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ID Nº 131

PRODUÇÃO DE CARVÃO ATIVADO A PARTIR DE PET RESIDUAL PARA


REMOÇÃO DE CONTAMINANTES ORGÂNICOS EM EFLUENTES

FONSECA, Amanda Duarte; LOBO, Amanda de Freitas; ARAUJO, Carolina Righi;


SOUZA, Déborah Fagundes de; CARVALHO, Izabela do Carmo;
CAMPOS, Letícia Rodrigues; JACOB, Raquel Sampaio.

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC MINAS

RESUMO

O aumento da atividade industrial traz consigo diversos impactos ambientais


associados ao descarte de grandes volumes de resíduos, algumas vezes gerados pela
ineficiência dos processos de conversão. Esses efluentes podem conter resíduos complexos
em elevadas concentrações, que, quando em contato com corpos d’água, alteram suas
características naturais, tornando a água nociva aos seres presente e inutilizável para
determinados fins. Devido a isso, os mesmos devem ser tratados para que essas substâncias
sejam removidas por métodos eficientes e economicamente viáveis. Dos métodos existentes, a
adsorção por carvão ativado tem sido muito utilizada devido a grande área superficial e alta
remoção de compostos orgânicos. Dentre os materiais carbonáceos que os adsorventes podem
ser produzidos destaca-se o politereftalato de etileno (PET), por ser um dos principais
plásticos utilizado industrialmente e ser considerado um resíduo de elevado tempo de
degradação. Portanto, este estudo objetiva desenvolver novas alternativas, por meio da
adsorção, para reduzir a concentração de contaminantes orgânicos e, assim, possibilitar a
obtenção de um efluente que atenda as legislações vigentes. Para isso, o carvão ativado foi
sintetizado a partir de resíduos de PET sem coloração e com coloração esverdeada, em
temperaturas diferentes (400 °C e 600 °C). O método utilizado para síntese foi a ativação
química, utilizando o carbonato de potássio (K2CO3) e o cloreto de zinco (ZnCl2) como
agentes ativantes. Após análise da capacidade de adsorção observou-se que todos os tipos de
carvões produzidos mostraram elevada eficiência de remoção. Ainda, após a caracterização
realizada através do infravermelho e da microscopia eletrônica de varredura (MEV),
verificou-se que especialmente o carvão ativado produzido com pet transparente, ativado
através do agente K2CO3 a 400°C, apresentou bandas referentes a alguns grupos funcionais
importantes e uma quantidade de microporos elevada, fatores esses que tornam o processo de
adsorção mais eficiente.

Palavras-chave: PET, adsorção, carvão ativado.

1. INTRODUÇÃO

Dentre os recursos naturais existentes na terra, a água é um dos principais


componentes da biosfera, representando 71% da superfície do planeta. Assim, por ser muito
utilizada, é imprescindível que esteja disponível em quantidade e qualidade adequada. Porém,
o crescimento populacional das últimas décadas exigiu um aumento das atividades industriais
e agrícolas. Essas por sua vez, estão contribuindo para agravamento de diversos problemas
ambientais, como por exemplo, a contaminação hídrica por descarte de efluentes
(TIBURTIUS, et al., 2004).
A contaminação por efluentes industriais é resultante dos resíduos descartados nos
processos realizados pelas indústrias. Os contaminantes podem ser complexos e estarem
presentes em elevadas concentrações. É sabido que há uma forma natural de degradação
desses compostos, que se denomina autodepuração. Esse fenômeno reestabelece o equilíbrio
do meio aquático após o descarte de certa quantidade de efluente em corpo d’água por meio
de mecanismos físicos e químicos (SPERLING, 1996). Porém, devido ao caráter tóxico e
altamente estável, grande parte desses compostos orgânicos é de difícil degradação natural e
tende a se bioacumular no meio ambiente. Esse bioacúmulo, aliado às características
carcinogênicas e/ou mutagênicas que esses compostos podem apresentar, provoca alterações
em ciclos biológicos e diminui a atividade fotossintética (FREIRE, et al., 2000; LEAL, et al.,
2012).
Dessa forma, vale ressaltar que existem alternativas sintéticas para diminuição da
quantidade de resíduos dos efluentes. Dentre elas, pode-se citar a biodegradação, os processos
oxidativos, a adsorção, a floculação e a filtração (FREIRE, et al., 2000; ALVES, 2007).
Dos métodos citados, destaca-se a adsorção, que é um processo físico-químico no qual
um componente na fase gasosa ou líquida será transferido para a superfície de um sólido
(VALENCIA, 2007). Esse método depende de alguns fatores como: a origem do adsorvente e
as condições de adsorção. Além disso, a área superficial, o tamanho dos poros e a natureza
dos grupos funcionais presentes na superfície do adsorvente determinam a capacidade de
adsorção (WERLANG, et al., 2013).
A adsorção possui grande aplicação industrial, por possuir baixo custo e elevadas
taxas de remoção, principalmente de compostos orgânicos que possuem alta solubilidade.
Além disso, por não se tratar de um método destrutivo, há a possibilidade de reutilização do
adsorvente e recuperação dos compostos orgânicos sem perda de sua identidade química
(ALVES, 2007; DALLAGO, et al., 2005).
Esse processo pode ser feito por adsorventes como, por exemplo, o carvão ativado
(DALLAGO, et al., 2005). Os adsorventes convencionais são constituídos de carbono, assim
como o carvão ativado, e podem ser produzidos a partir de materiais carbonáceos, como casca
de frutas (banana, coco verde), madeira, argila, PET (Politereftalato de etileno), restos de
cortiça, entre outros (MEZZARI, 2002).
Considerando a enorme quantidade de PET produzido no Brasil e no mundo, é de
grande importância encontrar alternativas para reutilizar esse material. Afinal, o seu tempo de
degradação no meio ambiente pode levar mais de 100 anos para ser concluído e as maneiras
tradicionais de reutilização do material são insuficientes (VASCONCELOS, 2007). Desse
modo, o investimento tecnológico para novas formas de reutilização do resíduo está cada vez
maior, uma vez que, esse material, quando reciclado, possui baixo custo e grande facilidade
de obtenção, sendo, portanto, muito acessível (ABIPET, 2013; GORNI, 2003).
Portanto, uma nova alternativa é o reuso do PET reciclado (embalagens de
refrigerante) para produção de carvão ativado, sendo que este será utilizado posteriormente
para remoção de matéria orgânica em efluentes. Sendo assim, uma alternativa duplamente
eficiente para o bem-estar social e ambiental, uma vez que a matéria-prima para o carvão
ativado será uma forma de reciclagem e a sua utilização, uma forma de tratamento para
efluentes contaminados.

1.1. Objetivos

Desenvolver novas alternativas, por meio da adsorção, para reduzir a concentração de


contaminantes orgânicos e assim, possibilitar a obtenção de um efluente que atenda as
legislações em relação à máxima concentração permitida desse contaminante.
2. METODOLOGIA

A síntese dos carvões ativados foi feita utilizando-se o método de ativação química
nos PET’s residuais sem coloração e com coloração verde. Os agentes ativantes utilizados
foram o carbonato de potássio (K2CO3) e o cloreto de zinco (ZnCl2). Após a ativação os
PET’s foram submetidos a duas temperaturas diferentes e a Figura 1 representa o arranjo das
amostras. O experimento foi realizado em triplicata totalizando assim 18 amostras finais.

Figura 1: Fluxograma de amostras produzidas

Fonte: Próprio autor.

2.1. Ativação do carvão

Foram preparadas soluções aquosas de concentração 20% m/v de cada agente ativante,
K2CO3 e ZnCl2. Uma massa de 5g dos diferentes tipos de PET que se encontravam em
granulometria reduzida foi submergido em 25 mL das soluções preparadas. Em seguida,
realizou-se um aquecimento a 80 °C com agitação, até a secagem das amostras.
Posteriormente, as amostras foram colocadas em uma estufa a 110 °C por 24 horas (PAIVA,
2014).
2.2. Carbonização

As amostras, recobertas com papel alumínio, foram levadas aos fornos que se
encontravam a uma temperatura de 200 ºC, onde permaneceram durante 10 minutos
juntamente com carvão vegetal. Em seguida, regulou-se os fornos para as temperaturas
desejadas, de acordo com o fluxograma da Figura 1, e a temperatura se elevou gradualmente.
Ao atingir a temperatura desejada, as amostras permaneceram por duas horas (adaptado de
PAIVA, 2014).
A fim de remover os agentes ativantes e desobstruir os poros dos carvões obtidos, as
amostras foram lavadas com água destilada. A lavagem foi realizada em um filtro (faixa
branca) e utilizou-se uma bomba a vácuo para auxiliar na filtração. Analisou-se o pH do
filtrado até que apresentasse um valor próximo da neutralidade. Em seguida, as amostras
foram secas a 110 ºC durante 24 horas, utilizando-se novamente a estufa (adaptado de
PAIVA, 2014).

2.3. Caracterização

2.3.1. Infravermelho

Os carvões ativados sintetizados foram avaliados através do equipamento de


Infravermelho, com o objetivo de identificar os grupos funcionais presentes nas suas
estruturas.
Prepararam-se as pastilhas para serem analisadas utilizando uma quantidade de
brometo de potássio correspondente a 1% da quantidade da amostra de carvão ativado. Após
o preparo da mistura e maceração da mesma, as pastilhas foram construídas e colocadas em
um compartimento próprio para a realização da leitura no infravermelho.

2.3.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Primeiramente, colocaram-se amostras de carvões ativados nos porta amostras para


serem metalizadas. Esse processo ocorreu no equipamento Denton Vacuum, que produz um
vácuo nas condições de 5-6x10-2 Torr. Após essa etapa, passou-se uma corrente de
aproximadamente 25 mA no ouro e este se depositou nas amostras. O procedimento foi
realizado durante 4 minutos.
Após a metalização, as amostras foram inseridas no MEV para a análise das
características microestruturais e da composição elementar do carvão ativado.

2.4. Adsorção

Para construção da curva de calibração, foram preparadas 50 mL das soluções de


concentrações: 0,5 mg.L-1, 1,0 mg.L-1, 3,0 mg.L-1, 5,0 mg.L-1, 6,0 mg.L-1, 7,0 mg.L-1 e 8,0
mg.L-1, a partir de uma solução padrão de Azul de Metileno. Através da varredura da solução
mais concentrada, determinou-se o comprimento de onda que forneceu o maior pico de
absorbância e esse comprimento foi utilizado para a leitura das soluções no espectrofotômetro
UV-VIS onde, foi possível obter a curva analítica e a partir desta, a faixa ótima de trabalho
(BRUM, et al, 2008).
A fim de verificar a capacidade de adsorção de contaminantes orgânicos pelos
carvões, utilizou-se uma solução aquosa de corante orgânico catiônico azul de metileno (AM)
de concentração 8,0 mg.L-1. Assim, 0,200 g de cada carvão produzido foram imersos em 8,0
mL dessa solução. Além disso, 0,200 g de cada carvão foram colocados em 8,0 mL de água
destilada para análise do branco. Depois, o branco e as amostras foram colocadas sobre um
agitador magnético em máxima agitação durante 24 horas (adaptado de Brum, et al., 2008).
Em seguida, para a separação dos adsorventes das soluções, utilizou-se a centrifugação
a 3500 rpm durante 20 minutos, seguida da filtração com filtros de vidro e, por fim,
novamente a centrifugação por mais 10 minutos (Oliveira, et al., 2013).
A absorbância final foi medida em um Espectrofotômetro Ultravioleta visível (UV-
VIS). As concentrações finais do corante presente nas soluções, após a adsorção, foram
determinadas através da equação do gráfico obtido na construção da curva de calibração, a
partir dos valores de absorbância obtidos para cada uma das amostras.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1.1. Infravermelho

Os espectros de cada amostra de carvão ativado estão representados nas Figuras 2,


3, 4, 5, 6 E 7.
Figura 2: Espectro referente ao carvão produzido com PET transparente, agente ZnCl2
e temperatura de 400°C

Fonte: Próprio autor.


Figura 3: Espectro referente ao carvão produzido com PET verde, agente ZnCl2 e
temperatura de 400°C

Fonte: Próprio autor.

A partir das Figuras 2 e 3, tem-se que o número de onda 3600 cm-1 da figura 2
apresenta uma banda fina, que representa ligações diméricas de O-H. A banda no número de
onda aproximadamente igual a 3200 cm-1 corresponde à ligação OH. Já as bandas
apresentadas em torno de 1600 e 1400 cm-1, referem-se ao estiramento de ligações C-C e C=C
de aromáticos (CH2 e CH3), o que pode ser comprovado pela presença de pequenas bandas
nas regiões 1390-1370 que representam deformações angulares nas ligações CH3 e CH2
adjacente à carbonila, respectivamente. A faixa de número de onda de 1000 a 600 cm -1
corresponde à presença de hidrocarbonetos, bem como existência de ligações duplas e anéis
aromáticos. A presença da banda no número de onda dentro da faixa 770 a 730 cm -1 está
associada ao aromático monossubstituído. Por fim, a banda apresentada em torno de 800 a
600 cm-1, representa a ligação de carbono com o halogênio Cl referente ao agente ativante
ZnCl2.
Figura 4: Espectro referente ao carvão produzido com PET transparente, agente K2CO3
e temperatura de 400°C

Fonte: Próprio autor.

Figura 5: Espectro referente ao carvão produzido com PET verde, agente K2CO3 e
temperatura de 400°C

Fonte: Próprio autor.

A partir das Figuras 4 e 5, infere-se que tanto a banda presente em torno de 2400 cm-1
quanto a banda dentro da faixa de 770 a 730 cm-1, indicam a presença do composto
monosubstituído aromático (metil-benzeno). A presença desse aromático pode ser
comprovada devido à existência de bandas na região 900-690 cm-1, onde as ligações carbono-
hidrogênio do anel são responsáveis por uma banda intensa de absorção angular fora do plano
de –CH. Na faixa de 1750 cm-1 pode haver ácidos carboxílicos, porém essa informação não
pôde ser afirmada, uma vez que não houve a presença de uma banda larga e irregular referente
à ligação O-H próximos a 3200 cm-1. Ao lado da banda de 1750 cm-1 há a existência da
harmônica referente ao anel aromático. Já no número de onda de 1250 cm-1, pode-se inferir
que há a presença de fenóis. O número de onda 1050 até 1150 cm-1 representa a possibilidade
de existência de alcoóis primários, secundários e terciários, já que a banda em torno de 3200
cm-1, que corresponde à ligação OH, não se mostrou considerável. Na faixa de número de
onda de 1000 a 600 cm-1 tem-se a presença de hidrocarbonetos, bem como existência de
ligações duplas e anéis aromáticos.

Figura 6: Espectro referente ao carvão produzido com PET transparente, agente K2CO3
e temperatura de 600°C

Fonte: Próprio autor.

Figura 7: Espectro referente ao carvão produzido com PET verde, agente K2CO3 e
temperatura de 600°C

Fonte: Próprio autor.


A partir das Figuras 6 e 7, compreende-se que não houve bandas consideráveis. Isso é
explicado pelo fato de que, apesar de a amostra da figura 6 ter apresentado uma banda em
torno de 2400 cm-1, indicando a presença do composto monosubstituído aromático (metil-
benzeno), e bandas próximas a 700 cm-1, evidenciando a presença do mesmo composto, as
ligações carbono-hidrogênio do anel são responsáveis por uma banda intensa de absorção
angular fora do plano de -CH, na região 900-690 cm-1, o que não foi evidenciado.
3.1.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Ao realizar a varredura dos carvões ativados, obteve-se as Figuras 8, 9, 10, 11, 12 e


13.

Figura 8: MEV referente ao PET Figura 9: MEV referente ao PET verde


transparente (ZnCl2 – 400ºC) com as (ZnCl2 – 400ºC) com as dimensões dos
dimensões dos poros do carvão (200x). poros do carvão (200x).

Fonte: Próprio autor. Fonte: Próprio autor.

Figura 10: MEV referente ao PET Figura 11: MEV referente ao PET verde
transparente (K2CO3 – 400ºC) com as (K2CO3 – 400ºC) com as dimensões dos
dimensões dos poros do carvão (200x). poros do carvão (200x).

Fonte: Próprio autor. Fonte: Próprio autor.


Figura 12: MEV referente ao PET Figura 13: MEV referente ao PET
transparente (K2CO3 – 600ºC) com as verde (K2CO3 – 600ºC) com as
dimensões dos poros do carvão (200x). dimensões dos poros do carvão (200x).

Fonte: Próprio autor. Fonte: Próprio autor.

Visualmente, observa-se para todas as amostras, que os microporos estão presentes em


quantidade grande ou até mesmo superior a dos macroporos. Através da Figura 8, verificou-se
a presença de partículas arredondadas e de tamanho variados. Entretanto, analisando a Figura
9, percebeu-se a formação de partículas de tamanhos homogêneos, porém quadrados. Na
figura 10, evidenciou-se que as partículas se encontravam agregadas. No entanto, na figura
11, observou-se partículas lamelares e de tamanhos variados. A Figura 12 apresentou
partículas agregadas, porém com uma maior quantidade de espaços vazios (poros) em relação
com a figura 10. Por fim, a partir da Figura 13, observou-se a formação de partículas
lamelares bem pequenas, mas aglomeradas.

3.2.Espectrofotômetro UV-VIS

3.2.1. Curva de calibração da solução de azul de metileno

A partir das absorbâncias obtidas para as soluções padrões de azul de metileno


construiu-se a curva de calibração ilustrada na Figura 14 e os parâmetros da curva estão
apresentados na Tabela 1.
Figura 14: Gráfico da curva de calibração realizada com soluções de azul de metileno.

Fonte: Próprio autor.

Tabela 1: Parâmetros, erros e coeficiente de correlação linear referentes à reta obtida a


partir da curva de calibração do azul de metileno

Reta:
Parâmetros Valores Erros
Coeficiente angular (a) 0,20791 0,04776
Coeficiente linear (b) 0,08872 0,00931
R² 0,99503 SD = 0,06672
Fonte: Próprio autor.
Através da equação da reta obtida na curva de calibração, calcularam-se as
concentrações de azul de metileno após a adsorção e foram apresentados na Tabela 2.
Tabela 2: Concentrações de azul de metileno antes e após a adsorção

Concentração inicial de azul Concentração final de azul de


Amostras
de metileno (mg.mL-1) metileno (mg.mL-1)
PET transparente
(ZnCl2 – 400ºC)
PET transparente
(K2CO3 – 400ºC)
PET transparente
(K2CO3 – 600ºC)
8,0 Abaixo do nível de detecção
PET verde
(ZnCl2 – 400ºC)
PET verde
(K2CO3 – 400ºC)
PET verde
(K2CO3 – 600ºC)
Fonte: Próprio autor.
Pode-se dizer que o método de absorbância foi inconclusivo uma vez que as
concentrações finais estavam abaixo do nível de detecção, ultrapassando a faixa linear
imposta pela Lei de Beer. Assim, observa-se uma brusca variação da concentração do azul de
metileno do meio aquoso atingindo concentrações menores de 0,05 mg.L-1. Porém, pode-se
analisar visualmente a eficiência do processo de adsorção, uma vez que as soluções passaram
de azul para transparente após as 24 horas de adsorção.
Analisando o efeito da temperatura, percebe-se que quanto maior é a temperatura,
maior o tamanho dos poros formados. Ao analisar o efeito do agente ativante a uma mesma
temperatura, tem-se que o K2CO3 apresentou poros menores em relação ao agente ativante
ZnCl2. Já na verificação do efeito de cada tipo de PET, percebe-se que para todas as
condições impostas, o PET verde apresentou formação de menores poros em relação ao PET
transparente. Isso pode ter relação com a presença de aditivos que garantem sua coloração e
estrutura mais rígida, contribuindo para a estrutura dos poros formados, fazendo com que eles
não se quebrassem.
Uma vez que as concentrações finais não puderam ser medidas, a capacidade de
adsorção de cada tipo de carvão ativado produzido foi avaliado conforme resultados do MEV
e do infra-vermelho. Dessa forma, é possível aferir que o carvão ativado produzido pelo PET
verde, com o agente ativante K2CO3 a 400 °C apresentou uma estrutura mais favorável para
adsorção de compostos orgânicos por possuir uma maior quantidade de microporos. No
entanto essas estruturas apresentaram-se aglomeradas, o que diminui sua área superficial.
Segundo Paiva (2014), para remoção do corante azul de metileno, o agente ativante
K2CO3 foi capaz de produzir um carvão com maior capacidade de adsorção em relação ao
carvão preparado com ZnCl2. Porém, o carvão ativado de PET produzido por meio de
carbonização à 800 ºC forneceu melhores resultados quando comparados com à produção à
600°C, pois a elevação da temperatura levou a um aumento pronunciado na adsorção de AM .
(PAIVA, 2014)
4. CONCLUSÃO

Sabe-se que o polímero politereftalato de etileno é um produto bastante utilizado na


fabricação de embalagens e garrafas de refrigerante. Esse produto, por sua vez, é consumido
em grande quantidade, o que gera descarte das embalagens plásticas, sobretudo de maneira
irregular. Portanto, torna-se necessário reciclá-las para a reutilização em outras aplicações, o
que diminui o volume de material descartado e os impactos ambientais causados por ele.
Um dos destinos dessas embalagens é para a produção de carvão ativado. Esse pode
ser utilizado como uma alternativa no tratamento de efluentes contendo compostos orgânicos,
que muitas vezes são destinados aos cursos d’água sem tratamento prévio ou com
concentrações das substâncias orgânicas fora do limite estabelecido pelo CONAMA.
Considerando os carvões produzidos a partir do PET verde e transparente e os
experimentos realizados, verificou-se que o carvão do PET verde, ativado com K2CO3 a
400°C apresentou uma estrutura com uma quantidade maior de microporos, tornando assim, o
processo de adsorção mais eficiente. Porém deve-se levar em consideração a espécie orgânica
a ser tratada, já que a utilização de agentes ativantes diferentes leva à formação de carvões
com propriedades físico-químicas distintas. Assim, a escolha ideal do agente ativante garante
uma maior interação das substâncias orgânicas com os grupos funcionais de superfície e a
formação adequada dos tamanhos de poros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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