Você está na página 1de 203

CA

ORGANIZAÇÃO
Aline Schuck Rech
Luís Eduardo Palomino Bolívar
Paulo César Pinto

ENGENHARIA, TECNOLOGIA E EXPERIÊNCIAS

2023
ENGENHARIA, TECNOLOGIA E EXPERIÊNCIAS

ORGANIZADORES
Aline Schuck Rech
Luís Eduardo Palomino Bolívar
Paulo César Pinto

CONSELHO EDITORIAL
Renata Campos
Alexandre Assis
Ronaldo dos Santos Alves Rodrigues
Morgana Henicka Galio
Fernando Tureck
Sandro Luiz Bazzanella

REVISÃO ORTOGRÁFICA/GRAMATICAL
Marilene Teresinha Stroka

EDITORAÇÃO
Josiane Liebl Miranda

Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade do Contestado

620 Engenharia, tecnologia e experiências : [recurso eletrônico] /


E57 organização Aline Schuck Rech, Luís Eduardo Palomino
Bolívar, Paulo César Pinto. – Mafra, SC : Ed. da UnC,
2023.

201 p. ; il. color.

Inclui bibliografias
ISBN: 978-65-5493-002-4

1. Engenharia. 2. Tecnologia. I. Rech, Aline Schuck


(Org.). II Bolívar, Luís Eduardo Palomino (Org.). III. Pinto,
Paulo César (Org.). IV. Título.
Código de barras do ISBN

Este livro foi publicado pela Editora UNC após avaliação por Revisores ad hoc e Comissão Científica
da Universidade do Contestado - UNC.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 4
GERADOR DE CÓDIGO HAMMING (11,15) BINÁRIO EM LABVIEW ................. 5
DESEMPENHO DE DIFERENTES TIPOS DE TELHAS ECOLÓGICAS ............ 15
PROJETO DE UMA FONTE DE ALIMENTAÇÃO CA-CC MONOFÁSICA
EMPREGANDO O CONVERSOR SEPIC COM INTERRUPTORES DO
LADO CA OPERANDO EM MCC ................................................................. 30
PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM BRAÇO MECÂNICO PARA APOIO
PEDAGÓGICO NA DISCIPLINA DE AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA ............. 43
ESTUDO DE VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DA NR-12 EM UM
TORRADOR DE ERVA-MATE DA MARCA LEOGAP.................................. 53
CONTROLE ESTATÍSTICO NA PRODUÇÃO DE PAINÉIS COMPENSADOS .. 65
ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE CORPOS DE PROVA
CILÍNDRICOS DE CONCRETO COM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO
AGREGADO MIÚDO POR FARELO DE TRIGO IN NATURA ...................... 78
DRIVER PARA DISPLAY DE LEDS 12 VOLTIOS CONTROLADO
DIGITALMENTE PARA MODULO IOT ......................................................... 94
REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 97
ESTUDO APLICADO DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA
PIEZOELÉTRICA E VIA URBANA ............................................................. 106
VIABILIDADE ECONÔMICA DE LAJES MACIÇAS E NERVURADAS:
ESTUDO DE CASO ..................................................................................... 123
MEDIDAS PARA O CONTROLE DE EVENTOS DE ALAGAMENTO NO
MUNICÍPIO DE RIO DO CAMPO/SC .......................................................... 142
MELHORAMENTO DA PRODUÇÃO DE MUDAS DE TABACO UTILIZANDO O
SISTEMA DFT (DEEP FILM TECHNIQUE) DENTRO DO MARCO AGRO 4. 0
– COM ABORDAGEM IOT .......................................................................... 159
ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE REUSO DO EFLUENTE
TRATADO E DE ÁGUA PLUVIAL EM EDIFÍCIO RESIDENCIAL .............. 183
APRESENTAÇÃO

A inovação é considerada qualquer iniciativa com a finalidade de criar ou


reinventar algo, de modo efetivo, transforma-se uma ideia em solução com a
criatividade. Para que consigamos desenvolver ideias inovadoras, é necessário
compreender o termo “disrupção” que representa uma quebra de padrões enraizados
no mercado e a criação de novos conceitos, produtos e processos. Direcionado à
inovação para todos os ramos da engenharia, é possível criar produtos, serviços,
desenvolver métodos de trabalho, equipamentos e ferramentas com a finalidade de
aumentar a produtividade, qualidade e eficiência.
Buscar ações de inovação na engenharia ou tecnologias na engenharia, assim
como em qualquer outro ramo de atuação, é desafiador, requer investimento
financeiro, comprometimento, ética, uso racional de recursos, além de elementos
essenciais para a realização do projeto: materiais, mão de obra, ferramentas,
procedimentos e tempo. Como resultado, temos as tecnologias produzidas com
potencial de comercialização e patentes.
Nesse contexto, o e-book do “Engenharia, Tecnologias e Experiências”
selecionou artigos científicos com a abordagem ao uso de tecnologias na melhoria
dos serviços e práticas e/ou experiências inovadoras. Esses assuntos estão
diretamente ligados ao eixo de inovação, articulando ensino, pesquisa e extensão da
Universidade do Contestado. Esse e-book permite a reflexão crítica e a difusão do
conhecimento, objetivando promover a ciência, tecnologia e inovação com vistas ao
desenvolvimento regional.
Convidamos, você leitor, a conhecer esta obra, promovida pelo Grupo de
Pesquisa e Extensão na Gestão de Riscos em Desastres (GEGRID), Grupo de
Pesquisa em Engenharia, Desempenho e Qualidade Ambiental (GEDEQ) e o Grupo
de Pesquisa em Energias Alternativas e Renováveis (GPEAR).

Desejo uma excelente leitura a todos e completo “Deixe-se envolver com as


obras produzidas pela UNC, a sua Universidade do Conhecimento”

Profª Aline Schuck

4
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
GERADOR DE CÓDIGO HAMMING (11,15) BINÁRIO EM LABVIEW

Murillo Hideo Gondim Togami1


Luis Eduardo Palomino Bolivar2

RESUMO
Este artigo apresentará um gerador de código de bloco linear Hamming desenvolvido
em LabVIEW, assim como é realizado uma abordagem dos conceitos básicos deste
tipo de codificação implementado em programação G ou LabVIEW. Este algoritmo
gera as palavras chaves com distância de Hamming entre todos os seus pares de três.
Assim mesmo é apresentado o algoritmo com possibilidade de gerar um documento
com a codificação para verificação. É apresentada uma tela de usuário com a mínima
informação para geração da codificação (11,15) assim como a tabela com a distância
da codificação Hamming. Este algoritmo, ao final, mostra a versatilidade de garantir a
segurança da informação com detecção e correção de erro, assim como o potencial
de uso para encriptação da informação.

Palavras-Chave: LabVIEW; Distância de Hamming; Código Hamming.

ABSTRACT
This article will present a Hamming linear block code generator developed in LabVIEW,
as well as an approach to the basic concepts of this type of coding implemented in G
programming or LabVIEW. This algorithm generates keywords with Hamming distance
between all their pairs of three. Likewise, the algorithm is presented with the possibility
of generating a document with the encoding for verification. A user screen is presented
with the minimum information for coding generation (11,15) as well as the table with
the Hamming coding distance. This algorithm, in the end, shows the versatility of
guaranteeing information security with error detection and correction, as well as the
potential use for information encryption.

Keywords: LabVIEW; Hamming distance; Hamming code.

1 INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento da tecnologia da informação, a fidelidade na


transmissão e armazenamento seguro de dados digitais, o desenvolvimento contínuo
em descobrir novas formas de manter-se é parte do desafio tecnológico. A integridade

1
Universidade do Contestado, Engenharia Elétrica – GPEAR - UNC, Canoinhas. Santa Catarina.
Brasil. E-mail: palonet@ieee.org
2
Universidade do Contestado, Egresso do curso de Engenharia Elétrica, Canoinhas. Santa Catarina.
Brasil. E-mail: muhgtogami@gmail.com
5
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
dos dados durante o processamento, transmissão, e no receptor na comunicação
digital produz erros que podem estar tanto na transmissão do emissor e receptor,
devido aos ruídos ou interferências provocando alteração dos dados digitais
(PALOMINO, 2010).
Em 1948, Claude E. Shannon “padre da era da informação”, trabalhou na
eficiência da transmissão da informação digital, determinando a capacidade do canal
em função do sistema binário, e a relação de sinal e ruido, sendo esta, a referência
ainda atual como limite do desenvolvimento dos sistemas de comunicação digital.
Assim, a segurança da informação se torna importante uma vez que os sistemas de
comunicação se aproximam deste limite (HAYKIN, 2004).
Para Richard Hamming o problema da codificação apresentado nos primórdios
da programação computacional depois da segunda guerra mundial, quando
funcionava com cartões furados, era possível diminuir os erros de informação com
uma codificação que, em 1977, seria conhecida como proteção criptográfica. Nas
últimas duas décadas esta área apresenta relevância para os governos em todas as
áreas, levando a fortes investimentos em estudos de sistema de codificação (BRUEN,
FORCINITO; Mc.QUILLAN, 2021).
A proposta de Hamming trata de códigos de blocos lineares com velocidades
arbitrárias perto da capacidade do canal e probabilidades de erro arbitrariamente
próximas a zero. Nos últimos 40 anos, foram construídos os códigos com geometria
algébrica que podem ser codificados em tempo polinomial, garantindo a comunicação
próximo aos limites de canal (CALDERBANK, 1998).
A codificação de Hamming foi publicada em 1950 e leva o nome de seu autor,
Richard W. Hamming. Este é um tipo de codificação binária que detecta até dois bits
com erro e corrige um bit. É claro que com a codificação, aumenta o número de bits
levando os bits de paridade mais os bits da informação, sendo muito utilizada na
gravação de informação em memórias, provocando incremento na segurança da
informação, porém ocupando mais espaço para ser armazenada (HAYKIN; MOTHER,
2011).
Este trabalho objetiva a implementação do algoritmo da codificação de
Hamming em linguagem G ou gráfico de LabVIEW com diferentes testes de
desempenho que permitem não só o estudo desta codificação como a eventual

6
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
aplicação em sistemas de comunicação onde o canal pode estar próximo ao limite de
Shannon.

2 CÓDIGOS DE BLOCOS LINEARES

“Diz-se que um código é linear se duas palavras-código quaisquer de um código


puderem ser somadas em aritmética módulo 2 para produzir uma terceira palavra
desse mesmo código. Esta propriedade dos códigos lineares é chamada de
fechamento (HAYKIN, 2004).
Supondo, então, uma palavra com 𝑛 bits sendo que 𝑚 desses bits são a
mensagem a ser transmitida, os 𝑛 − 𝑚 bits restantes são calculados a partir dos bits
de mensagens, seguindo uma regra de codificação que determina a estrutura
matemática do código. Os 𝑛 − 𝑚 bits são chamados de bits de paridade. Podemos
então considerar que os 𝑘 primeiros bits da palavra-código serão de paridade,
enquanto o restante será a mensagem, formando um código de bloco linear (𝑛, 𝑘).

2.1 CÓDIGO HAMMING

Códigos Hamming são códigos de blocos lineares binários com as seguintes


características: Número de bits de paridade 𝑘 ≥ 3, Comprimento de código 2𝑛 − 1,
número de bits da mensagem 𝑚 = 2𝑘 − 𝑘 − 1 e capacidade de correção de erro 𝑡 =
1.

2.2 DISTÂNCIA DE HAMMING

A distância de Hamming entre dois vetores é definida como o número de


localizações em que seus respectivos elementos se diferenciam entre estes. A
distância mínima de um código de bloco linear é definida como a menor distância de
Hamming entre quaisquer dois vetores do código. Isso significa que a distância mínima
é igual ao peso Hamming dessa diferença, sendo que o peso Hamming é o número
total de valores diferentes de zero no vetor código (HAYKIN; MOTHER, 2011).

7
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
A partir da propriedade de fechamento dos códigos de blocos lineares,
podemos afirmar que a distância mínima de um código de bloco linear é o menor peso
de Hamming dos dois vetores não nulos no (HAYKIN, 2004).
A distância mínima se relaciona de maneira fundamental com a capacidade de
um código em corrigir e encontrar erros. Essa distância pode ser aumentada ao se
acrescentar bits de paridade ao bloco de código. Para garantir uma detecção de até s
erros, a menor distância de Hamming em um código deve ser 𝑑𝑚𝑖𝑛 = 𝑠 + 1 (LATHI;
DING, 2012).
Para garantir a correção de até t erros, a menor distância de Hamming em um
código deve ser 𝑑𝑚𝑖𝑛 2𝑡 + 1. Códigos Hamming sempre conseguem corrigir metade
dos erros que conseguem detectar. Pode também se observar que quanto maior o
número de bits de paridade, maior a capacidade de detecção, mas isto também
diminui a taxa de código já que ela é definida como 𝑅 = 𝑛 ÷ 𝑚, sendo n o número total
de elementos da palavra-chave antes da codificação e m o número de elementos de
informação.

2.3 DESIGN DO GERADOR DE CÓDIGO HAMMING

Primeiramente são designados os 𝑚 dos 𝑛 bits como bits de mensagem e os 𝑘


restante como bits de paridade. Os valores nas 𝑘 posições são determinados no
processo de codificação ao se somar determinadas posições dos bits de informação
em aritmética de módulo 2. Para cada palavra de 𝑛 bits existirão 2𝑛 possíveis de
combinações, consistindo em parte de 2𝑚 combinações que representam as
informações, considerando que 𝑛 = 𝑚 + 𝑘 pode se obter a seguinte desigualdade da
equação (1).
(𝑛 + 1) ∗ 2𝑚 ≤ 2𝑛 (1)
(𝑚 + 𝑘 + 1) ∗ 2𝑚 ≤ 2𝑚+𝑘+1 (2)
(𝑚 + 𝑘 + 1) ≤ 2𝑟 (3)

Ao substituir n na equação (1) a desigualdade em função de m e k e


apresentada na equação (2). A equação (3) apresenta a desigualdade em função de
r, m e k.

8
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
A partir da desigualdade (3) consegue-se obter o limite inferior dos números de
bits de paridade necessários na palavra-chave. Para este trabalho são definidos 11
bits de mensagem, sendo 𝑚 = 11. Então (11 + 𝑘 + 1) ≤ 𝑘 implica que 𝑘 = 4, ou seja,
para construir um código com 11 bits de informação com capacidade de corrigir um
erro, devemos adicinar 4 bits de paridade, criando assim uma palavra-chave com 15
elementos e um código chamado de (11,15) (LATHI; DING, 2012).
Utilizando a equação acima, também podemos encontrar o comprimento da
palavra-chave para um valor fixo de bits de paridade. Utilizando os valores acima e
considerando 𝑘 = 4, pode-se ver que 𝑚 ≤ 11, fornecendo os possíveis valores de 𝑚.
Para satisfazer a equação acima 𝑚 deve ser menor ou igual do que 11 ou seja 𝑚 pode
variar entre valores inteiros entre 1 e 11. Para valores de 𝑚 entre 1 e 4, é entendido
que 4 bits de paridade incluem bits redundantes no código gerado, mesmo a
quantidade de erros que podem ser corrigidos permanecer em 1. Em consequência
para propósitos práticos, o valor de 𝑚 escolhido deve ficar entre 5 e 11, para 4 bits de
paridade.
A estrutura matemática definida para este código determina que os bits de
paridade ocuparão as primeiras posições, enquanto a mensagem se encontra no
restante dos bits, cada bit de paridade calcula a paridade para alguns dos bits na
palavra-chave. Considere-se o vetor código c:
𝑐 = [𝑃1, 𝑃2, 𝑃3, 𝑃4, 𝑑1, 𝑑2, 𝑑3, 𝑑4, 𝑑5, 𝑑6, 𝑑7, 𝑑8, 𝑑9, 𝑑10, 𝑑11]

Sendo que 𝑃 representa os bits de paridade e 𝑑 os bits de mensagem. Os bits


de paridade 𝑃 são calculados seguindo as expressões, conforme apresenta as
equações (4), (5), (6) e (7).
𝑃1 = 𝑑1 + 𝑑2 + 𝑑4 + 𝑑5 + 𝑑7 + 𝑑9 + 𝑑11 (4)
𝑃2 = 𝑑1 + 𝑑3 + 𝑑4 + 𝑑6 + 𝑑7 + 𝑑10 + 𝑑11 (5)
𝑃3 = 𝑑2 + 𝑑3 + 𝑑4 + 𝑑8 + 𝑑9 + 𝑑10 + 𝑑11 (6)
𝑃4 = 𝑑5 + 𝑑6 + 𝑑7 + 𝑑8 + 𝑑9 + 𝑑10 + 𝑑11 (7)

O algoritmo proposto é apresentado na figura 1. Neste pode se observar como


são definidos o número de bits e, na sequência, será realizada a organização do
código com a paridade em cada grupo de bits,t conforme indicado nas equações (4),
(5), (6) e (7). Neste algoritmo é criado um arquivo de formato de texto.
9
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 1 – Algoritmo proposto

Fonte: Dados da pesquisa

A implementação do algoritmo, é realizado em programação G em LabVIEW,


conforme a figura 2. Nesta figura é apresentado o código Hamming (11,7) com os
estados dos bits em cor verde escuro, representando um estado de “0” lógico ou em
verde intenso representando um “1” lógico. O programa recebe a mensagem “2022
ano do aniversário 75 do transistor”. Este está em formato de texto, o algoritmo separa
cada caráter no vetor Array1. O Array2 apresenta o valor ASCII de 8 bits, de cada
caráter em hexadecimal para assim ser processado cada um destes caráteres em
formato binário de forma matricial no Array3. Na sequência, são organizados os bits
em sequencias de 7 bits no Array4. Já com os blocos em 7 bits, são acrescentados
os espaços binários da paridade P1, P2, P3 e P4 no Array5. No último Array6, são
definidos os valores da paridade para cada um dos 4 bits dos 11 de cada valor
codificado.

10
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 2 – Painel Frontal Programa em LabVIEW da codificação (11,7)

Fonte: Dados da pesquisa.

Programas em LabVIEW são chamados de Virtual Instruments (VIs) pelo


motivo de sua aparência imitar instrumentos físicos. Programas em LabVIEW
consistem em uma interface para o usuário chamada de front panel(painel frontal) e
a área onde ficam as instruções e códigos é chamada de diagrama de blocos. Na
figura 3, é apresentado o algoritmo da figura 1, com início da recepção da mensagem
de texto e indicando com destaque o final do algoritmo, a colocação da paridade P1,
P2, P3 e P4.

11
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 3 – Algoritmo geral em LabVIEW da codificação (11,7), com destaque da colocação de
paridade na matriz geradora dos 11 bits.

Fonte: Dados da pesquisa.

2.4 GERAÇÃO DA MATRIZ DE DISTÂNCIAS DE HAMMING

Para efeitos de teste da distância de Hamming entre as palavras-chave é


proposto utilizar um código de 4 bits de paridade, devido ao tamanho da tabela que
seria gerado ao se usar todos os 11 bits. Essas tabelas são salvas em um arquivo
texto para verificação da codificação com algoritmo que verifica a distância de
Hamming, isto é, o número de variação entre os bits, de todas as palavra-chave.
A tabela 1 apresenta 16 linhas e 16 colunas, que representam todas as
possíveis combinações de mensagem ao se utilizar 4 bits, já que 24 = 16. Os valores
na tabela representam as distâncias de Hamming entre cada um dos valores
codificados os quais são mostrados à esquerda e representados apenas pelo seu
número na parte superior. Como é observado na tabela, só é possível transformar

12
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
uma de suas palavras em outras com a mudança de valor em 4 posições,
confirmando, assim, que a distância de Hamming do código é 4.

Tabela 1 – Tabela das distâncias de Hamming


Palavras-Chave 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

1 00000000 0 3 3 4 3 4 4 3 4 3 3 4 3 4 4 7
2 11001000 3 0 4 3 4 3 3 4 3 4 4 3 4 3 7 4
3 10100100 3 4 0 3 4 3 3 4 3 4 4 3 4 7 3 4
4 01101100 4 3 3 0 3 4 4 3 4 3 3 4 7 4 4 3
5 01100010 3 4 4 3 0 3 3 4 3 4 4 7 4 3 3 4
6 10101010 4 3 3 4 3 0 4 3 4 3 7 4 3 4 4 3
7 11000110 4 3 3 4 3 4 0 3 4 7 3 4 3 4 4 3
8 00001110 3 4 4 3 4 3 3 0 7 4 4 3 4 3 3 4
9 11100001 4 3 3 4 3 4 4 7 0 3 3 4 3 4 4 3
10 00101001 3 4 4 3 4 3 7 4 3 0 4 3 4 3 3 4
11 01000101 3 4 4 3 4 7 3 4 3 4 0 3 4 3 3 4
12 10001101 4 3 3 4 7 4 4 3 4 3 3 0 3 4 4 3
13 10000011 3 4 4 7 4 3 3 4 3 4 4 3 0 3 3 4
14 01001011 4 3 7 4 3 4 4 3 4 3 3 4 3 0 4 3
15 00100111 4 7 3 4 3 4 4 3 4 3 3 4 3 4 0 3
16 11101111 7 4 4 3 4 3 3 4 3 4 4 3 4 3 3 0
Fonte: dados da pesquisa

3 CONCLUSÃO

A codificação de Hamming nas comunicações digitais requer segurança para


detectar e corrigir erros que requeiram um bit de erro, implicando que são agregados
bits para transmitir dados ou armazenar informação codificada.
O número de bits de informação deve ser escolhido para que sejam geradas
todas as possíveis palavras chaves, as quais seguirão a forma matemática do
desenvolvimento do código. Entretanto, este tipo de codificação pode ser utilizado
para gerar um documento encriptado, sendo os valores do Hamming a chave para a
decodificação.

13
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
REFERÊNCIAS

BRUEN, A. A., FORCINITO, M. A.; Mc.QUILLAN, J. M. (2021). Historical Introduction


and the Life and Work of Claude E. Shannon. In: Cryptography, information
theory, and error-correction: a handbook for the 21st Century, 2021, p. 1-19.
Doi:10.1002/9781119582397.ch1

CALDERBANK , A. R. The art of signaling: fifty years of coding theory. (IEEE, Ed.)
IEEE Transactions on Information Theory, p. 2561 – 2595, 1998.
Doi:10.1109/18.720549

HAYKIN, S. Sistemas de comunicação: analógicos e digitais. 4.ed. Porto Alegre:


Bookman, 2004.

HAYKIN, S.; MOTHER, M. Sistemas de comunicação. 5.ed. Porto Alegre:


Bookman, 2011.

LATHI, B. P.; DING, Z. D. Sistemas de comunicações analógicos e digitais


modernos. 4.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012.

PALOMINO, L. E. Sistema de simulação virtual de Jitter para análise de


detectores de fase digitais usando OrCAD. Curitiba: Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, 2010. Disponível em:
http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/911

14
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
DESEMPENHO DE DIFERENTES TIPOS DE TELHAS ECOLÓGICAS3

Eduardo Haefliger Boff 4


Gabriela Bueno 5
Renata Campos 6
Aline Schuck 7

RESUMO
O desenvolvimento sustentável tornou-se uma prática essencial nos diferentes tipos
de edificações. As utilizações de telhas ecológicas surgiram como material alternativo
às telhas convencionais, influenciada pela economia circular e vêm ganhando espaço
no mercado brasileiro. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi identificar os
principais materiais reaproveitados e que são utilizados para a fabricação das telhas
ecológicas, bem como avaliar o desempenho dessas telhas quando comparadas às
telhas convencionais. Para isso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica no banco de
dados da Scopus, Scielo, Web of Science sites de buscas, bem como no portal
acadêmico da CAPES. Os resultados mostraram que as telhas ecológicas, na maioria
dos casos avaliadas, apresentaram melhores características mecânicas, associadas
à absorção de água, desempenho térmico, carga de ruptura à flexão e impacto de
corpo duro. O mercado das telhas ecológicas apresenta um amplo potencial para ser
explorado no Brasil, contribuindo, assim, para o desenvolvimento sustentável.

Palavras-chave: Material alternativo; Economia circular; Revisão bibliográfica.

ABSTRACT
Sustainable development has become an essential practice in different types of
buildings. The uses of ecological tiles emerged as an alternative material to
conventional tiles, influenced by the circular economy and have been gaining ground
in the Brazilian market. In this sense, the aim of this study was to identify the main
materials that are used for the manufacture of ecological tiles, as well as to evaluate
the performance of these tiles when compared to conventional tiles. For this, a
bibliographic search was carried out in the database of Scopus, Scielo, Web of Since,
search engines, as well as in the academic portal of CAPES. The results showed that
the ecological tiles, in most of the evaluated cases, presented better mechanical

3Pesquisa resultante do Trabalho de Conclusão de Curso da Engenharia Civil da Universidade do


Contestado.
4Acadêmico do curso de Engenharia Civil, Universidade do Contestado, Campus de Concórdia, e-mail:

eduardo4499@gmail.com
5Pedagoga, Universidade do Contestado, Campus de Canoinhas, e-mail: gabrielab@unc.br
6Dra. Engenharia Ambiental, Docente e Pesquisadora no Programa de Mestrado Profissional em

Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental (PMPECSA) na Universidade do Contestado - UNC, Campus


de Concórdia. Membro do Grupo de Pesquisa e Extensão na Gestão de Riscos em Desastres
(GEGRID), e-mail: aline.schuck@unc.br
7
Dra. Em Fisioterapia Docente e Pesquisadora na Universidade do Contestado – UNC, Campus de
Mafra. Membro do Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva e Meio Ambiente da Universidade do
Contestado (NUPESC), e-mail: renatacs@unc.br
15
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
characteristics associated with water absorption, thermal performance, flexural
breaking load and hard body impact. The market for ecological tiles has ample potential
to be explored in Brazil, thus contributing to sustainable development.

Keywords: Alternative material; Circular economy; Literature review.

1 INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, o desenvolvimento sustentável tornou-se uma prática


essencial nos diferentes tipos de edificações (AZEVEDO et al., 2020a). A busca por
diminuir ou eliminar os impactos ambientais negativos está ocupando,
gradativamente, cada vez mais espaço na área da construção civil no mundo todo
(SOUZA et al., 2020b). Especialmente no caso da construção civil, a aplicação de
práticas sustentáveis, que não promovam danos ambientais, vem sendo usadas nos
últimos anos (TESKE et al., 2015).
Nesse sentido, devido à necessidade de controlar e diminuir os impactos
ambientais, gerados pela construção civil vinculados à geração de resíduos sólidos, o
Conselho Nacional do Meio Ambiente estabeleceu em 2002, a resolução CONAMA
307/2002. Essa resolução estabelece critérios e responsabilidades quanto à
destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos, oriundos da construção
civil, destinando ao responsável da obra a obrigação de gerenciar de forma adequada
esses resíduos.
Consideram-se resíduos da construção civil não só os rejeitos do canteiro de
obras, mas toda e qualquer perda envolvida com esse processo. Além disso, a
geração de resíduos sólidos pode ocorrer durante a fase da concepção, e, da
execução e finalização da obra (AGOPYAN; VANDERLEY 2011). Segundo Xavier e
Rocha (2001), a população brasileira produz cerca de 0,66 até 2,43 Kg de resíduos
sólidos por dia, oriundos somente da construção civil, e que estão atrelados aos mais
variados tipos de materiais e composições. Além disso, outro fator agravante
relacionado à geração de resíduos sólidos da construção civil está atrelado a falta de
tecnologias do setor de edificações para contribuir com a geração de resíduos sólidos
(TESKE et al., 2015).
Diante desse cenário, tanto na literatura nacional quanto na internacional,
diversas são as técnicas que vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de realizar o

16
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
aproveitamento de resíduos sólidos oriundos da construção civil (LESSA, 2009). Além
da preocupação com o meio ambiente, na área da construção civil existe uma grande
demanda para utilizar materiais que tenham potencial de melhorar o desempenho
térmico nas edificações como um todo (NAGALLI et al., 2013).
A utilização de telhas ecológicas, conhecidas internacionalmente como
“ecological tiles”, surgira como material alternativo às telhas convencionais e vêm
ganhando espaço no mercado brasileiro. Essas telhas são constituídas de diferentes
matérias, inclusive de rejeitos da construção civil e, concomitantemente, proporcionam
a redução do consumo de energia com resfriamentos alternativos (OLIVEIRA et al.,
2016; CURSINO et al., 2015).
Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi, por meio de uma revisão
bibliográfica, identificar os principais materiais que são utilizados para a fabricação
das telhas ecológicas, bem como avaliar o desempenho dessas telhas quando
comparadas às telhas convencionais.
Esta pesquisa justifica-se pelo fato, e a importância em conhecer os resíduos
que são reaproveitados e incluídos na formação de telhas ecológicas e sendo um dos
princípios de aproveitamento do material “inservível” de outras atividades da
sociedade, conforme os princípios da economia circular.

2 REVISÃO DE LITERATURA

Esta pesquisa apresenta revisão bibliográfica sobre as telhas ecológicas. Desta


forma, a revisão será apresentada junto aos resultados.

3 METODOLOGIA

3.1 PESQUISA EXPLORATÓRIA

Essa pesquisa foi desenvolvida, baseada em uma revisão bibliográfica


desenvolvida com diferentes trabalhos acadêmicos vinculados a teses, dissertações,
trabalhos finais de conclusão de curso, bem como artigos científicos publicados tanto
em periódicos nacionais quanto internacionais. Foram utilizadas palavras-chave para
encontrar pesquisas que apresentassem resultados ou informações sobre diferentes

17
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
tipos de materiais que podem resultar em telhas. Após leitura de resumos, os trabalhos
foram triados e selecionados. Foram descartadas pesquisas que não apresentavam
resultados claros sobre o conteúdo e, também, buscou-se pesquisas recentes sobre
o tema, visando avaliar a evolução dos materiais utilizados para confecção de telhas
ecológicas. Na figura 1, apresenta-se de forma simplificada os principais guias
norteadores utilizados como base para o desenvolvimento da revisão bibliográfica.

Figura 1 – Infográfico norteador do desenvolvimento da pesquisa bibliográfica.

Fonte: Os autores (2021).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Primeiramente neste item é abordada, em linhas gerais, a definição de telhas


ecológicas e as vantagens e desvantagens de utilização desse tipo de material em
relação às telhas convencionais. Posteriormente, os tipos de telhas ecológicas
utilizadas no mundo são mostrados, juntamente, com o desempenho das mesmas
quanto aos parâmetros relacionados com a resistência.

18
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
4.1 TELHAS ECOLÓGICAS

As telhas ecológicas são amplamente conhecidas pelo seu contexto da cadeia


produtiva que está inserida dentro do âmbito do desenvolvimento sustentável
(PACHECO-TORGAL, 2008). Elas podem ser produzidas de diferentes tipos de
matérias presentes nas mais variadas cadeias produtivas, inclusive rejeitos da
construção civil. No entanto, apesar dessa grande vantagem relacionada à
sustentabilidade, a indústria brasileira produtora de telhas ecológicas está,
atualmente, atrelada ao desafio diante do mercado consumidor, de provar que as
telhas ecológicas possuem boa durabilidade, bom desempenho e vida útil suficiente
para alavancar esse mercado (LESSA, 2009).

4.2 TIPOS DE TELHAS ECOLÓGICAS

Segundo a norma brasileira de desempenho de edificações, a NBR 15575/2015


(ABNT, 2015), não existe distinção de materiais bons ou ruins. Contudo, existem
materiais com características próprias e adequadas para serem utilizados nas
edificações. Um produto ecológico é todo artigo que, artesanal, manufaturado ou
industrializado de uso pessoal, alimentar, residencial, comercial, agrícola e industrial,
seja não poluente, não tóxico, notadamente benéfico ao meio ambiente e à saúde,
contribuindo para o desenvolvimento de um modelo econômico e social sustentável
(ARAÚJO, 2008).
Nesse sentido, em ordem de praticar o desenvolvimento sustentável, o ciclo de
vida dos diferentes produtos ganha vazão cada vez maior no mercado da construção
civil (LESSA, 2009). Esse mesmo comportamento é identificado na escolha do
material de constituição das telhas.
Atualmente, existem diferentes tipos de materiais utilizados para a confecção
de telhas ecológicas. Dentre as telhas ecológicas mais utilizadas, encontram-se as
telhas Tetra Pak, telhas de polietileno tereftalato (PET), telhas de GeoPET e telhas
vegetais (SCHELB, 2016). A seguir a funcionalidade de cada tipo de telha é
apresentada. No Quadro 1, apresenta-se um comparativo das vantagens e
desvantagens das diferentes telhas ecológicas disponíveis no mercado.

19
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Quadro 1 – Vantagens e desvantagens das diferentes telhas ecológicas.
Tipo de telha Vantagens Desvantagens
Tetra Pak - São consideradas inquebráveis; - Necessidade de equipe qualificada para
- Podem ser 100% reaproveitadas; aplicação.
- Funcionam como isolante térmico.
PET São indeformáveis e flexíveis; - O descarte inadequado das telhas de PET
Possuem diversas cores. pode levar em torno de 450 anos para a sua
decomposição.

GeoPET - São leves de fácil montagem, - Necessidade de equipe qualificada para


possuem alta durabilidade e alto aplicação.
conforto térmico;
Vegetais - São leves de fácil manuseio;
- Possuem potencial de absorção - Inclinação do telhado deve acompanhar
térmica e acústica; as recomendações mínimas e máximas
- Possuem elementos que minimizam para cada formato de telha.
a corrosão;
- Possuem alta impermeabilidade e
flexibilidade.
Fonte: Os autores (2021).

4.1.1 Telhas Ecológicas Tetra Pak

As telhas ecológicas Tetra Pak são fabricadas a partir de resíduos de caixas


acartonadas, popularmente conhecidas como Tetra Pak, devido ao nome da empresa
responsável pelo processo industrial (Figura 2). Essas embalagens são compostas
por 20% de plástico, 75% de papel e 5% de alumínio (BEKHTA et al., 2016).

Figura 2 – Telha ecológica de embalagens tipo Tetra Pak.

Fonte: Adaptado de Ecopex (2021).

As telhas Tetra Pak têm como matéria-prima o polietileno e o alumínio, retirados


das embalagens cartonadas, a partir da reciclagem pós-consumo e são fabricados por
um processo que usa pressão e calor. Essas telhas são consideradas inquebráveis,
podendo ser reaproveitadas após retiradas das reformas, pois mantêm suas
condições originais de uso, além de não quebrarem no transporte pela sua alta
20
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
resistência (LESSA, 2009). Um estudo comparativo realizado com telhas de Tetra Pak
e fibrocimento mostrou que as telhas de fibrocimento chegam a alcançar a
temperatura média de 65ºC. Enquanto as telhas de Tetra Pak são 40% menos
quentes, chegando a alcançar a temperatura média de 39°C, diminuindo a dispersão
do calor para dentro do ambiente. Além disso, são cerca de 25% mais baratas,
resistentes e duradouras em relação às telhas de fibrocimento (SCHELB, 2016).

4.1.2 Telhas Ecológicas de PET

As telhas de PET são produzidas através de uma mistura de resinas


poliméricas e carbonato de cálcio (Figura 3). Na sua fabricação, as garrafas são
separadas de acordo com as cores e depois passam por uma máquina especial, onde
há a separação do rótulo e do plástico. Ambos os materiais são reutilizados. Já limpas
e secas, as garrafas PET são trituradas até amolecerem e ficarem pastosas. Após
esse processo, são utilizadas para a formação das telhas (ALMEIDA et al., 2013).
Essas telhas apresentam uma grande vantagem pois materiais que possuem
como matéria prima PET são indeformáveis e flexíveis e tem como uma de suas
particularidades as suas diversas cores, as telhas podem ser fabricadas em tons mais
claros ou mais escuros. No entanto, o descarte inadequado das telhas de PET pode
levar em torno de 450 anos para a sua decomposição (TESKE et al., 2015).

Figura 3 – Telha ecológica de PET.

Fonte: Passos e Oliveira (2016).

21
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
4.1.3 Telhas Ecológicas de GeoPET

As telhas ecológicas de GeoPET são produzidas baseadas nos resíduos de


gesso oriundos da construção civil (TESKE et al., 2015). Essas telhas são conhecidas
por serem leves de fácil montagem, possuem alta durabilidade e alto conforto térmico
quando comparado às telhas de fibrocimento. Uma outra vantagem da utilização
dessas telhas está na atratividade do albedo que a telha possui, pois auxilia no
conforto térmico dentro da edificação, tanto pelo albedo como pelos materiais
isolantes que a compõem. Por outro lado, a utilização dessa telha exige um alto
investimento, cerca de R$ 720,00 por m², pois é necessário funcionário especializado
nesse tipo de mão de obra (TESKE et al., 2015).
Recentemente um grupo de alunos desenvolveu telhas ecológicas de gesso
com palhas de coqueiros (Figura 4). Essas telhas foram confeccionadas com água,
cola, gesso, palha de coqueiro e pó de madeira. Medições de temperaturas ao longo
do dia mostraram que a telha ecológica de gesso e palha de coco manteve a
temperatura do ambiente 2ºC mais baixa do que as telhas comuns. Além disso, essas
telhas também foram aprovadas no teste de imersão na água por 24 horas
(CICLOVIVO, 2021).

Figura 4 – Telha ecológica de gesso e palha de coco.

Fonte: Ciclovivo (2021).

4.1.4 Telhas Ecológicas de Vegetais

As telhas ecológicas vegetais, também conhecidas como onduline, vêm


conquistando espaço no mercado da construção civil por serem um produto com
22
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
grande durabilidade e resistência (Figura 5). Essas telhas são produzidas de papéis
recicláveis, possuindo como matéria prima a celulose. O processo de fabricação está
atrelado à obtenção de papelão e papel liso e, posteriormente, as telhas passam por
um processo em que são aquecidas, a fim de eliminar a água. Após esse processo, a
telha é cortada e mergulhada em uma solução de betume para certificar a qualidade
da cor e resistência contra os raios UV (Ultravioleta). Por fim é impermeabilizada,
podendo ser usada durante cerca de 30 anos (SCHELB, 2016).
Essas telhas apresentam grande vantagem em relação às demais pois são
telhas mais leves de fácil manuseio, possuindo potencial de absorção térmica e
acústica, minimizando o calor, sons e ruídos. Os materiais utilizados em telhas
vegetais possuem elementos que minimizam a corrosão, tornando, assim, uma telha
anticorrosiva, além de obter uma alta impermeabilidade e flexibilidade (SCHELB,
2016).

Figura 5 – Telha ecológica vegetal.

Fonte: Leves (2021).

4.2 DESEMPENHO DAS TELHAS ECOLÓGICAS

Até os dias atuais, apesar do amplo mercado de trabalho, poucos são os


estudos conduzidos para avaliar o desempenho das diferentes telhas ecológicas
quanto aos distintos parâmetros vinculados à resistência. Além disso, identificou-se
que a grande maioria dos estudos conduzidos estão atreladas as telhas tipo Tetra
Pack. Nesse sentido, destaca-se a importância das pesquisas desenvolvidas sobre
esse tema. A seguir, apresentam-se alguns estudos conduzidos no Brasil, em ordem
23
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
de identificar a potencialidade das telhas ecológicas. No Quadro 2, é apresentada uma
síntese geral dos resultados de alguns estudos que avaliaram o desempenho das
telhas ecológicas.

Quadro 2 – Principais resultados identificados com as telhas ecológicas.


Tipo de telha Vantagens Autores
Tetra Pak - Bom desempenho térmico; Magalhães (2018)
- Boas características mecânicas como a absorção Lima et al. (2021)
de água, desempenho térmico, carga de ruptura à Araújo (2008
flexão e impacto de corpo duro;
- As telhas ecológicas precisaram de uma tensão de
ruptura maior (14, 39 MPa), comparando com a de
Fibrocimento (5,6 MPa).
Fonte: Os autores (2021).

Magalhães, (2018) avaliou o desempenho térmico de telhas de fibrocimento e


telhas ecológicas tipo Tetra Pack. Os resultados mostraram que a telha ecológica
apresentou melhor desempenho térmico durante a maior parte do dia. Somente entre
às 16 e 17 horas que as telhas ecológicas apresentaram menor desempenho que a
telha de fibrocimento, não contribuindo para o conforto térmico dos usuários.
Em outro estudo, Lima et al. (2020) avaliaram o potencial de absorção de água,
o potencial térmico e de flexão e impacto de corpo duro de telhas de fibrocimento e
telhas ecológicas tipo Tetra Pack. Com base nos ensaios, conclui-se que a telha
ecológica possui melhores características mecânicas como a absorção de água,
desempenho térmico, carga de ruptura à flexão e impacto de corpo duro, sendo uma
alternativa para o mercado, uma vez que ainda possui maior leveza o que diminui os
custos com as tesouras e caibros, proporcionando maior conforto térmico e segurança
contra intempéries.
Araújo (2008) avaliou a resistência de telhas ecológicas (telhas Tetra Park) em
relação às telhas convencionais, os resultados mostraram que as telhas ecológicas
possuem maior área superficial. Além disso, foi identificado que as telhas ecológicas
precisaram de uma tensão de ruptura maior (14, 39 MPa) comparando com a de
fibrocimento (5,6 MPa).

24
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
4.3 TELHAS CONVENCIONAIS VERSUS TELHAS ECOLÓGICAS

Atualmente as telhas convencionais são amplamente conhecidas e aplicadas


no mundo todo (MARQUES, 2014). As mais utilizadas são as telhas de fibrocimento,
cuja principal matéria prima é o amianto (MARQUES, 2014). Para que essas telhas
de amianto estejam aptas para serem comercializadas, a norma técnica brasileira
NBR 7581/12 (ABNT, 2012), determina requisitos que devem ser atendidos,
associados, principalmente, à carga de ruptura a flexão, teor de absorção de água
média e índice de permeabilidade.
Em linhas gerais, essas telhas são conhecidas por possuírem uma ampla gama
de vantagens associadas à resistência, à tração e a altas temperaturas, baixa
condutividade térmica, resistência a microrganismos e a produtos químicos, elevada
resistência dielétrica e excelente isolamento elétrico (FAUSTINO, 2013). Além disso,
alguns autores relatam, também, que esse tipo de telha possui uma grande vantagem,
pois cobre uma grande área quando comparada aos demais tipos de telhas, utilizadas
na área de construção civil (ARAUJO, 2008; LESSA, 2009).
Contudo, essas mesmas características citadas acima, são as principais
responsáveis por seu poder cancerígeno (MARQUES, 2014). A exposição a fibras de
amianto próximas a 5 µm de comprimento é considerada de grande risco com
potencial patogênico respiratório definido, tanto para condições não malignas (placas
pleurais e asbestose) como malignas (mesotelioma e câncer de pulmão) (IARC,
2012). Porém, estudos demonstram que as doenças vinculadas à exposição ao
amianto levam mais de 20 anos para se manifestar (TESKE et al., 2015). Além disso,
já está bem elucidado na área médica que todas as doenças originadas do contato
com amianto são progressivas e incuráveis (IARC, 2012).
Já em relação às telhas ecológicas, elas também apresentam vantagens e
desvantagens. Além da grande importância das telhas ecológicas no âmbito do
desenvolvimento sustentável, essas telhas são amplamente empregadas como
isolamento acústico (ARAUJO et al., 2008). Estudos mostraram, também, que as
telhas ecológicas possuem características de não propagar chamas, tendo uma alta
resistência ao fogo (ALMEIDA et al., 2013). Além disso, essas telhas são conhecidas
por possuírem boa adaptação quando comparadas às telhas de fibrocimento e são
consideradas resistentes a granizos, sendo difíceis de ocorrerem deformações

25
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
(GAGGINO et al., 2013). No Quadro 3, apresenta-se uma síntese das vantagens e
desvantagens da utilização de telhas convencionais e ecológicas. Além disso, na
figura 6, apresenta-se uma foto comparativa entre uma telha ecológica e
convencional.

Quadro 3 – Vantagens e desvantagens das telhas convencionais e ecológicas.


Tipo de telha Vantagens Desvantagens
-Alta resistência à tração; Alto potencial cancerígeno;
-Altas temperaturas; Cadeia produtiva gera diversos
-Baixa condutividade térmica; impactos ambientais negativos.
*Convencional -Resistência a microrganismos e a produtos
químicos;
-Elevada resistência dielétrica;
-Excelente isolamento elétrico.
-Cadeia produtiva atrelada ao Patologias associadas ao
desenvolvimento sustentável; desenvolvimento de fungos e
-Possuem potencial de isolamento acústico; microrganismos;
Ecológicas -Possuem alta resistência ao fogo; Podem desenvolver fissuras, trincas
-São resistentes a granizos e a e perder a coloração;
deformações. Necessidade de mão de obra
especializada.
*Nota: Considerado telhas de fibrocimento. Fonte: Os autores (2021).

Figura 6 – Diferentes tipos de telhas. A) telha ecológica; B) telha de fibrocimento.

Fonte: Adaptado de Araújo (2018).

No entanto, as telhas ecológicas apresentam algumas desvantagens


associadas às patologias, devido à presença de umidade, acarretando fungos e
mofos, podendo gerar fissuras, trincas e mudança na coloração, como por exemplo a
eflorescência (GAGGINO et al., 2013). Além disso, alguns autores recomendam,
também, que a instalação das telhas ecológicas seja realizada com mão de obra
especializada (ALMEIDA et al., 2013).

26
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseada em uma revisão bibliográfica desenvolvida sobre telhas ecológicas


suas tipologias, vantagens e desvantagens, destacam-se os poucos estudos
desenvolvidos no Brasil que mostram avaliar o desempenho das telhas ecológicas,
para os aspectos relatados nesta pesquisa. Entre elas, as telhas tipo Treta Pack são
as mais pesquisadas no Brasil. Quanto à aplicação das telhas ecológicas no Brasil,
estão ainda atreladas ao desafio de demonstrar o desempenho delas nas edificações.
Quanto aos principais materiais utilizados para o desenvolvimento de telhas
ecológicas estão embalagens cartonadas, resíduos de gesso, fibras vegetais e papel
reciclado.
As telhas ecológicas, na maioria dos casos avaliados, apresentaram melhores
características mecânicas como a absorção de água, desempenho térmico, carga de
ruptura à flexão e impacto de corpo duro, sendo uma alternativa para o mercado, uma
vez que ainda possuem maior leveza, o que diminui os custos com as tesouras e
caibros, proporcionando maior conforto térmico e segurança contra intempéries. O
mercado das telhas ecológicas apresenta um amplo potencial para ser explorado,
tanto em termos de aplicação como de pesquisa, para ser difundido no Brasil e, assim,
contribuir para o desenvolvimento sustentável.

REFERÊNCIAS

AGOPYAN, V.; VANDERLEY, M. J. O desafio da sustentabilidade na construção


civil. São Paulo, 2011.
ALMEIDA, I. S. et al. Reciclagem de garrafas PET para fabricação de telhas.
Cadernos de Graduação - Ciências Exatas e Tecnológicas, Sergipe, v. 17, n. 1,
p. 83-90, 2013.
ARAUJO, D. C.; MORAIS, C. R. S.; ALTIDES, M. E. D. Avaliação mecânica e físico-
química entre telhas convencionais e alternativas usadas em habitações populares.
Revista Eletrônica de Materiais e Processos, Campina Grande, v. 3, n. 2, p. 125-
136, 2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS- ABNT. NBR 7581: Telha
ondulada de fibrocimento. Brasil, 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Desempenho
de edificações habitacionais. 1 ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.

27
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
AZEVEDO, A. R. G. et al. Use of glass polishing waste in the development of
ecological ceramic roof tiles by the geopolymerization process. International
Journal of Applied Ceramic Technology, v. 17, n. 6, p. 2649-2658, 16 jul. 2020.
Doi: http://dx.doi.org/10.1111/ijac.13585.
AZEVEDO, A.R.G. et al. Potential use of ceramic waste as precursor in the
geopolymerization reaction for the production of ceramic roof tiles. Journal of
Building Engineering, v. 29, p. 101156, maio 2020. Doi:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jobe.2019.101156.
BEKHTA, P. et al. Properties of Composite Panels Made from Tetra-Pak and
Polyethylene Waste Material. Journal of Polymers and The Environment, v. 24, n.
2, p. 159-165, 12 mar. 2016. Doi: http://dx.doi.org/10.1007/s10924-016-0758-7.
CICLOVIVO. Redação. Alunos de escola pública criam telhas com gesso e
palha de coqueiro. 2021. Disponível em: https://ciclovivo.com.br/arq-
urb/design/alunos-telhas-gesso-e-palha-de- coqueiro/?amp=1. Acesso em: 15 nov.
2021.
CONAMA (CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBINTE). Resolução Conama
307/2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos
resíduos da construção civil. 1. ed. Brasília, 06 jul. 2021. p. 1-3.
CURSINO, A.; NUNOMURO, E.; TRÓI, M. DE. Eficiência energética: guia para
etiquetagem de edifícios. 1.ed. Brasília: Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento - PNUD, 2015.
ECOPEX. Telha ecológica tetra pak. 2021. Disponível em:
https://ecopex.com.br/telha-ecologica/. Acesso em: 14 nov. 2021.
EQUIPE COBERTURAS LEVES. 5 mitos sobre telha ecológica de fibra vegetal
que você deve esquecer. 2021. Disponível em:
https://www.coberturasleves.com.br/5-mitos-sobre-telha- ecologica-de-fibra-vegetal-
que-voce-deve-esquecer/. Acesso em: 15 nov. 2021.
FAUSTINO, F. Os prós e contras do uso do amianto no Brasil. 2012. Disponível
em: http://rmai.com.br/v4/Read/1139/os-pros-e-contras-do-uso-do-amianto-no-
brasil.aspx Acesso em: 17 nov. 2021.
GAGGINO, R. et al. Ecological Roofing Tiles Made with Rubber and Plastic Wastes.
Advanced Materials Research, v. 844, p. 458-461, nov. 2013. Doi:
http://dx.doi.org/10.4028/www.scientific.net/amr.844.458.
INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER (IARC). Arsenic,
metals, fibresand dusts: review of human carcinogens. Lyon, Franca. 2012.
LESSA, M. L. S. Critérios de sustentabilidade para elementos construtivos: um
estudo sobre telhas “ecológicas” empregadas na construção civil. 2009. 153 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Escola Politécnica, Engenharia Ambiental,
Universidade Federal da Bahia, Bahia, 2009.
LIMA, M. L. et al. Construção Sustentável: análise comparativa entre telha
ecológica e telha de fibrocimento onduladas de 6mm. São Luiz: Pascal, 2020.

28
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
MAGALHÃES, R. J. Desempenho térmico de telhas: um estudo comparativo entre
telhas ecológicas e telhas de fibrocimento. 2018. 53 f. TCC (Doutorado) - Curso de
Engenharia Civil, Faculdade Evangélica de Goianésia, Goianésia, 2018.
MARQUES, V. M. Avaliação de aspectos e impactos ambientais ao longo do
ciclo de vida de telhas de fibrocimento com e sem amianto. 2014. 136 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Ciências Exatas e
Tecnológicas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2014.
NAGALLI, Amaly. The Sustainability of Brazilian Construction and Demolition Waste
Management System. Electronic Journal of Geotechnical Engineering, v. 18, n. 1,
p. 1755- 1759.
OLIVEIRA, P. L.; SOARES, R. G.; SANTOS, S. X. Desempenho térmico das
edificações: estudo comparativo entre o telhado verde e outros tipos de coberturas.
Revista Petra, v. 2, p. 55, 2016.
PACHECO-TORGAL, F.; CASTRO-GOMES, J.; JALALI, S.. Alkali-activated binders:
a review. part 2. about materials and binders manufacture. Construction and
Building Materials, v. 22, n. 7, p. 1315-1322, jul. 2008. Doi:
http://dx.doi.org/10.1016/j.conbuildmat.2007.03.019.
PASSOS, D. V.; OLIVEIRA, P. C. L. Telhas Pet. 2016. Disponível em:
http://sindiconstru-cg.sicomercio.org.br/noticias/telhas-pet. Acesso em: 15 nov. 2021.
SCHELB, C. G. Avaliação de tipologias construtivas nos critérios de
sustentabilidade: Estudo de casos: Telhas. 2016. 137 f. Dissertação (Mestrado) -
Curso de Arquitetura, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de
Brasília, Brasília, 2016.
TESKE, S.; GONÇALVES, P. F. A.; NAGALLI, A. Desenvolvimento de modelo
conceitual de telha ecológica a partir de resíduos de PET e gesso da construção.
Cerâmica, v. 61, n. 358, p. 190-198, jun. 2015. Doi: http://dx.doi.org/10.1590/0366-
69132015613581852.
XAVIER, L.L.; ROCHA, J. C. Diagnóstico do resíduo da construção civil – Início do
caminho para o uso potencial do entulho. In: SEMINÁRIO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E A RECICLAGEM NA CONSTRUÇÃO CIVIL: MATERIAIS
RECICLADOS E SUAS APLICAÇÕES; IV. 2001. São Paulo. Anais [...]. São Paulo:
IBRACON, 2001.

29
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
PROJETO DE UMA FONTE DE ALIMENTAÇÃO CA-CC MONOFÁSICA
EMPREGANDO O CONVERSOR SEPIC COM INTERRUPTORES DO LADO CA
OPERANDO EM MCC
Marcos Vinícius Mosconi Eweling8
Marcos Paulo Hirth9

RESUMO
Neste artigo, é apresentado o projeto de uma fonte de alimentação monofásica,
baseada na topologia do conversor SEPIC isolado, com dois interruptores no lado CA.
Apresentam-se as formas de ondas e as principais equações utilizadas para
desenvolver o conversor, além dos resultados experimentais obtidos. O conversor foi
projetado para uma potência de 300W, com tensão de entrada de 127V, tensão de
saída em 200V e a frequência de comutação dos interruptores de 50kHz. A principal
vantagem do conversor SEPIC com interruptores no lado CA em relação a outras
topologias de conversores CA-CC é o número menor de semicondutores no caminho
da corrente em um período de comutação, com isso, espera-se um acréscimo no
rendimento geral. Mas, como a corrente de entrada não é senoidal, será necessária
uma malha de controle de corrente, pois o conversor irá operar em modo de condução
contínuo. Caso o conversor operasse em modo de condução descontínuo, essa malha
de controle de corrente seria desnecessária.

Palavras-chave: Conversor SEPIC isolado; Monofásico; Modo de operação contínuo;


Interruptores lado CA.

ABSTRACT
In this article, we present the design of a single-phase power supply based on the
isolated SEPIC converter topology, with two switches on the AC side. Waveforms and
converters used as principals used to develop Presents, in addition to the experimental
results obtained. The converter is designed for a power input of 300W, with an output
voltage of 127V, an output of 200V and a power supply frequency of the switches of
50kHz. The main advantage of SEPIC with switches on the AC side compared to
topologies of AC-DC converters, is less semiconductor in the current path in a period
of others, with this, an increase in the overall throughput is expected. But like sinusoidal
current current, an input current loop will be required will not work in direct current
control operation, as the operation loop will not work in direct current control.

Keywords: Isolated SEPIC converter; Single phase; Continuous operating mode; CA


side switches.

8 Discente do curso de Engenharia Elétrica, Universidade do Contestado – UNC Campus Canoinhas,


Membro do Grupo de Pesquisa Energias Alternativas e Renováveis, e-mail:
marcosvinicius55@hotmail.com
9 Docente do curso Engenharia Elétrica, Universidade do Contestado – UNC Campus Canoinhas,

Membro do Grupo de Pesquisa Energias Alternativas e Renováveis, e-mail: hirth@unc.br


30
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
1 INTRODUÇÃO

Conversores CA-CC, que transformam corrente alternada para corrente


contínua, são sistemas formados por semicondutores de potência, operando como
interruptores e, por elementos passivos, normalmente indutores e capacitores que têm
por função controlar o fluxo de potência de uma fonte de entrada para uma fonte de
saída.
Estes conversores podem operar como abaixadores ou elevadores de tensão,
podendo apresentar isolação galvânica em alta frequência e a inexistência de
elevados picos de corrente na entrada do conversor.
No funcionamento como circuitos de correção de fator de potência (PFC),
destacam-se outras características como a possibilidade de se obter elevado fator de
potência, com correntes de entrada em fase com a tensão de alimentação e reduzidas
taxas de distorção harmônica, bem como o controle da tensão de saída [1].
Quando operado em modo de condução contínuo, para obter-se a caraterística
de elevado fator de potência, há a necessidade de utilizar um sensor de corrente para
controlar a corrente de entrada.
Sendo assim, apresenta-se uma proposta de uma fonte de alimentação CA-CC
monofásica, empregando o conversor SEPIC (Single-Ended Primary-Inductor
Converter) com interruptores do lado CA operando em MCC (Modo de Condução
Contínuo).
Esta topologia foi apresentada em [2], porém no modo de operação
descontínuo. A presente dissertação apresentou os resultados experimentais e todas
as equações de projeto dos componentes de potência.
Neste artigo, é apresentada a topologia da fonte de alimentação proposta, suas
etapas de operação e as principais formas de onda. Em sequência, é apresentado
uma análise matemática das principais equações utilizadas para o cálculo dos
componentes de potência.
Ao final, é apresentado o projeto da fonte de alimentação, com seus resultados
experimentais da implementação e a conclusão sobre os resultados experimentais.

31
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
2 REVISÃO DE LITERATURA

A topologia proposta realiza a conversão de energia CA-CC em estágio único,


com isolação galvânica entre a carga e a fonte de alimentação.
Na Figura 1, pode-se observar a topologia do conversor proposto. Nota-se que
a topologia possui dois interruptores (S1 e S2) e dois diodos (D1 e D2), sendo que os
semicondutores denominados ímpares conduzem durante o semiciclo positivo da rede
de energia elétrica, enquanto os semicondutores denominados pares conduzem no
semiciclo negativo da rede elétrica.
Observa-se que os interruptores estão referenciados ao mesmo potencial,
sendo comandados pelo mesmo pulso de comando.

Figura 1 – Topologia proposta baseada no conversor SEPIC.


+ VL1 - + VC1 - + VD1 -

L1
Ia IC1
C1 ID1 D1 IC1 Io
+ + +
S1 VS1 C2 VC2 R Vo
- - - -
VL2 L2
Va(t) +

+
VS2 S2
- IL2 ID2 D2

+ VD2 -
Fonte: Do autor

A. Etapas de Operação
Quando o conversor opera em modo de condução contínuo (MCC), sabe-se
que a topologia apresenta duas etapas de operação. Como a entrada é em corrente
alternada (CA), a análise das etapas de operação será feita para o semiciclo positivo
da rede elétrica.
Durante a primeira etapa de operação, apresentada na Figura 2, os
interruptores S1 e S2 estão em condução. O fato de um interruptor ser inverso do
outro faz com que a corrente passe pelo interruptor S1 e pelo diodo intrínseco ou pelo
canal do interruptor, S2, dependendo da tecnologia do semicondutor. Nessa etapa de
operação, a indutância L1 recebe a energia fornecida pela fonte Va(t), enquanto o
indutor L2 recebe energia fornecida pelo capacitor C1. A Carga R é alimentada pelo
capacitor C2, já que ambos os diodos, D1 e D2, estão bloqueados.

32
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 2 – Primeira etapa de operação do conversor em MCC.
+ VL1 - + VC1 - + VD1 -

L1
Ia
C1 D1 Io
+ + +
VS1 C1 VC2 R Vo
- - - -
L2 VL2
Va(t) +

+
VS2
- IL2 D2

+ VD2 -
Fonte: Do Autor.

Durante a segunda etapa de operação, Figura 3, os interruptores S1 e S2 estão


abertos, em bloqueio. As indutâncias L1 e L2 estão sendo descarregadas, fornecendo
energia para os capacitores C1, C2 e para a carga R. Quem está conduzindo essa
corrente é o diodo D1, pelo fato de estarmos analisando no semiciclo positivo da rede.

Figura 3 – Segunda etapa de operação do conversor em MCC.


+ VL1 - + VC1 - + VD1 -

L1
Ia
C1 D1 Io
+ + +
S1 VS1 C1 VC2 R Vo
- - - -
VL2 L2
Va(t) +

+
VS2 S2
- IL2 D2

+ VD2 -
Fonte: Do Autor.

B. Formas de Ondas
As formas de onda de tensão e corrente dos componentes, indutor L1, indutor
L2, interruptor S e diodo D, são apresentados na Figura 4. As formas de onda
apresentadas são válidas para o semiciclo positivo da rede elétrica em um período de
comutação.
Nota-se que nos indutores L1 e L2, durante a primeira etapa de operação, a
corrente cresce linearmente, pois ambos estão sendo carregados. Durante essa
etapa, o interruptor S conduz a somatória das correntes dos indutores L1 e L2.
Na segunda etapa de operação, a corrente dos indutores L1 e L2 decresce
linearmente, pois ambos estão sendo descarregados. Durante essa etapa, o diodo D
conduz a somatória das correntes dos indutores L1 e L2.
33
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 4 – Formas de ondas das tensões e de corrente nos componentes do conversor.

VComando
1 VComando
1

0 t
0 t

VL1 IL1
Vg IL1pico

0 t IL1mín
-Vo
0 t

VL2
IL2
Vg
IL2pico
0 t
-Vo 0 t
-IL2mín

IS
VS
IL1pico+IL2pico
Vg+Vo
IL1mín+IL2mín
0 t 0 t

ID
VD IL1pico +IL2pico
0 t
IL1mín +IL2mín
-(Vg +Vo)
0 t

Δt1 Δt2 Δt1 Δt2


ton toff ton toff
Ts Ts
Fonte: Do Autor.

3 METODOLOGIA

A metodologia adotada para o projeto do conversor é apresentada a seguir,


com as especificações e equações utilizadas.
As especificações de entrada utilizadas para o desenvolvimento do projeto são:
• Vg: valor de pico da tensão de entrada;
• Vo: valor de médio da tensão de saída;
• Po: potência de saída;
• fs: frequência de comutação;
• tr: tempo de Hold-up time;
• Δil: ondulação de corrente dos indutores;
34
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
• Δvc: ondulação da tensão no capacitor C1;

Primeiramente define-se a razão cíclica do conversor através da equação (1).


Vo
D= (1)
Vo + Vg

Com a razão cíclica definida, calcula-se o valor do indutor L1 e L2. Os valores


de indutância são obtidos através do critério de ondulação de corrente que passa
pelos indutores durante a primeira etapa de operação, tendo suas equações
apresentadas em (2) e (3), respectivamente.
Vg D
L1  (2)
f s il1
Vg D
L2  (3)
f s il 2

Para o cálculo do capacitor C1, utiliza-se a equação (4), cuja é apresentada


através do critério de ondulação de tensão.
Vo D
C1  (4)
Ro f s vc1

Para o capacitor C2, que é o capacitor responsável pela filtragem da tensão de


saída, usa-se o critério de Hold-up time, conforme (5).
2Potr
C2  (5)
2
Vo - (0,9Vo )2

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As especificações do projeto são apresentadas no Quadro I. O valor da tensão


de entrada é referente ao valor de tensão da rede elétrica CA, e a tensão de saída é
definida para carregar baterias de bicicleta elétrica de 200V.
No Quadro II, são apresentados os resultados obtidos do projeto, de acordo
com a metodologia do projeto apresentada anteriormente.

35
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Quadro 1 – Especificações de Projeto
Especificações Valores
Tensão de entrada (Va) 127V
Tensão de saída (Vo) 200V
Potência de saída (Po) 300W
Frequência da rede (fr) 60Hz
Frequência de comutação (fs) 50kHz
Ondulação no Capacitor C1 (Δvc1) 30%
Ondulação no Capacitor C2 – Hold-up time (Δvc2) 1%
Ondulação de corrente nos Indutores L1 e L2 (Δil) 20%
Tempo de Hold-up time (tr) 8,333ms

Quadro 2 – Valores Obtidos com o Projeto


Grandeza Valores
Valor de pico da tensão de entrada (Vp) 180V
Ganho estático do conversor (G) 1,111
Relação de transformação (n) 1:1
Razão cíclica (D) 0,52632
Indutor (L1) 2,842mH
Indutor (L2) 6,31579mH
Capacitor (C1) 0,2924µF
Capacitor (C2) 657,895µF

A simulação numérica é realizada através dos valores apresentados nos


Quadro I e II. Para a simulação numérica, utilizou-se o Software PSIM.
Na Figura 6, apresenta-se a tensão e corrente de entrada. Para termos uma
melhor visualização da corrente, multiplica-se a corrente por um fator, a fim de que a
mesma fique com uma visualização melhor em relação a amplitude da tensão.
Nota-se que a corrente não apresenta valores próximos de zero apenas nos
picos da tensão de entrada. Isto ocorre pelo fato do conversor obter maior
transferência de energia nos períodos de pico da tensão de entrada. Para obter-se um
fator de potência unitário, é necessário o controle dessa corrente de entrada,
deixando-a mais próxima de uma onda senoidal.

Figura 6 – Forma de onda da tensão e corrente de entrada.


200
Va

100

Ia*20

-100

-200
0.066 0.07 0.08 0.09 0.1 0.11 0.116
Tempo (s)

Fonte: Do Autor.

36
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Na Figura 7, apresenta-se a tensão e corrente de saída que, conforme
projetado, obteve-se a tensão contínua de 200V. Para termos uma melhor
visualização da corrente, multiplica-se a corrente por um fator, a fim de que a mesma
fique com uma visualização melhor em relação a amplitude da tensão.

Figura 7 – Forma de onda da tensão e corrente de saída.


250
Vo

200

Io*100

150

100

50

0
0.06 0.08 0.1 0.12 0.14 0.16
Tempo (s)

Fonte: Do Autor.

Na Figura 8, apresenta-se a tensão sobre o interruptor S1, observam-se as


duas etapas de operação do conversor. Quando o interruptor está em condução, a
tensão sobre o mesmo é igual a zero, quando o interruptor está em bloqueio, há um
valor de tensão sobre o mesmo. Esse valor de tensão sobre o interruptor é a tensão
de entrada mais a tensão de saída, refletida pelos indutores acoplados L2.

Figura 8 – Forma de onda da tensão sobre o interruptor S1

400V

200V

0V

0.1 0.11 0.12 0.13 0.14

Tempo (s)

Fonte: Do Autor.

O protótipo da fonte de alimentação de estágio único foi construído a partir das


especificações apresentadas no Quadro I, tendo os principais componentes utilizados,
sendo apresentados na Quadro III.
37
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Quadro 3 – Componentes Utilizados.
Componente Especificação
Indutor L1 Indutância: 2,84mH
Número de espiras: 294
Fio Condutor: AWG22
Núcleo: NE55
Indutor L2 Indutância: 6,3mH
Número de espiras do primário: 100
Número de espiras do secundário: 100
Fio condutor do primário: AWG23
Fio condutor do secundário: AWG23
Núcleo: NE55
Interruptores S1 e S2 IRFP460
(500V/20A)
Diodos D1 e D2 MUR860
(600V/8A)
Capacitor C1 0,3µF/630V
Capacitor C2 1000µF/250V
Circuito de comando SG3524N

A Figura 9 apresenta uma foto da fonte de alimentação implementada.


Observa-se os devidos componentes:
1. Indutor de entrada L1;
2. Alimentação para a fonte dos drivers, para os drives e para o circuito de
PWM;
3. Fonte de Alimentação DS320-08A para os drives;
4. Entrada em tensão CA;
5. Circuito de Grampeamento;
6. Driver Isolado Simples DRO100S25A;
7. Circuito de comando e controle, utilizando o circuito integrado SG3524N em
malha aberta;
8. Interruptores de comutação;
9. Capacitor de entrada C1;
10. Indutores acoplados L2;
11. Saída em tensão CC;
12. Capacitor de filtro C2.

38
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 9 – Foto da fonte de alimentação implementada.
12
7 4
11 6 5 3

2 1
10
8

Fonte: Do Autor

Na Figura 10, pode-se observar a tensão de entrada Vg em forma alternada


senoidal, com seu valor eficaz em 18,4V, sendo o maior valor de tensão de entrada
obtido durante os testes do protótipo em laboratório.
Na Figura 11, apresenta-se a tensão de saída de forma contínua, com um valor
de 30V. Esse valor da tensão de saída é referente ao valor da tensão de entrada
apresentado na Figura 10 e proporcional ao valor de entrada, mantendo a
proporcionalidade proposta no projeto da tensão de entrada Vg igual a 127V e a
tensão de saída Vo igual a 200V.

Figura 10 – Tensão de entrada Vg

Fonte: Do Autor

39
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 11 – Tensão de saída Vo

Fonte: Do Autor.

Na Figura 12, apresenta-se a tensão, em baixa frequência, sobre o interruptor


S1. Notam-se as duas etapas de operação, quando o interruptor está aberto, tendo
um determinado valor de tensão sobre o interruptor, e quando o interruptor está em
condução, tendo um valor de tensão igual a zero.
Nota-se o valor da tensão, com seus picos, sobre o interruptor. Comparando a
tensão sobre o interruptor com o valor da tensão de entrada, nota-se que o valor da
tensão sobre o interruptor é mais elevado. Isto já era esperado, pois, nessa topologia,
o valor da tensão sobre o interruptor é igual a tensão de entrada mais a tensão de
saída refletida pelos indutores acoplados, além da tensão de dispersão dos indutores
acoplados, resultando assim em uma tensão elevada sobre o interruptor.

Figura 12 – Tensão sobre o interruptor S1.

VS: 50V/div
t= 5ms/div

Fonte: do autor.

40
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse trabalho, apresentou-se uma análise de uma fonte de alimentação


monofásica CA-CC baseada na topologia do conversor SEPIC, com os interruptores
do lado CA. Comparada com topologias convencionais, a topologia proposta
apresenta um menor número de componentes no caminho da corrente durante as
etapas de operação. Tal característica é relevante quando se trata de perdas nos
componentes em condução, gerando, consequentemente, um maior rendimento da
estrutura.
Apresentou-se uma análise matemática das principais equações de projeto,
utilizadas para dimensionar os componentes de potência da fonte de alimentação.
Tais equações podem ser utilizadas para a implementação da topologia com outras
especificações, sendo assim, pode-se levar a projetos de fontes de alimentação com
diferentes características de entrada ou saída ou mesmo parâmetros de projetos.
Com relação a simulação numérica apresentada no Capítulo V, foram
observadas, em ambas as formas de ondas, as características da fonte de
alimentação e a similaridade com relação as formas de ondas teóricas apresentadas
no Capítulo II, quais se referem a análise teórica do funcionamento da estrutura.
Comprovando a análise teórica com a simulação numérica, pode-se dar início
a implementação da fonte de alimentação, comprovando as similaridades comentadas
anteriormente.
Com relação aos resultados experimentais, nota-se que não se obteve a tensão
de saída Vo desejada, sendo o valor projetado para obter-se uma tensão igual a 200V,
os resultados foram apresentados com uma tensão de saída Vo igual a 30V. Tal fator
ocorreu, principalmente, por ruídos gerados pela fonte de alimentação, quando a
mesma apresentava um valor de tensão de saída superior a 30V.
Esse ruído pode estar ocorrendo pelo fato do indutor L2 ter sido construído com
o núcleo e o número de espiras diferentes dos calculados no projeto, tal motivo
ocorreu pelo fato de não ter encontrado o núcleo calculado para a compra, tendo que
utilizar um núcleo menor para sua construção e, consequentemente, com um número
de espiras diferente do calculado.
Outro possível motivo da ocorrência desse ruído pode ser a geração do PWM
de acionamento dos interruptores, em que o mesmo era feito de forma analógica. No

41
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
mesmo, observou-se a falha de alguns pulsos do comando, fazendo o interruptor
comutar um número muito maior de vezes no mesmo período de tempo.
Porém, realizando uma comparação das formas de ondas obtidas através dos
resultados da implementação prática com as formas de ondas obtidas através da
simulação numérica e a análise teórica, nota-se a semelhança entre os resultados
apresentados. As semelhanças comprovam o funcionamento da fonte de alimentação
para uma tensão de saída Vo de aproximadamente 30V.
Com isso, pode-se concluir que a fonte de alimentação aqui estudada, embora
não processou a potência nominal projetada, apresentou características semelhantes
da análise teórica e simulação numérica, comprovando assim o funcionamento da
estrutura ainda não estudada no meio da ciência. Cabe-se também uma nova
implementação física da topologia, buscando a eliminação dos ruídos apresentados
nesse protótipo, juntamente com o fechamento das malhas de controle da tensão de
saída e corrente de entrada. Assim, a fonte de alimentação poderá ser submetida a
testes em seu valor nominal de potência, comprovando o seu correto funcionamento
e demais medições para categorização do fator de potência e rendimento da estrutura.

REFERÊNCIAS

[1] HIRTH, M. P.; FONT, C. H. I., “Fonte de Alimentação Monofásica de Estágio


Único Empregando o Conversor SEPIC com Interruptores do Lado CA”,
INDUSCON, 2014.
[2] HIRTH, M. P., Conversor CA-CC monofásico de estágio único empregando o
conversor SEPIC com interruptores do lado CA. 2015. Dissertação (Mestrado
em Engenharia Elétrica) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta
Grossa, 2015.
[3] BARBI, I. Eletrônica de potência. 6.ed. Florianópolis: Edição do Autor, 2006.
[4] MARTINS, D. C.; BARBI, I. Eletrônica de potência: Conversores CC-CC básicos
não isolados. 2.ed. Florianópolis: Edição dos Autores, 2006.
[5] HOU, D.; ZHANG, Q.; LIU, X. An isolated bridgeless power factor correction
rectifier based on SEPIC Topology. 2011.
[6] SIMONETTI, D. S.; SEBASTIAN, J.; UCEDA, J. The discontinuous conduction
mode Sepic and Cuk power factor preregulators: analysis and design. Industrial
Electronics, IEEE Transactions on, v. 44, n. 5, 1997.

42
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
PROJETO DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM BRAÇO MECÂNICO PARA APOIO
PEDAGÓGICO NA DISCIPLINA DE AUTOMAÇÃO E ROBÓTICA10

Osvaldo Roberto Romanowski11


Roberto Mathias Susin12

RESUMO
Este trabalho apresenta um protótipo de um braço mecânico com 02 graus de
liberdade, com movimentos de rotação, elevação, controle de abertura e fechamento
da garra, com o objetivo de deslocar uma peça de uma plataforma para outra. Os
movimentos foram acionados por motores de corrente contínua DC, através dos sinais
da porta paralela (LPT1) por um computador com a utilização de software de controle.
Este braço mecânico tem uma segunda possibilidade de comando, com o
acionamento manual através de um joystick. O objetivo deste protótipo é auxiliar no
aprendizado dos alunos do curso de Engenharia Elétrica e servir de apoio didático na
construção de conceitos básicos através de um plano de aula definido na matéria de
Automação e Robótica, englobando os conceitos de malha aberta e malha fechada.

Palavras-chave: Braço robótico; Didática; Automação; Robótica.

ABSTRACT
This work presents a prototype of a mechanical arm with 02 degrees of freedom, with
movements of rotation, elevation, opening and closing control of the claw, with the
objective of moving a part from one platform to another. The movements were driven
by direct current DC motors, through the parallel port signals (LPT1) by a computer
with the use of control software. This mechanical arm has a second control option, with
manual activation via a joystick. The objective of this prototype is to assist in the
learning of students of the Electrical Engineering course and to serve as didactic
support in the construction of basic concepts through a defined lesson plan in the
subject of Automation and Robotics, encompassing the concepts of open loop and
closed loop.

Keywords: Robotic arm; Didactics; Automation; Robotics.

10
Este projeto é de Iniciação Científica realizado no Curso de Engenharia Elétrica em 2012 na FUnC
– Fundação Universidade do Contestado – Canoinhas-SC.
11
Acadêmico do curso de Engenharia Elétrica, FUnC Campus Canoinhas, e-mail:
romanowski@celesc.com.br
12
Professor Orientador, FUnC Campus Canoinhas, e-mail: contato@laboratorioderobotica.com
43
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
1 INTRODUÇÃO

A criação dos robôs teve início no Egito, onde foram construídos os primeiros
braços mecânicos que eram colocados em estátuas e representavam deuses, os
quais impressionavam o povo.
Na civilização grega, após vários séculos, existiam estátuas sendo estas já
operadas hidraulicamente, criadas por Heron de Alexandrina, que construiu
mecanismos simples para demonstrar a utilização dessa nova ciência de operação.
Em 1805, Henri Maillardet construiu em Londres uma boneca capaz de
escrever e desenhar com precisão, através de dados armazenados em uma memória
mecânica.
Em 1969, Nilsson descreve o primeiro sistema robótico móvel, chamado de
Shakey, que recebeu este nome devido à sua movimentação brusca. Shakey possuía,
em sua estrutura, uma câmara, um detector de distância, sensores de toque e um link
de rádio. Em 1972, este robô foi desenvolvido por Nilsson na SRI Internacional, hoje
Instituto de Pesquisa de Stanford e foi introduzido como o primeiro robô móvel por
inteligência artificial. (NILSSON, 1969).
Com a evolução dos tempos, muitas definições e soluções surgiram para os
mais diversos problemas na constituição de um robô, e a robótica obteve um grande
desenvolvimento, criando tipos de robôs para aplicação nos mais variados segmentos
envolvendo a realização de tarefas.
Segundo explica Russel e Morvig, (2004), robôs são elementos ativos que
realizam tarefas que manipulam o meio físico em que vivemos. Para tal, eles são
equipados para realizar tarefas com rodas, garras, articulações, pernas e, com o
avanço tecnológico, aplicou-se a estes conjuntos os sensores, câmeras, ultrassom,
giroscópios e acelerômetros, que possibilitam em um ambiente medir os movimentos,
adquirindo, assim, uma forma de inteligência artificial.
Devido à crescente necessidade de realizar tarefas mais rápidas e em
ambientes perigosos, o ser humano buscou novos métodos de trabalho, facilitando
assim o seu dia a dia e a robótica surgiu desta necessidade crescente entre os
homens, causando uma substituição gradativa do homem pela máquina.

44
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
2 OBJETIVOS

A - Objetivo Geral
Desenvolver um protótipo de um braço mecânico composto por 02 graus de
liberdade que terá como efetuador uma garra. O comando do protótipo poderá ser
através de um programa computacional ou manual através de 01 joystick, que
controlará os seus movimentos na horizontal e vertical, pegando um objeto com massa
de 0,2 kg, ou peso de 2N, sendo este de forma cilíndrica com até 04 cm de raio,
pegando e transportando este objeto de uma base para outra, definido dentro da sua
área de trabalho.

B - Objetivos Específicos
- Construir um protótipo de um braço mecânico, utilizando materiais em
alumínio, base de madeira e com acionamento através de 03 motores DC;
- Implementar um software para controle do braço mecânico e seu efetuador;
- Descrever os movimentos que o braço mecânico será capaz de executar;
- Realizar testes com os comandos através do software e manual através do
joystick;
- Criar um experimento padrão com o software LOGO para teste do braço
mecânico.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

A - Braço Robótico
A configuração física dos robôs está relacionada com os tipos de juntas que ele
possui, em que se consideram, primeiro, os graus mais próximos da base.
Um braço mecânico é formado pela base, braço e punho, sendo o último
responsável por orientar o órgão terminal, que poderá ser uma garra, um bico de solda
ou outra ferramenta.
É constituído por diversos tipos de juntas que determinam os movimentos
possíveis do manipulador; sendo elas, as juntas prismáticas, de revolução e esféricas.
O número total de juntas do manipulador é conhecido por graus de liberdade.

45
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 1 –Esquema de elos e juntas

Fonte: Groover et al. (1989)

B - Volume de trabalho
É o espaço de trabalho do manipulador, que é o braço do robô, sendo este o
volume total conformado pelo percurso do extremo do último elo, quando o
manipulador efetua todas as trajetórias possíveis, não sendo considerado para tal o
tamanho do efetuador.
O volume é medido em unidades volumétricas.

C – Classificação pelo tipo de articulação


Os robôs são classificados pelo conjunto de juntas que compõem o sistema de
articulação, que possibilitam obter informações sobre o espaço de trabalho, grau de
rigidez mecânica, extensão do controle sobre movimentação, tipos de aplicação para
cada robô. São classificados em cartesianos, cilíndricos e esféricos.

D – Atuadores
São dispositivos que transformam energia em outro tipo de energia, dentre os
diversos tipos de classificação o mais usual é aquele que distingue a fonte de energia
consumida. São divididos em hidráulicos, pneumáticos e elétricos.

E – Efetuadores
Dispositivo fixado no final do último elo do manipulador e que permite que o
robô realize uma tarefa específica.
Existem diversos tipos de efetuadores, dentre eles, as garras, pontas de solda,
maçaricos, bicos para pintura, mandris para operações como furação, polimento,
ranhuramento, aplicadores de cimento, ferramentas de corte, etc.
46
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
4 PROJETO DO BRAÇO MECÂNICO

A. Componentes mecânicos
O projeto foi desenvolvido sobre uma base de madeira com suporte em
alumínio com acabamento em chapas de ACM, que é um material composto por duas
chapas de alumínio com uma camada interna de borracha.
O motor responsável pelo giro é fixado na parte inferior da plataforma. O
antebraço é composto por 02 torres verticais de 40cm cada, fixada na base giratória
que será responsável pelos movimentos horizontais e, nas torres, foi fixado o braço
de 60cm através de um eixo transpassante a 20cm do início do braço mecânico.
Para acionamento dos movimentos verticais, está acoplado ao eixo um motor
de corrente contínua DC.

B. Efetuador
Neste projeto, o efetuador é uma garra com formato de dois dedos, com
abertura máxima entre os dedos de 08cm, confeccionada em material PS expandido
e ACM, que foi definido por ser um material fácil de recortar com características de
flexibilidade e resistência.
A definição deste modelo de garra é fundamentada nas características que a
garra apresenta, pois é capaz de pegar diversos tipos de materiais e formas,
constatado através dos testes.

Figura 1 - Modelo da garra

Fonte: Laboratório de Robótica de Canoinhas (2013)

47
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
C. Interface
Para o controle do sentido dos motores, utilizamos, no projeto, uma placa
composta de 03 circuitos eletrônicos, conhecido como ponte H, figura 02, que recebe
o sinal enviado pela porta paralela ou do joystick, sendo este sinal o de referência para
os motores e determinando assim o sentido da corrente e do giro dos motores.

Figura 2 - Ponte H

Fonte: Laboratório de Robótica de Canoinhas (2013)

D. Motores utilizados no projeto


Para acionamento dos movimentos para esquerda e para direita do braço
mecânico foi utilizado um motor DC, sendo este o mesmo usado na mecânica
automotiva para acionamento do limpador de para-brisas, alimentado com tensão de
5V, o qual proporciona a velocidade ideal para este projeto.
Os movimentos de elevação do braço e de abertura e fechamento da garra são
acionados através de motores DC com 13 r.p.m. alimentados em 5V.

E. Chave fim de curso


Também chamados de micro switches são responsáveis por limitar os
movimentos rotacionais, de abertura e fechamento da garra, sendo este necessário
para a proteção do equipamento devido à limitação técnica que o protótipo apresenta
em seus movimentos.

48
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
F. Acionamento dos movimentos do protótipo
Este protótipo apresenta 02 opções de comando para acionamento dos
movimentos, sendo a primeira através de um software e a segunda opção através de
um joystick.

G. Fonte de alimentação
Para a alimentação das cargas, pode ser utilizado uma fonte de alimentação
tipo ATX 110VAC/220VAC/12VCC/5VCC, que possui as características necessárias
para o fornecimento de energia para as cargas. Esta fonte já possui um sistema de
proteção contra curto circuito. Poderão ser utilizados outros tipos de fonte que
atendam as demandas das cargas, com valores de tensão estabelecidos no projeto.

5 RESULTADOS

Nos testes foram realizadas as medições de corrente individual dos motores,


sendo a primeira rotina de testes com os motores ligados a vazio, o qual totalizou
2,48A.
Na segunda rotina de testes, foi adicionado um objeto com massa de 0,2kg e
realizara-se as medições com esta carga que, somadas, chegaram a 3,44a, conforme
demonstrado no gráfico1.

Gráfico 1 – Quadro de Cargas

Fonte: Dados da pesquisa (2013)

49
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Para efetuar os testes com o braço mecânico que permitiu avaliar a precisão
dos seus movimentos, foram seguidos os seguintes passos:

1. Foram testados todos os movimentos do braço mecânico com o joystick e


através de um experimento padrão com um software, realizando movimentos
verticais e horizontais com abertura e fechamento da garra.
2. Em seguida, foi criado um experimento padrão, em que, através do comando
do software, o braço mecânico executa comandos, pegando um objeto
cilíndrico e transportando-o até a base do lado oposto.

6 PROBLEMAS ENCONTRADOS

Durante a realização dos testes, foi constatada uma variação no movimento


horizontal inicialmente de 2,5cm no retorno do braço no ponto inicial, causando, na
segunda rotina de teste, uma alteração do ponto onde estava localizado o objeto.
Este problema poderá ser resolvido com a instalação de um sistema, que
poderá ser uma chave fim de curso que determine o ponto exato da parada do braço
para pegar o objeto desejado.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Implementou-se, nesse trabalho, um protótipo de um braço mecânico com dois


graus de liberdade e com um efetuador que, no projeto, é uma garra, onde o protótipo
é controlado por um software que envia sinais através da porta paralela de um
computador e que possui uma segunda forma de controle através de um joystick. Foi
desenvolvida uma interface eletrônica para transmitir os sinais de comando para os
motores.
Para o acionamento do braço mecânico e da garra, foi utilizado o software
chamado LOGO, e neste foi criado uma programação para experimento dos seus
movimentos, percebendo-se que a escolha da porta paralela como interface entre
computador e o protótipo possibilitou uma programação simples e que pode ser
facilmente modificada.

50
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
O braço mecânico possui uma estrutura desenvolvida com a aplicação de
diversos materiais como alumínio, madeira, PS expandido, parafusos, eixos, motores,
efetuador, acrílico, etc.
Os resultados obtidos foram satisfatórios e algumas dificuldades foram se
apresentando durante a construção do protótipo. Dentre as mais relevantes, cita-se a
definição dos acionadores devido às variáveis de torque e velocidade e a busca pela
precisão dos movimentos, dificultadas pelo modelo adotado de acionamento e
controle.
Ao executar esse projeto, percebeu-se a interdisciplinaridade e a
multidisciplinaridade, que é um conjunto de disciplinas a serem trabalhadas
simultaneamente com um objetivo único. Através dos conceitos, percebeu-se que
desde a elaboração da ideia para a realização do projeto até a sua conclusão foram
utilizados diversos conceitos vistos durante a realização do curso de engenharia e que
foram estudados e aplicados nesse projeto como, por exemplo, circuitos elétricos,
eletrônica, sinais e sistemas, programação, desenho técnico, projetos, cálculos,
automação e robótica, comunicações digitais, dentre outras, tornando esse trabalho
uma excelente ferramenta para os acadêmicos utilizarem como objeto de estudo e de
desenvolvimento profissional.
O projeto do protótipo do braço mecânico realizado atende os objetivos
inicialmente propostos.

Figura 3 – Foto do protótipo utilizado nos testes.

Fonte: Dados do autor (2013)

51
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
REFERÊNCIAS

GROOVER, M. P. et al. Robótica: tecnologia e programação. São Paulo: McGraw-


Hill,1989.

NILSSON, N. A mobile automaton: An application of artificial intelligence techniques.


In: PROCEEDINGS of the 1st. International Joint Conferenceon Artificial Intelligence,
1969.

RUSSEL, S. J.; MORVIG, P. Inteligência artificial. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

52
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
ESTUDO DE VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DA NR-12 EM UM TORRADOR
DE ERVA-MATE DA MARCA LEOGAP

Ricardo Serpe de Lima13


Irio Gustavo Golanowski14

RESUMO
O estudo foi realizado em uma empresa de beneficiamento de erva-mate localizada
em São Mateus do Sul, no estado do Paraná. O objetivo do trabalho consiste em
identificar os riscos de acidente de trabalho que existem em uma máquina de torrar
erva-mate (fabricação de chá mate tostado) e analisar a viabilidade de implantação
da NR-12. Além da necessidade de atender as legislações em vigência, existe a
preocupação em diminuir ao máximo os possíveis riscos de acidentes de trabalho ao
utilizar a máquina, tornando as atividades diárias mais seguras ao operador. O local
de trabalho deve oferecer boas condições, visando à prevenção, não deixando espaço
para ocorrência de falhas e acidentes de trabalho. Apresentar à empresa os impactos
que causam um acidente de trabalho, os ganhos ou não-prejuízos que terá ao fazer
as adaptações do equipamento. Estes são pontos relevantes para sustentar a
importância em melhorar o equipamento.

Palavras-Chave: Acidentes de trabalho; NR-12; Falhas; Prevenção.

ABSTRACT
The study was conducted in a yerba mate processing company located in São Mateus
do Sul, in the state of Parana. The objective is to identify the risks of industrial accidents
that exist in a machine toasting yerba mate (toasted mate tea manufacturing) and
analyze the Standard implementation viability NR-12. Besides the necessity to comply
with the laws in force, there is concern in reducing the possible risks of occupational
accidents during machine operation, making daily activities safer for the operator. The
workplace should offer good conditions aimed to prevent accidents, and not leave gaps
for the occurrence of failures. Present the company the impacts that cause an accident
at work, earnings or non-losses that have to make adjustments to the equipment are
relevant to support the importance of improving the machinery.

Keywords: Occupational accident; Standard NR-12; Failures; Prevention.

13
Acadêmico do curso de Engenharia Elétrica, da Universidade do Contestado – UNC Canoinhas /SC.
Contato: ricardoserpe@hotmail.com
14
Professor orientador , do curso de Engenharia Elétrica, da Universidade do Contestado – UNC
Canoinhas /SC. Contato: iggolanowski@brturbo.com.br.
53
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
1 INTRODUÇÃO

A Norma Regulamentadora número 12 foi criada através da Portaria número


3.214 de 8 de junho de 1978. O objetivo da NR-12, desde a sua criação, é garantir a
segurança dos trabalhadores na utilização das máquinas e equipamentos, conforme
prevê o artigo 184 da CLT, seção XI, que diz:

As máquinas e os equipamentos deverão ser dotados de dispositivos de


partida e parada e outros que se fizerem necessários para a prevenção de
acidentes do trabalho, especialmente quanto ao risco de acionamento
acidental (CLT, 1977).

Os acidentes de trabalho no Brasil representam um grande prejuízo a toda


nação. Segundo dados da Previdência Social, em seu Anuário Estatístico, somente
no ano de 2013, 717.911 trabalhadores sofreram algum tipo de acidente de trabalho,
sendo que desses acidentes, 17.634 causaram morte ou invalidez permanente do
trabalhador.
Devido à necessidade de diminuição dos acidentes de trabalho, além da
defasagem de quase 30 anos da Norma Regulamentadora que embasava a
segurança de máquinas e equipamentos, e grande avanço tecnológico nos sistemas
de segurança, foi necessária uma reformulação dessa norma. Essas modificações
causaram grande impacto nas indústrias, pois na sua grande maioria, possuem seus
maquinários obsoletos em respeito à segurança.
A adequação com a NR-12 nos maquinários passou a ser um grande desafio
para as indústrias, principalmente para as empresas menores, que não conseguem,
em curto prazo, reaver o seu investimento em segurança. Mas como a NR-12 está em
vigência, cabe às empresas se adaptar ou sofrer com as sanções impostas pela
fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
A adaptação de proteções com as máquinas já em funcionamento é por vezes
difícil e onerosa, porém, para muitas empresas a aquisição de novos equipamentos
que atendam a legislação é inviável pelo seu alto custo. Dessa forma, para atender a
legislação brasileira, no que diz respeito às máquinas e equipamentos, as empresas
devem fazer o estudo de viabilidade de adequação destes, levando em consideração
não apenas os custos para adequar seus maquinários, mas também os riscos que

54
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
podem ser gerados pelo não cumprimento da lei (fiscalização que pode acarretar
autuações, custos com acidentes de trabalho, indenizações).
Embora seja difícil determinar, com exatidão, todas as situações de perigo que
a operação do equipamento pode gerar, é de suma importância que todos os aspectos
possíveis sejam levados em consideração na elaboração do projeto de segurança.
A proposta de adequação da máquina Torrador de Erva-Mate visa, além de
colocar a mesma em acordo com as normas vigentes, diminuir ao máximo o risco de
acidente de trabalho com a máquina na indústria, interferindo o menos possível na
linha de produção. A adequação é de extrema importância para a empresa e,
principalmente, para os trabalhadores, pois irá tornar as atividades no dia a dia, com
a máquina, mais seguras, bloqueando qualquer possibilidade de que ocorra um
acidente de trabalho. O estudo de viabilidade visa proporcionar para a empresa a
escolha mais econômica para colocar o equipamento dentro das normas vigentes e
proporcionar aos trabalhadores segurança no seu ambiente de trabalho.

2 METODOLOGIA

O estudo de caso retratado no trabalho foi realizado em uma indústria


beneficiadora de erva-mate, em São Mateus do Sul, Paraná. A escolha desta
empresa, foi devido à existência de máquinas não adequadas com as atuais normas
relacionadas à segurança dos trabalhadores. A adequação dos equipamentos
viabiliza os processos, gerando o menor risco possível aos trabalhadores, diminuindo
os custos gerados por acidentes de trabalho, e paradas não desejáveis dos
maquinários. A melhoria a ser apresentada visa deixar a empresa em conformidade
com as exigências legais do país.

55
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 1 – Torrador de Erva-mate

Fonte: Dados de pesquisa (2015).

O torrador (Figura 1) é uma máquina utilizada no beneficiamento da erva-mate,


para transformá-la em chá mate. No torrador, o produto a ser beneficiado (folhas e
palito da erva mate) é colocado verde e, por meio do processo de tostagem, obtém a
coloração marrom (verde tostado) que resulta no produto final, o chá mate. O torrador
analisado é da marca LEOGAP, fabricado no ano de 1974, foi adquirido pela empresa
no ano de 1994, ou seja, a empresa comprou o equipamento usado, porém em perfeito
estado para utilização.

Análise de Risco do Torrador


Para verificar quais alterações serão necessárias na máquina para deixá-la
adequada com a NR-12, é necessário classificá-la quanto à categoria de risco. A
análise de risco conforme a NBR 14153 (2013) permite fazer essa classificação.
A análise de risco foi realizada in loco, com a máquina em operação e todas as
pessoas envolvidas no dia a dia da empresa trabalhando. A avaliação do risco é um
processo necessário, embora a quantificação total dos riscos seja uma tarefa quase
impossível, pois oferece informações vitais e capacita na tomada de decisões lógicas
sobre as formas de alcançar a segurança. A análise do risco foi efetuada com os
seguintes passos:

56
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Determinação do limite da máquina
Trata-se de coletar e analisar informações sobre as peças, mecanismos e
funções da máquina. Também foi necessário considerar todos os tipos de interação,
tarefa humana com o equipamento e o ambiente onde ela está operando. O objetivo
é obter uma compreensão clara da máquina e sua utilização.
A máquina torrador de erva-mate, utilizada para fabricação de chá mate,
encontra-se em local sem limitação de circulação de pessoas ou corredores
demarcados para tal finalidade, assim como não existe sinalização de riscos na área,
possibilitando que pessoas não autorizadas tenham acesso a qualquer parte da
máquina.

Identificação de tarefa e perigo


Todos os tipos de perigo em maquinários devem ser identificados e listados em
termos de sua natureza e localização. Tipos de risco incluem esmagamento, corte,
emaranhamento, ejeção de partes, fumaça, radiação, substâncias tóxicas, calor,
ruído, entre outros. Os tipos de perigo devem levar em conta o tipo de pessoa que
estará exposta, pois pode ser um técnico de manutenção com conhecimento total
sobre os riscos, bem como um faxineiro que irá efetuar a limpeza do local, sem
qualquer conhecimento técnico sobre a máquina.
Na figura 2, é possível observar vários riscos, entre os quais se pode verificar
o acionamento do motor da parte da câmara de torração em local separado do quadro
de comandos. O motor não possui aterramento de sua carcaça, não existe bloqueio
de partida do motor e botão de emergência adequado. O comando de partida do motor
é feita através de botoeira energizada em baixa tensão (220 Volts) e não possui
sinalização de advertência de risco de choque elétrico. Existem condutores de força
do motor expostos, sem a devida proteção mecânica.

57
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 2 – Acionamento motor – Rico Choque

Fonte: Dados de pesquisa (2015).

A figura 3 mostra correia e polias sem proteção fixa, ficando exposta ao acesso
de membros superiores.

Figura 3 – Partes girantes sem proteção

Fonte: Dados de pesquisa (2015).

58
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
O motor não possui aterramento de carcaça e seus condutores de força estão
expostos, sem proteção mecânica.
O risco ao qual o operador está exposto está desde levar um choque elétrico,
devido os cabos do motor estarem expostos, até o decepamento de membros, devido
à falta de proteção das partes girantes do equipamento.

Figura 4 – Risco de choque e amputação de membros

Fonte: Dados de Pesquisa (2015).

A figura 4 mostra uma parte da máquina com correias e polias sem proteção
fixa, carcaça do motor sem aterramento, condutores de força do motor sem proteção
mecânica.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme avaliação dos riscos encontrados no torrador de erva-mate, aplicou-


se a avalição dos riscos da NBR 14153 (2013); considera-se que o operador da
máquina permanece no posto de trabalho durante o seu turno de 8 horas diárias. Para
a avaliação dos riscos a máquina foi desmembrada em vários setores, facilitando,
assim, a classificação final da máquina. Na figura 5, é possível verificar o levantamento
dos riscos da máquina:

59
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 2 – Resumo dos riscos do torrador

Fonte: Dados de Pesquisa (2015).

Somando todos os setores da máquina, pode-se verificar que o grau de risco é


o mesmo para todos os setores. Todas as partes analisadas podem causar lesões
irreversíveis, se, por algum motivo, acontecesse um acidente. Devido à frequência de
utilização do equipamento e a possiblidade de se evitar os riscos, obtém-se a análise
de risco, representada na da figura 6.

Figura 6 – Análise de Risco do Torrador

Fonte: Dados de Pesquisa (2015).

O torrador de erva-mate enquadra-se na categoria 3, ou seja, as exigências de


segurança da categoria B devem ser satisfeitas, e uma tecnologia de segurança
confiável deve ser usada. O sistema de controle de segurança deve ser projetado de
forma que uma única falha não leve a perda da função de segurança e que sempre
seja possível detectar uma falha, a máquina deve possuir sistemas de segurança
60
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
redundantes, para que, no caso da falha de um dispositivo, outro atue em benefício
da segurança do equipamento.
O circuito elétrico de comando será monitorado através de um relé de
segurança, que será instalado para monitorar a porta de inspeção e motor do
resfriamento, para verificar se a condição de segurança está sendo cumprida,
conforme o circuito da figura 7.

Figura 7 – Monitoração da Porta Inspeção

Fonte: Dados de pesquisa (2015).

A porta de inspeção com monitoração tornará segura a retirada de amostras


do produto, enquanto o mesmo estiver na operação para torrar a erva-mate. Outro
item importante é a parada de emergência, onde a mesma será monitorada com relé
de segurança em cada ponto crítico de funcionamento da máquina.
Para garantir que os pontos de perigos que não necessitam ser acessados
durante o funcionamento da máquina não se tornem riscos, deverão ser instalados no
equipamento proteções mecânicas fixas a fim de impedir e bloquear o acesso do
operador a partes girantes ou partes que posam ocasionar lesões do tipo
decepamento.
As proteções mecânicas fixas trazem um custo de implantação menor e evitam
a necessidade de utilização de complexos circuitos de segurança com a utilização de
61
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
componentes de segurança como cortinas de luz. Deverão ser instaladas proteções
fixas em todas as correias e polias dos motores e transmissões para evitar acessos
de membros superiores dos operadores aos pontos de risco.
Os custos necessários para adequação da máquina de torrar erva-mate, se
comparado com o investimento necessário para aquisição de um equipamento novo
e com a mesma capacidade de produção, pode ser verificado através do gráfico da
figura 8.

Figura 8 – Comparativo de Custos


R$ 558.488,00

R$ 21.183,46

Adequação conforme NR-12 Aquisição de equipamento Novo


Fonte: Dados de pesquisa (2015).

Também é possível comparar os custos com a adaptação do equipamento e


aquisição de um novo maquinário com a simulação de multa que a empresa poderia
receber, se houvesse uma fiscalização do MTE, para verificar a segurança das
máquinas e equipamentos, como pode ser verificado na figura 9.

Figura 9 – Comparação de custos – fiscalização do MTE.

Fonte: Dados de pesquisa (2015).


62
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
A diferença entre os custos fica evidente quando colocados lado a lado,
cabendo ao empresário escolher a melhor opção para sua empresa.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o estudo realizado, foram detectados alguns riscos que o equipamento,


torrador de erva mate, pode causar ao operador e a outras pessoas que possam ter
acesso ao equipamento. Dessa forma, foram feitas sugestões de melhorias a serem
implantadas para que a indústria cumpra as normas relacionadas à Segurança em
Máquinas e Equipamentos (NR-12) e Segurança nas Instalações Elétricas (NR-10).
Através de uma análise de risco, a máquina foi classificada como categoria B3,
ou seja, obriga a máquina a ter um sistema de segurança redundante, que erros sejam
monitorados e detectados, e esse acúmulo de defeitos não levem à perda da função
segurança.
Em cumprimento da NR-28, que diz respeito às fiscalizações e penalidades,
verificou-se que, em caso de uma fiscalização, a empresa pode ser autuada em até
R$ 105.409,75 (cento e cinco mil, quatrocentos e nove reais, setenta e cinco
centavos).
Para adaptar o maquinário existente conforme a norma número 12, seria
necessário investir aproximadamente R$ 21.183,46 (vinte e um mil, cento e oitenta e
três reais, quarenta e seis centavos). A aquisição de um novo equipamento, já
adequado com as normas em vigência, custaria para a empresa R$ 558.488,00
(quinhentos e cinquenta e oito mil, quatrocentos e oitenta e oito reais).
A viabilidade em adaptar o maquinário é visível quando comparado ao custo
para se adquirir um maquinário novo. Os recursos que serão utilizados para as
melhorias devem ser vistos como investimentos que proporcionam um ambiente de
trabalho organizado e seguro possibilitando um melhor desempenho do funcionário,
pois oferece confiabilidade e bem-estar.
A preocupação com a segurança no trabalho é um dever dos profissionais de
engenharia e, principalmente, para os engenheiros eletricistas, capazes de criar
soluções nos sistemas de comando das máquinas para que as mesmas tenham um
alto rendimento de produção e um grau avançado de proteção contra acidentes de
trabalho, através de intertravamentos e sistemas de monitoração, com a utilização de

63
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
tecnologias de proteção avançadas, tornando os ambientes de trabalho nas indústrias
cada vez mais seguros.

REFERÊNCIAS

ABNT http://www.abnt.org.br [Online] // ABNT.


BRASIL. CLT [Processo] : ART 184 - SEÇÃO XI. - 22 de Dezembro de 1977.
MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-10 MTE, 2015. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-12 MTE, 2015. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm.
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-28 MTE, 2015. Disponível em:
http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-regulamentadoras-1.htm.

64
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
CONTROLE ESTATÍSTICO NA PRODUÇÃO DE PAINÉIS COMPENSADOS

Eraldo Antonio Bonfatti Júnior15


Ana Paula Goll Soares16
Elaine Cristina Lengowski17
Rafael Dallo18

RESUMO
O Controle Estatístico de Processo é uma ferramenta de identificação e eliminação
das causas das variações durante o processo produtivo. Esta ferramenta é aplicada
através da utilização de gráficos, diagramas e folhas de controles, possibilitando saber
de imediato se o processo está dentro dos limites desejados. O presente trabalho
objetivou aplicar o controle estatístico de processos em uma indústria de painéis de
madeira compensada para identificar as variações indesejáveis e as causas de perdas
na produção. Foram coletadas informações em oito pontos do processo produtivo
durante vinte dias por meio de dados da folha de controle, gráfico de controle e gráfico
de Pareto. As variáveis que se apresentaram dentro dos limites desejáveis foram
espessura da lâmina, umidade da lâmina, espessura final do painel e temperatura de
prensa. As variáveis de produção, fora dos limites de produção, foram viscosidade e
gramatura do adesivo, desfibramento e desclassificação por Fall Down.

Palavras-chave: Controle de processo; Ferramentas de qualidade; Compensado.

ABSTRACT
Statistical Process Control is a tool for identifying and eliminating the causes of
variations during the production process. This tool is applied using graphs, diagrams
and control sheets, making it possible to know immediately if the process is within the
desired limits. The present work aimed to apply statistical process control in a plywood
panel industry to identify undesirable variations and causes of production losses.
Information was collected at eight points in the production process for twenty days
using data from the control sheet, control chart and Pareto chart. The variables that
were within the desirable limits were sheet thickness, sheet moisture, final panel
thickness and press temperature. The production variables outside the production
limits were viscosity and weight of the adhesive, shredding and declassification by Fall
Down.

Keywords: Process control; Quality tools; Plywood.

15
Docente, Universidade Federal do Paraná - UFPR, Egresso do Grupo de Pesquisa Florestais e
Geociências da UnC, e-mail: bonfattieraldo@gmail.com
16
Egressa do curso Engenharia Florestal, Universidade do Contestado – UNC Campus Canoinhas,
Egressa do Grupo de Pesquisa Florestais e Geociências, e-mail: eng.anapaulags@gmail.com
17
Docente, Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT, Egressa do Grupo de Pesquisa Florestais
e Geociências, e-mail: elainelengowski@gmail.com
18
Egresso do curso Engenharia Florestal, Universidade do Contestado – UNC Campus Canoinhas,
Egresso do Grupo de Pesquisa Florestais e Geociências, e-mail: rafael@dallomadeiras.com.br
65
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
1 INTRODUÇÃO

A gestão pela qualidade em sistemas produtivos industriais surgiu pela


demanda de produzir bens em grandes quantidades de forma padronizada (HABER
et al., 2018), sendo a estatística uma ferramenta eficiente para avaliar os resultados e
viabilizar a padronização da produção desejada.
A utilização do Controle Estatístico de Processo, bastante conhecido no
ambiente industrial pelas suas iniciais CEP (ou SPC, do original em inglês Statistical
Process Control), teve início a partir de 1924, quando Walter A. Shewhart, com a
intenção de eliminar as causas especiais de variação no processo, desenvolveu os
gráficos de controle na Bell Telephone Laboratories (WALTER et al., 2013). O objetivo
de Shewhart era encontrar e eliminar as causas de variações anormais no processo
produtivo (SILVA; MAGNO, 2022).
O CEP e, em particular, as técnicas de Controle da Qualidade, tais como
gráficos de controle, têm sido cada vez mais importantes pelo fato de desempenharem
papel primordial na indústria moderna. O objetivo principal do CEP é atingir a garantia
da qualidade para tornar-se o fator básico de decisão do consumidor em relação a
produtos e serviços (OLIVEIRA, 2014).
Com relação ao processo de produção de compensados, as interações entre
as variáveis são muito abrangentes (WILK, 2017). As características inerentes à
madeira, quantidade e composição do adesivo, bem como a técnica de colagem de
lâminas, são determinantes na qualidade final do painel compensado e, do ponto de
vista da gestão pela qualidade, são variáveis passíveis de controle e avaliação
(LENGOWSKI et al, 2019b).

2 REVISÃO DE LITERATURA

O controle estatístico de processo (CEP) pode ser descrito como um conjunto


de ferramentas estatísticas aplicadas aos processos produtivos capazes de monitorar
on-line a qualidade na produção e indicar a origem de não-conformidade passíveis de
melhorias (ALVES, 2019). Esse tipo de técnica estatística possui a finalidade de
reduzir a sistemática da variabilidade em determinadas características do produto,
contribuindo para a melhoria da qualidade dos processos produtivos, prevenção de

66
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
defeitos e redução de custos (WERKEMA, 2014) e sendo um diferencial para as
empresas que adotam o CEP (JESUS, 2019).
São inúmeras as definições de controle estatístico de processo, porém, todas
se referem ao uso de técnicas estatísticas para a análise de um processo ou do seu
resultado, de maneira a tomar ações apropriadas para atingir e manter um estado de
controle estatístico, além de melhorar a capacidade do processo (RIBEIRO; CATEN,
2012).
O CEP utiliza uma metodologia por amostragem realizada ao longo do
processo, monitorando a presença de causas especiais, ou seja, causas que não são
intrínsecas ao processo e que podem prejudicar a qualidade do produto (RIBEIRO;
CATEN, 2012). Dado a identificação da causa especial, deve-se atuar sobre ela,
melhorando o processo produtivo e, consequentemente, a qualidade do produto (LIMA
et al., 2006).
Dentre as do CEP ferramentas pode-se citar a folha de controle, o diagrama de
causa e efeito, diagrama de dispersão ou correlação, histograma, gráfico de Pareto e
carta de controle (WERKEMA, 2014). Os gráficos de controle estatísticos de processo
servem para verificar se um determinado processo está dentro dos limites de controle,
isto é, se o processo está realmente ocorrendo da forma como planejado (GOUVEIA,
2018).
O surgimento dos painéis de madeira ocorreu com o isolamento da Alemanha
durante a Segunda Guerra Mundial, época em que o país se viu diante de problemas
que provocaram o surgimento de novas tecnologias (IWAKIRI; TRIANOSKI, 2021).
Uma delas foi o desenvolvimento de painéis de madeira aglomerada, no ano de 1940,
como forma de aproveitar os resíduos madeireiros disponíveis, num cenário de
escassez de madeira com características compatíveis com a produção dos
compensados (IWAKIRI; TRIANOSKI, 2021).
O painel compensado é um painel produzido por lâminas cruzadas unidas sob
pressão e calor através de um agente ligante entre as lâminas, o adesivo. Essas
lâminas podem variar no número, na espessura, na espécie e na classe de madeira
(LENGOWSKI et al, 2019a). A alternância do sentido da posição das fibras nas
camadas adjacentes confere ao painel compensado estabilidade dimensional,
tornando esta uma das principais vantagens do seu uso em relação à madeira sólida
(LENGOWSKI et al, 2019b).

67
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
3 METODOLOGIA

O estudo foi realizado na empresa Dallo Madeiras LTDA, localizada no


município de Três Barras, estado de Santa Catarina. Nessa empresa são produzidos
compensados de madeira de Pinus nas seguintes espessuras: 20 mm (65% da
produção total), 18 mm (20% da produção total), 15 mm (10% da produção total) além
de 22 mm e 24 mm que resultam nos 5% restantes da produção. A produção é voltada
para exportação, sendo 80% para Europa, 15% para América do Norte e 5% para
África. As classes de qualidade dos painéis produzidos pela empresa são C/C, C+/C,
BC, CDX, CCX. A Figura 1 mostra o fluxograma de produção de painéis compensados
na empresa estudada e as etapas produtivas analisadas.

Figura 1 – Fluxograma do processo produtivo de painéis compensados de madeira

Etapas em triângulos representam momentos de estocagem e etapas em retângulos representam


atividades do processo. As numerações representam os pontos de coletas de informação (1: Espessura
da lâmina, 2: Umidade da lâmina, 3: Viscosidade da batida de cola, 4: Gramatura do adesivo, 5:
Temperatura de prensagem, 6: Espessura do painel, 7: Desfibramento, 8: Desclassificação por fall
Down).

O controle estatístico foi realizado em todos os dias de funcionamento da


indústria no mês de maio de 2019, totalizando 20 dias de coletas, em que foram
produzidos 1260 m³ (sendo apenas de painéis de 20 mm). Para o controle estatístic

68
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
foram coletadas informações em oito pontos específicos do processo produtivo,
destacadas na Figura 1.
De modo simplificado, o processo começa com o descascamento de toras,
seguido pelo cozimento, laminação e secagem das lâminas. A partir desse ponto, as
lâminas são estocadas e seguem para a colagem e montagem, assemblagem (pré-
prensagem), prensagem, emassamento para correção de defeitos, esquadrejamento
e lixamento e posterior estocagem dos painéis prontos para a comercialização.
Nas etapas de 1 a 7, foi utilizada a folha de controle para coleta das
informações, e o processamento de dados foi realizado por meio do gráfico de
controle. Na etapa 8, foi utilizada a folha de controle e o gráfico de Pareto para
identificar as causas das desclassificações.
Na coleta 1, foi amostrada a espessura da lâmina, utilizando espessímetro
manual da marca Wolf Modelo DM-3 Nicawe. Nessa atividade produtiva, o
torneamento das toras é ajustado para espessura nominal de 2,8 mm (LM), sendo
desejável variação máxima de ±0,1mm, resultando em LSC e LIC de 2,9 e 2,7 mm
respectivamente. Para medição da espessura tomaram-se três medidas diretas, duas
próximas às extremidades e uma ao centro, de cada lâmina, e como espessura real
utilizou-se a média aritmética dessas medições.
Na coleta 2, foi registrado o teor de umidade das lâminas de madeira do miolo
do painel, utilizando medidor por capacitância da marca ECOscan modelo Eco 10.
Nessa atividade produtiva, as lâminas são secas em secador contínuo da marca
Bernecke com quatro pistas de secagem, objetivando umidade final de 6% (LM),
sendo tolerável variações máximas de até ±2%, resultando em LSC e LIC de 8 e 4%,
respectivamente.
Na coleta 3, foi determinada a viscosidade da batida do adesivo, utilizando o
método de escoamento pelo Copo Ford nº 8 de acordo com a norma American Society
for Testing and Materials (ASTM) D1200-10: Standard Test Method for Viscosity by
Ford Viscosity Cup (ASTM, 2018). O adesivo utilizado nesse processo é o Fenol-
Formaldeído de aplicação estrutural por ser resistente à umidade (STARK et al., 2010;
LENGOWSKI et al., 2019a), o valor da viscosidade alvo é de 145 segundos de
escoamento (LM), sendo desejável variação máxima de ±35 segundos, resultando em
LSC e LIC de 180 e 110 segundos, respectivamente.

69
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Na coleta 4, foi coletada a gramatura da linha de cola, determinada pela
Equação 1.

𝑃𝐹−𝑃𝐼
𝐺=
𝐴
Equação 1

Sendo G a gramatura da linha de cola expressa em g m-2; PI é o peso das


lâminas sem o adesivo; PF é o peso das lâminas com adesivo, e A é a área da lâmina
expressa em m2.
A gramatura alvo é de 370 g m-2 (LM), sendo desejável variação máxima de
±10 g m-2, resultando em LSC e LIC de 380 e 360 g m-2, respectivamente.
Na coleta 5, foi amostrada a temperatura de prensagem dos painéis por meio
do termômetro digital Minipa MT-455. A prensagem é realizada em prensa hidráulica
aquecida de pratos compostos com capacidade de 15 chapas da marca Indumec. O
processo de prensagem é feito em batelada e tem duração de 13 minutos a pressão
nominal de 160 kgf cm-2 com temperatura desejável de 135ºC (LM), sendo tolerável
variações da temperatura de no máximo ±5 ºC, resultando em LSC e LIC de 140 e
130ºC, respectivamente.
Na coleta 6, foi amostrada a espessura final do painel compensado por meio
do espessímetro manual ECOscan modelo Eco 10. A espessura desejável é de 20,0
mm (LM), sendo desejável variação máxima de ±1,0mm, resultando em LSC e LIC de
21,0 e 19,0 mm, respectivamente.
Na coleta 7, foi tomada a incidência de desfibramento pelo método destrutivo,
seguido por análise visual e cálculo de porcentagem. A incidência de desfibramento
desejável é de 80%, que também é o LSC. Nessa situação, não há LM e LIC, tendo
em vista que a menor taxa de incidência de desfibramento representa maior controle
do processo produtivo, especialmente na atividade de laminação e nas atividades
relacionadas ao adesivo e à colagem.
Na coleta 8, foi obtido o número de painéis desclassificados por Fall down, que
são painéis que ainda apresentam excesso de defeitos nas laterais após a atividade
de esquadrejamento (LENGOWSKI et al., 2019b). Para análise dos dados, foi utilizado
o gráfico de Pareto para determinação das principais causas do problema Fall down
e suas respectivas participações.

70
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 2, estão apresentados os gráficos de controle da espessura das


lâminas, da umidade das lâminas, da viscosidade do adesivo, da gramatura do
adesivo, da temperatura da prensa, da espessura da chapa, desfibramento e Fall
Down.

Figura 2 – Gráficos de controle da espessura das lâminas (A), da umidade das lâminas (B), da
viscosidade do adesivo (C). da gramatura do adesivo (D), da temperatura da prensa (E), da
espessura da chapa (F), do desfibramento (G) e do Fall Down.

A relação entre a espessura real e a espessura nominal da lâmina é um


importante parâmetro para avaliar a adequação das regulagens adotadas para o torno
71
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
laminador (BORTOLETTO JÚNIOR, 2008). Na maioria das coletas, as espessuras
reais foram próximas à espessura nominal e apenas por duas vezes foram
encontradas espessuras que ultrapassaram o limite superior (LS), portanto a
laminação das toras pode ser considerada um processo bem controlado.
A secagem de lâminas de madeira é um processo de retirada de água até um
determinado teor de umidade para oferecer condições adequadas para a colagem das
lâminas e formação de painéis. O teor de umidade da madeira é uma das mais
importantes propriedades físicas em termos de colagem, pois variações dessa
propriedade podem causar tensões na linha de cola, dificultando o processo de
colagem ou até mesmo a solubilização do adesivo (LENGOWSKI et al., 2019b).
Alto teor de umidade resulta em colagem deficiente devido à formação de
bolhas de vapor d’água durante a prensagem a quente, por outro lado as lâminas com
baixo teor de umidade podem absorver muito o adesivo empobrecendo a linha de cola.
No presente estudo, o teor de umidade não foi além do limite superior, contudo, por
quatro dias no mês de estudo, as lâminas ficaram mais secas do que o limite inferior
desejável.
A viscosidade é uma das mais importantes propriedades do adesivo e pode ser
definida como uma propriedade física que caracteriza a resistência de um fluído ao
escoamento (DIN et al., 2018).
No presente trabalho, a viscosidade, acima do limite superior (LS), foi
encontrada na maioria dos dias de estudo, podendo formar uma linha de cola faminta.
Algumas das possíveis causas para a alteração na viscosidade são referentes a
mudanças nas condições climáticas, à qualidade do extensor utilizado e ao teor de
sólidos presentes no adesivo.
A quantidade de adesivo por metros quadrados de madeira a ser colada, ou
seja, a gramatura, deve considerar que os adesivos são componentes de alto custo e
influenciam na resistência mecânica e na qualidade da colagem do painel (SANTOS;
DEL MENEZZI, 2010). A gramatura do adesivo aplicado é determinada em
consonância com o tipo de painel, tipo de adesivo, espécies de madeira e, em
particular, a rugosidade da superfície da lâmina (THOEMEN et al., 2010). A Figura 5,
representa o gráfico de controle da gramatura da linha de cola.
A gramatura se mostrou um parâmetro de difícil controle, que além de não
apresentar nenhuma tendência clara de comportamento na maioria dos dias de coleta

72
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
de dados foi superior ao limite máximo aceitável (LS), causando aumento no custo de
produção. Alguns dos fatores que influenciam na gramatura são o teor de sólidos, que
se apresenta abaixo do recomendado pelo fabricante, e a má regulagem na
passadeira de cola em relação a quantidades de adesivo por metro quadrado a ser
aplicada.
Na prensagem a quente, a resistência final da linha de cola, é praticamente
obtida após poucos minutos, embora ela atinja um valor máximo, aproximadamente,
com 24 horas de armazenamento (PIO, 1996).
Na presente empresa, trabalha-se com temperaturas de prensa acima de 135
°C. Oscilações da temperatura em torno de 5 °C não influencia na qualidade final do
produto, contudo um aumento de 10 °C, por exemplo, provoca uma aceleração na
velocidade da reação química, tornando-a de 2 a 7 vezes mais rápida (em média pode
se considerar 3 vezes). Por outro lado, uma pequena queda da temperatura, durante
a prensagem, pode causar um atraso considerável na reação de endurecimento. (PIO,
1996). No presente trabalho, a temperatura da prensa, na maioria dos dias estudados,
apresentou valores menores do que o limite médio, podendo prejudicar a qualidade
do produto e custo de produção, pois necessitará de mais tempo de prensagem.
As espessuras se mantiveram dentro dos limites desejados pela empresa.
Apenas um dia o limite superior (LM) foi ultrapassado, porém não foi um valor muito
distante do desejado e pode ser corrigido na lixadeira.
Todos os dias o desfibramento foi abaixo do valor limite inferior desejado,
podendo causar uma má colagem das linhas de cola. Isso pode ser causado por vários
fatores como: diferença nas espessuras da mesma linha de cola, pontos de umidade,
teor de sólido do adesivo.
Em todos os dias de estudos, a desclassificação por Fall Down se mostrou
acima do limite superior (LS), causando prejuízos a empresa, pois essas chapas serão
vendidas com um valor inferior as de boa qualidade. A Figura 3 apresenta o Gráfico
de Pareto aplicado para descobrir as principais causas da desclassificação por Fall
Dow.

73
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 3 – Gráfico de Pareto com os principais motivos da desclassificação por Fall Down

Os principais problemas são capa faltando pedaço (24,1%), falta de miolo


colado (23,6%), capa corrida (16,5%), capa descolada (11,5%) e capa curta (5,8%),
representando 81,5% do total de desclassificados.
A tabela 1 demostra os valores de média e desvio padrão para cada variável
estudada.

Tabela 1 – Média e desvio padrão de cada variável estudada


Variável Média Desvio Padrão
Espessura da lâmina, mm 2.85 0.05
Umidade da lâmina, % 5.14 1.33
Viscosidade do adesivo, segundos 189.25 21.59
Gramatura do adesivo (g m-²) 382.45 14.55
Temperatura de prensa, °C 129.35 4.66
Espessura da chapa, mm 19.90 0.59
Desfibramento, % 51.10 13.20
Desclassificação por Fall Down, unidades 35.45 17.39

A média é o valor que demonstra a concentração dos dados de uma distribuição


(MERIGÓ; RAMÓN, 2010), já o desvio padrão é uma medida de dispersão em torno
da média populacional de uma variável aleatória (BLAND; ALTMAN, 1996). De modo
geral, o desempenho de cada variável é análogo ao respectivo desvio padrão, uma
vez que os menores desvios padrões foram encontrados nas variáveis mais
controladas (espessura da lâmina, umidade da lâmina e espessura da chapa)
enquanto as outras variáveis, que apresentaram valores fora dos limites impostos,
apresentaram valores superiores nos coeficientes de variações.

74
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A espessura da lâmina, umidade da lâmina e a espessura final do painel


estavam dentro dos limites de controle impostos. A temperatura de prensa se mostrou
abaixo do limite médio, causando um atraso na cura do adesivo, implicando em
diminuição da capacidade produtiva fabril.
A viscosidade e a gramatura do adesivo, desfibramento e desclassificação por
Fall Down estavam fora dos limites impostos, portando estão causando perda durante
o processo e até mesmo produto com baixa qualidade.
Espessura de lâmina, umidade de lâmina e espessura da chapa apresentaram
menores valores de desvio padrão, as demais variáveis apresentaram altos valores,
indicando falta de uniformidade.

REFERÊNCIAS

ALVES, C. R. O controle estatístico de processo na indústria farmacêutica para


a avaliação da resistência mecânica de comprimido. 34. f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Especialização em Tecnologia Industriais Farmacêuticas) –
Instituto de Tecnologia em Fármacos, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro,
2019.

American Society for Testing and Materials – ASTM. D1200-10: Standard Test
Method for Viscosity by Ford Viscosity Cup. West Conshohocken, 2018.

BLAND, J. M.; ALTMAN, D. G. Statistics notes: Measurement error. BMJ, v. 312, p.


1654, 1996.

BORTOLETTO JÚNIOR, G. Avaliação da qualidade da madeira de Pinus merkusii


para produção de lâminas. Scientia forestalis, v. 36, n. 78, p. 95-103, 2008.

DIN, Z.; XIONG, H.; WANG, Z.; CHEN, L.; ULLAH, I.; FEI, P.; AHMAD, N. Effects of
different emulsifiers on the bonding performance, freeze-thaw stability and
retrogradation behavior of the resulting high amylose starch-based wood adhesive.
Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, v. 538, p.
192-201, 2018.

GOUVEIA, M. A. C. Controle estatístico da qualidade. Londrina: Educar, 2018.

IWAKIRI, S.; TRIANOSKI, R. Painéis de Madeira Reconstituída. Curitiba: Fupef,


2021.

75
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
HABER, J.; MEGLIORINI, E.; OLIVEIRA, M. C. Controle estatístico de processo:
estudo de caso em uma indústria de alimentos. Brazilian Journal of Development,
v. 4, n. 7, p. 3911-3925, 2018.

JESUS, A. R. Enfoque no gerenciamento da rotina para otimização de processos.


Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 7, p. 65259-65275, 2021.

LENGOWSKI, E. C. et al. Nanocellulose-Reinforced Adhesives for Wood-Based


Panels. In: INAMUDDIN; THOMAS, S.; KUMAR MISHRA, R.; ASIRI, A. M. (Ed.).
Sustainable Polymer Composites and Nanocomposites. Chan: Springer Nature,
2019a. p. 1001-1025.

LENGOWSKI, E. C.; DALLO, R.; BONFATTI JÚNIOR, E. A. Mapeamento do


processo produtivo e das conformidades com o PNQM: um estudo de caso. Revista
Internacional de Ciências, v. 9, n. 2, p. 72-91, 2019b.

LIMA, A. A. N. et al. Aplicação do controle estatístico de processo na indústria


farmacêutica. Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada, v. 27, n.3,
p.177-187, 2006.

LINDAHL, M. J. M.; RAMÓN, C. M. The Generalized Hybrid Averaging Operator and


its Application in Decision Making. Revista de Métodos Cuantitativos para la
EconomíIa y la Empresa, v. 9, p. 69-84, 2010.

RIBEIRO, J. L. D.; CATEN, C. S. Controle estatístico do processo. Porto Alegre:


UFRGS, 2012.

OLIVEIRA, O. Curso básico de gestão da qualidade. Boston: Cengage, 2014.

PIO, N. S. Avaliação da madeira de Eucalyptus scabra (Dum-Cours) e


Eucalyptus robusta (Smith) na produção de painéis compensados. 1996. 120 f.
Dissertação (Mestre em Ciências Florestais). Setor de Ciências Agrárias -
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1996.

SANTOS, C. M. T; DEL MENEZZI, C. H. S. Efeito da gramatura sobre a resistência


ao cisalhamento da linha de cola de duas madeiras tropicais: Seru (Allantoma
lineata) e Marupá (Simarouba amara). Floresta, v. 40, n. 2, p. 354-354, 2010.

SILVA, S. A.; MAGNO, R. N. O. Aplicação de software estatística na prática de


ensino em ciência da educação. São Paulo: Edição do Autor, 2022.

THOEMEN, H.; IRLE. M.; SERNEK, M. Wood-based panels: an introduction for


specialists. London: Brunel University Press, 2010.

WALTER, O. M. F. C. et al. Aplicação individual e combinada dos gráficos de


controle Shewhart e CUSUM: uma aplicação no setor metal mecânico. Gestão &
Produção, v. 20, n. 2, p. 271-286, 2013.

76
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
WERKEMA, C. Ferramentas estatísticas básicas do lean seis sigma integradas.
São Paulo: Atlas, 2014.

WILK, C. Plywood. London: Thames & Hudson, 2017.

77
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
ANÁLISE DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE CORPOS DE PROVA
CILÍNDRICOS DE CONCRETO COM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO AGREGADO
MIÚDO POR FARELO DE TRIGO IN NATURA
Gabriel Felipe Gonçalves19
Luana Cechin20

RESUMO
Com o crescente consumo de concreto, faz-se necessária a maior produção de
agregados, consequentemente, aumento da extração da areia, o que danifica o meio
ambiente. Assim, esse trabalho tem como objetivo analisar a viabilidade da
substituição parcial do agregado miúdo pelo farelo de trigo no concreto quanto às suas
propriedades mecânicas. O estudo partiu de dois traços referenciais com um fator
água/cimento de 0,47 e 0,55, após isso foi realizada a substituição da areia natural
pelo farelo de trigo nas seguintes porcentagens: 2,5%, 5,0% e 7,5% em massa, e
realizados ensaios de compressão para todos os traços. No teste de compressão, o
farelo alterou significativamente os resultados, havendo uma queda na resistência à
compressão. Essa diferença de resistência à compressão foi decaindo, conforme
houve o aumento da porcentagem de substituição. Esta pode ter sofrido influência da
inibição causada pelo farelo de trigo e devido ao processo de hidratação do cimento.

Palavras-chave: Concreto; Farelo de Trigo; Substituição do agregado miúdo;


Resistência à compressão.

ABSTRACT
With the growing consumption of conventional concrete, greater production of
aggregates is necessary, consequently, the extraction of sand, what harms the
environment. Therefore, this work aims to analyze the feasibility of partial replacement
of fine aggregate by wheat bran in concrete regarding its mechanical properties. The
study started with two reference traces with a water/cement factor of 0.47 and 0.55,
after that, the natural sand was replaced by wheat bran in the following percentages:
2.5%, 5.0% and 7.5% by mass, and compression tests were performed for all mixes.
sand and has a lower specific mass than sand. In the compression test, the bran
significantly changed the results, with a decrease in the compression strength, this
difference in compression strength was decreasing as there was an increase in the
replacement percentage, which may have been influenced by the inhibition caused by
the wheat bran and due to the cement hydration process.

Keywords: Concrete; Bran wheaten; Replacement of fine aggregate; Compression


Strength.

19
Departamento de Engenharia Civil, Universidade do Contestado – UNC Campus Mafra, e-mail:
gabrielfg1999@gmail.com
20
Docente do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental,
Universidade do Contestado – UNC Campus Concórdia, Membro do Grupo de Pesquisa em
Engenharia, Desempenho e Qualidade ambiental – GEDEQ e Grupo de Pesquisa em Ciências
Exatas, da Natureza e Sustentabilidade (CENAS), e-mail: luhcechin@gmail.com
78
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil é responsável por grande parte do consumo dos


recursos naturais extraídos do planeta. Com isso, a utilização de resíduos como
matéria prima na construção civil pode vir a reduzir a quantidade de recursos naturais
retirados do meio ambiente (FARIA et al., 2020).
A utilização de materiais sustentáveis na produção de elementos construtivos
é uma alternativa para a redução do impacto ambiental do setor da construção civil,
que apresenta alguns indicadores preocupantes quanto ao consumo de recursos não
renováveis, gasto energético e geração de resíduos sólidos (SANTOS et al.,2017).
Para Luz e Almeida (2012), o grande consumo de agregados naturais,
utilizados para produção de argamassas e concretos, causam relevante impacto ao
meio ambiente, fazendo estes insumos cada vez mais escassos. Segundo os mesmos
autores, atualmente, 90% da produção nacional de areia natural têm sido obtida a
partir da extração em leito de rios e os 10% restantes, de outras fontes. A exploração
de areia, realizada em rios e outros ambientes de sedimentação, causa sérios
impactos sobre o meio ambiente, em consequência da retirada da cobertura vegetal
nas áreas a serem lavradas, causando assoreamento nos rios e, consequentemente,
a degradação do curso d’água. O esgotamento de matérias primas provenientes de
áreas próximas e a restrição dos órgãos de fiscalização ambiental vêm fazendo com
que os produtores tenham que explorar em locais mais distantes, tornando o preço
final mais alto.
Mehta e Monteiro (2008), declararam que a escolha dos materiais de
construção no futuro deverá atender ao quádruplo enfoque iniciado pela letra E:
Engenharia, Economia, Energia e Ecologia.
Para Faria et al. (2020), pesquisas com a utilização de resíduos agroindustriais
na construção civil, principalmente os poluentes, contribuem para este quadro de
engenharia do futuro descrito acima. Arroz, trigo e milho representam as maiores
colheitas em se tratando de cereais. As partes não reaproveitáveis destes cereais
como folhas, sabugo, caule e casca, são considerados lixo, e, por seu volume,
contribuem para um problema ambiental: a destinação inadequada dos resíduos
agroindustriais.

79
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, (CONAB, 2017),
o2017), o trigo representa um dos três cereais mais cultivados no mundo, valorizado,
principalmente, pela sua grande relevância na economia global. O grão do trigo é
formado por três camadas às quais correspondem ao pericarpo, o endosperma e o
gérmen. Quando submetido ao processo de moagem, forma-se a farinha de trigo que
é obtida do endosperma quando transformado em pó, o farelo é constituído da camada
mais externa do grão, ou seja, pericarpo, e, por fim, o gérmen.
A produção brasileira anual de trigo oscila entre 5 e 6 milhões de toneladas
sendo 14,5% deste montante representado pelo farelo de trigo, o principal subproduto
da moagem desse cereal. O farelo de trigo é formado pelas camadas mais externas
do grão, como a camada aleurona, que são normalmente refugadas no processo de
moagem. De forma geral, o farelo de trigo constitui-se de uma mistura heterogênea
de compostos provenientes da parede celular como celulose, hemicelulose e lignina
(LEÃO, 2013).
Tendo em vista os fundamentos expostos acima, esta pesquisa tem por
objetivo o estudo do farelo de trigo in natura com adição ao concreto, visando
apresentar uma alternativa para utilização na construção civil, empregando-o na
substituição do agregado miúdo em diferentes teores, a fim de analisar e comparar a
influência nas propriedades mecânicas do concreto convencional na compressão
simples. Assim, este artigo terá no primeiro tópico uma introdução sobre o tema, após
isso, será apresentada uma breve revisão da literatura, a metodologia adotada para a
execução da pesquisa, os resultados e suas discussões e por fim as considerações
finais.

2 REVISÃO DE LITERATURA

Quanto aos constituintes orgânicos, a madeira apresenta duas categorias: os


componentes da parede celular e os extrativos. Os componentes da parede celular
desempenham função estrutural e regulam as propriedades físicas da madeira, sendo
estes divididos em carboidratos e substâncias fenólicas. Dentro dos carboidratos
pode-se citar a celulose e as hemiceluloses, sendo estas polímeros lineares e
representando 75% das substâncias da madeira No que se refere às substâncias
fenólicas, a principal é a lignina (PETTERSON, 1984; BODIG; JAYNE, 1993).

80
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Dentre os componentes orgânicos da madeira, os carboidratos são os que
apresentam maior influência negativa sobre a cura do cimento, sendo a glicose e a
celulose os considerados mais inibitórios. Nos grupos fenólicos, o tanino,
principalmente os hidrolisados, tem grande influência na inibição da pega do cimento,
assim como os ácidos orgânicos de alto peso molecular, como os ácidos alifáticos
(CASTRO, 2015).
Ainda, a espécie da madeira e seu comportamento higroscópico, afetam a
compatibilidade com o cimento. Além disso, os efeitos no processo de hidratação do
cimento podem ser significativamente diferentes, devido aos teores de carboidratos e
sacarídeos presentes nas fibras Da mesma forma, por conta das diferentes
morfologias das fibras da madeira (KOCHOVA, et al., 2017; CAPRAI, et al., 2018).
A pasta de cimento hidratada apresenta quatro principais fases sólidas: silicato
de cálcio hidratado (C-S-H), hidróxido de cálcio (portlandita), sulfoaluminatos de cálcio
e grãos de clínquer não hidratados (HEWLETT; LISKA, 2019).
Os cristais de hidróxido de cálcio (Ca (OH)2), representam 20 a 25% do volume
de sólidos na pasta de cimento hidratada. Apesar de não contribuir, significativamente,
para a resistência da pasta, são responsáveis pela elevada alcalinidade da matriz
cimentícia, pH de 12,5 (SENFF et al., 2005; MEHTA et al., 2008).
O hidróxido de cálcio pode degradar os componentes da madeira. Este
ambiente alcalino, proporcionado pelo hidróxido de cálcio, é capaz de remover parte
dos extrativos e dissolver componentes da madeira como as hemiceluloses,
causando, assim, alterações dimensionais no compósito cimento-madeira (MILLER;
MOSLEMI, 1991; FAN et al., 1999). Ainda, a presença de extrativos lixiviáveis é
responsável por retardar a hidratação do cimento, levando à baixa resistência dos
compósitos cimento-madeira (PEHANICH; BLANKENHORN; SILSBEE, 2004;
KOCHOVA, et al., 2017).
Assim, os carboidratos da madeira reagem com o cálcio, alumínio e cátions de
ferro presentes no cimento, retardando a reação de hidratação deste e reduzindo sua
cristalinidade e resistência. (HACHMI; CAMPBELL, 1989). Ademais, a água presente
nos poros da matriz cimentícia apresenta um pH elevado, sendo capaz de quebrar as
ligações químicas das fibras de madeira, possibilitando, assim, a migração das
partículas de madeira para a superfície da pasta (YOUNG, 1970; SILVA et al., 2009;
CHAKRABORTY et al., 2013).

81
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
As reações inibidoras podem se desenvolver na interface material
lignocelulósico cimento ou na matriz e enfraquecer as ligações mecânicas ou químicas
entre o material e o cimento. Resinas e substâncias graxas podem migrar para a
superfície do material, durante a secagem e formar uma camada superficial
hidrofóbica. Essa camada reduz as ligações de hidrogênio entre o material e o
cimento, implicando em redução da resistência na interface (MILLER; MOSLEMI,
1991).
Como uma solução para minimizar a incompatibilidade entre o cimento e a
madeira, faz-se o uso de substância que aceleram a hidratação do cimento. Nesse
contexto, temos o cloreto de cálcio (CaCl2), que possui vasta utilização devido à sua
disponibilidade no mercado, baixos custos e resultados comprovados durante anos.
O CaCl2 não somente altera a taxa de hidratação dos minerais do cimento, mas
também reage com estes, influenciando, nas propriedades de resistência, composição
química, área superficial, morfologia e porosidade dos produtos de hidratação
(CASTRO, 2015).
Dentre os materiais lignocelulósicos cultivados no Brasil estão, por exemplo, o
sisal, coco, rami, curauá, cana de açúcar, soja e o trigo (KALIA et al., 2011). Segundo
dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a estimativa da
área plantada de trigo no mundo para a safra de 2021/2022 é de 224,6 milhões de
hectares, sendo que o Brasil permanece na 15ª posição, com previsão estimada de
7,7 milhões de toneladas de trigo (CONAB, 2021). Estima-se que, para cada tonelada
de grãos de trigo produzidos, são geradas 1,36 toneladas de palha (HORST, 2013).
Assim, o emprego deste tipo de painel possibilita a melhor utilização dos
resíduos gerados pela agricultura, e uma maior valorização destes no processo
industrial.

3 METODOLOGIA

3.1 MATERIAIS

Como aglomerante, utilizou-se o Cimento Portland, tipo CP V ARI RS (alta


resistência inicial - resistente a sulfatos). Como agregado graúdo, utilizou-se uma brita
basáltica. Essa brita possui diâmetro máximo de 9,5 mm e 3,30 de módulo de finura

82
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
determinada em ensaio segundo a NBR NM 248 Agregados Determinação da
composição granulométrica (ABNT, 2003). A massa específica do agregado é 2,74
g/cm³. Na Figura 1 é apresentado a curva granulométrica da brita utilizada.

Figura 1 - Curva granulométrica da brita usada e os limites da NBR 7211

Fonte: ABNT (2009)

Conforme a Figura 1, pode se observar que a curva granulométrica do


agregado graúdo está próxima a zona granulométrica inferior, enquadrando-se no
limite da composição granulométrica de acordo com a NBR 7211 (ABNT, 2009).
O farelo de trigo foi disponibilizado por uma indústria, localizada na cidade de
Mafra, no planalto norte do Estado de Santa Catarina, e apresentou uma massa
específica de 1.27 g/cm³. Para o agregado miúdo, utilizou-se uma areia grossa com
módulo de finura de 2,67 e 2,4 mm de diâmetro máximo característico determinado
em ensaio segundo a NBR NM 248 (ABNT, 2003) e massa específica 2,66 g/cm³. A
Figura 2 apresenta as curvas granulométricas do agregado miúdo e do farelo de trigo.

83
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 2 – Curva granulométrica da areia usada e os limites da NBR 7211

Onde: L.I.Z.U.: Limite Inferior da Zona Utilizável; L.I.Z.O.: Limite Inferior da Zona Ótima; L.S.Z.U.:
Limite Superior da Zona Utilizável; L.S.Z.O.: Limite Superior da Zona Ótima.
Fonte: ABNT (2009)

Na Figura 2, da curva granulométrica do agregado miúdo, é possível observar


que o agregado miúdo se manteve dentro do limite das zonas utilizáveis inferior e
superior, com pequenas variações dentro da zona ótima utilizável, mas dentro da
tolerância aceitável estipulada pela NBR 7211 (ABNT, 2009). O farelo de trigo não
apresenta uma boa distribuição granulométrica, estando boa parte acima do limite
superior utilizável. A curva granulométrica do farelo de trigo se encontra dentro dos
limites satisfatórios apenas próximo da peneira de 4,75 mm.
Além disso, foi utilizado um aditivo acelerador de pegar a base de cloreto de
cálcio. Buscando analisar o desempenho do aditivo acelerador de pega do cimento
Portland, foi utilizado o teor de aditivo: 3%, em relação a massa do cimento. Este teor
foi adotado devido às recomendações de variação do teor de aditivo de 3 ,0 % a
15,0%.

84
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
3.2 MÉTODOS

Buscando reduzir os possíveis efeitos inibitórios do farelo de trigo no processo


de hidratação do cimento Portland, foi realizado um pré-tratamento neste. O
procedimento consistiu na imersão do farelo de trigo em água fria pelo período de 48
horas. A proporção de água utilizada foi de 10:1. Em seguida, o material foi espalhado
em uma área coberta e passou por um período de secagem ao ar livre, por 72 horas,
para que, então, fosse colocado em estufa a 100ºC por 24 horas para completar sua
secagem.
Após isso, foi calculado o traço referência (TR) a ser usado na pesquisa. Para
a dosagem do concreto, utilizou-se o método CIENTEC (Fundação de Ciência e
Tecnologia), exposto por Recena (2011). O método é considerado empírico, portanto,
seu resultado dependente das características dos materiais empregados, em que a
trabalhabilidade do concreto não é parâmetro definido. Por se tratar de um método
empírico, o desvio padrão considerado é de 7,0 MPa. Para obtenção do traço de
referência, foram consideradas características e materiais específicos para dosagem
do traço, sendo essas características apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1 – Dados utilizados para o cálculo do traço referencial


fck 40 MPa
Cimento CP V ARI
Brita 0
Areia Grossa
Origem da rocha Basáltica
Teor de argamassa (α) 60%
Relação água/materiais seco (H) 10,2%

Sendo, assim, possível definir o valor da relação água/cimento, obtido a partir


de equações que representam Curvas de Abrams, considerando uma resistência
característica do concreto à compressão (fck) aos 28 dias de 40 MPa. É possível
encontrar a relação (a/c) pela Equação 1.

𝑎 2,15 −𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔 (𝑓𝑐𝑘) 2,15 −𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔 (40) (


= = = 0,43
𝑐 1,27 1,27 1)

Após obter os valores da relação a/c e o percentual de água a ser empregada


(H), a proporção de materiais secos utilizados foi calculada pela Equação 2.
85
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
100 × 𝑎/𝑐 100 × 0,43 (
(1 + 𝑚) = = = 4,21
𝐻 10,2 2)

Onde:
(1 + m) = Material seco (soma das proporções de areia e agregado graúdo);
H = Quantidade de água utilizada em 100 partes de material seco obtido pela
Tabela 1.
Para o cálculo do teor de cimento (% Cimento), determina-se a porcentagem
de cimento em relação à proporção de materiais secos. Se (1 + m) representa 100%
do material seco, a porcentagem necessária de cimento em relação à proporção de
materiais pode ser obtida por uma regra de três simples que está representada na
Equação 3.

100 100 (
%𝐶𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = = = 23,72%
(1 + 𝑚) 4,21 3)

Para o cálculo do percentual de areia, inicialmente é necessário definir o teor


de argamassa (𝛼) obtido na Tabela 1, sendo que o teor de areia (% areia) será a
diferença entre o teor de argamassa (cimento + areia), e o teor de cimento,é calculado
a partir da Equação 4.

(
%𝐴𝑟𝑒𝑖𝑎 = 𝛼 − (%𝑐𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜) = 60 − 23,72 = 36,28%
4)

O teor de agregado graúdo (% Brita) é obtido a partir da diferença entre o total


de material seco e a percentagem de argamassa, de acordo com a Equação 5.

(
%𝐵𝑟𝑖𝑡𝑎 = 100 − (𝛼) = 100 − 60 = 40%
5)

O traço unitário do concreto é obtido a partir da Equação 6, sendo encontrada


a partir da divisão das porcentagens.

86
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
%𝐶𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 %𝐴𝑟𝑒𝑖𝑎 %𝐵𝑟𝑖𝑡𝑎 Á𝑔𝑢𝑎 (
𝑇𝑟𝑎ç𝑜 = ( );( );( );( )
%𝐶𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 %𝐶𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 %𝐶𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 %𝐶𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 6)

O resultado referente à determinação do traço referência, está apresentado na


Tabela 2.
Tabela 2 – Traço calculado
Cimento Areia Brita a/c
Traço em massa (kg/m³) 514 786,4 863 221
Traço em proporção 1 1,53 1,68 0,43

Em razão do fator água/cimento obtido no cálculo, proposto pelo método, a


relação água/cimento estabelecida não se mostrou eficiente quanto à trabalhabilidade.
Desse modo, esse fator foi ajustado para dois novos valores de relação água/cimento:
0,47 (Traço I) e 0,55 (Traço II). Assim, devido a esta alteração na relação
água/cimento, possivelmente não será atingido o valor de 40 Mpa, utilizado no cálculo.
Posteriormente estabelecido o traço unitário para a formulação referência (TR),
foram introduzidos, parcialmente, diferentes teores de farelo de trigo para a demais
dosagens de concreto como substituição parcial do agregado miúdo. Sendo os teores
de substituição: 2,5%, 5% e 7,5% em massa.
A moldagem e cura dos corpos de prova ocorreu conforme recomendações da
NBR 5738 (ABNT, 2015). Ao término das misturas de concreto, e antes da moldagem
dos corpos de prova de cada dosagem executada, foi realizado ensaio de abatimento
do tronco de cone, para a determinação da consistência de cada traço, seguindo as
instruções da NBR 16889: Concreto -Determinação da consistência pelo abatimento
do tronco de cone (ABNT, 2020).
Os ensaios de resistência à compressão foram realizados após os7 dias e28
dias, os corpos de prova foram retirados do tanque de cura, e foi dado o início ao
procedimento de compressão, conforme instruções da NBR 5739 (ABNT, 2018).
Segundo a norma supracitada, o cálculo da resistência compreende:

4×𝐹 (
𝑓𝑐 = ( )
𝜋 × 𝐷² 7)

Onde:
fc = resistência à compressão, em MPa;
87
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
F = força máxima alcançada, em N;
D = diâmetro do corpo de prova, em mm.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 SLUMP TEST

Os resultados de abatimento encontrados para o Traço I e Traço II no ensaio


estão apresentados no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Abatimento para os traço I e II


300
250 Traço I (a/c = 0,47)
250
220 Traço II(a/c = 0,55)
Abatimento (mm)

200
150
150

100

50 40
30
10 15
0
0
TR 2,50% 5,00% 7,50%
% de substituição do agregado miúdo pelo farelo de trigo

A partir destes, é possível perceber que o farelo de trigo influenciou,


significativamente, a trabalhabilidade do concreto. Para o traço I, observa-se que
houve uma redução de até 93% do abatimento quando foi substituída a areia em 5%,
o mesmo acontece para o traço II, que também teve uma redução de 94% do
abatimento quando foi substituída a areia em 7,5%, sendo que, para esse traço, foi
adotada uma relação a/c de0,55. A maior quantidade de água no concreto com
substituição se dá em função do farelo possuir menor granulometria, apresentando
maior área de superfície e necessitando de mais água para envolver as partículas e
aumentar o seu escoamento, entretanto, essa adição de água reduz a resistência à
compressão.

88
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Com isso, pode-se verificar que, quanto maior a porcentagem de farelo de trigo
na mistura, menor a sua trabalhabilidade, assim, dificultando a sua aplicação sem a
perda de sua homogeneidade. Isto pode ter ocorrido devido à diferença da massa
específica do agregado e do farelo.

4.2 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO TRAÇO I A/C 0,47

Decorridos 7 dias de cura, os concretos para o traço I, utilizando a/c 0,47 com
2,5% e 5,0% de substituição da areia pelo farelo de trigo, apresentaram uma queda
na resistência à compressão, de 32% e 97%, respectivamente, em comparação ao
concreto sem adições.
O Gráfico 3 apresenta os resultados da resistência à compressão depois de 7
e 28 dias de cura, quando substituída a areia pelo farelo de trigo.

Gráfico 2 – Resistência à compressão aos 7 e 21 dias para o traço com fator a/c: 0,47
40
35,99
Resistência à compressão (MPa)

35
7 Dias
30 28 Dias
25
20,72
19,17
20
14,01
15

10 8,76

5
0,57
0
TR 2,50% 5,00%
% de substituição do agregado miúdo pelo farelo de trigo

Os concretos, com substituição de 2,5% e 5,0% do agregado miúdo pelo farelo


de trigo, após os 28 dias de cura, não atingiram a resistência mecânica no ensaio de
compressão de 40 MPa, o traço referência apresentou um acréscimo de 42,43% na
resistência em comparação aos 7 dias, mas não atingiu os 40 MPa, devido ao
acréscimo de água utilizado para deixar a mistura mais trabalhável. O traço 2,50%
teve um acréscimo 26,93% na resistência em comparação aos 7 dias, ainda, notou-

89
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
se que a resistência à compressão foi diminuindo gradativamente, conforme ocorria o
aumento da porcentagem do farelo de trigo.

4.3 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO TRAÇO I A/C 0,55

Decorridos 7 dias de cura, os concretos para o traço II, utilizado a/c 0,55 com
2,5%, 5,0% e 7,5% de substituição da areia pelo farelo de trigo, apresentaram uma
queda na resistência à compressão, de 59%, 98% e 98%, respectivamente, em
comparação ao concreto sem adições.
O Gráfico 3 apresenta os resultados da resistência à compressão depois de 7
e 28 dias de cura, quando substituída a areia pelo farelo de trigo.

Gráfico 3 - Resistência à compressão aos 7 e 21 dias para o traço com fator a/c: 0,55
30 27,58
Resistência à compressão (MPa)

25 7 Dias

19,68 28 Dias
20
14,61
15

10 8,01
6,63
5
0,42 0,4 0,92
0
TR 2,50% 5,00% 7,50%
% de substituição do agregado miúdo pelo farelo de trigo

Os concretos, com substituição de 2,5%,5,0% e 7,5% do agregado miúdo pelo


farelo de trigo, após os 28 dias de cura, não atingiram a resistência mecânica no
ensaio de compressão de 40 MPa, conforme Gráfico 3. O traço referência apresentou
um acréscimo de 28,58% na resistência em comparação aos 7 dias e o traço 2,50%
teve um acréscimo 45,15% na resistência em comparação aos 7 dias. Notou-se,
ainda, que a resistência à compressão foi diminuindo gradativamente conforme
ocorria o aumento da porcentagem do farelo de trigo, e, sua resistência está ligada à
temperatura hidratação do cimento, pois, para formulação de 7,5%, os corpos de

90
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
provas, após aplicação da carga, estavam úmidos, ainda, sem a cura total do
compósito.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo realizado, nesse trabalho, teve o objetivo de analisar o


comportamento do concreto com substituição parcial do agregado miúdo pelo farelo
de trigo em diferentes teores, a fim de analisar e comparar a influência nas
propriedades mecânicas do concreto convencional na compressão simples.
Para o estudo foram realizados dois traços referência, em que o fator a/c foi de
0,47 e 0,55, a substituição parcial de agregado miúdo por farelo de trigo in natura
ocorreu nas proporções de 2,5%, 5,0%, 7,5% em massa.
Pode-se observar que o farelo de trigo é menos denso que a areia, visto que
essa diferença pode ter sido responsável pelas alterações que foram causadas na
mistura de concreto.
Durante o processo de confecção dos corpos de prova, conforme o aumento
da substituição do agregado miúdo pelo farelo de trigo, foi notável uma perda
significativa em sua trabalhabilidade, sendo esse resultado influenciado pelas
características do farelo de trigo e da má distribuição granulométrica.
No teste de compressão, o farelo de trigo apresentou alteração significativa nos
resultados, porém houve um acréscimo de resistência ao longo do tempo. Essa
diferença de resistência à compressão foi decaindo, conforme o aumento da
porcentagem de substituição. Assim, a resistência à compressão pode ter sido
influenciada pela inibição da hidratação do cimento, causada pelos extrativos
presentes no farelo de trigo, sendo que foi constatado que sua substituição na mistura
influenciou, significativamente nos resultados obtidos no ensaio à compressão.

REFERÊNCIAS

BODIG, J.; JAYNE, B. A.. Mechanics of wood and wood composites. Malabar, FL:
Krieger, 1993.

CAPRAI, V. et al. Influence of the spruce strands hygroscopic behaviour on the


performances of wood-cement composites. Construction and Building Materials,
v. 166, p. 522-530, 2018.

91
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
CASTRO, V. G. et al. Painéis cimento-madeira de Eucalyptus saligna com diferentes
aditivos químicos e métodos de formação. Floresta, Curitiba, PR, v. 45, n. 2, p. 349 -
360, 2015.

CHAKRABORTY, S. et al. Effect of jute as fiber reinforcement controlling the


hydration characteristics of cement matrix. Industrial & Engineering Chemistry
Research, v. 52, n. 3, p. 1252-1260, 2013.

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Análise mensal.


Disponível em: Trigo-Análise Mensal-Agosto 2021.pdf. Acesso em: out. 2022.

FAN, M.Z. et al. Dimensional instability of cement-bonded particleboard: Mechanisms


of deformation of CBPB. Cement and Concrete Research. v. 29, ed. 6, p. 923-932.
1999.

HACHMI, M.H.; CAMPBELL, A.G. Wood–cement chemical relationships, fiber and


particleboards bonded with inorganic binders. In: Forest Products Research
Society. Madison, WI, 1989, p. 43– 47.

HEWLETT, P.; LISKA, M. (Ed.). Lea's chemistry of cement and concrete.


Butterworth-Heinemann, 2019.

HORST, D. J. Avaliação da produção energética a partir de ligninas contidas


em biomassas. 2013. Dissertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica Federal
do Paraná. Curitiba, 2013.

KALIA, S. et al. Cellulose-based bio-and nanocomposites: a review. International


journal of polymer science, v. 2011, 2011.

KOCHOVA, K. et al. Effect of saccharides on the hydration of ordinary Portland


cement. Construction and Building Materials, v. 150, p. 268-275, 2017.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e


materiais. 1. ed. São Paulo: IBRACON, 2008.

MILLER, D. P.; MOSLEMI, A. A. Wood-cement composites: effect of model


compounds on hydration characteristics and tensile strength. Wood Fiber Sci., v. 23,
p. 472–482, 1991.

PEHANICH, J. L.; BLANKENHORN, P. R.; SILSBEE, M. R. Wood fiber surface


treatment level effects on selected mechanical properties of wood fiber–cement
composites. Cement and concrete research, v. 34, n. 1, p. 59-65, 2004.

PETTERSEN, R. C. The Chemical Composition of Wood. U.S. Department of


Agriculture, Forest Service, Forest Products Laboratory, Madison, WI 53705. 1984.

SENFF, L.; FOLGUERAS, M. V.; HOTZA, D. Hidratação do cimento CP V ARI-RS:


Influência da água nas reações de hidratação. Congresso brasileiro de cerâmica,
v.49, p. 1-12, 2005.

92
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
SILVA, A. C.; SAVASTANO JUNIOR, H.; JOHN, V. M. Envelhecimento de
compósitos à base de escória de alto-forno reforçados com polpa celulósica residual
de eucalipto. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 9, n. 1, p. 25-44. 2009.

YOUNG. J. F.. Effect of organic compounds on the interconversions of calcium


aluminate hydrates: hydration of tricalcium aluminate. Journal of the american
ceramic society, v. 53, n. 2, 1970.

93
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
DRIVER PARA DISPLAY DE LEDS 12 VOLTIOS CONTROLADO DIGITALMENTE
PARA MODULO IoT21
Luana de Freitas22
Igor José Langer23
Luis Eduardo Palomino Bolivar24

RESUMO
Este artigo apresenta um novo drive para display de LED’s numa configuração
distribuída a partir de um Raspberry Pi para controlar dois displays 7 segmentos de 4
polegadas controlada por um microcontrolador programado para permitir o
gerenciamento de energia por driver. A comunicação modelando o IoT é realizado via
WiFi com o horário do servidor remoto. É apresentada a PCB, com requerimento de
12V e 5V para polarização, um canal de comunicação assíncrona half duplex. Este
desenvolvimento pretende diminuir a complexidade de conexões e fios resultantes em
topologias que usam da utilização de displays de 7 seguimentos e apresentar uma
topologia de driver para um relógio de quatro faces, utilizando como sistema
embarcado o microcontrolador PIC16F628 nos drivers. Visando a crescente demanda
por baixo consumo de energia. Representando, posteriormente, o método de
comutação dos displays. Finalizando com a aplicação do driver digital para cargas de
LEDs. No final são apresentadas as placas eletrônicas propostas. A potência atingida
no geral foi de 25W.

Palavras-chave: Driver; DIsplay; LED’s; Relógio; IoT; Microprocessadores PIC.

ABSTRACT
This article presents a new LED display driver in a distributed configuration from a
Raspberry Pi to control two 4-inch 7-segment displays controlled by a microcontroller
programmed to allow per-driver power management. The communication modeling the
IoT is performed via Wi-Fi with the time of the remote server. The PCB is presented,
with requirement of 12V and 5V for polarization, a half-duplex asynchronous
communication channel. This development intends to reduce the complexity of
connections and wires resulting in topologies that use the use of 7-segment displays
and to present a driver topology for a four-sided clock, using the PIC16F628
microcontroller in the drivers as an embedded system. Aiming at the growing demand
for low energy consumption. Representing later the method of switching the displays.
Finishing with the application of the digital driver for LED loads. At the end, the
proposed electronic boards are presented. The power achieved in general was 25W.

Keywords: Driver; Display; LED’s; IoT Clock; Microprocessor PIC.

21
Pesquisa com apoio FUNDES – Art 171 em 2017 e PIVIC UNC 2019
22
Discente do curso de Engenharia Elétrica, Universidade do Contestado – UNC Campus Canoinhas
Membro do Grupo de Pesquisa em Energias Alternativas e Renováveis da UNC, e-mail:
luanadefreitas@hotmail.com.br
23
Discente do curso de Engenharia Elétrica, Universidade do Contestado – UNC Campus Canoinhas
Membro do Grupo de Pesquisa em Energias Alternativas e Renováveis da UNC, e-mail:
igorjlanger@gmail.com
24
Docente do curso de Engenharia Elétrica, Universidade do Contestado – UNC Campus Canoinhas
Membro do Grupo de Pesquisa em Energias Alternativas e Renováveis da UNC, e-mail:
palomino@unc.br
94
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
RESUMEN
Este artículo presenta un nuevo controlador de pantalla LED en una configuración
distribuida de una Raspberry Pi para controlar dos pantallas de 7 segmentos de 4
pulgadas controladas por un microcontrolador programado para permitir la
administración de energía por controlador. El modelado de la comunicación IoT se
realiza vía Wi-Fi con el tiempo del servidor remoto. Se presenta la placa de circuito
impreso, con requerimiento de 12V y 5V para polarización, un canal de comunicación
asíncrono semidúplex. Este desarrollo tiene como objetivo reducir la complejidad de
las conexiones y los cables, lo que da como resultado topologías que utilizan el uso
de pantallas de 7 segmentos y presentar una topología de controlador para un reloj
de cuatro lados, utilizando el microcontrolador PIC16F628 en los controladores como
un sistema integrado. Apuntando a la creciente demanda de bajo consumo energético.
Representando más adelante el método de intercambio de las pantallas. Terminando
con la aplicación del controlador digital para cargas LED. Al final se presentan las
tarjetas electrónicas propuestas. La potencia conseguida en general fue de 25W.

Palabras-claves: Driver; Display; LED’s; Reloj; IoT; microprocesadores PIC.

INTRODUÇÃO

Os dispositivos de iluminação artificial ocorreram com o advento da primeira


lâmpada que utilizava energia elétrica para emissão de luz. Ao serem desenvolvidas
e produzidas em escala industrial por Thomas Edison, as lâmpadas incandescentes
propiciaram o início de atividades noturnas com mais abundância, fazendo com que
este invento se tornasse um dos ícones do desenvolvimento do século XIX. Com o
passar dos anos, a necessidade da criação de técnicas mais eficientes para a
produção de luz tornava-se evidente, visto que os sistemas de iluminação
representavam uma parcela considerável no consumo mundial de energia elétrica. A
partir do surgimento das lâmpadas de descarga, melhores índices de eficácia
luminosa foram atingidos, fazendo com que diversos sistemas de iluminação fossem
projetados, baseados nestas tecnologias (PASSOS, 2017). O surgimento do Diodo de
Emissão de Luz (LED) baseados em InGaN fez com que fosse possível gerar luz
branca a partir destes dispositivos. Com esta tecnologia, iniciaram-se estudos acerca
do emprego desta tecnologia em iluminação artificial. Como a maioria dos
semicondutores, os LEDs apresentam uma evolução muito acentuada, mostrando que
os sistemas de iluminação de estado sólido irão se tornar cada vez mais populares
(SOARES, 2012).

95
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura1 – Blocos da arquitetura IoT

Fonte: Prasad e Chawda (2018).

Atualmente as inovações tecnológicas atingem um ritmo acelerado ao mesmo


tempo que a lei de Moore determina o grau de miniaturização na fabricação de
circuitos integrados (CI) (CYRUS, 2015). Observamos cada vez mais surgirem
tecnologias embarcadas, sistemas eletrônicos envolvendo softwares e drives para
redução de complexidade em circuitos. Assim como o conceito Internet das Coisas
(IoT) que se refere a arquitetura baseada em três elementos: nodos, gateway, pontoes
ou roteadores e a nuvem ( PRASAD; CHAWDA, 2018). O domínio do serviço em
ambientes de IoT também é diversificado, incluindo eficiência energética, capacidade
de computação, tempo de coordenação, capacidade de captação de recursos,
dimensão das coisas (PECHT, 2018). A esta diversidade de requisitos as topologias
dos circuitos demandam um balanceamento entre eficiência, funcionalidade,
complexidade, tecnologia e custo.
Os letreiros luminosos, que usam tecnologia LED com displays 7 segmentos,
requerem um circuito driver para fornecer a potência para obter os lumens necessários
nos LEDs (VUTHURI et al., 2017). Assim, esses drivers, controlados por sinais de
tensão digital, são projetados para que a energia no driver seja entregue aos LEDs
idealmente em sua totalidade. Com isso, os drivers devem ser projetados para atuar
dentro do contexto do baixo consumo de energia como é o foco dos empreendimentos
tecnológicos em circuitos eletrônicos em semicondutores (CONTE; GARGINI, 2015),
e placas com ditos circuitos integrados para a era do IoT.

96
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Neste trabalho é apresentado uma descrição da topologia de conexão dos
display considerando os conceitos de IoT, as simulações das partes do driver com
resultados da implementação e comparação com trabalhos do gênero.

REVISÃO DE LITERATURA

Esta proposta parte de um relógio digital de quatro caras, utilizado em


cruzamento de corredores em ambientes internos de edifícios. Cada cara do relógio
está apontando para um corredor no ponto de cruzamento. A topologia comum do
circuito é em estrela do driver apresentado na Figura 2, implicando uma carga em
paralelo para cada um dos segmentos da mesma posição no display. Considerando
que cada display possui 7 segmentos mais o ponto, totalizando 8 LEDs a controlar por
display e que cada relógio está na formatação hh:mm são necessários 4 displays,
totalizando 32 segmentos, mais o ponto de cada cara do relógio digital. Assim, o total
de segmentos e pontos a controlar são de 32 × 4 = 128. Para efeitos de conexões é
um número importante de fios saindo do Driver. Para o sistema embarcado que realiza
o controla digital, utiliza 12 bits para controlar a informação ao driver. O sistema
embarcado utiliza um relógio de tempo real (RTC) e módulo de comunicação sem fio
WiFi.

Figura 2 – Topologia comum na distribuição de conexões para relógio digital de quatro faces.

16
Seg. a x 16
5V 16
Seg. b x 16
12V 16
Seg. c x 16
Controle Digital
Embedded 128 16
12 Seg. d x 16
System Driver
16
Seg. e x 16
RTC WiFi
16
Seg. f x 16
16
Seg. g x 16
16
Seg. p x 16

Fonte: Dados da pesquisa

97
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Considerando diminuir a complexidade de conexão do driver com 128 fios aos
segmentos às 12 conexões do sistema embarcado, é proposto um modelo de driver
distribuído para controlar dois displays de 7 segmentos mais 1 LED do ponto ou 8
LEDs como é apresentado na figura 3. A robustez de um único driver é simplificado
com um driver para cada 8 LEDs x 2, incorporando um microcontrolador com conexão
de comunicação half duplex síncrono por um par de fios.

Figura 3 – Topologia em barramento, para drivers distribuidos com menor número de conexões com o
controle digital no sistema embarcado.

5V 12V
Controle Digital Driver 8 LEDs. x 2
Embedded Data Bus
System
Clock Bus
12V
RTC WiFi Driver 8 LEDs. x 2

12V 12V
8 LEDs. x 2 Driver Driver 8 LEDs. x 2

12V 12V
8 LEDs. x 2 Driver Driver 8 LEDs. x 2

12V 12V
8 LEDs. x 2 Driver Driver 8 LEDs. x 2

Fonte: Dados da Pesquisa

Para o controle do driver e as comunicações é utilizado um microcontrolador


PIC16F628 com oscilador de 4MHz polarizado com 5 Voltios e opto-acopladores 4N25
para polarizar o display com 12 Voltios e intermitência dos dois pontos do relógio.

METODOLOGIA

Esta pesquisa foi realizada utilizando o método clássico ou de Water Fall,


considerando, principalmente, o desenho dos circuitos eletrônicos, simulação,
prototipagem e fabricação das placas, testes e montagem do relógio. Nas medições
finais, é feita uma comparação com a simulação e comparada com o resultado do
novo driver de Display de LEDs de 12 VDC.

98
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
O sistema proposto contém uma placa com um microcontrolador de 8bits e 18
pinos o PIC 16F628 que são utilizados para controlar dois displays 7 segmentos
D40011A/B de 4 polegadas que polarizam com fonte de 12 Voltios, a comunicação
half dulplex e a comutação dinâmica entre os displays de forma contínua. Para esta
comutação, aproveita-se uma frequência superior à percepção do olho humano, isto
é, uma frequência superior a 15 kHz (KADER; UDDIN; ABDULLAH, 2014).
Os opto acopladores são implementados em cada um dos LEDs do display,
utilizando um pin do PIC para com tensões de 0 Voltios e 5 Voltios, substituindo a
corrente de polarização gerada da fonte de 12 Voltios dos segmentos como apresenta
a Figura 4. Na mesma Figura, é incluído o esquemático geral do driver. O
chaveamento do display é realizado colocando um transistor Darlington TIP 31C no
catodo comum em cada display.

Figura 4 – Esquemático do circuito completo do driver.

Fonte: Dados da Pesquisa

O PIC está conectado no circuito, conforme a tabela 1, utilizando a polarização


de 5 Voltios Vdd e 0 Voltios em Vss, nos pinos 5 e 14, fornecidos via o conetor da
placa, conexão do cristal de 4MHz nos pinos 16 e15, a comunicação serial pelos pino
7 e 8, o controle de liga e desliga dos displays nos pinos 9 e10, os dois pontos
conectados no pino 6 e em paralelo os segmentos dos dois displays 7 segmentos. No

99
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
pino 13, aciona a intermitência dois LEDs que separam as horas dos minutos. No pino
4, é configurado para digitalmente selecionar se esse módulo apresentará as horas
ou os minutos. Assim, é desenhada um modelo só de circuito, sendo configurado de
forma permanente, utilizando um conector.

Tabela 1 – Função dos pinos do PIC16F628


Pin Function Pin Function
1 Segments c 18 Segments b
2 Segments d 17 Segments a
3 Segments e 6 Oscilador 1
4 HH/MM 15 Oscilador 2
5 Vss 14 Vdd
6 Dois pontos 13 : dois pontos
7 RX/TX 12 Segments g
8 Clock 11 Segments f
9 Display de unidades 10 Display de deçenas
Fonte: Dados da Pesquisa

Os 16 LEDs nos segmentos, incluindo os pontos nos dois displays utilizados


no drive, são comutados, utilizando como elemento conversor de tensão de 5 Voltios
a 12 Voltios, um opto-acoplador 2N25 representado na figura 5 com a etiqueta U1A.
Para efeitos de simulação, a carga é modelada com um arranjo de LEDs SC1, cuja
somatória equivale à tensão de condução VON de 6 Voltios. Na mesma figura,
observam-se as fontes de tensão V3 e V2 que simulam a saída do PIC quanto liga o
segmento do display correspondente.

100
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 5 – Circuito de comutação utilizado em cada segmento dos displays, colocando em evidência
as correntes circulantes.

Fonte: Dados da Pesquisa.

A simulação, apresentada na tabela, indica os valores de corrente com


desempenho dentro das considerações paramétricas indicado pelos fabricantes dos
componentes para PIC, TIP31C, 2N25 e Display D40011A/B. O display é
representando para o sub circuito SC1. A figura 6 apresenta a topologia geral.

Figura 6 – Circuito geral do Driver

Fonte: Dados da pesquisa

101
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Tabela 2 - Correntes circulando num segmento do driver comparados com os máximos dos
componentes.
Comparação de Correntes no Segmento do Driver
Corrente
Descrição Máxima(mA) Driver(mA)
Corrente de coletor de Q2 Considerando 7 74.16
IQ2 3000.0
segmentos mais o ponto. (9.27 x 8)
593.28
IV1 Corrente da fonte para os displays. 1000.0
(9.27 x 8 x 8)
Corrente de saida do PIC para polarizar entrada
IV2 25.0 3.89
do opto-acoplador.
IV3 Saida do PIC para saturar o Q2 25.0 1.28
IU1A Corrente de coletor do opto-acoplador 2N25 50.0 9.27
Fonte: Dados da Pesquisa

Para determinar os valores ótimos de R1 e R2 que permitem manter o U1A e


transistor Q2 em corte e saturação, é considerada a parametrização em valores
resistivos que permitem manter a corrente entre estes menor a 10mA, vide tabela 2.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A disposição energética no relógio de 4 faces é apresentada na tabela 3. No


caso, os microcontroladores representam o menor consumo energético como
esperado, porém se destaca o alto consumo de potência devido aos módulos de
comunicação WiFi com o servidor que sincroniza a hora e minutos às 22h59min e as
00h. Esse módulo central é um Raspberry Pi que comunica via I2C a alteração dos
minutos e as horas aos 8 drivers.

Tabela 3 – Distribuição de consumo energético em potência


Potência consumida por bloco funcional
Bloco funcional
Corrente (mA) Tensão (V) Potência (W)
uC do Driver 31.12 5 0.1556
Driver (-uC) 1726.16 12 20.7139
Embedded System 802 5 4.8795
Fonte: Dados da Pesquisa

Utilizando comunicação serial síncrona, é implementado um protocolo


consistente em três bytes 1er é o 55H para as horas ou 44H para os minutos, 2o. byte
indica as Unidades em BCD e, na sequência, as dezenas em BCD. A configuração é
fixa, sendo o mestre o Raspberry Pi e os 8 drivers são escravos.

102
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
A placa proposta está representada nas figuras 7 e 8, desenvolvidas em
programa Ultilboard, realizando pos-simulation, fabricadas em fibra de vidro, dupla
fase, nitrato de prata entre furos, anti solda e marcara de componentes. Na figura 7, a
face top da placa e no bottom na figura 7, o display e os leds.

Figura 7 – Placa Driver LEDs Face A.

Fonte: Dados da Pesquisa

Figura 8 – Placa Driver LEDs Face B.

Fonte: Dados da Pesquisa

103
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comparação realizada na tabela 4 apresenta menor consumo de energia,


considerando a comutação realizada no driver para dois displays, reduzindo em geral
o consumo de energia diante do estado da arte.

Tabela 4 – Comparação dos Resultados


Potência consumida por bloco funcional
Bloco funcional
(Infineon, 2015) (MAXIM) Este trabalho
Tensão (V) 5, 12 5 5 , 12
Corrente (mA) 75 27 20.7139
Potência (W) - 16.976 4.8795
Elevação Tensão Linear Boost Linear
Interfase SPI SPI I2C
Fonte: Dados da Pesquisa

Agradecimento
Reconhecimento ao programa de Fundo de Apoio à Manutenção e ao
Desenvolvimento da Educação Superior - FUNDES e ao programa FAP da
Universidade do Contestado e ao Laboratório de Desenvolvimento Tecnológico do
curso de Engenharia Elétrica.

REFERÊNCIAS

CONTE, T. M.; GARGINI, P. A. On the foundation of the new computing industry


beyond 2020. 2015. Disponível em: http://www.itrs2.net/. Acesso em: 2018

CYRUS, M. What kind of thing is moore’s law? 2015. Disponível em:


https://spectrum.ieee.org/semiconductors/devices/what-kind-of-thing-is-moores-law

INFINEON. ICL5101, 2015. Disponível em: http://pdf1.alldatasheet.com/datasheet-


pdf/view/740760/INFINEON/ICL5101.html Acesso em: 19 maio 2019

KADER, M. A.; UDDIN, R.; ABDULLAH, M. Bengali character based digital clock
using 13 segment LED display. 17th International Conference on Computer and
Information Technology (ICCIT). Dhaka, Bangladesh: IEEE, 2014. p. 388-391

MAXIM. MAX6954. Disponível em:


https://datasheets.maximintegrated.com/en/ds/MAX16838B.pdf Acesso em: 02 jun.
2019.

104
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
PASSOS, R. D. Cálculo real do consumo energético da carga atual da
iluminação no Bloco C da Universidade do Contestado Campus de Marcilio
Dias visando a substituição por lámpadas LED. Canoinhas: Universidade do
Contestado, 2017.

PECHT, M. Towards Service-Centric Internet of Things (IoT): From Modeling to


Practice. IEEE Internet of Things, 2018.

PRASAD, A.; CHAWDA, P. Power Management Factor and Techniques for IoT
Design Devices. In: IEEE (Ed.) 19th International Symposium on Quality
Electronic Design (ISQED), 2018. p. 364 - 370. Doi:
doi:10.1109/ISQED.2018.8357314

SOARES, G. M. Driver de longa vida e alta eficiencia para acionamento de


LED’s em iluminação publica. Juiz de Fora, 2012.

VUTHURI, N. K. et al. A Novel 7-segment digital clock implementation. IEEE,


2017.

105
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
ESTUDO APLICADO DO POTENCIAL DE GERAÇÃO DE ENERGIA
PIEZOELÉTRICA E VIA URBANA
Paulo César Pinto25
Patrícia Zini26
Cristiano Sampaio27
Waldemar Zucchi28

RESUMO
Transformar o peso do veículo que trafega sobre a pista em energia elétrica, converter
pressão mecânica em eletricidade: este é o princípio da tecnologia piezoelétrica em
teste, atualmente, em rodovias e vias urbanas pelo mundo – Energy Harvesting. A
energia gerada neste tipo de sistema (piezoelétrico) não é contínua, variando ao longo
do tempo, conforme o número de passagens de veículos e magnitude destas cargas.
Assim sendo, mostra-se viável, tecnicamente, quando instalados em locais
estratégicos de grande fluxo de veículos. Neste contexto, apresenta-se o potencial de
utilização desta energia obtida através do meio em rodovias e vias urbanas, sendo
apresentados estudos relacionados ao assunto, discutidos aspectos técnicos de
engenharia e infraestrutura de transportes; bem como, sua implantação em
cruzamento urbano em nível com dispositivo semafórico. Percebe-se viabilidade
técnica da geração de energia piezoelétrica em pavimentos como complementar às
demais, necessitando melhorias inerentes de qualquer inovação tecnológica; assim
como, para que se obtenha uma melhor atratividade econômica para implantação em
pequena, média ou grande escala..

Palavras-chave: Sustentabilidade; Energia piezoelétrica; Pavimento urbano.

ABSTRACT
Energy Harvesting is a concept that aims to transform the weight of the vehicle
traveling on a track into electrical energy, converting mechanical pressure into
electricity, it is the principle of piezoelectric technology currently being tested on
highways and urban roads around the world. This type of energy varies depending on
the load quantity of the vehicle and the number of times it passes, consequently, this
form of energy is discontinuous, being the best use when used on roads with a high
flow of vehicles. In this context, a study based on the implementation of piezoelectric
devices at an urban intersection with traffic lights in three Brazilian cities with different
25
Docente do Programa de Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental,
Universidade do Contestado – UNC Campus Concórdia, Coordenador do Grupo de Pesquisa GEDEQ,
e-mail: paulo.pinto@professor.unc.br
26
Discente do curso Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental, Programa de
Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental, Universidade do Contestado –
UNC Campus Concórdia E-mail: patriciazini.eng@gmail.com
27
Discente do curso Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental, Programa de
Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental, Universidade do Contestado –
UNC Campus Concórdia E-mail: engacsampaio27@gmail.com
28
Discente do curso Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental, Programa de
Mestrado Profissional em Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental, Universidade do Contestado – UNC
Campus Concórdia E-mail: zucchi@unochapeco.edu.br
106
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
ports is presented: Marau, Erechim and Passo Fundo. Piezoelectric energy still shows
the initial phase of technological and experimental development, but it shows the
potential for use in the urban environment, mainly due to the concentration of light
vehicles, speeds and as a complementary alternative existing in the existing electrical
network

Keywords: Energy harvesting; Piezoelectric devices; Urban pavement

1 INTRODUÇÃO

Existem diferentes maneiras de gerar energia elétrica por meio de pavimentos


rodoviários e vias urbanas, dentre elas: painéis fotovoltaicos, coletores térmicos,
geotérmicos e piezoelétricos, captadores eletromagnéticos em pontes/viadutos e
dispositivos eólicos.
Independente de qual fonte está sendo utilizada para produção de energia, há
três fatores inerentes a qualquer processo: (1) fonte de eletricidade com dois polos,
sendo um positivo e outro negativo; (2) a fonte deslocará os elétrons para fora do
terminal negativo com certa diferença de potencial e (3) os elétrons necessitam de um
condutor (fio de cobre). Quando existe um caminho que vai do terminal negativo para
o positivo, existe o chamado circuito: elétrons percorrem o condutor. Assim sendo,
qualquer dispositivo que precise de eletricidade para funcionar pode ser conectado ao
circuito e a fonte de eletricidade fornecerá energia elétrica. Dessa forma, pode-se
obter energia de várias formas: renováveis (energia solar, eólica...), não renováveis
(carvão, petróleo...) e até mesmo criar energia através de um meio.
Em 2014, The Global Cleantech Innovation Index divulgou lista de países que
fazem parte da campanha denominada Revolução Verde. Dentre os quesitos
avaliados, destacam-se a eficiência energética, fontes renováveis de energia,
tratamento e destinação de resíduos e reuso de água. Nessa seara, o Brasil está
classificado em 25º lugar, visto que, em nível nacional, o principal modal de
transportes é o rodoviário para bens, serviços e pessoas, sendo o tráfego de veículos
uma possibilidade para produção de energia sustentável através de um meio.
Em rodovias ou vias urbanas, os equipamentos de energia renovável podem
ser aplicados, especificamente, nos pavimentos, onde existe grande quantidade de
energia desperdiçada, como a energia mecânica gerada pelos veículos e pelo vento;
bem como, pela energia térmica e radiação solar incidente. Estes potenciais
107
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
energéticos poderiam abastecer sensores, balanças, câmeras e iluminação ao longo
da rodovia (sem a necessidade de rede de distribuição de energia elétrica em grandes
distâncias), até mesmo para recarregamento de veículos elétricos.
Apresenta-se, por meio da Tabela 1, comparativo de custo de cada fonte de
energia renovável (US$/kWh) e nível de maturidade (NM). NM-1 significa que a
tecnologia se encontra em nível básico de pesquisa, enquanto NM-9 indica
implementação da nova tecnologia com sistema existente. É importante salientar que
tanto o custo como o nível de maturidade variam de acordo com o avanço dos estudos
e dos incentivos governamentais. As novas tecnologias, predominantemente, iniciam
seus processos com custos elevados e nível de maturidade baixos, mas os avanços
tecnológicos atuais provocam alterações muito rápidas nesse cenário, fato que
fomenta a importância de estudos de novas tecnologias.

Tabela 1 – comparativo entre tecnologias de energia renovável em microgeração

N. Energia Renovável Custo N.M.


US$/kWh (1 - 9)
1 Fotovoltaica 0,45 9
2 Coletores Solares 4,21 4
3 Termoelétrica 95,74 3
4 Geotermal 0,16 9
5 Piezoelétrica 106,38 4
Fonte: Adaptado de: Wang (2018)

2 REVISÃO DE LITERATURA

Nos EUA, um casal de cientistas do estado de Idaho apresentou o projeto


denominado Solar Roadways, que substitui a camada de rolamento do pavimento por
painéis fotovoltaicos, ou seja, painéis que geram energia através do calor do sol. As
células fotovoltaicas são dispostas na superfície do pavimento, estando protegidas por
um material transparentes, sem brilho e antiderrapante. Cada placa fotovoltaica é
ligada a um circuito, onde a energia gerada é transferida para uma rede. Um dos
marketings utilizados pelos pesquisadores foi que a tecnologia seria capaz de auxiliar
a derreter as camadas de neve acumuladas em rodovias e vias urbanas. A Solar
Roadway implantada nas proximidades da cidade de Sandpoint, Idaho, utilizou cerca
de 30 painéis, cada um capaz de gerar 48 watts, totalizando, assim, 1.440 quilowatts.
No momento da inauguração, em 2016, muitos painéis não estavam funcionando
108
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
adequadamente; assim como, aqueles em funcionamento pleno não geraram a
capacidade estimada de energia. No relatório entregue ao DOT-Idaho, consta que 1/3
da energia gerada pelos painéis foi consumida pelos LEDs embutidos e que os
elementos de aquecimento e derretimento da neve consumiriam o restante da energia
gerada (MEHTA; AGGRAWAL; TIWARI, 2017).
Na França, a primeira rodovia solar do mundo – Wattway – foi inaugurada em
2016 (Figura 1); composta de 1 km de extensão de painéis fotovoltaicos temperados,
custou € 5 milhões, tendo capacidade de geração de 280 megawatts-hora de energia
por ano, ou cerca de 767 quilowatt-hora por dia. Essas métricas elevaram o custos
dos painéis fotovoltaicos reforçados com resina de silício da Wattway para €
17/quilowatt/hora, o que equivale a 13 vezes mais que os € 1,3/quilowatt/hora para
instalação de painéis fotovoltaicos em telhados (BROIZAT, 2016). Segundo o
pesquisador, no monitoramento do primeiro ano de operação da Wattway, a geração
de energia se deu no patamar de 409 quilowatt-hora por dia, cerca de metade da
produção diária esperada (767 quilowatt-hora – dia).

Figura 1 – Instalação de painéis fotovoltáicos em rodovia

Fonte: Broizat (2016)

A localização de parques eólicos já se dá próxima às rodovias, dependendo


única e exclusivamente da incidência de ventos para viabilidade técnica e econômica.

109
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
O projeto conceitual titulado Solar Wind Bridge trata da geração de energia
elétrica por meio da instalação de turbinas de vento entre pilares de pontes
(COLAROSSI; SARACINO; SARACINO, 2011) – Figura 2. Os autores apontam
potencial de geração de 36 milhões de KW/h, tendo capacidade de abastecer 15 mil
casas. Contudo, deve ser ressaltado que a concepção inicial apresentada não
considera, em nenhum momento, a viabilidade em termos da estabilidade estrutural
da ponte nem do fenômeno físico de ressonância.

Figura 2 – Protótipo para obtenção de energia eólica em estrutura de ponte rodoviária

Fonte: Colarossi, Saracino e Saracino (2011)

O efeito piezoelétrico – derivado do grego: significa eletricidade por pressão –


sendo descoberto pelos irmãos Pierre e Jacques Currie em 1880. Trata-se da
propriedade que certos cristais possuem de liberar elétrons, proporcionalmente, em
resposta à pressão mecânica. Ocorre porque cristais piezoelétricos possuem átomos
eletricamente neutros em seu interior que não possuem arranjo interno simétrico, suas
cargas elétricas são perfeitamente balanceadas – carga positiva cancela carga
negativa – ou seja, os momentos dipolos elétricos se anulam. Assim sendo, se uma
pressão mecânica for realizada em um cristal piezoelétrico, ocorrerá deformação de
sua estrutura, fazendo com que alguns átomos fiquem mais próximos e outros mais
distantes (Figura 3), perturbando o balanço entre as cargas positivas e negativas,
criando uma diferença de potencial (DDP) com cargas negativas e positivas em lados
opostos das faces do cristal (não há cancelamento dos momentos de dipolo).
110
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 3 – estrutura do cristal piezoelétrico PZT: (1) situação de repouso e (2) após pressão mecânica

Fonte: Malmonge (2008)

Os principais cristais que sofrem o efeito piezoelétrico são: sulfureto de zinco


(ZnS), clorato de sódio (NaClO3), cloroborato de magnésio (Mg3B7O13Cl), bem
como, os mais conhecidos como a turmalina, o quartzo e o topázio. Segundo McAlpine
(2014), o Titanato de Zirconato de Chumbo (PZT) é um dos mais eficientes e pode
converter até 80% da energia mecânica em elétrica, sendo 100x mais eficiente do que
o quartzo.
Em resumo, materiais com características piezoelétricas geram eletricidade
quando são submetidos a tensões mecânicas ou, inversamente, geram deformações
ao aplicar um campo elétrico sobre os mesmos. Esse comportamento trouxe a
atenção de pesquisadores em diversos setores e, recentemente, a possibilidade de
aplicação na área de pavimentação, para estudos dos possíveis potenciais dessa
tecnologia.
No setor de engenharia de transportes, os dispositivos piezoelétricos podem
ser adaptados nas suspensões dos veículos ou, então, embutidos na estrutura do
pavimento, transformando a deformação proveniente da tensão aplicada pelos
veículos em energia elétrica. A energia, portanto, gerada pelo sistema não é contínua,
variando ao longo do tempo, conforme o número de passagens de veículos e a
magnitude das cargas passantes.
Em 2007, é inaugurada a danceteria Watt em Roterdã, na Holanda,
considerada a primeira a incluir pisos piezoelétricos para geração de energia por meio
da carga mecânica das pessoas na pista de dança – Figura 4. Após, foi inaugurada
em Londres a danceteria Surya, onde os dançarinos geram cerca de 60% da

111
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
eletricidade consumida no local por meio de dispositivos piezoelétricos (BUITENHUIS,
2010).
De acordo com Cook (2014), plataformas piezoelétricas foram instaladas no
Ultra Music Festival Korea, obtendo 250.000 pisadas. Sendo suficiente para carregar
10.000 telefones celulares. Nesse mesmo ano, 2014, foi criado um campo de futebol
no Morro do Mineiro, no Rio de Janeiro, Brasil, com 200 placas piezoelétricas,
responsáveis pela geração entre 20 a 30% dos 2kWh que são capazes de manter os
refletores acesos por até 10 horas (PAVEGEN, 2014).
Citam-se alguns locais, atualmente, onde estão instaladas placas para geração
de energia piezoelétrica pelo trânsito de pedestres: Heathrow Airport (oeste de
Londres), estação de trem de Saint-Owmer (norte da França), na Renaissance Works
e na estação de metrô WestHam (Londres), Riverdale School (Nova York), na
Gloucestershire University (sudoeste da Inglaterra).

Figura 4 – Piso piezoelétrico em pista de dança

Fonte: Sustainable Dance Club

Toulouse, na França, foi a primeira cidade a empregar essa tecnologia em vias


urbanas; distribuindo 8 módulos piezoelétricos na região central, produzindo cerca de
60 watts cada (suficiente para acender uma lâmpada). Segundo cálculos de Cook

112
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
(2014), podem ser gerados ao longo de uma estrada de 1 quilometro cerca de 200
kWh por hora, considerando 600 veículos pesados trafegando a 45 Mph.
Conforme Shulz (2015), em testes realizados em duas estações de metrô de
Tóquio, no Japão, por onde passam 2,4 milhões de japoneses em média durante um
dia útil, uma pessoa com 60 kg gerava 0,1 watt por segundo em 2006. Houve
melhorias nos dispositivos piezoelétricos instalados e, em 2007, a capacidade de
geração de energia por pessoa chegou a 1 watt por segundo. Em 2014, Cook (2014)
verificou que um pedestre pode produzir até 60 watts por segundo.
O potencial de geração de energia por meio da piezoeletricidade é pequeno;
provavelmente, sendo destinado somente para melhorias de sinalização ou
iluminação pública ou, de forma adicional, à rede elétrica existente. Contudo,
considerando os dados publicados pela Empresa de Pesquisa Energética do Brasil
(EPE/BR) que aponta consumo de anual de 467.161 GWh em 2018 – representado
acréscimo de 1,1% com relação ao consumo de 2017 – há aumento da demanda
energética em nível nacional, podendo ser necessárias gerações alternativas em
menores escalas como possibilidades para suprir o crescente consumo e a alocação
incipiente de recursos.
Benarroch (2007) relata o exemplo de implantação de sensores piezoelétricos
em pavimento rodoviário próximo à cidade de Israel. A pesquisa, desenvolvida pelo
Technion: Instituto de Tecnologia de Israel, dispôs os sensores sob uma camada de
revestimento asfáltico adaptado de 13 cm – localizados a 5 cm da superfície – a
energia acumulada por sua deformação foi armazenada em baterias dispostas ao
longo do trecho teste de 100 m; sendo possível iluminar toda sua extensão. O
pesquisador estima, visto que Israel possui pouco mais de 22.000 km², que seja
possível a instalação em 250 km de estradas.
Segundo Zhao, Ling e Yu (2012), placas piezoelétricas dispostas ao longo de
1 km de rodovia, seriam capazes de gerar energia elétrica suficiente para abastecer
2,5 mil casas (200 kWh por faixa de tráfego). Esta estimativa considera volume de 600
veículos pesados por hora de tráfego atuante médio.
A geometria da montagem dos conversores interfere também para a energia
gerada. Zhao, Ling e Yu (2012), sugerem utilização de dispositivos piezoelétricos do
tipo címbalo com 32 mm de diâmetro, capacidade de gerar até 1,20 mW de energia
elétrica com frequência de 20Hz de carga dos veículos.

113
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Estudo de viabilidade foi desenvolvido por Roshani (2016) para aplicação de
um protótipo de gerador piezoelétrico em pavimento rodoviário, desenvolvido com
discos de material PZT inseridos entre duas placas rígidas de cobre para serem
embutidos na estrutura do pavimento (camada de revestimento) – Figura 5. Nesse
caso, a energia atingida com base em ensaios de laboratório é de aproximadamente
1.080 Wh por ano, considerando tráfego diário de 100.000 veículos, custo unitário do
protótipo de US$ 200 (não considerado cabeamento nem instalação).

Figura 5 – protótipo de dispositivo piezoelétrico para utilização em pavimentos rodoviários

Fonte: Adaptado de Roshani (2016)

Em termos de concessões rodoviárias, uma praça de pedágio se constitui de


uma estrutura com demanda energética intensa, necessitando, assim, de energia
estável e economicamente atrativa. Um dos importantes aspectos de rodovias
próximas a regiões metropolitanas é que o pico de fluxo se dá no horário de pico de
fornecimento de energia, significando que praças de pedágio demandam mais energia
para seu funcionamento no horário de tarifa mais elevada. Para que se tenha um
conceito sustentável, é necessário que se abracem vários tipos de dispositivos que
possam melhor subsidiar o micro gerenciamento das demandas. Neste sentido,
Tomazini et al. (2018), implantaram sistema piloto de microgeração de energia através
de 16 transdutores piezoelétricos – 4 caixas com 4 sensores cada (Figura 6) – na
praça de pedágio da BR-290/RS [km 76+000 PS], objetivando o abastecimento
elétrico de um sistema de sinalização viária composto por tachas com lâmpadas LED
formando efeito estroboscópio na faixa destinada à passagem dos veículos com
pagamento tarifário automático.

114
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 6 – Transdutores piezoelétricos instalados no pavimento rodoviário

Fonte: Tomazini et al. (2018)

Os dispositivos piezoelétricos instalados por Tomazini et al. (2018) mostraram


obtenção de picos médios de tensão em torno de 1,7V, quando considerada a
passagem de um caminhão de 6 eixos: apresentam-se, pela Figura 7, os picos de
tensão por eixo deste estudo. A passagem registrada do veículo em questão permitiu
o cálculo de potência (Lei de Ohm), considerando os 3 segundos de duração: potência
média de 0,981 µW e potência máxima de 36,1 µW.

Figura 7 – picos de tensão gerados pela passagem de um caminhão de 6 eixos

Fonte: Adaptado de Tomazini et al. (2018)

115
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Pelos estudos apresentados, mostra-se de grande valia a continuidade de
pesquisas com materiais piezoelétricos em rodovias para que os dispositivos de
Energy Harvesting sejam aprimorados, considerando os esforços mecânicos do
entorno, dispositivos auxiliares de captação energética e as características
construtivas das camadas do pavimento; com isso, essa tecnologia se tornaria mais
atrativa financeiramente.
Não houve registros de qualquer pesquisa sobre monitoramento de pavimentos
rodoviários piezoelétricos ao longo do tempo e qual influência dos sensores no
desempenho funcional e estrutural do pavimento. Visto que a aplicação da tecnologia
de obtenção de energia pelo meio acarretará em possíveis alterações na estrutura da
camada de revestimento do pavimento – homogeneidade, disposição construtiva de
suas subcamadas e compactação – trechos experimentais devem ser executados
para adequações eletroeletrônicas nos sensores piezoelétricos e melhorias no nível
de maturidade da tecnologia, conforme já apresentado pela Tabela 1.

3 METODOLOGIA

Sabe-se que o potencial energético dos sensores piezoelétricos é dependente


do volume de tráfego atuante e do peso dos veículos passantes no local. Contudo, em
termos de intensidade da carga atuante no pavimento, quanto maior for, maior as
tensões de cisalhamento impostas à estrutura e maior a fadiga do revestimento,ou
seja, há diminuição do desempenho do pavimento (necessitando intervenções na
ordem de manutenção e de restauração). Assim sendo, tendo potencial para que os
dispositivos piezoelétricos sofram precoces avarias ou necessitem manutenção em
menor tempo por degradação ou pelas próprias patologias oriundas do pavimento.
Desta forma, a utilização em vias urbanas se mostra com certa vantagem; uma vez
que há restrição dos veículos de carga em determinadas vias (planejamento municipal
de transportes) e concentração de fluxo em cruzamentos urbanos (maior volume de
tráfego).
A fim de verificar o potencial energético do emprego de sensores piezoelétricos
em via urbana no Brasil, foi considerada a instalação de dispositivos em cruzamento
urbano em nível com dispositivo semafórico na cidade de Passo Fundo/RS. Tendo
como local de implantação o cruzamento entre a Avenida Brasil Centro e a Avenida

116
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Sete de Setembro – Figura 8. Nesse ponto, há grande fluxo de veículos e ônibus
municipais, sendo o principal caminho entre o deslocamento Leste-Oeste da
população (Av. Brasil); bem como, um dos principais caminhos para quem desloca até
o centro comercial e de serviços de saúde de Passo Fundo (Norte-Sul) e de acesso à
Avenida Presidente Vargas. Ainda, sendo continuidade do traçado geométrico das
rodovias estaduais RS-135 e RS-324.

Figura 8 – cruzamento urbano para implantação de pavimento piezoelétrico em Passo Fundo/RS

A estimativa do tráfego atuante no local se deu por meio da contagem de


veículos passantes em 5 tempos semafóricos por hora em cada sentido, considerando
apenas o horário do ir e vir das pessoas, bens e serviços em termos comerciais (08h
– 20h). O referido cruzamento possui semáforo de 2 tempos, sendo 1min30s na Av.
Brasil (sentidos leste e oeste) e 30s na Av. Sete de Setembro (sentido norte). Os
dados médios de veículos por tempo semafórico são apresentados na Figura 9.

Figura 9 – Tráfego médio de veículos por tempo semafórico no horário das 08h-20h

117
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
A implantação do pavimento piezoelétrico foi considerada em 2 áreas de 10 m
x 12 m no cruzamento entre a Av. Brasil (pistas leste e oeste) e a Av. Sete de Setembro
(pista norte): totalizando 240 m². A estimativa de tráfego atuante no horário
determinado na pesquisa é mostrada através da Tabela 2; não tendo diferenciação
entre a composição de eixo entre veículos. Para fins de configuração de carga,
considerado veículo tipo de 1.300 kg, pressão de contato pneu/pavimento de 2,25
kgf/cm².

Tabela 2 – Estimativa de tráfego atuante nas áreas de pavimento piezoelétrico


Área Localização Qtd. de veículos
1 Av. Brasil Leste X Av. Sete de Setembro 27990
2 Av. Brasil Oeste X Av. Sete de Setembro 28230
TOTAL 56220

Baseado no protótipo de sensor piezoelétrico desenvolvido por Yesner (2016)


- Figura 10 - e adequando os dados obtidos pelo pesquisador para a composição de
carga considerada no presente estudo, estima-se densidade energética na ordem de
3,87 Wh/m² para passagem de 500 veículos.

Figura 10 – protótipo de sensor piezoelétrico

Fonte: Yesner (2016)

Sabendo que as solicitações mecânicas dos rodados não se darão em toda a


área de instalação das placas (240 m²), foi considerada a ação em metro linear de
sensores ao longo do trajeto dos veículos: 75 placas piezoelétricas ao longo do eixo

118
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
da Av. Brasil e 62 placas piezoelétricas ao longo do eixo da Av. Sete de Setembro
(cada placa medindo 0,40 m x 0,40 m).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apresenta-se, por meio da Tabela 3, potencial quantitativo de energia elétrica


gerada pela instalação de 240 m² de sensores piezoelétricos no cruzamento urbano
entre as Av. Brasil e Av. Sete de Setembro, na cidade de Passo Fundo/RS.

Tabela 3 – Potencial de geração de energia elétrica por meio de pavimento piezoelétrico em via
urbana (cruzamento semafórico em nível na cidade de Passo Fundo/RS)
Av. Brasil
Av. Sete de
Horário
Leste Oeste Setembro
TOTAL
08:00 125,39 130,96 81,27 337,62
09:00 119,82 111,46 88,24 319,51
10:00 103,10 111,46 74,30 288,86
11:00 97,52 108,67 95,20 301,40
12:00 114,24 97,52 99,85 311,61
13:00 97,52 105,88 104,49 307,90
14:00 86,38 91,95 83,59 261,92
15:00 100,31 114,24 71,98 286,53
16:00 103,10 94,74 62,69 260,53
17:00 89,16 97,52 85,91 272,60
18:00 103,10 89,16 81,27 273,53
19:00 94,74 103,10 74,30 272,14
20:00 83,59 83,59 65,02 232,20
TOTAL (W/dia) 3726,35

Mostra-se, pela Tabela 4, comparativo potencial da utilização da energia obtida


pelo pavimento piezoelétrico em termos de consumo de aparelhos ligados na rede
elétrica no período de análise considerado: 08h às 20h. Em caráter de exemplificação:
a Energy Harvesting gerada seria capaz de fazer a recarga completa da bateria de
621 smartphones, bem como manter acesas 31 lâmpadas fluorescentes pelo período
de 12 horas.

119
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Tabela 4 – quantitativo de aparelhos elétricos que podem ser abastecidos pela energia gerada pelo
pavimento piezoelétrico em meio urbano
Consumo Quantidade
N. Aparelho Elétrico
(W/h) (08:00 - 20:00)
1 Recarga completa de Smartphone 4 621
2 Lâmpada Fluorescente 15 31
3 Notebook 15'' 100 5
4 Televisão 29'' 110 4
5 Geladeira Freezer 130 4
6 Secador de Cabelo 600 1
7 Ar Condicionado 7.500 BTU 1000 0,5

Percebe-se potencial de utilização de pavimento piezoelétrico como fonte


auxiliar de energia elétrica, podendo também ser usado pontualmente em alguns
casos. Um destes poderia ser a alimentação energética do sistema semafórico local
no cruzamento de pavimento piezoelétrico. Utilizando os dados de Haddad &
Yamachita (2005) quanto ao consumo energético de luzes LED utilizadas na
sinalização vertical urbana para veículos e pedestres; bem como, considerando a
configuração semafórica no cruzamento em Passo Fundo/RS – 8 dispositivos
veiculares e 8 dispositivos para pedestres – estima-se consumo total de 337,68 W/h
(16 circuitos LED de alto brilho com lente Fresnel das cores Vermelha e Verde e 8
lâmpadas do mesmo tipo de cor amarela). Assim sendo, a energia gerada pelo
pavimento piezoelétrico em 12 horas seria capaz de gerar autonomia de 11 horas para
a sinalização semafórica do local.
A obtenção de piezoeletricidade em pavimento urbano se mostra com as
seguintes vantagens com relação a utilização em rodovias:
1) esforços do tráfego atuante com menor intensidade (menor nível de tensões
nos dispositivos eletroeletrônicos e menor necessidade de manutenção do
pavimento);
2) maior volume de veículos, principalmente quando instalado em cruzamentos
de vias urbanas;
3) controle da velocidade do tráfego no local, menor risco de aquaplanagem
por possíveis dispositivos localizados na superfície do pavimento.
Possibilidade quando instalado em local em que há controle de velocidade
pela sinalização semafórica.

120
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
4) alta demanda energética do entorno (iluminação pública, sinalização viária,
residências, comércio e indústria);
5) menor comprimento de cabeamento até a rede elétrica principal (quando
utilizado como fonte energética adicional);

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os índices, em nível mundial, mostram uma crescente demanda energética nos


últimos anos. Tendo espaço para que energias renováveis se desenvolvam e ganhem
aceitação para implantação em escala real de uso; não de forma a substituir as
convencionais, mas de forma a acrescentar potencial energético na rede já existente.
A energia obtida por um meio, como é o caso do pavimento piezoelétrico, ainda
se mostra em fase inicial de desenvolvimento tecnológico e experimental; contudo,
mostra-se com potencial de utilização tanto em rodovias como em meios urbanos.
O pavimento piezoelétrico, em via urbana, mostra-se com tendência de ser
viável técnica e economicamente em um pequeno espaço de tempo pelos dados
energéticos obtidos na área de implantação considerada.

REFERÊNCIAS

BENARROCH, W.L. Harvesting Energy from Asphalt Pavement by Piezoelectric


Generator. Israel Symphosium of Energy, v. 3, 2017.

BROIZAT, J.C. Wattway: La Route Solaire. Solar Impulse Foundation: Technical


Datashet, 2016.

BUITENHUIS, T. Watt: Sustainable Dance Club. American Sustainable Review, v. 1,


n. 2, 2010.

COLAROSSI, F; SARACINO, G; SARACINO, L. Building a Bridge to Renewable


Energy. Energy Conversion and Management, v. 50, p. 2029-2034, 2011.

COOK, C. A. Foot Powering. Tokyo Train Station: Innow Presentation, 2014.

HADDAD, J; YAMACHITA, R.A. Os Avanços Tecnológicos em Sistemas de


Iluminação e o Correspondente Impacto na Eficiência Energética de Edificações.
XVIII SNPTEE, Curitiba, 2015.

MALMONGE, J.A. Piezo and Dielectric Properties of PHB-PZT Composite. Polymer


Composites, v. 30, n. 9, p. 1.333-1337, 2008.

121
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
McALPINE. Innowattech, energy harvesting systems. Iroads TN-35, 2014, p 43-
49.

MEHTA, A; AGGRAWAL, N; TIWARI, A. Solar Rodways: The Future of Roadways.


International Advanced Research Journal In Science, Engineering and
Technology, Ghaziabad, v. 2, Special Issue 1, p. 167-182, 2017.

PAVEGEN. Eletric footprint: application programming interface technology review.


Startup Pavegen, 2014.

PEREIRA, A.H.A. Cerâmicas piezoelétricas: funcionamento e propriedades.


Application Note RT-ATCP-01, 2010.

RANJAN, E.R. Solar power roads: revitalising solar highways, eletrical power and
smart grids. International Journal of Engineering Research and General
Science, v. 3, n. 1, p. 361-385, 2015.

ROSHANI, H. Energy harvesting from asphalt pavement roadways vehicle-induced


stresses: a feasisbility study. Applied Energym, v.182, p. 210-218, 2016.

SHULZ, W. Science of the future: Perfect City, WMAD Editors, 2015

TOMAZINI, D; DOERING, D, HIRSCH, F. BRITO, L. Estratégias de eficiência


energética em praças de pedágio rodoviários. Pesquisa RDT Triunfo-Concepa,
ANTT, 2018.

WANG, H. Energy harvesting technologies in roadway and bridge for different


applications: a comprehensive review. Applied Science, v.212, p. 1083-1094, 2018.

YESNER, G. Evaluation of a novel piezoeletric bridge transducer. European


Conference on Application of Polar Dielectricts and Piezoelectric Force
Microscopy, Atlanta, 2017, p. 1-17.

ZHAO, H; LING, J; YU, J. A comparative analysis of piezoelectric transducers for


harvesting energy from asphalt pavement. Journal of the Ceramic Society of
Japan, v. 120, n. 8, p. 317-323, 2012.

122
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
VIABILIDADE ECONÔMICA DE LAJES MACIÇAS E NERVURADAS: ESTUDO DE
CASO29
Valdemar Junior Zucchi30
Paulo César Pinto31

RESUMO
Com o crescimento dos grandes centros e o aumento de edificações cada vez mais
verticalizadas e com vãos cada vez maiores surge a necessidade da implementação
de sistemas de lajes mais eficientes quanto às deformações e consumos de materiais.
O presente trabalho é um estudo de caso no qual foram feitas 14 modelagens no
software TQS em uma mesma planta de forma, utilizando os sistemas de laje maciça
e laje nervurada moldada in loco. Os modelos foram padronizados em alguns aspectos
como seção de vigas e pilares e também passaram por uma padronização na
resistência do concreto utilizado. Os resultados firmam o real motivo do uso das lajes
nervuradas nas edificações atuais com maiores vãos, onde fica evidenciado que o uso
de lajes maciças é sim satisfatório em alguns casos, mas vêm perdendo espaço
devido seu alto consumo de concreto e aço.

Palavras-chave: Consumo materiais; Sistemas estruturais; Lajes maciças; Lajes


nervuradas.

ABSTRACT
With the growth of large centers and the increase in buildings that are increasingly
verticalized and with increasingly larger spans, there is a need for the implementation
of slab systems more efficient in terms of deformations and material consumption. The
present work is a case study in which 14 models were made in the TQS software in
the same shape plan, using the systems of solid slab and ribbed slab molded in loco.
The models were standardized in some aspects as a beam and column section and
also underwent a standardization in the strength of the concrete used. The results
confirm the real reason for the use of ribbed slabs in current buildings with larger spans,
where it is evident that the use of solid slabs is indeed satisfactory in some cases, but
has been losing space due to its high consumption of concrete and steel.

Keywords: Consumption of materials; Structural systems; Mssive slabs; Ribbed slabs.

29
Pesquisa vinculada ao Grupo de pesquisa em Engenharia, Desempenho e Qualidade ambiental ‐
GEDEQ
30
Engenheiro Civil, Mestrado em Engenharia Civil Sanitaria e Ambiental, Doutorando em Tecnologia
da Inovação pelo PPGTI – UNOCHAPECO. valdemar-zucchi@hotmail.com.
31
Engenheiro Civil, Mestrado em Engenharia de Transportes, Doutorando em Infraestrutura de
Transportes pelo PPGCI - UFGRS. eng.paulop@gmail.com
123
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
1 INTRODUÇÃO

Com o passar dos anos, as cidades, em geral, têm mostrado uma tendência
evolutiva do desenvolvimento contínuo e isso tem gerado uma forte migração da
população para os centros urbanos (WORDELL, 2003). Devido ao alto custo dos
terrenos em área central, tem-se optado por fazer o melhor aproveitamento possível
do terreno. Sendo assim, é mais comum vermos edificações verticalizadas atualmente
(CASTRO NETO, 2015).
Segundo Spohr (2008), a busca por opções mais econômicas tem se tornado
muito difícil, já que as estruturas mais antigas eram feitas em vãos menores. Assim, o
uso da laje maciça, por exemplo, não trazia maiores problemas, porém, na atualidade,
cada vez os vãos estão ficando maiores, havendo uma preocupação por parte dos
construtores devido a essa evolução imobiliária, sendo que as lajes estão ficando cada
vez mais espessas e, consequentemente, mais inviáveis economicamente.
Sabe-se que o projeto é a etapa mais importante da obra e que é nesse
momento que se deve escolher o melhor e mais barato sistema estrutural, já que os
custos dessa etapa equivalem de 15% a 20% do total. Justifica-se, então, que um
estudo visando à produtividade de 10% no sistema de lajes pode trazer uma economia
de 2% do total da obra (ALBUQUERQUE, 1999).
De maneira geral cada concepção estrutural pode variar conforme a demanda
em que sua estrutura é exposta. Sendo assim, a escolha correta dos sistemas
estruturais são relevantes para uma concepção econômica e bem-sucedida
(TARANATH, 2010).
De modo a responder essas questões, comparou-se, neste estudo, a
viabilidade financeira de lajes maciças e nervuradas de um modelo fictício e foi
comparado com outros estudos da área, buscando o melhor custo-benefício entre as
mesmas.

124
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 LAJES

As lajes são um dos elementos mais importantes da estrutura, já que todo o


carregamento da estrutura geralmente parte delas. Comumente esses elementos são
também chamados elementos de superfície ou placas, devido a seu tamanho ser
extenso, porém com espessuras pequenas.
De modo geral as lajes têm uma dupla função estrutural, uma vez que
funcionam como placas, ao suportarem as cargas verticais aplicadas ao longo dos
pisos, e como chapas, ao se constituírem em diafragmas rígidos horizontais que
distribuem pelos diferentes pilares da estrutura as forças horizontais e os momentos
fletores originados pela deformação atuante (FRANCA; FUSCO, 1997).
Sendo assim, as lajes podem ser entendidas como elementos estruturais
planos que têm a dupla função de resistir aos esforços normais que atuam
perpendicularmente ao seu plano principal e aos esforços tangenciais que atuam
paralelamente a este plano (FRANCA; FUSCO, 1997).

2.2 LAJES MACIÇAS

As lajes, de maneira geral, podem ser classificadas de diversas maneiras,


podendo ser divididas de acordo com sua natureza e tipo de apoio, porém, na grande
maioria das vezes, elas são divididas em dois grupos que consiste no processo de
fabricação das mesmas como: lajes moldadas in loco e lajes pré-moldadas, onde a
pré-fabricação pode ser parcial ou total (DORNELES, 2014).
Para Araújo (2014b), as lajes maciças de concreto armado (moldadas in loco),
em geral, são as mais utilizadas e empregadas na construção civil. Isso se dá pela
sua facilidade no método de cálculo, assim como no processo de execução da mesma.
Ela é mais utilizada quando não há necessidade de vencer grandes vãos em
decorrência do seu grande consumo de concreto e elevado peso próprio.
Porém, devido ao aumento dos grandes vãos nos últimos anos, a laje maciça
tem se mostrado inviável economicamente, Santos (2009) efetuou uma análise
comparativa no dimensionamento de lajes maciças -Figura 1- convencionais e lajes

125
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
nervuradas apoiadas sobre vigas -Figura 2- e -Figura 3-. Foi observado que o sistema
que emprega lajes nervuradas apresentou uma economia de 10,98% em relação ao
sistema que se utiliza de laje maciça.

Figura 1 – Laje armada sobre vigas.

Fonte: Libanio (2003).

2.3 LAJES NERVURADAS

A primeira laje nervurada executada foi feita por William Boutland Wilkinson em
1854 que patenteou um sistema em concreto armado composto de pequenas vigas
espaçadas umas entre as outras, dispondo barras de aço nas regiões tracionadas e
preenchendo os vazios entre as nervuras com moldes de gesso (KAEFER, 1998 apud
ARAÚJO, 2008).
As lajes nervuradas, então, são constituídas por uma série de pequenas vigas
espaçadas entre si pela mesa, possuem seção transversal em forma de “T” já que a
mesa da laje ou região comprimida é considerada para o cálculo e comportam-se,
estaticamente, de maneira intermediária entre placa e grelha (BOCCHI; GIONGO,
1993 apud ARAÚJO, 2008).
Dessa forma, combatem com muita eficiência os esforços de tração, que são
absorvidos pela nervura com a devida armadura, e os esforços de compressão que
são suportados, em sua maior parte, pela mesa colaborante.
Devido a linha neutra dessas lajes, geralmente, estarem situadas próximas ou
sobre a mesa colaborante, a parte inferior não contribui em nada para a resistência e
compressão, servindo apenas para garantir a aderência entre o aço e o concreto. Tal
região é considerada inerte e poderá ser preenchida com material mais leve, sem
126
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
função estrutural, como placas de isopor, elementos cerâmicos, cubetas plásticas,
entre outros (ARAÚJO, 2008).

Figura 2 – Montagem formas laje nervurada

Fonte: ATEX (2018)

Figura 3 – Laje nervurada finalizada

Fonte: ATEX (2018)

Vale destacar que a redução do peso próprio da estrutura é a principal


vantagem deste sistema, devido aos vazios entre as nervuras ou aos leves materiais
de enchimento que diminuem o volume de concreto. Existe ainda aumento na altura
da laje, resultando no aumento da inércia e, consequentemente, no aumento da sua
rigidez (ALBUQUERQUE ,1999).

127
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
3 MATERIAIS E MÉTODOS

Para coleta de dados e informações foi utilizado uma mesma planta de formas
contendo 4 pilares, 4 vigas e 1 laje de estudo. Essa planta de forma teve aumento
gradativo de seus vãos para estudo partindo de vãos com 3x3, 4x4, 5x5, 6x6, 7x7, 8x8
e 9x9.
Essa planta de forma foi, então, lançada no software CAD/TQS, uma
ferramenta de cálculos para análise e detalhamento para a elaboração de projetos de
estruturas de concreto armado, protendido e em alvenaria estrutural. Sendo que, tanto
para as lajes maciças como para as lajes nervuradas, foram lançados todos os vãos
individualmente, com intuito de se obter o consumo de materiais de cada vão de laje.
Para iniciar a modelagem no software TQS e obter resultados mais coerentes,
que poderiam representar um modelo base para comunidade e pesquisas futuras, foi
imposta a mesma planta como referência; as vigas foram submetidas a uma seção
única de 20x50cm e um carregamento linear de parede de bloco de 14 cm com uma
altura de 2,5m, o pé direito estabelecido em três metros e vinte centímetros e o
aumento de espessura das lajes era feito conforme a flecha máxima era ultrapassada.
Os parâmetros utilizados nos modelos foram baseados na cidade de
CONCÓRDIA-SC. Para tanto, foram impostas algumas atribuições a todos os
modelos, que foram:
Para o critério de classe de agressividade foi escolhida a classe II moderada
de uso urbano, reproduzindo solo central sem riscos de deterioração. A resistência do
concreto para todas as peças estruturais (pilares, vigas e lajes) foi definida como (25
MPa), com o agregado basalto de diâmetro 19 mm.
Para lançamento dos carregamentos sobre a laje foram estabelecidos
1,5KN/m² de carga fixa e 1,5KN/m² de carga acidental. Sendo assim, os esforços das
lajes passaram por combinações de carregamento diferentes
A flecha máxima nas lajes ficou definida como L/250, e, assim, o aumento de
espessura ficou atrelado a flecha máxima da laje.
Todas as flechas foram avaliadas seguindo a análise estrutural do software,
Grelha – TQS, utilizado para calcular o processo de determinação de flechas dos
diversos tipos de lajes, sendo que, para as lajes e nervuradas, foi usado o modelo de
grelhas não lineares.

128
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Para cada tipo de laje, foram coletados os dados referentes às áreas dos vãos,
conforme o projeto de formas adquirido do projeto estrutural, para então ser
quantificados os volumes de concreto, quantidade de escoras, formas e aço a serem
utilizados. Assim, coletados os resultados equivalentes ao quantitativo de materiais,
através do resumo estrutural e do resumo de plantas e materiais, presente no item
“resumo estrutural” do Software CAD/TQS.

Figura 4 – Planta de formas do modelo estudado.

Fonte: Elaborado pelos autores.

4 RESULTADOS

A modelagem iniciou com o modelo de vão 3x3, utilizando-se de laje maciça e,


posteriormente, com laje nervurada até o limite de vão definido em 9x9, conforme
visualizado na Tabela 1 para lajes maciças e na Tabela 2 para lajes nervuradas.

Tabela 1 – Dados lajes maciças


Vãos 3x3 4x4 5x5 6x6 7x7 8x8 9x9
Flecha máxima(cm) 1,2 1,6 2 2,4 2,8 3,2 3,6
Flecha adotada (cm) 0,4 1,1 1,6 2,2 2,4 3 3,4
Quantidade de aço (Kg) 52,6 93,4 176,2 310,7 490,9 841,3 1438
Quantidade de concreto (m³) 0,9 1,6 3 5,4 9,8 16,4 24,3
Espessura laje(cm) 10 10 12 15 20 25 30
Fonte: Elaborado pelo autor

129
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Tabela 2 – Dados lajes nervuradas
Vãos 3x3 4x4 5x5 6x6 7x7 8x8 9x9
Flecha máxima(cm) 1,2 1,6 2 2,4 2,8 3,2 3,6
Flecha adotada (cm) 0,3 0,8 1,6 1,9 1,8 2,7 3,2
Quantidade de aço (Kg) 42,4 68,7 109,4 201,8 298,5 522,1 804,1
Quantidade de concreto (m³) 0,8 1,5 2,4 4,6 7,3 11,7 17,2
Espessura laje(cm) 18 18 20 23 31 35 37,5
Fonte: Elaborado pelo autor

Os dados apresentados foram obtidos junto ao software TQS onde se verificou


os índices de estudo que foram: flecha adotada, quantidade de aço, quantidade de
concreto. Como a área de formas é fixa para ambos os lançamentos, não houve
diferença entre um modelo e outro. Vale destacar que os custos das lajes variam muito
devido à composição de preço de cada uma das lajes apresentadas. A formulação de
custos para a execução das formas foi feita utilizando de softwares de orçamento e
da tabela SINAPI para melhor proximidade dos resultados.
Segundo Gráfico 1 é possível visualizar o consumo de concreto para ambos os
tipos de lajes, onde a laje nervurada se mostrou com menor consumo em todas as
modelagens.

Gráfico 1 – Consumo de Concreto

9x9

8x8

7x7

6x6

5x5

4x4

3x3

0 5 10 15 20 25 30

consumo de concreto laje nervurada (m³) consumo de concreto laje maciça (m³)

Fonte: Elaborado pelos autores

Segundo o item 14.7.7 da ABNT NBR 6118:2014, as lajes nervuradas são as


lajes moldadas no local ou com nervuras, cuja zona de tração para momentos
positivos está localizada nas nervuras entre as quais pode ser colocado material
inerte.

130
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Seguindo essa ideia, é comum que as lajes nervuradas apresentem um
consumo de concreto inferior às lajes maciças, porém esse consumo a mais só se
mostra aparente quando falamos de vãos maiores, pois para vãos de até 5x5, 6x6 os
consumos são muito próximos.
Segundo o Gráfico 2 é possível visualizar que o consumo de aço também é
superior em todas as modelagens para a laje maciça em comparação a laje nervurada.

Gráfico 2 – Consumo de Aço

9x9

8x8

7x7

6x6

5x5

4x4

3x3

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600

consumo de aço laje nervurada (kg) consumo de aço laje maciça (kg)

Fonte: Elaborado pelos autores

O mesmo efeito ocorre, devido à região de tração estar localizada nas nervuras,
onde é usado aço apenas nessas regiões de tração, diferente das lajes maciças onde
é utilizado aço em toda a extensão da laje, devido a própria característica dessa laje.
Como a laje nervurada é mais leve do que a maciça, ao se aumentar os vãos
vê-se pouco aumento da armadura de tração, já que, devido à altura da laje nervurada,
a mesma se torna bem regida devido à sua inercia.
Por fim, em nível de comparação no quesito de formas, o custo para a
confecção de ambas as lajes pode ser visualizado no Gráfico 3 abaixo:

131
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Gráfico 3 – Custo de Formas

9x9

8x8

7x7

6x6

5x5

4x4

3x3

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000

custo das formas laje nervurada (R$) custo das formas laje maciça (R$)

Fonte: Elaborado pelos autores

Sabe-se que as lajes nervuradas são mais econômicas em questão de


consumo de aço e de concreto, devido às próprias características da laje tornarem-na
tão atrativa financeiramente, porém o principal motivo das lajes nervuradas não serem
sempre escolhidas é devido o custo da execução da mesma. As lajes nervuradas
contam com uma montagem bem mais complexa e o custo dos materiais necessários
para sua confecção é bem superior as das lajes maciças, assim, a utilização de laje
nervurada para poucos pavimentos ou seja, sem reutilização, é inviável
economicamente. Isso também se reflete na utilização desse tipo de laje em vãos
menores, já que para vãos menores as lajes maciças são suficientes, sendo apenas
viável utilizar-se de lajes nervuradas para grandes vãos.
Como pode-se observar acima, as lajes nervuradas mantiveram sempre um
custo final maior que as lajes maciças, sendo que, quanto maior o vão e maior a altura
da laje o custo da mesma dispara comparado ao da laje maciça.

132
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Visando realizar uma comparação de custos final para ambas as lajes em todas
as seções propostas, é possível visualizar os custos finais (aço, concreto, formas) no
Gráfico 4 abaixo:

Gráfico 4 – Comparação custo final laje x vão

valor total laje nervurada (R$)

valor total laje maciça (R$)

0 5000 10000 15000 20000 25000

9x9 8x8 7x7 6x6 5x5 4x4 3x3

Fonte: Elaborado pelos autores

Para ter um resultado confiável sobre as duas lajes, foi definido o custo final de
ambas as lajes para todos os vãos calculados e o que pode se identificar é que as
lajes nervuradas são mais econômicas que as lajes maciças, principalmente quando
falamos em grandes vãos.
No estudo feito, notou-se uma economia de 13% no valor final da laje nervurada
quando comparada no vão de 9x9 e de 7% no modelo com vão de 8x8.
Santos (2009) efetuou uma análise comparativa no dimensionamento de lajes
maciças convencionais e lajes nervuradas apoiadas sobre vigas. Foi observado que
o sistema que emprega lajes nervuradas apresentou uma economia de 10,98% em
relação ao sistema que se utiliza de laje maciça. Sendo assim, os estudos se
assemelham e trazem certo grau de confiabilidade.
Albuquerque (1999) apresentou uma análise de alternativas estruturais para
edifícios em concreto armado, utilizando o software TQS. Constatou-se que a
estrutura convencional com lajes maciças apresentou o maior custo, e a grande

133
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
quantidade de vigas desse sistema dificulta a execução e prejudica a arquitetura.
Enquanto a estrutura convencional com lajes nervuradas, utilizando caixotes
reaproveitáveis de polipropileno foi a mais econômica, apresentando uma redução de
15,15% em relação à alternativa com lajes maciças.

5 CONCLUSÃO

Nesse trabalho, para o estudo de caso acima, observou-se que o sistema de


lajes nervuradas é sim mais econômico que as lajes maciças quando trabalhamos
com vãos maiores que 6x6, visto que o grande diferencial das lajes nervuradas está
em vencer grandes vãos com baixo uso de aço e de concreto.
Já o sistema de lajes maciças é utilizado no mundo todo há vários anos e
continua demostrando sua efetividade para grande parte das obras, porém, com as
novas tecnologias aparecendo, o seu uso tem ficado cada vez menos evidente, já que
o consumo de aço e de concreto nesse tipo de solução é bem maior.
Vale ressaltar, também, que o uso de lajes nervuradas já é bastante empregado
nos dias atuais, porém o maior dos problemas na utilização desse sistema está no
alto custo da confecção e da montagem das suas formas. Porém é bom lembrar que
o sistema de lajes nervuradas com cubetas plásticas reutilizáveis pode se tornar uma
solução mais eficiente quando trabalhamos com obras com repetição de
pavimentação, visto que a reutilização das formas plásticas pode trazer ainda mais
economia para o sistema.
O sistema de lajes nervuradas, nesse estudo, demostrou uma economia final
de mais de 7% em vãos até 8x8 e de mais de 13% quando trabalhamos com vãos de
9x9, podendo-se observar que essa economia só tende a crescer em vãos maiores
devido ao aumento gradativo da espessura das lajes maciças nesses vãos.

REFERÊNCIAS

ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). NBR 6118: Projeto


de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2007.

ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). NBR 6118: Projeto


de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

134
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). NBR 6120: Cargas
para o cálculo de estruturas de edificações – Procedimento. Rio de Janeiro, 1980.

ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). NBR 6123: Forças


devidas ao vento em edificações – Procedimento. Rio de Janeiro, 1988.

ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). NBR 14931.


Execução de estruturas de concreto. Procedimento.

ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). NBR 15696. Fôrmas


e escoramentos para estruturas de concreto. Projeto, dimensionamento e
procedimentos executivos.

ALBUQUERQUE, A. T. Análise de alternativas estruturais para edifícios em


concreto armado. 1999. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São
Carlos, Universidade de São Paulo, 1999.

ARAÚJO, A. R. Estudo Técnico comparativo entre pavimentos executados com


lajes nervuradas e lajes convencionais. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo,
2008.

ARAÚJO, J. M. Avaliação dos procedimentos de projeto das lajes nervuradas de


concreto armado. Revista Teoria e Prática na Engenharia Civil, Rio Grande: Ed.
Dunas, n. 3, p.31-42, jun. 2003.

ARAÚJO, J. M. Curso de Concreto Armado. 4. ed. Rio Grande: Editora Dunas,


2014b, v. 2.

BOCCHI JR., C. F.; GIONGO, J. S. Concreto armado: projeto e construção de lajes


nervuradas. Universidade de São Carlos, São Carlos, 2010.

COSTA, O. V. Estudo de alternativas de projetos estruturais em concreto


armado para uma mesma edificação. 1997. Dissertação (Mestrado) –
Unoversidade Federal do Ceará. Fortaleza, 1997.

DORNELES, D. M. Lajes na construção civil brasileira: estudo de caso em edifício


residencial em Santa Maria – RS. 2014, 77f. Trabalho de conclusão de curso –
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2014.

FRANCA, A.B.M.; FUSCO, P.B. As lajes nervuradas na moderna construção de


edifícios. São Paulo, AFALA & ABRAPEX, 1997.

FUSCO, P.B. Estruturas de concreto: solicitações normais, estados limites ultimos:


teoria e aplicações. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Dois, 1981.

SPOHR, V. H. Análise comparativa: sistemas estruturais convencionais e


estruturas de lajes nervuradas. 2008. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal
de Santa Maria, Santa Maria, 2008.

135
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
TARANATH, Bungale S. Reinforced concrete design of tall buildings. New York:
CRC Press, 2010.

TARANATH, Bungale S. Structural analysis and design of tall buildings. New


York: McGraw-Hill, 1988.

WORDELL, F. Avaliação da instabilidade global de edifícios altos. 2003. 91 f.


Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Mestrado Profissionalizante em
Engenharia da Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2003.

ANEXOS

Composição de custo laje maciça 10 cm


Preço Preço
Insumo Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de 0,083 15,12 1,25
espessura, com faces e bordas retas revestidas com resina
fenólica, segundo NBR ISO 1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 0,167 9,06 1,51
7,5x7,5 cm, de 2ª qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 0,400 9,40 3,76
cm, de 2ª qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 0,040 3,86 0,15
48 mm de comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, 0,030 4,95 0,15
emulsionante em água para formas metálicas, fenólicas ou de
madeira.
Un Separador certificado para lajes maciças. 3,000 0,17 0,51
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,294 2,49 0,73
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,658 23,88 15,71
h Ajudante de montador de formas. 0,658 18,30 12,04
h Armador. 0,306 23,88 7,31
h Ajudante de armador. 0,284 18,30 5,20
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,005 23,88 0,12
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,022 18,30 0,40
% Custos diretos complementares 2,000 172,55 3,45
Custo de manutenção decenal: R$ 8,80 nos primeiros 10 anos. Total: 53,77

Composição de custo laje maciça 12 cm


Preço Preço
Insumo Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, 0,083 15,12 1,25
com faces e bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo
NBR ISO 1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, 0,167 9,06 1,51
de 2ª qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 0,480 9,40 4,51
2ª qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm 0,040 3,86 0,15
de comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em 0,030 4,95 0,15
água para formas metálicas, fenólicas ou de madeira.
Un Separador certificado para lajes maciças. 3,000 0,17 0,51
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,294 2,49 0,73
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,658 23,88 15,71
136
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
h Ajudante de montador de formas. 0,658 18,30 12,04
h Armador. 0,306 23,88 7,31
h Ajudante de armador. 0,284 18,30 5,20
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,006 23,88 0,14
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,026 18,30 0,48
% Custos diretos complementares 2,000 181,01 3,62
Custo de manutenção decenal: R$ 9,23 nos primeiros 10 anos. Total: 54,80

Composição de custo laje maciça 15 cm


Preço Preço
Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, com 0,083 15,12 1,25
faces e bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo NBR ISO
1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, de 2ª 0,167 9,06 1,51
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 2ª 0,600 9,40 5,64
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm de 0,040 3,86 0,15
comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em água 0,030 4,95 0,15
para formas metálicas, fenólicas ou de madeira.
Un Separador certificado para lajes maciças. 3,000 0,17 0,51
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,294 2,49 0,73
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,658 23,88 15,71
h Ajudante de montador de formas. 0,658 18,30 12,04
h Armador. 0,306 23,88 7,31
h Ajudante de armador. 0,284 18,30 5,20
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,008 23,88 0,19
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,033 18,30 0,60
% Custos diretos complementares 2,000 193,88 3,88
Custo de manutenção decenal: R$ 9,89 nos primeiros 10 anos. Total: 56,35

Composição de custo laje maciça 20 cm


Preço Preço
Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, com 0,083 15,12 1,25
faces e bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo NBR ISO
1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, de 0,167 9,06 1,51
2ª qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 2ª 0,800 9,40 7,52
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm de 0,040 3,86 0,15
comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em água 0,030 4,95 0,15
para formas metálicas, fenólicas ou de madeira.
Un Separador certificado para lajes maciças. 3,000 0,17 0,51
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,294 2,49 0,73
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,658 23,88 15,71
h Ajudante de montador de formas. 0,658 18,30 12,04
h Armador. 0,306 23,88 7,31
h Ajudante de armador. 0,284 18,30 5,20
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,010 23,88 0,24
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,044 18,30 0,81
% Custos diretos complementares 2,000 214,88 4,30
Custo de manutenção decenal: R$ 10,96 nos primeiros 10 anos. Total: 58,91

Composição de custo laje maciça 25 cm


Preço Preço
Un Descrição Rend. unitário Insumo

137
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, com faces 0,083 15,12 1,25
e bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo NBR ISO 1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, de 2ª 0,167 9,06 1,51
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 2ª 1,000 9,40 9,40
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm de 0,040 3,86 0,15
comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em água para 0,030 4,95 0,15
formas metálicas, fenólicas ou de madeira.
Un Separador certificado para lajes maciças. 3,000 0,17 0,51
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,294 2,49 0,73
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,658 23,88 15,71
h Ajudante de montador de formas. 0,658 18,30 12,04
h Armador. 0,306 23,88 7,31
h Ajudante de armador. 0,284 18,30 5,20
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,013 23,88 0,31
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,055 18,30 1,01
% Custos diretos complementares 2,000 236,21 4,72
Custo de manutenção decenal: R$ 12,05 nos primeiros 10 anos. Total: 61,48

Composição de custo laje maciça 30 cm


Preço Preço
Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, com faces 0,083 15,12 1,25
e bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo NBR ISO 1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, de 2ª 0,167 9,06 1,51
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 2ª 1,200 9,40 11,28
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm de 0,040 3,86 0,15
comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em água para 0,030 4,95 0,15
formas metálicas, fenólicas ou de madeira.
Un Separador certificado para lajes maciças. 3,000 0,17 0,51
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,294 2,49 0,73
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,658 23,88 15,71
h Ajudante de montador de formas. 0,658 18,30 12,04
h Armador. 0,306 23,88 7,31
h Ajudante de armador. 0,284 18,30 5,20
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,016 23,88 0,38
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,066 18,30 1,21
% Custos diretos complementares 2,000 256,73 5,13
Custo de manutenção decenal: R$ 13,09 nos primeiros 10 anos. Total: 64,04

Composição de custo laje nervurada 18 cm


Preço Preço
Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, com faces 0,083 15,12 1,25
e bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo NBR ISO 1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, de 2ª 0,167 9,06 1,51
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 2ª 0,720 9,40 6,77
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm de 0,040 3,86 0,15
comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em água para 0,030 4,95 0,15
formas metálicas, fenólicas ou de madeira.
m³ Poliestireno expandido para caixões perdidos. 0,107 135,69 14,52
Un Separador certificado para lajes nervuradas bidirecionais. 1,200 0,12 0,14
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,190 2,49 0,47

138
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
m² Tela eletrossoldada Q 92 15x15 cm, com fios longitudinais de 4,2 mm de 1,100 8,22 9,04
diâmetro e fios transversais de 4,2 mm de diâmetro, aço CA-60, segundo
ABNT NBR 7481.
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,509 23,88 12,15
h Ajudante de montador de formas. 0,509 18,30 9,31
h Armador. 0,237 23,88 5,66
h Ajudante de armador. 0,257 18,30 4,70
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,005 23,88 0,12
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,020 18,30 0,37
% Custos diretos complementares 2,000 177,68 3,55
Custo de manutenção decenal: R$ 9,06 nos primeiros 10 anos. Total: 71,34

Composição de custo laje nervurada 20 cm


Preço Preço
Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, com faces 0,083 15,12 1,25
e bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo NBR ISO 1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, de 2ª 0,167 9,06 1,51
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 2ª 0,800 9,40 7,52
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm de 0,040 3,86 0,15
comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em água para 0,030 4,95 0,15
formas metálicas, fenólicas ou de madeira.
m³ Poliestireno expandido para caixões perdidos. 0,115 135,69 15,60
Un Separador certificado para lajes nervuradas bidirecionais. 1,200 0,12 0,14
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,190 2,49 0,47
m² Tela eletrossoldada Q 92 15x15 cm, com fios longitudinais de 4,2 mm de 1,100 8,22 9,04
diâmetro e fios transversais de 4,2 mm de diâmetro, aço CA-60, segundo
ABNT NBR 7481.
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,509 23,88 12,15
h Ajudante de montador de formas. 0,509 18,30 9,31
h Armador. 0,237 23,88 5,66
h Ajudante de armador. 0,257 18,30 4,70
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,006 23,88 0,14
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,023 18,30 0,42
% Custos diretos complementares 2,000 184,97 3,70
Custo de manutenção decenal: R$ 9,43 nos primeiros 10 anos. Total: 73,39

Composição de custo laje nervurada 23 cm


Preço Preço
Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, com faces 0,083 15,12 1,25
e bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo NBR ISO 1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, de 2ª 0,167 9,06 1,51
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 2ª 0,920 9,40 8,65
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm de 0,040 3,86 0,15
comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em água para 0,030 4,95 0,15
formas metálicas, fenólicas ou de madeira.
m³ Poliestireno expandido para caixões perdidos. 0,138 135,69 18,73
Un Separador certificado para lajes nervuradas bidirecionais. 1,200 0,12 0,14
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,190 2,49 0,47
m² Tela eletrossoldada Q 92 15x15 cm, com fios longitudinais de 4,2 mm de 1,100 8,22 9,04
diâmetro e fios transversais de 4,2 mm de diâmetro, aço CA-60, segundo
ABNT NBR 7481.
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,509 23,88 12,15
h Ajudante de montador de formas. 0,509 18,30 9,31
h Armador. 0,237 23,88 5,66
h Ajudante de armador. 0,257 18,30 4,70
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,006 23,88 0,14
139
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,025 18,30 0,46
% Custos diretos complementares 2,000 193,55 3,87
Custo de manutenção decenal: R$ 9,87 nos primeiros 10 anos. Total: 77,86

Composição de custo laje nervurada 31 cm


Preço Preço
Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, com faces 0,083 15,12 1,25
e bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo NBR ISO 1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, de 2ª 0,167 9,06 1,51
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 2ª 1,240 9,40 11,66
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm de 0,040 3,86 0,15
comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em água para 0,030 4,95 0,15
formas metálicas, fenólicas ou de madeira.
m³ Poliestireno expandido para caixões perdidos. 0,199 135,69 27,00
Un Separador certificado para lajes nervuradas bidirecionais. 1,200 0,12 0,14
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,190 2,49 0,47
m² Tela eletrossoldada Q 92 15x15 cm, com fios longitudinais de 4,2 mm de 1,100 8,22 9,04
diâmetro e fios transversais de 4,2 mm de diâmetro, aço CA-60, segundo
ABNT NBR 7481.
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,509 23,88 12,15
h Ajudante de montador de formas. 0,509 18,30 9,31
h Armador. 0,237 23,88 5,66
h Ajudante de armador. 0,257 18,30 4,70
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,008 23,88 0,19
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,032 18,30 0,59
% Custos diretos complementares 2,000 215,15 4,30
Custo de manutenção decenal: R$ 10,97 nos primeiros 10 anos. Total: 89,75

Composição de custo laje nervurada 35 cm


Preço Preço
Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, com 0,083 15,12 1,25
faces e bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo NBR ISO 1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, de 2ª 0,167 9,06 1,51
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 2ª 1,400 9,40 13,16
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm de 0,040 3,86 0,15
comprimento.
l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em água para 0,030 4,95 0,15
formas metálicas, fenólicas ou de madeira.
m³ Poliestireno expandido para caixões perdidos. 0,230 135,69 31,21
Un Separador certificado para lajes nervuradas bidirecionais. 1,200 0,12 0,14
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,190 2,49 0,47
m² Tela eletrossoldada Q 92 15x15 cm, com fios longitudinais de 4,2 mm de 1,100 8,22 9,04
diâmetro e fios transversais de 4,2 mm de diâmetro, aço CA-60, segundo
ABNT NBR 7481.
l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53
h Montador de formas. 0,509 23,88 12,15
h Ajudante de montador de formas. 0,509 18,30 9,31
h Armador. 0,237 23,88 5,66
h Ajudante de armador. 0,257 18,30 4,70
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,009 23,88 0,21
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,035 18,30 0,64
% Custos diretos complementares 2,000 226,64 4,53
Custo de manutenção decenal: R$ 11,56 nos primeiros 10 anos. Total: 95,76

140
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Composição de custo laje nervurada 37,5 cm
Preço Preço
Un Descrição Rend. unitário Insumo
m² Painel de madeira compensada, resinado de 12 mm de espessura, com faces e 0,083 15,12 1,25
bordas retas revestidas com resina fenólica, segundo NBR ISO 1096.
m Pontaletes de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 7,5x7,5 cm, de 2ª 0,167 9,06 1,51
qualidade, segundo ABNT NBR 11700.
Un Escora metálica telescópica, até 4 m de altura. 0,013 73,20 0,95
m Tábua de madeira serrada, de pínus (pínus spp), de 2,5x20 cm, de 2ª qualidade, 1,520 9,40 14,29
segundo ABNT NBR 11700.
kg Pregos comuns 17x21 com cabeça, de 3 mm de diâmetro e 48 mm de comprimento. 0,040 3,86 0,15

l Agente desmoldante, à base de óleos especiais, emulsionante em água para formas 0,030 4,95 0,15
metálicas, fenólicas ou de madeira.
m³ Poliestireno expandido para caixões perdidos. 0,253 135,69 34,33
Un Separador certificado para lajes nervuradas bidirecionais. 1,200 0,12 0,14
kg Arame galvanizado para atar, de 1,30 mm de diâmetro. 0,190 2,49 0,47
m² Tela eletrossoldada Q 92 15x15 cm, com fios longitudinais de 4,2 mm de diâmetro 1,100 8,22 9,04
e fios transversais de 4,2 mm de diâmetro, aço CA-60, segundo ABNT NBR 7481.

l Agente filmógeno para a cura de concretos e argamassas. 0,150 3,52 0,53


h Montador de formas. 0,509 23,88 12,15
h Ajudante de montador de formas. 0,509 18,30 9,31
h Armador. 0,237 23,88 5,66
h Ajudante de armador. 0,257 18,30 4,70
h Oficial de trabalhos de concretagem. 0,009 23,88 0,21
h Ajudante de trabalhos concretagem. 0,037 18,30 0,68
% Custos diretos complementares 2,000 234,58 4,69
Custo de manutenção decenal: R$ 11,96 nos primeiros 10 anos. Total: 100,21

141
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
MEDIDAS PARA O CONTROLE DE EVENTOS DE ALAGAMENTO NO
MUNICÍPIO DE RIO DO CAMPO/SC

Willian Jucelio Goetten32


Marcos Henrique Tambosi33

RESUMO
Os fenômenos meteorológicos, atualmente, têm se apresentado em várias partes do
planeta de forma imprevisível, desordenada e com muita intensidade. Um dos grandes
problemas enfrentados ao longo das últimas décadas são os constantes alagamentos
que atingem a população de muitas regiões do mundo. Muitas cidades surgiram e
cresceram, por vezes, sem planejamento urbano, geralmente em locais impróprios
para a construção de moradia ou para o crescimento das cidades. A comunidade de
Taiozinho, no município de Rio do Campo estado de Santa Catarina, não difere disso,
ao longo dos anos vem sendo afetada por eventos hidrológicos extremos. Dessa
forma, o objetivo principal deste trabalho, foi analisar o sistema de drenagem pluvial
desta comunidade, verificando as condições de manutenção e dimensionamento da
rede de drenagem existente, por meio de visitas in loco, coleta de dados e análises
de projetos. Pode-se constatar que a rede de drenagem pluvial se apresenta
insuficiente para os eventos com grandes volumes de precipitação. As sarjetas e as
bocas de lobo não estão em condições adequadas de uso, sem manutenção e limpeza
ou foram mal construídas e acabam obstruindo a passagem da água. Já a tubulação
existente em algumas ruas não comporta a vazão necessária em momentos de
grandes precipitações. Com a manutenção e limpezas de bueiros, dimensionamento
correto das tubulações nos pontos de alagamento, construção de novas redes de
drenagem e instalação de novas bocas de lobo, é possível dispor de medidas para o
controle dos alagamentos que ocorrem frequentemente nesta comunidade.

Palavras-Chave: Drenagem pluvial; Drenagem urbana; Microdrenagem.

ABSTRACT
Currently, meteorological phenomena have appeared in various parts of the planet in
an unpredictable, disorderly and intense way. One of the major problems faced over
the last few decades is the constant flooding that affects the population of many regions
of the world. Many cities emerged and grew, sometimes without urban planning,
usually in places unsuitable for housing construction or for the growth of cities. The
community of Taiozinho, in the municipality of Rio do Campo, state of Santa Catarina,
does not differ from this, over the years it has been affected by extreme hydrological
events. Thus, the main objective of this work was to analyze the rainwater drainage
system of this community, verifying the maintenance conditions and dimensioning of
the existing drainage network, through on-site visits, data collection and project

32
Docente do curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade do
Contestado – UNC, e-mail: willian.j.goetten@gmail.com
33
Discente do curso Engenharia Civil, Centro Universitário para Desenvolvimento do Alto Vale do
Itajaí – UNIDAVI - Campus Rio do Sul, e-mail: marcostambosi@unidavi.edu.br
142
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
analysis. It can be seen that the rainwater drainage network is insufficient for events
with large volumes of precipitation. Gutters and storm drains are not in proper
conditions of use, without maintenance and cleaning, or they were poorly constructed
and end up blocking the passage of water. On the other hand, the existing piping in
some streets does not support the necessary flow in times of heavy rainfall. With the
maintenance and cleaning of culverts, correct dimensioning of pipes at the points of
flooding, construction of new drainage networks and installation of new vents, it is
possible to have measures to control the floods that frequently occur in this community.

Key words: Rainwater drainage; Urban drainage; Microdrainage.

1 INTRODUÇÃO

Um dos grandes problemas enfrentados por diversas cidades, sejam elas


pequenas ou grandes, é a falta de planejamento urbano. Ao longo dos anos, muitas
cidades foram crescendo próximas a rios, córregos ou em áreas de várzea, sem o
devido planejamento urbano (RIGHETTO; MOREIRA; SALES, 2009). Estes
problemas são amplificados quando vinculados a questões ambientais, tais como a
ocorrência de fenômenos meteorológicos com grande intensidade, inundações,
enchentes, vendavais e desmoronamentos ocasionados por volumes de chuva acima
do esperado, onde o solo, os rios e os sistemas de drenagem não conseguem mais
suportar tal precipitação. Dessa forma, ocasionando danos ao meio ambiente, ao
poder público e a população em geral (BOTELHO, 2011; GRIBBIN, 2014).
No Brasil, destacam-se inúmeros episódios de desastres naturais ocasionados
por fenômenos meteorológicos (CANHOLI, 2014), como as constantes inundações e
enchentes em várias regiões do país, incluindo a região do Vale do Itajaí em Santa
Catarina, onde está localizado o município de Rio do Campo.
Devido a ocorrência de constantes alagamentos que atingem a Comunidade
de Taiozinho no Município de Rio do Campo/SC, o presente trabalho visa propor
medidas mitigatórias para os eventos, por meio de um estudo específico da rede de
drenagem urbana e escoamento do rio que corta a comunidade.

2 REVISÃO DE LITERATURA

Por se tratar de um sistema que passa despercebido aos olhos da população,


o sistema de drenagem pluvial, muitas vezes, não recebe a devida atenção das
143
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
autoridades locais. Geralmente estes sistemas somente recebem o devido valor
quando em período de muitas chuvas evitam enxurradas e alagamentos. Por isso,
deve-se ressaltar a importância de os sistemas de drenagem pluvial serem
dimensionados corretamente para comportar a demanda das águas que escoam por
eles e desta forma evitar problemas como alagamentos ou inundações (PORTO,
2015).
Canholi (2005) afirma que, anteriormente, engenheiros tentaram solucionar o
problema de drenagem canalizando os rios a partir da hipótese que isso aumentaria
a velocidade do escoamento das águas, porém o que realmente ocorreu foi a
transferência do problema para outro local.
A questão de maior importância na hora de projetar o sistema de drenagem
das águas é o dimensionamento hidráulico. De acordo com Colischonn (2017), quanto
mais impermeabilizado for o terreno, com asfalto e concreto, menor será a quantidade
de chuva que infiltrará no solo. Isso aumenta a quantidade de água que escoa
rapidamente, acumulando nos pontos baixos da cidade. Sendo assim, estudos
pluviométricos e de impermeabilização do solo deverão ser realizados para o
adequado dimensionamento. Cabe destacar que os esgotos domésticos que drenam
para a mesma direção também contribuem para causar os alagamentos, pois quanto
mais urbanizada for a cidade, maior a quantidade de esgoto liberada para a
canalização.

3 METODOLOGIA

O presente trabalho caracteriza-se como pesquisa descritiva, pois seu objetivo


é realizar um estudo de caso, analisando a rede de drenagem existente e
estabelecendo uma solução eficiente para os problemas de alagamentos provenientes
da falta de planejamento no município de Rio do Campo/SC, especificamente, na
comunidade Taiozinho.
Quanto aos procedimentos utilizados, fez-se uso do levantamento documental
e de campo, visto que foram analisados mapas, registros hidrológicos, levantamentos
topográficos e dados da rede de drenagem existente.
A pesquisa considerou informações levantadas junto à prefeitura municipal de
Rio do Campo, ao INMET (2018), EPAGRI/CIRAM, Defesa Civil. Utilizou-se como

144
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
referência para a escolha da Chuva de Projeto, dois eventos hidrológicos extremos
que ocorreram em 2013 e 2018, respectivamente. Os resultados dos estudos propõem
medidas para mitigar os problemas gerados em grandes picos de precipitações.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 CARACTERISTICA DO MUNICÍPIO DE RIO DO CAMPO/SC

O município Rio do Campo está localizado no estado de Santa Catarina, possui


uma área de 506,2 km², pertencendo a região do Alto Vale do Itajaí a uma latitude de
26º56’49’’, longitude de 50º08’26’’ oeste e uma altitude de 570 m em relação ao nível
do mar. Em 2020 sua polução foi estimada em 6.167 habitantes. Possui um relevo
com grandes vales e muitas montanhas, sendo cortado de norte a sul pelo rio do
Campo e por vários subafluentes, dentre os quais três são nascentes que dão origem
ao rio Itajaí do Oeste. Por ser abundante em disponibilidade hídrica uma das principais
fontes de renda é a rizicultura, cultura esta que muitas vezes contribui no agravamento
das inundações e enxurradas devido à grande quantidade de água que é necessário
acumular para poder o arroz ser irrigado (PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO DO
CAMPO, 2018).

4.2 COMUNIDADE DE TAIOZINHO NO MUNICÍPIO DE RIO DO CAMPO/SC

A comunidade de Taiozinho e cortada por um córrego que é responsável por


drenar várias sub-bacias hidrográficas. Trata-se de uma comunidade agrícola, sendo
economicamente muito importante para a arrecadação do município, tendo como
principal fonte de renda a rizicultura, com grandes extensões de terra alagadas para
o cultivo desta lavoura. Para o presente trabalho estudou-se uma sub-bacia pequena
(Sub-bacia A) que comporta o centro da comunidade, e uma outra sub-bacia
hidrográfica maior (Sub-bacia B) que comporta todas as sub-bacias que influenciam
no córrego que corta a cidade.
A sub-bacia A tem uma área de 0,885 km², abrangendo todo o centro da
comunidade, com forte influência no alagamento das ruas. Já a sub-bacia B tem
aproximadamente 12,56 km², influenciando, também, o transbordamento do córrego.

145
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Precipitações estudadas para a comunidade de Taiozinho

A comunidade do Taiozinho vem sofrendo, constantemente, com enxurradas e


alagamentos, além dos transtornos para o município traz também problemas para os
moradores da localidade, como perda dos seus bens materiais e danos à saúde
pública. Um dos principais motivos é o sistema de macrodrenagem (córrego) cortando
o centro da comunidade, juntamente com a insuficiência de bocas de lobo ou até
mesmo um mau dimensionamento das tubulações, conforme observa-se na Figura 1.
A comunidade possui três (3) pontos principais de alagamento (Figura 1).

Figura 1 – Sistema de drenagem ineficiente – Pontos de alagamento.

Fonte: Tambosi (2018).

Dois eventos ocasionaram grandes estragos na comunidade. O evento 1


ocorreu na manhã do dia 22 de setembro de 2013, quando a comunidade de Taiozinho
foi surpreendida com uma forte enxurrada. Conforme medições da EPAGRI/CIRAM,
às 9 horas, foram registradas 77 mm de chuva acumulada. A Figura 2, demonstra a
força d’agua e o estrago provocado no ano de 2013.
O Evento 2, ocorreu no dia 17 de janeiro de 2018, uma forte chuva ocasionou
mais uma vez transtornos à comunidade, conforme medições da INMET, entre as 15
horas e 18 horas, foram registradas 62 mm de chuva acumulada (Figura 2).

146
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 2 – A primeira imagem apresenta o Evento 1 (2013), a segunda imagem é referente ao Evento
2 (2018).

Fonte: Schauer (2013) e Tambosi (2018)

Nas duas situações a água trouxe transtornos à comunidade, invadindo e


acumulando água e lodo em casas e comércios, dificultando o fluxo de veículos e
pessoas, além do risco a saúde dos munícipes.

4.4 CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA SUB-BACIA DO RIO TAIOZINHO

Considerando a existência da Sub-bacia A e da Sub-bacia B, para determinar


a possibilidade da ocorrência de enxurradas e alagamentos em ambas as sub-bacias,
calcularam-se os índices de compacidade, tempo de retorno, determinação da chuva
de projeto, tempo de concentração, vazão máxima, volume de escoamento, diâmetro
nominal da tubulação, velocidade e tempo de escoamento.
A sub-bacia A apresentou o índice de compacidade baixo, por consequência,
possui chances pequenas de enxurradas e alagamentos. Já a sub-bacia B apresenta
o índice com chance média à ocorrência de enxurradas e alagamentos.
Para o cálculo do tempo de concentração foi necessário conhecer
características das sub-bacias estudadas, tendo o comprimento do rio da sub-bacia A
de 1,41km, com uma diferença de nível de 48 m, onde a nascente fica a 648 m de
altura, e a foz em 592 m de altura em relação ao nível do mar, apresentando, desta
forma, um Tempo de Concentração (tc) de 19,10 min. Já o comprimento do rio da sub-
bacia B é de 9,45 km com uma diferença de nível 278 m, onde a nascente situa-se a
870 m de altura, e a foz em 592 m, apresentando um tc de 87,41 min.
Para calcular as curvas IDF da comunidade do Taiozinho, empregaram-se os
parâmetros utilizados para a estação do centro do Município de Rio do Campo,
definidos por Back (2014), tendo como base os tempos de precipitações dos dois
147
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
eventos estudados. Para o evento de 2013, adotou-se um tempo aproximado de 1
hora onde sua precipitação chegou a 77 mm, já no evento de 2018 adotou-se 2 horas,
no qual foi registrado uma precipitação de 62 mm. A intensidade para o evento de
2013 foi de 53, 96 mm/h enquanto para o evento de 2018 foi 34,82 mm/h.
Para calcular o escoamento superficial, precisou-se definir e encontrar as áreas
permeáveis e não permeáveis das duas sub-bacias hidrográficas, adotando-se um
valor de CN (runoff curve number) aceitável para as condições apresentadas.
Para a sub-bacia A, observaram-se os tipos de coberturas do solo encontrados
na comunidade do Taiozinho como mostra a Figura 3, adotando-se um valor de CN
de 79, conforme o método proposto pelo Soil Conservation Service (SCS) (BACK,
2014).

Figura 3 – Classificação do solo para a sub-bacia A

Fonte: Tambosi (2018).

Para a sub-bacia B, adotou-se um CN de 68, em acordo com as suas


características de uso e ocupação do solo (Figura 4), pois sua capacidade de
infiltração é melhor que o da sub-bacia A.

148
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 4 – Classificação do solo para a sub-bacia B.

Fonte: Tambosi (2018).

Após os valores de CN definidos, calculou-se o escoamento superficial e a


vazão de ambos os eventos (2013/2018) para as duas sub-bacias.

Tabela 1 – Escoamento Superficial no evento 1 para as 2 sub-bacias.


EVENTO 1 – 2013
Bacias Hidrográficas P (mm) Ia (adm) S (adm) Fórmula Pef (mm)
Bacia Hidrográfica A 77 13,5 67,52 Pef = (P – Ia)² / (P – Ia + S) 30,78
Bacia Hidrográfica B 77 23,91 119,53 Pef = (P – Ia)² / (P – Ia + S) 16,33
EVENTO 2 – 2018
Bacias Hidrográficas P (mm) Ia (adm) S (adm) Fórmula Pef (mm)
Bacia Hidrográfica A 62 13,5 67,52 Pef = (P – Ia)² / (P – Ia + S) 20,27
Bacia Hidrográfica B 62 23,91 119,53 Pef = (P – Ia)² / (P – Ia + S) 9,21
VAZÃO DE PICO - EVENTO 1 -
Bacias Hidrográficas Pef (mm) A (km²) Tp (h) Fórmula Qp (m³/s)
Bacia Hidrográfica A 30,78 0,885 0,69 Qp = (0,208 . A) . Pef / Tp 8,21
Bacia Hidrográfica B 16,33 12,56 1,37 Qp = (0,208 . A) . Pef / Tp 31,14
VAZÃO DE PICO - EVENTO 2
Bacias Hidrográficas Pef (mm) A (km²) Tp (h) Fórmula Qp (m³/s)
Bacia Hidrográfica A 20,27 0,885 1,19 Qp = (0,208 . A) . Pef / Tp 3,13
Bacia Hidrográfica B 9,21 12,56 1,87 Qp = (0,208 . A) . Pef / Tp 12,87
Fonte: Tambosi (2018).

Portanto, foram obtidos os valores de vazão de pico para os dois eventos e


para as duas sub-bacias, verificando-se que tanto na sub-bacia A quanto na sub-bacia
B, a eficiência da tubulação foi melhor no evento 1. Assim, utilizaram-se os valores,
nesse evento, para possíveis soluções nas redes de drenagem da comunidade,
visando amenizar os problemas de enxurradas e alagamentos.
149
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
4.5 DIAGNÓSTICO DA REDE DE DRENAGEM DA COMUNIDADE DO TAIOZINHO

Para o diagnóstico das redes da comunidade do Taiozinho (Tabela 2), foram


analisados apenas os pontos críticos onde acontecem os alagamentos, conforme
Figura 1. As análises foram realizadas para os seguintes trechos: Trecho 1- Ruas
Gumercindo Varela e Guilhermina Avi; Trechos 2 e 3 Rua Guilhermina Avi; Trecho 4
- Rua Gumercindo Varela (Figura 5.).

Tabela 2 – Dados dos Trechos analisados - Rua Gumercindo Varela e Rua Guilhermina Avi.
COMPONENTES TRECHO – 1 TRECHO - 2 TRECHO - 3 TRECHO – 4
Comprimento da tubulação 55 m 110 m 55 m 35 m
Diâmetro 0,4 m 0,4 m 0,3 m 0,4 m
Desnível 1,3 m 1,8 m 0,5 m 0,2 m
Coeficiente Manning 0,011 adm 0,013 adm 0,011 adm 0,011 adm
Raio Hidráulico 0,12 adm 0,122 adm 0,091 adm 0,122 adm
Declividade 0,024 mm 0,016 mm 0,009 mm 0,006 mm
Vazão para tubos circulares 0,370 m³/s 0,260 m³/s 0,107 m³/s 0,182 m³/s
Velocidade 3,432 m/s 2,416 m/s 1,757 m/s 1,687 m/s
Tempo de escoamento 0,267 min 0,759 min 0,522 min 0,346 min
Fonte: Tambosi (2018).

Portanto, chegou-se a uma vazão não suficiente para os trechos 1, 2, 3 e 4,


conforme a Figura 5, porém atendendo a todos os parâmetros de declividade e
velocidade para a tubulação. Dessa forma, observou-se que o dimensionamento da
tubulação está inadequado.

150
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 5 – Tubulação existente Rua Gumercindo Varela, Guilhermina Avi e Rua Campinas.

Fonte: Tambosi (2018).

Já a Tabela 3 demostra os resultados obtidos através das análises realizadas


para as travessias da Rua Campinas (Trecho 1 e 2) e João Garlini (Trecho 3).

Tabela 3 - Dados dos Trechos analisados – Rua Campinas e Rua João Garlini.
COMPONENTES TRECHO – 1 TRECHO – 2 TRECHO – 3
Comprimento da tubulação 50 m 20 m 20 m
Diâmetro 0,4 m 1m 1m
Desnível 0,5 m 0,3 m 0,3 m
Coeficiente Manning 0,011 adm 0,011 adm 0,011 adm
Raio Hidráulico 0,122 adm 0,304 adm 0,304 adm
Declividade 0,010 mm 0,015 mm 0,015 mm
Vazão para tubos circulares 0,241 m³/s 3,392 m³/s 3,392 m³/s
Velocidade 2,232 m/s 5,036 m/s 5,036 m/s
Tempo de escoamento 0,373 min 0,066 min 0,066 min
Fonte: Tambosi (2018).

Portanto, chegou-se a uma vazão não suficiente para os trechos 1, ilustrado na


Figura 5 e trecho 3 na Figura 6, porém atendendo aos parâmetros de declividade e
velocidade para a tubulação. De acordo com os cálculos, observou-se que o
dimensionamento da tubulação está inadequado.

151
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 6 – Travessia da rua João Garlini.

Fonte: Tambosi (2018).

4.6 PROPOSTAS PARA MELHORIAS NA REDE PLUVIAL DA COMUNIDADE DE


TAIOZINHO

Determinadas as vazões de pico para as duas sub-bacias, foram propostas


algumas alternativas de melhoria para as áreas onde a rede de drenagem pluvial
apresenta problemas. Para as tubulações da comunidade, adotou-se a vazão de pico
de Q1=8,21 m³/s, por ser a Sub-Bacia Hidrográfica A que influencia para a
insuficiência de drenagem pluvial em algumas ruas do centro. Para dois bueiros um
no centro da comunidade, na Rua Campinas e o outro localizado na SC-114, utilizou-
se a vazão de Q2=31,14m³/s, sendo a vazão da Sub-Bacia B, pois esta é a principal
influência para o transbordamento do rio.

4.6.1 Dimensionamento da tubulação nas ruas Gumercindo Varela e Guilhermina Avi.

Para o trecho 1 e 3, propôs-se a mudança de diâmetro e a ligação entre eles,


ligando a tubulação da Rua Gumercindo Varela na tubulação da Rua Guilhermina Avi.
Para o trecho 1 é possível a mudança da tubulação existente para um diâmetro que
comporte a vazão, pois está localizada em terrenos particulares sem construções e
de fácil acesso (TOMAZ, 2011). Para o trecho 3, a tubulação existente está instalada
as margens da rua Guilhermina Avi, facilitando a mudança. Para o trecho 4, propôs-
se uma tubulação com maior diâmetro, aumentando o trecho de captação d’água da
rua, sendo posta as margens da rua Gumercindo Varela. De acordo com os dados
analisados nesse trabalho, será necessário a instalação de um novo trecho de

152
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
tubulação, o qual denominou-se, trecho 5, que passará em terrenos particulares de
fácil acesso, não afetando as construções ali existentes, essa tubulação tem como
finalidade a ligação da tubulação da rua Gumercindo Varela para a rua Guilhermina
Avi, conforme a Figura 7. Os diâmetros adotados para a tubulação a ser instalada,
serão diâmetros de comerciais. Sugeriu-se, também, um diâmetro de tubulação maior
que o necessário, para um possível crescimento urbano ou mesmo em caso de
pavimentação das ruas. A vazão do trecho 1 é apenas de 0,34m³/s; do trecho 3 é de
0,11 m³/s e do trecho 4, 0,18m³/s, mas para esses trechos estudados necessita-se de
uma vazão de pico de 2m³/s. Essa vazão de pico é terminada para 23 % da área
contribuinte da sub-Bacia A.

Figura 7 – Propostas para as Ruas Guilhermina Avi, Gumercindo Varela e Rua Campinas.

Fonte: Tambosi (2018).

Portanto, para o trecho 1, trecho 4 e o novo trecho dimensionado (trecho 5)


adotou-se o diâmetro nominal das tubulações de 0,80m, sendo suficiente para a vazão
necessária 2m³/s. No trecho 3, foi adotado um diâmetro nominal de 1m, pois abrange
uma área de captação maior, sendo suficiente para a vazão necessária. O trecho 5
atuará como ligação para que o trecho 1 escoe para a tubulação do trecho 3.

153
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
4.7 DIMENSIONAMENTO DOS TRECHOS1 E 3 NA RUA CAMPINAS E JOÃO
GARLINI.

Para o dimensionamento da tubulação no trecho 1, que fica localizado na Rua


Campinas, adotou-se a vazão necessária de 3m³/s, valor correspondente a 35% da
área de contribuição da sub-bacia, sendo que a tubulação existente atende 0,24m³/s.
Para o trecho-3, localizado na rua João Garlini (Figura 8), adotou-se uma vazão de
5m³/s, valor correspondente a 60% da área da sub-bacia contribuinte, sendo que a
tubulação atual atende 3,39m³/s. A proposta para esses trechos foram as seguintes:
para o trecho 1 o aumento de diâmetro da tubulação, e para o trecho 3 a instalação
de mais uma tubulação paralela a existente que comportara a vazão de 5m³/s.
Portanto, para o trecho 1, chegou-se em uma vazão de 3,39m³/s sendo
suficiente para cobrir os 3m³/s adotados, utilizando-se um diâmetro de 1m com um
desnível de 80cm. Assim sendo, se a tubulação com diâmetro de 1m já instalada
atende a uma vazão de 3,39m³/s, projetou-se mais uma tubulação paralela com as
mesmas dimensões, obtendo-se uma vazão de 6,78m³/s, suprindo a vazão necessária
de 5m³/s.

Figura 8 – Proposta para a Travessia da rua João Garlini.

Fonte: Tambosi (2018).

154
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Há sete (7) bocas de lobo existentes nas ruas Gumercindo Varela e
Guilhermina Avi, sendo insuficientes para atender a vazão de 2m³/s. As estruturas
ainda estão entupidas, sem manutenção e até mesmo mal construídas, conforme
Figura 9.

Figura 9 – Bocas de lobo sem manutenção.

Fonte: Tambosi (2018).

A proposta de melhoria para as bocas de lobo nas ruas Gumercindo Varela e


Guilhermina Avi, seria a construção de 10 bocas de lobo novas demarcadas,
chegando a uma vazão de 2,1m³/s, usando as mesmas dimensões normatizadas.

4.8 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Verificou-se que todos os trechos estudados das tubulações de drenagem da


comunidade do Taiozinho atendem as declividades mínimas de 0,005 m/m para tubos
maiores que 20 cm e atendem as velocidades mínimas e máximas de 0,60 m/s,
podendo chegar 6 m/s, respectivamente. Avaliou-se que as tubulações das ruas
Gumercindo Varela e Guilhermina Avi não atendem a vazão necessária, sendo o
diâmetro nominal das tubulações existentes de 40cm. Portanto, para o trecho 1, 4 e 5
adotou-se o diâmetro nominal de 0,80m e para o trecho 3 foi adotado o diâmetro da
tubulação de 1m, atendendo a vazão de 2m³/s. O trecho 2 necessita apenas de

155
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
manutenções, pois o mesmo, de acordo com os cálculos realizados, ajuda a atender
a vazão das ruas.
As tubulações de travessia das Ruas Campinas e João Garlini, o trecho 1 e 3
não atendem as vazões necessárias. Para o trecho 1 projetou-se uma tubulação com
diâmetro de 1m, atendendo a vazão de 3m³/s. Para o trecho 3 a tubulação existente
tem diâmetro de 1m que atende a uma vazão de 3,39m³/s, porém a vazão necessária
é de 5m³/s, com isso projetou-se uma tubulação paralela a existente com as mesmas
dimensões, obtendo uma vazão de 6,78m³/s e suprindo o escoamento necessário de
5m³/s. A substituição da tubulação de 1m existente para outra tubulação com diâmetro
de 1,5m atenderá a vazão de 31,14m³/s necessária para o bueiro 1, pois a vazão, com
essa nova tubulação, é de 32,56m³/s, fazendo com que o rio não transborde.
Apenas a limpeza dos tubos no bueiro 2 atenderá vazão de pico de 31,14m³/s,
pois a vazão que se tem com a tubulação suja é de 26,1m³/s, após o cálculo feito com
as mesmas limpas chegou-se a vazão de 33m³/s, sendo suficiente para atender a
vazão necessária. Constatou-se, também, que as bocas de lobo existentes são
insuficientes para a drenagem da água pluvial, devido estar entupidas, sem
manutenção e até mesmo mal construídas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pela análise desse estudo de caso, pode-se concluir que o problema


enfrentado em muitas cidades do país, não se dá apenas pelas fortes precipitações
de chuva, mas principalmente pela falta de planejamento urbano, tanto nas pequenas
comunidades como em grandes cidades com grande número de população.
Exatamente esta falta de planejamento urbano que determinou as constantes
inundações na comunidade de Taiozinho em Rio do Campo. A ausência de
planejamento adequado juntamente com a falta de manutenção e limpeza das bocas
de lobo, dos dispositivos de drenagem, bem como devido as tubulações não estarem
dimensionadas corretamente para comportar a vazão necessária são pontos que
determinam a ocorrência frequente dos indesejáveis alagamentos.
Conclui-se também que a análise criteriosa dos fatores que englobam a
problemática das cheias e inundações é de suma importância, pois através do
diagnóstico realizado in loco, pode-se planejar as ações mais adequadas para cada

156
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
região afetada, como as realizadas para a comunidade em questão. Porém, é
necessário destacar que o projeto proposto apresenta eficiência em relação aos
eventos pluviométricos calculados para a comunidade de Taiozinho, sendo necessário
que tanto a poder público municipal quanto à população tenham consciência e
contribuam para manter em condições adequadas os dispositivos de drenagem com
limpezas periódicas das bocas de lobo, bem como o cuidado com resíduos sólidos
depositados nas ruas em locais impróprios que acabam sendo levados pelas águas
das chuvas, obstruindo o curso natural e, consequentemente, causando os
indesejáveis alagamentos.
Os estudos aqui realizados, as pesquisas, análises, diagnósticos e soluções
encontradas podem servir como embasamento para novos estudos com temáticas
que contemplem as mesmas problematizações encontradas nesse cenário, visto que
o presente trabalho determina as ações a serem realizadas passo a passo.

REFERÊNCIAS

BACK, Álvaro José; BONETTI, Anderson Vendelino. Chuva de projeto para


instalações prediais de águas pluviais de Santa Catarina. Revista Brasileira de
Recursos Hídricos. Porto Alegre, v. 19, n.4, p.260-267, 2014.

BACK, Álvaro José. Hidráulica e hidrometria aplicada: com programa Hidrom para
cálculo . 2. ed., rev. e ampl. Florianópolis, SC: EPAGRI, 2015.

BOTELHO, Manoel Henrique Campos. Águas de chuva: engenharia das águas


pluviais nas cidades. 3. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2011.

CANHOLI, A. Drenagem urbana e controle de enchentes. 2. ed. São Paulo:


Oficina de Textos, 2014.

COLISCHONN, W.; TASSI, R. Apostila: Introduzindo Hidrologia. 2008. Disponível


em: http://www.ctec.ufal.br/professor/crfj/Pos/Hidrologia/apostila_
Completa_2008.pdf. Acesso em: 02 dez. 2017.

GRIBBIN, John E. Introdução à hidráulica, hidrologia e gestão de águas


pluviais. São Paulo: Cengage Learning, 2014.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA (INMET). Estações Automáticas.


Disponível em: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=estacoes/
estacoesAutomaticas. Acesso em: 12 jun. 2018.

157
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
PORTO, R. L. et al. Drenagem urbana. In: TUCCI, C.E.M. et al (Org.). Hidrologia:
ciência e aplicação. 4. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS/ABRH, 2015.

PREFEITURA MUNICPAL DE RIO DO CAMPO – PMRC. Tipo inicial. Disponível


em: http:// https://riodocampo.atende.net/#!/tipo/inicial. Acesso em: 01 jun. 2018.

TOMAZ, P. Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras municipais. São


Paulo: Navegar Editora, 2011.

RIGHETTO, A.M.; MOREIRA, L.F.F.; SALES, T.E.A. Manejo de Águas Pluviais


Urbanas. In: RIGHETTO, A.M. (Org.). Manejo de Águas Pluviais Urbanas. Rio de
Janeiro: ABES, 2009.

158
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
MELHORAMENTO DA PRODUÇÃO DE MUDAS DE TABACO UTILIZANDO O
SISTEMA DFT (DEEP FILM TECHNIQUE) DENTRO DO MARCO AGRO 4.0 –
COM ABORDAGEM IOT34

Willian Patrick Morante35


Luis Eduardo Palomino Bolivar36

RESUMO
Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um sistema IoT para coleta de dados
de forma remota, visando melhorar a eficácia de 83,3% da produção de mudas de
tabaco, considerando o monitoramento em efluente líquido do sistema DFT (DEEP
FILM TECHNIQUE) dentro do marco Agro 4.0. A base desse projeto utiliza um
microcontrolador Wemos d1 Esp32 com Wi-Fi integrado, com a utilização de sensores
digitas DHT22 e DS18B20, conversor analógico digital ADS1115, sensores analógicos
de pH modelo 4502C e de condutividade elétrica Tds (sólidos dissolvidos totais). O
Wemos realiza as medições das variáveis do monitoramento em comunicação com o
servidor remoto com as variáveis analisadas em banco de dados, utilizando uma
plataforma IoT com comunicação no sistema embarcado. Apresentar os dados
coletados pelo sistema eletrônico em Dashboard através do aplicativo Bliynk,
disponível por internet, com relatórios das condições monitoradas na produção de
mudas dentro das características do Agro 4.0. O intuito desse monitoramento foi
melhorar a eficácia das mudas de tabaco, e, depois de cada passo seguido, coclui-se
que o projeto é eficaz e melhorou a produção de mudas de tabaco em 94,2%.

Palavras-Chave: Tabaco; Sistema DFT; Wemos; Monitoramento; IoT; Agro 4.0.

ABSTRACT
This work presents the development of an IoT system for remotely advanced data
collection the improvement of 83.3% of the production of tobacco seedlings
considering the monitoring in liquid effluent of the DFT system (DEEP FILM
TECHNIQUE) within the Agro 4.0 framework. The basis of this project is the use of a
Wemos d1 Esp32 microcontroller with integrated Wi-Fi, with the use of DHT22 and
DS18B20 digital sensors, ADS1115 analog digital converter, pH analog model 4502C
and Tds electrical conductivity sensors (dissolved compounds). Wemos performs the
variables of the variables of the monitoring in communication with the remote server
with the variables analyzed in a database using an IoT platform with communication in
the embedded system. It presents the data collected by the electronic system on the
Dashboard through the Bliynk application available on the internet, with reports of the

34
Resultado de pesquisa desenvolvida pelo PIVIC, e aprovada pela banca de Conclusão do Curso de
Engenharia Elétrica – UNC Canoinhas
35
Acadêmico do curso de Engenharia Elétrica, pela Universidade do Contestado – UNC Canoinhas
36
Professor orientador, docente do curso de Engenharia Elétrica, pela Universidade do Contestado –
UNC Canoinhas, Líder do Grupo de Pesquisa em Energias Alternativas e Renováveis da UNC. E-
mail palomino@unc.br
159
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
conditions monitored in the production of seedlings within the characteristics of Agro
4.0. The purpose of this electronic monitoring system is to improve the effectiveness
of tobacco seedlings, and after each step followed, it is concluded that the project is
effective and improved the production of tobacco seedlings by 94.2%.

Keywords: Tobacco; DFT system; Wemos; Monitoring; IoT; Agro 4.0.

1 INTRODUÇÃO

O cultivo de tabaco no sul do Brasil é uma das principais atividades agrícolas


no meio rural das propriedades. São comercializados em torno de 85% da produção
e exportados para demais países como, União Europeia, Ásia e Estados Unidos,
transformando um dos produtos agrícolas do Brasil com maior importância na
comercialização brasileira da agricultura (VIDAL, 2016).
Da mesma maneira que outras plantas e hortaliças, as sementes de tabaco não
são depositadas de modo direto no solo da terra. Por esse motivo, é fundamental
realizar os canteiros ou viveiros de mudas. Nos dias de hoje, existem dois tipos de
canteiros: o sistema convencional em que seu preparo é realizado na terra e o sistema
DFT (Deep Flow Technique), que utiliza bandejas de isopor flutuando na água.
(HEEMANN, 2009).
O sistema DFT permitiu a realização de toda a eliminação do uso do gás
Brometo de Metila para esterilização do solo, com exceção de garantir mais proteção
e segurança aos trabalhadores rurais. Nesse sistema não há obrigação de irrigação e
desbaste das mudas de tabaco (OLIVEIRA; COSTA, 2012).
Desde a safra de 2003-2004 que os fumicultores brasileiros abraçaram esse
sistema para a obtenção de mudas de qualidade e boa produtividade e, com isso, ter
menos prejuízos. Nos dias de hoje, esse sistema é utilizado em todas as empresas
fumageiras, sendo que essa prática é 100% realizada na atualidade da produção de
mudas nos canteiros DFT (TROLLI, 2007).
A produção de mudas de tabaco no sistema flutuante DFT, para cada módulo
de 60 bandejas de 200 células, possuem a quantidade de 12000 mudas cada, mas
apenas 10000 mudas são aproveitáveis para o plantio. Isso quer dizer, conforme
Equação 1, que a eficácia é de 83,3% (OLIVEIRA, 2013). Algumas mudas podem

160
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
sofrer falhas por conta de excesso ou carência de nutrientes ou características
climáticas. Com isso, há perda de tempo na produção no sistema DFT.

𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜
𝐼= ∗ 100 (1)
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

Como parte inicial de uma solução da otimização na produção de mudas, o


sistema de monitoramento das condições de produção dessas mudas permitirá
analisar as variáveis envolvidas no processo. O monitoramento automatizado no
sistema DFT, permite alertar em tempo real o câmbio das condições da condutividade
elétrica, acidez-alcalinidade, temperatura da água, temperatura do ambiente e
umidade do ambiente para a tomada de decisões que evitem o enfraquecimento das
mudas.

2 REVISÃO DE LITERATURA

A produção de tabaco no Brasil cresceu 41% e 49% nas décadas de 1990 a


1999 e entre 2000 a 2009, quando, de modo relativo entre esses dois períodos, teve-
se uma alta na produção do tabaco em folha em média anual de 48%, e, em sequência
no período de (1990 a 2009) a quantidade de produção no Brasil cresceu em média
94% (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER INCA- 2020).
O país hoje é o segundo colocado no ranking dos cinco maiores produtores
mundiais de tabaco em folha, estando atrás apenas da China. A região Sul do Brasil
é responsável por 97% da produção brasileira do tabaco, em outras áreas são
encontradas como produtoras o Nordeste. Atualmente, são 557 municípios produtores
no Brasil, sendo que 149 mil pessoas têm seu sustento vindo da produção do tabaco,
com uma média de 227 mil hectares plantados (SINDITABACO, 2020, p. 6). O Brasil
é líder mundial em exportações e tem a liderança há 27 anos no mundo, ficando em
1º lugar no ranking da exportação (ton.) no ano de 2019. A produção do país tem
características garantidas pelo Sistema Integrado de Produção de Tabaco (SIPT).
Portanto, atualmente 85% do tabaco produzido no Brasil é exportado, sendo assim as
exportações no ano de 2019 alcançaram 549 mil toneladas, contabilizando US$ 2,14
bilhões em divisas, reafirmando o Brasil como a potência mundial já consolidada no

161
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
setor, tendo em vista um crescimento significativo de empregos, mais de 40 mil
empregos diretos nas empresas de tabaco. (SINDITABACO, 2020, p. 4-5).
Segundo Santos (2020), gerente de Marketing e Planejamento para Agricultura
de Precisão da John Deere “A tecnologia impacta cada vez mais o Agro 4.0 e o futuro
dessa agricultura depende de inteligência artificial, utilizando fatores de sucesso como
coleta de dados com sensores, robótica, geração de inteligência com dados, execução
do campo e rede de concessionários”.
Agricultura 4.0 é o marco que se baseia na colaboração do campo com
ferramentas digitais, é uma realidade que surgiu a partir de 2010 e aos poucos vem
ganhando espaço no agronegócio brasileiro (CULTIVAR, 2020).
Claramente, a tecnologia aplicada no campo foi determinante para que a
agricultura brasileira alcançasse o patamar atual. O crescimento é contínuo e o Brasil
vem sendo a nova era de tecnologia agrícola, Na época atual, não se encontra uma
separação no meio físico e virtual no mundo, relacionados para facilitar a vida das
pessoas. O conceito da Agricultura 4.0 (Agro 4.0), por outro lado, chama-se
agricultura digital, visto que se faz referência à indústria 4.0, revolução que teve
abertura automobilística alemã e que agora conquista fábricas e diversos segmentos
devido à completa automatização proporcionada aos processos produtivos (VDMA;
VERLAG, 2016).
O sistema de Técnica de Fluxo Profundo (DFT) conhecido como Float é uma
ferramenta de uma boa qualidade e produtividade em mudas de tabaco, fortes e
sadias. Esse sistema de mudas é produzido em bandejas de isopor, instaladas em
uma piscina sobre fina camada de água que permite vários benefícios como
eliminação do fumigante brometo de metila, dispensa a irrigação, reduz a necessidade
de agroquímicos, produz mudas mais uniformes para o transplante e proporciona
condições mais confortáveis para o trabalho de controle das mudas (SOUZA CRUZ,
2007).
E hoje, evidencia-se que o cultivo de tabaco consiste em uma série de práticas
adotadas pelos produtores, como por exemplo a produção de mudas, o preparo da
lavoura, o transplante das mudas, a condução da lavoura, a colheita, a cura e
secagem. Os usos de fertilizantes e pesticidas são muito exigidos nas primeiras
etapas, com isso, o trabalho é focado nos usos desses fertilizantes e pesticidas que
ocorre através de monitoramentos do pH, umidade, temperatura, condutividade

162
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
elétrica e salinização da água e instalação de sensores nos sistemas Float (SNELL;
BESSIN; SANDERSON, 2021, p. 10).
Essa proposta contribui no desenvolvimento do Agro 4.0 na produção de
mudas do tabaco, podendo assim aumentar a produção de mudas, onde o impacto
econômico, principalmente para o agricultor, é de benefício, mostrando assim,
variáveis de produtividade referentes às mudas, em que pode haver melhorias no uso
de fertilizantes e pesticidas, para fazer ajustes no DFT. Consequentemente, o
monitoramento das condições de nutrientes nos fluidos permitem diminuir o risco de
pragas, pestes e até mesmo a morte das mudas.

3 METODOLOGIA

O modelo metodológico para esta pesquisa é clássico ou waterfall já que


permite que o projeto siga uma série de passos, com compromisso de validação em
cada degrau ou revalidação de resultados anteriores como apresenta a Figura 1, e,
na sequência, detalhados os assuntos em cada passo da pesquisa.

Figura 1 – Modelo Metodológico WaterFall.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021).

163
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Revisão do Estado da Arte busca compreender as técnicas de observação
animal em campo aberto e como são obtidos os dados sobre as trajetórias. Será
estudado também, se há dispositivos e softwares que são utilizados em tal
procedimento. O Protótipo trata de desenvolver um desenho do circuito eletrônico que
eu possa medir a acidez, temperatura e condutividade elétrica da água, assim como
temperatura e umidade do ambiente e a linguagem da programação do hardware e
software da estrutura do protótipo, elaboração do sistema DFT. Desenvolvimento do
software considera projetar um sistema computacional para monitoramento das
variáveis, condições, estas, das análises feitas no monitoramento do sistema DFT.
Testes do Projeto após a implantação do protótipo são testes nos sensores eletrônicos
e o servidor remoto de monitoramento para garantir se todos estão de acordo com o
seu funcionamento no sistema embarcado. Os testes, tratam-se de vinte bandejas de
200 mudas cada, uma delas monitoradas durante dias com o sistema DFT. Análise
dos Dados coletados no sistema (temperatura da água, temperatura do ambiente, pH
da água, umidade, condutividade elétrica da água) terão uma análise sistemática.
PLACA WEMOS D1 ESP32

4 RESTULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 MONTAGEM DO PROTOTIPO NO SISTEMA DFT

Para a montagem do protótipo no sistema DFT é necessário fazer os testes em


todos os sensores anteriores, pois alguns necessitam efetuar sua calibração como já
havia realizado. Posteriormente, é necessário colocar os sensores em locais para
executar sua devida função. O sensor de condutividade elétrica, temperatura de água
e pH devem ficar em contato com a água, A Figura 5 apresenta como ficou a
montagem do dispositivo no sistema DFT.

164
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 5 – Instalação do protótipo no sistema DFT.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

A figura acima mostra o protótipo instalado dentro do sistema DFT para realizar
o monitoramento da melhora das mudas de tabaco em termo de eficácia dentro do
marco Agro 4.0.

4.2 ANÁLISE E AQUISIÇÃO DE DADOS

Na análise do monitoramento no sistema DFT, os dados são realizados em


Major Vieira, interior do município na comunidade de Rio Novo de Cima na
propriedade do pesquisador. No dia 13 de setembro de 2021, o sistema foi
implementado para realizar o monitoramento das variáveis estudadas no projeto do
sistema automatizado para melhora na produção de mudas de tabaco. Para análise
dos dados, o sistema ficou coletando os dados por vários dias e alertando em tempo
real as informações do sistema.
Os dados foram enviados para a base de dados com um intervalo de 5 minutos,
todos os sensores enviavam os dados nesse exato intervalo, sendo definido para se
adaptar à base de dados, que só se recebe os valores lidos no período referido. A
análise e aquisição de dados seguiram a seguinte sequência: leitura de temperatura.

1. – Leitura da temperatura da água;


2. – Leitura temperatura do ambiente;
3. – Leitura de umidade do ar;

165
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
4. – Leitura de condutividade elétrica da água;
5. – Leitura do pH;

A análise e aquisição de dados foram realizados com o intuito de identificar os


nutrientes nos fluidos, diminuindo o risco de pragas, pestes e até mesmo a morte das
mudas. O sistema de monitoramento deve estar dentro dos padrões das
características estudadas de temperatura da água, temperatura e umidade do
ambiente, pH e condutividade elétrica. Com isso, pode-se verificar a eficiência do
sistema automatizado para a melhora na produção de mudas de tabaco.

4.3 DISCUSSÃO DO SISTEMA

Os resultados obtidos no projeto apresentaram uma variação em todos os


pontos de melhora na produção de mudas de tabaco. O uso do projeto automatizado
permitiu analisar em tempo real todas as características da produção de mudas de
tabaco. A primeira análise do sistema é a temperatura da água que se manteve estável
dentro de suas características analisadas, pois no sistema DFT são utilizadas duas
lonas transparentes brancas para que, no período da noite, a temperatura da água e
do ambiente se mantenham dentro das características analisadas.
A Figura 6 ilustra a temperatura da água que se manteve dentro dos padrões.
Os dados analisados foram tabulados a partir dos dados salvos no thingSpeak que
eram enviados a cada 5 minutos e, na imagem a seguir, estão representadas as
leituras da temperatura da água.

Figura 6 – Gráfico thingSpeak dados temperatura da água.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)


166
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
A Figura 7 permitiu analisar que, no período da noite, a temperatura da água
abaixou razoavelmente, mas sempre esteve no padrão desejável para melhora na
produção de mudas de tabaco. Os dados analisados foram a partir dos dados salvos
no thingSpeak que eram enviados a cada 5 minutos.
A figura, a seguir, representa as leituras da temperatura da água.

Figura 7 – Gráfico thingSpeak dados de temperatura da água

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

A segunda análise do sistema é a temperatura do ambiente, pois como o


sistema alertava em tempo real a abertura e fechadura do sistema DFT era feito
conforme estava alertando o sistema.
A Figura 8, a seguir, ilustra o monitoramento da temperatura do ambiente,
estando estável dentro das características da produção de mudas. Os dados
analisados foram tabulados a partir dos dados salvos no thingSpeak que eram
enviados a cada 5 minutos.
A imagem, a seguir, representa leituras da temperatura do ambiente no sistema
DFT.

167
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 8 – Gráfico thingSpeak leitura da temperatura do ambiente;

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

O gráfico analisa que, no período da noite, a temperatura do ambiente teve um


declive de temperatura, mas sempre esteve dentro dos padrões analisados. Na parte
da tarde, a partir das 17h, o sistema DFT era fechado para se manter a temperatura
desejável em todos os dias de monitoramento.
A Figura 9 ilustra a temperatura do ambiente no período da tarde em que se
tem uma elevação, mas sempre estando dentro das características analisadas. E
quando a temperatura do sistema começava a aumentar, todo o sistema era aberto
para se ter áreas boas de ventilação.

Figura 9 – Gráfico thingSpeak leitura da temperatura a tarde.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

A Figura 10, analisa os dados salvos no thingSpeak que eram enviados a cada
5 minutos e, a imagem a seguir, representa leituras da temperatura do ambiente no
sistema DFT.

168
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
A terceira análise do sistema é a umidade do ambiente que, em todo o período
de monitoramento, observou-se que se manteve dentro dos padrões analisados, pois
o sistema DFT é um sistema úmido, por isso, a umidade do ambiente se manteve em
seus padrões.
A Figura 10 ilustra os dados salvos no thingSpeak que eram enviados a cada
5 minutos.
A imagem, a seguir, representa leituras da umidade do ambiente.

Figura 10 – Gráfico thingSpeak leitura da umidade.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

Analisou-se que, quando a temperatura do ambiente aumentava, a umidade do


ambiente teve um baixo declínio, mas devido a isso, a umidade do ambiente esteve
dentro das características analisadas do sistema.
A quarta análise do sistema é a condutividade elétrica da água que, em vários
dias de monitoramento, manteve-se dentro dos padrões desejáveis.
A Figura 11 ilustra os dados salvos no thingSpeak que eram enviados a cada
5 minutos e, a imagem a seguir, representa leituras da condutividade elétrica da água.

169
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 11 – Gráfico thingSpeak leituras de condutividade elétrica da água.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

Também analisou que, em temperatura do ambiente mais elevado, a


condutividade elétrica da água aumentava.
A Figura 12 ilustra os dados salvos no thingSpeak que eram enviados a cada
5 minutos e, a imagem a seguir, representa leituras da condutividade elétrica da água.

Figura 12 – Gráfico thingSpeak leituras de condutividade em temperatura elevadas.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

No período da tarde, a condutividade elétrica aumentava, mas sempre estava


em suas características desejáveis para a produção de mudas.
Também verificou-se que, quando foram adicionadas 500 gramas de
fertilizante, adubo float 20-10-20, a condutividade elétrica da água se alterou e
aumentou em sua primeira leitura após se dissolver o fertilizante. Assim, a leitura de

170
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
condutividade não estava dentro dos padrões desejáveis para a produção de mudas
de tabaco.
A Figura 13 ilustra os dados salvos no thingSpeak que eram enviados a cada
5 minutos e, a imagem a seguir, representa leituras da condutividade elétrica da água.

Figura 13 – Gráfico thingSpeak leitura condutividade ultrapassou os padrões.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

Com o aumento da condutividade elétrica, ou seja, há mais concentração de


sais na água que contribuem para o aumento da condutividade. A primeira alternativa
é adicionar água no sistema DFT, pois com a colocação de fertilizante teve uma
grande concentração de sais a mais. Após isso, são adicionados 3 cm de água no
sistemas DFT para manter o nível dentro do túnel de água e, assim, a concentração
de sais na água se dissolveu melhor. Após isso, a condutividade elétrica da água
baixou e se normalizou em suas características desejáveis para a produção de mudas
de tabaco.
A quinta análise do sistema é o pH da água, verificando que, em dias de
temperatura mais alta, o pH da água se manteve em variações, como a Figura 14
ilustra a seguir

171
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 14 – Gráfico thingSpeak dados do pH.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

A Figura14, acima, ilustra os dados salvos no thingSpeak que eram enviados a


cada 5 minutos e representa leituras do pH da água.
Verificou-se, também, no sistema automatizado para a melhora na produção
de mudas que, com o crescimento das mudas de tabaco, o substrato absorve mais os
nutrientes e com a evaporação em dias de maior temperatura o pH da água se alterou
e o seu valor ultrapassou os limites dentro dos padrões desejáveis na produção de
mudas de tabaco.
A Figura 15 ilustra os dados salvos no thingSpeak que eram enviados a cada
5 minutos e representa leituras do pH da água.

Figura 15 – Gráfico thingSpeak leituras do pH alterado de seus padrões.

Fonte: Dados da pesquisa (2021)

172
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Após o aumento do pH, é buscada a opção de tentar manter o pH novamente
dentro dos padrões desejáveis. Assim, a primeira opção é adicionar água no sistema
DFT, pois como as mudas absorvem água para se manterem vivas, o sistema DFT
estava com o nível baixo de água com 4 cm, para tentar manter o pH dentro das
características desejáveis se adicionou 5 cm de água no sistema DFT e, aos poucos,
depois de 5 leituras equivalentes a 25 minutos, a leitura de pH baixou dentro das
características e se manteve dentro dos padrões.
A Figura 16 ilustra que, quando a temperatura do ambiente do sistema DFT
não estava elevado, o pH da água se manteve constante em suas leituras dentro das
características desejáveis na produção de mudas de tabaco como os dados salvos no
thingSpeak que eram enviados a cada 5 minutos e representa leituras do pH da água.

Figura 16 – Gráfico thingSpeak dados do pH constante.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

Para dashboard é utilizado o aplicativo blynk, que alerta em tempo real se as


variáveis estudadas para a produção de mudas de tabaco estão em suas
características desejáveis, caso os parâmetros analisados demonstrem alta ou baixa
fora dos padrões nas variáveis, o aplicativo emite alertas a cada 2 segundos.
A Figura 17 apresenta o layout do aplicativo em três imagens.

1. - Layout do aplicativo em estado normal;


2. - Layout do aplicativo com alerta de condutividade elétrica da água;
3. - Layout do aplicativo com alerta do pH da água;

173
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 17 – Layout do aplicativo blink.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

A Figura 18 apresenta o aplicativo Blynk, alertando que o monitoramento do


sistema estava off-line. Isso aconteceu quando houve perda de sinal no Wi-FI da
internet, mas, após alguns minutos, o aplicativo retornou em seu funcionamento
normal.

Figura 18 – Aplicativo alertando esta off-line.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

O monitoramento do sistema DFT dentro do marco Agro 4.0 em IoT permitiu


verificar o melhoramento da produção de mudas de tabaco em termos de eficácia,
174
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
permitindo, também, verificar o funcionamento integral do sistema, com uma resposta
obtida, conforme o esperado de todos os componentes utilizados no projeto.
O projeto atuou todos os dias como o esperado dentro dos parâmetros
analisados.
A Figura 19 ilustra as mudas de tabaco prontas para o plantio depois de 40 dias
de monitoramento com o projeto automatizado ao sistema DFT.

Figura 19 – Mudas de tabaco após o monitoramento automatizado.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

A figura acima mostra, que no dia 22 de outubro de 2021 no município de Major


Vieira, interior do município na comunidade de Rio Novo de Cima na propriedade do
pesquisador, foi desligado o sistema DFT de monitoramento para a melhora na
produção de mudas de tabaco. Consequentemente, o monitoramento das condições
de nutrientes nos fluidos permite diminuir o risco de pragas, pestes e até mesmo a
morte das mudas. Verifica-se que maioria das mudas estavam em estado perfeito de
plantio, assim o sistema de monitoramento atuou conforme o esperado para melhora
na produção de mudas.
Consequentemente, é feita a contagem das mudas de tabaco.

175
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
A Figura 20 ilustra o pesquisador fazendo a contagem das mudas aproveitáveis
e descartáveis para comparar se o sistema atingiu o seu estudo esperado dentro da
produção no sistema DFT no marco Agro 4.0 com abordagem em IOT.

Figura 20 – Contagem das mudas de tabaco.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

A Figura 21 ilustra as mudas que são descartáveis no monitoramento do


sistema automatizado. Analisa que essas mudas não estão em condições de
transplante para o solo, sendo devastáveis.

Figura 21 – Mudas descartáveis no momento da contagem.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)


176
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
A Figura 22 ilustra as mudas aproveitadas no sistema de monitoramento, como
pode-se analisar são sadias e uniformes para o transplante.

Figura 22 – Mudas aproveitáveis no momento da contagem.

Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

A Tabela 2 ilustra a contagem de cada bandeja, sendo monitoradas 30


bandejas de 200 células cada que equivale a um total de 6000 mudas analisadas, ou
seja, meio módulo do sistema DFT.

Tabela 2 – Ilustração da contagem de todas as mudas de tabaco analisadas.


Bandejas Mudas aproveitáveis Mudas descartáveis
1 187 13
2 190 10
3 188 12
4 187 13
5 193 7
6 189 11
7 187 13
8 188 12
9 191 9
10 189 11
11 186 14
12 188 12
13 186 14
14 192 8
15 188 12
16 189 11
17 187 13
18 189 11
19 186 14
20 188 12
21 191 9
177
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Bandejas Mudas aproveitáveis Mudas descartáveis
22 190 10
23 189 11
24 186 14
25 188 12
26 191 9
27 189 11
28 186 14
29 187 13
30 189 11
Total de mudas 5.654 Aproveitáveis 346 Descartáveis
Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

A tabela acima analisa as mudas aproveitáveis e descartáveis de tabaco dentro


do sistema DFT.
A Equação 6 ilustra se o sistema automatizado obteve sucesso em melhora na
produção de mudas de tabaco.
𝐴𝑝𝑟𝑜𝑣𝑒𝑖𝑡á𝑣𝑒𝑖𝑠 (6)
𝐼= ∗ 100
𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙

Conforme a equação acima, o sistema automatizado na produção de mudas


de tabaco obteve uma eficácia de 94,2% na produção. Isso quer dizer que a
implementação do sistema se tornou eficaz, pois obteve uma melhora de mais de 10%
na produção de muda de tabaco.
Também analisou que o sistema implementado na produção de mudas de
tabaco, em que se utilizou apenas 500 gramas de fertilizantes float 20-10-20 na
produção e com o monitoramento das condições de nutrientes nos fluidos, permitiu
diminuir o uso de fertilizante na produção, pois sem o monitoramento, em meio módulo
do sistema DFT, era usado 1000 gramas de fertilizante. Assim, o agricultor também
tem melhorias em impacto econômico com a implementação desse sistema
automatizado.
A Tabela 3 apresenta os custos do projeto, levando em consideração apenas
os componentes utilizados do sistema, sendo considerada a caixa em acrílico, onde o
sistema é implementado e as soluções tampão para calibragem do sensor de pH.

178
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Tabela 3 – Componentes utilizados no sistema.
Componente Quantidade Valor Total
Placa Wemos D1 esp32 Wi-FI 1 R$ 129,40
Sensor Ds18B20 1 R$ 28,90
Sensor DHT22 1 R$ 37,75
Modulo sensor pH 1 R$ 196,44
Solução tampão 3 R$ 66,90
Sensor Condutividade Elétrica 1 R$ 195,00
Fonte 5V 1 R$ 48,00
Conversor ADS1115 1 R$ 40,20
Caixa acrílico 1 R$ 119,97
Custo Total R$ 862,56
Fonte: Dados da Pesquisa (2021)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O propósito desse trabalho é desenvolver um sistema de monitoramento que


realize leituras das variáveis de condutividade, acidez-alcalinidade, temperatura da
água, assim como a temperatura e umidade de seu ambiente, para a melhora em
termos de eficácia na produção de mudas de tabaco. As variáveis do sistema podem
ser remotamente monitoradas e controladas com o aplicativo de celular Blynk e a
comunicação com o servidor, utilizando a plataforma thingSpeak.
Primeiramente é desenvolvido o sistema que efetua o monitoramento de
condutividade elétrica, pH e temperatura da água, assim como a temperatura e
umidade de seu ambiente, utilizando a plataforma Arduino como hardware, é
desenvolvido um protótipo para realizar o monitoramento da produção de mudas de
tabaco.
Num segundo momento desse trabalho, foi desenvolvido o sistema que
gerencia e monitora o projeto remotamente. Utilizando a placa Wemos d1 Eps32,
juntamente com a plataforma de desenvolvimento de aplicativo Blynk, foi possível a
comunicação com a placa Wemos através da internet. Utilizando-se o conversor
analógico digital ADS1115, foi possível a comunicação do mestre Wemos d1 Eps32
com os dois sensores analógicos e com os dois sensores digitais. Além do aplicativo
apresentar os dados coletados pelo sistema eletrônico em Dashboard disponível por
internet, também possui alarmes para alertar possíveis falhas das variáveis no sistema
de monitoramento em tempo real, e a plataforma de monitoramento em comunicação
com o servidor remoto com as variáveis condutividade elétrica, pH, temperatura da
água e temperatura e umidade do ambiente, sendo realizado em banco de dados com
plataforma IoT no sistema embarcado thingSpeak.
179
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Conclui-se que o sistema atende as necessidades propostas, sendo elas as
medições das características estudadas, relatórios das condições monitoradas na
produção de mudas de tabaco dentro das características do Agro 4.0.
E, também, que o sistema obteve uma eficácia de 94,2% na produção de
mudas com o sistema automatizado, isto quer dizer que o melhoramento obteve um
aumento de 10,9% na produção de mudas de tabaco, sendo o sistema eficaz em sua
aplicação dentro do Agro 4.0.

REFERÊNCIAS

COSTA M, C, F; OLIVEIRA. F. Cultivo de Fumo (Nicotiana tabacum L.)


Universidade de São Paulo - USP; 2012.

GRUPO CULTIVAR- Agricultura 4.0 começa a ser realidade na agricultura


familiar. 2020 Disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/noticias/agricultura-
4-0comeca-a-ser-realidade-na-agricultura-
familiar#:~:text=A%20Agricultura%204.0%20%C3%A9%20o,ganhando%20espa%C
3%A7o%20no%20agroneg%C3%B3cio%20brasileiro.&text=Focada%20no%20pequ
eno% 20e%20m%C3%A9dio,o%20Caderno%20de%20Campo%20Digital Acesso
em 28 Mar. 2021.

HEEMANN, F. O cultivo do fumo e condições de saúde e segurança dos


trabalhadores rurais. Porto Alegre, RS: Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Escola de Engenharia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Produção, 2009.

INCA – Instituto Nacional do Câncer- Produção de fumo e derivados - 2021,


Disponível em: https://www.inca.gov.br/observatorio-da-politica-nacional-de-
controledo-tabaco/producao-fumo-e-derivados Acesso em: 25 Mar. 2021.

LIMA. G, C. FIGUEIREDO. F, L. BARBIERI. A, E. SEKI. J. Agro 4.0: Enabling


agriculture digital transformation through IoT. Revista Ciência Agronômica. 2020.

LIMA. G, G. Eficiência do Lodo de Fossa Asséptica, na Compostagem de


Resíduos de Fumo. Universidade Federal de Santa Catarina – Curitibanos. 2015.

MACHADO B, F. Sistema de Monitoramento da qualidade do ar por meio de


micro sensores aplicados ao conceito de cidade inteligente. Universidade
Tecnológica do Paraná, Campus Londrina; 2017.

MACHADO J, A; MELLO M, F. Desenvolvimento de um sistema de arrefecimento


para criostato hélio 10K. Universidade do Vale do Paraíba. 2016.

MAGRANI, E. A internet das coisas. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018.

180
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
MANZANO, J. A. N. G. MySQL 5.5 - Interativo: guia essencial de orientação e
desenvolvimento. 1. ed. São Paulo: Érica, 2011.

MONK, S. 30 Projetos com Arduino. Porto Alegre: Bookman, 2014.

NASCIMENTO, B. DIÓGENES; D. P. D. Medidor de grandezas elétricas com acesso


remoto. Revista Eletrônica de Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica. 2020.

OLIVEIRA R; R. Uso do microcontrolador ESP8266 para automação residencial.


Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2017

OLIVEIRA, C; V. ZANETTI, H; P. Arduino descomplicado: como elaborar projetos


de eletrônica. São Paulo. Editora Saraiva, 2015.

OLIVEIRA. J, C, A. Sistema Para Detecção de Gás Liquefeito de Petróleo em


Ambientes Residenciais, Utilizando um Sensor mq – 2 com Abordagem IoT.
Universidade do Contestado. 2019.

OLIVEIRA. V, J. Mensuração dos custos na produção agrícola: um estudo de


casa. Universidade de Passo Fundo - Soledade. 2013.

PINTO M, C, F. Manual Medição in loco: Temperatura, pH, Condutividade Elétrica


e Oxigênio Dissolvido CPRM – Serviço Geológico do Brasil Diretoria de Hidrologia e
Gestão Territorial – DHT Superintendência Regional de Belo; 2007.

RIBEIRO. J, G; MARINHO. D, Y; ESPINOSA, J, W, M. Agricultura 4.0: Desafios à


produção de alimentos e inovações tecnológicas. Simpósio de Engenharia de
Produção (SIENPRO). Goiás. 2018.

SANTOS, Felipe. Agro 4.0 contribui para aumento de produtividade, 2020


Disponivél em: https://www.agrolink.com.br/ Acesso em: 14 Mar. 2021.

SANTOS. J, A. Instrumentação Eletrônica com o Arduino Aplicado ao Ensino


de Física. Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física – Recife. 2015.

SILVA J; F; M; C. JÚNIOR F; W; R; M. AGUIAR W; S. MOTA H; N; G. GOMES F; N;


R. Sistema de Automação Residencial Via Aplicativo Utilizando Conceitos de
Internet Das Coisas. 16th International Conference On Information Systems &
Technology Management - Contecsi – 2019

SINDITABACO. Brasil & Tabaco Liderança no mercado mundial, 2021 Disponível


em: BRASIL & TABACO Liderança no mercado mundial - Sinditabaco Acesso em 24
Mar.2021.

SNELL; BESSIN; SANDERSON. Burley and dark tobacco production guide.


2021.

SOUZA CRUZ. A cultura do fumo: manejo integrado de pragas e doenças. 2.ed.


Editora Souza Cruz, 2007.

181
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
TROLLI. B, V. Fotodegradação de pesticidas presentes em efluente líquido do
sistema float de plantio de mudas de fumo. 2007. Dissertação. (Mestrado) –
Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental. Santa Cruz do Sul. 2007.

VDMA VERLAG. Guideline Industrie 4.0. 2016. Disponível em:


https://vdmaverlag.com/home/artikel_72.html#modal-cookiewarning. Acesso em: 25
Mar. 2021

VIDAL. L, R. Aplicação de técnicas de agriculturas de precisão em áreas do


cultivo do fumo na agricultura familiar. Universidade Federal de Santa Maria –
Rio Grande do Sul. 2016.

WITTLICH G; S. Sistema para aquisição de dados em testes de campo aberto


utilizando um conversor analógico/digital tipo Sar. Universidade do Contestado –
UnC. Canoinhas, 2019.

182
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA DE REUSO DO EFLUENTE
TRATADO E DE ÁGUA PLUVIAL EM EDIFÍCIO RESIDENCIAL37
Eliciane dos Santos Franceschini 38
Gabriela Bueno 39
Renata Campos 40
Liege Fernanda Koston Wosiacki41
Aline Schuck 42

RESUMO
Atualmente o aumento da demanda e a diminuição da oferta de água com qualidade
é um dos problemas que vêm atingindo, principalmente, grandes cidades. Algumas
formas de aproveitamento de água para fins não potáveis, são soluções sustentáveis
que contribuem para o uso racional da água. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é
analisar a viabilidade de custo da implantação dos sistemas de reuso, um de efluente
tratado e outro de tratamento de água da chuva para um residencial multifamiliar,
visando torná-lo uma edificação sustentável. O projeto dos dois sistemas foi
executado por uma empresa terceirizada e, após a obtenção dos dados foi realizada
análise de viabilidade. A ETE compacta com capacidade de tratar 7,2 m³/dia tem um
custo de implantação de R$ 69.540,00 reais e atenderá 45 pessoas, já o sistema de
captação de água, com capacidade de 7.500 L custa R$ 27.600,00. A água tratada
será utilizada para descargas, limpeza do edifício, irrigação e outros usos não
potáveis. Após a análise do sistema foi possível acrescer em torno de R$16.000,00
reais no valor de cada apartamento para comercialização. De modo geral, entendeu-
se como não viável a implantação, por gerar alto custo ao empreendedor com
manutenção, porém no quesito sustentabilidade a sua implantação é indiscutível,
analisando seus benefícios aos moradores e ao entorno.

Palavras-chave: Soluções sustentáveis; Impacto financeiro; Saneamento.

ABSTRACT
Currently, the increase in demand and the decrease in the supply of quality water is
one of the problems that have been affecting mainly large cities. Some ways of using
water for non-potable purposes are sustainable solutions that contribute to the rational
use of water. Thus, the objective of this work is to analyze the cost viability of the

37
Pesquisa resultante do Trabalho de Conclusão de Curso da Engenharia Civil da Universidade do
Contestado.
38
Engenheira Civil, Universidade do Contestado, Campus de Concórdia, e-mail:
elicianefranceschini@gmail.com
39
Pedagoga, Universidade do Contestado, Campus de Canoinhas, e-mail: gabrielab@unc.br
40
Dra. Em Fisioterapia Docente e Pesquisadora na Universidade do Contestado – UNC, Campus de
Mafra. Membro do Núcleo de Pesquisa em Saúde Coletiva e Meio Ambiente da Universidade do
Contestado (NUPESC), e-mail: renatacs@unc.br
41
Dra. Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental. E-mail: liegewosiacki@gmail.com
42
Dra. Engenharia Ambiental, Docente e Pesquisadora no Programa de Mestrado Profissional em
Engenharia Civil, Sanitária e Ambiental (PMPECSA) na Universidade do Contestado - UNC,
Campus de Concórdia. Membro do Grupo de Pesquisa e Extensão na Gestão de Riscos em
Desastres (GEGRID), e-mail: aline.schuck@unc.br
183
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
implementation of the reuse systems, one of treated effluent and the other of rainwater
treatment for a multifamily residential, aiming at making it a sustainable building. The
design of the two systems was carried out by an outsourced company and, after
obtaining the data, a feasibility analysis was carried out. The compact ETE with the
capacity to treat 7.2m³/day has an implementation cost of R$69,540.00 reais and will
serve 45 people, while the water collection system, with a capacity of 7,500L costs
R$27,600.00. The treated water will be used for flushing, building cleaning, irrigation
and other non-potable uses. After analyzing the system, it was possible to add around
R$17,000.00 to the value of each apartment for sale. In general, it was understood that
the implementation is not viable, since it generates high costs for the entrepreneur with
maintenance, but in terms of sustainability, its implementation is indisputable analyzing
its benefits to residents and the surrounding area.

Keywords: Sustainable solutions; Financial impact; Sanitation.

1 INTRODUÇÃO

Alcançar o desenvolvimento sustentável na indústria da construção civil que


tem uma série de impactos negativos em seu ambiente operacional, necessitando de
uma resposta eficaz. Por isso, deve-se começar a considerar outros aspectos, que
não os econômicos, na construção civil como uma solução habitacional sustentável
em diversos tipos de conceitos. Para os projetos, os aspectos de custo e lucro são
particularmente importantes, independentemente das suas características,
localização e duração, pois representam a atividade econômica num mercado
competitivo em crescimento (MATTOS, 2006).
Medidas aplicadas em empreendimentos, residências e condomínios,
permitem o melhor aproveitamento dos recursos in loco, a exemplo de captação de
água pluvial, aproveitamento energético por meio de placas fotovoltaicas, reuso de
águas cinzas, compostagem, etc. Essas ações de sustentabilidade foram
incorporadas e ganham destaque, muitas vezes não pela redução de custos, mas pela
preocupação ambiental em reduzir matéria prima e conscientização da escassez dos
recursos naturais utilizados, como por exemplo, água potável.
Captar a água pluvial para, posteriormente, usá-la em atividades domésticas
não potável é uma medida de uso eficiente da água, pois ao utilizar a água pluvial nas
residências, não se está apenas poupando água potável, mas também a energia
utilizada para tratamento e transporte dessa água. Além disso, diminui a erosão local
e as inundações, pois, o escoamento superficial que poderia degradar canais e

184
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
concentrar poluentes é convertido em água que será captada e, posteriormente,
utilizada para consumo (BERTOLO, 2006). O reuso de água, até pouco tempo atrás,
era considerado uma opção incomum e pouco difundida, mas atualmente as técnicas
de tratamento de água e de esgoto são muito similares e começam a se tornar uma
alternativa interessante e sustentável (MANCUSO; SANTOS, 2003).
Nesta pesquisa, serão apresentadas informações sobre instalação de dois
sistemas compactos que visam ao reuso de água. O primeiro é o sistema de captação
de água pluvial e o segundo é uma estação de tratamento de esgoto sanitário. Essas
são duas medidas aplicadas em um residencial de alto padrão e tem como objetivo a
preocupação com a sustentabilidade ambiental, redução de custos e aproveitamento
dos elementos presentes.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 REUSO

O reuso está relacionado à proteção da saúde pública e do meio ambiente, ao


saneamento ambiental e à gestão dos recursos hídricos, sendo necessário, na prática,
entender o embasamento legal e determinar sua forma correta. De acordo com a
pesquisa de May (2004), a viabilidade do sistema de aproveitamento da água da
chuva depende principalmente de três fatores: precipitação, área de captação e
demanda. O reservatório deve ser projetado de acordo com as necessidades dos
usuários e da precipitação local para determinar seu tamanho corretamente.
Existem poucas leis que regulamentam o reuso da água no Brasil. A NBR
13969/1997 descreve o reuso local no artigo 5.6, após o tratamento, o esgoto que
seja, essencialmente, doméstico ou que tenha características semelhantes deve ser
tratado e reutilizado para água não potável de qualidade, mas sim para saneamento
e segurança como finalidades de irrigação de jardins, limpeza de pisos e veículos
motorizados, descarga de vasos sanitários, embelezamento de lagos e rios com água,
irrigação de terras agrícolas, pastagens, etc.
A norma também cobre os seguintes itens: o planejamento do sistema de
reuso, o uso pretendido do esgoto tratado, a quantidade de esgoto a ser reutilizado, o
grau de tratamento necessário, o sistema de reserva e distribuição e os manuais de

185
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
operação e treinamento do pessoal responsável. Na NBR 13969/1997, as categorias
e parâmetros de esgoto são definidos de acordo com a taxa de reuso prevista. Essas
classes são as seguintes:
✓ classe1: lavagem de veículos e outros usos que requerem o contato direto
do usuário com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador incluído
chafarizes; ✓ classe 2: lavagens de pisos, calçadas e irrigação de jardins,
manutenção de lagos e canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes; ✓ classe 3:
reuso nas descargas de vasos sanitários; ✓ classe 4: reuso nos pomares, cereais,
forragens, pastagens para gados e outros cultivos através de escoamento superficial
ou por sistema de irrigação pontual.

2.2 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL (ETAC)

A captação de água da chuva é uma prática muito difundida em países como a


Austrália e a Alemanha, onde novos sistemas vêm sendo desenvolvidos, permitindo
a captação de água de boa qualidade de maneira simples e bastante efetiva em
termos de custo-benefício. A água de chuva coletada no telhado descerá pelas calhas
e passará pelo filtro instalado na tubulação (dentro da cisterna). Após passar pelo
filtro, a água será armazenada pelo tanque de no mínimo 15.000 L. Por meio de bóia
elétrica, a bomba centrífuga enviará a água bruta para o filtro clorador de tratamento.
Após passagem pelo filtro, haverá dosagem de cloro dentro da tubulação para garantir
uma água de boa qualidade a ser distribuída no sistema.
A NBR 15527/2007 - “Aproveitamento de água de chuva de coberturas em
áreas urbanas para fins não potáveis” aborta as condições gerais sobre: concepção
do sistema de aproveitamento de águas pluviais, calhas e condutores, reservatórios
de descarte (reservatório utilizado para coletar a água de escoamento inicial) e
reservatório de águas pluviais (reservatório utilizado para a acumulação das águas
pluviais), instalações prediais, qualidade da água, bombeamento e manutenção do
sistema.
A NBR 15527/2007 no item 4.5.1, sobre a qualidade da água, descreve que os
padrões de qualidade podem ser definidos pelo projetista de acordo com a utilização
prevista. A norma sugere ainda padrões de qualidade de águas pluviais para usos

186
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
mais restritivos, porém não potáveis. Na tabela 1, são apresentados os parâmetros
que devem ser analisados em águas pluviais.

Tabela 1 – Parâmetros de qualidade de águas pluviais para usos restritivos não potáveis.
Parâmetros Análise Faixa
Coliformes totais Semanal Ausência em 100mL
Coliformes termotolerantes Semanal Ausência em 100mL
Cloro residual livre Mensal 0,5 a 3,0 mg/L
< 2,0uT, para usos menos restritivos
Turbidez Mensal
< 5,0uT
Cor aparente (caso não seja
utilizado corante, ou antes, Mensal < 15 uH
da sua utilização
Deve prever ajuste do PH para pH de 6,0 a 8,0 no caso de tubulação
Mensal
proteção das redes de distribuição de aço, carbono ou galvanizado
NOTA: Para desinfecção, a critério do projetista, pode-se utilizar derivado clorado, raios
ultravioleta, ozônio e outros. Em aplicações onde é necessário um residual desinfetante
deve ser usado derivado clorado.
Fonte: NBR 15527/07.

A norma recomenda no item 5.1, com relação à manutenção do sistema de


coleta e aproveitamento de águas pluviais, que a manutenção em todo o sistema siga
os critérios da tabela 02.

Tabela 2 – Frequência de manutenção do sistema de coleta e aproveitamento de águas pluviais.


Componentes Frequência de manutenção
Dispositivos de descarte de detritos Inspeção mensal – limpeza trimestral
Dispositivo de descarte de escoamento inicial Limpeza mensal
Calhas, condutos verticais e horizontais 2 vezes ao ano
Dispositivos de desinfecção Mensal
Bomba Mensal
Reservatório Limpeza e desinfecção anual
Fonte: NBR 15527/07.

2.3 SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE)

O objetivo de uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) é a remoção dos


poluentes presentes nas águas residuárias, sem alteração de sua qualidade. O
tratamento do esgoto doméstico tem como objetivo, principalmente: remover o
material sólido, reduzir a demanda bioquímica de oxigênio, exterminar micro-
organismos patogênicos e reduzir as substâncias químicas indesejáveis (MOTA,
1995). Uma ETE compacta é uma solução inovadora, de configurações diversas e

187
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
ideias para condomínios, estabelecimentos comerciais e locais não atendidos pela
rede pública.
A ETE, que será utilizada, é um sistema inovador para o tratamento de esgoto,
aliando tecnologia ambiental e simplicidade operacional. A estação funciona através
do método SBR (Reator Sequencial em Bateladas), podendo ser projetada para até
150,00 m³/dia de capacidade de tratamento ou uma população equivalente de 1.000
pessoas (residencial). O método de tratamento de esgoto SBR – Sequencing Batch
Reactor ou Reator Sequencial em Bateladas – é um sistema biológico de tratamento
que apresenta alta eficiência na remoção de poluentes. O método é utilizado no
mundo inteiro e, basicamente, utiliza lodo ativado e um tanque de acúmulo para
realizar todo o tratamento.

3 METODOLOGIA

3.1 LOCAL DE ESTUDO

Esse estudo foi aplicado em um residencial localizado no Loteamento Morro do


Merlo, em Concórdia, Santa Catarina. O residencial possui um subsolo, térreo e mais
três pavimentos, sendo eles: dois pavimentos “tipos” (iguais) e um pavimento com
apartamentos duplex. O subsolo tem área de 496,58m², constituído de duas vagas de
garagem por apartamento, bicicletário e armários, playground e galeria técnica. O
térreo possui área de 98,55m² com um salão de festas, decks, espaço de convivência
e área técnica.
A figura 1 apresenta a perspectiva em 3D da edificação e a figura 4 apresenta
as plantas baixas dos pavimentos térreo e tipo.

188
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Figura 1 – Perspectiva da Edificação.

Fonte: Mathei Home (2020).

Os pavimentos são divididos em três apartamentos, circulação e elevador,


contemplando área construída de 333,84m². Essa terminologia é recebida quando um
ou mais pavimentos se repetem em planta em um edifício. E no último pavimento
haverá 2 apartamentos duplex e um apartamento com 02 dormitórios.
O edifício conta com alguns diferenciais, buscando a sustentabilidade, como
sistema de reutilização de água da chuva, sistema de reutilização de efluentes
gerados e o sistema de geração de energia solar. Nesta pesquisa, serão elencandos
os sistemas de reuso de água servida e chuvas. Espaço de convivência com
paisagismo, irrigação automatizada e locais para contemplação da vegetação
proporcionando maior contato com a natureza.

3.2 LOCAL DE ESTUDO SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA E


TRATAMENTO DE ESGOTO

Na pesquisa foi analisada a viabilidade de implantação de dois sistemas de


reuso, um para águas residuárias e outro para águas pluviais. O reuso de águas
residuárias servirá para minimizar o consumo, será instalado sistema de tratamento e
reutilização de esgoto em vasos sanitários, torneiras para uso geral/limpeza e
irrigação, dimensionado e projetado conforme preconizado na NBR13969/97,
reduzindo, assim, o consumo de água potável por parte do condomínio.

189
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Também, em atendimento à Lei n.º 4.411, de 22/05/2012, do Município de
Concórdia, será instalado um reservatório de 7.500L (7,5m³) para captação e
armazenamento de águas pluviais provenientes de telhados e coberturas. As águas
captadas em acessos e garagem não serão captadas para reutilização devido à
presença de materiais oleosos e partículas de metais. Esses sistemas são compactos
e estão disponíveis no mercado. Na pesquisa serão apresentadas informações sobre
esses sistemas, sua operação e os custos diretos para implantação.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL

A quantidade de precipitação é o primeiro fator determinante do potencial de


captação. O índice anual de chuva do local onde se deseja instalar o sistema é uma
informação fundamental e pode ser medido através de quantos milímetros chove por
ano em um m², resultando no volume em L.
Na figura 2 é possível observar a precipitação dos últimos 9 anos em
Concórdia. A área de contribuição do residencial para captação de água pluvial é
270m². Dessa forma, nessa área, poderão coletar 540.000 L anual (540m³),
considerando um acumulado de 2000 mm no ano. Esse volume pode variar em função
da precipitação anual, intensidade, ações do vento e inclinação da precipitação.

Figura 2 – Precipitação acumulada de 2010 a 2019.

Fonte: EMBRAPA (2020).

O sistema que será implantado, destaca-se por ter todos os componentes que
garantem uma água de boa qualidade para o seu reuso. Entre os diferenciais estão,

190
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
a economia no consumo de água da concessionária, o sistema de filtragem e a ETAC
- estação de tratamento de água de chuva – automático.
A água de chuva, coletada no telhado, descerá pelas calhas e passará pelo
filtro instalado na tubulação (dentro da cisterna). Após passar pelo filtro, a água será
armazenada pelo tanque. Por meio de boia elétrica, a bomba centrífuga enviará a
água bruta para o filtro declorador de tratamento. Após passagem pelo filtro, haverá
dosagem de cloro dentro da tubulação para garantir uma água de boa qualidade a ser
distribuída no sistema.
De acordo com a Lei municipal n° 4.242, atualizada pela lei municipal n.º 4.411,
de 22 de maio de 2012, as novas edificações devem prever, em seu projeto,
reservatórios com volumes mínimos de armazenagem da chuva. O empreendimento
em estudo apresenta uma área total construída de 1.664,71 m², o que o define,
conforme artigo 3° da referida lei, o tamanho mínimo do reservatório em 7.000 L, para
as edificações e ampliações, independente do uso e localização, com área total
construída superior a 1.000,00 m² (Programa Municipal de Conservação e Uso
Racional da água nas Edificações, 2010). Então será adotado um reservatório de
7.500 L de polietileno a ser instalado no subsolo do condomínio. A tubulação de
ligação entre o reservatório e a bomba de recalque será em PVC e alimentará vasos
sanitários, torneiras de uso geral, torneiras para irrigação e limpeza de pisos e
calçamentos do edifício.
Esse reservatório será instalado junto aos demais e contará com sistema de
bomba elevatória para abastecimento de um reservatório superior, com capacidade
de 3.000 litros, do qual será feita a alimentação das torneiras para usos específicos,
conforme apresentado, em tubulações separadas e por gravidade.

4.2 SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE)

Os efluentes provenientes de pias de lavatórios, vasos sanitários, ralos de


chuveiro, área de serviço, ralo de áreas de circulação e convivência (área gourmet,
sacadas, salão de festas) serão coletados e destinados ao sistema de tratamento.
efluentes de pias de cozinha, máquina de lavar louça e pias das áreas gourmet serão
coletadas e destinadas à caixa de gordura antes de chegar no sistema de tratamento.

191
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
A ETE ,que será utilizada, é um sistema inovador para o tratamento de esgoto,
onde alia tecnologia ambiental e simplicidade operacional. A estação funciona através
do método SBR (Reator Sequencial em Bateladas), podendo ser projetada para até
150,00 m³/dia de capacidade de tratamento ou uma população equivalente de 1.000
pessoas (residencial). No entanto para o residencial, a ETE compacta terá uma vazão
máxima de 7.200 L/dia de esgoto, equivalente a 45 pessoas.
O método de tratamento de esgoto SBR – Sequencing Batch Reactor ou Reator
Sequencial em Bateladas – é um sistema biológico de tratamento que apresenta alta
eficiência na remoção de poluentes. O método é utilizado no mundo inteiro e,
basicamente, utiliza lodo ativado e um tanque de acúmulo para realizar todo o
tratamento.
Todo o sistema será instalado dentro de um tanque de concreto, hermético e
isolado com aplicação de material impermeabilizante. A água tratada é destinada a
uma cisterna da qual será bombeada para um reservatório superior. Deste, alimentará
vasos sanitários, torneiras de uso geral, torneiras para irrigação e limpeza de pisos e
calçamentos do edifício. O excedente tratado, proveniente da cisterna, será destinado
por extravasor, tubo PVC de 32mm, até a galeria pluvial existente abaixo do passeio
(Figura 3).

Figura 3 – Localização da ETE e cisternas.

Fonte: Mathei Home (2020).

O tratamento é baseado na sequência de quatro passos que são realizados de


forma cíclica durante o dia. Todos os passos são programados por tempo. O
funcionamento da ETE compacta está descrita na Tabela 3.

192
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Tabela 3. Funcionamento da ETE compacta.
Fase de carga: O tratamento tem início quando o
nível de água residual excede um nível definido de
enchimento, mostrado na figura. O esgoto bruto
proveniente do prédio é armazenado no primeiro
tanque, onde parte da carga orgânica total é
removida. O efluente é conduzido para o segundo
tanque (Reator SBR) através do sistema de
bombas de elevação hidráulica a ar comprimido
(airlift). Essa transferência ocorre de tal maneira
que apenas a água livre de sólidos é transferida
para o reator aeróbio. No projeto foi garantida a
permanência de um volume mínimo de água na Tanque 1 Tanque 2
primeira câmara. Dessa forma, há limitação do
nível de água, utilizando outros componentes
como boia elétrica não é necessária.
Fase de aeração: No segundo tanque ocorre o
processo de tratamento aeróbio. Nessa fase,
ocorrem períodos intercalados de aeração,
seguidos de carência de oxigênio, proporcionando
condições ideais para a degradação da matéria
orgânica.

Tanque 1 Tanque 2
Fase de sedimentação: Durante a fase de
sedimentação, é cessado a aeração e o lodo
biologicamente ativo se deposita no fundo do
tanque. Forma-se uma zona de efluente tratado na
parte superior do segundo tanque.

Tanque 1 Tanque 2

Extração de água limpa: O efluente tratado é


drenado para fora do reator SBR através do “airlift”
de maneira que qualquer ocorrência de lodo
flutuante na camada de água limpa não seja
coletada. Como passo final, o excesso de lodo
depositado no reator retorna para o primeiro
tanque e o processo inicia novamente.

Tanque 1 Tanque 2

Fonte: EBIO Tecnologia Ambiental (2020).

Após tratamento biológico no reator, o efluente é transferido para a câmara de


armazenamento para filtragem, onde se terá uma bomba que irá pressurizar o efluente
para um filtro de areia, seguido de um filtro de carvão ativado para garantir um efluente
sem cor e odor. Depois do filtro de areia, o esgoto tratado segue para uma cisterna de
7.500 L, onde terá uma circulação contínua da água, por uma lâmpada UV, com a
193
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
função de inibir a criação de algas. Após este passo, a água está pronta para ser
distribuída para os pontos de reuso.
O lodo ativo retorna todo final de ciclo, do reator para o buffer (primeira câmara).
Para esse projeto, foi considerada que a primeira câmara tem capacidade de
armazenamento de lodo durante 6 meses, ou seja, deve ser feita uma limpeza a cada
6 meses, apenas do primeiro tanque e como a limpeza é feita por caminhão limpa
fossa, o lodo retirado é direcionado para posterior tratamento.

4.3 ORÇAMENTO

Os resultados econômicos obtidos indicam aspectos importantes para tomadas


de decisões na elaboração de conceitos com responsabilidade social e ambiental.
Entendeu-se como fundamental o conhecimento para a realização das atividades,
recursos aos executores da obra, tempo para aplicação e custos gerais para
desenvolvimento do objetivo. Ao contrário, todos os recursos de economia investidos
sem responsabilidade ambiental geram maior custo, prejudicando o desenvolvimento
financeiro do setor.
As tabelas abaixo foram elaboradas conforme valor de mercado e orçamentos
já feitos com as empresas que prestam serviços de implantação e manutenção dos
sistemas. Os valores encontrados servem como base para uma análise de custos x
benefícios financeiros do empreendimento. São descritos os custos para implantação
dos dois sistemas de tratamento e manutenção ao longo do seu período de utilização.
Bem como uma análise de distribuição do custo total entre a área de cada
apartamento. No orçamento da ETE compacta, prevê-se aquisição do kit ETE BIO, o
qual inclui unidades SBR com volume de 7,20 m³ e uma estação de reuso. O custo
total da ETE compacta é de R$ 60.000,00, esse valor inclui a unidade ETE, o projeto,
memorial descritivo e ART. A seguir, no quadro 1, estão ilustrados os valores iniciais
de projeto.

Quadro 1 – Custo da ETE compacta.


Estação De Tratamento De Esgoto
Descrição Do Equipamento Preço Unitário (R$) Preço Total (R$)
KIT ETE EBIO– Método SBR 7,20 m3/dia + Serviços +
R$ 60.000,00 R$ 60.000,00
Estação de Reuso EBIO do efluente tratado
Projeto ETE (Memorial Descritivo + ART) NA NA
ETE EBIO + SERVIÇOS + PROJETOS R$ 60.000,00
Fonte: Autora (2020).
194
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Para a unidade de tratamento de água pluvial, foi considerada a compra da
estação de tratamento, instalação, filtro e freio d’água, sifão ladrão e realimentador,
totalizando R$27.600,00, conforme descrito no quadro 2.

Quadro 2 – Estação de tratamento de água da chuva.


ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA DA CHUVA
Descrição Do Equipamento Preço Unitário (R$) Preço Total (R$)
ETAC EBIO + instalação + filtro de água
da chuva + freio d’água + sifão ladrão + R$ 27.600,00 R$ 27.600,00
Realimentador
COMPONENTES PARA SISTEMA DE REUSO + SERVIÇOS R$ 27.600,00
Fonte: Autora (2020).

Para o adequado funcionamento da ETE e da ETAC, é necessário o


monitoramento frequente da qualidade de funcionamento e também a reposição de
insumos utilizados nos tanques, como o floculante e desinfetante. Esses dados são
apresentados no quadro 3.

Quadro 3 – Monitoramento da ETE + ETAC.


MONITORAMENTO AMBIENTAL COM TROCA DE INSUMOS DA ETE + ETAC
Periodicidade De
Custo Custo
Troca Ou
Unitário Mensal
Manutenção
I PAC (floculante) a cada 2 meses R$ 150,00 R$ 75,00
N HIPOCLORITO de sódio - 12% a cada 2 meses R$ 100,00 R$ 50,00
S
U MONITORAMENTO AMBIENTAL (análise
M de parâmetros básicos de qualidade do 4 horas por mês 75/hora R$ 300,00
O efluente e lodo + verificação do sistema)
S
TOTAL ANUAL R$ 5.100,00
Fonte: Autora (2020).

A manutenção preventiva também é necessária, com valor calculado de R$


4.440,00. Algumas peças/etapas precisarão de substituição anual, no caso do filtro de
carvão ativado e de areia. O soprador necessário de substituição entre 30 a 40 meses
de operação e a luz ultravioleta, utilizada para desinfecção, deverá ser substituida em
função do tempo de vida ou hora de uso (Quadro 4). Como os dois sistemas
apresentados na pesquisa são automatizados, é reduzido, também, os custos com
um operador.

195
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Quadro 4 – Manutenção preventiva da ETE + ETAC.
MANUTENÇÃO PREVENTIVA ETE + ETAC
Periodicidade de troca ou CUSTO
manutenção UNITÁRIO
conjunto diafragma
a cada 30-40 meses R$ 1.780,00
SOPRADOR DE AR
filtro de carvão ativado a cada 12 meses R$ 1.230,00
Componente
filtro de areia a cada 12 meses R$ 1.230,00
troca a cada 9.000 horas
Luz ultravioleta R$ 200,00
~ a cada 24 meses
TOTAL R$ 4.440,00
Fonte: Autora (2020).

No quadro 5, foram previstos alguns itens gerais que serão necessários para o
funcionamento dos dois sistemas de tratamento e que não estavam considerados no
orçamento entregue pela empresa contratada para fornecimento e instalação dos
mesmos.

Quadro 5 – Itens gerais não previstos no orçamento pela empresa contratada.


ITENS GERAIS
DESCRIÇÃO PREÇO TOTAL (R$)
Calhas para captar e direcionar a água da chuva; R$ 1.560,00
Tanque de armazenamento de água de chuva; R$ 4.000,00
Caixa separadora de gordura R$ 800,00
Taxas referentes aos licenciamentos nos órgãos
fiscalizadores, bem como, R$ 3.000,00
Licenciamento do Projeto da ETE
Tanques da ETE EBIO R$ 2.500,00
TOTAL R$ 11.860,00
Fonte: Autora (2020).

O valor total da implantação dos dois sistemas de tratamento de água para


reuso foi de R$ 107.020,00, sendo dividido, conforme o quadro 6, diluido no valor de
cada apartamento proporcional a sua metragem quadrada. O valor acrescido para
cada apartamento está descrito no quadro abaixo. Esses valores foram obtidos,
conforme avaliação prévia da empresa Mathei Home, ressaltando que podem sofrer
alterações no preço de venda, conforme futura análise da incorporadora. Os valores
de implantação foram divididos por área de cada apartamento, sendo que os maiores
valores foram inseridos para 2 duplex.

196
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Quadro 6 – Total de acréscimo por apartamento.
VALOR DA
APARTAMENTO METRAGEM (m²) IMPLANTAÇÃO POR PORCENTAGEM
APARTAMENTO
Apartamento 101 169,74 R$ 10.838,39 0,11%
Apartamento 102 175,35 R$ 11.196,60 0,11%
Apartamento 103 179,42 R$ 11.456,49 0,11%
Apartamento 201 169,74 R$ 10.838,39 0,11%
Apartamento 202 175,35 R$ 11.196,60 0,11%
Apartamento 203 179,42 R$ 11.456,49 0,11%
Apartamento 301 240,09 R$ 15.330,44 0,15%
Apartamento 302 251,46 R$ 16.056,45 0,16%
Apartamento 303 135,47 R$ 8.650,15 0,09%
TOTAL 1676,04 R$ 107.020,00 1,07%
Fonte: Autora (2020).

Foi feita uma breve análise da economia de água mensal com a utilização de
reuso de água nos locais já citados anteriormente. Sendo possível ter uma maior
economia se utilizada para mais usos não potáveis, com redução de 12 mil ao ano,
permitindo investimento de melhorias de outras áreas do condomínio ou poderá ser
usado para manutenção dos sistemas.
Existe uma dificuldade muito grande em prever a demanda de água não
potável, pois é impossível mensurar a quantidade de água que cada pessoa consome
para realizar a mesma atividade – enquanto alguém pode utilizar 100 L de água por
dia, outra pessoa pode consumir 250 L, por exemplo. Os usos da água em uma
residência podem ser internos e externos e sua quantificação é, geralmente, feita por
estimativa de demanda, visto que as pesquisas no Brasil com relação ao consumo
residencial de água são escassas (TOMAZ, 2003). A partir do consumo de água,
pode-se estimar o uso médio:
- Bacia sanitária: considerou-se que cada pessoa utiliza a descarga seis vezes
ao dia e cada descarga tem volume de 9 L de água, e um vazamento de 9%.
- Área de jardim: o total da área de jardins do edifício é de 195 m², sendo
regado por 2 L/m². dia sendo quatro dias por mês.
- Área de limpeza: considerou-se que a limpeza geral é feita duas vezes por
semana e, para cada limpeza, são gastos 500 L de água.
- Limpeza automática da lixeira: para a limpeza da lixeira que será
automática, considerou-se 5 vezes na semana, com um jato de 10L.

197
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
Quadro 7 – Total de água reutilizada por mês.
Economia Economia
Local do reuso Litros/mês M³/mês
mensal anual
Descargas 81000 81 R$ 690,55 R$ 8.286,60
Vazamento 7290 7,29 R$ 111,68 R$ 1.340,19
Irrigação 6240 6,24 R$ 95,60 R$ 1.147,16
Limpeza de áreas comuns 4000 4 R$ 61,28 R$ 735,36
Limpeza automática da lixeira 200 0,2 R$ 3,06 R$ 36,77
Total 98730 98,73 R$ 962,17 R$ 11.546,08
Consumo diário = 3,00 m³ (memorial de cálculo)
Fonte: Autora (2022).

Um método muito simples de análise econômica do capital investido em uma


obra é o Payback e deve ser considerado somente em um pré-estudo para aceitar ou
rejeitar determinado projeto, mas não é recomendado como critério de seleção de
várias alternativas, mutuamente, exclusivas ou projetos independentes.
O objetivo do Payback é medir o tempo em que o investimento inicial será
reposto, conforme Fuller e Petersen, 1995. A vantagem do Payback é a facilidade de
cálculo. Investimento inicial - Custo inicial de implantação = R$ 107.020,00. Benefício
- Economia = R$ 11.546,08. Payback = Investimento/Benefício = R$ 107.020,00 / R$
11.546,08 = 9,27 anos. Portanto, em 10 anos o investimento será reposto.
Observação quanto ao método do Payback: deve ser usado como uma diretriz
inicial de que o aproveitamento de água de chuva é viável. Notar que o Payback não
inclui a manutenção e operação, energia elétrica e outras despesas, mas para melhor
elucidar, o gráfico 01, montado abaixo, considera as manutenções e custos anuais,
proporcionando um retorno em menos de 35 anos.

Gráfico 1 – Payback dos dois sistemas

Payback
R$100.000,00
R$-
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011121314151617181920212223242526272829303132333435
R$(100.000,00)
R$(200.000,00)

Investimento/Custos Retorno

Fonte: Autora (2022).

198
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse trabalho, buscou-se avaliar o funcionamento e benefícios dos sistemas


implantados em uma obra residencial multifamiliar. O estudo de caso foi realizado na
cidade de Concórdia/SC, e teve como base os procedimentos e custos, comumente,
adotados pelo mercado da região.
O valor da implantação do sistema de tratamento de esgoto foi de R$
67.560,00, já o sistema para tratamento de água pluvial custará em torno de R$
27.600,00 e somando os itens gerais necessários, o valor total da implantação dos
dois sistemas foi de R$ 107.020,00. Em outros termos, houve um acréscimo em torno
de 1,07% no valor total do empreendimento, podendo,esse valor, ser, facilmente,
diluído no valor da venda dos apartamentos acrescidos em torno de R$16.000,00 para
cada apartamento. O que seria retornado para o morador em economia e
sustentabilidade.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15527: Aproveitamento


de água de chuva de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis; São
Paulo, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13969: tanques


sépticos: unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes
líquidos – projeto, construção e operação. Rio de Janeiro, 1997.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10844. (1989).


Instalações prediais de águas pluviais. Rio de Janeiro, 1989.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626. (1998).


Instalação predial de água fria. Rio de Janeiro, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7198. (1993). Projeto e


execução de instalações prediais de água quente. Rio de Janeiro, 1993.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8160. (1999). Sistemas


prediais de esgoto sanitário - Projeto e execução. Rio de Janeiro, 1999.

BERTOLO, E. D. J. P. Aproveitamento da água da chuva em edificações.


Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Porto. 2006.

199
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
CASAN (Companhia Catarinense de Água e Saneamento). Manual de serviços de
instalação predial de água e esgoto sanitários. Florianópolis: CASAN, 2014
CASAN. Viabilidade para loteamentos, edificações e indústrias, Florianópolis:
CASAN, 2020).

CONCÓRDIA. [Plano Diretor (2001)]. Lei Complementar Nº 185, de 11 de maio de


2001. Institui o Plano Diretor. Disponível em:
<https://concordia.atende.net/atende.php?rot=1&aca=119&ajax=t&processo=vi
ewFile&ajaxPrevent=1576186234287&file=EECA252A801D997B6C1E0C4833
E5529B00A8F477&sistema=WPO&classe=UploadMidia>. Acesso em: 01 nov. 2020.

CONCÓRDIA. Lei, 4.411 (Município de Concórdia 22 de maio de 2012). Disponível


em: https://concordia.atende.net/atende.php?rot=1&aca=119&ajax=t&processo=vi
ewFile&ajaxPrevent=1576186234287&file=EECA252A801D997B6C1E0C4833
E5529B00A8F477&sistema=WPO&classe=UploadMidia. Acesso em: 01 nov. 2020.

CONCÓRDIA. Lei Complementar, 186 (Município de Concórdia 11 de maio de


2001).

CONCÓRDIA. Programa Municipal de Conservação e Uso Racional da água nas


Edificações, 4.242 (Município de Concórdia 9 de 12 de 2010).

EMBRAPA ESTAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA. Dados climatológicos obtidos


no município de Concórdia, SC, no período de 2010 até 2019. Disponível em:
http://www.cnpsa.embrapa.br/meteor/. Acesso em: 17 nov. 2020.

FULLER, Sieglind K.; PETERSEN, Stephen R. Life-cycle costing manual for the
Federal Energy Management Program. US Department of Commerce. NIST
Handbook 135, 1996.

MANCUSO, P. C. S.; SANTOS, F. S. Reuso de água. São Paulo: Manole, 2003.

MAY, S. Estudo da viabilidade do aproveitamento de água de chuva para


consumo não potável em edificações, 2004. Dissertação (Mestrado) – Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo. Disponível em:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-02082004-122332/. Acesso
em: 14 nov. 2020.

MOTA, S. Preservação e conservação de recursos hídricos. 2.ed. Rio de Janeiro:


ABES, 1995.

TOMAZ, Plínio. Aproveitamento de água de chuva. São Paulo: Navegar Editora,


2003.

TOMAZ, Plínio. Aproveitamento de água de chuva de telhados em áreas urbanas


para fins não potáveis: Diretrizes básicas para um projeto. In: Simpósio Brasileiro
de Captação da Água de Chuva, Belo Horizonte, 2007.

200
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)
TWM AMBIENTAL. Imagem captação de água da chuva. Disponível em:
http://twmambiental.com.br/blog/captacao-de-agua-da-chuva-em-predios-novos-
podera-ser-obrigatoria/. Acesso em 27 nov. 2020.

201
Engenharia, tecnologia e experiências (ISBN: 978-65-5493-002-4)

Você também pode gostar