Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Teoria Espectral
por
Dezembro/2017
João Pessoa - PB
Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Exatas e da Natureza
Curso de Bacharelado em Matemática
Teoria Espectral
por
sob orientação do
Dezembro/2017
João Pessoa - PB
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação
UFPB/BC
Agradecimentos
- À minha família por me dar suporte para eu chegar até aqui, tanto no finan-
ceiro quanto no motivacional.
- Ao professor José Arilson por ter dado o ponta pé inicial da minha carreira
na matemática. Deixo aqui meu agradecimento especial a professora Flávia
por ser uma das pessoas mais importantes no meu processo de formação, bem
como ao professor João Marcos por me orientar nos estudos e na iniciação
científica.
Desconhecido
RESUMO
v
ABSTRACT
In this work, we will study Spectral Theory in Hilbert spaces for compact and
compact self-adjoint operators. This study ensures solution for a linear equation in
(Hilbert) space with infinite dimension which the associate operator is compact and
self-adjoint. Furthermore, we will show some motivational examples to promote
this study with one, of the most importants, being the feature that the Laplace
operator in “Fourier transform’s world” is a multiplication operator, and in this way,
is possible find a solution for Poisson’s equation (∆u = f ).
vi
SUMÁRIO
Resumo v
Abstract vi
Introdução x
1 Análise Funcional 1
1.1 Espaços Normados e Banach . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Operadores lineares contínuos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Espaços de Hilbert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4 Operador Adjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.5 Operadores Compactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
vii
3 Motivação ao estudo da teoria espectral 49
3.1 O que é Teoria Espectral? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.2 Alguns Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4 Teoria Espectral 63
4.1 Álgebras de Banach e resultados iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.2 Operadores Compactos em espaços de Hilbert . . . . . . . . . . . . . 74
4.3 Aplicação no princípio minimax de Courant-Rayleigh . . . . . . . . . 87
viii
NOTAÇÕES
• B(a, r) denota a bola aberta de centro a e raio r. Além disso, B[a, r] = B(a, r)
e S[a, r] = B[a, r] − B(a, r).
ix
INTRODUÇÃO
x
Introdução
xi
CAPÍTULO 1
ANÁLISE FUNCIONAL
Além disso, se V é um espaço métrico completo com a métrica dada por d(v, w) =
kv − wk, então V é chamado de espaço de Banach.
1
Análise Funcional
Veja que todo espaço normado é um espaço métrico com a métrica dada
por d(v, w) = kv − wk. Relembremos algumas classes importantes de funções no
contexto de espaços métricos. Dizemos que uma função f : M → N entre espaços
métricos é
• contínua em x0 ∈ M se dado ε > 0 existe δ > 0 tal que d(f (x), f (x0 )) < ε se
x ∈ M e d(x, x0 ) < δ;
• uniformemente contínua se dado ε > 0 existe δ > 0 tal que d(f (x), f (y)) < ε
se x, y ∈ M e d(x, y) < δ;
• lipschitziana se existe uma constante L > 0 tal que d(f (x), f (y)) ≤ Ld(x, y)
para todos x, y ∈ M .
2
Análise Funcional
Teorema 1.1.1. Seja V um espaço vetorial normado. Então todo conjunto fechado
e limitado é compacto se, e somente se, V tem dimensão finita.
3
Análise Funcional
P∞
• absolutamente convergente se a série, em R, n=1 kvn k converge.
Teorema 1.1.4. Seja V um espaço normado. Então V é Banach se, e somente se,
toda série absolutamente convergente em V converge em E.
Como a série converge absolutamente obtemos que (Sm ) é uma sequência de Cauchy.
Portanto (Sm ) converge, ou seja, ∞
P
k=1 vk converge.
Em particular,
kvn − vn0 k < ε ∀n ≥ n0 .
4
Análise Funcional
Assim, esta série converge absolutamente. Por hipótese obtemos que existe lim Sm .
Com isto e o fato que Sm = vnm+1 − vn1 ∀m ∈ N, concluímos que
(a) T é lipschitziano;
(c) T é contínuo;
(g) Existe uma constante C ≥ 0 tal que kT (v)k ≤ Ckvk para todo x ∈ V .
5
Análise Funcional
(e)⇒(f) Suponha que sup{kT (v)k : v ∈ V e kvk ≤ 1} = ∞ logo existe (vn ) em V tal
que kvn k ≤ 1 ∀n ∈ N e kT (vn )k → +∞. Defina (wn ) em V com wn = vn /kT (vn )k.
Logo wn → 0 e T (wn ) = 1 ∀n ∈ N, contradizendo o fato que T é contínuo na origem.
(f)⇒(g) Denote C = sup{kT (v)k : v ∈ V e kvk ≤ 1}. Dado v ∈ V − {0}, então
kT (v/kvk)k ≤ C. Assim kT (v)k ≤ Ckvk ∀v ∈ V − {0} e como para v = 0 a
desigualdade kT (v)k ≤ Ckvk ocorre, temos o resultado.
(g)⇒ (a) Dados v, w ∈ V , temos que kT (v) − T (w)k = kT (v − w)k ≤ Ckv − wk.
(a) a expressão
kT k = sup{kT (v)k : v ∈ V e kvk ≤ 1}
Prova.
Portanto, kR ◦ T k ≤ kRkkT k.
6
Análise Funcional
(d) Dado (Tn ) uma sequência de Cauchy em L(V, W ), para cada v ∈ V tem-se
kT (v)k
sup kT (v)k, sup kT (v)k, sup kT (v)k, sup ,
kvk≤1 kvk<1 kvk=1 v6=0 kvk
7
Análise Funcional
Prova. Seja T operador linear contínuo e bijetor entre espaços de Banach. Devemos
mostrar que T −1 é contínuo. De fato, pelo Teorema da Aplicação Aberta 1.2.2, T
é uma aplicação aberta. Logo dado A ∈ V aberto tem-se que (T −1 )−1 (A) = T (A)
que é aberto.
1
• k(v, w)k2 = (kvk2 + kwk2 ) 2 ;
Destas desigualdades segue que as topologias induzidas por essas normas são iguais.
8
Análise Funcional
(b) w = T (v).
Mostrar (a) é um problema de existência, o que o faz (em geral) ser difícil, princi-
palmente em dimensão infinita. O Teorema do Gráfico Fechado (no contexto linear
e entre espaços de Banach) garante o item (a) imediatamente, restando apenas a
verificação do item (b) para concluir que T é contínuo.
Neste caso, (V, h·, ·i) (ou simplesmente V ) denomina-se espaço com produto interno.
p
Dizemos que a função k · k : V → R dada por kvk = hv, vi é a norma induzida
pelo produto interno h·, ·i.
Além disso, vale a igualdade se, e somente se, v e w são linearmente dependentes.
0 ≤ kv − λwk2 = hv − λw, v − λwi = kvk2 − λhv, wi − λhw, vi + |λ|2 hw, wi. (1.3)
9
Análise Funcional
kv + wk2 = kvk2 + hv, wi + hw, vi + kwk2 ≤ kvk2 + 2kvkkwk + kwk2 = (kvk + kwk)2 .
Definição 1.3.2. Um espaço de Hilbert é um espaço com produto interno que com
a norma induzida pelo produto interno é um espaço de Banach.
X ⊥ = {v ∈ V : hv, wi = 0 ∀w ∈ X}.
⊥
Não é difícil ver que X ⊥ é subespaço vetorial fechado de V e que X = X ⊥.
11
Análise Funcional
ϕ(v) = hv, w0 i ∀v ∈ H.
Prova. Existência: Caso ϕ seja o funcional nulo, então basta tomar w0 = 0. Caso
ϕ não seja identicamente nulo, então o conjunto
ϕ(v) ϕ(v)
hv, w0 i = v − v0 , w0 + v0 , w0
ϕ(v0 ) ϕ(v0 )
ϕ(v)
= hv0 , ϕ(v0 )v0 i = ϕ(v)hv0 , v0 i = ϕ(v).
ϕ(v0 )
Unicidade: Suponha w1 , w2 ∈ H tais que hv, w1 i = ϕ(v) = hv, w2 i ∀v ∈ H, logo
hv, w1 − w2 i = 0 ∀v ∈ H. Tomando v = w1 − w2 obtemos que w1 = w2 .
Por último verificaremos que kϕk = kw0 k. Note que pela desigualdade de
Cauchy-Schwarz (1.2), temos que |ϕ(v)| ≤ kvkkw0 k para qualquer v ∈ H, então
w0
kϕk ≤ kw0 k. Por outro lado |ϕ( kw0k
)| = kw0 k, portanto kϕk = kw0 k.
se
12
Análise Funcional
hu, vi = 0 ∀u ∈ Wn e ∀v ∈ Wm com m 6= n;
S∞
(b) o espaço gerado por n=1 Wn é denso em H.
com Wn = [en ] para cada n ∈ N e que PWn v = hv, en ien para cada n ∈ N.
Teorema 1.3.4. Todo espaço de Hilbert separável possui uma base de Hilbert.
13
Análise Funcional
(b) (T ∗ )∗ = T ;
(c) T ∗ ∈ L(H2 , H1 ) e kT ∗ k = kT k;
p p
(d) kT k = kT ∗ k = kT ∗ T k = kT T ∗ k;
(e) (ST )∗ = T ∗ S ∗ ;
Prova.
14
Análise Funcional
15
Análise Funcional
kT ∗ T k = kT k2 = kT ∗ k2 = kT T ∗ k.
h(T1 + λT2 )(v), wi = hT1 (v), wi + λhT2 (v), wi = hv, T1∗ (w)i + λhv, T2∗ (w)i
• normal se T ∗ T = T T ∗ ;
• auto-adjunto se T = T ∗ ;
16
Análise Funcional
= kT ∗ (v)k2 ∀v ∈ H.
Logo,
hT ∗ T (v), wi = hT T ∗ (v), wi ∀v, w ∈ H.
Portanto T ∗ T = T T ∗ .
17
Análise Funcional
hT (v + λw), v + λwi = hT (v), vi + λhT (v), wi + λhT (w), vi + |λ|2 hT (w), wi.
Assim, λhT (v), wi + λhT (w), vi = λhv, T (w)i + λhw, T (v)i. Fazendo λ = 1 e
λ = i, obtemos duas expressões
Observação 1.4.2. Uma consequência imediata desta proposição é que todo ope-
rador positivo é auto-adjunto. Além disso, note que dado λ ∈ C autovalor de
T ∈ L(H) e u ∈ H autovetor de λ com kuk = 1, tem-se que
Prova. Pelo item (a) da Proposição 1.4.2 e o item (d) da Proposição 1.4.1 temos
que
kT 2 k = sup kT (T (v))k = sup kT ∗ (T (v))k = kT ∗ T k = kT k2 .
kvk=1 kvk=1
18
Análise Funcional
Prova.
19
Análise Funcional
(a) T é compacto;
(c) dado (vn ) sequência limitada em V , então a sequência (T (vn )) possui sub-
sequência convergente em W .
Prova. (a)⇒(b) Dado A ⊂ V limitado, existe C > 0 tal que kvk ≤ C para todo
v ∈ A. Logo C1 A ⊂ B[0, 1]. Como C1 T (A) é fechado e C1 T (A) = 1
C
T (A) ⊂ T (B[0, 1]),
1
temos que C
T (A) é compacto. Portanto T (A) é compacto.
(b)⇒(c) É consequência do fato da teoria de espaços métricos que toda sequência
num compacto possui subsequência convergente. Vide Proposição 7 do capítulo 8
da referência [6].
(c)⇒(a) Seja (wn ) sequência em T (B[0, 1]). Queremos mostrar que (wn ) possui
subsequência convergente para algum elemento de T (B[0, 1]). Para cada n ∈ N tome
vn ∈ B[0, 1] tal que kT (vn ) − wn k < n1 . Por hipótese (T (vn )) possui subsequência
com T (vnk ) → w0 ∈ T (B[0, 1]). Como
1 k→∞
kwnk − w0 k ≤ kwnk − T (vnk )k + kT (vnk ) − w0 k < + kT (vnk ) − w0 k −→ 0,
nk
20
Análise Funcional
kT (wj ) − T (wk )k ≤kT (wj ) − Tn0 (wj )k + kTn0 (wj ) − Tn0 (wk )k
para quaisquer j, k ≥ n1 .
21
Análise Funcional
Prova. Vamos mostrar que dado ε > 0 existe Tε ∈ Lp (V, H) tal que kT − Tε k ≤ ε.
Dado ε > 0, como
[ ε
T (B[0, 1]) ⊂ B w,
2
w∈T (B[0,1])
Sn
temos que existem w1 , . . . , wn ∈ T (B[0, 1]) tais que T (B[0, 1]) ⊂ j=1 B(wj , ε/2).
Considere F = [w1 , . . . wn ], P a projeção ortogonal de H sobre F como no Teorema
(1.3.1), logo F é fechado em H pelo Corolário 1.1.2.1. Defina Tε = P ◦ T , então
Tε ∈ Lp (V, H). Resta provar que kT − Tε k ≤ ε. De fato, dado v ∈ B[0, 1], existe
j = 1, . . . , n tal que kT (v) − wj k < ε/2. Logo
22
CAPÍTULO 2
TEORIA DA MEDIDA E
TRANSFORMADA DE FOURIER
23
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
24
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
Em outras palavras,
Z Z Z Z Z
F dν dµ = F dπ = F dµ dν.
X Y Z Y X
Em outra notação,
Z Z Z Z Z
F dν dµ = F dπ = F dµ dν.
X Y Z Y X
25
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
Então, Z Z
f (φ(x)) dµ(x) = f (y) dλ(y)
X Y
P
Prova. Primeiramente mostremos para f = ci χAi função simples.
De fato, como χA (φ(x)) = χφ−1 (A) (x), sabe-se que
Z Z X n n
X Z
f (φ(x)) dµ(x) = ci χAi (φ(x)) dµ(x) = ci χφ−1 (Ai ) (x) dµ(x)
X X i=1 i=1 X
n
X n
X n
Z X
= ci µ(φ−1 (Ai )) = ci λ(Ai ) = ci χAi (y) dλ(y)
i=1 i=1 Y i=1
Z
= f (y) dλ(y)
Y
nicamente para f + (y) = max{f (y), 0}. Pelo Teorema da Convergência Monótona
2.1.2, temos que:
Z Z Z
+
f (φ(x)) dµ(x) = lim ϕ+
n (φ(x)) dµ(x) = lim ϕ+n (φ(x)) dµ(x)
X X n→∞
Z Z
n→∞ X
+
= lim ϕn (y) dλ(y) = f + (y) dλ(y)
n→∞ Y Y
26
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
Portanto,
Z Z
f + (φ(x)) − f − (φ(x)) dµ(x)
f (φ(x)) dµ(x) =
X ZX Z
= +
f (φ(x)) dµ(x) − f − (φ(x)) dµ(x)
ZX Z X Z
+ −
= f (y)dλ(y) − f (y) dλ(y) = f (y) dλ(y).
Y Y Y
Não é difícil ver que ∼ é uma relação de equivalência. Assim, a classe de equivalência
de uma função mensurável f é [f ] := {g : X → C mensurável : g ∼ f }. Para
1 ≤ p < ∞, definiremos o espaço de Lebesgue como
Z
p p
L (X) := [f ] : |f | dµ < ∞ .
X
Sabe-se que Lp (X) é munido de uma função k · kLp (X) : Lp (X) → R dada por
Z p1
p
k[f ]kLP (X) = |f | dµ .
X
27
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
sempre. Sabe-se que L∞ (X) é munido de uma função k · kL∞ (X) : L∞ (X) → R dada
por
k[f ]kL∞ (X) = inf{S(E) : E ∈ Σ com µ(E) = 0},
1 1
Teorema 2.2.1. (Desigualdade de Hölder). Sejam f ∈ Lp e g ∈ Lq com p
+ q
= 1.
Então f g ∈ L1 e
kf gk1 ≤ kf kp · kgkq .
1 1
Corolário 2.2.1.1. Sejam f1 ∈ Lp1 , f2 ∈ Lp2 , . . . , fn ∈ Lpn com p1
+ ... + pn
= 1r .
Então ni=1 fi ∈ Lr e k ni=1 fi kr ≤ ni=1 kfi kpi .
Q Q Q
28
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
(a) f ∗ g = g ∗ f ;
(b) (f + g) ∗ h = f ∗ h + g ∗ h;
29
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
= kf k1 · kgk1 .
= [f ∗ (g ∗ h)](x) ∀x ∈ Rn .
30
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
1
Prova. Caso r = ∞, tem-se + 1q = 1. A desigualdade de Hölder 2.2.1 garante que
p
Z
|(f ∗ g)(x)| = f (x − y)g(y) dy ≤ kf kp kgkq .
Rn
1 r−p r−q 1 1 1 1 1 1 1 1
+ + = + − + − = + − = 1,
r pr qr r p r q r p q r
Veja que
Z r r1 Z r1
p q
p q
I1 = |f (x − y)| |g(y)|
r r dy = |f (x − y)| |g(y)| dy ,
Rn Rn
Z r−p
pr
Z r−p
pr r−p
r−p pr
p
I2 = |f (x − y)| r r−p dy = |f (x − y)| dy = kf kp r ,
Rn Rn
Z r−q
qr
Z r−q
qr r−q
r−q qr
q
I3 = |g(y)| r r−q dy = |g(y)| dy = kgkqqr .
Rn Rn
31
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
Z Z
kf ∗ gkrr = r
|(f ∗ g)(x)| dx ≤ I1r I2r I3r dx
n Rn
ZR Z
p q r−p r−q
= |f (x − y)| |g(y)| dykf kp kgkq dx
Rn Rn
Z Z
r−p r−q
= kf kp kgkq |f (x − y)|p |g(y)|q dydx
n n
ZR ZR
= kf kr−p
p kgkq
r−q
|f (x − y)|p dx|g(y)|q dy
Rn Rn
= kf kr−p r−q p q r r
p kgkq kf kp kgkq = kf kp kgkq .
kj k1 = kjk1 . Sejam f ∈ Lp (Rn ), para algum 1 ≤ p < ∞, e a função definida por
fε := jε ∗ f . Então,
kfε kLp (Ω) ≤ kfε kLp (Rn ) ≤ kjk1 kfekLp (Rn ) = kjk1 kf kLp (Ω) .
32
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
(ii) Dado δ > 0, queremos mostrar que existe ε > 0 tal que kfε − f kp é menor que
δ. Vejamos que é suficiente demonstrar os seguintes casos:
= kj − j R1 k1 kf kp + δ
< 2δ.
|gm (x)| = |fm (x) − f (x)|p = |(1 − χB(0,m) (x))f (x)|p ≤ |f (x)|p ∀x ∈ Rn .
33
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
≤ kjε k1 kf − f R2 kp + kjε ∗ f R2 − f R2 kp + kf R2 − f kp
< δ + δ + δ = 3δ.
Caso 3: f ∈ L1 (Rn ).
De fato, por Hölder 2.2.1,
Z Z
1
|f (x)| dx = |f (x)| · 1 dx ≤ kf kLp (supp(f )) (µ(supp(f ))) p0 < ∞,
Rn supp(f )
Caso 4: f ∈ L∞ (Rn ).
De fato, definindo, para cada m ∈ N, fem (x) = χf −1 (B(0,m)) (x)f (x), obtemos que,
para cada x ∈ Rn , |fem (x) − f (x)|p → 0 e |fem − f |p ≤ |2f |p ∈ L1 (Rn ). Pelo Teorema
da Convergência Dominada 2.1.3, existe R3 ∈ N satisfazendo kf R3 − f kp < δ/kjk1 e
kf R3 − f kp < δ, onde f R3 := fR3 . Supondo mostrado para funções limitadas, existe
ε > 0 com kjε ∗ fR3 − fR3 kp < δ. Por Young (2.2.4),
≤ kjε k1 kf − f R3 kp + kjε ∗ f R3 − f R3 kp + kf R3 − f kp
< δ + δ + δ = 3δ.
Caso 5: p = 1.
34
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
ε→0 ε→0
Se kjε ∗ f − f k1 −→ 0, então kjε ∗ f − f kp −→ 0. Como queríamos verificar.
B(0, R). Assim jε possui suporte em B(0, r), onde r = Rε, o qual podemos torná-lo
suficientemente pequeno. Defina os conjuntos
n
Y
A− := {x ∈ H : d(x, H c ) < r} = H − [ai + r, bi − r]
i=1
35
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
n
Y
e A+ := {x ∈
/ H : d(x, H) < r} = [ai − r, bi + r] − H
i=1
Caso x ∈
/ H, a mudança de variável z = φ(y) = x−y satisfaz B(0, r)∩φ(H) =
∅. Pois, se a ∈ B(0, r) e a = φ(b) = x − b com b ∈ H, então d(x, H) ≤ d(x, b) =
kak < r contradiz o fato que x ∈
/ A+ . Como supp(jε ) ∩ φ(H) ⊂ B(0, r) ∩ φ(H) = ∅,
o Teorema de Mudança de Variável 2.1.6, garante que
Z Z
(jε ∗ χH )(x) − χH (x) = jε (x − y) dy = jε (z) dz = 0.
H φ(H)
36
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
Veja que
∂h ∂h
(x + tei − y)f (y) = χS (y)
∂t (x + tei − y)f (y) ≤ M χS (y)|f (y)| ∈ L1 (Rn ),
∂xi
onde S é o suporte de ∂h/∂xi (x+tei −y), o qual é compacto. χS |f | ∈ L1 (Rn ) devido
a desigualdade de Hölder 2.2.1. Usando Teorema da Convergência Dominada 2.1.3.2,
obtemos que
Z
∂g d ∂ ∂h
(x) = g(x + tei ) = [h(x + tei − y)f (y)] dy = ∗ f (x).
∂xi dt t=0 Rn ∂t t=0 ∂xi
Agora, mostremos que ∂g/∂x1 é contínua. Dado x0 ∈ Rn , veja que
∂h x→x ∂h
(x − y)f (y) −→0 (x0 − y)f (y) ∀y ∈ Rn e
∂xi ∂xi
37
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
∂h
(x − y)f (y) ≤ M χS1 (y)f (y) ∈ L1 (Rn ) ∀x ∈ Rn ,
∂xi
K+ := {x ∈ Rn : |x − y| ≤ d para algum y ∈ K}
é compacto e K ⊂ K+ ⊂ Ω. Fixe j ∈ Cc∞ (Rn ) tal que supp(j) ⊂ B[0, 1], 0 ≤ j(x) ≤
R
1 para todo x ∈ Rn e Rn j(x) dx = 1. Por exemplo,
Ce |x|21−1 , se |x| < 1
j(x) =
0 , se |x| ≥ 1
R
onde C ∈ Rn de modo que Rn
j(x) dx = 1. Com ε = d, defina JK (x) = (jε ∗χK+ )(x)
com x ∈ Rn . Logo
Z Z Z
0≤ jε (x−y)χK+ (y) dy = JK (x) = jε (x−y)χK+ (y) dy ≤ jε (x−y) dy = 1
Rn Rn Rn
38
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
e JK ∈ Cc∞ (Rn ), pois jε e χK+ tem suporte compacto e JK é suave pela condição
(iii) do Teorema 2.2.5. Fazendo z = φ(y) = x − y, pelo Teorema de Mudança de
Variável 2.1.6, tem-se que φ(K+ ) = B[0, ε] e
Z Z Z
JK (x) = jε (x − y)χK+ (y) dy = jε (x − y) dy = jε (z) dz = 1.
Rn K+ B[0,ε]
Teorema 2.2.6. (Aproximação por funções Cc∞ ). Seja f ∈ Lp (Ω) com 1 ≤ p < ∞
e Ω ⊂ Rn aberto. Então existe uma sequência (fn ) em Cc∞ (Ω) que converge para f
em Lp (Ω).
S∞
Prova. Mostremos que existem K1 ⊂ K2 ⊂ . . . compactos tais que Ω = n=1 Kn .
De fato, dado x ∈ Ω, existe δx > 0 com B[x, δx ] ⊂ Ω. Logo Ω = ∪x∈Ω B(x, δx ).
Como Ω satisfaz a propriedade de Lindelöf, existe uma quantidade enumerável de
bolas B(xn , δxn ) de modo que Ω = ∞
S S∞
n=1 B(xn , δxn ). Assim, Ω = n=1 B[xn , δxn ].
Sm
Defina Km := n=1 B[xn , δxn ], desde modo Km é compacto para qualquer m ∈ N,
Ω= ∞
S
m=1 Km e (Km ) forma uma sequência crescente.
Definindo gm = JKm , pelo lema anterior, obtemos que gm ∈ Cc∞ (Ω) e gm (x) ∈
m→∞
[0, 1] para quaisquer m ∈ N e x ∈ Ω. Além disso, para cada x ∈ Ω, gm (x) −→ 1.
Pelo Teorema de aproximações por funções C ∞ 2.2.5, existe uma sequência (fem ) de
funções suaves tal que fem → f em Lp (Ω). Definindo fm (x) = gm (x)fem (x), obtemos
que, para cada m ∈ N, fm ∈ Cc∞ (Ω) e
39
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
−2πikh b
(b) τd
h f (k) = e f (k);
nb
(c) δd
λ f (k) = λ f (λk);
\
(f) (f ∗ g)(k) = fb(k) · gb(k).
Prova.
40
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
41
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
gλ (x) = exp[−πλ|x|2 ] x ∈ Rn .
n
Então gλ ∈ L1 (Rn ) com kgλ k1 = λ− 2 e
n
gbλ (k) = λ− 2 exp[−π|k|2 /λ]. (2.5)
42
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
Note que
Z Z Z
e−π((x+ik) +k ) dx = g1 (k)f (k),
2 2
−2πikx −πx2 −π(2ikx+x2 )
gb1 (k) = e e dx = e dx =
R R R
onde Z
2
f (k) = e−π(x+ik) dx.
R
Vamos utilizar o Corolário 2.1.3.2, para isto mostremos primeiro que dado
k ∈ R, fixando [−M, M ] 3 k, existe g integrável tal que
∂h
(x, k) ≤ g(x) ∀x ∈ X e ∀k ∈ [−M, M ],
∂k
onde h(x, k) = exp[−π(x + ik)2 ]. Note que
∂h
(x, k) = e−π(x+ik)2 · (−2π(x + ik)i)
∂k
−π(x2 −k2 +2xki) −π(x2 −k2 +2xki)
≤ 2π|x| e + 2π|k| e
2 2 2 2
= 2π xe−π(x −k ) + 2π|k| xe−π(x −k )
2 2 2 2
= 2πeπk xe−πx + 2π|k|eπk e−πx
2 2 2 2
≤ 2πeπM xe−πx + 2πM eπM e−πx ∈ L1 (R).
Esta função está em L1 (R) devido à primeira parte da prova que garante que
R −πx2
R
e dx = 1 e ao fato que, fazendo u = −πx2 ,
1 −∞ u
Z Z +∞ Z
−πx2 −πx2 1 u 0 1
xe dx = 2 xe dx = − e du = e = .
R 0 π 0 π −∞ π
Pelo Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue (2.1.3.2), tem-se, para qual-
quer k ∈ R, que
Z Z
df d −π(x+ik)2 2
(k) = e dx = −2πi e−π(x+ik) (x + ik) dx
dk R dk R
Z
d −π(x+ik)2 +∞
−π(x+ik)2
=i e dx = ie = 0,
R dx
−∞
43
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
e a fórmula de Parseval
Z Z
hf, gi = f (x)g(x) dx = g (k) dk = hfb, gbi.
fb(k)b (2.9)
Rn Rn
então
Z Z
2 (1) 2
kf k2 ←−
b |f (k)| gε (k) dk =
b fb(k)fb(k)gε (k) dk
ε→0 Rn n
Z Z Z R
= e2πikx f (x) dx e−2πiky f (y) dygε (k) dk
n n n
ZR R R
44
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
π|x − y|2
Z
−n ε→0
ε 2 exp − f (y) dy −→ f (x) em L2 (Rn ).
Rn ε
R
De fato, como Rn g1 (x) dx=1, pelo Teorema 2.2.5, fazendo j = g1 obtemos que
x−y
Z
−n ε→0
ε g1 f (y) dy −→ f (x) em L2 (Rn ).
Rn ε
1
Substituindo ε por ε 2 , temos que
π|x − y|2
Z
−n ε→0
fε (x) := ε 2 exp − f (y) dy −→ f (x) em L2 (Rn ).
Rn ε
ε→0
Resta justificar que hfε , f i −→ hf, f i. Pela desigualdade de Hölder 2.2.1, temos que
ε→0
Com isto e o fato que kfε − f k2 −→ 0, concluímos a fórmula de Plancherel. Para
concluir a fórmula de Parseval basta usar a fórmula de Plancherel e a identidade de
polarização para C (1.6) ou para R (1.5).
45
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
F2 em L2 (Rn ) está bem definida, pois sejam (fm ) e (gm ) sequências em L1 (Rn )
com fm , gm → f em L2 (Rn ), por Plancherel,
Com isto e a identidade de polarização ((1.5) no caso real e (1.6) no caso complexo),
temos a identidade de Parseval para F2 .
Então (fb)∨ = f .
46
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
Mostremos para f ∈ L2 (Rn ), pelo Teorema 2.2.6 existe uma sequência (fm ) em
Cc∞ (Rn ) ⊂ L1 (Rn ) ∩ L2 (Rn ) tal que fm → f em L2 (Rn ). Como demonstrado
anteriormente, temos que
Z Z
gbλ (y − x)fm (y) dy = gλ (k)fbm (k)e2πikx dk ∀m ∈ N e x ∈ Rn . (2.10)
Rn Rn
m→∞
Pela fórmula de Plancherel, tem-se kfbm − fbk2 = kfm − f k2 −→ 0. Note que, pela
desigualdade de Hölder 2.2.1,
Z
≤ kgλ k2 kfm − f k2 m→∞
n g
bλ (y − x)(f m (y) − f (y)) dy −→ 0
R
e Z
2πikx
m→∞
gλ (k)e fm (k) − f (k) dk ≤ kgλ (k)e2πikx k2 kfbm − fbk2 −→ 0,
b b
Rn
47
Teoria da Medida e Transformada de Fourier
48
CAPÍTULO 3
MOTIVAÇÃO AO ESTUDO DA
TEORIA ESPECTRAL
49
Motivação ao estudo da teoria espectral
U1 : H1 → H1 e U2 : H2 → H2 tais que
T2 ◦ U1 = U2 ◦ T1 . (3.1)
e por fim encontramos raízes de um polinômio de grau n e estas raízes são os auto-
valores de T . Em dimensão infinita este argumento não pode ser utilizado devido à
equivalência (1) não ser verdade em dimensão infinita e a equivalência (2) não faz
sentido, pois não existe representação matricial de [λI − T ] e a função determinante
no caso de dimensão infinita. Portanto, no caso de dimensão infinita, não podemos
encontrar o espectro de T (o conjunto dos λ tais que (λI − T ) não é invertível) desta
forma.
Para dimensão finita, se o operador T tiver certas propriedades no seu adjunto
(por exemplo: se T for normal, auto-adjunto, positivo ou unitário), então obtemos
uma base ortonormal (e1 , . . . , en ) de autovetores de T com autovalores λ1 , . . . , λn ∈ C
50
Motivação ao estudo da teoria espectral
Te ◦ U = U ◦ T.
Que é um caso de (3.1). Portanto, para cada H espaço de Hilbert de dimensão finita
e T : H → H um operador normal encontramos Te : Cn → Cn linear tal que T é
equivalente a Te no sentido de (3.1).
Respondamos agora um dos principais questionamentos para o estudo de
algum tema: por que estudar este tema? No nosso caso a pergunta seria equivalente
à: por que classificar operadores definidos em espaços de Hilbert? A motivação
básica é encontrar a solução de alguma equação linear em espaços de Hilbert do tipo
T (v) = w com T : H1 → H2 .
T ◦ U1 = U2 ◦ Te
51
Motivação ao estudo da teoria espectral
onde v = U1 (e
v ) e w = U2 (w).
e Vejamos alguns casos que serão discutidos nesse
trabalho que utilizaram essa ideia:
Logo
F2 (f ) = M −1 F2 (g).
Portanto,
f = F2−1 M −1 F2 (g).
Devemos ter cuidado devido aos fatos: para inverter M a função que é multi-
plicada não pode assumir valores nulos, M −1 F2 (g) pode não estar em L2 e a
expressão a qual encontramos para f garante, a princípio, que f está em L2 e
não necessariamente em C 2 .
U ◦ T = Mg ◦ U.
Logo
U (v) = Mg−1 U (w).
Portanto,
v = U −1 Mg−1 U (w).
52
Motivação ao estudo da teoria espectral
De forma análoga ao anterior devemos ter cuidado aos fatos: para inverter Mg
a função g não pode assumir valores nulos e Mg−1 U (w) pode não pertencer a
L2 .
obtemos que
Z Z
2
|Mg (f )(x)| dµ(x) = |g(x)f (x)|2 dµ(x) ≤ kgk2∞ kf k22 .
X X
Segue que Mg está bem definida e é contínua com kMg k ≤ kgk∞ . Além disso temos
que
Z Z
hMg (f1 ), f2 i = g(x)f1 (x)f2 (x) dµ = f1 (x)g(x)f2 (x) dµ = hf1 , Mg (f2 )i,
X X
para quaisquer f1 , f2 ∈ L2 (X, µ), e disto segue que o operador adjunto de Mg é dado
por
Mg∗ = Mg .
Segue facilmente que Mg é normal e é auto-adjunto se, e somente se, g é uma função
real para quase toda parte (q.t.p.).
53
Motivação ao estudo da teoria espectral
Afirmação: T é contínuo.
De fato, utilizaremos o Teorema do Gráfico Fechado 1.2.3. Suponha (ϕn , gϕn ) uma
sequência convergente no gráfico de T, então ϕn → ϕ e gϕn → ψ em L2 (X, µ).
Como µ(X) < ∞, obtemos que gϕn → ψ em L1 (X, µ). Além disso, dado n ∈ N,
pela desigualdade de Hölder, temos que
Z Z 21 Z 12
2 2
|gϕn − gϕ| dµ ≤ |g| dµ · |ϕn − ϕ| dµ
X X X
= kgk2 · kϕn − ϕk2
XA = {x ∈ X; |g(x)| ≥ A},
Fixando A0 > 0 tal que A20 > C obtemos que µ(XA ) = 0. Portanto g ∈ L∞ (X, µ).
54
Motivação ao estudo da teoria espectral
f 7→ Tk (f )
onde Z
Tk (f ) = k(x, y)f (y) dµ(y).
X
É conhecido que Tk é um operador compacto. Mostremos que o seu adjunto é dado
por Tk∗ = Tek , onde e
k(x, y) = k(y, x). De fato, dados f, g ∈ L2 (X, µ) temos que
Z Z Z
hTk (f ), gi = Tk (f )(x)g(x) dµ(x) = k(x, y)f (y) dµ(y) g(x) dµ(x)
X X X
Z Z
= f (y)k(x, y)g(x) dµ(y)dµ(x)
X
Z Z X
Exemplo 3.2.3. (Operador unitário associado com uma tranformação que preserva
medida). Sejam (X, µ) um espaço de medida finita e φ : X → X uma transformação
bijetora que preserva a medida µ. Considere o operador linear Uφ associado a φ
definido por
L2 (X, µ) → L2 (X, µ)
Uφ
f 7→ f ◦ φ.
Vejamos que Uφ está bem definido e é isometria. Dado f ∈ L2 (X, µ), pelo Teorema
2.1.7, obtemos:
Z Z Z
2 2
|(Uφ f )(x)| dµ(x) = |f (φ(x))| dµ(x) = |f (x)|2 dµ(x).
X X X
55
Motivação ao estudo da teoria espectral
Afirmamos que Uφ é unitário (isto é, Uφ∗ = Uφ−1 ). De fato, dados f, g ∈ L2 (X, µ),
pelo Teorema 2.1.7, temos que
Z Z
hUφ f, gi = (Uφ f )(x)g(x) dµ(x) = f (φ(x))g(x) dµ(x)
ZX X Z
−1 −1
= f (φ(φ (x)))g(φ (x)) dµ(x) = f (x)g(φ−1 (x)) dµ(x)
ZX X
1
µ({(xn ) | xnj = εj , ∀j ∈ {1, . . . , k}}) =
2k
Denotaremos Aεn11,...,ε
,...,nk = {(xn ) | xnj = εj , ∀j ∈ {1, . . . , k}}, por exemplo:
k
A1,0,1
−2,1,2 = {(. . . , 1, x−1 , x0 , 0, 1, . . .) | xn ∈ {0, 1}, ∀n ∈ Z − {−2, 1, 2}}.
1
Assim µ(A00 ) = µ(A10 ) = 2
e como X = A00 ∪A
˙ 10 , temos que µ(X) = 1.
56
Motivação ao estudo da teoria espectral
A função
X → X
B
(xn )n∈Z 7→ (xn+1 )n∈Z
Já que, B(B −1 ((xn )n∈Z )) = (xn−1+1 )n∈Z = (xn )n∈Z e B −1 (B((xn )n∈Z )) =
(xn+1−1 )n∈Z = (xn )n∈Z .
Por fim, vejamos que B preserva µ. De fato, dado Aεn11,...,ε
,...,nk ⊂ F(Z; {0, 1}),
k
temos que
ε1 ,...,εk 1
µ(φ−1 (Aεn11,...,ε
,...,nk )) = µ(An1 −1,...,nk −1 ) =
k
= µ(Aεn11,...,ε
,...,nk ).
k
2k
57
Motivação ao estudo da teoria espectral
Pois
θ θ
Z 1− 2π Z − 2π Z 0
2πis 2πi(r−1)
χE e2πir dr.
χE (e ) ds = χE e dr = −
θ
1 0 − 2π
a qual está definida entre espaços de Banach e é linear. Para simplificar notação,
estamos denotando o produto interno canônico do Rn de x por t simplesmente por
xt. Note que dado t ∈ Rn
Z Z
−2iπxt
|f (x)||e−2iπxt | dx = kf k1 .
|F(f )(t)| =
f (x)e dx ≤
n R Rn
Desta forma F está bem definida, é contínua e kFk ≤ 1. Infelizmente F não está
definida num espaço de Hilbert, porém podemos redefini-la no espaço L2 da seguinte
maneira: pela identidade de Parseval (2.9) temos que
Z Z
f (x)g(x) dx = F(f )(t)F(g)(t) dt
Rn Rn
58
Motivação ao estudo da teoria espectral
além disso, pelo Teorema 2.3.3, essa extensão é bijeção com inversa dada por
L2 (Rn , dx) → L2 (Rn , dx)
−1
F2
f 7→ F2 (f )(−t).
Veja que (2.9) nos diz que F2 é unitária, ou seja, F2∗ = F2−1 .
Denote
∂ 2 f1 ∂ 2 f1
Z Z Z Z
A= (x, y)f2 (x, y) dxdy e B = (x, y)f2 (x, y) dxdy.
R R ∂x2 R R ∂y 2
Afirmação: Dados g1 , g2 ∈ Cc∞ (R2 ) então
Z Z
∂g1 ∂g2
(x, y)g2 (x, y) dx = − g1 (x, y) (x, y) dx ∀y ∈ R.
R ∂x R ∂x
59
Motivação ao estudo da teoria espectral
∂ 2 f2
Z Z
B= f1 (x, y) 2 (x, y) dxdy
R R ∂y
Portanto,
∂ 2 f2 ∂ 2 f2
Z Z Z Z
h∆f1 , f2 i = f1 (x, y) 2 (x, y) dxdy + f1 (x, y) 2 (x, y) dxdy
R R ∂x R R ∂y
2 2
Z Z
∂ f2 ∂ f2
= f1 (x, y) 2 (x, y) + (x, y) dxdy
R R ∂x ∂y 2
= hf1 , ∆f2 i.
Concluindo que
h∆f1 , f2 i = hf1 , ∆f2 i, ∀f1 , f2 ∈ Cc∞ (R2 ). (3.3)
60
Motivação ao estudo da teoria espectral
Z
F2 (∆f )(s, t) = ∆f (x, y)e−2iπ(x,y)(s,t) dxdy
R2
T (ei ) = αi ei
para cada i ∈ I, onde αi ∈ C fixados tais que existe C > 0 com |αi | ≤ C ∀i ∈ I.
Analisando I com a medida da contagem podemos identificar de forma iso-
métrica os espaços L2 (I) e H da seguinte maneira:
L2 (I) → H
Φ
f 7→ P f (i)ei
i∈I
pois a inversa é
H → L2 (I)
P xi ei 7→ (i 7→ xi )
i∈I
61
Motivação ao estudo da teoria espectral
62
CAPÍTULO 4
TEORIA ESPECTRAL
63
Teoria Espectral
(v) k1k = 1;
ρ(a) = {λ ∈ C : λ · 1 − a ∈ A× },
Lema 4.1.1. Seja A uma álgebra de Banach. Então A× é aberto em A, e mais ainda,
dado a0 ∈ A× para qualquer a ∈ A com kak < ka−1
0 k
−1
temos que a0 + a ∈ A× e
∞
X
−1
(a0 + a) = a−1
0 (−1)k (aa−1 k
0 ) ,
k=0
64
Teoria Espectral
n
X
(a0 + a)a−1
0 Sn = (1 + aa−1
0 ) (−1)k (aa−1
0 )
k
k=0
n
X
(−1)k (aa−1 k k −1 k+1
= 0 ) + (−1) (aa0 )
k=0
Xn
(−1)k (aa−1 k k+1
(aa−1 k+1
= 0 ) − (−1) 0 )
k=0
= 1 − (−1)n+1 (aa−1
0 )
n+1
∀n ∈ N.
e
n
X n
X
a−1
0 Sn (a0 + a) = (−1)k a−1 −1 k
0 (aa0 ) a0 + (−1)k a−1 −1 k
0 (aa0 ) a
k=0 k=0
n
X n
X
=1+ (−1)k−1
(−1)a−1 −1 k−1
0 (aa0 ) (aa−1
0 )a0 + (−1)k a−1 −1 k
0 (aa0 ) a
k=1 k=0
Xn n
X
=1− (−1)k a−1 −1 k
0 (aa0 ) a + (−1)k a−1 −1 k
0 (aa0 ) a
k=0 k=0
= 1 − (−1)n a−1 −1 n
0 (aa0 ) a ∀n ∈ N.
Como kaa−1 −1 n −1 n
0 k < 1 temos que k(aa0 ) k ≤ kaa0 k → 0 quando n → ∞. Logo,
∞
X ∞
X
(a0 + a)a−1
0 (−1)k (aa−1 k −1
0 ) = 1 = a0 (−1)k (aa−1 k
0 ) (a0 + a).
k=0 k=0
65
Teoria Espectral
|λ|→∞
como o membro da direita converge a 0 quando |λ| → ∞, temos que g(λ) −→ 0.
Disto segue que g é limitada, e como g é derivável, o Teorema de Liouville garante
que g é constante. Daí, g ≡ 0, ou seja, ϕ ((λ1 − a)−1 ) = 0 para qualquer λ ∈ C.
Logo ϕ ((λ1 − a)−1 ) = 0 para quaisquer λ ∈ C e ϕ ∈ A0 , o Corolário 1.1.3.1 garante
que (λ1 − a)−1 = 0, absurdo. Pois 1 = (λ1 − a)−1 (λ1 − a) = 0. Portanto σ(a) 6= ∅.
66
Teoria Espectral
λI − T não é injetor,
λI − T é injetor e Im(λI − T ) 6= H;
67
Teoria Espectral
Assim S` e Sr são contínuos com kS` k ≤ 1 e kSr k = 1. Para mostrar que kS` k = 1
tome x = (0, 2−1/2 , 2−2/2 , . . . , 2−(n+1)/2 , . . .), então kxk = ∞ −n
P
n=1 2 =1e
∞
X
−1/2 −2/2 −n/2
kS` (x)k = k(2 ,2 ,...,2 , . . .)k = 2−n = 1.
n=1
e
√
kSr (en ) − Sr (em )k = ken+1 − em+1 k = 2.
onde B[0, 1] é a bola em C. Para encontrar σp (S` ) devemos determinar para quais
λ ∈ C existe x ∈ `2 − {0} tal que (λI − S` )(x) = 0. Note que
⇔ xn = λxn−1 ∀n ≥ 2
⇔ xn = λn−1 x1 ∀n ≥ 2
68
Teoria Espectral
Assim λ ∈ σp (S` ) se, e somente se, (1, λ, . . . , λn−1 , . . .) ∈ `2 . Veja que se λ ∈ σp (S` )
então o autoespaço de λ é [(1, λ, . . . , λn−1 , . . .)] e
∞
X ∞
X
n−1 2
|λ | = (|λ|2 )n
n=1 n=0
converge se, e só se, |λ| < 1. Daí (λI − S` ) não é injetor se, e somente se, |λ| < 1.
Logo σp (S` ) = B(0, 1) e como σ(S` ) é fechado (pelo Teorema 4.1.1) temos que
onde B[0, 1] é a bola em C. Para encontrar σp (S` ) devemos determinar para quais
λ ∈ C − {0} existe x ∈ `2 − {0} tal que (λI − Sr )(x) = 0. Note que
⇔ x1 = 0 e λxn = xn−1 ∀n ≥ 2
⇔ x1 = x2 = · · · = xn = · · · = 0
⇔x=0
Assim σp (Sr ) = ∅. Afirmamos que σ(Sr ) = B[0, 1]. De fato, seja λ ∈ C com |λ| ≤ 1.
Note que
⇔ xn = λ−n ∀n ∈ N
69
Teoria Espectral
e
∞
X ∞
X
−n 2
|λ | = |λ−2 |n
n=1 n=1
diverge pelo fato que |λ| ≤ 1. Daí (λI − Sr ) não é sobrejetor se, e somente se,
|λ| ≤ 1. Logo B[0, 1] ⊂ σ(Sr ), portanto, σ(Sr ) = B[0, 1].
Por fim, encontremos S`∗ e Sr∗ . Note que
∞
X
hS` (x), yi = h(x2 , x3 , . . . , xn+1 , . . .), (y1 , y2 , . . . , yn , . . .)i = xn+1 y n
n=1
(a) Se λ ∈ σr (T ), então λ ∈ σp (T ∗ );
(b) Se λ ∈ C e λ ∈
/ σp (T ) ∪ σr (T ), então λ ∈ σc (T ) se, e somente se, existe uma
sequência (vn ) em H tal que kvn k = 1 e lim k(λI − T )vn k = 0;
Portanto λ ∈ σp (T ∗ ).
70
Teoria Espectral
lim k(λI − T )vn k = lim k(λI − T )−1 wn k−1 k(λI − T )(λI − T )−1 wn k
Agora suponha λ ∈
/ σp (T ) ∪ σr (T ) e uma sequência (vn ) em H tal que kvn k = 1 e
lim k(λI − T )vn k = 0. Como λ ∈
/ σp (T ) tem-se que λI − T é injetor, logo λI − T :
H → Im(λI − T ) é invertível. Devido a λ ∈
/ σr (T ), temos que Im(λI − T ) = H.
Veja que
k(λI − T )−1 (λI − T )vn k = kvn k → 1,
disto segue que (λI − T )−1 não é limitado, pois se fosse limitado então este limite
seria 0 uma vez que lim k(λI − T )vn k = 0. Pelo Teorema do Isomorfismo de Banach
1.2.2.1 λI − T não é sobrejetor, portanto λ ∈ σc (T ).
(c) A equivalência λ ∈ ρ(T ) ⇔ λ ∈ ρ(T ∗ ) segue imediatamente dos itens (f) e (h)
da Proposição 1.4.1, pois
σ(T ) ⊂ N (T ), (4.2)
71
Teoria Espectral
Caso 2: λ ∈ σr (T ).
De fato, pelo item (a) da Proposição 4.1.1 temos que λ ∈ σp (T ∗ ), como mostrado no
caso 1, obtemos que λ ∈ N (T ∗ ). Assim existe u ∈ H com kuk = 1 e λ = hT ∗ u, ui,
logo λ = hT ∗ u, ui = hu, T ui = hT u, ui. Portanto λ = hT u, ui ∈ N (T ) ⊂ N (T ).
Caso 3: λ ∈ σc (T ).
De fato, pelo item (b) da Proposição 4.1.1, existe (vn ) em H tal que kvn k = 1 e
lim k(λI − T )vn k = 0. Pela desigualdade de Cauchy-Schwartz, obtemos que
n→∞
|h(λI − T )vn , vn i| ≤ k(λI − T )vn kkvn k −→ 0.
72
Teoria Espectral
Veja que do Teorema 4.1.1 temos que r(T ) ≤ kT k e da Proposição 4.1.1 segue
que r(T ) = r(T ∗ ).
kT n k ≤ kT kq kT m kp ≤ max{1, kT km }kT m kp .
Daí
1
m p
lim sup kT n k n ≤ lim sup max{1, kT k n }kT m k n .
m n→∞ p 1 q n→∞ 1 q 1 n→∞
Como n
−→ 0 e n
= m
− nm
−→ m (já que 0 ≤ nm
≤ n
−→ 0) temos que
1 1
lim sup kT n k ≤ kT m k . Assim
n m
1 1 1
lim sup kT n k n ≤ inf kT n k n ≤ lim inf kT n k n ,
1 1 1
disto segue que lim kT n k n existe e lim kT n k n = inf kT n k n =: L.
P n+1 n
Da análise na reta segue que o raio de convergência da série z T éo
1
−1
número lim sup kT n k n o qual é L−1 . Vejamos primeiramente que r(T ) ≤ L.
De fato, basta mostrar B[0, L]c ⊂ ρ(T ). Dado λ ∈ C com |λ| > L, então a série
P n n+1
T /λ converge (use o critério de Cauchy, também conhecido por teste da raiz).
Veja que
∞ ∞ ∞ ∞ ∞
X Tn X T n X T n+1 X Tn X Tn
(λI − T ) = − =I+ − =I
n=0
λn+1 n=0
λn n=0 λn+1 n=1
λn n=1 λn
r(T ) ≤ L. Suponhamos, por contradição, que r := r(T ) < L, segue que qualquer
λ ∈ C com |λ| > r existe
−1
−1 1 1
(λI − T ) = I− T .
λ λ
73
Teoria Espectral
Logo a função ϕ : B(0, r−1 ) → L(H) definida por ϕ(z) = (I − zT )−1 é analítica
e possui uma série de Taylor no ponto z = 0. Por outro lado, pelo lema (4.1.1) ϕ
é analítica em B(0, kT k−1 ) com série de Taylor no ponto z = 0 igual a
P n n
z T ,
P n n
portanto, pela unicidade da série de Taylor, a série z T converge para z ∈
B(0, r−1 ), contradizendo o fato que o raio de convergência de z T é L−1 o qual
P n n
(2) se existe (Tn ) em Lp (H) (ou seja, dim Im(Tn ) < ∞ para qualquer n ∈ N) tal
que Tn → T em L(H).
74
Teoria Espectral
Prova.
vn = wn − xn − T (wn − xn ) ∀n ∈ N.
De fato, suponha que existe uma subsequência tal que kwnk − xnk k → ∞.
Defina yn = (wn − xn )/kwn − xn k para cada n ∈ N, assim
wnk − xnk wnk − xnk
ynk − T (ynk ) = −T
kwnk − xnk k kwnk − xnk k
1
= (wnk − xnk − T (wnk − xnk )) → 0.
kwnk − xnk k
Como (ynk ) é limitada, passando para subsequência caso necessário, temos que
T (ynk ) → z. Logo ynk = ynk − T (ynk ) + T (ynk ) → z e
75
Teoria Espectral
Como T ∈ K(H) então existe uma subsequência tal que T (wnk − xnk ) converge
para algum limite L. Assim
Para verificar que Im(I − T ) = ker(I − T ∗ )⊥ basta usar que Im(I − T ) é fechado
e as proposições 1.4.1 e 1.3.3 e desta maneira
⊥
Im(I − T ) = Im(I − T ) = Im(I − T )⊥ = ker(I − T ∗ )⊥ .
W1 := (I − T )(H) 6= H.
Pelo item (a), Teorema 1.1.2 e a Proposição 1.1.1, tem-se que W1 é Hilbert.
Veja que T (W1 ) ⊂ W1 (pois dado T (v) ∈ T (W1 ) tem-se T (v) = v−(v−T (v)) ∈
W1 ), logo T |W1 ∈ K(W1 ) e W2 := (I − T )(W1 ) é subespaço fechado de W1 .
Afirmação: W2 ( W1 .
76
Teoria Espectral
H ) W1 ) W2 ) · · · ) Wn ) Wn+1 ) · · · .
Wn+1 ( Wn ( Wm ( Wm+1
Donde obtemos
1
kT un − T um k = k [−(un − T un ) + um − T um + un ] − um k ≥ d(um , Wn+1 ) ≥
2
para todo n > m. Portanto (T un ) não posui subsequência convergente, con-
tradizendo o fato que T ∈ K(H).
77
Teoria Espectral
(3) O item (c) garante que o operador (I−T ) satisfaz a mesma propriedade (injetor
se, e somente se, sobrejetor) dos operadores lineares em dimensão finita.
78
Teoria Espectral
Logo,
n
X n
X n
X
λn+1 α
ei ei = λn+1 en+1 = T (en+1 ) = α
ei T (ei ) = α
ei λi ei .
i=1 i=1 i=1
W1 ( W2 ( . . . ( Wn ( Wn+1 ( . . . ,
pois como foi mostrado anteriormente en+1 ∈ Wn+1 − Wn para cada n ∈ N. Fixe
u1 ∈ W1 com ku1 k = 1. Pelo Lema de Riesz 1.1.1 existe u2 ∈ W2 tal que ku2 k = 1 e
d(u2 , W1 ) ≥ 1/2. Prosseguindo indutivamente obtemos (un ) com un ∈ Wn , kun k = 1
e d(un , Wn−1 ) ≥ 1/2 para cada n ≥ 2. Vejamos que (λn I − T )(Wn ) ⊂ Wn−1 para
cada n ≥ 2. De fato, dados α1 , . . . , αn ∈ C temos que
n
! n n n n
X X X X X
(λn I − T ) αi ei = λn αi e i − αi T (ei ) = λn α i e i − λi αi ei
i=1 i=1 i=1 i=1 i=1
n−1
X
= (λn − λi )αi ei ∈ Wn−1 ∀n ≥ 2.
i=1
Wm−1 ( Wm ⊂ Wn−1 ( Wn .
79
Teoria Espectral
Isto conclui que a sequência (T (un )/λn ) não possui subsequência convergente. Por
fim, suponhamos λ 6= 0, logo, como T ∈ K(H), existe (unk ) subsequência de (un )
tal que
T (unk ) → u0 para algum u0 ∈ H.
Assim
unk T (unk ) u0
T = → ,
λnk λnk λ
contradizendo o fato que (T (un )/λn ) não possuir subsequência convergente. Por-
tanto λ = 0.
Os seguintes resultados (Teoremas 4.2.2, 4.2.3 e 4.2.4) são importantes para o
estudo de Teoria espectral para operadores compactos (e auto-adjunto) e são devidos
a Riesz, Fredholm, Hilbert e Schmidt.
(c) σ(T ) é finito ou enumerável com o único ponto de acumulação o 0. Além disso,
Prova.
80
Teoria Espectral
(b) Dado λ ∈ σ(T ) − {0} temos que (λI − T ) não é invertível. Disto segue
que (λI − T ) não é injetor, pois se (λI − T ) é injetor então, pelo item (c)
da Alternativa de Fredholm 4.2.1, (λI − T ) é invertível, absurdo. Portanto
λ ∈ σp (T ) − {0}.
De fato, suponha An0 infinito para algum n0 ∈ N, então existe uma sequência
(λm ) em An0 com termos distintos. Pelo Teorema 4.1.1, existe (λmk ) sub-
sequência de (λm ) tal que λmk → λ para algum λ ≥ 1/n0 (já que λmk ≥ 1/n0
∀k ∈ N). Pelo item (b), (λmk ) está em σp (T ) − {0}, logo (pelo Lema 4.2.1)
λ = 0, absurdo pois λ ≥ 1/n0 . Portanto An é finito para todo n ∈ N.
Veja que
∞
[
σ(T ) = {0} ∪ An .
n=1
Como cada An é enumerável segue que σ(T ) é enumerável. Mais ainda, se
σ(T ) é enumerável infinito, ou seja, σ(T ) = {0, λ1 , λ2 , . . .}, então (pelo lema
(4.2.1)) λn → 0 quando n → ∞.
A prova que dim ker(λI − T ) < ∞ ∀λ ∈ σ(T ) − {0} foi demonstrada no item
(a) da Alternativa de Fredholm 4.2.1.
81
Teoria Espectral
1 1
v = kT (v0 )k 2 v0 e u = kT (v0 )k− 2 T (v0 ).
Note que kvk2 = kuk2 = kT (v0 )k2 , hT (v), ui = kT (v0 )k2 e, como T é auto-adjunto,
e
hT (y), yi = hT (u), ui − hT (u), vi − hT (v), ui + hT (v), vi
4kT (v0 )k2 = hT (x), xi − hT (y), yi ≤ |hT (x), xi| + |hT (y), yi|
82
Teoria Espectral
T (w0 ) = T (lim λwn ) = lim λT (wn ) = λ lim (T (wn ) − λwn + λwn ) = λw0 .
83
Teoria Espectral
e
T (en ) = λn en ∀n ∈ N.
Logo
∞
X
T (v) = λn hv, en ien .
n=1
Prova. Seja (µn ) uma sequência de termos distintos de todos os autovalores não
nulos de T (existe pelo Teorema 4.2.2) a qual satisfaz lim µn = 0. Defina
µ0 := 0, W0 := H0 = ker(T ) e Wn := ker(µn I − T ) ∀n ∈ N.
Afirmação: H = ⊕∞
n=0 Wn .
84
Teoria Espectral
elementos de β1 , os seguintes β2 e assim por diante. Defina (λn ) tal que λn é auto-
valor de en para cada n ∈ N, então
T (en ) = λn en ∀n ∈ N.
85
Teoria Espectral
T (en ) = λn en ∀n = 1, . . . , k.
Logo
k
X
T (v) = λn hv, en ien .
n=1
Prova. Análoga à prova do Teorema 4.2.3 até quando vamos definir a base de
Hilbert de H. Para isto use o Teorema 1.3.4 no H0 = W0 para obter β0 base de
Hilbert de H0 . Por fim considere ∞
S
n=0 βn e mostra-se, de forma análoga ao Teorema
86
Teoria Espectral
Portanto U é unitário.
A equação (4.3) é um caso de (3.1), assim encontramos um modelo desta
forma: veja que Te é um operador diagonal, como visto no Exemplo 3.2.6 temos que
a função g : N → C com g(n) = λn é tal que g ∈ `∞ e Te = Mg . Portanto
U ◦ T = Mg ◦ U. (4.4)
87
Teoria Espectral
e
hT (v), vi
λk = min max (4.7)
dim V =k−1 v∈V ⊥ −{0} kvk2
para cada k ∈ N com λk definido.
Prova. Façamos para dim ker(T )⊥ = ∞, pois o caso dim ker(T )⊥ < ∞ é análogo
com diferenças na notação. Pelo Teorema 4.2.3 podemos fixar uma base de Hilbert
(en ) de ker(T )⊥ tal que dado v ∈ H existe v0 ∈ ker(T ) com
X X
v = v0 + hv, en ien e T (v) = λn hv, en ien . (4.8)
n∈N n∈N
Além disso,
!
X X
hT (v), vi = λn hv, en i hen , v0 i + hv, em ihen , em i
n∈N m∈N
XX
= λn hv, en ihv, em ihen , em i
n∈N m∈N
X
hT (v), vi = λn |hv, en i|2 (4.9)
n∈N
Logo
hT (v), vi
inf ≥ λk .
v∈Vk −{0} kvk2
88
Teoria Espectral
Observe que este mínimo é atingido devido a função hT (·), ·i : V → R ser contínua,
S[0, 1] ser compacto e
hT (v), vi v v
inf = inf T , = inf hT (v), vi
v∈V −{0} kvk2 v∈V −{0} kvk kvk v∈S[0,1]
De fato, seja v0 ∈ ker(Pk ) ⊂ V não nulo. Então v0 ∈ V − {0} e Pek (v0 ) = 0, ou seja,
v0 ∈ V ∩ Vk⊥ − {0}. Portanto, por (4.9), (4.5) e (4.10),
X ∞
X
2
hT (v0 ), v0 i = λn |hv0 , en i| = λn |hv0 , en i|2 ≤ λk+1 kv0 k2 ≤ λk kv0 k2 .
n∈N n=k+1
89
Teoria Espectral
Caso 2: Pk é injetor.
De fato, como dim V = dim Vk = k < ∞ temos que Pk é bijetor. Assim existe
v0 ∈ V tal que Pk (v0 ) = ek . Note que
v0 = ek + v0 − Pk (v0 ) = ek + w
Logo
hT (v), vi
sup ≤ λk .
⊥ −{0}
v∈Vk−1 kvk2
Veja que este supremo é atingido quando v = ek . Assim
hT (v), vi
max = λk . (4.13)
⊥ −{0}
v∈Vk−1 kvk2
90
Teoria Espectral
hT (v0 ), v0 i
≥ λk .
kv0 k2
hT (v), vi
λk ≤ inf max .
dim V =k−1 v∈V ⊥ −{0} kvk2
hT (v), vi
λk = inf max ,
dim V =k−1 v∈V ⊥ −{0} kvk2
X k
X
2
hT (v0 ), v0 i = λn |hv0 , en i| ≥ λk |hv0 , en i|2 = λk kvk2 .
n∈N n=1
91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[6] LIMA, E. L. Espaços Métricos. 5.ed. Rio de Janeiro: IMPA, 2015. 299 p.
[7] SAXE, K. Beginning Functional Analysis. New York: Springer, 2002. 197
p.
92