constituição Federal posicionou o MP fora da estrutura de
qualquer dos poderes. Assim, não está subordinado a nenhum dos
poderes.
Dessa forma, o Ministério Público tem autonomia funcional e
administrativa asseguradas pela CF/88, e não está subordinado ao
Executivo Legislativo ou Judiciário59.
Entretanto, a CF destinou ao MP diversas garantias semelhantes aos
do Poder Judiciário. Dentre os direitos e interesses que o MP defende, entre
outros, estão60:

 Os direitos humanos;
 A democracia, os direitos políticos, a nacionalidade e o devido
processo eleitoral;
 O respeito às diferenças de etnia, sexo, crença e de condição
psicofísica;
 A correta aplicação das verbas em educação saúde e
segurança;
 O respeito à ordem econômica e aos direitos do consumidor;
 O acesso a serviços públicos de qualidade;
Além disso, o Ministério Público exerce, de certa forma, um
controle externo da Administração Pública, pois ele atua em denúncias
de improbidade administrativa (conduta antiética que fere ou se distancia
dos padrões morais admitidos61) de seus agentes, nas denúncias de crimes
cometidos por autoridades e na defesa de direitos difusos e coletivos 62.
Dentre seus instrumentos, podemos citar: o inquérito civil, a ação de
improbidade administrativa e a ação civil pública. O Ministério Público
brasileiro é formado pelos ministérios públicos estaduais, pelo Ministério
Público da União (MPU).
No Ministério Público da União, a chefia é exercida pelo Procurador-
Geral da República. Este é indicado pelo Presidente da República dentre os
02224759193

integrantes da carreira de Procurador da República e deve ser aprovado


pelo Senado Federal para um mandato de dois anos, sendo a recondução
permitida63.

59
Fonte: www.pgr.mpf.gov.br
60
Fonte: www.pgr.mpf.gov.br
61
(Matias-Pereira, Curso de Administração Pública: foco nas instituições e ações
governamentais, 2009)
62
(Paludo, 2010)
63
(Costin, 2010)

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O Ministério Público abrange64:
I - o Ministério Público da União, que compreende:
a) o Ministério Público Federal;
b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
II - os Ministérios Públicos dos Estados.
Pessoal, existe também o Ministério Público Eleitoral (MPE). O
Ministério Público pode e deve intervir no processo eleitoral em qualquer
momento, como: na inscrição dos eleitores, nas convenções partidárias, no
registro de candidaturas, nas campanhas, na propaganda eleitoral, na
votação, na diplomação dos eleitos.
O MPE não possui estrutura própria, mas uma composição mista:
membros do Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual.
Continuando, a intervenção do MP também ocorre em todas as
instâncias do Judiciário, em qualquer época (havendo ou não eleição), e
pode ser como parte (propondo ações) ou fiscal da lei (oferecendo
parecer)65.
São funções institucionais do Ministério Público66:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de
relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição,
promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para
fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta
Constituição;
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V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações


indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na
forma da lei complementar respectiva;

64
Fonte: Constituição Federal, art. n°128
65
Fonte: http://www.eleitoral.mpf.mp.br/eleitoral_new/institucional/sobre-o-mpe/
66
Fonte: Constituição Federal, art. n°129

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VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial
e a consultoria jurídica de entidades públicas.
Vamos ver uma questão recente?
31 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) 20 - Segundo a CF, são
funções institucionais do MP, EXCETO:
a) promover, privativamente, a ação penal publica, na forma da lei.
b) zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços
de relevância publica aos direitos assegurados na CF, promovendo
as medidas necessárias a sua garantia.
c) promover o inquérito civil e ação civil publica, para a proteção do
patrimônio publico e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos
d) promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para
fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos na
CF.
e) exercer a representação judicial e a consultoria jurídica de
entidades públicas.

Questãozinha simplória esta da FMP! Apenas fez um “ctrl-c e ctrl-v”


do artigo n°129 da CF-88 e alterou uma alternativa.
A letra A está correta, e se refere ao primeiro inciso do artigo n°129
da CF/88. A letra B também está certa e descreve o segundo inciso do
mesmo artigo. As letras C e D estão “repetindo” os incisos III e IV do artigo
citado.
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Entretanto, a letra E inverte o conceito do inciso IX. É vedada a


representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas pelo
Ministério Público. Esta função, no caso da União, é cumprida pela
Advocacia-Geral da União. O gabarito é a letra E.

Mudanças Institucionais Recentes.

Dentro de um contexto de esgotamento do modelo burocrático de


tipo weberiano e de uma crise fiscal que inviabilizou, na década de 90, o

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Estado interventor e desenvolvimentista, diversas inovações foram
buscadas que possibilitassem ao Estado melhor atuar em conjunto com a
sociedade e o mercado.
No Brasil, este movimento se acentuou com a introdução de práticas
e instrumentos ligados ao movimento da Nova Gestão Pública – NGP –
como o controle por resultados, uma maior preocupação com a
accountability, a busca pela avaliação de desempenho, a gestão por
competências, a publicização e a contratualização de resultados.
Na Reforma de 1995, movida por Bresser Pereira no comando do
MARE, existia um diagnóstico de que o Estado tinha sido “engessado” por
uma decisão política contida na Constituição Federal de 1988 que, na
opinião destes atores, tinha trazido um “retrocesso burocrático”. De acordo
com o PDRAE67,
“A conjunção desses dois fatores leva, na
Constituição de 1988, a um retrocesso burocrático
sem precedentes. Sem que houvesse maior debate
público, o Congresso Constituinte promoveu um
surpreendente engessamento do aparelho estatal
ao estender para os serviços do Estado e para as
próprias empresas estatais praticamente as
mesmas regras burocráticas rígidas adotadas no
núcleo estratégico do Estado. A nova constituição
determinou a perda da autonomia do Poder
Executivo para tratar da estruturação dos órgãos
públicos, instituiu a obrigatoriedade de regime
jurídico único para os servidores civis da União, dos
Estados-membros e dos Municípios, e retirou da
administração indireta a sua flexibilidade
operacional ao atribuir às fundações e autarquias
públicas normas de funcionamento idênticas às que
regem a administração direta.”
Bresser buscou inserir o Estado brasileiro dentro de uma visão mais
gerencial, com uma preocupação em redirecionar os esforços do Estado e
02224759193

fornecer ferramentas de gestão mais adequadas aos novos desafios.


Assim, foram pensados diversos novos modelos de interação do
Estado com novos atores na prestação de serviços, o chamado terceiro
setor e novas relações do Estado com o mercado, com a criação das
agências reguladoras, por exemplo.
Com a contratualização de resultados, o Estado poderia passar a
controlar a oferta de serviços públicos sem ter de necessariamente prover

67
(Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995)

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o serviço. A publicização foi, portanto, este movimento de descentralizar a
execução destes serviços para organizações privadas sem fins lucrativos.

Terceiro Setor - Paraestatais

As entidades paraestatais pertencem ao Terceiro Setor, e realizam


atividades de interesse social por meio de pessoas privadas, sem fins
lucrativos e que não integram a administração pública.
Por meio dessas entidades, o Estado poderá participar das atividades
através do financiamento e da cobrança para se atingir as metas definidas.
Apesar de existir uma confusão tremenda na definição do que
abrangeria exatamente o termo paraestatal, as bancas de concurso têm
aceitado que as paraestatais “são exclusivamente pessoas privadas, sem
fins lucrativos, que exercem atividades de interesse público, mas não
exclusivas de Estado, recebendo fomento do poder público, e que não
integram a administração pública em sentido forma68”.
Participam, portanto, das Entidades Paraestatais:

 Serviços Sociais Autônomos;


 Organizações Sociais;
 Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)
 Instituições Comunitárias de Educação Superior (ICES)
 "Entidades de Apoio"

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68
(Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014)

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Vejamos um gráfico que aponta os três setores existentes:
Primeiro
Estado
Setor
Segundo
Mercado
Setor
Entidades Paraestatais
Serviços Sociais Autônomos
Organizações Sociais (OS)
Terceiro Organizações da Sociedade Civil de
Setor Interesse Público (OSCIP)
Instituições Comunitárias de Educação
Superior (ICES)
"Entidades de Apoio"

Figura 3. Primeiro x Segundo x Terceiro Setores

Serviços Sociais Autônomos

Atenção: a maioria das questões das principais bancas quando tratam


do assunto paraestatais, questionam sobre o Sistema S, mas isso não
significa que, nas Paraestatais, só existem as entidades do Sistema S, ok?
Estas organizações são entidades privadas, que são criadas através
de autorização legislativa e após terem seus atos constitutivos registrados
no registro civil das pessoas jurídicas. Como alguns exemplos destas
entidades, podemos citar:

 Serviço Social da Indústria – SESI;


 Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC;
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 Serviço Social do Comércio – SESC;


 Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI;
 Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
SEBRAE;
 Serviço Social do Transporte;
 Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte – SENAT.
Estas paraestatais são financiadas através de contribuições
compulsórias pagas por trabalhadores sindicalizados, o que é um exemplo
de parafiscalidade tributária. Como cada entidade foca em um setor
específico (transporte, por exemplo), consegue-se alcançar benefícios para
estes grupos ou categorias profissionais. Vale lembrar de que o governo

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também direciona recursos públicos para garantir a continuidade das
atividades dessas entidades, sujeitando-se ao controle do Tribunal de
Contas da União.
Dessa forma, as atividades de cunho social, sem fins lucrativos, ou
até assistenciais, caracterizam os serviços sociais autônomos.
Normalmente, essas atividades visam atingir alguns conjuntos profissionais
ou sociais, realizando atividades de utilidade pública.
Resumindo, vamos uma vez vamos frisar que as entidades
paraestatais executam serviços de interesse e utilidade pública, mas não
são estritamente serviços públicos. Obviamente, são entidades sem fins
lucrativos. Assim sendo, os recursos que “sobrarem” (superávit) devem ser
reinvestidos nas atividades finalísticas das entidades.
De acordo com decisões do TCU, as entidades do sistema S podem
definir ritos simplificados próprios de licitação, desde que não contrariem
as regras gerais estabelecidas na Lei 8666/93. Desta forma, necessitam
sim ter um regulamento estabelecendo as regras formais e procedimentos
necessários para as compras de produtos e serviços.
Além disso, não são obrigadas por lei a realizar concurso público para
contratar pessoal69.

Organizações Sociais

As Organizações Sociais foram pensadas dentro desta lógica da


Administração Gerencial que buscava a descentralização da atuação do
Estado. Dentro do PDRAE, existia um objetivo de fortalecer o Núcleo
Estratégico do Estado e transferir atividades ou serviços não exclusivos do
Estado para organizações privadas sem fins lucrativos, ou seja, uma
transferência do setor estatal para o não estatal.
Desta maneira, estes serviços poderiam ser executados com maior
eficiência devido à maior capilaridade destas organizações e uma maior
flexibilidade. Para controlar o desempenho destas entidades e assegurar o
02224759193

bom uso dos recursos públicos empregados, seriam utilizados os contratos


de gestão entre a Administração Pública e as Organizações Sociais – OS.
Através deste contrato de gestão, o Estado definiria os objetivos e
indicadores de desempenho a serem seguidos e garantiria os recursos
necessários para a execução dos serviços70.
De certo modo, o contrato de gestão foi utilizado antes mesmo do
PDRAE. Este modelo foi introduzido no Brasil pelo governo Collor, com a

69
(Mazza, 2011)
70
(Violin, 2006)

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experiência da Rede Sarah de Hospitais71. Este instituto foi criado pela Lei
n° 8.246/91, que instituiu o Serviço Social Autônomo Associação das
Pioneiras Sociais, que assinou contrato com o Ministério da Saúde naquele
mesmo ano.
Portanto, a primeira experiência do contrato de gestão precedeu a
chamada reforma do Estado. Esta experiência da contratualização buscava,
assim, um maior desempenho através da utilização de instrumentos e
modelos mais flexíveis de gestão.
De acordo com o PDRAE, as Organizações Sociais eram definidas
como:
“O Projeto das Organizações Sociais tem como
objetivo permitir a descentralização de
atividades no setor de prestação de serviços não-
exclusivos, nos quais não existe o exercício do
poder de Estado, a partir do pressuposto que esses
serviços serão mais eficientemente realizados se,
mantendo o financiamento do Estado, forem
realizados pelo setor público não-estatal.
Entende-se por “organizações sociais” as entidades
de direito privado que, por iniciativa do Poder
Executivo, obtêm autorização legislativa para
celebrar contrato de gestão com esse poder, e
assim ter direito à dotação orçamentária.
As organizações sociais terão autonomia
financeira e administrativa, respeitadas
condições descritas em lei específica como, por
exemplo, a forma de composição de seus conselhos
de administração, prevenindo-se, deste modo, a
privatização ou a feudalização dessas entidades.
Elas \receberão recursos orçamentários, podendo
obter outros ingressos através da prestação de
serviços, doações, legados, financiamentos, etc.”
02224759193

Dentre as atividades que seriam englobadas por estas organizações,


temos: o ensino, a pesquisa científica, o desenvolvimento
tecnológico, a proteção e preservação do meio ambiente, a cultura
e a saúde72.
Estes serviços são típicos de Estado, mas não são consideradas
atividades exclusivas de Estado. Assim, como são atividades de interesse

71
(Torres, 2007)
72
(Paludo, 2010)

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público que estarão sendo executadas pelas OSs, não podemos considera-
las como concessionárias ou permissionárias73.
As OSs são, portanto, entidades privadas sem fins lucrativos que
celebram contrato de gestão com a administração pública para práticas de
atividades de interesse social ou de utilidade pública.
O termo Organização Social, na verdade, é uma qualificação a uma
pessoa jurídica já existente, podendo assumir forma de associação ou de
fundação. Após a criação formal de uma determinada instituição, ela pode
solicitar ao Ministério a qualificação como entidade não estatal, a absorção
de atividades com o contrato de gestão e a denominação como entidade:
Organização Social.
Entretanto, cabe lembrar que esta qualificação pelo Ministério
é um ato discricionário, ou seja, depende da avaliação de conveniência
e oportunidade. Assim, este órgão não é obrigado a aceitar o pedido de
qualificação pela organização.
A Lei que introduziu este novo modelo de instituição foi a n°
9.637/98. Nesta lei, está prevista a transferência de recursos
orçamentários às OSs. Também prevê a transferência de bens públicos
necessários ao funcionamento da OS por meio da permissão de uso,
dispensando a licitação.
Além disso, o setor público pode até ceder servidores para a OS (com
ônus para a origem, ou seja, para o Estado). Assim, ocorreria uma situação
“polêmica” de um servidor custeado pelo Estado prestar serviços para uma
organização privada.
Estas organizações não precisariam seguir precisamente a Lei
8666/93 – Lei de Licitações e Contratos – mas deveriam estabelecer algum
regulamento próprio para a compra de serviços, produtos e contratação de
obras com a utilização de recursos públicos.
Na verdade, há obrigatoriedade em licitar quando as OS’s
contratarem bens e serviços utilizando recursos repassados pela União,
desde que estes bens e serviços NÃO estiverem previstos no contrato de
gestão. Agora, se houver previsão do objeto no contrato de gestão,
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a licitação é dispensável.
Quando foi dito "regulamento" anteriormente, a ideia é de que a OS
não poderá, a bel prazer, sair gastando os recursos repassados pela União.
Ela deverá estabelecer algumas regras a serem seguidas.
Resumindo: as OS devem seguir a Lei de Licitações e Contratos
quando, por meio de recursos repassados pela União, adquirirem bens e
serviços que não estiverem previstos no contrato de gestão. Se houver essa

73
(Mazza, 2011)

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previsão, a licitação é dispensada e a OS se valerá de regras estabelecidas
para efetivar a compra de produtos, serviços e a contratação de obras, ok?
Um ponto muitas vezes cobrado em concursos é exatamente a
flexibilidade das Organizações Sociais frente à Administração Direta.
Evidentemente, as OSs são mais flexíveis do que a Administração Pública.
Entretanto, estas organizações “perdem” flexibilidade ao se tornarem
Organizações Sociais, pois devem se enquadrar em determinadas
condições (como os regulamentos de compras acima citados) e prestar
contas dos recursos públicos aos órgãos de controle. Assim, estas
organizações reduzem sua autonomia e flexibilidade ao se
tornarem OSs.
Entretanto, a OS não conseguiu escapar do “contingenciamento” dos
recursos orçamentários – como “sofrem” os órgãos da Administração Direta
– pois na lei está estabelecido:
“São assegurados às OSs os créditos previstos no
orçamento e as respectivas liberações financeiras,
de acordo com o cronograma de desembolso
previsto no contrato de gestão.”
Desta forma, este fato, somado ao questionamento do modelo pela
oposição no STF, acabou dificultando a abertura de muitas Organizações
Sociais no plano federal. As OSCIPs, que veremos a seguir, acabaram
tomando o lugar anteriormente imaginado para as OSs.
Só mais um detalhe: contingenciar não significa "cortar" gastos
literalmente. Contingenciar significa submeter a OS aos limites
orçamentários para o empenho de despesas, assim como aos limites
financeiros. Dessa forma, esses limites são uma forma de programação
orçamentária e financeira que visa ampliar o controle de uso do erário
público frente às receitas
Resumindo, a Lei n° 9.637/98 dispõe que o contrato de gestão
firmado servirá para gerar uma parceria entre o Estado e a entidade
qualificada com o intuito de fomentar e executar atividades de ensino,
pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, proteção e preservação
02224759193

do meio ambiente, cultura e saúde.


Esse fomento se dá por meio de envio de recursos orçamentários,
assim como a cessão de servidores, com ônus para o órgão de origem, e a
permissão gratuita de uso de bens públicos garantida por cláusula expressa
no contrato de gestão, sendo a licitação dispensada.
Por fim, cabe lembrar de que haverá fiscalização da execução do
contrato de gestão por uma comissão de avaliação dentro do órgão ou da
entidade do poder público responsável pela supervisão. Caso haja qualquer
ilegalidade ou irregularidade quanto ao uso do erário público, o Tribunal de
Contas da União deverá ser notificado para tomar as providencias cabíveis.

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Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)

As OSCIPs – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público –


não estavam previstas no PDRAE. Estas foram depois introduzidas pela Lei
n° 9.790/99 dentro de um contexto de busca de uma atuação do Estado
em rede e em parcerias com a sociedade.
Estas devem desempenhar atividades de interesse público com
auxílio do Estado dentro de áreas como:

 Assistência social;
 Promoção da Cultura, do Patrimônio Histórico e Artístico;
 Educação gratuita;
 Promoção gratuita da saúde;
 Segurança alimentar;
 Meio ambiente;
 Trabalho voluntário;
 Combate à pobreza etc.
A Lei também relaciona atividades que não podem ser utilizadas para
que uma pessoa jurídica sem fins lucrativos possa se qualificar como
OSCIP, senão vejamos:
“Art. 2o Não são passíveis de qualificação como Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
qualquer forma às atividades descritas no art. 3o desta Lei:
I - as sociedades comerciais;
II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de
categoria profissional;
III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de
credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
fundações; 02224759193

V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens


ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e
assemelhados;
VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
mantenedoras;
VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e
suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;
X - as cooperativas;

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XI - as fundações públicas;
XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito
XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de
vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da
Constituição Federal”.
De acordo com Di Pietro74, a diferença principal entre as OSs e as
OSCIPs é que as primeiras recebem “delegação” para prestar serviços
públicos enquanto as OSCIPs exercem atividade privada com a ajuda do
Estado. De acordo com a autora75:
“Trata-se, no caso, de real atividade de fomento, ou
seja, de incentivo à iniciativa privada de interesse
público. O Estado não está abrindo mão do serviço
público (tal como ocorre na organização social) para
transferi-lo à iniciativa privada, mas fazendo
parceria, ajudando, cooperando com entidades
privadas que, observados os requisitos legais, se
disponham a exercer as atividades indicadas no
artigo 3°, por se tratar de atividades que, mesmo
sem a natureza de serviços públicos, atendem
necessidades coletivas.”
Ao contrário das Organizações Sociais, que formalizam um contrato
de gestão do o Estado, as OSCIPs firmam um termo de parceria. De
acordo com a Lei 9.790/99:
“o termo de parceria é o instrumento passível de
ser firmado entro o Poder Público e as entidades
qualificadas como Organizações da Sociedade Civil
de Interesse Público, destinado à formação de
vínculo de cooperação entre as partes, para o
fomento e a execução das atividades de interesse
público previstas em lei.”
Este termo de parceria deve conter os objetivos a serem alcançados,
as metas e prazos relativos a estes objetivos, os critérios para a avaliação,
02224759193

a previsão de receitas e despesas e as obrigações das OSCIPs76.


Para se qualificar como OSCIP, uma instituição deve ser qualificada
como pessoa jurídica sem fins lucrativos, ou seja, não pode distribuir
lucros, rendas ou dividendos entre seus sócios ou associados.
A qualificação como OSCIP é concedida pelo Ministério da Justiça
(e não o Ministério da área em que a OSCIP atua, como o Ministério da

74
(Di Pietro, 2007) apud (Paludo, 2010)
75
(Di Pietro, 2005) apud (Torres, 2007)
76
(Paludo, 2010)

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Educação, por exemplo) como ato vinculado. Assim, preenchendo os
requisitos necessários a qualificação é devida, não devendo ser feita análise
de oportunidade e conveniência pela Administração.
Entretanto, ainda que a qualificação como OSCIP seja um ato
vinculado, a assinatura do termo de parceria com o Ministério da
área fim é um ato discricionário.
A princípio, a assinatura deste termo de parceria deve ser precedida
de uma consulta aos Conselhos de Políticas Públicas das áreas
correspondentes de atuação existentes, nos respectivos níveis de governo.
Cabe aqui lembrar que uma ONG – Organização Não Governamental
– não é o mesmo que uma OSCIP. Uma OSCIP pode ser considerada uma
ONG, pois não é parte do Estado, mas nem toda ONG é qualificada como
OSCIP. Existem muitas ONGs (como o MST, por exemplo) que nem têm
uma existência formal, ou seja, não existem oficialmente – não são
registradas em cartório etc.
Assim como ocorreu no caso das organizações sociais, o marco legal
das OSCIPs não criou uma nova categoria de pessoa jurídica, mas gerou
uma possibilidade de organizações do setor privado se qualifiquem como
organizações da sociedade civil de interesse público, desde que certos
requisitos sejam cumpridos77.
Uma grande diferença entre as OSs e as OSCIPS se enquadra na
forma de financiamento pelo Estado. Ao contrário das OSs, que dispõem de
recursos inseridos no Orçamento da União, as OSCIPs recebem recursos de
forma mais esporádica, através dos termos de parceria78.
Além disso, o modelo institucional e legal das OSCIPs não foi
questionado legalmente como foi o das Organizações Sociais. Assim, estas
têm sido muito mais ativas, com milhares de casos em funcionamento no
país atualmente.
Pessoal, o Decreto 3.100, de 1999, que regulamenta a Lei instituidora
do Termo de Parceria, dispôs, em seu artigo 16, que “é possível a vigência
simultânea de um ou mais Termos de Parceria, ainda que com o
mesmo órgão estatal, de acordo com a capacidade operacional da
02224759193

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público”.


O Decreto vedou que se celebre Termo de Parceria com alguma
OSCIP que tenha, em suas relações anteriores com a União, incorrido em
pelo menos uma das seguintes condutas:

 omissão no dever de prestar contas;

77
(Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado, 2009)
78
(Torres, 2007)

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 descumprimento injustificado do objeto de convênios,
contratos de repasse ou termos de parceria;
 desvio de finalidade na aplicação dos recursos transferidos;
 ocorrência de dano ao Erário;
 prática de outros atos ilícitos na execução de convênios,
contratos de repasse ou termos de parceria.
Outro aspecto importante é a possibilidade de uma OSCIP remunerar
os dirigentes da entidade, desde que esta remuneração seja realmente uma
contraprestação aos serviços efetivamente efetuados e que estejam de
acordo com os valores praticados no mercado de trabalho da região.
Da mesma forma que uma OS, as OSCIPs devem constituir, em um
prazo de 30 dias após a qualificação, um regulamento próprio contendo os
procedimentos para compras de obras, bens e serviços com os recursos
públicos obtidos com a parceria.
Atenção para um detalhe: a OSCIP, ao contratar obras, compras,
serviços com previsão de repasse de erário pela União no termo de
parceria, deverá realizar licitação pública. Além disso, após o Decreto n°
5.504/2005, tanto OSs como OSCIPs foram obrigadas a utilizar a
modalidade do pregão em suas compras de bens e serviços comuns.
No entanto, não há equivalência às OSs quanto à dispensa de licitação
quando o poder público quiser contratar bens ou serviços presentes no
termo de parceria de uma OSCIP. Isto é, não há dispensa de licitação para
a contratação de OSCIP pelo poder público, ok?
Abaixo, podemos ver algumas características das Organizações
Sociais – OS – e das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público
– OSCIP:

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OS OSCIP
Foram idealizadas para substituir órgãos
Não foram idealizadas para substituir os
do Estado, que seriam extintos e as
órgãos existentes do Estado.
atividades "absorvidas" pela OS.

Firma um contrato de gestão Firma um termo de parceria

Qualificação é um ato discricionário Qualificação é um ato vinculado

Deve conter em seu conselho de Não existe uma exigência de


administração membros do Poder participação de membros do Poder
Público Público

Figura 4 - Diferenças entre OS e OSCIP

Instituições Comunitárias de Educação Superior (ICES)

Em 2013, foi publicada a Lei no 12.881, que dispõe sobre a definição,


qualificação, prerrogativas e finalidades das Instituições Comunitárias de
Educação Superior – ICES, limitando-se a “estipular as exigências para a
obtenção de tal qualificação e, sobretudo, a disciplinar o instrumento
(termo de parceria) apto a viabilizar o fomento estatal a essas entidades
02224759193

privadas integrantes do terceiro setor”79.


A outorga da qualificação de ICES é ato vinculado desde que os
requisitos estipulados na Lei sejam respeitados, podendo escolher ser
considerada entidade de interesse social ou de utilidade pública.
Dentre os requisitos, têm-se: a previsão, no seu estatuto, de normas
que disponham sobre a adoção de práticas de gestão administrativa;
a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, a
participação de representantes dos docentes, estudantes e técnicos

79
(Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado, 2014)

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administrativos em órgãos colegiados acadêmicos deliberativos da
instituição, normatização de prestação de contas, com observância dos
princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de
Contabilidade, da publicidade do relatório de atividades e das
demonstrações financeiras da entidade no encerramento do exercício fiscal,
da prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública.
O Ministério da Educação qualifica a instituição com ICES por meio de
um certificado. A emissão do certificado é ato vinculado desde que se
cumpra todos os requisitos e o interessado apresentar a documentação
exigida por completo no requerimento. O MEC tem 30 (trinta) dias para
deferir ou não o pedido formulado. Caso defira, a publicação do ato se ará
em até 15 (quinze) dias. Por fim, o prazo para que se emita o certificado
também será de 15 (quinze) dias.
No entanto, se o pedido for indeferido, o MEC notificará sua decisão
por meio de publicação no Diário Oficial da União, e a instituição poderá em
até 30 (trinta) dias recorrer.
As ICES fornecerão programas de extensão e ação comunitária
voltados à formação e desenvolvimento dos alunos e ao desenvolvimento
da sociedade. Vale ressaltar que essas ICES devem oferecer serviços
gratuitos à população, na proporção dos recursos captados pelo poder
público.
Logo no artigo primeiro da Lei, pode-se notar que, dentre as
características que uma ICES deve apresentar, têm-se: possuir
personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, além de
obedecer a exigência de ser constituída na forma de associação ou
fundação.
Para possuírem o status de ser “sem fins lucrativos”, uma ICES não
pode distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, nem
aplicar integralmente no País os seus recursos na manutenção dos seus
objetivos institucionais, nem manter escrituração de suas receitas e
despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua
exatidão. 02224759193

Caso, uma ICES venha a se extinguir, seu patrimônio deverá ser


destinado a uma outra do mesmo gênero ou uma instituição pública.
Vimo que o instrumento utilizado para firmar um vínculo entre uma
ICES e o poder público é o termo de parceria, não é verdade? O que vocês
não podem esquecer é de que esse termo de parceria não substitui as
modalidades de ajuste, acordo e convênio previstos na legislação. Logo, no
que couber um desses institutos, não poderá haver substituição pelo termo
de parceria.
O Termo de Parceria celebrado após consulta aos Conselhos de
Políticas Públicas da área educacional, nos respectivos níveis de governo,
deve conter todos os direitos, as responsabilidades e as obrigações das
partes signatárias.
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As cláusulas essenciais do Termo de Parceria firmado entre uma ICES
e o poder público são listadas no § 2o do artigo 7o da Lei:

Cláusulas Essenciais do Termo de Parceria as que se referem:

ao objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho;


à estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de execução
ou cronograma;
à previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados,
mediante indicadores de resultado;
à previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento, estipulando item
por item as categorias contábeis usadas pela organização e o detalhamento das remunerações
e benefícios de pessoal a serem pagos, com recursos oriundos ou vinculados ao Termo de
Parceria, a seus diretores, empregados e consultores;
às obrigações da Instituição Comunitária de Educação Superior, entre as quais a de apresentar
ao poder público, ao término de cada exercício, relatório sobre a execução do objeto do Termo
de Parceria, contendo comparativo específico das metas propostas com os resultados
alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente
realizados;
à publicação, na imprensa oficial do Município, do Estado ou da União de extrato do Termo de
Parceria e de demonstrativo da sua execução física e financeira, sob pena de não liberação dos
recursos previstos no Termo de Parceria.

Figura 5. Cláusulas essenciais nos Termos de Parceira.

Por fim, a Lei não menciona nada sobre fiscalização de uma ICES pelo
TCU, ou pelo controle interno do poder público. Entretanto, cabe lembrar
da nossa CF/88 que, por sei a Lei Maior, determina tal controle quando
envolver repasse de recursos públicos, como ocorre em casos como esses.

Entidades de Apoio

Entidades de apoio são as “pessoas jurídicas de direito privado,


sem fins lucrativos, instituídas por servidores públicos, porém em nome
próprio, sob forma de fundação, associação ou cooperativa, para a
02224759193

prestação, em caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do


Estado, mantendo vínculo jurídico com entidades da administração direta
ou indireta, em regra por meio de convênios80”.
Pessoal, esse é um caso de entidades paraestatais ainda não
regulamentado por completo. Escrevo dessa forma, pois não há uma lei
geral que regulamente as entidades de apoio como um todo. Há apenas a
Lei no 8.958, de 1994, que dispõe sobre um tipo de entidade de apoio,
isto é, trata das relações entre as Instituições Federais de Ensino

80
(Di Pietro, 2009) apud (Alexandrino & Paulo, Direito Administrativo Descomplicado,
2014)

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Superior (IFES) e de Pesquisa Científica e Tecnológica (ICTs) com as
fundações de apoio.
No entanto, em primeiro lugar, o que se deve ter em mente nesses
casos em que não há dispositivo legal é a noção de que eles se enquadram
na obrigação de cumprimento das regras de direito público direcionadas a
qualquer um que aufere ou gerencie recursos públicos, ok?
Voltando à Lei no 8.958, de 1994, veremos que ela só trata de um
tipo de entidades de apoio, que é a fundação. As outras espécies
(associação ou cooperativa), que mantém o vínculo jurídico por meio de
convênios, não foram ainda reguladas. Ademais, os convênios de que trata
esta Lei serão regulamentados por ato do Poder Executivo Federal. Então,
vamos comentar um pouco essa Lei?
Já no artigo primeiro, observa-se que as IFES e as demais ICTs,
poderão celebrar convênios e contratos, por prazo determinado, com
fundações instituídas com a finalidade de apoiar projetos de ensino,
pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e
tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e
financeira necessária à execução desses projetos.
As fundações de apoio serão constituídas na forma de fundações de
direito privado, sem fins lucrativos, e deverão observar os princípios
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
economicidade e eficiência.
Essas fundações estarão sujeitas à fiscalização pelo Ministério
Público, nos termos do Código Civil e do Código de Processo Civil; à
legislação trabalhista; e ao prévio registro e credenciamento no
Ministério da Educação e do Desporto e no Ministério da Ciência e
Tecnologia, renovável bienalmente.
Um caso curioso autorizado pela Lei estudada é o fato de
organizações sociais e entidades privadas poderem realizar
convênios e contratos, por prazo determinado, com as fundações de
apoio, com a finalidade de dar apoio às IFES e às demais ICTs,
inclusive na gestão administrativa e financeira dos projetos de ensino,
02224759193

pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e


tecnológico e estímulo à inovação. Isso, claro, depois de haver
anuência expressa das instituições apoiadas.
As fundações de apoio adotarão regulamento específico de
aquisições e contratações de obras e serviços, a ser editado por meio
de ato do Poder Executivo federal, quando executarem convênios,
contratos, acordos e demais ajustes abrangidos por esta Lei, inclusive
daqueles que envolvam recursos provenientes do poder público.
Nesses casos, isto é, onde houver execução de convênios, contratos,
acordos e demais ajustes, as fundações de apoio deverão: prestar contas
dos recursos aplicados aos entes financiadores; submeter-se ao controle
de gestão pelo órgão máximo da Instituição Federal de Ensino ou similar
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da entidade contratante; submeter-se ao controle finalístico pelo órgão
de controle governamental competente.
É possível, inclusive, que as fundações de apoio captem recursos
financeiros essenciais à formação e à execução dos projetos de pesquisa,
desenvolvimento e inovação, sem ingresso na Conta Única do Tesouro
Nacional. Isso, claro, desde que haja concordância expressa das
instituições apoiadas.
Vejamos, agora, o que é proibido a essas fundações de apoio:
I - contratar cônjuge, companheiro ou parente, em linha reta ou
colateral, por consanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau, de:
a) servidor das IFES e demais ICTs que atue na direção das
respectivas fundações; e
b) ocupantes de cargos de direção superior das IFES e demais ICTs
por elas apoiadas;
II - contratar, sem licitação, pessoa jurídica que tenha como
proprietário, sócio ou cotista:
a) seu dirigente;
b) servidor das IFES e demais ICTs; e
c) cônjuge, companheiro ou parente em linha reta ou colateral, por
consanguinidade ou afinidade, até o terceiro grau de seu dirigente ou de
servidor das IFES e demais ICTs por elas apoiadas; e
III - utilizar recursos em finalidade diversa da prevista nos projetos
de ensino, pesquisa e extensão e de desenvolvimento institucional,
científico e tecnológico e de estímulo à inovação.
A Lei também veda que as IFES e ICTs paguem débitos contraídos
pelas instituições contratadas de acordo com esse instrumento jurídico.
Também, não caberá a IFES ou ICTs, a qualquer título, a responsabilidade
sobre o pessoal contratado pelas fundações de apoio, até mesmo quando
se utilizar o pessoal da instituição.
Por fim, a Lei garante que as fundações de apoio poderão, por meio
02224759193

de instrumento legal próprio, utilizar-se de bens e serviços das IFES e


demais ICTs apoiadas, pelo prazo necessário à elaboração e execução do
projeto de ensino, pesquisa e extensão e de desenvolvimento institucional,
científico e tecnológico e de estímulo à inovação, mediante ressarcimento
previamente definido para cada projeto, e desde que seja no cumprimento
das finalidades citadas.
Entretanto, nos projetos que envolvam risco tecnológico, para
solução de problema técnico específico ou obtenção de produto ou processo
inovador, o uso de bens e serviços das IFES ou demais ICTs poderá ser
contabilizado como contrapartida da instituição ao projeto, mediante
previsão contratual de participação da instituição nos ganhos econômicos

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dele derivados. Neste caso, o ressarcimento previsto poderá ser
dispensado, desde que haja justificativa circunstanciada constante no
projeto a ser aprovado pelo Conselho Superior das IFES ou órgão
competente nas demais ICTs.
Vamos ver algumas questões agora?
32 - (ESAF – SMF-RJ / FISCAL DE RENDAS - 2011) Sobre a
organização da administração pública brasileira, é correto afirmar
que:
a) por serem qualificadas como autarquias de natureza especial, as
agências reguladoras integram a administração direta.
b) ao contrário do que ocorre em relação às autarquias, a lei não
cria empresas públicas, apenas autoriza sua instituição.
c) agências reguladoras e agências executivas são categorias de
entidades pertencentes à administração indireta.
d) a Constituição Federal veda, aos municípios, a criação de
autarquias.
e) no âmbito federal, as empresas públicas subordinam-se,
hierarquicamente, aos ministérios a que se vinculem.

A alternativa está errada, pois as agências reguladoras pertencem à


Administração Indireta e não à Direta. Já a letra B está perfeita e é o
gabarito. Já a letra C tem uma pegadinha! Tanto as agências reguladoras
quanto as agências executivas são espécies e não categorias de entidades
da Administração Indireta.
Na letra D, não existe esta vedação na CF/88. A letra E também está
errada, pois as empresas públicas não estão hierarquicamente
subordinadas aos ministérios, somente vinculadas. O gabarito é mesmo a
letra B.

33 - (ESAF – MTE / AUDITOR - 2010) Um consórcio público, com


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personalidade jurídica de direito público, composto por alguns


municípios, pelos respectivos governos estaduais e pela União,
integra:
a) nos municípios e nos estados, a administração direta; na União,
a administração indireta.
b) nos municípios, nos estados e na União, a administração indireta.
c) nos municípios, a administração direta; nos estados e na União,
a administração indireta.
d) nos municípios, nos estados e na União, a administração direta.

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e) nos municípios e nos estados, a administração indireta; na União,
a administração direta.

Atualmente, os consórcios públicos são classificados como pertencentes à


Administração Indireta, em qualquer ente federativo. Assim, o gabarito é a
letra B.

34 - (ESAF – RFB / AUDITOR – 2009) Sobre a organização do Estado


brasileiro, é correto afirmar que:
a) administrativamente, os municípios se submetem aos estados, e
estes, por sua vez, submetem-se à União.
b) quando instituídas, as regiões metropolitanas podem gozar de
prerrogativas políticas, administrativas e financeiras diferenciadas
em relação aos demais municípios do estado.
c) quando existentes, os territórios federais gozam da mesma
autonomia político-administrativa que os estados e o Distrito
Federal.
d) o Distrito Federal é a capital federal.
e) embora, por princípio, todos os entes federados sejam
autônomos, em determinados casos, os estados podem intervir em
seus municípios.

A letra A está errada, pois os entes federativos são autônomos, ou


seja, não existe hierarquia entre eles. A letra B está também errada, pois
as regiões metropolitanas não gozam destas prerrogativas. O mesmo
ocorre com a letra C, pois os territórios não contam com esta autonomia.
A letra D é uma “pegadinha” conhecida. A capital federal é Brasília e
não o Distrito Federal. Já a letra E está perfeita e é o nosso gabarito.
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35 - (CESPE - TCU / ACE - 2009) O Estado, quando celebra termo


de parceria com organizações da sociedade civil de interesse
público (OSCIPs), abre mão de serviço público, transferindo-o à
iniciativa privada.

Quando o Estado transfere um serviço público para uma OSCIP, não


transfere a titularidade do serviço público. O que ocorre é a transferência
da execução do serviço, mas a titularidade continua nas mãos da
Administração Pública.
Só existe uma transferência de titularidade do serviço público quando
a Administração faz uma descentralização por outorga. Neste caso a

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titularidade é repassada para uma entidade da Administração Indireta (e
não da iniciativa privada). Desta maneira, o gabarito é questão errada.

36 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2006) As organizações sociais


podem receber legalmente recursos orçamentários e bens públicos
necessários ao cumprimento do contrato de gestão.

Perfeito. As Organizações Sociais podem sim receber recursos,


materiais e até servidores públicos para o funcionamento das OSs.
Cabe lembrar que este modelo foi criado com a intenção de
transformar certas autarquias e fundações em organizações não estatais.
Como estas instituições já existiam, teriam de “levar” seus bens na
transição.
Esta transformação seria muito difícil ocorrer sem esta ajuda inicial
do setor público. Portanto, o gabarito é questão correta.

37 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2006) Segundo o plano diretor


da reforma do aparelho do Estado, o terceiro setor é entendido
como aquele de atuação simultânea do Estado e da sociedade civil
na execução de atividades de interesse público ou social não-
exclusivas do Estado. São entidades do terceiro setor, por exemplo,
as autarquias qualificadas como agências executivas, por meio de
contrato de gestão, após o qual estão autorizadas a executar
atividades mais eficientes de interesse público.

Entidades do terceiro setor são aquelas que nem são enquadradas


como parte do Estado nem podem ser consideradas como parte do
“mercado”. Estas podem ser as Organizações Sociais ou as Organizações
da Sociedade Civil de Interesse Público.
Uma agência executiva é apenas uma autarquia ou fundação que
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firmou um contrato de gestão (como objetivos pactuados em troca de maior


autonomia). Ou seja, continua fazendo “parte” do Estado, não deixa de ser
um ente estatal.
Desta maneira, o gabarito é questão errada.

38 - (CESPE – TRE-BA / ANALISTA – 2010) Os contratos de gestão


são instrumentos modernos que possibilitam maior autonomia em
algumas agências do governo.

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Beleza. A busca pela contratualização se insere mesmo nesta troca
de maior autonomia aos gestores por maior desempenho. O gabarito é
questão correta.

39 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) A qualificação como organização


da sociedade civil de interesse público (OSCIP), atribuível às
pessoas jurídicas de direito privado, requer que tais organizações
não tenham fins lucrativos ou que, tendo-os, elas não distribuam
os resultados aos seus dirigentes e os apliquem preferencialmente
na consecução do respectivo objeto social.

Negativo. Para que uma entidade seja qualificada como uma OSCIP,
deve sim ser caracterizada como uma entidade privada sem fins lucrativos.
Assim, não podem transferir lucros e dividendos aos seus dirigentes.
Evidentemente, se as receitas superarem as despesas, o excesso
deve ser investido da mesma atividade, não configurando lucro. O gabarito
é questão errada.

40 - (CESPE – AGU / ADVOGADO - 2009) As entidades de apoio são


pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, que podem
ser instituídas sob a forma de fundação, associação ou cooperativa,
tendo por objeto a prestação, em caráter privado, de serviços
sociais não exclusivos do Estado. Tais entidades mantêm vínculo
jurídico com a administração pública direta ou indireta, em regra,
por meio de convênio. Por sua vez, os serviços sociais autônomos
são entes paraestatais, de cooperação com o poder público,
prestando serviço público delegado pelo Estado.

Esta questão está errada, pois os serviços sociais autônomos (ou


entes paraestatais) não prestam serviços públicos delegados pelo Estado.
Estas paraestatais executam atividades não exclusivas de interesse público.
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O gabarito é questão errada.

41 - (CESPE – TJ-DF / ANALISTA - 2008) O uso indiscriminado da


expressão terceiro setor acabou por tornar o conceito
demasiadamente abrangente, fazendo que nele se possam
enquadrar todos os modelos de entidades que não se incluam no
conceito do primeiro setor, o Estado, e do segundo setor, o
mercado.

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O conceito de terceiro setor é o que os especialistas chamam de
conceito “guarda-chuva”, ou seja, acaba englobando diversos significados.
Tudo o que não se pode enquadrar como mercado ou Estado acaba sendo
qualificado como terceiro setor.
Portanto, tanto as ONGs quanto as Organizações Sociais são
classificadas, por exemplo, como entidades do terceiro setor. O gabarito é
questão correta.

Conselhos

Os conselhos estão inseridos neste contexto de busca por uma maior


participação popular nas decisões do Estado. De certa forma, é um esforço
de se sair de uma democracia estritamente representativa, em que só
temos um “momento” de participação nos temas públicos (a eleição) para
outro modelo de uma democracia mais “direta”.
Este movimento de criação de “arenas” em que a participação da
sociedade seja mais levada em consideração também serve para aumentar
a accountability, no caso do tipo societal.
Esta accountability societal refere-se ao controle exercido pela
sociedade civil, muitas vezes representada por ONGs, sindicatos e
associações. Estas instituições, em busca de denunciar abusos e
desmandos dos agentes públicos, além de propor mudanças em
determinadas políticas públicas, exercem uma pressão legítima sobre a
Administração Pública.
Além disso, estas instituições buscam, com este tipo de pressão e de
denúncia, alertar os “canais normais” de controle, como o Ministério Público
e o Tribunal de Contas da União, por exemplo.
De acordo com Smulovitz e Peruzzotti81:
“um mecanismo de controle não-eleitoral, que
emprega ferramentas
02224759193

institucionais e não
institucionais (ações legais, participação em
instâncias de monitoramento, denúncias na mídia,
etc.) e que se baseia na ação de múltiplas
associações de cidadãos, movimentos, ou mídia,
objetivando expor erros e falhas do governo, trazer
novas questões para a agenda pública ou
influenciar decisões políticas a serem
implementadas pelos órgãos públicos.”

81
(Smulovitz e Peruzzotti, 2000) apud (Carneiro, 2006)

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De acordo com Carneiro82, os Conselhos de Políticas Públicas, em que
o Estado e a sociedade participam de forma paritária, são exemplos desta
accountability societal, pois possibilitam a participação popular na
condução das políticas públicas e, portanto, no funcionamento do Estado.
De acordo com a autora:
“os conselhos apontam para uma nova forma de
atuação de instrumentos de accountability
societal, pela capacidade de colocar tópicos na
agenda pública, de controlar seu desenvolvimento
e de monitorar processos de implementação de
políticas e direitos, através de uma
institucionalidade híbrida, composta de
representantes do governo e da sociedade civil.”
Desta maneira, estes conselhos agem como contraponto às práticas
clientelistas e patrimonialistas arraigadas em diversas regiões de nosso
país. De acordo com Raichelis83:
“Pela sua composição paritária entre
representantes da sociedade civil e do governo,
pela natureza deliberativa de suas funções e como
mecanismo de controle social sobre as ações
estatais, pode-se considerar que os Conselhos
aparecem como um constructo institucional que se
opõe à histórica tendência clientelista,
patrimonialista e autoritária do Estado brasileiro”
Estes conselhos podem atuar nas áreas de: saúde, assistência social,
meio ambiente, cultura etc.

Agência Reguladora

A crise do petróleo (anos 70) e o baixo crescimento econômico da


02224759193

década de 80 trouxeram dificuldades crescentes para que os Estado


pudessem manter os gastos relativos aos serviços públicos que a população
demandava e, ao mesmo tempo, induzir o crescimento da economia
através de empresas estatais cada vez mais deficitárias.
Com esse cenário, muitos Estados iniciaram um conjunto de reformas
pró-mercado. Estas reformas buscaram transferir para o mercado diversos
setores antes administrados pelo Estado, objetivando um aumento de

82
(Carneiro, 2006)
83
(Raichelis , 2000)

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eficiência destes mercados e uma recuperação da situação fiscal destes
governos.
No caso brasileiro, o Estado tinha criado centenas de empresas
estatais e estas tinham uma participação muito grande na economia
nacional. Desde siderúrgicas até empresas têxteis, o Estado estava
presente em diversos ramos e atuava diretamente na dinâmica de
crescimento.
Entretanto, o governo brasileiro não detinha mais uma capacidade de
investir nestas empresas. Com isso, estas foram se deteriorando e não
“agregavam mais valor”.
Além disso, o Estado era visto como ineficiente e a gestão pública
seria, naquela época, um empecilho a estas empresas se desenvolverem e
serem competitivas com as instituições privadas, seja no Brasil, seja no
mundo.
Assim, ocorreu um processo formal de privatização destas empresas
estatais. Empresas como a Embraer, a CSN e a Vale do Rio Doce foram
transferidas para o setor privado. Entretanto, muitas empresas atuavam
em áreas em que o Estado era anteriormente monopolista ou que
prestavam serviços públicos, como o caso das empresas fornecedoras de
telefonia e eletricidade.
Se estas empresas ficassem “livres” para atuar da maneira que
quisessem, poderiam deixar de ofertar estes serviços em regiões pobres,
cobrar valores abusivos, deixar a qualidade do serviço cair, além de não
investir o que seria necessário para a universalização dos serviços.
De acordo com Sundfeld84:
“se o Estado abdicasse totalmente do poder de
interferir na prestação de serviços públicos
privatizados e na correspondente estrutura
empresarial, correria o risco de assistir,
passivamente, ao colapso de setores essenciais
para o país, como o setor elétrico e o de
telecomunicações. O Estado necessita, ainda,
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impedir práticas anticoncorrenciais, o que não


pode, de forma nenhuma, ser deixado ao encargo
da “mão invisível” do mercado. Existe, também, a
necessidade de proteção dos interesses dos
usuários e de assegurar a universalização dos
serviços públicos, possibilitando que eles sejam
prestados aos milhões de excluídos existentes no
Brasil.”

84
(Sundfeld, 2000) apud (Alexandrino & Paulo, Direito administrativo descomplicado,
2009)

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Para que estes problemas não viessem a ocorrer, estes novos
operadores privados deveriam ser regulados de alguma forma. Outro
aspecto importante se relaciona com a atração de investimentos privados
de longo prazo.
Muitos destes ramos econômicos (eletricidade, por exemplo)
dependem de investimentos intensivos em capital (volume grande de
dinheiro em um momento inicial) e só são “pagos” no longo prazo. Portanto,
deve existir uma forte segurança jurídica e uma confiança destes
empresários e investidores na manutenção da “regra do jogo”, ou seja, no
marco regulatório do setor.
Para que exista uma confiança maior na capacidade da agência
reguladora de manter as regras do jogo e atuar com imparcialidade
nas disputas entre o Estado, os consumidores e os investidores
buscou-se um modelo que desse maior autonomia para estas
agências.
Estas buscaram equilibrar os interesses privados (respeito aos
contratos, estabilidade de regras, lucratividade etc.) com os interesses
públicos (universalização do serviço, preços adequados, aumento dos
investimentos etc.), de modo que a sociedade como um todo fosse
beneficiada.
Desta forma, o Estado deixou de ser o Estado provedor ou produtor
para entrar em outro modelo: o Estado regulador. Se a Administração
Pública não iria mais executar o trabalho diretamente, deveria acompanhar
o trabalho destes novos operadores privados, para que a qualidade do
serviço efetivamente melhorasse e que as margens de lucro fossem
mantidas em níveis razoáveis.
Para isto, foram criadas as Agências Reguladoras. Estas organizações
foram criadas como autarquias de regime especial. Entre suas principais
características, pode-se citar85:

 Independência administrativa;
 Autonomia financeira; 02224759193

 Ausência de subordinação hierárquica;


 Dirigentes que servem por mandatos fixos com prazo
determinado;
 Obedecendo ao princípio da especialidade, seus atos não
podem ser revistos ou alterados pelo Poder Executivo, apenas
pelo Judiciário.
Quanto a essa última característica, vale um comentário rápido: há
dúvidas se cabe, ou não, recurso do Executivo para as Agências

85
(Torres, 2007)

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Reguladoras, o chamado hierárquico impróprio, indo de encontro ao
princípio da especialidade citado.
Um parecer da AGU, de 2006, prevê a aceitação do recurso
hierárquico impróprio. No entanto, este só cabe quando uma autarquia de
regime especial praticar um ato administrativo que invada a competência
de um Ministro de Estado. Dessa forma, só cabe o recurso em matérias de
caráter político, e não em matérias especificamente técnicas, ok?
Não se preocupem muito com o recurso hierárquico impróprio, ok?
Só citei aqui por ser motivo de algumas dúvidas de alunos.
Continuando, ao contrário das demais autarquias e fundações, em
que seus dirigentes podem ser exonerados livremente pelo chefe do Poder
Executivo, os dirigentes das autarquias estão “blindados” contra
exonerações sem motivo justificado (esta só pode ocorrer com um processo
judicial transitado em julgado).
Além disso, estes dirigentes já sabem que ficarão no cargo por um
tempo determinado (que varia de três anos no caso da ANVISA a cinco anos
no caso da ANATEL)86.
Seus dirigentes são escolhidos pelo Presidente da República e devem
ser aprovados em sabatina no Senado Federal. Quando seus mandatos são
encerrados, os ex-dirigentes devem cumprir uma quarentena antes de
poder atuar no mesmo ramo em que a agência de regulação funciona.
Entretanto, essa quarentena não deverá ser observada se o ex-
dirigente for exonerado a pedido e estiver dentro do prazo de seis meses
do início do seu mandato. Vejamos o que fala a Lei 9.986, de 2000, que
dispõe sobre a gestão de recursos humanos das Agências Reguladoras:
“Art. 8o O ex-dirigente fica impedido para o
exercício de atividades ou de prestar qualquer
serviço no setor regulado pela respectiva
agência, por um período de quatro meses,
contados da exoneração ou do término do seu
mandato. 02224759193

§1o Inclui-se no período a que se refere o caput


eventuais períodos de férias não gozadas.
§ 2o Durante o impedimento, o ex-dirigente ficará
vinculado à agência, fazendo jus a remuneração
compensatória equivalente à do cargo de direção
que exerceu e aos benefícios a ele inerentes.
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo ao ex-
dirigente exonerado a pedido, se este já tiver

86
(Mazza, 2011)

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cumprido pelo menos seis meses do seu
mandato.
§ 4o Incorre na prática de crime de advocacia
administrativa, sujeitando-se às penas da lei, o ex-
dirigente que violar o impedimento previsto neste
artigo, sem prejuízo das demais sanções cabíveis,
administrativas e civis.
§ 5o Na hipótese de o ex-dirigente ser servidor
público, poderá ele optar pela aplicação do disposto
no § 2o, ou pelo retorno ao desempenho das
funções de seu cargo efetivo ou emprego público,
desde que não haja conflito de interesse.”.

As primeiras agências reguladoras a serem criadas foram: a ANEEL


(energia elétrica) em 1996, a ANATEL (telecomunicações) em 1997 e a ANP
(setor do Petróleo) também em 1997.
Entretanto, não existe ainda uma “lei geral” das agências
reguladoras, pois cada uma tem certas peculiaridades. Apesar disso,
existem certas características comuns, como uma alta capacidade técnica
de especialização, serem instituídas como autarquias sob regime especial
e regularem um setor de atividade econômica ou um serviço público
específico.
Cabe aqui lembrar que, apesar das agências reguladoras serem
identificadas com o processo de privatização, a regulação não existe apenas
nas áreas em que existiu a desestatização.
Existem setores que não foram transferidos para a iniciativa privada
(como a área de Petróleo, por exemplo) que é regulada. Da mesma forma,
existem setores que nunca foram operados pelo Estado que sofrem
regulação (como o setor de “planos de saúde”) por estarem em áreas
sensíveis.
Além disso, existem setores da economia que são regulados por
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entidades não enquadradas neste “modelo” de agências reguladoras, como


o mercado de capitais – regulado pela Comissão de Valores Mobiliários –
CVM.
Outro exemplo é o do Banco Central, que é o órgão regulador do
sistema financeiro nacional, bem como do CADE – Conselho Administrativo
de Defesa Econômica, que tem a função de orientar, fiscalizar, prevenir e
apurar abusos de poder econômico.

Agência Executiva

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As agências executivas foram uma inovação trazida também pela
reforma gerencial de 1995. A ideia seria a de, através da celebração de um
contrato de gestão, fornecer maior autonomia e flexibilidade de gestão para
autarquias e fundações desde que se comprometessem com determinadas
metas e objetivos pactuados.
De acordo com a Lei 9.649/98, em seu artigo n°51:
“O Poder Executivo poderá qualificar como Agência
Executiva a autarquia ou fundação que tenha
cumprido os seguintes requisitos:
I – ter um plano estratégico de reestruturação e de
desenvolvimento institucional em andamento;
II – ter celebrado Contrato de Gestão com o
respectivo Ministério supervisor.”
Portanto, uma agência executiva é apenas uma qualificação
concedida à uma autarquia ou fundação pública já existente, que firme um
contrato de gestão possibilitando o aumento de sua autonomia gerencial,
orçamentária e financeira87.
Esse reconhecimento de agência executiva se dá por meio de
Decreto, garantindo uma maior autonomia de gestão àquelas entidades. A
desqualificação também se dará por meio desse instrumento. Nesse caso,
a entidade volta a ser uma autarquia ou fundação “normal”, com suas
competências, caso haja descumprimento dos requisitos previstos tanto no
contrato de gestão quanto em lei.
O tempo de duração de um contrato de gestão será de, no mínimo,
um ano, podendo ser renovado após aprovação de uma avaliação a qual se
submeterá sobre os resultados auferidos.
Vejamos, no gráfico abaixo, quais cláusulas de um contrato de gestão
devem existir para que uma autarquia ou fundação pública se qualifique
como uma agência executiva:

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87
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Cláusulas que tratem de:

objetivos e metas da entidade, com seus respectivos planos de ação anuais, prazos de consecução
e indicadores de desempenho;
demonstrativo de compatibilidade dos planos de ação anuais com o orçamento e com o
cronograma de desembolso, por fonte;
responsabilidades dos signatários em relação ao atingimento dos objetivos e metas definidos,
inclusive no provimento de meios necessários à consecução dos resultados propostos;
medidas legais e administrativas a serem adotadas pelos signatários e partes intervenientes com a
finalidade de assegurar maior autonomia de gestão orçamentária, financeira, operacional e
administrativa e a disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros imprescindíveis ao
cumprimento dos objetivos e metas;
critérios, parâmetros, fórmulas e conseqüências, sempre que possível quantificados, a serem
considerados na avaliação do seu cumprimento;
penalidades aplicáveis à entidade e aos seus dirigentes, proporcionais ao grau do descumprimento
dos objetivos e metas contratados, bem como a eventuais faltas cometidas;
condições para sua revisão, renovação e rescisão;
vigência.

Figura 6. Cláusulas indispensáveis em um contrato de gestão que qualifique autarquia ou fundação pública em agência
executiva.

Entre as vantagens concedidas a estas agências, poderiam utilizar a


dispensa de licitação para compras de até 20% do valor máximo admitido
para a modalidade convite, ao invés de 10% para o resto da Administração
Pública.
Infelizmente, este modelo não evoluiu muito, pois como os benefícios
aos órgãos não ficaram muito claros e a falta de clareza dos objetivos a
serem atingidos não favoreceu sua disseminação na Administração Pública.
Dentre os casos de agências executivas, temos o INMETRO – Instituto
Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial. Veja abaixo
uma comparação entre as agências reguladoras e as agências executivas:
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Agências Executivas Agências Reguladoras

Visam operar atividades públicas Visam o controle e fiscalização de


através da descentralização; setores privados;

Existem somente no âmbito Existem em todas as esferas:


federal; União, estados e municípios;

São órgãos e entes públicos São autarquias com regime


qualificados como agências. especial.

Figura 7 - Diferenças entre agências executivas e reguladoras. Fonte: (Mazza, 2011)

Cabe lembrar que o artigo n°37 da Constituição Federal abre a


possibilidade de um órgão da própria Administração Pública assinar um
contrato de gestão e ser qualificado como agência executiva.
De certa forma, seria uma situação “esquisita”, pois o Poder Público
estaria assinando um “contrato” com si mesmo.
Vamos ver mais questões agora?
42 - (ESAF - RFB / AFRFB - 2014) - Em se tratando dos Consórcios
públicos, Terceiro Setor e o disposto na Instrução Normativa
SLTI/MP n. 02 de 2008, é correto afirmar:
a) a lei que rege os consórcios públicos prevê dois tipos de
contratos a serem firmados pelos entes consorciados: o contrato de
rateio e o contrato de cooperação.
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b) o serviço deverá ser executado obrigatoriamente pelos


cooperados, vedando-se qualquer intermediação, quando se tratar
da contratação de cooperativas.
c) o terceiro setor compreende as entidades da sociedade civil de
fins públicos e lucrativos coexistindo com o primeiro setor, que é o
Estado, e o segundo setor, que é o mercado.
d) é vedado ao consórcio público a possibilidade de ser contratado
pela administração direta ou indireta dos entes da Federação
consorciados, com dispensa de licitação.
e) no caso de extinção do consórcio público, os entes consorciados
responderão subsidiariamente pelas obrigações remanescentes,

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até que haja decisão que indique os responsáveis por cada
obrigação.

A letra A está errada, pois a Lei prevê a possibilidade de os entes


consorciados celebrem entre si: contrato de gestão ou termo de
parceria. Além disso, a lei também define outros tipos de contrato:
contratos de rateio, contratos de programa, entre outros instrumentos.
A letra B está correta e é o gabarito da questão. Essa letra B é bem
intuitiva, e mesmo que o candidato não soubesse, bastaria um pouco de
bom senso para respondê-la, pois claro que não é permitido repassar a
execução do contrato firmado, uma vez que são intuitu personae.
A letra C está errada, pois não existe entidade com fins lucrativos o
terceiro setor.
A letra D está errada, pois cabe sim a dispensa de licitação ao ser
contratado pela administração direta e indireta dos entes consorciados.
A letra E está errada, pois não responderão subsidiariamente, e, sim,
solidariamente pelas obrigações remanescentes, até que haja decisão que
indique os responsáveis por cada obrigação. Dessa forma, o gabarito é letra
D.

43 - (ESAF - CGU / AFC - 2008) Segundo o Plano Diretor de Reforma


do Aparelho do Estado de 1995, instituiu-se novos modelos
organizacionais visando à modernização da gestão da
administração pública: agências executivas e agências reguladoras.
Selecione, do ponto de vista conceitual, a opção correta.
a) Agências reguladoras são criadas por determinação do
Presidente da República.
b) As atividades das agências executivas são definidas por Lei pelo
Congresso Nacional.
c) Agências reguladoras estão sujeitas à mudança de governo.
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d) A finalidade das agências executivas é prestar serviços públicos


exclusivos do Estado.
e) Os dirigentes das agências reguladoras são de livre nomeação e
exoneração do Presidente da República.

A letra A está errada, pois estas são criadas através de Lei. No caso
da letra B, a qualificação das agências executivas ocorre com a assinatura
do contrato de gestão.

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A letra C está equivocada, pois seus dirigentes servem por prazo fixo
e não podem ser exonerados sem uma justificativa. Este processo de
exoneração deve ser transitado em julgado.
O Gabarito é a letra D. De acordo com o PDRAE:
“Objetivos para as Atividades Exclusivas:
- Transformar as autarquias e fundações que
possuem poder de Estado em agências
autônomas, administradas segundo um contrato
de gestão; o dirigente escolhido pelo Ministro
segundo critérios rigorosamente profissionais, mas
não necessariamente de dentro do Estado, terá
ampla liberdade para administrar os recursos
humanos, materiais e financeiros colocados à sua
disposição, desde que atinja os objetivos
qualitativos e quantitativos (indicadores de
desempenho) previamente acordados;
- Para isto, substituir a administração pública
burocrática, rígida, voltada para o controle a priori
dos processos, pela administração pública
gerencial, baseada no controle a posteriori dos
resultados e na competição administrada.
- Fortalecer práticas de adoção de mecanismos que
privilegiem a participação popular tanto na
formulação quanto na avaliação de políticas
públicas, viabilizando o controle social das
mesmas.”
Finalmente, a letra E está errada, pois como vimos os dirigentes não
podem ser exonerados livremente e a nomeação destes deve passar por
uma sabatina no Senado Federal. O gabarito da questão é mesmo a letra
D.

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44 - (ESAF - CGU / AFC - 2008) No âmbito da Reforma do Aparelho


do Estado de 1995, foram previstas instituições privadas, sem fins
lucrativos com finalidade pública. A qualificação de uma
organização por meio de Termo de Parceria, por sua iniciativa,
visando ao fortalecimento da esfera pública não estatal e o
aumento do estoque de capital social são características inerentes
a...................Escolha a opção correta.
a) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.
b) Organizações não-Governamentais.
c) Organizações Sociais.
d) Organizações Sociais de Classe.

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e) Organizações a Serviço do Interesse Público.

As entidades do terceiro setor que firmam Termos de Parceria com a


Administração Pública são as Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público – OSCIPs.
Estas entidades atuam em parceira com o Poder Público em
atividades não exclusivas do Estado. Desta maneira, o gabarito é a letra A.

45 - (ESAF - CGU / AFC - 2006) O Plano Diretor da Reforma do


Aparelho do Estado de 1995, introduz novos entes na administração
pública brasileira. À luz deste Plano, indique a opção correta.
a) As Agências Executivas visam estabelecer regras de controle
para o mercado dos serviços terceirizados.
b) As Agências Reguladoras se destinam a executar atividades
típicas de Estado, por meio de entes públicos não-estatais.
c) A finalidade da Organização Social de Interesse Público (OSCIP)
é produzir bens e serviços para o mercado consumidor.
d) Os conselhos são órgãos do Ministério Público, constituídos de
autoridade hierárquica e poder deliberativo junto ao Congresso.
e) A finalidade das Organizações Sociais (OS) é exercer serviços
não-exclusivos do Estado por meio de contratos de gestão.

A banca inverteu os dois primeiros conceitos, pois quem deve regular


os setores privatizados são as agências reguladoras, ao passo que as
agências executivas, de acordo com o PDRAE, devem executar atividades
exclusivas do Estado.
A letra C também está errada, pois as OSCIPs não podem exercer
atividade com fins lucrativos voltados para o mercado. Estas devem exercer
atividades de interesse público. 02224759193

Os conselhos são organizações que se prestam a participação


popular, e não são órgãos do Ministério Público. Entretanto, a letra E está
perfeita e é o nosso gabarito.

46 - (FCC – MPE-SE / ANALISTA - 2009) As denominadas


Organizações Sociais e as Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público - OSCIPs
a) são entidades privadas, cuja atuação é subsidiária à atuação
pública no fomento a atividades comerciais e industriais.

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b) pertencem originalmente ao setor privado e, após receberem a
correspondente qualificação, passam a ser consideradas entidades
públicas.
c) integram a estrutura da Administração, como entidades
descentralizadas, atuando em setores essenciais, porém não
exclusivos do Estado, tal como saúde e educação.
d) são entidades do setor privado que, após receberem a
correspondente qualificação, passam a atuar em colaboração com
a Administração, podendo receber recursos orçamentários.
e) são entidades do setor privado, declaradas por lei como de
interesse público, que gozam de privilégios fiscais.

A primeira alternativa está errada, pois não é permitida às OSCIPs a


participação em atividades comerciais, ou seja, que tenham a finalidade de
lucro.
A letra B também está equivocada, pois estas organizações, mesmo
depois de qualificadas, não passam a integrar o Estado. Ou seja, não se
tornam entidades públicas – continuam Pessoas Jurídicas de Direito
Privado.
O mesmo ocorre na Letra C, pois estas organizações não integram a
estrutura do Estado – são entes não estatais. Entretanto, a letra D está
correta. Estas organizações, após se qualificarem, passam a receber
recursos do Estado e atuam em parceria com este.
Por fim, a letra E também está errada, porque estas entidades não
gozam de privilégios fiscais. O gabarito, portanto, é mesmo a letra D.

47 - (FCC – PGE/RJ – AUDITOR – 2009) O controle social é


entendido como a participação do cidadão na gestão pública, na
fiscalização, no monitoramento e no controle das ações da
Administração Pública. Trata-se de importante mecanismo de
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prevenção da corrupção e de fortalecimento da cidadania. Dentre


os principais mecanismos de controle social instituído nos três
níveis da federação, a partir da Constituição Federal de 1988, estão
(A) as Centrais de Atendimento do Cidadão.
(B) os Conselhos Gestores.
(C) as Controladorias Gerais.
(D) as Assembleias Populares.
(E) as Comissões Paritárias.

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Dentre as opções descritas na questão, a alternativa que se refere ao
controle social é a dos conselhos gestores das políticas públicas. O gabarito
é a letra B.

48 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) O Serviço Social do


Comércio, exemplo de entidade de direito privado que atua em
colaboração com o Estado, apesar de ter sido criado por lei, não
integra a administração indireta.

O Serviço Social, entidade do terceiro setor, que atua por


Colaboração, não integra a Administração Indireta, como as Autarquias,
Fundações de Direito Público, Sociedade de Economia Mista e Empresas
Públicas, e muito menos, a Administração Pública Direta. Gabarito,
portanto, questão correta.

49 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) Os municípios, assim como


os estados-membros, poderão ter sua administração indireta, em
razão da autonomia a eles conferida pela CF.

A autonomia que a nossa Carta Magna confere aos municípios


encontra-se no artigo 18, senão vejamos:
“Art. 18. A organização político-administrativa da
República Federativa do Brasil compreende a União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
todos autônomos, nos termos desta
Constituição”.
Logo, a partir dessa autonomia, os municípios poderão ter sua
Administração Direta e Indireta. Esta deverá estar vinculada àquela,
exercendo suas atividades administrativas de modo descentralizado.
O gabarito, dessa forma, é questão correta.
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50 - (CESPE - TC-DF – TÉCNICO – 2014) Ao contrário das empresas


públicas, em que o regime de pessoal é híbrido, sendo permitida a
vinculação de agentes tanto sob o regime celetista quanto sob o
estatutário, nas sociedades de economia mista, o vínculo jurídico
que se firma é exclusivamente contratual, sob a égide da
Consolidação das Leis do Trabalho.

O regime de pessoal das empresas públicas não é híbrido, pois não


se admite haver dois regimes ao mesmo tempo, como o estatutário e o
celetista.

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As empresas públicas, assim como as sociedades de economia mista
possuem regime celetista, o que torna o gabarito ser questão errada.

51 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) Em virtude do princípio da


reserva legal, a criação dos entes integrantes da administração
indireta depende de lei específica.

Vejamos que que o inciso XIX do artigo 37 da CF/88 dispõe a respeito


da reserva legal sobre a criação dos entes integrantes da administração
indireta:
“Art. 37. A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
(...)
XIX - somente por lei específica poderá ser criada
autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação”.

O comando da questão fala que a criação “depende” de lei específica.


Isto é verdade. Só não se esqueçam de que para as Autarquias, basta a lei
específica para que haja a sua criação. Enquanto as demais, a lei específica
autoriza a sua criação que se concretizará com o registro dos atos
constitutivos no Registro Civil de Pessoal Jurídica.
Só mais um detalhe: levem para a prova que a as fundações também
podem ser instituídas por lei específica, como as autarquias, denominando-
se, portanto, de “autarquias fundacionais” ou “fundações autárquicas”.
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Desse modo, o gabarito é questão correta.

52 - (CESPE - TJ-CE – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2014) A respeito de


organização administrativa, assinale a opção correta.
a) As organizações sociais são pessoas jurídicas de direito público
que celebram contrato de gestão com o poder público para a
prestação de serviços públicos de natureza social.
b) São consideradas agências executivas as autarquias, fundações,
empresas públicas e sociedades de economia mista que

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apresentam regime jurídico especial que lhes concede maior
autonomia em relação ao ente federativo que as criou.
c) Os consórcios públicos sob o regime jurídico de direito público
são associações públicas sem personalidade jurídica criadas para a
gestão associada de serviços públicos de interesse de mais de um
ente federativo.
d) Tratando-se de órgão público, a competência é irrenunciável e
intransferível.
e) As autarquias são entidades criadas pelos entes federativos para
a execução atividades que requeiram gestão administrativa e
financeira descentralizada, porém, o ente federativo continuará
titular do serviço, sendo responsável, dessa forma, pelos atos
praticados pela autarquia.

Questão tranquila. De cara, vocês marcam a letra D, gabarito da


questão. A letra A está errada, pois as OSs possuem personalidade jurídica
de direito privado.
Apenas as autarquias e fundações públicas podem se qualificar com
agências executivas, conforme comando da Lei 9.649/98, desde que
cumpridos requisitos como: ter um plano estratégico de reestruturação e
de desenvolvimento institucional em andamento; ter celebrado Contrato de
Gestão com o respectivo Ministério supervisor. Logo, a letra B também está
errada.
Esse item pode ser respondido com a leitura do artigo 60 da Lei
11.107/2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios
públicos, senão vejamos:
“Art.6o. O consórcio público adquirirá personalidade
jurídica:
I – de direito público, no caso de constituir
associação pública, mediante a vigência das leis de
ratificação do protocolo de intenções;
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II– de direito privado, mediante o atendimento


dos requisitos da legislação civil.
§ 1o O consórcio público com personalidade jurídica
de direito público integra a administração
indireta de todos os entes da Federação
consorciados”.
Dessa forma, os consórcios públicos de direito público são
classificados como pertencentes à Administração Indireta, em qualquer
ente federativo. Letra C, portanto, errada.

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Na descentralização por outorga, como é a que ocorre nos casos de
criação de uma autarquia, Lei específica cria a entidade e a titularidade e a
execução do serviço público são transferidas para a nova pessoa jurídica.
Dessa forma a letra E está errada e o gabarito da questão é mesmo a letra
D.

53 - (CESPE - MEC – TODOS OS CARGOS – 2014) Ao consórcio


público — é vedado firmar convênios, contratos e acordos de
qualquer natureza, receber auxílios, contribuições e subvenções
sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos do governo.

Voltando à Lei 11.107, de 2005, os consórcios públicos poderão,


SIM, firmar convênios, contratos, acordos de qualquer natureza,
receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas
de outras entidades e órgãos do governo.
Também poderão promover desapropriações e instituir servidões nos
termos de declaração de utilidade ou necessidade pública, ou interesse
social, realizada pelo Poder Público nos termos do contrato de consórcio de
direito público; e ser contratado pela administração direta ou indireta dos
entes da Federação consorciados, dispensada a licitação. Gabarito,
portanto, questão errada.

54 - (CESPE – CÂMARA DOS DEPUTADOS – ANALISTA LEGISLATIVO


– 2014) As autarquias só podem ser criadas por lei.

Questão correta. As autarquias só podem ser criadas por lei, e esta


deverá ser específica. Gabarito, realmente, questão correta.

55 - (CESPE - MTE - CONTADOR – 2014) As OSCIPs podem cooperar


com o poder público prestando serviços intermediários de apoio a
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organizações sem fins lucrativos e a órgãos da administração


pública que atuem em áreas similares àquelas em que desenvolvem
suas atividades, sendo-lhes vedado executar diretamente projetos,
programas e planos de ação.

Questão pode ser respondida com a leitura do parágrafo único da Lei


9.790, de 1999, que dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de
direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil
de Interesse Público, senão vejamos:
“Art. 3o A qualificação instituída por esta Lei,
observado em qualquer caso, o princípio da

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universalização dos serviços, no respectivo âmbito
de atuação das Organizações, somente será
conferida às pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais tenham
pelo menos uma das seguintes finalidades:
I - promoção da assistência social;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do
patrimônio histórico e artístico;
III - promoção gratuita da educação, observando-
se a forma complementar de participação das
organizações de que trata esta Lei;
IV - promoção gratuita da saúde, observando-se a
forma complementar de participação das
organizações de que trata esta Lei;
V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
VI - defesa, preservação e conservação do meio
ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
VII - promoção do voluntariado;
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e
social e combate à pobreza;
IX - experimentação, não lucrativa, de novos
modelos sócio-produtivos e de sistemas
alternativos de produção, comércio, emprego e
crédito;
X - promoção de direitos estabelecidos, construção
de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de
interesse suplementar;
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos
direitos humanos, da democracia e de outros
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valores universais;
XII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de
tecnologias alternativas, produção e divulgação de
informações e conhecimentos técnicos e científicos
que digam respeito às atividades mencionadas
neste artigo.
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, a
dedicação às atividades nele previstas configura-se
mediante a execução direta de projetos,
programas, planos de ações correlatas, por
meio da doação de recursos físicos, humanos e

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financeiros, ou ainda pela prestação de serviços
intermediários de apoio a outras organizações sem
fins lucrativos e a órgãos do setor público que
atuem em áreas afins”.

Dessa forma, as atividades previstas às OSCIPs podem ser feitas por


meio de execução direta de projetos, programa, planos de ações correlatos.
Gabarito, portanto, questão errada.

56 - (CESPE - MTE - CONTADOR – 2014) Os consórcios públicos são


constituídos por meio de ato editado pelo chefe do Poder Executivo
dos entes federativos consorciados.

O consórcio público não será constituído por meio de ato editado pelo
chefe do Poder Executivo dos entes federativos consorciados, e sim por
contrato cuja celebração só ocorrerá após prévia subscrição de protocolo
de intenções. Dessa forma, o gabarito é questão errada.

57 - (CESPE - MTE - CONTADOR – 2014) A retirada de um dos entes


federativos que integra um consórcio público desconstitui todo esse
consórcio e implica a extinção das obrigações já constituídas, como
os contratos de programa.

Conforme a Lei no 11.107, de 2005, a retirada dependerá de ato


formal, não prejudicando as obrigações já constituídas, inclusive os
contratos de programa. Gabarito, desse modo, questão errada.

58 - (CESPE - PGE-BA - PROCURADOR – 2014) Desde que presentes


a relevância e urgência da matéria, a criação da autarquia pode ser
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autorizada por medida provisória, devendo, nesse caso, ser


providenciado o registro do ato constitutivo na junta comercial
competente.

Uma autarquia SÓ pode ser criada mediante lei específica, sem


necessidade de registro em junta comercial competente. Medida provisória
não pode criar autarquia, ok? Dessa forma, o gabarito é questão errada.

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Lista de Questões Trabalhadas na Aula.

1 - (CESPE - TCE-AC / ANALISTA - 2006) Aumentar a governança do Estado


significa aumentar sua capacidade administrativa de gerenciar com
efetividade e eficiência, voltando-se a ação dos serviços do Estado para o
atendimento ao cidadão.

2 - (ESAF – CGU / AFC – 2004) O desafio do Estado brasileiro pressupõe


uma tarefa de transformação que exige a redefinição de seus papéis,
funções e mecanismos de funcionamento interno. Este processo impõe
novas exigências à sociedade como um todo. Assinale a opção correta entre
as seguintes afirmações sobre governança.
a) A governança consiste na própria autoridade política ou legitimidade
possuída pelo Estado para apresentar à sociedade civil e ao mercado um
amplo projeto para determinada nação.
b) A governança é composta das condições sistêmicas nas quais se edifica
um projeto de Estado e sociedade.
c) A governança visa não apenas superar a crise do Estado e do seu
aparelho, mas também cooperar na superação do atual quadro social
persistente em nosso país.
d) As principais fontes e origens da governança são os cidadãos e a
cidadania organizada.
e) A governança é a capacidade que um determinado governo tem para
formular e implementar as suas políticas, ou seja, os aspectos adjetivos/
instrumentais da governabilidade.

3 - (ESAF – CGU / AFC – 2004) Assinale como verdadeira (V) ou falsa (F)
as definições sobre a Governabilidade, relacionadas a seguir:
( ) A governabilidade refere-se às próprias condições substantivas /
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materiais de exercício do poder e de legitimidade do Estado e do seu


governo, derivadas da sua postura diante da sociedade civil e do mercado.
( ) A governabilidade é a autoridade política do Estado em si, entendida
como a habilidade que este tem para agregar os múltiplos interesses
dispersos pela sociedade e apresentar-lhes um objetivo comum.
( ) A fonte e a origem da governabilidade são as leis e o poder legislativo,
pois é ele que garante a estabilidade política do Estado, por representar
todas as unidades da Federação e os diversos segmentos da sociedade.
( ) A fonte da governabilidade são os agentes públicos ou servidores do
Estado que possibilitam a formulação / implementação correta das políticas
públicas.

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( ) A governabilidade é o apoio obtido pelo Estado às suas políticas e à sua
capacidade de articular alianças e coalizões para viabilizar o projeto de
Estado e sociedade a ser implementado.
Escolha a opção correta.
a) V, F, V, V, F
b) F, V, F, V, V
c) V, V, F, F, V
d) V, F, V, F, F
e) F, F, V, F, V

4 - (CESPE – TCU / PLANEJAMENTO – 2008) A governabilidade diz respeito


às condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o exercício do
poder, tais como as características do sistema político, a forma de governo,
as relações entre os poderes e o sistema de intermediação de interesses.

5 - (CESPE – MDS / TÉCNICO – 2006) O termo governabilidade está


associado às condições políticas de gestão do Estado, enquanto governança
refere-se às condições administrativas de gestão do aparelho estatal.

6 - (CESPE – SERPRO / GESTÃO EMPRESARIAL – 2008) As demandas


recorrentes por políticas públicas são aquelas não resolvidas ou mal
resolvidas. Quando se acumulam sem uma solução satisfatória,
dependendo de sua duração e gravidade, podem levar a crises de
governabilidade que, no limite, chegam a provocar rupturas institucionais.

7 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) Com relação à governança na


Administração Pública, assinale a alternativa Incorreta.
A) Governabilidade diz respeito ao exercício do poder e de legitimidade do
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Estado e do seu governo.


B) Governabilidade é a capacidade que determinado governo tem para
formular e implementar as suas políticas.
C) O grau de governança democrática de um Estado independe do quantum
de accountability existente na sociedade.
D) A fonte direta da governança não são os cidadãos ou a cidadania
organizada em si mesma, mas um prolongamento desta, ou seja, são os
próprios agentes públicos ou servidores do Estado que possibilitam a
formulação e a implementação adequada das políticas públicas e
representam a face deste diante da sociedade civil e do mercado, no setor
de prestação de serviços diretos ao público.

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E) Uma boa governança pública está apoiada em 4 princípios: relações
éticas; conformidade, em todas as suas dimensões, transparências; e
prestação responsável de contas.

8 - (FCC – TRE/MS – ANAL ADM – 2007) Considere as afirmativas abaixo.


I. É o conjunto de condições necessárias ao exercício do poder.
II. É a capacidade do governo de implementar as decisões tomadas.
III. Compreende a forma de governo, relações entre os poderes, sistema
partidário e equilíbrio entre as forças políticas de oposição e situação.
IV. Diz respeito à capacidade de decidir.
V. Envolve arranjos institucionais pelos quais a autoridade é exercida de
modo a viabilizar as condições financeiras e administrativas indispensáveis
à execução das decisões que o governo toma.
Correspondem ao conceito de governança APENAS:
(A) I e II.
(B) III e IV.
(C) II e III.
(D) II e V.
(E) IV e V.

9 - (ESAF – CGU / AFC – 2012) O surgimento de um conceito como o de


governança supõe uma mudança na forma de atuar do poder público.
Assinale abaixo com que tipo de ações esta mudança está relacionada.
a) Ações que garantam, por parte do poder público, com amplo respaldo
popular.
b) A definição de políticas públicas universais.
c) Modificar as relações entre o Estado e a Sociedade Civil para dividir as
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responsabilidades na execução das políticas públicas.


d) Ações que permitam governar de forma cooperativa, com instituições
públicas e não públicas, participando e cooperando na definição e execução
das políticas públicas.
e) Ações que garantam o controle dos processos políticos, por parte do
poder público, com medidas periódicas de prestação de contas aos
cidadãos.

10 - (ESAF – CGU / AFC – 2006) Assinale se as frases a seguir são


verdadeiras (V) ou falsas (F).

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( ) Os conceitos de governabilidade e governança estão intimamente
relacionados entre si e com a reforma do Estado.
( ) Os conceitos de governabilidade e governança não estão relacionados
entre si e nem com a reforma do Estado.
( ) Por governança se entende a capacidade de governar derivada da
legitimidade do Estado e do seu governo com a sociedade civil.
( ) Por governabilidade se entende a legitimidade de um determinado
governo junto à sociedade para empreender mudanças.
( ) Por governança se entende a capacidade técnica, financeira e gerencial
de implementar políticas públicas.
( ) Por accountability se entende a capacidade do Estado em formular e
implementar políticas públicas e atingir metas.
Escolha a opção correta.
a) F, V, V, V, F, F
b) V, F, V, F, F, V
c) F, V, F, F, V, V
d) V, F, F, V, V, F
e) F, V, F, V, V, V

11 - (ESAF – AFRF – 2009) Sobre o tema ‘governabilidade, governança e


accountability’, assinale a opção incorreta.
a) A accountability visa a fortalecer o controle social e político, em
detrimento do controle burocrático.
b) Governança pode ser entendida como um modelo horizontal de relação
entre atores públicos e privados no processo de elaboração de políticas
públicas.
c) O conceito de governança possui um caráter mais amplo que o conceito
de governabilidade. 02224759193

d) As parcerias público-privadas (PPPs) constituem um exemplo de


coordenação de atores estatais e não estatais, típico da governança.
e) A governabilidade refere-se mais à dimensão estatal do exercício do
poder.

12 - (ESAF – SEFAZ-SP - AUDITOR – 2009) Considerado fundamental à


governança no setor público, o processo pelo qual as entidades públicas e
seus responsáveis devem prestar contas dos resultados obtidos, em função
das responsabilidades que lhes foram atribuídas por delegação de poder,
denomina-se:

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a) Transparência.
b) Integridade.
c) Equidade.
d) Responsabilidade Fiscal.
e) Accountability.

13 - (ESAF – MTE - AUDITOR – 2010) Assinale a opção correta.


a) As eleições e o voto são mecanismos de accountability horizontal.
b) Uma alta demanda social por accountability afeta, negativamente, a
capacidade de governança.
c) Sem legitimidade, não há como se falar em governabilidade.
d) Instâncias responsáveis pela fiscalização das prestações de contas
contribuem para o desempenho da accountability vertical.
e) Uma boa governabilidade garante uma boa governança.

14 - (CESPE – ABIN – OFICIAL - 2010) A notícia institucional pode ser


utilizada como ferramenta para o exercício da accountability em
organizações públicas, privadas e do terceiro setor.

15 - (CESPE – TRE-BA – ANALISTA - 2010) O conceito de accountability


implica a transparência das ações e práticas governamentais que passam
a ter mais visibilidade e ser do conhecimento das pessoas em geral,
portanto, representa ferramenta de combate à corrupção.

16 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) Com relação ao conceito de


accountability, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A accountability é um conceito cujos contornos são bastante imprecisos;
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no entanto, há certo consenso de que se refere, basicamente, à prestação


de contas da Administração Pública e dos agentes públicos perante a
sociedade.
b) A accountability vertical é caracterizada por uma relação entre desiguais,
seja pelo controle de baixo para cima ou pelo controle de cima para baixo.
c) A accountability horizontal é caracterizada por uma relação entre iguais,
realizada principalmente pelos instrumentos de checks and balances, da
vigilância recíproca entre os poderes autônomos do Estado.
d) A accountability social abarca formas de controle exercidas pelos meios
de comunicação e por organizações não governamentais (ONGs).
e) O voto é um típico mecanismo de accountability horizontal.

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17 - (FCC – BAHIAGAS – ADMINISTRADOR – 2010) Accountability é


(A) a relação de legitimidade e autoridade do Estado e do seu governo com
a sociedade.
(B) o reconhecimento que tem uma ordem política, dependente das crenças
e das opiniões subjetivas, e seus princípios são justificações do direito de
mandar.
(C) o conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os decisores
governamentais a prestarem contas dos resultados de suas ações,
garantindo-se maior transparência e a exposição das políticas públicas.
(D) a capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias
instituições.
(E) a aquisição e centralização de poder do setor público na administração
das agências, por meio dos princípios de governança corporativa do setor
privado.

18 - (ESAF – MPOG / EPPGG – 2002) Um Estado é caracterizado por quatro


elementos: povo, território, governo e independência.

19 - (ESAF – CGU / AUDITORIA - 2008) Indique a opção que completa


corretamente as lacunas das frases a seguir:
Há três modos pelos quais historicamente se formam os Estados: Os modos
______________ em que a formação é inteiramente nova, o Estado nasce
diretamente da população e do país; os modos _____________, quando a
formação se produz por influências externas e os modos ______________,
quando vários Estados se unem para formar um novo Estado ou quando
um se fraciona para formar um outro.
a) originários – derivados – secundários
b) derivados – contratuais – originários
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c) contratuais – derivados – naturais


d) naturais – originários – derivados
e) secundários – naturais – originários

20 - (ESAF – MPOG / EPPGG - 2008) A formação do Estado moderno, entre


os séculos XII/ XIII e XVIII/XIX, consistiu em um longo e complexo
processo que levou à normatização das relações de força por meio do
exercício monopolístico do poder pelo soberano. Todos os enunciados
abaixo sobre a formação do Estado estão corretos, exceto:

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a) além do desenvolvimento do Estado territorial institucional, a formação
do Estado moderno envolveu a passagem do poder personificado do
príncipe para o primado dos esquemas universalistas e abstratos da norma
jurídica, que mais tarde daria origem ao Estado de Direito.
b) o processo de formação do Estado foi marcado pela tensão entre, de um
lado, a expropriação dos poderes privados locais; e, de outro, a
necessidade do soberano de recorrer às categorias ou camadas sociais para
dispor de fundos para criar e manter seu quadro administrativo e um
exército permanente.
c) além da distinção entre o espaço público e o privado, a formação do
Estado implicou em substituir gradualmente a supremacia da dimensão
individual do senhor feudal e do príncipe pelo princípio das categorias
sociais como núcleos da sociedade civil, novos interlocutores do soberano.
d) a delimitação de um espaço das relações sociais, gerenciado de forma
exclusivamente política, tornou-se possível graças à conquista, pelo
príncipe, do apoio da esfera financeira à luta contra os privilégios, inclusive
fiscais, da aristocracia.
e) a distinção entre o mundo espiritual e o mundano, sobre a qual se
assentava o primado da Igreja e de sua concepção universalista da
república cristã, acabou por fundamentar a supremacia da política.

21 - (FGV – CAERN – SOCIÓLOGO - 2010) Max Weber define o Estado


Moderno não pelos seus fins, mas pelos seus meios. Qual das dimensões
abaixo NÃO caracteriza o Estado Moderno para o autor?
A) Território delimitado.
B) Monopólio do uso legítimo da força.
C) Democracia.
D) Racionalização do direito.
E) Administração racional.
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22 - (ESAF – MPOG / APO – 2008) Na civilização ocidental, os diversos


aspectos do Estado moderno só apareceram gradualmente, quando a
legitimidade passou a ser atribuída ao conjunto de normas que governava
o exercício da autoridade. São características essenciais do Estado moderno
todas as que se seguem, exceto:
a) um ordenamento jurídico impositivo.
b) a cidadania: relação de direitos e deveres.
c) o monopólio do uso legítimo da violência.
d) um quadro administrativo ou uma burocracia.

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e) a jurisdição compulsória sobre um território.

23 - (ESAF – MPOG / EPPGG - 2005) A primazia do público sobre o privado,


como assinalam Bobbio e outros autores, se manifestou, sobretudo no
século XX, como reação à concepção liberal do Estado e como derrota
histórica, ainda que não definitiva, do “Estado Mínimo”. Em relação às
afirmativas abaixo, assinale a opção correta.
I - Essa primazia baseia-se na contraposição entre interesse coletivo e
privado com a necessária subordinação do segundo ao primeiro.
II - Essa primazia admite a eventual supressão do interesse privado em
benefício do interesse coletivo.
III - Essa primazia implica irredutibilidade do bem comum à soma dos bens
individuais.
IV - A primazia do público significa o aumento da intervenção estatal na
regulação coativa do comportamento dos indivíduos e dos grupos infra-
estatais.
a) Estão todas corretas.
b) Estão todas incorretas.
c) Apenas a I está correta.
d) Apenas a II está correta.
e) Apenas a III está correta.

24 - (ESAF – MPOG / EPPGG - 2005) Originado nos anos quarenta, na


Inglaterra, o Estado de Bem-estar (Welfare state) foi adotado por diversos
países durante décadas. Indique a opção que expressa o princípio
fundamental desse modelo assistencialista.
a) Independentemente de sua renda, todos os cidadãos, como tais, teriam
direito de ser protegidos por meio do pagamento de dinheiro ou com
serviços públicos.
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b) Apenas os cidadãos pertencentes às classes menos favorecidas teriam o


direito de ser protegidos com o pagamento de dinheiro. Já os serviços
públicos eram de livre acesso a todas as classes.
c) Independentemente de sua renda, todos os cidadãos, como tais, teriam
direito de ser protegidos apenas por meio de serviços públicos, como os
das áreas de saúde, educação e segurança.
d) Somente os cidadãos desempregados teriam direito de ser protegidos
com o pagamento de dinheiro ou com serviços. O conceito de ajuda ao
cidadão estava pautado em uma noção calvinista do trabalho.

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e) Somente os contribuintes empregados, indivíduos incapazes e/ou
aposentados teriam direito à ajuda do Estado. A política do pleno emprego
restringia a assistência a desempregados.

25 - (CESPE – SGA-AC / ASSISTENTE SOCIAL - 2007) O termo estado de


bem-estar em geral designa um sistema de organização social que
assegura aos cidadãos condições mínimas de bem-estar, ou aquele que
proporciona aos cidadãos serviços públicos, tais como educação, saúde,
renda em caso de necessidade (desemprego, enfermidade, aposentadoria)
ou outras prestações e serviços sociais.

26 - (CESPE – SGA-AC / ASSISTENTE SOCIAL - 2007) As políticas sociais


do estado de bem-estar datadas no século XX assemelham-se às do século
anterior por manterem o foco de suas ações direcionadas para a pobreza
extrema, desvinculada da concepção de cidadania e dos direitos sociais.

27 - (CESPE – SEMAD-ES / ASSISTENTE SOCIAL - 2008) O Welfare State


ou Estado Social tem conotação histórica e institucional cujas políticas
possuem forte identificação com o conceito de cidadania.

28 - (CESPE – TCU / ACE - 2008) A transição de Estado provedor para


regulador impõe sérios desafios, entre os quais se destacam o reforço da
função regulatória em face do avanço da privatização, o fortalecimento da
defesa da concorrência diante da abertura comercial e as exigências da
competitividade em um contexto dominado por grandes conglomerados
internacionais.

29 - (FGV – BADESC – ANALISTA ADM - 2010) Com relação ao


funcionamento da administração pública, analise as afirmativas a seguir.
I. A administração pública, em sentido formal, é o conjunto de órgãos
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instituídos para a consecução dos objetivos do governo.


II. A administração pública executa, técnica e legalmente, os atos de
governo.
III. A administração pública executa, com responsabilidade constitucional
e política, os projetos governamentais.
Assinale:
(A) se somente a afirmativa I estiver correta.
(B) se somente a afirmativa II estiver correta.
(C) se somente a afirmativa III estiver correta.

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(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

30 - (CESGRANRIO – CAPES – ANALISTA - 2008) Em sentido formal, a


Administração Pública pode ser conceituada como o (a)
a) conjunto de funções necessárias aos serviços públicos em geral.
b) conjunto de órgãos instituídos para a consecução dos objetivos do
Governo.
c) expressão política de comando e de fixação de objetivos do Estado.
d) união dos Poderes de Estado com funções atribuídas com precipuidade.
e) união de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Território e
Governo soberano.

31 - (FMP – TCE-RS – AUDITOR – 2011) 20 - Segundo a CF, são funções


institucionais do MP, EXCETO:
a) promover, privativamente, a ação penal publica, na forma da lei.
b) zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de
relevância publica aos direitos assegurados na CF, promovendo as medidas
necessárias a sua garantia.
c) promover o inquérito civil e ação civil publica, para a proteção do
patrimônio publico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos
e coletivos
d) promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de
intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos na CF.
e) exercer a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
públicas.

32 - (ESAF – SMF-RJ / FISCAL DE RENDAS - 2011) Sobre a organização da


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administração pública brasileira, é correto afirmar que:


a) por serem qualificadas como autarquias de natureza especial, as
agências reguladoras integram a administração direta.
b) ao contrário do que ocorre em relação às autarquias, a lei não cria
empresas públicas, apenas autoriza sua instituição.
c) agências reguladoras e agências executivas são categorias de entidades
pertencentes à administração indireta.
d) a Constituição Federal veda, aos municípios, a criação de autarquias.
e) no âmbito federal, as empresas públicas subordinam-se,
hierarquicamente, aos ministérios a que se vinculem.

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33 - (ESAF – MTE / AUDITOR - 2010) Um consórcio público, com


personalidade jurídica de direito público, composto por alguns municípios,
pelos respectivos governos estaduais e pela União, integra:
a) nos municípios e nos estados, a administração direta; na União, a
administração indireta.
b) nos municípios, nos estados e na União, a administração indireta.
c) nos municípios, a administração direta; nos estados e na União, a
administração indireta.
d) nos municípios, nos estados e na União, a administração direta.
e) nos municípios e nos estados, a administração indireta; na União, a
administração direta.

34 - (ESAF – RFB / AUDITOR – 2009) Sobre a organização do Estado


brasileiro, é correto afirmar que:
a) administrativamente, os municípios se submetem aos estados, e estes,
por sua vez, submetem-se à União.
b) quando instituídas, as regiões metropolitanas podem gozar de
prerrogativas políticas, administrativas e financeiras diferenciadas em
relação aos demais municípios do estado.
c) quando existentes, os territórios federais gozam da mesma autonomia
político-administrativa que os estados e o Distrito Federal.
d) o Distrito Federal é a capital federal.
e) embora, por princípio, todos os entes federados sejam autônomos, em
determinados casos, os estados podem intervir em seus municípios.

35 - (CESPE - TCU / ACE - 2009) O Estado, quando celebra termo de


parceria com organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs),
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abre mão de serviço público, transferindo-o à iniciativa privada.

36 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2006) As organizações sociais podem


receber legalmente recursos orçamentários e bens públicos necessários ao
cumprimento do contrato de gestão.

37 - (CESPE - ANATEL / ANALISTA - 2006) Segundo o plano diretor da


reforma do aparelho do Estado, o terceiro setor é entendido como aquele
de atuação simultânea do Estado e da sociedade civil na execução de
atividades de interesse público ou social não-exclusivas do Estado. São
entidades do terceiro setor, por exemplo, as autarquias qualificadas como

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agências executivas, por meio de contrato de gestão, após o qual estão
autorizadas a executar atividades mais eficientes de interesse público.

38 - (CESPE – TRE-BA / ANALISTA – 2010) Os contratos de gestão são


instrumentos modernos que possibilitam maior autonomia em algumas
agências do governo.

39 - (CESPE - TCU / ACE - 2008) A qualificação como organização da


sociedade civil de interesse público (OSCIP), atribuível às pessoas jurídicas
de direito privado, requer que tais organizações não tenham fins lucrativos
ou que, tendo-os, elas não distribuam os resultados aos seus dirigentes e
os apliquem preferencialmente na consecução do respectivo objeto social.

40 - (CESPE – AGU / ADVOGADO - 2009) As entidades de apoio são pessoas


jurídicas de direito privado sem fins lucrativos, que podem ser instituídas
sob a forma de fundação, associação ou cooperativa, tendo por objeto a
prestação, em caráter privado, de serviços sociais não exclusivos do
Estado. Tais entidades mantêm vínculo jurídico com a administração
pública direta ou indireta, em regra, por meio de convênio. Por sua vez, os
serviços sociais autônomos são entes paraestatais, de cooperação com o
poder público, prestando serviço público delegado pelo Estado.

41 - (CESPE – TJ-DF / ANALISTA - 2008) O uso indiscriminado da expressão


terceiro setor acabou por tornar o conceito demasiadamente abrangente,
fazendo que nele se possam enquadrar todos os modelos de entidades que
não se incluam no conceito do primeiro setor, o Estado, e do segundo setor,
o mercado.

42 - (ESAF - RFB / AFRFB - 2014) - Em se tratando dos Consórcios públicos,


Terceiro Setor e o disposto na Instrução Normativa SLTI/MP n. 02 de 2008,
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é correto afirmar:
a) a lei que rege os consórcios públicos prevê dois tipos de contratos a
serem firmados pelos entes consorciados: o contrato de rateio e o contrato
de cooperação.
b) o serviço deverá ser executado obrigatoriamente pelos cooperados,
vedando-se qualquer intermediação, quando se tratar da contratação de
cooperativas.
c) o terceiro setor compreende as entidades da sociedade civil de fins
públicos e lucrativos coexistindo com o primeiro setor, que é o Estado, e o
segundo setor, que é o mercado.

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d) é vedado ao consórcio público a possibilidade de ser contratado pela
administração direta ou indireta dos entes da Federação consorciados, com
dispensa de licitação.
e) no caso de extinção do consórcio público, os entes consorciados
responderão subsidiariamente pelas obrigações remanescentes, até que
haja decisão que indique os responsáveis por cada obrigação.

43 - (ESAF - CGU / AFC - 2008) Segundo o Plano Diretor de Reforma do


Aparelho do Estado de 1995, instituiu-se novos modelos organizacionais
visando à modernização da gestão da administração pública: agências
executivas e agências reguladoras. Selecione, do ponto de vista conceitual,
a opção correta.
a) Agências reguladoras são criadas por determinação do Presidente da
República.
b) As atividades das agências executivas são definidas por Lei pelo
Congresso Nacional.
c) Agências reguladoras estão sujeitas à mudança de governo.
d) A finalidade das agências executivas é prestar serviços públicos
exclusivos do Estado.
e) Os dirigentes das agências reguladoras são de livre nomeação e
exoneração do Presidente da República.

44 - (ESAF - CGU / AFC - 2008) No âmbito da Reforma do Aparelho do


Estado de 1995, foram previstas instituições privadas, sem fins lucrativos
com finalidade pública. A qualificação de uma organização por meio de
Termo de Parceria, por sua iniciativa, visando ao fortalecimento da esfera
pública não estatal e o aumento do estoque de capital social são
características inerentes a...................Escolha a opção correta.
a) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.
b) Organizações não-Governamentais.
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c) Organizações Sociais.
d) Organizações Sociais de Classe.
e) Organizações a Serviço do Interesse Público.

45 - (ESAF - CGU / AFC - 2006) O Plano Diretor da Reforma do Aparelho


do Estado de 1995, introduz novos entes na administração pública
brasileira. À luz deste Plano, indique a opção correta.
a) As Agências Executivas visam estabelecer regras de controle para o
mercado dos serviços terceirizados.

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b) As Agências Reguladoras se destinam a executar atividades típicas de
Estado, por meio de entes públicos não-estatais.
c) A finalidade da Organização Social de Interesse Público (OSCIP) é
produzir bens e serviços para o mercado consumidor.
d) Os conselhos são órgãos do Ministério Público, constituídos de
autoridade hierárquica e poder deliberativo junto ao Congresso.
e) A finalidade das Organizações Sociais (OS) é exercer serviços não-
exclusivos do Estado por meio de contratos de gestão.

46 - (FCC – MPE-SE / ANALISTA - 2009) As denominadas Organizações


Sociais e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIPs
a) são entidades privadas, cuja atuação é subsidiária à atuação pública no
fomento a atividades comerciais e industriais.
b) pertencem originalmente ao setor privado e, após receberem a
correspondente qualificação, passam a ser consideradas entidades
públicas.
c) integram a estrutura da Administração, como entidades
descentralizadas, atuando em setores essenciais, porém não exclusivos do
Estado, tal como saúde e educação.
d) são entidades do setor privado que, após receberem a correspondente
qualificação, passam a atuar em colaboração com a Administração,
podendo receber recursos orçamentários.
e) são entidades do setor privado, declaradas por lei como de interesse
público, que gozam de privilégios fiscais.

47 - (FCC – PGE/RJ – AUDITOR – 2009) O controle social é entendido como


a participação do cidadão na gestão pública, na fiscalização, no
monitoramento e no controle das ações da Administração Pública. Trata-se
de importante mecanismo de prevenção da corrupção e de fortalecimento
da cidadania. Dentre os principais mecanismos de controle social instituído
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nos três níveis da federação, a partir da Constituição Federal de 1988, estão


(A) as Centrais de Atendimento do Cidadão.
(B) os Conselhos Gestores.
(C) as Controladorias Gerais.
(D) as Assembleias Populares.
(E) as Comissões Paritárias.

48- (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) O Serviço Social do Comércio,


exemplo de entidade de direito privado que atua em colaboração com o

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Estado, apesar de ter sido criado por lei, não integra a administração
indireta.

49 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) Os municípios, assim como os


estados-membros, poderão ter sua administração indireta, em razão da
autonomia a eles conferida pela CF.

50 - (CESPE - TC-DF – TÉCNICO – 2014) Ao contrário das empresas


públicas, em que o regime de pessoal é híbrido, sendo permitida a
vinculação de agentes tanto sob o regime celetista quanto sob o
estatutário, nas sociedades de economia mista, o vínculo jurídico que se
firma é exclusivamente contratual, sob a égide da Consolidação das Leis do
Trabalho.

51 - (CESPE - TC-DF - TÉCNICO – 2014) Em virtude do princípio da reserva


legal, a criação dos entes integrantes da administração indireta depende
de lei específica.

52 - (CESPE - TJ-CE – ANALISTA JUDICIÁRIO – 2014) A respeito de


organização administrativa, assinale a opção correta.
a) As organizações sociais são pessoas jurídicas de direito público que
celebram contrato de gestão com o poder público para a prestação de
serviços públicos de natureza social.
b) São consideradas agências executivas as autarquias, fundações,
empresas públicas e sociedades de economia mista que apresentam regime
jurídico especial que lhes concede maior autonomia em relação ao ente
federativo que as criou.
c) Os consórcios públicos sob o regime jurídico de direito público são
associações públicas sem personalidade jurídica criadas para a gestão
associada de serviços públicos de interesse de mais de um ente federativo.
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d) Tratando-se de órgão público, a competência é irrenunciável e


intransferível.
e) As autarquias são entidades criadas pelos entes federativos para a
execução atividades que requeiram gestão administrativa e financeira
descentralizada, porém, o ente federativo continuará titular do serviço,
sendo responsável, dessa forma, pelos atos praticados pela autarquia.

53 - (CESPE - MEC – TODOS OS CARGOS – 2014) Ao consórcio público —


é vedado firmar convênios, contratos e acordos de qualquer natureza,
receber auxílios, contribuições e subvenções sociais ou econômicas de
outras entidades e órgãos do governo.

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54 - (CESPE – CÂMARA DOS DEPUTADOS – ANALISTA LEGISLATIVO –


2014) As autarquias só podem ser criadas por lei.

55 - (CESPE - MTE - CONTADOR – 2014) As OSCIPs podem cooperar com


o poder público prestando serviços intermediários de apoio a organizações
sem fins lucrativos e a órgãos da administração pública que atuem em
áreas similares àquelas em que desenvolvem suas atividades, sendo-lhes
vedado executar diretamente projetos, programas e planos de ação.

56 - (CESPE - MTE - CONTADOR – 2014) Os consórcios públicos são


constituídos por meio de ato editado pelo chefe do Poder Executivo dos
entes federativos consorciados.

57 - (CESPE - MTE - CONTADOR – 2014) A retirada de um dos entes


federativos que integra um consórcio público desconstitui todo esse
consórcio e implica a extinção das obrigações já constituídas, como os
contratos de programa.

58 - (CESPE - PGE-BA - PROCURADOR – 2014) Desde que presentes a


relevância e urgência da matéria, a criação da autarquia pode ser
autorizada por medida provisória, devendo, nesse caso, ser providenciado
o registro do ato constitutivo na junta comercial competente.

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Gabarito

1. C 22. B 43. D
2. E 23. A 44. A
3. C 24. A 45. E
4. C 25. C 46. D
5. C 26. E 47. B
6. C 27. C 48. C
7. C 28. C 49. C
8. D 29. A 50. E
9. D 30. B 51. C
10. D 31. E 52. D
11. A 32. B 53. E
12. E 33. B 54. C
13. C 34. E 55. E
14. C 35. E 56. E
15. C 36. C 57. E
16. E 37. E 58. E
17. C 38. C
18. C 39. E
19. A 40. E
20. C 41. C
21. C 42. D

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Administração Pública p/ AFRFB - 2016
Teoria e exercícios comentados
Profs. Rodrigo Rennó e Sérgio Mendes – Aula 09
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