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entrevista
Cezar Alvarez, coordenador
do Programa de Inclusão
Digital do governo federal
Democracia
digital Governo, setor privado e
sociedade civil se articulam
para universalizar o acesso
Plano Diretor da população brasileira às
de Tecnologia Tecnologias da Informação
e Comunicação
da Informação
Planejamento estratégico
garante efetividade no uso
das TICs por organizações
públicas e privadas
redes sociais
Órgãos dos três Poderes
da República aderem às
comunidades virtuais e se
aproximam do cidadão
inteligência
artificial
Novas tecnologias devem
aperfeiçoar os serviços do
governo em meio eletrônico
Foto: Arquivo Serpro
revista do serpro
entrevista
Cezar Alvarez,
coordenador do Programa
de Inclusão Digital do
governo federal
Democracia
digital Governo, setor privado e
sociedade civil se articulam
para universalizar o acesso
Plano Diretor da população brasileira às
de Tecnologia Tecnologias da Informação
e Comunicação
da Informação
Planejamento estratégico
garante efetividade no uso
das TICs por organizações
públicas e privadas
redes sociais
Órgãos dos três Poderes
da República aderem às
comunidades virtuais e se
aproximam do cidadão
inteligência
artificial
Novas tecnologias devem
aperfeiçoar os serviços do
governo em meio eletrônico
– A revista do Serpro
Ano XXXVI nº 202 mar/abr 2010
ISSN 0100-5227
Título depositado no INPI, sob nº 01125
A revista não se responsabiliza por matérias
assinadas. As matérias podem ser reproduzidas,
desde que mencionada a fonte.
Coordenação de Comunicação
Social do Serpro
Tiago Macini
Editor
cHEFE DE REPORTAGEM
Ana Lúcia Carvalho
N
José Antonio Borba Soares
o ano de 2005, fiz o concurso para o Serpro. Passei em 10º lugar. Conselho Diretor
Bruno César Grossi de Souza
O telecentro transformou minha vida”. Essas são as palavras Francisco Mendes de Barros
Laerte Dorneles Meliga
de Jorge Barbosa, empregado do Serpro, que teve seu primeiro Marcos Vinícius Ferreira Mazoni
Marilene Ferrari Lucas Alves Filha
contato com a informática num espaço de inclusão digital insta- Raimundo José Rodrigues da Silva
lado em sua comunidade, no Rio de Janeiro (RJ). Conselho Fiscal
A história desse cidadão brasileiro é parecida com a de milhares de outras Ernesto Carneiro Preciado
Juliêta Alida Garcia Verleun
espalhadas pelo País. Pessoas simples, sem acesso à Internet, que viram André de Sosa Vérri
suas vidas mudar quando conheceram o mundo digital. Por isso, propiciar Endereço
Sede: SGAN, Q. 601, Mód. V
telecentros é mais do que doar computadores. É dar oportunidade. É permitir CEP: 70836-900 – Brasília/DF
Fones: (61) 2021-8181
e incentivar a construção e a apropriação do conhecimento. É compartilhar e Fax: 2021-8531
fomentar a preservação das culturas regionais e das atividades comunitárias. Regionais do Serpro
É promover o desenvolvimento humano e econômico do Brasil. Brasília – Av. L2 Norte – SGAN, Quadra 601,
Módulo G. 70830-900 – Tel. (61) 2021-9000
Acreditar no acesso digital é abrir portas. É tornar possível um mundo de
Belém – Av. Perimetral da Ciência, 2.010,
conhecimento e inovações a um clique. Ciente disso, o governo federal pos- Bairro Terra Firme. 66077-830 – Tel. (91) 3342-1777
sui inúmeras ações e projetos na área de inclusão digital. Iniciativas como o Fortaleza – Av. Pontes Vieira, 832, São João Tauape.
60130-240 – Tel. (85) 4008-2800
Casa Brasil, o Telecentros.br e o Um Computador por Aluno – UCA mostram
Recife – Av. Parnamirim, 295. 52060-901
que os meios digitais são a forma mais rápida e eficiente de alcançar novos Tel. (81) 2126-4000
patamares na Educação. Salvador – Av. Luís Vianna Filho, 2355.
“Foi meu primeiro contato com a informática, e me apaixonei pela área de 41130-530 – Tel. (71) 2102-7800
tecnologia. Participei de cursos que me estimularam a estudar mais, termi- Belo Horizonte – Av. José Cândido da Silveira, 1.200,
Cidade Nova. 31170-000 – Tel. (31) 3311-6200
nar meus estudos”, afirma Jorge, que aprendeu essa valiosa lição num dos
Rio de Janeiro – Rua Pacheco Leão, 1.235,
mais de 300 telecentros dados pelo Programa Serpro de Inclusão Digital. Jardim Botânico. 22460-905 – Tel. (21) 2159-3300
Além disso, democratizar o acesso à informação é levar os serviços públi- São Paulo – Rua Olívia Guedes Penteado, 941, Socorro.
04766-900 – Tel. (11) 2173-1322
cos mais próximos do cidadão. Enviar a declaração do imposto de renda pela
Curitiba – Rua Carlos Piolli, 133, Bom Retiro.
Internet, acompanhar os gastos do governo e emitir certidões são facilidades 80520-170 – Tel. (41) 3313-8282
disponíveis, bastando apenas um micro e conectividade à rede. Porto Alegre – Av. Augusto de Carvalho, 1.133, Cidade
Nesse sentido, a atuação dos governos, em parceria com a sociedade civil Baixa. 90010-390 – Tel. (51) 2129-1200
na promoção da inclusão digital, é um componente obrigatório para a garantia Edição, redação, revisão, projeto gráfico, diagramação e arte final:
dos direitos à cidadania e ao desenvolvimento social. O Brasil não pode ficar i-Comunicação Integrada
de fora da revolução digital. Fotografia: Arquivo Serpro, Luiz Okubo, Luciano Vargas, Agência
Brasil, Agência Senado, PhotoXpress.com, Heroturko.org e Stock.
xchng®
TIRAGEM: 12 mil exemplares
Marcos Mazoni IMPRESSÃO: Mais Gráfica
Presidente do Serpro DISTRIBUIÇÃO: Gratuita
sumário
capa
O poder da
inclusão
digital para o
desenvolvimento
do indivíduo
18
14 30
pdti DISCUSSÃO -
Foto: Heroturko.org
Foto: Heroturko.org
32 42
38
inteligência
06 entrevista principal
Cezar Alvarez: o acesso às TICs
artificial 08 interação
As novidades da revista Tema
Supercomputadores
mais próximos do
09 opinião
Sérgio Amadeu da Silveira, doutor em
Ciência Política
raciocínio humano
10 curtas
Planejamento adota Software Livre e mais
24 artigos
Especialistas falam de Open Source
e Java Enterprise Edition 6
29 arte digital
Quilombolas valorizam produção artística
e cultural através das tecnologias
36 memória
As primeiras unidades de telecentros
implantados no País
46 opinião
Nivaldo Venancio da Cunha fala da
Inclusão Digital
entrevista principal
C oordenador
do Programa
de Inclusão
Digital do governo
federal e chefe de
gabinete-adjunto
de Agenda do Gabinete
Pessoal do Presidente
da República, o
economista Cezar
Alvarez fala nesta
entrevista exclusiva
à revista Tema sobre
os avanços do País no
esforço de proporcionar
o acesso de todos os
cidadãos às Tecnologias
da Informação e
Comunicação (TICs).
Ele destaca iniciativas
como o recém-lançado
Plano Nacional de
Banda Larga e outras
ações que buscam
erradicar a exclusão
digital do Brasil.
Segundo Alvarez, o
sucesso desse trabalho
depende de uma ampla
articulação entre os
governos federal,
estaduais e municipais,
além do setor privado
A inclusão
sociedade civil.
digital é um
direito fundamental
do cidadão
6 | tema | mar/abr 2010
TEMA: Qual a real importância da inclusão digital
para o desenvolvimento social de um país?
ALVAREZ: Eu não tenho a menor dúvida de que o
acesso ao conhecimento e a capacidade de proces- o plano objetiva garantir maior
sar, criticar e produzir informação é um direito fun- competitividade ao mercado,
damental que se afirma no dia de hoje. E, para isso,
é preciso haver políticas públicas, porque nossas redução do preço aos consumidores,
disparidades regionais, de renda e culturais, não ampliação das redes de
permitem que isso aconteça de uma forma natural.
É necessária uma articulação entre governo – aí in-
telecomunicações e criação
cluindo União, estados e municípios –, sociedade e de uma política de financiamento
indústria para dar conta disso. No Brasil, a exclusão
digital acentua ainda mais as desigualdades sociais
industrial e tecnológica
existentes.
TEMA: Qual a importância de existir uma Coordena- TEMA: Significa que ele deve ser ampliado?
ção de Inclusão Digital diretamente vinculada à Casa ALVAREZ: Sabemos que um plano dessa natureza re-
Civil da Presidência da República? quer uma articulação estratégica entre empresas, setor
ALVAREZ: Em 2004, no máximo cinco ministérios fa- privado, produtores de equipamentos, Agência, insti-
ziam alguma ação enquadrada no conceito de inclu- tuições de defesa do consumidor, desenvolvimento de
são digital. Dois anos depois, esse número subiu para novos aplicativos, entre outros. O País precisa da banda
13 ministérios. Isso mostra a necessidade de uma ar- larga para viabilizar suas várias aplicações relativas à
ticulação que dê escala e complementaridade, evitan- educação, cultura, saúde, e-Gov, e isso exige todo um
do duplicações e lacunas numa estrutura de governo trabalho relativo a softwares, serviços públicos, moder-
que é muito fragmentada, especializada. O tema da nização administrativa e, principalmente, qualificação
inclusão digital é horizontal, perpassa de forma per- das nossas pequenas e médias empresas. Mais da me-
pendicular um conjunto de ações envolvendo educa- tade delas tem, no máximo, dois computadores, nor-
ção, cultura, saúde, relações sociais, conhecimento malmente usados para troca de e-mails ou para uma
e outras questões. A ideia do presidente Lula foi de listinha de preços, com um sítio precário. Então, vemos
que essas ações precisavam ter uma otimização, que há um grande potencial no sentido de dar mais
uma visibilidade e um planejamento conjunto. Uma qualidade, mais serviço, mais produtividade à pequena
política transversal. A Coordenação não pretende e à média empresas nos mais diversos setores. O Plano
substituir nenhuma iniciativa deste ou daquele minis- tem como foco três grandes setores: cidadãos, empre-
tério, mas potencializá-las. O programa Telecentros. sas e governos. E objetiva garantir maior competitivi-
BR, por exemplo, envolve a coordenação-executiva do dade ao mercado, redução do preço aos consumidores,
Ministério do Planejamento, o Ministério da Ciência e ampliação das redes de telecomunicações e criação de
Tecnologia, o das Comunicações, mas circula e uni- uma política de financiamento industrial e tecnológica.
fica o conjunto das ações de todos os demais órgãos
federais, respeitando as especificações de cada insti- TEMA: Quais as próximas ações em planejamento,
tuição. Há uma política única, faz uma única licitação, no diz respeito à inclusão digital?
tem uma proposta de suporte e qualificação que, de ALVAREZ: Para dar conta do programa global desen-
forma separada, cada um não poderia ter. volvido em 2006, ainda está faltando a qualificação das
lan houses como espaços de prestação de serviços e
TEMA: A mesma Coordenação assumiu o Plano Na- também contribuição para a inclusão digital. Trata-se
cional de Banda Larga, não é isso? da última ação de nosso plano original, e que será exe-
ALVAREZ: Sim, esse grupo de trabalho, quando foi cutada até o final do ano. E isso já começou com o novo
constituído, definiu quatro estratégias: educação, enquadramento da lan house, tirando-a da atividade
redução de preço dos terminais na ponta, novos apli- econômica do campo dos jogos e colocando-a no da
cativos de instrumentos de governo eletrônico e co- prestação de serviços. A ideia é estimulá-las a vir para
nexão. Portanto, a conexão é uma das linhas de ação. a legalidade, para que tenham acesso a financiamen-
O acesso à internet, os novos aplicativos, o vídeo, a tos, conexão de qualidade e possibilidade de desenvol-
troca de dados, tudo isso exige banda larga de qua- ver novos aplicativos, até mesmo jogos nacionais a par-
lidade, bem distribuída, com penetração e preço tir da realidade brasileira. O governo federal pretende
acessível. O Plano foi construído sempre com a de- dar qualidade para essas pequenas ex-casas de jogos,
terminação muito clara e expressa do presidente da que hoje são prestadoras estratégicas de serviços para
República. Eu insisto em dizer que esse projeto que a população. No total, 49% dos acessos à internet no
demos vida é apenas uma primeira fase de um plano Brasil são feitos por meio de lan houses. Portanto, é
abrangente de banda larga no País. preciso ter uma política também em relação a elas.
A
revista Tema reformulou seu projeto gráfico e editorial. A abordagem de assuntos controversos no meio tecno-
Agora, o visual está mais leve e dinâmico, com a apre- lógico também tem presença garantida na Revista, com co-
sentação de novos recursos gráficos. Tudo para tornar mentários de entrevistados, por meio da seção Discussão.
sua leitura ainda mais agradável. Além disso, novas A editoria Arte Digital divulga manifestações artísticas pro-
editorias foram criadas com o objetivo de ampliar a abrangên- duzidas com o auxílio de recursos tecnológicos, enquanto as
cia temática e o debate em torno das Tecnologias da Informa- Páginas Verdes se constituem em um campo dedicado às
ção e Comunicação (TICs) aplicadas ao setor público. práticas de responsabilidade socioambientais.
A publicação, com mais de 35 anos de existência, já se E, por último, a editoria Interação, que tem o propósito de
tornou referência para o setor público e a área tecnológica. ser um espaço especialmente destinado para que você, leitor,
Tanto é que já recebeu vários prêmios em reconhe- manifeste seu pensamento sobre os assuntos aqui trata-
cimento à qualidade de seu conteúdo. A cada edi- dos. Participe, envie seu comentário e contribua para
ção, a Entrevista Principal traz um especialista ou fazer da Tema uma revista cada vez melhor.
autoridade para apresentar, com exclusividade,
suas ideias e posições a respeito de um assunto
relativo ao seu campo de atuação.
Na seção Opinião, colunistas internos e exter-
nos ao Serpro se revezam em análises sobre novi-
dades e tendências do setor de TI. Por sua vez, a se-
ção Memória resgata a história da evolução do uso da
tecnologia no Brasil, especialmente na administração públi-
ca. O novo formato também proporciona ao leitor informações
sobre as novidades em TICs. Na editoria Curtas, o leitor da
Tema tem a oportunidade de se interar de fatos como eventos,
comunidades de desenvolvimento e softwares livres.
com a palavra...
Parabéns pelo novo visual obtido com o projeto gráfico arrojado!
A Revista ganhou em beleza e estética. Sua leitura ficou mais agradável.
Muito boa a matéria de capa sobre Inovações Tecnológicas. Continuem com este assunto!
José Carlos Santos Jorge – Rio de Janeiro/RJ
Sou estudante do 3º período de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e trabalho como professor voluntário de informática na
Associação Pestalozzi de Santa Teresa/ES. Soube da Revista por meio de colegas de curso e achei interessante o material. Ao
pesquisar mais, descobri que a Revista possui tudo que preciso: informações atuais, de confiança, interessantes e inteligentes.
Algumas matérias auxiliaram meus trabalhos acadêmicos, além de me fornecerem informações úteis.
Matheus Calmon Baptisti – Santa Teresa/ES
Sou desenvolvedor de sistemas da Universidade Federal da Paraíba-UFPB. Gostaria de parabenizá-los pela Revista, que é de
excelente qualidade, sempre com ótimos artigos e temas atuais. Acompanho as edições on-line pelo site do Serpro.
José Augusto Carvalho Filho – João Pessoa/PB
No encontro técnico do meu curso de pós-graduação a distância em Administração de Sistemas de Informação, da Universidade
Federal de Lavras, foi entregue um exemplar da revista Tema para cada aluno. Gostei muito da publicação. Sou funcionário
da Marinha do Brasil, do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, em Arraial do Cabo, Rio de Janeiro. Onde eu
trabalho são de grande valia os assuntos abordados na Revista, principalmente aqueles relacionados ao software livre.
Gustavo Mesquita da Silva – Cabo Frio/RJ
Gostei muito da Revista que encontrei no balcão da biblioteca. Sou estudante de Sistemas de Informação, da Universidade
Estácio de Sá de Niterói/RJ. É de grande importância esta publicação. Espero compartilhar com meu grupo de estudos, em sala
de aula, o seu conteúdo que apresenta novos horizontes para nossa área de atuação. Gostei dos assuntos de software livre!
Fábio de Souza Botelho – Niterói/RJ.
http://www.flickr.com/photos/imprensacampuspartybr/2267030359/sizes/l/in/photostream/
ALARGAR
O BRASIL E
Foto: Fernando Cavalcanti
DIGITALIZAR
NOSSA
DIVERSIDADE
Sérgio Amadeu da Silveira
Sociólogo, doutor em Ciência Política e professor da pós-
graduação da Faculdade de Comunicação Cásper Líbero
O
país com o maior número de internautas tada nos últimos oito anos. Estes elementos sociais
no mundo é a China. Todavia, menos de e econômicos constituem uma barreira concreta
25% dos chineses têm acesso à inter- para a inclusão digital da nossa sociedade.
net. Esse fenômeno é um dos exemplos Entre os que acessam à Internet no Brasil,
da grande desigualdade comunicacional em nos- existe uma série de assimetrias. Uma delas decor- “A banda larga
so planeta. Mas a China não é o único país que re do fracasso do mercado em ofertar a conexão democratizada
espelha uma considerável assimetria no acesso de banda larga com estabilidade e preço razoável.
às redes informacionais. As nações em desenvol- Nas periferias e nos centros degradados das gran-
ampliará a
vimento, em geral, registram dois índices aparen- des cidades, a banda larga chega limitada, cara e diversidade
temente contrapostos, mas que são plenamente sem nenhuma estabilidade. No interior do Brasil, cultural, pois
compreensíveis: primeiro, esses países registram centenas de cidades e localidades estão privadas permitirá
os maiores níveis de crescimento da conectividade, do acesso rápido à rede. Assim, os mais pobres que nossas
ao mesmo tempo, são os países com gigantescos que se conectam à internet pagam caro por um
percentuais de pessoas excluídas da sociedade serviço ruim. Além disso, não conseguem utilizar
comunidades
informacional. os recursos multimídias e as aplicações que, cada portem seus
O Brasil não fugiu do padrão. Trata-se de um vez mais, são pensadas e desenvolvidas para co- conteúdos
país com grandes iniquidades. As elites brasilei- nexões superiores a 2 Mb (megabits por segundo). simbólicos
ras estão conectadas. Enquanto 85% da classe A Acertadamente, o governo federal está propondo para a internet”
utilizam a internet, apenas 17% das classes D/E um plano nacional de banda larga que buscará ins-
usam as redes digitais. A novidade é que a classe C talar a real competição e a qualidade no segmento
teve um grande impulso em sua conectividade. das telecomunicações. Precisamos baixar o preço
Em 2009, 44% de seus integrantes acessaram à do Megabit e, com isso, viabilizar democratização
internet. Contribuíram, para isto, os programas do dos recursos multimídia para milhões de brasilei-
governo de incentivo à produção de computadores ros que poderão acessar cotidianamente aos re-
baratos e a explosão das lan houses. positórios de vídeo, às redes P2P e participar da
Se, em 2008, apenas 38% dos brasileiros aces- produção de conteúdos em diversas redes sociais.
saram à rede mundial de computadores, em 2009, A banda larga democratizada ampliará a diversida-
este percentual subiu para 43%. Contudo, ainda de cultural, pois permitirá que nossas comunidades
praticamente metade dos brasileiros estão impedi- portem seus conteúdos simbólicos para a internet.
dos de se comunicar com velocidade, estão aparta- Mesmo com as dificuldades de utilizarmos uma
dos do uso do maior repositório de informações já banda larga instável, “muito estreita” e cara, 39%
construído pela humanidade. Por mais que o Brasil dos brasileiros que acessam à internet fizeram
esteja vivendo um momento redistributivo, a renda download de filmes, músicas e softwares, em 2009,
era e ainda é exageradamente concentrada, e a mi- e, 67% alegam participar de sites de relacionamento,
séria somente começou a ser efetivamente enfren- as chamadas redes sociais.
Consegi 2010:
Exemplo brasileiro
Comitê Gestor da Internet no Brasil completa 15 anos, sendo
referência internacional de governança da rede mundial de
computadores
O
Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) forma transparente e democrática: “O Comitê Ges-
completou 15 anos no último mês de maio tor virou uma referência não só para outros países.
e tem apresentado resultados animadores Ele tem sido valorizado por diferentes instituições e
no que se refere à governança da Internet órgãos brasileiros, incluindo o Legislativo, o Judiciá-
no Brasil, em particular na gestão do domínio <.br>. rio e o Executivo. Hoje existe um respeito muito gran-
O modelo brasileiro dessa governança é hoje uma re- de pelo nosso trabalho.”
ferência internacional, sendo visto como um padrão
a ser seguido por outros países conforme reconhe-
cido pelo representante da Organização das Nações
Unidas (ONU), no Fórum de Governança da Internet
(IGF) realizado na Índia, em 2008.
Formado por 21 representantes de distintos seg-
mentos – governo, empresas, terceiro setor e co- “O Comitê Gestor virou
munidade acadêmica –, o Comitê Gestor foi criado
em 1995 por meio de uma portaria interministerial e
uma referência não só para
consolidado por decreto em 2003, com a atribuição, outros países. Ele tem sido
dentre outras, de estabelecer diretrizes estratégicas
relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet
valorizado por diferentes
no País e adotar os procedimentos administrativos instituições e órgãos
e operacionais necessários para sua gestão. brasileiros, incluindo o
O secretário de Política de Informática do Minis-
Legislativo, o Judiciário e o
Foto: Heroturko.org
Futuro
Em 2005, o CGI criou o NIC.br, uma entidade civil, Uma discussão que deverá receber atenção do
sem fins lucrativos, que coordena o registro de no- CGI, no futuro próximo, é quanto à internet do futu-
mes de domínio, e estuda, responde e trata inciden- ro, com a implantação da nova versão do protocolo
tes de segurança no Brasil, entre outras atribuições. IP, o IPv6, e o uso mais extensivo da rede com a in-
“O software que gerencia o domínio <.br> foi desen- trodução de atores que serão objetos com sensores
volvido pelo NIC.br e é hoje utilizado pela Argentina inteligentes.
O registro do domínio Verifique se o nome está É necessário que Deve-se evitar a utilização O valor cobrado é de
<.com.br> deve ser disponível ou se é uma o usuário esteja de nomes longos e sinais R$ 30 pelo período de um
feito no site: marca notória do INPI. Isso cadastrado e identificado gráficos. ano. As instruções para o
http://www.registro.br pode ser feito no sistema de no sistema do registro.br. pagamento são enviadas
pesquisa do site registro.br. no e-mail de confirmação
do registro do domínio.
Para registrar um domínio, é Somente poderão ser utilizados domínios de <.gov.br> por Se o site for de uma empresa,
necessário ser uma entidade legalmente órgãos civis da administração pública, <.mil.br> por órgãos tem que ser informado o CNPJ e três
representada ou estabelecida no Brasil militares e <.edu.br> por instituições de ensino superior. Os contatos: 1) da pessoa responsável pelo
como pessoa jurídica (instituições que domínios sob a raiz <.gov.br> são isentos de pagamento. É preciso domínio; 2) da pessoa responsável pela
possuam CNPJ) ou física (CPF) que possua de autorização do Ministério do Planejamento. A aprovação de parte administrativa; e 3) da pessoa
um contato em território nacional. domínios <.mil.br> é de responsabilidade do Ministério da Defesa. responsável pela parte técnica.
plano diretor
U
m dos grandes desafios enfrentados por nhum planejamento. Com isso, não é raro que os
uma empresa que usa recursos informa- resultados obtidos fiquem aquém das expectativas.
tizados é garantir que o dinheiro investi- Daí a importância de se ter um Plano Diretor de
do em Tecnologia da Informação (TI) não Tecnologia da Informação (PDTI). Trata-se de um
seja usado em projetos dissociados dos objetivos da instrumento que se aplica a todo tipo de organiza-
organização. Muitas decisões, na área tecnológica, ção, seja ela grande, pequena, pública ou privada.
são tomadas de forma isolada, geralmente para O PDTI é uma ferramenta de diagnóstico, planeja-
solucionar problemas pontuais, com pouco ou ne- mento e administração dos recursos e processos
7 recuperação da
funcionalidade do
ambiente de TI,
caso ocorra algum
problema)
Passo 6:
segurança
(disponibilidade e
a confidencialidade
das informações, 6
em níveis Passo 5:
diferenciados de gestão integrada do
acesso) ambiente de TI (garantia
de eficiência a um
5 ambiente que possui uma
variedade grande de
equipamentos, sistemas
de computação e
tecnologias)
Passo 4:
levantamento de
recursos humanos
para a área
4
de Tecnologia
da Informação Passo 3: modelo de
(contratação, Tecnologia da Informação
terceirização, (definição da estrutura
realocação e mínima de rede –
treinamento) equipamentos, acesso
3
à internet, estações de
trabalho, rede elétrica
etc e a arquitetura
organizacional das
atividades de informática,
Passo 2: aquisição como a manutenção de
de tecnologia equipamentos e sistemas)
(sistemas
operacionais e
aplicativos de
rede que devem 2
ser comprados/
desenvolvidos para
atender à demanda Passo 1: análise do
da empresa/clientes) mercado (área de
atuação da empresa,
1 particularidades e
limitações, clientes
pretendidos e
Infográfico: Diego Pizzini
concorrência)
Fonte: SEBRAE – Modelo para elaboração
do PDTI, abril de 2008
Democracia
digital
Junior entra pela primeira vez
em um telecentro. O espaço,
implantado pelo Serpro, em parceria com
a ONG Cadesc, oferece aos moradores da
comunidade, tida como uma das mais vio-
lentas da capital paulista, a chance de usar
computadores, acessar à internet e parti-
cipar de cursos de informática. Carlos se
entusiasma com o mundo da tecnologia.
Órgãos governamentais, Sente que descobriu sua vocação e decide
setor privado e sociedade se aprofundar nos estudos.
Dois anos depois, tem a oportunidade
civil organizada se que tanto esperava: presta concurso pú-
mobilizam num esforço blico para trabalhar no Serpro. O resulta-
do vem como um prêmio a sua dedicação
conjunto para possibilitar e força de vontade. Hoje, aos 25 anos, ele é
empregado da empresa. Atua na Superin-
acesso de todos os tendência de Centro de Dados, no prédio
brasileiros às Tecnologias da Regional São Paulo, no bairro de Socor-
ro, e não reclama das 2h30 que leva dia-
da Informação e riamente para chegar ao serviço. “Foi no
Comunicação (TICs). telecentro que tive acesso ao microcompu-
tador, às novas tecnologias, aos cursos de
software livre. Também conheci pessoas
novas. Realmente mudou a minha vida”,
recorda.
Felizmente, histórias como a de Car-
los Roberto têm se multiplicado por todo
o País, desde que o governo federal inten-
sificou os esforços de articulação com or-
ganizações da sociedade civil, empresas,
prefeituras e governos estaduais, no sen-
tido de universalizar a inclusão digital para
todas as camadas da população.
“Iniciativas como Telecentros.BR, Com-
putador para Todos, Um Computador por
Aluno, Computadores para Inclusão, Plano
Nacional de Banda Larga, entre outras fa-
zem parte desse esforço para acabar com
a exclusão digital no Brasil. Todas elas se
relacionam e se complementam nas suas
Ilustraçao:Diego Pizzini
Gesac garante
conectividade
Pontos de Cultura
Cerca de 2,5 mil unidades espalhadas pelo País,
os Pontos de Cultura, implantados no âmbito do
Programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura,
são exemplos de parceria governo-sociedade que
tem trazido resultados expressivos na luta contra
as desigualdades sociais. A iniciativa estimula a re- Mais informações sobre o Gesac
alização de ações culturais, artísticas, de cidadania podem ser obtidas no Portal
e de economia solidária pelas populações de baixa www.idbrasil.org.br.
Programa Serpro de Inclusão Digital um todo. Para que possamos cumprir plenamente
Maior provedor de soluções tecnológicas para nossa missão, temos de atuar fortemente também
o governo federal, o Serpro exerce papel ativo no nessa área, proporcionando isonomia de condições
esforço pela inclusão digital no País. Desde 2003, a todos os brasileiros”, afirma Marcos Mazoni.
as ações relativas ao tema são trabalhadas dentro O coordenador estratégico de Inclusão Digital
do Programa Serpro de Inclusão Digital (PSID), em do Serpro, Luiz Cláudio Mesquita, lembra que a
estrita vinculação às diretrizes coordenadas pela empresa apoia mais de 350 telecentros em peri-
Presidência da República. “Somos uma empresa ferias de grandes cidades, povoados ribeirinhos,
criada para melhorar a qualidade dos serviços do áreas indígenas, quilombolas, entre outros locais.
governo, e isso deve valer para a cidadania como A ação já ultrapassou, inclusive, as fronteiras bra-
As novidades do
Java Enterprise
Foto: Arquivo Serpro
Edition 6
Cleuton Sampaio de Melo Jr. é analista do Serpro, concursado de 2008, trabalha atualmente na
Superintendência de Suporte à Tecnologia, no Rio de Janeiro. Mestre, formado pelo IBMEC, é
também arquiteto certificado Java (SCEA), tendo trabalhado na elaboração do exame “Sun Certified
Enterprise Architect 5”. É autor de diversos livros sobre o assunto, incluindo o “Guia do Java
Enterprise Edition 5”, editora Brasport.
E
m dezembro do ano passado (2009), partici- • Servlet assíncrono: permite o processamen-
pei do evento “Sun Tech Days”, onde James to assíncrono de requests HTTP, oferecendo uma al-
Gosling (o criador do Java), entre outros pa- ternativa totalmente web ao uso de mensagens JMS;
lestrantes, anunciou a versão 6 da plataforma • JavaServer Faces 2.0: a nova versão do JSF
A versão 6 tem Java Enterprise Edition. Tive a oportunidade de almo- incorpora o Facelets como camada de apresentação,
como “mote” a çar com James Gosling e pudemos conversar sobre eliminando a necessidade de páginas JSP;
simplificação os novos recursos da plataforma. • Java API for RESTful Web Services: a imple-
Duas coisas aconteceram desde então: a Oracle mentação da arquitetura REST em Web Services, que
do desenvol-
concluiu o processo de aquisição da Sun e James Gos- usa os comandos simples HTTP como: GET, PUT, DE-
vimento, mas ling pediu demissão. Embora importantes, não creio LETE para lidar com recursos na Internet;
nem por isto que influenciem a popularidade da plataforma Java. • Contexts and Dependency Injection for the
possui menor Uma prova disto é o grande interesse pelo Java EE 6, Java EE platform: uma coleção de serviços que, entre
funcionalidade. manifestado em fóruns e publicações especializadas. outras coisas, tem um ciclo de vida para objetos plu-
Tive a oportunidade de avaliar e usar muito o Java gados em contextos e injeção de dependências.
Vários recursos
EE 5, tendo colaborado, inclusive, na elaboração do exa- Uma das novas tecnologias que me impressionou
foram modi- me SCEA, com Bryan Bashan, consultor da Sun e co- muito foi a dos Servlets assíncronos, que vem resol-
ficados e/ou autor do livro “Head First: Servlets and JSP”. Devido ao ver um grande problema de todo website: o processa-
adicionados ao meu envolvimento com o Java EE, tenho acompanhado mento lento. Quando um Container aloca um Thread
Java EE 6 a nova versão desde os primórdios e posso afirmar: o para processar um request, é esperado que seja logo
impacto para o desenvolvedor será grande. A versão 6 liberado. Se uma regra de negócios muito demorada
tem como “mote” a simplificação do desenvolvimento, for invocada, o servidor fica com o Thread bloquea-
mas nem por isto possui menor funcionalidade. Vários do, perdendo recursos importantes e reagindo mais
recursos foram modificados e/ou adicionados ao Java lentamente. Vamos exemplificar com um Servlet as-
EE 6. Entre as maiores novidades estão: síncrono:
import java.io.IOException;
import java.util.concurrent.ScheduledThreadPoolExecutor;
import javax.servlet.AsyncContext;
import javax.servlet.ServletException;
import javax.servlet.annotation.WebServlet;
import javax.servlet.http.HttpServlet;
import javax.servlet.http.HttpServletRequest;
import javax.servlet.http.HttpServletResponse;
@WebServlet (name=”Async”,urlPatterns={“/assincrono”},
asyncSupported=true)
public class AsyncServlet extends HttpServlet {
@Override
protected void doGet(HttpServletRequest req, HttpServletResponse resp)
throws ServletException, IOException {
processa(req,resp);
}
@Override
protected void doPost(HttpServletRequest req, HttpServletResponse resp)
throws ServletException, IOException {
processa(req,resp);
}
}
No Java EE 6, usamos anotações para definir classe, por exemplo, executando em outro Thread.
um Servlet. Ele usa uma nova classe: “java.servlet. O Thread do Servlet é liberado, com todos os recur-
AsyncContext” para representar o request assín- sos alocados. Quando o processamento termina,
crono. Ao invocar o método “startAsync”, podemos a resposta é finalizada. Eis a classe que processa o
despachar o processamento do request para outra request assíncrono:
import java.io.BufferedReader;
import java.io.IOException;
import java.io.InputStreamReader;
import java.net.MalformedURLException;
import java.net.URL;
import javax.servlet.AsyncContext;
import javax.servlet.http.HttpServletResponse;
@Override
public void run() {
HttpServletResponse res = (HttpServletResponse) aCtx.getResponse();
try {
// Simula o consumo de um recurso externo
URL google = new URL(“http://www.google.com/”);
BufferedReader in = new BufferedReader(
new InputStreamReader(
google.openStream()));
String inputLine;
// Grava a resposta
while ((inputLine = in.readLine()) != null)
res.getWriter().println(inputLine);
in.close();
// Completa o request assíncrono
aCtx.complete();
} catch (MalformedURLException e) {
e.printStackTrace();
} catch (IOException e) {
e.printStackTrace();
}
}
}
Esta classe é instanciada pelo Servlet, que passa a conclui o request assíncrono (método “complete”).
instância do AsyncContext em seu construtor. O Thread Existem diversas outras tecnologias no Java EE 6,
do Servlet é encerrado e retorna ao Pool do Container. mas como não dá para demonstrarmos todas aqui,
Quando a classe termina de obter o recurso (neste ficamos com esta, que é simplesmente fantástica,
caso, a página do Google ®), ela gera a resposta e economizando recursos do servidor web.
E
m 1980, para pegar suas impressões na re- de soluções de BI, antes disponíveis apenas nos
cém-inventada impressora laser da Xerox, softwares mais especializados e caros. Isso era, por
Richard Stallman ia até o final do corredor si só, uma revolução na área. E a Pentaho foi mais
apenas para descobrir que um atolamento de longe: não existe diferença tecnológica entre as ver-
papel havia parado a impressora. Como resolver isso? sões comunitária e corporativa.
Sem poder alterar a parte mecânica, resolveu repetir a Essa novidade causou uma onda de adoção do
mesma solução dada às outras impressoras: alterar o Pentaho que varreu o mundo. Milhares de empresas
software para que esse enviasse avisos aos donos das oficializaram a implantação de Pentaho, recorrendo “A solução
impressões. Isso sempre levava a impressora a alguém ao suporte oficial, e muitas adotaram a suite para suas Pentaho dará
capaz de desatolá-la. Mas a Xerox não abriu o código- necessidades.
fonte do driver da impressora, e o restante é história: No Brasil, o Serpro é a primeira empresa a tornar
aos usuários
graças ao movimento que Richard Stallman iniciou em 100% do Pentaho o padrão para criação de soluções do Dest maior
1983, em 2010 uma empresa pode ter 100% de seus de BI, para si e para seus clientes. Sua importância se independência
sistemas informatizados com Software Livre (SL). tornou tão grande para a empresa que o próprio Di- na exploração
Business Intelligence (BI) é o conjunto de processos retor-Superintendente, Gilberto Paganoto, atuou para de seus dados
e tecnologias usados para obter percepções oportu- acelerar sua implantação. “Para o Serpro, o Pentaho
nas, precisas, valiosas e práticas sobre seus negócios. possui um papel de tecnologia estruturante”, afirmou
que até então
O Pentaho é uma suite de softwares livres, com o qual Gerson Tessler/Cetec, em 2009. Graças a essa ação, o dependiam de
podemos criar soluções de BI. Essas devem ter um Serpro entregou, em abril de 2010, um projeto Pentaho equipe técnica”
Data Warehouse (DW ou Armazém de Dados) e ferra- para o primeiro cliente dessa infraestrutura, o Dest.
mentas de consulta, para explorar esses dados. O DW é “A solução Pentaho dará aos usuários do Dest maior
um repositório de dados limpos, estáveis e organizados independência na exploração de seus dados que até
para consultas (ao invés de transações). então dependiam de equipe técnica”, diz Vinícius Motta,
Soluções de BI permitem que perguntas críticas analista de negócios da conta Dest na SUNMP.
para o sucesso da empresa possam ser respondidas Muitas outras empresas do setor público também
com clareza e segurança. Por exemplo, quantos empre- adotaram o Pentaho. A Caixa Econômica Federal e o
gados existem na empresa? Fazer essa pergunta sem Banco do Brasil são dois exemplos. Do setor privado,
um DW pode trazer respostas conflitantes (depende Martin-Brower e Têxtil Bezerra de Menezes são exem-
do departamento que responder). Ferramentas como plos brasileiros. Entre as mais de 8 mil empresas que
OLAP ajudam a resolver situações problemáticas: pri- adotaram o Pentaho ao redor do mundo, temos GE,
meiro, identificando-as e depois, graças ao recurso drill Ericsson, Swissport (Suíça), Mozilla Foundation, NHS
down, chegar à origem dos problemas. Processos de (Inglaterra), T Mobile (Alemanha).
Data Mining (Mineração de Dados) podem ser usados
para identificar tendências ocultas nos dados, que sim-
ples relatórios não mostram. Fábio de Salles é analista de sistemas da Coordenação de
O grande retorno desse tipo de sistema justifica Tecnologia do Serpro. Físico pela Unicamp, atuou como Gerente
os altos preços dos fornecedores. Essas soluções, de Soluções no SAS, multinacional de BI. Trabalha no Serpro
caras e amarradas aos fornecedores, não eram aces- desde 2005. Faz parte do Comitê de Software Livre da Regional
síveis à maior parte das empresas. Vários softwares São Paulo e participa da Comunidade Brasileira de Pentaho, tendo
livres de BI surgiram motivados por essa necessida- motivado a criação do evento On-Line OpenTaho. Coordenou o
de. Mas nenhum tão sofisticado e flexível quanto o primeiro protótipo Pentaho do Serpro, na Superintendência de
Pentaho. Ele inovou não apenas ao trazer todas as Gestão Empresarial, onde atualmente colabora para expandi-lo.
ferramentas, mas também ao criar uma arquitetura
B
rasileiros afrodescendentes moradores de cendente. “Além disso, tinha características marcantes
comunidades Quilombolas de todo o País en- da comunidade Quilombola, o que foi determinante para
contraram nas Tecnologias da Informação e fundação da Mocambos”. Devido a essa luta, TC conta
Comunicação (TICs) uma forma de transcen- que a Mocambos foi criada para conhecer melhor a re-
der seus limites territoriais e valorizar a sua produção alidade histórica dos negros no Brasil por meio dessas
artística e cultural. Projetos como “Orquestra de Tam- comunidades quilombolas. “A referência dos quilombos
bores de Aço”, responsáveis por formar jovens e adoles- é muito importante, porque foi a primeira república de-
centes em situação de risco por meio da música, foram mocrática de fato no País”, observa.
potencializados graças à interligação dessas comu- Além da produção de informação para o fortaleci- “Temos hoje
nidades, que atualmente formam a Rede Mocambos. mento e resgate da cultura, TC lembra, ainda, da expe- 12 núcleos
O domínio da informática possibilitou, ainda, o desen- riência que membros da rede têm com as tecnologias de formação
volvimento econômico dessas pessoas pela valoriza- da informação. Ele explica que, para defender seus continuada
ção e facilidade de comercialização de seu artesanato. direitos e produzir material de formação continuada, foi
A Rede congrega cerca de 200 comunidades quilombo- preciso que dominassem diferentes tipos de softwares
espalhados por
las. Desse total,160 já possuem telecentros instalados. livres. “Pensamos no uso social dessas tecnologias. vários estados,
Os membros da Rede Mocambos procuram nas Garantimos o acesso de pessoas em situação de com- para formar
próprias habilidades uma forma de sobrevivência. A pro- pleta exclusão. Preparamos nossas comunidades para jovens que
dução de artesanatos engloba tapetes, peças de argila e que se apropriem do conhecimento disponível em rede. sirvam de
sisal, colchas, cestas, entre outros. Tanto a troca de ma- Neste sentido, temos hoje 12 núcleos de formação
térias-primas entre as comunidades quanto a comer- continuada espalhados por vários estados, para formar
multiplicadores
cialização dos produtos são facilitadas pela participa- jovens que sirvam de multiplicadores da cultura do da cultura do
ção na Rede. “Hoje produzimos também nosso próprio nosso povo”, diz. nosso povo.”
conteúdo e, assim, promovemos a difusão da cultura.
Vídeos, animações, jornais e rádio web, tudo isso é re-
passado principalmente para nossas crianças e jovens.
O teor desse material contém as lutas dos quilombolas,
a nossa identidade e as raízes do nosso povo. Temos até
gráficas para impressão desses materiais”, destaca um
dos coordenadores da Rede Mocambos, Antonio Carlos
dos Santos Silva, mais conhecido como “TC”.
Na sua opinião, o domínio das tecnologias propiciou
instrumentalizar todas as comunidades para uma dis-
cussão embasada. “Somos nós que produzimos a nos-
sa própria notícia. A TV Mocambos é uma indutora da
nossa arte e de nossa cultura. Produzimos documen-
tários desde a manifestação de grupos de Hip Hop
quilombolas até oficinas de tambores ministradas por
membros da nossa comunidade. Pela Rede, circula cul- Quem quiser conhecer mais
tura e arte. Nela, conseguimos mobilizar quilombolas sobre a Rede Mocambos e saber
nos mais distantes territórios do nosso País”, acentua. como se estruturam em uma rede de troca
O coordenador explica que a ideia da Rede nasceu de informações, de valores culturais,
da iniciativa da Casa de Cultura Tainã, que tem como pode acessar o endereço eletrônico:
missão fortalecer a prática da cidadania e a formação da www.mocambos.net.
identidade cultural, principalmente da cultura afrodes-
Foto: Heroturko.org
Marco Civil da internet
divide opiniões
O
uso da internet no Brasil tem sido objeto de pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para
ampla discussão, tanto no Poder Executivo que fossem definidos e regulamentados os direitos
quanto no Legislativo e na sociedade em e deveres dos usuários, antes de tipificar como cri-
geral. Um projeto de lei que tramita na Câ- me a conduta de internautas na rede. “Mais do que
mara dos Deputados pretende tipificar os crimes di- sair criando tipos penais e mecanismos de investi-
gitais e estabelecer penalidades para as irregulari- gação, o Marco Civil propõe identificar, com clare-
dades praticadas na rede. Outra proposta, que está za, os deveres e direitos dos indivíduos. Para isso,
em fase de elaboração pelo governo federal, a cargo consultamos a sociedade, disponibilizando na pró-
do Ministério da Justiça (MJ), quer regular o acesso pria Internet as propostas que iriam fazer parte do
do usuário antes de punir os possíveis infratores. anteprojeto. Depois que desenvolvemos o projeto de
A ideia é estabelecer um marco civil para determinar lei, ele foi aberto a essas contribuições”, enfatiza.
as responsabilidades, os direitos e os deveres dos O representante do MJ afirma que a proposta
usuários, empresas e órgãos públicos. A expecta- foi estruturada em três grandes eixos. O primeiro
tiva é que as duas propostas sejam encaminhadas deles, sobre os direitos dos cidadãos na internet.
para votação no início do segundo semestre. O segundo, a respeito da responsabilidade dos dife-
O chefe de gabinete da Secretaria de Assuntos rentes atores – provedores de conteúdo e de acesso,
Legislativos do MJ, Guilherme Almeida, que coor- entre outros. E, por último, as diretrizes do gover-
dena a elaboração do Marco Civil do Executivo, ex- no federal para garantir a publicação de seus atos
plica que o governo federal recebeu diversas contri- na internet. “Tivemos mais de mil comentários em
buições da sociedade para a criação do anteprojeto cima do projeto de lei. Parágrafos, artigos e incisos
de lei. Segundo ele, a proposta surgiu a partir de um puderam ser comentados. Para a nossa surpresa,
Projeto de Lei
Na Câmara, o relator do projeto que tipifica crimes
digitais na lei brasileira, deputado federal Julio Se- próximos passos
meghini (PSDB-SP), afirma que a ideia é apresentar
um texto alternativo ao projeto de lei nº 84/1999 – que
foi modificado no Senado e voltou para discussão na no executivo
Câmara dos Deputados. “Pretendemos reformular a Marco Civil – Ministério da Justiça
matéria e propor um substitutivo que contemple parte (MJ) espera concluir proposta,
do projeto que teve origem na Câmara e parte da pro- no início do segundo semestre,
posta modificada pelo Senado. E, assim que conse- e enviar ao Congresso
guirmos um consenso, no mais tardar até o final de
julho, enviaremos a proposta para sanção do presi-
dente da República”, explica.
De acordo com Semeghini, ao punir o mau uso da
rede, o projeto é uma complementação do Marco Civil,
e não um contraponto. “Não entraremos nas questões
de que trata o projeto do Executivo. Precisamos, sim,
abordar aqueles que entram na rede com o objetivo
de prejudicar alguém, seja para destruir informa-
ções e banco de dados, seja no intuito de subtrair
dados confidenciais de outros usuários, como senhas
de banco”, destaca.
O parlamentar considera que o principal impas-
se da proposta é quanto ao armazenamento de dados
pelos provedores de acesso. “O projeto atual prevê que no legislativo
os dados fiquem arquivados durante três anos. Mas é
um ponto que está em discussão. A princípio, o que Projeto de Lei nº 84/1999 –
está prevalecendo é que esse armazenamento seja Deputado Julio Semeghini,
por um ano. Temos, ainda, outro ponto polêmico que relator da matéria, deverá
é a obrigatoriedade de os provedores denunciarem às propor um substitutivo ao projeto,
entidades competentes crimes praticados na rede. enviado pelo Senado à Câmara, e,
Mas isso já existe no Código Penal: a obrigatoriedade na sequência, encaminhar para
de a pessoa denunciar uma prática que tenha presen- sanção do Presidente da República
ciado. Precisamos rever essas questões”, admite.
Canal direto
com o cidadão
As novas redes sociais
têm permitido a órgãos
dos três Poderes da
República manter
uma comunicação
permanente
e direta com
a sociedade
Foto: Heroturko.org
Acompanhe as ações de
órgãos públicos pelas redes
sociais. Abaixo, seguem alguns
exemplos:
Legislativo
No mesmo caminho dos Poderes Executivo e
Judiciário, o Legislativo já percebeu a importância
da internet e das redes sociais. Os projetos de lei
apresentados por deputados e senadores, o passo a “Este é um
passo das propostas e a lista de matérias previstas caminho sem
Com mais de 14 mil seguidores,
para irem à votação estão à disposição de qualquer volta. Com a o Ministério da Cultura (MinC)
internauta. As notícias produzidas pelos veículos de evolução das também entrou na onda das redes
comunicação da Câmara e do Senado também estão redes sociais, sociais. Espaço é um meio de se
nos perfis do twitter que as agências, rádios e TVs o cidadão não acompanhar as atividades culturais
do Legislativo mantêm na rede mundial de compu- precisará da pasta. http://www.cultura.gov.br
tadores. mais de re-
No Senado Federal, a ampla inserção nas redes presentantes
sociais é uma das metas do planejamento estraté-
da forma que
gico em construção para os próximos oito anos. Um
dos incentivadores desse processo é o próprio pre-
temos hoje”
sidente da Casa, senador José Sarney (PMDB-AP),
que acredita que as redes sociais devem levar a so-
ciedade a um modelo de democracia direta. “Este é
um caminho sem volta. Com a evolução das redes
sociais, o cidadão não precisará mais de represen-
tantes da forma que temos hoje”, diz o senador.
No Judiciário, as decisões do
Supremo Tribunal Federal (STF)
podem ser acompanhadas pelo
Twitter. O órgão é visto por mais
de 22 mil seguidores.
http://www.stf.jus.br
O
tema da inclusão digital começou a figu- uma área de inclusão digital. Nosso público in-
rar no cotidiano do País, no início da dé- terno não entendia como iríamos montar uma es-
cada passada. O pressuposto era de que, trutura e configurar os computadores sem cobrar
além de possibilitar o contato do cidadão nada. Tivemos que mudar a lógica e implantar a
com o mundo digital, fazia-se necessário que ele visão de que o Serpro estava apenas devolvendo “Tivemos que
pudesse usufruir de um suporte tecnológico para para a sociedade toda a credibilidade recebida du- mudar a lógica
mudar sua condição de vida. No Serpro, os primei- rante anos”, enfatiza. e implantar
ros passos foram dados em meados de 2003, com Hoje são mais de 300 unidades instaladas em
a implantação de telecentros no Rio de Janeiro todo o Brasil. Para utilizar os computadores do-
a visão de
(RJ). Já as ações do governo federal tiveram iní- ados, o Serpro teve que desenvolver uma platafor- que o Serpro
cio um pouco antes, em 2001, com a instalação de ma tecnológica que pudesse atender ao programa estava apenas
unidades em São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). de Inclusão Digital e permitir a sua execução nas devolvendo
Mesmo sem saber o significado de Inclusão máquinas. “Os colegas desenvolveram, então, para a
Digital, o Serpro passou a instalar, em suas re- soluções híbridas com configurações mínimas
presentações regionais, o Espaço Serpro Cidadão, para executar basicamente placas de rede e vídeo.
sociedade
oferecendo às comunidades o acesso à busca de Esses computadores eram ligados em rede a um toda a
informações e aos serviços disponíveis na Internet. servidor com recursos melhores”, explica. credibilidade
Hoje, o Espaço está presente nas 10 unidades regio- recebida
nais (Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Mais computadores durante anos.”
Recife, Belo Horizonte, Belém, Fortaleza, Porto Cabelinho conta que a montagem dos tele-
Alegre e Curitiba). O ambiente segue os mesmos centros ganhou uma amplitude maior em 2006,
moldes de um telecentro e é composto por compu- quando a Receita Federal devolveu cerca de 12 mil
tadores conectados à rede, operando em plataforma máquinas ao Serpro. “Saímos de um Fusca para
Linux. Também, há impressoras que possibilitam a um Monza naquela ocasião”, compara. “Os com-
impressão de certidões, documentos ou resultados putadores eram melhores do que os que tínhamos
de exames e pesquisas. até então, por isso pudemos desenvolver recur-
Os primeiros passos em direção à implanta- sos mais avançados, além de poder renovar todo
ção dos primeiros telecentros foram dados pelo o parque dos telecentros já implantados. Os PCs
Serpro, no Rio de Janeiro, com a instalação de se tornaram mais independentes e não precisavam
11 unidades, em parceria com o Banco do Brasil. tanto de um servidor para executar suas funções”,
De acordo com o gerente do Programa Serpro de recorda.
Inclusão Digital, Antônio Carlos Miranda da Silva, Naquele mesmo ano, e com a possibilida-
conhecido como “Cabelinho”, o banco forneceu as de maior de instalação de telecentros, foi criado
máquinas que foram substituídas de seu parque o Programa Serpro de Inclusão Digital (PSID). “A
tecnológico. “Além desta parceria, conseguimos partir desse momento, a empresa resolveu insti-
também o apoio do Programa Governo Eletrônico tuir uma estrutura para o programa funcionar. Foi
Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), do criada uma coordenação nacional e também um
Ministério das Comunicações, que nos forneceu grupo de trabalho de mais ou menos 20 pessoas
conexão para duas unidades”, lembra. em todas as regionais do Serpro”, diz o gerente.
Cabelinho ressalta, entretanto, que as máqui- Em 2007, foi efetivada a Coordenação Estra-
nas fornecidas pelo Banco do Brasil possibilitaram tégica de Inclusão Digital, em âmbito nacional.
o avanço na instalação dos telecentros. “Graças ao Vários profissionais foram destacados nas regio-
Banco, pudemos dar continuidade à proposta de nais para atuar no Programa, e o Serpro ampliou
implantação das estruturas. As primeiras ações sua contribuição no esforço de assegurar a inclu-
foram difíceis, porque não tínhamos ainda no Serpro são digital das diversas camadas da população.
inteligência
artificial
a serviço do governo
Foto: Divulgação
(A Space Odyssey, EUA, 1968) – O clás-
sico de ficção científica, que completou
de detecção de fraudes é quatro décadas de sucesso, é basea-
Foto: Divulgação
Ganhador de vários prêmios, o filme
públicos por meio eletrônico, consegue redução nos conta a história de uma sociedade domi-
gastos e maximiza a sua produtividade. nada por um programa de computador
“Nos últimos anos, acompanhamos um forte chamado Matrix, que evoluiu por meio
investimento na infraestrutura e na formação de da inteligência artificial. O personagem
recursos humanos da máquina estatal. É louvável do ator Keanu Reeves (Neo) é chamado
essa política, pois um Estado forte não pode se ba- por um grupo de rebeldes para comba-
sear em tecnologias que o mantenha dependente de ter os computadores. Na trama, Neo tem
pesadelos horríveis em que se vê conec-
interesses particulares, bem como deve ser capaz
tado por cabos a um sistema de compu-
de responder às demandas do cidadão brasileiro.
tadores e começa a duvidar da realidade
A Inteligência Artificial é uma dessas tecnologias que em que vive. O personagem de Keanu
devemos dominar”, sentencia José Raimundo. Reeves é visto como o salvador que irá
libertar os humanos presos na Matrix.
Os diretores conceberam a trama como
uma trilogia, concluída em 2003 com
Matrix Reloaded e Matrix Revolutions,
rodados simultaneamente. A direção e
o roteiro foram dos irmãos Wachowski,
com produção de Joel Silver.
Foto: Divulgação
tificial Intelligence, EUA, 2001) –
Inspirado em um conto de Brian Aldiss,
o longa-metragem retrata a história de
um menino robô (David) capaz de so-
nhar e amar. Com base em anotações e
desenhos deixados por Stanley Kubrick,
o diretor Steven Spielberg retrata um
futuro indefinido, em que robôs têm im-
pressionantes feições humanas. No en-
Acesse o Portal de serviços e redo, David é adotado por um casal para
informações do governo federal, ocupar o lugar do filho doente. Quando
e fique por dentro das ações em gestão a criança retorna ao lar, o menino robô
eletrônica. http://www.e.gov.br/ é abandonado. Apesar de máquina, ele
quer ser gente e tenta, desesperada-
mente, reencontrar a sua “mãe”.
que a pessoa que recebeu os computadores os des- oficinas de artesanato, e dão vida às mais variadas
carte incorretamente. E o meio ambiente agradece: peças, desde as mais simples utilidades domésti-
só a Oxigênio recebe por ano cerca de 10 tonela- cas até os objetos de decoração mais sofisticados
das de lixo eletrônico. “Nós ajudamos no combate e modernos.
à poluição e ainda levamos a inclusão digital para Nos locais onde já foram implantados, os CRCs
milhares de jovens, adultos, crianças e até idosos são um sucesso ao gerar oportunidades de traba-
que nunca tiveram acesso à tecnologia da informa- lho e colocar a tecnologia a serviço de comunida-
ção”, diz Martha Del Bello. des de baixa renda.
Distrito Federal
No Distrito Federal, quem coordena o Centro
de Recondicionamento de Computadores é a ONG Para mais informações sobre a doação
de equipamentos, acesse os sítios:
Associação de Apoio à Família, ao Grupo e à Co-
munidade (Afago), que funciona na região admi-
nistrativa do Gama, distante cerca de 40 quilôme-
tros do centro de Brasília. Inaugurado em abril de
2007, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
projeto CRC Gama tem como objetivo apoiar e via-
bilizar iniciativas de promoção da inclusão digital
por meio da oferta de cursos profissionalizantes
de informática para jovens de 16 a 24 anos, além
da doação de equipamentos recondicionados aos
telecentros comunitários, escolas e bibliotecas
públicas.
A presidente da Afago, Zélia Victorino dos San-
tos, explica que a principal tarefa do Centro é formar
profissionais aptos a ingressar no mercado de tra- www.oxigenio.org.br
balho. Para isso, a ONG oferece cerca de 300 vagas
por ano para os cursos de informática básica, ma-
nutenção e configuração de microcomputadores.
Tudo de graça. “A partir deste ano, os funcionários
da área técnica e de logística da Afago passaram a
ser selecionados entre os ex-alunos do CRC Gama,
uma vez que foram formados e capacitados para
atuarem na área de manutenção, configuração e
recondicionamento de computadores. Os emprega-
dos são pessoas da comunidade e todos concluíram
o ensino médio”, diz Zélia. É uma forma de o CRC
ajudar esses jovens sem experiência a conseguirem
o tão desejado primeiro emprego.
E o que é feito com as partes de computadores
que não servem mais, nem para serem recondi- afagodf.blogspot.com
cionadas? Esse material é reciclado e usado em
Inclusão digital e
software livre são
Foto: Luiz Okubo pré-requisitos do
exercício da cidadania
Nivaldo Venancio da Cunha
Diretor de Operações do Serpro
U
ma certeza inabalável é que a inclusão digital Os computadores dos centros, com participação do
deve ser uma das armas de combate à exclu- Serpro, são instalados com Linux e uma vasta gama de
são social no Brasil. Para isso, deve ser reali- programas livres. Em breve, passarão da distribuição
zada por meio de políticas públicas. Nos últi- Fedora para Ubuntu. Não é exagero dizer que a demo-
mos oito anos, diversas foram as iniciativas de órgãos e cracia ganha com isso. Na falta de uma metáfora mais
empresas estatais para a criação de telecentros: espa- precisa, o que está ocorrendo é uma alfabetização digi-
ços públicos de acesso aos computadores e à internet, tal. Não é aceitável capacitar as pessoas em ferramen-
baseados na parceria com comunidades, associações tas de uma só empresa, qualquer que seja ela, porque
e nos softwares de código aberto. isso, sabemos, aprisiona o conhecimento e suas pos-
Se trabalharmos com a evolução dos serviços de go- sibilidades de evolução. Com essa opção tecnológica
verno e essa melhoria passar pela disponibilidade dos aliada à decisão de o governo guiar as aquisições de
mesmos na rede mundial de computadores, não pode- serviços por meio das plataformas abertas, quebramos
remos aceitar que metade do País esteja impossibilitado um ciclo vicioso entre educação da informática e exi-
de navegar na internet. As lan houses têm, claro, papel gências do mercado por um dado produto.
importante na universalização do acesso, porém a Esta lógica é utilizada, com razão, na seleção pú-
função de fomentar não só o acesso, mas também a for- blica do Programa Nacional de Apoio à Inclusão Digi-
mação individual, profissional e a produção de conheci- tal nas Comunidades – Telecentros.BR, lançado em
mento nas muitas localidades esquecidas pelo mercado março deste ano. Além de novos equipamentos para
que explora a internet, tem sido dos telecentros. as iniciativas já existentes, prevê bolsa para monitores
Estes espaços de inclusão digital – repito – acer- e recondicionamento de computadores. Geração de
tadamente baseados na parceria com a comunidade, conhecimento em software e hardware tendo, entre
demandam infraestrutura e sustentabilidade. A interli- as premissas, acesso público e gratuito, realização de
gação é óbvia, além de não possuírem alto custo de ma- cursos e atividades coletivas (de cultura, lazer e renda),
nutenção, têm que fornecer possibilidades de aprendi- sempre com uso de programas de código aberto.
zagem das ferramentas de informática. Por isso, não Não se pode deixar de falar do importante passo
há dúvida de que os telecentros devem ser equipados para a inclusão digital, que é o Plano Nacional de Ban-
com softwares livres. A lógica do conhecimento aber- da Larga – PNBL. Onde o mercado falhou em prover
to, as comunidades formadas para qualificar as tecno- acesso com justo equilíbrio entre preço e qualidade,
logias e o provimento de respostas às dúvidas dos o governo dá o pontapé para a distribuição nacional
usuários casam com a missão dos telecentros. e integradora do usufruto das novas tecnologias de
comunicação em rede.
Inclusão Digital é um direito de todos que o governo
Não é aceitável capacitar as deve garantir. O pleno exercício da cidadania, além das
pessoas em ferramentas de uma só necessidades básicas clássicas, só é possível hoje com
acesso aos recursos informacionais e com a liberdade
empresa, qualquer que seja ela, de aprender e reproduzir. Ensinar a pescar é um ponto
porque isso, sabemos, aprisiona o importante e só acontece com a livre escolha das fer-
conhecimento e suas possibilidades ramentas: varas, linhas e anzóis. Contudo, antes disso,
é preciso fornecer o acesso ao mar, sem este ninguém
de evolução navega.