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Pereira ‐ REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol 6 ‐ nº 2 (2013)
1
DESEMPENHO TÉRMICO E ACÚSTICO DE PAINÉIS DE FECHAMENTO EM
MULTICAMADAS
THERMAL AND ACOUSTIC PERFORMANCE CLOSING MULTILAYER PANELS
Rovadávia Aline de Jesus Ribas¹, Henor Artur de Souza², Josimar Junio Adriano³,
Daniel José Rocha Pereira4
Recebido em 23 de novembro de 2012; recebido para revisão em 10 de dezembro de 2012; aceito em 10 de janeiro
de 2013; disponível on‐line em 11 de fevereiro de 2013.
RESUMO: Em uma edificação, a escolha do sistema de fechamento adequado é
determinante para o seu desempenho e o conforto dos usuários. Devido a isso, essa
escolha deve ser feita de maneira correta ainda na fase de projeto, pois uma seleção
indevida pode comprometer seu desempenho global. No mercado nacional, há vários
sistemas de fechamento industrializados, aplicados em edificações estruturadas em aço,
que necessitam de mais conhecimento quanto às suas propriedades térmicas e acústicas.
Nesse trabalho, faz‐se uma avaliação do desempenho térmico e acústico de alguns
sistemas de fechamento aplicados em edificações estruturadas em aço, compostos por
painéis aplicados em multicamadas. Esses sistemas de fechamento são constituídos por
placa cimentícia, gesso acartonado, pré‐moldado de concreto, concreto celular
autoclavado e poliestireno expandido. O estudo é realizado determinando‐se a
temperatura no interior dos ambientes de uma edificação, por meio do software ESP‐r,
PALAVRAS CHAVES: para as condições climáticas da cidade de Belo Horizonte‐MG, e o tempo de reverberação,
por meio de formulação empírica, que aplica nos cálculos os valores de temperatura e
Painéis de fechamento; umidade obtidos na simulação. Os resultados explicitam os parâmetros relevantes na
Desempenho térmico; definição de sistemas de fechamento, que sejam adequados ao clima e ao entorno, e
mostram que os sistemas em multicamadas, quando recheados com material isolante, em
Desempenho acústico; geral, apresentam‐se como solução eficiente capaz de proporcionar desempenho térmico
e acústico adequados.
Simulação numérica ESP‐r.
ABSTRACT: The choice of the appropriate closure system in a construction is crucial to its
performance and the comfort of the users. Because of this, it should be done right still in
the design phase, considering that an incorrect selection can compromise their overall
performance. In the market, there are several industrial closing systems, applied to steel
KEYWORDS: structured buildings that require more knowledge about their thermal and acoustic
properties. This paper aims to evaluate the thermal and acoustic performance of closing
Closing panels; systems used in steel‐structured buildings composed of multilayer panels, mediated by a
Thermal performance; layer of air, with or without insulating material in the cavity. These closing systems consist
of cement plate, plasterboard, precast concrete, autoclaved cellular concrete and
Acoustic performance; expanded polystyrene. The study is conducted by determining the temperature inside the
Numerical simulation rooms of a building by means of software ESP‐r, taking as reference the Belo Horizonte‐
MG city, and the reverberation time by means of empirical formula which applies in its
ESP‐r. calculations the values of temperature and humidity obtained from the simulation. The
results explain the relevant parameters in the definition of closing systems, which are
suitable for the atmosphere and surroundings, and show that the multilayer closure
systems, when filled with insulating material, usually present themselves as a solution
capable of providing efficient thermal and acoustic performance.
* Contato com os autores:
1
e‐mail : roviaaline@gmail.com (R. A. de J. Ribas)
Doutoranda do Programa de Pós‐Graduação em Eng. Civil da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP/EM/PROPEC)
2
e‐mail : henor@em.ufop.br (H. A. de Souza)
Prof. do Dep. de Eng. de Controle e Automação e Técnicas Fundamentais e do Programa de Pós‐Graduação em Engenharia Civil, Área:
Construção Metálica, da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP/EM/DECAT/PROPEC)
3
e‐mail : josimarjunioradriano@hotmail.com (J. J. Adriano)
Graduando do Curso de Engenharia Civil da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP/EM/DECIV)
4
e‐mail : danielrochapereira@yahoo.com.br (D. J. R. Pereira)
Graduando do Curso de Engenharia Civil da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP/EM/DECIV)
ISSN: 2179‐0612 © 2013 REEC ‐ Todos os direitos reservados.
R. A. de J. Ribas, H. A. de Souza, J. J. Adriano, D. J. R. Pereira ‐ REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol 6 ‐ nº 2 (2013)
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1. INTRODUÇÃO todo, não sendo possível determinar qual é mais
relevante. Entretanto, pode se destacar a importância da
De modo geral, a construção estruturada em especificação dos sistemas de fechamento verticais e
aço apresenta grande espaço para desenvolvimento, horizontais, cuja constituição e montagem determinam,
prometendo racionalização e atendimento às exigências em grande parte, os níveis de desempenho térmico e
de conservação de energia e conforto humano, acústico no ambiente construído.
apontando para projetos que apresentam desempenho
global adequado. No entanto, a rapidez de montagem
2. METODOLOGIA
dos sistemas construtivos em estrutura metálica exige a
aplicação de sistemas de fechamento que possuam a A avaliação do desempenho térmico é
mesma filosofia de pré‐fabricação e velocidade de feita usando‐se o software ESP‐r (Energy Simulation
construção. Os sistemas de fechamento industrializados Program – research), que, por meio de simulações
apresentam‐se como solução racional para edificações computacionais, determina a temperatura e a umidade
estruturadas em aço e a sua escolha deve ser feita de do ar no interior de uma edificação, utizando‐se os
maneira criteriosa, considerando os diferentes tipos de dados climáticos da cidade de Belo Horizonte ‐ MG como
referência. A avaliação do desempenho acústico é
fechamento disponibilizados. Os painéis utilizados
realizada obtendo‐se o tempo de reverberação em um
possuem como vantagens a rapidez de montagem, a recinto, aplicando‐se uma formulação empírica, que usa
diminuição do peso da construção e ainda possibilitam em seus cálculos os valores de temperatura e umidade
soluções arquitetônicas criativas. Para que a sua escolha obtidos na avaliação térmica.
represente uma solução eficiente, é necessário que se
leve em conta tanto os detalhes construtivos, quanto a 2.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO TÉRMICO VIA
SIMULAÇÃO TÉRMICA
capacidade de desempenho térmico e acústico desses
fechamentos. A simulação térmica é feita primeiramente,
Esses sistemas de fechamento, por serem mais pois a temperatura e umidade do ar nos recintos, obtidas
leves e de montagem rápida, têm capacidade de nessa etapa, contribuem para o cálculo da absorção
isolamento térmico e acústico questionável e necessitam sonora causada também pelo ar presente no ambiente
de mais conhecimento quanto ao seu desempenho. O considerado, que é utilizada na determinação do tempo
sistema de fechamento em multicamadas com a de reverberação. Nas simulações, as condições térmicas
utilização de material absorvedor acústico, como a lã de da edificação são verificadas fazendo‐se uma abordagem
vidro, na cavidade de ar entre as placas do fechamento, dinâmica que busca equacionar o equilíbrio entre perdas
pode se mostrar eficiente no desempenho térmico e e ganhos de energia que ocorrem simultaneamente e
acústico, proporcionando conforto aos usuários (SALES, variam ao logo de um dia.
NEVES e SOUZA, 2001; GARCIA, 2004; RIBAS e SOUZA, As etapas para a análise do comportamento
2011). térmico de uma edificação via simulação numérica são:
O objetivo desse trabalho é fazer uma • caracterização climática (temperatura do ar,
avaliação do desempenho térmico e acústico de sistemas umidade relativa do ar, radiação solar, direção e
de fechamento aplicados em edificações estruturadas velocidade do vento);
em aço, compostos por painéis aplicados em • caracterização da edificação (posição geográfica,
multicamadas, intermediados por uma camada de ar, orientação, forma e volume, recinto típico: perfil de
contendo ou não material isolante na cavidade, tendo‐se ocupação, equipamentos e iluminação);
escolhido a lã de vidro (LVI). Esses sistemas de • caracterização dos materiais de fechamento
fechamento são constituídos por placa cimentícia (PLC), (dimensões, propriedades termofísicas);
gesso cartonado (GEA), pré‐moldado de concreto (PMC), • análise das interações térmicas e mássicas
concreto celular autoclavado (CCA) e poliestireno entre o meio externo e o meio interno;
expandido (EPS). • obtenção e avaliação da variação diária da
O desempenho térmico e acústico de um temperatura e umidade do ar interno (edificação
ambiente depende da combinação de vários fatores, ventilada naturalmente).
dentre os quais se destacam o posicionamento da
2.1.1 Caracterização das condições climáticas
edificação e suas dependências, a escolha e execução de
paredes, pisos, tetos e esquadrias e a especificação de As condições climáticas são caracterizadas por
equipamentos e instalações. Todos os componentes são valores horários de temperatura e da umidade relativa
partes integrantes da edificação que funciona como um do ar e da radiação solar global e pela velocidade média
R. A. dde J. Ribas, H. A. de Souza, J. J. Ad
driano, D. J. R. Perreira ‐ REEC – Revista Eletrônica
a de Engenharia Civvil Vol 6 ‐ nº 2 ((2013)
3
3
do vento predominante nos dias típiccos de verão e de 2..1.2 Caractterização dda edificaçção e do
os
inverno. fecham
mentos
Paara os dado os climáticoss, é aplicaddo o
Propõ õe‐se um modelo ge eométrico da d
zoneamento climático apresentado
a pela norma NBR
edificação, base eado em zonaas térmicas. Em seguida esssa
15220 (ABNTT, 2005). São adotados os dados de um m dia
edificação é caracterizadda por suas variáveeis
típico de veerão, da zonaa climática trrês, tomando ‐se a
arqquitetônicas, seus m ateriais co onstrutivos e
cidade de Beelo Horizonte como referên ncia (latitude: S 19°
correspondente es camadas. A edificação é ventilad da
51'; longitudde: W 43° 57';; fuso horário o: 3h; altitudee: 785
naturalmente e e o desempennho térmico é avaliado em
m). Os valorees médios desse dia típico são apresenttados
funnção do perrfil obtido dee temperatura e umidad de
na Tabela 1.
intternas.
Umm dia típico de verão, co om frequênciia de A edificação projjetada para as simulaçõees
ocorrência iggual a 10%, representa
r umm dia tal quee 10% poossui área de 54 m2, estáá dividida em m quatro zonas
dos dias do o período dee verão possuem temperaatura térrmicas denom minadas de s ala, dormitórrio, banheiro e
máxima diárria maior ou igual à tempe eratura dessee dia. ático, pé direito
o de 3,0 m ee altura total de 4,20 m. Na
N
Da mesma fo orma, dia típiico de inverno, com frequêência Figgura 1 mostram‐se a plantaa baixa e uma perspectiva d da
de ocorrência igual a 10%,, representa u um dia tal quee 10% edificação gerad das pelo ESP‐rr, bem como ssua orientação.
dos dias do período de inverno posssuem temperaatura Para configurar os ambientess, os fechame entos internoss e
mínima diária menor ou igual à temp peratura dess e dia extternos são altterados durannte as simulaçções, aplicando‐
(AKUTSU, 1998). se os fechamenttos conforme mostrados no Quadro 1.
X
Tabelaa 1: Valores médios do dia ttípico de verão considerado
o de Belo Hor izonte.
Vento
Variação da
Radiação ssolar total
radiação o solar Temperatura Direçãão Ummidade
incidente nna direção
incidente em dee bulbo seco Velocidade relattiva do ar
normmal (graus nno
plano horizontal (°C) (%)
(W/ m ) 2 (m/s) sentido hoorário
(W/m m2)
do Nortte)
das pelo ESP‐r.
Figura 1: Pllanta baixa e peerspectiva da edificação gerad
R. A. de J. Ribas, H. A. de Souza, J. J. Adriano, D. J. R. Pereira ‐ REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol 6 ‐ nº 2 (2013)
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O uso do gesso acartonado como fechamento espessura, em madeira de massa específica média e em
externo é somente conceitual. Mesmo assim, adota‐se compensado, respectivamente;
esse sistema de fechamento nas simulações para fins de • fechamento do banheiro constituído de uma
comparação entre as várias situações. Definindo‐se uma parede composta por placa cimentícia, ar, placa
edificação padrão são fixados os seguintes parâmetros: cimentícia e acabamento interno em cerâmica
• piso em material cerâmico, sobre contrapiso esmaltada.
de argamassa e base de concreto; As características físicas das zonas térmicas da
• cobertura em laje de concreto celular edificação e as propriedades termofísicas dos elementos
autoclavado, revestida internamente com argamassa, e que compõem os sistemas de fechamento estão
telha de cerâmica, sendo que a cumeeira está a 1,0 m mostrados nas Tabelas 2 e 3, respectivamente. Não são
acima da laje; consideradas no interior da edificação a presença de
• janelas em vidro comum transparente de 4 pessoas, lâmpadas acesas e equipamentos para o ganho
mm de espessura; de calor casual (sensível e latente). Para o fluxo de ar é
• portas externas e internas de 25 mm de adotada uma taxa de renovação igual a 3 ren/h.
X
Quadro 1: Painéis analisados e espessuras das camadas.
Material do fechamento e espessura (mm) Material do fechamento e espessura (mm)
PLC(12)‐ar(75)‐PLC(12) GEA(15)‐ar(75)‐GEA(15)
PLC(12)‐LVI(50)‐ar(25)‐PLC(12) GEA(15)‐LVI(50)‐ar(25)‐GEA(15)
PLC(12)‐ar(75)‐GEA(15) PMC(75)‐ar(75)‐PMC(75)
PLC(12)‐LVI(50)‐ar(25)‐GEA(15) PMC(75)‐LVI(50)‐ar(25)‐PMC(75)
EPS(100)‐ar(75)‐EPS(100) CCA(100)‐ar(75)‐CCA(100)
EPS(100)‐LVI(50)‐ar(25)‐EPS(100) CCA(100)‐LVI(50)‐ar(25)‐CCA(100)
X
X
Tabela 2: Características físicas das zonas térmicas da edificação.
R. A. de J. Ribas, H. A. de Souza, J. J. Adriano, D. J. R. Pereira ‐ REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol 6 ‐ nº 2 (2013)
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X
Tabela 3: Propriedades termofísicas dos elementos componentes dos sistemas de fechamento.
x
2.2 TEMPO DE REVERBERAÇÃO V
TR = 0,161 Eq.[01]
Atf
O tempo de reverberação (TR) é definido pelo
Onde:
tempo necessário para que o nível de pressão sonora em
TR: tempo de reverberação (s);
um recinto decaia em 60 dB, a partir da interrupção da
V: volume do recinto (m3);
fonte, e constitui um indicador que pode ser aplicado
f: frequência considerada (Hz);
para determinar o desempenho acústico de um
ambiente fechado. Essa taxa de atenuação do som, bem A ft : área total equivalente do recinto para a frequência
como a fração de energia sonora absorvida, depende da f (m² Sabine).
t
frequência do som emitido, da capacidade do material A
A área total equivalente do recinto ( f )
do contorno para absorver essa frequência, do volume
inclui a absorção sonora devida ao sistema de
de ar e do espectro de frequências do som. O tempo de
fechamento, ao mobiliário, aos ocupantes presentes, e
reverberação inclui a absorção devida ao fechamento, ao
mobiliário, aos ocupantes e ao ar presente (BIES e ao ar ambiente, dada por:
HANSEN, 2003; HASSAN, 2009; MAEKAWA, RINDEL e
LORD, 2011). Atf = A ffech + A obj
f
+ pes
+ A arf Eq.[02]
Quanto maior a absorção total do recinto,
menor é a energia sonora do campo reverberante.
Onde:
Diante disso, para o controle do ruído proveniente da
t
reverberação no local, é necessário conhecer a A f : área total equivalente do recinto para a
capacidade dos sistemas de fechamento e dos materiais frequência f (m² Sabine);
aplicados no interior da edificação em absorver o ruído fech
Af
interno. A absorção sonora representa a capacidade de : área de absorção equivalente do fechamento
um material de absorver a energia sonora, ocorrendo em no interior do recinto (m² Sabine);
graus variados, sendo determinada pelo coeficiente de obj pes
absorção sonora dos materiais envolvidos (αi). O A f : área de absorção equivalente dos objetos e
conhecimento do coeficiente de absorção sonora é pessoas no interior do recinto (m² Sabine);
necessário para a determinação da área de absorção A arf : absorção equivalente devida ao ar no interior do
equivalente do fechamento, ocupantes, objetos e ar no
interior de um recinto, que é item preponderante no recinto (m² Sabine).
cálculo do tempo de reverberação. Esse coeficiente Dentre as expressões propostas para o cálculo
consiste na fração da energia sonora incidente que é da área de absorção equivalente do fechamento no
absorvida pelo material e depende da frequência do som interior de um ambiente fechado, encontra‐se a equação
e do ângulo de incidência das ondas sonoras no material de Sabine, dada pelo produto exposto na Equação 03
(CITHERLET, 2001; HASSAN, 2009). (CITHERLET, 2001; HASSAN, 2009):
Segundo Wallace Clement Sabine o tempo de fech
reverberação pode ser dado por (CITHERLET, 2001; A f
fech
= (S i αi,Sab
f )
Eq.[03]
BISTAFA, 2006): i
R. A. de J. Ribas, H. A. de Souza, J. J. Adriano, D. J. R. Pereira ‐ REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol 6 ‐ nº 2 (2013)
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Onde:
fech
A arf = 4m.V Eq.[04]
Af
: área de absorção equivalente do fechamento Onde:
no interior do recinto (m² Sabine); ar
A f : absorção equivalente devida ao ar no interior
Si : área da superfície interna i do recinto (m²);
α Sab do recinto (m² Sabine);
i, f : coeficiente de absorção de Sabine da m : coeficiente de absorção sonora do ar (m‐1);
superfície i na frequência f. V : volume do recinto (m3).
A absorção sonora devida ao ar presente no
Pode‐se expressar o coeficiente m para
ar
recinto ( A f ) pode ser expressa pela equação condições específicas do ar aplicando‐se as formulações
(KNUDSEN e HARRIS1, 1978 apud CITHERLET, 2001): apresentadas nas Equações 05 a 08 (CITHERLET, 2001):
2f 2
0,1068.e 3352,0 / T . 2
+
f
1 1/ 2 5 / 2 f rN + Eq.[05]
P T T f
m = 3,68.10 11 f 2 + rN
P0 T0 T0 2239,1 / T 2f 2
0,0128.e . 2
f
f r0 +
f r0
f rN =
P T
1 / 2
4,170 1 Eq.[06]
T 1 / 3
T0
P0 9 + 280 ha .e
T0
P 0,02 + ha
fr0 = 24 + 4,04.10 4 ha Eq.[07]
P0 0,391 + ha
hr .10
/
6,8346 T0i T 1,261+4,6151 Eq.[08]
ha =
P
P0
Onde:
m=: coeficiente de absorção sonora do ar (m‐1);
f : frequência considerada (Hz);
P : pressão do ar (kPa);
P0 : pressão de referência do ar (101,325 kPa);
T : temperatura do ar (K);
T0 : temperatura de referência do ar (298,15 K);
frN : frequência de relaxação para o Nitrogênio (Hz);
fr0 : frequência de relaxação para o Oxigênio (Hz);
ha : concentração molar do vapor de água (%);
hr : umidade relativa do ar (%);
T0i = temperatura isotérmica de ponto triplo (273,16 K).
1
KNUDSEN V.O.; HARRIS C.M. Acoustical designing in architecture. The Acoustical Society of America ed. New York, 1978.
R. A. dde J. Ribas, H. A. de Souza, J. J. Ad
driano, D. J. R. Perreira ‐ REEC – Revista Eletrônica
a de Engenharia Civvil Vol 6 ‐ nº 2 ((2013)
7
7
3. DESEMP
PENHO TÉRM
MICO E ACÚSSTICO DE UM
MA e o
o comportamento interativvo entre fach
hada, cobertura
EDIFICAÇÃO
O e piso, conform
me propõe a norma NBR 15220 (ABNT,
2005).
3.1 AVALIAÇ
ÇÃO DO DESEMPENHO TÉR
RMICO
A norrma NBR 155575 (ABNT, 20
008) apresenta
O desempenho o térmico de e uma edificcação condições térmicas no interiior da edifica
ação que sejam
está relacionnado a uma reesposta adequada às conddições
elhores ou iguais às do am
me mbiente externo, à sombrra,
climáticas ee ao seu entorno e su ua avaliação visa
para o dia típicco de verão, e que propiciem confortto
proporcionarr condições de d conforto té érmico atend endo
térrmico no intterior da eddificação, no dia típico de
d
às exigências dos usuário os e racionalizando o conssumo
invverno. Essa norma apreesenta procedimentos de
d
de energía, por meio da análise da resposta
r glob al da
edificação àss trocas de caalor e massa entre o ambbiente verificação do atendimentoo aos requisitos e critério
os
interno e externo. No Braasil, para aten
nder às exigêências para fachadas e coberturaas e para os sistemas de
d
de desempeenho térmico o, a edificaçção deve poossuir fecchamento. O
O nível míniimo de dessempenho, via
v
característicaas que levem em considera ação sua regiãão de sim
mulação com
mputacional oou medição in loco, devve
implantação,, as respectivaas característiicas bioclimát icas ate
ender os critérios conformee apresentado
os na Tabela 4
4.
X
Tabela
a 4: Painéis annalisados e espessuras das camadas
ério (verão)
Crité Critério (invernno)
Nível d
de desempen
nho
Zo
onas 1 a 8 Zonas 1 a 5
Z Zonas 6 a 8
Mínimo Ti,m
máx ≤ Te,máx Ti,min ≥ (Te,min + 3 °C
C) Nãoo precisa ser verificado
Fonte: N
NBR 15575 (ABNT, 2008).
X
3.2 AVALIAÇ
ÇÃO DO DESEMPENHO ACÚ
ÚSTICO JOHNSON e ROC
CAFORT, 19999; BISTAFA, 20
006).
O teempo de reveerberação devve estar de accordo
com o uso d
do recinto, poois valores ina
adequados poodem 4. RESULTADO
OS E ANÁLISSE
atrapalhar a inteligibilidad de ou o ente
endimento da fala.
Quanto maior o volumee do recinto e a presençça de Para a avaliação té rmica, obtém m‐se a variaçãão
materiais poouco absorveedores, maiorr é a duraçãão da temmporal da temperatura e umidade rela ativa do ar naas
reverberação o. Se a reverrberação perssistir no ambbiente quatro zonas té érmicas consiiderando‐se os o sistemas de d
por muito teempo, pode haver sobrep posição de síílabas fecchamento prropostos (Figgura 2). Parra a avaliaçãão
e/ou notas musicais e se s ela desapa arecer imediaata e acústica, é calculado o te mpo de revverberação daas
totalmente, alguns tipos de fontes sonoras podem m não superfícies dos fechamentoss (TR), sendo necessários os o
ser percebido os (MAEKAWA A, RINDEL e LORD, 2011). coeficientes de e absorção sonora (αi) dos materiaais
Reciintos destinados à palavra a falada (salaas de (BIISTAFA, 2006; MAEKAWA; RINDEL; LORD D, 2011; RILEM M,
aula, de connferência e teatros)
t requ
uerem tempoos de 2005) aplicadoss no interior ddo recinto esstudado (Figura
reverberação o mais curto os, para que o som refl etido 3).. Os resultadoos obtidos paara a sala na frequência de
d
decaia rapid
damente sem interferir no o som direto nem 1000 Hz são mostrados nas FFiguras 4 a 9.
reduzir sua inteligibilidaade. No caso de edificaações
Figura 8: TR e Ti em função do tempo – EPS.
Figura 4: TR e Ti em função do tempo – PLC.
Figura 9: TR e Ti em função do tempo – CCA.
Figura 5: TR e Ti em função do tempo – GEA.
Em relação ao desempenho térmico, para as
condições de verão, os fechamentos analisados atendem
ao critério mínimo de desempenho térmico, ou seja,
Ti,máx ≤ Te,máx. Para a maioria dos fechamentos recheados
com lã de vidro resultam temperaturas internas mais
baixas do que os mesmos fechamentos sem esse
material, apresentando desempenho térmico melhor
(Figuras 4 a 9). Considerando a temperatura externa
máxima de 27,5 oC, no horário de 13:30h, dentre as
composições de fechamento em GEA e PLC, para os
fechamentos em PLC(12)‐LVI(50)‐ar(25)‐PLC(12) e
GEA(15)‐LVI(50)‐ar(25)‐GEA(15) resultam a menor
Figura 6: TR e Ti em função do tempo – PLC‐GEA. temperatura interna (22,1 oC) (Figuras 4 a 6). Dentre as
composições de fechamento em PMC, EPS e CCA, para o
R. A. de J. Ribas, H. A. de Souza, J. J. Adriano, D. J. R. Pereira ‐ REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil Vol 6 ‐ nº 2 (2013)
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fechamento em EPS(100)‐LVI(50)‐ar(25)‐EPS(100) tem‐ Esse estudo mostra que é necessário verificar o
se a menor temperatura interna (19,1 oC), no mesmo desempenho térmico e acústico dos sistemas de
horário (Figuras 7 a 9). Assim, dentre todos os fechamento propostos e a escolha de um ou de outro
fechamentos analisados, esse último apresenta o sistema dependerá do equilíbrio das respostas
melhor desempenho térmico (Figuras 4 a 9). alcançadas. O método apresentado, que vincula
Em relação ao desempenho acústico, para a avaliação térmica e acústica, por meio do software ESP‐r,
frequência considerada de 1000 Hz, o CCA possui maior pode ser aplicado a qualquer tipo de edificação
coeficiente de absorção sonora (Figura 3). Também (residencial, comercial, industrial) devendo‐se apenas
para essa frequência, observa‐se que os fechamentos modificar os dados climáticos e as características físicas,
não atendem o critério de tempo de reverberação no térmicas e acústicas dos materiais dos fechamentos da
valor de 0,5 s. Mas, deve‐se levar em conta que na edificação.
edificação não está sendo considerada a presença de
pessoas e mobiliário, o que tende a elevar o valor do
6. AGRADECIMENTOS
tempo de reverberação (Figuras 4 a 9).
De modo geral, os fechamentos recheados Os autores agradecem o apoio financeiro da
com lã de vidro mostram um tempo de reverberação FAPEMIG e do CNPq a este trabalho.
um pouco maior do que os outros fechamentos, em
média 0,02 s, nos horários de temperatura externa mais
elevada (09:00‐18:00). Esse fato se deve à redução do 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
valor da umidade do ar nesse período e a consequente
AKUTSU, M. Método para a avaliação do desempenho
diminuição da absorção sonora devida ao ar presente
térmico de edificações no Brasil. 1998. Tese (Doutorado em
no recinto. No caso dos fechamentos em EPS e CCA, a Arquitetura). Universidade de São Paulo. São Paulo, 1998.
presença da lã de vidro na cavidade de ar praticamente
não influenciou no tempo de reverberação. Dentre as ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).
composições de fechamento em GEA e PLC, o NBR 15220: Desempenho térmico de edificações. Rio de
fechamento em PLC(12)‐ar(75)‐PLC(12) apresenta o Janeiro, 2005. 92 p.
menor tempo de reverberação (1,48 s), no horário de ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT).
13:30 (Figuras 4 a 6). Dentre as composições de NBR 15575: Edifícios habitacionais de até 5 pavimentos:
fechamento em PMC, EPS e CCA, os fechamentos em desempenho. Rio de Janeiro, 2008. 251 p.
CCA(100)‐ar(75)‐CCA(100) e CCA(100)‐LVI(50)‐ar(25)‐
BIES, D.A.; HANSEN, C. H. Engineering noise control: Theory
CCA(100) apresenta o menor tempo de reverberação
and Practice. 3. ed. London e New York: Spon Press, 2003.
(0,67 s), no mesmo horário (Figuras 7 a 9). Assim,
719 p.
dentre os fechamentos analisados, esse último
apresenta o melhor desempenho acústico (Figuras 4 a BISTAFA, S.R. Acústica aplicada ao controle de ruído. São
9). Paulo: Edgard Blücher, 2006. 368 p.
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