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Noções de Pesquisa e

Amostragem

André C. R. Martins

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Bibliografia
• Silva, N. N., Amostragem probabilística,
EDUSP.
• Freedman, D., Pisani, R. e Purves, R.,
Statistics, Norton.
• Tamhane, A. C., Dunlop, D. D., Statistics
and Data Analysis, Prentice Hall.
• Barrentine, L. B., An Introduction to Design
of Experiments, ASQ
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Problemas
Você precisa realizar estudos para buscar informações sobre os seguintes
problemas:

Estimar a altura média dos alunos da Usp Leste, assim como o desvio padrão
da altura.

Mesmo problema, mas para todos os alunos da sua sala.

Determinar a opinião dos estudantes da Usp Leste sobre quem dirige melhor,
homens ou mulheres.

Você quer estimar a opinião de estudantes universitários brasileiros sobre as
políticas educacionais do país.
No entanto, por motivos quaisquer (econômicos, falta de pessoal/recursos,
pressa, ser realmente impossível, etc.), você não tem condições de obter todos
os dados possíveis, mas precisa trabalhar com uma amostra.
Que cuidados e de que forma você deve realizar a amostragem para ter o melhor
resultado possível na sua estimação?
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Estimar a altura média dos alunos da
Usp Leste, assim como o desvio padrão
da altura.

• Suponha que você tem como obter a lista


com o nome de todos os alunos, mas não a
altura destes. Como proceder?

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Amostragem Aleatória Simples
• Se você tem acesso a algum tipo de lista com
todos os elementos de uma população, o
problema da amostragem torna-se bem mais
simples (em alguns casos, a lista pode não ser
necessária).
• Suponhamos que você avalie que gostaria de ter
uma amostra de 50 pessoas de uma população de
1.000 alunos. Tudo que você precisa fazer então
é sortear, sem repetição, 50 números entre 1 e
1000 e obter os dados referentes a estes 5
elementos.
Cuidados no sorteio
• Para que possamos chamar uma amostragem
de aleatória simples, devemos garantir que o
sorteio obedeça algumas regras:
– Todos os elementos devem ter a mesma chance
de serem sorteados.
– A ordem em que eles forem sorteados não
importa.
– Não há elementos repetidos na amostra.

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Vantagens
• Como você efetuou um sorteio com
probabilidades iguais, em muitos casos, é
possível calcular chances associadas a
médias, desvios ou outras medidas de forma
comparativamente simples.
• Todos os elementos entram com chances
iguais, portanto não há nenhum grupo
representado em excesso ou a menos, exceto
por sorte.
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Realizando o sorteio
• Existem várias formas para se efetuar o
sorteio. Alguns livros trazem tabelas de
números aleatórios, você pode utilizar
moedas, dados ou cartas, desde que seja
capaz de sortear qualquer elemento.
• Vários programas de computador possuem
geradores de números aleatórios. As
planilhas possuem funções que os geram que
podem ser utilizadas neste caso.
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Determinar a opinião dos estudantes
da Usp Leste sobre quem dirige
melhor, homens ou mulheres.
• Que cuidados adicionais você acha que
valeria a pena se tomar aqui?

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Amostragem Aleatória Estratificada
• No problema anterior, é muito provável que
tenhamos dois estratos com características
diferentes, a saber, a opinião de homens e de
mulheres.
• A variabilidade entre os estratos (diferença de
opinião entre homens e mulheres) é provavelmente
bem maior do que as diferenças dentre as mulheres
ou dentre os homens.
• Neste caso, vale a pena fazer pesquisas separadas
em cada estrato, unificando-as no final.
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• Dada a menor variabilidade dentro de cada
estrato, as incertezas da pesquisa serão
menores.
• Além disto, obtém-se mais informação, pois
teremos já pronto também um estudo sobre
de que forma mulheres pensam e de que
forma homens pensam. Assim, os efeitos que
este fator podem ter podem ser observados
como parte do estudo.
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Você quer estimar a opinião de
estudantes universitários brasileiros
sobre as políticas educacionais do
país.
• Certamente não existe uma lista com todos
os estudantes universitários do país. Suponha
então que você tem uma lista com as
faculdades que existem no país.

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Amostragem por Conglomerados
(Cluster)
• Neste caso, você pode sortear, ao invés dos
elementos que tem interesse direto, conjuntos
maiores, como vizinhanças, bairros ou
cidades e realizar a pesquisa nestes
elementos sorteados.
• No exemplo, você sortearia uma amostra de
faculdades a serem pesquisadas.

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• Suponha que você queira entrevistar 1000
universitários. Você poderia então:
– Sortear 50 faculdades, sorteando 20 estudantes
em cada uma, a partir dos alunos inscritos nos
cursos.
– Sortear 25 faculdades, sorteando 40 alunos em
cada.
– Etc.

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• Pode haver mais níveis de conglomerados,
por exemplo:
– Sorteie 20 faculdades, dentro de cada faculdade
sorteie 10 turmas, dentro de cada turma, sorteie 5
alunos.

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Amostragem por Conveniência e por
Julgamento
• As amostragens discutidas anteriormente
devem ser usadas sempre que possível, uma
vez que elas permitem estimar erros na
avaliação que se deseja fazer de forma
razoavelmente simples.
• No entanto, por vezes, não é possível realizar
a amostragem de acordo com qualquer destes
padrões.
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• Por vezes, temos de nos contentar apenas com os
elementos que conseguimos coletar de forma mais
fácil (amostragem por conveniência)
• Outras, um especialista da área aponta elementos
que ele considera significativos de uma boa amostra
(julgamento).
• Em ambos os casos, é muito provável que a
amostragem apresente vieses e não é possível
estimar-se qual a certeza associada ao estimador.
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Tipos de Estudos Estatísticos
• Estudos estatísticos podem ser divididos de diversas forma de
acordo com suas características:
– De acordo com o objetivo:
• Comparativo (Analítico)
• Não comparativo (Descritivo)
– De acordo com a forma como os dados são obtidos na preparação:
• Observacionais
• Experimentais
– De acordo com o tipo de dados em relação ao tempo, um estudo
observacional pode ser:
• Amostra
• Prospectivo
• Retrospectivo
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Estudos Descritivos
• Um estudo descritivo tem por objetivo
descrever as características de um grupo. Por
exemplo, um estudo para medir a proporção
de pessoas que vivem com menos de um
salário mínimo ou para verificar a inflação
para um determinado segmento da
população.

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Estudos Comparativos
• Em um estudo comparativo, deseja-se comparar a
mesma característica entre grupos ou métodos
diferentes, de forma a se verificar se há algum tipo
de relação. Por exemplo, estudos para medir a
eficiência de diferentes políticas econômicas ou
comparar diferentes métodos de ensino.
• Um estudo comparativo deve sempre possuir um
grupo de controle, ou seja, onde a(s)
característica(s) que estamos estudando não
esteja(m) presente(s), de forma a se poder tentar
inferir o que é efeito desta característica.
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Quanto ao Tempo
• Um estudo observacional pode ser descrito,
de acordo com como o tempo em que as
observações são feitas, como
– Amostragem
– Estudo Prospectivo
– Estudo Restrospectivo

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Amostragem
• Trata do estudo das características de uma
determinada população em um instante específico
do tempo, como a opinião de um consumidor, ou a
qualidade do equipamento produzido em uma
fábrica.
• O objetivo, em geral, é utilizar alguma estatística da
amostra (como a média amostral) para se estimar
um parâmetro da população (a média da
população).
• Se a população inteira for observada chama-se
censo.
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• Motivos para se realizar uma amostragem:
– Um censo seria muito caro
– O teste a ser realizado é destrutivo, por exemplo,
verificar-se-á as condições em que a peça a ser
testada quebra.
– Uma amostragem, por vezes, fornece resultados
mais precisos que um censo!

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Estudo Prospectivo
• Um estudo prospectivo começa no presente com
uma amostragem e segue o comportamento da
amostra com o passar do tempo, por exemplo,
observa-se em um grupo de crianças o
comportamento de cada uma e estas são
acompanhadas enquanto crescem e em sua vida
adulta para se determinar se o comportamento em
estudo estaria relacionado a diferentes chances de
sucesso profissional.

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Estudo Retrospectivo
• Um estudo retrospectivo também começa no
presente, mas olha-se para o passado para se saber o
que aconteceu com os dados antes.
• Estudos retrospectivos são, em geral, mais fáceis e
baratos que prospectivos, mas apresentam mais
problemas
– Lembrança do passado pode ser imprecisa.
– Não existe a possibilidade de ter algum controle sobre
outras variáveis que possam afetar o estudo.

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Estudo Observacional
• Em um estudo observacional, o pesquisador
apenas observa as características nas quais
está interessado, sem interferir no que está
observando. Por exemplo, um estudo sobre a
variação da luminosidade de algumas
estrelas ou a verificação de se a população
que consome uma determinada substância
possui taxas diferentes de aparecimento de
uma dada doença.
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Estudo Observacional
• Isto significa que ele não tem controle sobre
quaisquer variáveis que podem estar
influenciando seus resultados. Se o objetivo
for realizar um estudo comparativo, o
pesquisador só poderá realmente medir
associação, não causa e efeito. Ele pode
obter evidência sobre causa e efeito, mas
outros fatores podem ser a fonte da
associação observada.
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Estudo Experimental
• Ao contrário do estudo observacional, num estudo
experimental o pesquisador interfere no processo
que ele está estudando, de forma a controlar as
condições do estudo.
• O objetivo é conseguir isolar a variável de interesse
de outros efeitos que poderiam confundir os
resultados, através de um experimento onde a única
diferença entre os grupos estudados são as variáveis
em questão, exceto por pura chance.
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Objetivos
• Separar os fatores de forma a retirar a
importância dos que não interessam.
• Selecionar a melhor combinação dos fatores
em estudo.
• Se possível, ajustar um modelo que possa ser
utilizado para fazer previsões ou controlar a
resposta de forma a se atingir algum
objetivo.
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Controle
• Já mencionamos a necessidade de haver um grupo de
controle para se comparar os resultados com o grupo de
tratamento (os termos foram primeiro desenvolvidos em
aplicações médicas, mas a lógica é a mesma, independente
da área).
• Em um experimento, não apenas observa-se o que acontece
com cada grupo; qual elemento que irá pertencer ao grupo
de controle e qual será de um grupo de tratamento deve ser
sorteado aleatoriamente, para que não haja outras variáveis
que levam um elemento a estar em um grupo ou outro.

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Placebo
• Os grupos de controle e tratamento devem ser
idênticos em todos os aspectos, para evitar o efeito
placebo.
• Num teste de um remédio, por exemplo, se você
não receber um remédio ou receber um remédio
falso, as chances de melhora são maiores no
segundo caso, apenas por efeitos psicológicos.
• Para permitir a comparação, neste caso, todos os
pacientes devem ser incapazes de dizer se eles estão
em um grupo ou em oturo.
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Duplo Cego
• Também é extremamente útil que o
pesquisador não decida nem mesmo saiba
que elemento está em que grupo, para que
não haja diferenças na forma como ele trata
cada elemento.

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Estratégias Úteis no Desenho de
Experimentos
• Pode-se preparar experimentos utilizando-se
as estratégias abaixo:
– Blocos
– Análise de regressão
– Randomização

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Blocos de Fatores
• Se um fator pode estar confundindo os
resultados e este pode ser controlado, pode-
se separar a sua influência dos resultados do
experimento, dividindo-se a amostra em
grupos que tenham valores iguais ou
similares do fator e efetuando-se o estudo
dentro de cada grupo (ou seja, grupos de
tratamento e controle dentro de cada
amostra)
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Análise de Regressão
• Alguns fatores quantitativos que estejam
atrapalhando não podem ser controlados, mas
podem ser medidos. Neste caso, pode-se incluí-los
em uma análise de regressão, ou seja, em um
modelo que ajuste a melhor curva aos dados.
• Frequentemente, utilizamos uma regressão linear,
ajustando uma reta de forma a medir se há uma
tendência crescente ou decrescente, forte ou fraca.
Estudaremos regressão mais tarde.

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