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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E


TECNOLÓGICAS
CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

ANDREZZA GRASIELLY COSTA

ANÁLISE DOS TEORES DE ELEMENTOS TRAÇO EM ARGISSOLO IRRIGADO


COM PERCOLADO DE ATERRO SANITÁRIO E ÁGUA DA REDE DE
ABASTECIMENTO

MOSSORÓ – RN
2015
ANDREZZA GRASIELLY COSTA

ANÁLISE DOS TEORES DE ELEMENTOS TRAÇO EM ARGISSOLO IRRIGADO


COM PERCOLADO DE ATERRO SANITÁRIO E ÁGUA DA REDE DE
ABASTECIMENTO

Monografia apresentada à Universidade


Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, para
a obtenção do título de Engenheira Agrícola e
Ambiental.

Orientador: D. Sc. Rafael Oliveira Batista –


UFERSA.

MOSSORÓ – RN
2015
O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seus autores

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca Central Orlando Teixeira (BCOT)
Setor de Informação e Referência

C837a Costa, Andrezza Grasielly.

Análise dos teores de elementos traço em argissolo irrigado


com percolado de aterro sanitário e água da rede de
abastecimento/ Andrezza Grasielly Costa -- Mossoró, 2015.
61f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Rafael Oliveira Batista

Monografia (Graduação em Engenharia Agrícola e


Ambiental) – Universidade Federal Rural do Semi-
Árido. Pró-Reitoria de Graduação.

1. Aterro sanitário. 2. Lixiviado.3.Metais


pesados.4.Resíduo sólido urbano. I. Título.

RN/UFERSA/BCOT/016-15
CDD: 628.44564
Bibliotecária: Vanessa de Oliveira Pessoa
CRB-15/453
A Francisco Rosendo Dantas (in memoriam),
meu bisavô, avô e pai, por todo seu amor e
imenso cuidado enquanto se fez presente em
minha vida.

A Maria Anita Dantas (in memoriam),


minha bisavó, que muito me amou e lutou para
que eu tivesse uma educação de qualidade.

A Deus, minha fonte de inspiração,


conhecimento e sabedoria.
AGRADECIMENTOS

A Deus, o autor de toda a minha trajetória, pelo seu infinito amor e misericórdia.

Aos meus pais, Geralda Maria da Silva e Antonio Andriê Costa, por terem acreditado no meu
sonho e colaborado para a concretização do mesmo.

Aos meus irmãos, Andreia Gabrielly Costa e Diego Maradona Costa, que sempre deram-me
ânimo para prosseguir.

Ao meu amado, Rodolfo de Azevedo Palhares, por todo amor, paciência, palavras de
incentivo e dedicação durante todos esses anos.

Ao meu orientador, Prof. Rafael Oliveira Batista, um exemplo de profissional a seguir. Muito
obrigado pela disponibilidade, atenção e assistência prestada não só durante a construção
desta monografia, como também no decorrer de todo o curso.

Meus respeitosos agradecimentos pela participação dos membros da banca examinadora da


defesa, Francisco de Oliveira Mesquita e ao Prof. Ketson Bruno da Silva, por terem aceitado o
convite honrando-nos com as vossas presenças.

A Universidade Federal Rural do Semi-Árido e a todos os professores do curso, que foram


muito importantes na minha vida acadêmica.

Aos meus coniventes do Curso de Engenharia Agrícola e Ambiental pelas alegrias, tristezas e
dores compartilhadas ao longo dessa árdua jornada acadêmica. Em especial a Vanessa Tainara
da Cunha e Emanoela Magna da Cunha, por todos os momentos de cumplicidade.

Ao Prof. Rafael Oliveira Batista, a Prof.ª Sandra Maria Campos Alves e a Prof.ª Daniela da
Costa Leite Coelho pelos dados para a confecção da presente monografia.

A todos que de alguma forma contribuíram para meu sucesso e crescimento como pessoa. Sou
o resultado da confiança e da força de cada um de vocês.
RESUMO

O percolado proveniente de aterros sanitários apresenta alta variabilidade composicional,


destacando-se a presença de nutrientes importantes para a agricultura, bem como de metais
pesados que possam comprometer o sistema solo-planta. Objetivou-se com o trabalho,
analisar o efeito da aplicação de percolado de aterro sanitário e água da rede de abastecimento
na alteração dos teores de elementos traço de um argissolo cultivado com capim elefante
(Pennisetum purpureum Schum.). Para isso, montou-se uma unidade experimental com 25
parcelas no Parque Zoobotânico da UFERSA em Mossoró-RN, cada parcela experimental foi
construída nas dimensões de 1,0 x 1,0 m, e 0,30 m entre parcelas, onde foi cultivado o capim
elefante, em Argissolo Vermelho-Amarelo Eutrófico. Utilizaram-se os seguintes tratamentos
nos ensaios experimentais: T1 – água da rede de abastecimento (AA); T2 – AA e dosagem de
percolado (DP) de 1 mm dia-1; T3 – AA e DP de 2 mm dia-1; T4 – AA e 3 mm dia-1; e, T5 –
AA e DP de 4 mm dia-1. Adotou-se o delineamento em blocos casualizados com cinco
tratamentos e cinco repetições. Durante o período experimental, foram analisadas nas
camadas de solo de 0-0,20 m e 0,20-0,40 m, os valores de pH, cobre (Cu), zinco (Zn), ferro
(Fe), manganês (Mn), chumbo (Pb) e níquel (Ni), bem como as características físico-químicas
e microbiológicas do percolado e da água da rede de abastecimento. Os resultados indicaram
que somente os valores de pH foram influenciados pelas dosagens de percolado de aterro
sanitário e pelo tempo de aplicação. Os teores de Fe reduziram consideravelmente ao longo do
tempo de aplicação e ao longo do perfil do solo devido ao aumento significativo do pH do
solo no decorrer do período de estudo. Os demais atributos analisados no solo variaram
apenas com relação à profundidade, onde os teores de Mn, Cu e Zn diminuíram, ao longo do
perfil do solo, enquanto que os teores de Ni e Pb aumentaram.

Palavras-chave: Resíduo sólido urbano. Lixiviado. Metais pesados.


ABSTRACT

The leachate landfill has a high variability compositional, highlighting the presence of
important nutrients for agriculture, as well as heavy metals that may compromise the soil-
plant system. The objective of the work was to analyze the effect of leachate landfill and
water supply on changing the levels of trace elements in an argisoil cultivated with elephant
grass (Pennisetum purpureum Schum.). For this, was set up an experimental unit with 25
plots in Parque Zoobotânico of the UFERSA in Mossoro-RN, each plot was constructed in
dimensions of 1.0 x 1.0 m, and 0.30 m between plots where it was grown the elephant grass in
Red Yellow Argisol Eutrophic. The following treatments on experimental tests were used: T1
- water supply (AA); T2 - AA and dosage leachate (DP) of 1 mm day-1; T3 - AA and DP 2
mm day-1; T4 - AA and 3 mm day-1; and T5 - AA and DP 4 mm day-1. The design was
adopted in randomized blocks with five treatments and five replications. During the
experimental period, were analyzed in soil layers 0-0.20 0.20-0.40 m, values of the pH,
copper (Cu), zinc (Zn), iron (Fe), manganese (Mn ), lead (Pb) and nickel (Ni), as well as the
physical-chemical and microbiological characteristics of the leachate and the water supply.
The results indicated that only the pH values were influenced by dosages of landfill leachate
and the time of application. Levels of Fe reduced considerably over the time of application
and throughout the soil profile due to the increase of soil pH during the study period. The
other attributes analyzed in the soil varied only with respect to depth, where Mn, Cu and Zn
decreased over the soil profile, while Ni and Pb contents increased.

Keywords: Municipal solid waste. Leachate. Heavy metals


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Classificação dos resíduos sólidos quanto á sua origem .......................................... 17


Figura 2. Metas para coleta direta de resíduos sólidos na área urbana, por macrorregião e no
País em 2015, 2020 e 2030 (em %) .......................................................................................... 19
Figura 3. Ordem de prioridade na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos...................... 21
Figura 4. Superfície de resposta da variável pH do solo em função do tempo de amostragem e
das doses de percolado de aterro sanitário na profundidade de 0,0 - 0,20 m ........................... 40
Figura 5. Superfície de resposta da variável pH do solo em função do tempo de amostragem e
das doses de percolado de aterro sanitário na profundidade de 0,20 - 0,40 m ......................... 41
Figura 6. Comportamento da variável Fe (mg dm-3) no perfil do solo, em função da
profundidade e dos tratamentos aplicados ................................................................................ 43
Figura 7. Comportamento da variável Fe (mg dm-3) no perfil do solo, em função da
profundidade e dos tratamentos aplicados ................................................................................ 44
Figura 8. Comportamento da variável Mn (mg dm-3) no perfil do solo, em função da
profundidade e dos tratamentos aplicados ................................................................................ 45
Figura 9. Comportamento da variável Cu (mg dm-3) no perfil do solo, em função da
profundidade e dos tratamentos aplicados ................................................................................ 46
Figura 10. Comportamento da variável Zn (mg dm-3) no perfil do solo, em função da
profundidade e dos tratamentos aplicados ................................................................................ 47
Figura 11. Comportamento da variável Ni (mg dm-3) no perfil do solo, em função da
profundidade e dos tratamentos aplicados ................................................................................ 49
Figura 12. Comportamento da variável Pb (mg dm-3) no perfil do solo, em função da
profundidade e dos tratamentos aplicados ................................................................................ 50
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Destino final dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos resíduos, Brasil -
1989/2008 ................................................................................................................................. 19
Tabela 2. Características físico-químicas e microbiológicas da água de abastecimento (AA) e
do percolado de aterro sanitário (PAS), ao longo do período experimental............................. 29
Tabela 3. Características físicas iniciais do solo utilizado no experimento ............................ 30
Tabela 4. Características químicas iniciais do solo utilizado no experimento ........................ 30
Tabela 5. Lâminas de percolado de aterro sanitário (PAS) e da água da rede de abastecimento
(AA) utilizadas na irrigação do capim elefante, ao longo do período experimental ................ 33
Tabela 6. Resultados estatísticos das características físico-químicas e microbiológicas do
percolado de aterro sanitário (PAS) do aterro sanitário de Mossoró-RN ................................. 36
Tabela 7. Resultados estatísticos das características físico-químicas da água da rede de
abastecimento ........................................................................................................................... 39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
CE – Condutividade Elétrica
CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental e Limpeza Pública
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
CT – Coliformes Totais
CTC – Capacidade de Troca de Cátions
CTe – Coliformes Termotolerantes
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO – Demanda Química de Oxigênio
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do
Norte
LASAP – Laboratório de Análise de Solo, Água e Planta
MO – Matéria Orgânica
PNRS – Política Nacional dos Resíduos Sólidos
pH – Potencial Hidrogeniônico
PLANSAB – Plano Nacional de Saneamento Básico
PST – Porcentagem de Sódio Trocável
RAS – Razão de Adsorção de Sódio
RSU – Resíduo Sólido Urbano
SB – Soma de Bases
SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente
SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
SS – Sólidos Suspensos
ST – Sólidos Totais
SUASA – Sistema Unificado de Atenção a Sanidade Agropecuária
UERA – Unidade Experimental de Reuso de Água
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 14
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 15
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 15
3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 16
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ................................................................................... 16
3.2 ATERROS SANITÁRIO.................................................................................................... 20
3.3 PERCOLADO DE ATERRO SANITÁRIO ...................................................................... 22
3.4 APROVEITAMENTO AGRÍCOLA DE RESÍDUOS LÍQUIDOS ................................... 24
3.5 COMPORTAMENTO DOS METAIS PESADOS NO SOLO .......................................... 25
4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 27
4.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL..................... 27
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO PERCOLADO E DA ÁGUA DA REDE DE
ABASTECIMENTO ................................................................................................................ 27
4.3 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO DA ÁREA EXPERIMENTAL ................................... 29
4.4 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO.................................................................................. 31
4.4.1 Parcelas experimentais e tratamentos ......................................................................... 31
4.4.2 Implantação da cultura ................................................................................................. 31
4.4.3 Aplicação do percolado de aterro sanitário ................................................................ 33
4.4.4 Amostragens e monitoramento da qualidade do solo ................................................ 33
4.4.5 Análise Estatística .......................................................................................................... 34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................ 35
5.1 EFEITOS DA APLICAÇÃO DAS PROPORÇÕES DE PERCOLADO DE ATERRO
SANITÁRIO E ÁGUA DE ABASTECIMENTO NO SOLO ................................................. 35
5.1.1 Caracterização do percolado de aterro sanitário ....................................................... 35
5.1.2 Caracterização da água da rede de abastecimento..................................................... 38
5.1.3 Atributos químicos do solo cultivado com capim elefante irrigado com percolado de
aterro sanitário ....................................................................................................................... 40
5.1.3.1 Potencial Hidrogeniônico (pH) ..................................................................................... 40
5.1.3.2 Ferro (Fe) ...................................................................................................................... 42
5.1.3.3 Manganês (Mn) ............................................................................................................ 44
5.1.3.4 Cobre (Cu) .................................................................................................................... 46
5.1.3.5 Zinco (Zn) ..................................................................................................................... 47
5.2.3.6 Níquel (Ni).................................................................................................................... 48
5.1.3.7 Chumbo (Pb) ................................................................................................................ 50
6. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 53
APÊNDICE A – Imagem da área experimental com o sistema de irrigação nas parcelas
experimentais, Mossoró/RN ..................................................................................................... 60
APÊNDICE B – Imagem do Plantio do Capim Elefante, Mossoró/RN ................................... 60
APÊNDICE C – Imagem do recipiente utilizado para o armazenamento do percolado de
resíduos sólidos urbanos provindo do Aterro Sanitário do Município, Mossoró/RN .............. 61
APÊNDICE D – Imagem da aplicação do percolado na cultura de Capim Elefante,
Mossoró/RN ............................................................................................................................. 61
14

1. INTRODUÇÃO

O crescimento populacional aliado a revolução industrial favoreceram o aumento da


produção de resíduos sólidos urbanos em todo o mundo, o que não veio acompanhado da
preocupação com a necessidade de se ter locais específicos para a sua disposição, passando a
ser disposto de forma inadequada, causando problemas ambientais e riscos à saúde humana.
No Brasil os resíduos sólidos estão classificados como um dos maiores problemas do
Saneamento Ambiental. Dentre as formas de disposição dos resíduos sólidos urbanos, a
prática ambientalmente adequada adotada no território brasileiro são os aterros sanitários, em
função dos custos reduzidos e da disponibilidade de áreas para sua implantação.
Entretanto, o aterro sanitário requer preocupações cotidianas no que se refere às
medidas de proteção do ambiente local e próximo, tendo em vista o impacto dos vetores da
poluição dessa instalação de tratamento, os gases e os importantes volumes de lixiviados
gerados.
O tratamento de percolados, oriundos do processo de degradação anaeróbia de
resíduos sólidos urbanos dispostos no solo de forma desordenada ou em aterros sanitários,
atualmente, é um dos problemas enfrentados pela área do saneamento.
Mesmo aterrado, os resíduos sólidos urbanos geram um líquido de coloração escura,
altamente poluidor, denominado percolado, resultante da degradação e solubilização do
material orgânico dos resíduos sólidos urbanos, com a água infiltrada no aterro. A formação
desse percolado está relacionada ao clima local, formação do aterro, tempo operacional, bem
como a origem e composição dos resíduos.
As fontes hídricas de percolação podem ser a irrigação, precipitação pluviométrica,
águas subterrâneas ou percolados recirculados através da célula do aterro sanitário.
O percolado proveniente de aterros sanitários apresenta alta variabilidade
composicional, destacando-se a presença de nutrientes importantes para a agricultura, bem
como de metais pesados que possam comprometer o sistema solo-planta.
O tratamento do percolado é um desafio no que se refere as questões ambientais,
levando em consideração as viabilidades técnicas e econômicas. Entretanto, é possível fazer
uso desse resíduo líquido através da fertirrigação para as culturas produtoras de biomassa,
utilizando-se ainda em conjunto, práticas de manejo agronomicamente adequadas para
resolver os problemas de qualidade, aplicado em doses adequadas.
15

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem por objetivo geral analisar as alterações nos teores de
elementos traço em argissolo cultivado com capim elefante e irrigado com percolado de aterro
sanitário e água da rede de abastecimento.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Como objetivo específico apresenta-se:

 Analisar os efeitos dos fatores tempo de aplicação e doses do percolado mais


água de abastecimento, na alteração dos teores de cobre, zinco, ferro, manganês, chumbo, e
níquel e do pH do solo, nas camadas de 0 a 0,20 m e 0,20 a 0,40 m.
16

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Philippi Jr. (2005) define como resíduos sólidos urbanos “os resíduos gerados nas
atividades urbanas, tipicamente de origem residencial, comercial e institucional”, tornando-se
agentes causadores de impacto ambiental e para a saúde pública quando manuseados de forma
inadequada.
De acordo com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), disposta através da
Lei N° 12.305/2010, em seu capítulo II, Art. 3°, inciso XVI, os resíduos sólidos podem ser
definidos como:

Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades


humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido,
bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos
d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis
em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010).

Os resíduos sólidos, comumente, são classificados de acordo com riscos potenciais de


contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou origem.
De acordo com a ABNT, através da NBR 10.004/2004, que classifica os resíduos
sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, os resíduos
sólidos podem ser classificados como Perigosos (resíduos classe I) e não perigosos (resíduos
classe II).
Os resíduos Classe I ou Perigosos, são aqueles que oferecem riscos de periculosidade à
saúde pública, podendo provocar mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus
índices, bem como riscos ao meio ambiente, através do gerenciamento inadequado desses
resíduos (ABNT, 2004).
Os resíduos Classe II ou não perigosos são subdivididos em Classe II A – não inertes,
e Classe II B – inertes. Os resíduos Classe II A não são inertes, nem apresentam riscos de
periculosidade, podem ser biodegradáveis, combustíveis ou solúveis em água. Os resíduos
Classe II B são caracterizados como inertes, uma vez que submetidos a um contato dinâmico
e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de
seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de
água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor (ABNT, 2004).
17

Para Philippi Jr. (2005) os resíduos sólidos são classificados de acordo com sua
origem em seis categoriais, são elas:
 Resíduos sólidos domiciliares;
 Resíduos sólidos industriais;
 Resíduos sólidos comerciais;
 Resíduos sólidos de serviços de saúde;
 Resíduos sólidos de serviços de transporte;
 Resíduos sólidos de construção civil.

Ribeiro e Morelli (2009) esquematizam, através da Figura 1, a classificação dos


resíduos sólidos quanto à sua origem.

Figura 1. Classificação dos resíduos sólidos quanto á sua origem.

Fonte: Ribeiro e Morelli (2009).

Ribeiro e Morelli (2009) classificam ainda os resíduos sólidos quanto as características


físicas e químicas, sendo a primeira característica dividida em secos e molhados, e a última
característica em orgânicos ou biodegradáveis e inorgânicos ou não biodegradáveis.
Os resíduos sólidos são um dos principais causadores de problemas ambientais,
quando manuseados de forma inadequada, tratando-se de um problema de saúde pública, que
envolve questões de interesse coletivo, intensamente influenciado pelos interesses sociais,
econômicos, culturas e políticos (PHILIPPI JR., 2005). Do mesmo modo, Santaella et al.
(2014) aponta como um dos principais problemas do século XXI, a disposição inadequada dos
18

resíduos sólidos urbanos, sendo um dos fatores responsáveis pelos impactos negativos
referente as questões ambientais, sociais e econômicas.
Segundo Monteiro et al. (2001), através do Manual de Gerenciamento dos Resíduos
Sólidos, os resíduos sólidos gerados no Brasil não são coletados de forma regular,
acumulando-se em vias públicas, terrenos abandonados, encostas e cursos d’água, havendo
também o acumulo desordenado desses resíduos próximo as residências das populações de
baixa renda.
De acordo com a Constituição Federal, através do seu Art. 23, incisos IV e IX, consisti
em competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, “proteger o
meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas”, como também “[...] a
melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico” da população (BRASIL, 1988).
Sendo de responsabilidade dos municípios o gerenciamento dos resíduos domiciliares, visto
que trata-se de um problema de interesse local (PHILIPPI JR., 2005)
Entretanto, Philippi Jr. (2005) frisa que grande parte dos municípios do país não
dispõe de infraestrutura adequada para a disposição dos resíduos, e nos municípios que
apresenta destinação adequada ocorre somente a coleta e o aterro desses resíduos.
Libânio (2002) apontam as dificuldades encontradas na gestão dos resíduos sólidos
urbano, onde existe a escassez de infraestrutura adequada e a precariedade nos serviços de
limpeza pública nos municípios de pequeno e médio porte, e o esgotamento da capacidade
instalada devido as grandes quantidades de resíduos coletadas diariamente nos municípios de
grande porte.
Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais – ABRELPE (2012) revelam somente 22,1% dos resíduos sólidos urbanos são
coletados na região Nordeste, e cerca de 52,5% no Sudeste. Nas demais regiões do país a
situação é bem mais crítica, havendo coleta de 10,9% no Sul, 8,1% no Centro-Oeste e 6,4 na
região Norte. Entretanto, a pesquisa aponta que a quantidade de resíduos sólidos urbanos
coletados em 2012 cresceu em todas as regiões, em comparação ao dado de 2011.
Uma estimativa do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) prevê a coleta
direta de 100% dos resíduos sólidos urbanos do país até o ano de 2030 (BRASIL, 2013).
Tomando como base as informações do Censo Demográfico de 2010, o atendimento foi
estimado a curto, médio e longo prazo, com 3 coletas por semanais, como está representado
na Figura 2.
19

Figura 2. Metas para coleta direta de resíduos sólidos na área urbana, por macrorregião e no
País em 2015, 2020 e 2030 (em %).

Fonte: Brasil (2013).

As práticas mais utilizadas para a destinação dos resíduos sólidos urbanos adotadas
pelo homem são basicamente: os aterros comuns, aterros incompletos e aterro sanitário.
Dentre essas práticas de destinação final dos resíduos sólidos urbanos, a mais comum
no Brasil são os aterros comuns, popularmente chamados de lixões a céu aberto. De acordo
com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada em 2008 pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, a destinação final dos resíduos de 50,8% dos municípios
brasileiros são os aterros comuns (IBGE, 2010). Apesar do acréscimo considerável do número
de aterros sanitários ao longo desses 19 anos, há a predominância dos aterros comuns, e um
aumento na quantidade de aterros incompletos, como pode-se observar na Tabela 1

Tabela 1. Destino final dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos resíduos, Brasil –
1989/2008.
Ano Aterro comum Aterro incompleto Aterro sanitário
1989 88,2 % 9,6 % 1,1 %
2000 72,3 % 22,3 % 17,3 %
2008 50,8 % 22,5 % 27,7
Fonte: Adaptado de IBGE (2010).

O cenário de destinação final dos resíduos sólidos no Brasil foi se modificando ao


longo dos anos, como ABRELPE apresenta através do Panorama de Resíduos Sólidos no
Brasil, através do levantamento realizado em 2012, no qual cerca de 58% dos resíduos sólidos
20

urbanos coletados são descartados adequadamente, sendo destinados a aterro sanitário. Dentro
o percentual de resíduos que possui destinação final inadequada, do ponto de vista ambiental,
24,2% vão para aterros incompletos e 17,8% ficam dispostos em aterro comum, ou lixões a
céu aberto (ABRELPE, 2012).
Os aterros comuns tratam-se de uma forma inadequada de disposição dos resíduos,
uma vez que não ocorre o tratamento ambiental e diversos impactos são gerados por esse
procedimento, dentre elas pode-se destacar a contaminação do solo e das águas subterrâneas,
proliferação de vetores de doenças, como também a poluição do ar (VESILIND; MORGAN,
2013).
De acordo com Philippi Jr. (2005), outra prática de destinação dos resíduos sólidos são
os aterros incompletos, expressão usualmente utilizada quando se refere aos aterros
controlados. Os aterros incompletos, apesar de receberem cobertura diária de terra, não
preenchem os requisitos técnicos, porquanto o solo não é impermeabilizado, não há a coleta
do chorume e o tratamento do chorume e a coleta e a queima do biogás. Dessa forma, a
expressão aterro controlado torna-se inadequada devido à ausência de controle dos impactos
ambientais.
Philippi Jr. (2005) destaca que dentre as práticas ambientalmente adequadas de
destinação dos resíduos a mais indicada é o aterro sanitário. Além disso, trata-se da forma
mais viável economicamente, no que se refere a soluções a curto prazo dos resíduos sólidos
urbanos.

3.2 ATERROS SANITÁRIO

A PNRS, através da Lei N° 12.305/2010 juntamente com os órgãos competentes do


Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), do Sistema Nacional de Vigilância
Sanitária (SNVS) e do Sistema Unificado de Atenção a Sanidade Agropecuária (SUASA), em
seu Capítulo II, Art. 3°, inciso VII, define como destinação final ambientalmente adequada
dos resíduos sólidos práticas que vão desde a reutilização até o aproveitamento energético
desses resíduos, como está disposto a seguir:

Destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a


compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras
destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do
Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais
21

específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e


a minimizar os impactos ambientais adversos (BRASIL, 2010).

A Lei 12.305/2010 estabelece ainda, em seu Art. 9°, a ordem de prioridade na gestão e
gerenciamento de resíduos sólidos, no qual a principal prioridade é a não geração de resíduos,
e na última instância a disposição final desses resíduos obedecendo os princípios ambientais
estabelecidos na referida lei, como está esquematizado na Figura 3.

Figura 3. Ordem de prioridade na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos

Fonte: Adaptado de Brasil (2010).

A Lei N° 12.305/2010, estabelece ainda a obrigatoriedade da disposição final


ambientalmente adequada dos rejeitos até agosto de 2014, obedecendo a ordem de prioridade
exposta no Art. 9 da referida Lei (BRASIL, 2010).
Monteiro et al. (2001) define aterro sanitário como sendo um método para disposição
final dos resíduos sólidos urbanos sobre o solo, através do seu confinamento em camadas
cobertas com material inerte, obedecendo os princípios operacionais específicos estabelecidos
na legislação vigente, de modo a evitar danos ao meio ambiente, em particular à saúde e à
segurança pública.
A ABNT (1992) define aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos como sendo uma
“técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à
saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais”. A implantação de aterros
sanitários devem seguir as orientações disposta através da NBR 8419 utilizando princípios de
engenharia para confinar os resíduos de forma que ocupe a menor área possível e reduza-se ao
menor volume permissível, devendo ser coberto no fim de cada jornada de trabalho (ABNT,
1992).
Os aterros sanitários devem possuir sistemas de drenagem para a captação dos líquidos
percolados que se formam na decomposição da matéria orgânica, conhecidos como chorume,
bem como um sistema de canalização para a liberação dos gases que se formam a partir da
decomposição da matéria orgânica (PHILIPPI JR., 2005). Torna-se imprescindível a
impermeabilização do fundo das células do aterro, para que não haja a contaminação das
22

águas subterrâneas. Além disso, Philippi Jr. (2005) expõe que, faz-se necessário a
compactação dos resíduos disposto no aterro sanitário, e posteriormente fazer a cobertura
desses resíduos com o material inerte, geralmente solo, evitando assim o alastramento de
maus odores e a proliferação de vetores.
De acordo com Santaella et al. (2014), as principais características de um aterro
sanitário são:
 Controle de entrada e saída de materiais e pessoas;
 Impermeabilização da base;
 Compactação dos resíduos;
 Sistema de drenagem pluvial e de chorume;
 Sistema de tratamento de chorume e de drenagem de biogás;
 Cobertura diária dos resíduos com solo;
 Cobertura final do aterro com solo.

Deve-se levar em consideração uma série de critérios operacionais e geotécnicos na


disposição de resíduos em aterro, levando em consideração os mecanismos físicos, químicos e
biológicos, que tem grande poder de influência no comportamento dos aterros, garantindo a
segurança e estabilidade estrutural do mesmo (CAPATRETA, 2008).
Após esgotar a capacidade de armazenamento do aterro sanitário, deve-se fazer a
recuperação da área do ponto de vista paisagístico e de utilização da sociedade, respeitando as
limitações técnicas referente as características dos terrenos (PHILIPPI JR., 2005).

3.3 PERCOLADO DE ATERRO SANITÁRIO

A revolução industrial, o aumento da complexidade das sociedades, o crescimento


econômico e o desenvolvimento tecnológico, sem dúvida, acrescentaram vários benefícios ao
homem e aos grupos sociais. Entretanto, aliado a estas mudanças, ao crescimento
populacional e aos novos comportamentos de consumo, tem-se verificado vários efeitos
colaterais que desencadeiam problemas de ordem econômica, social e ambiental (GUERRA,
2012).
Os resíduos sólidos urbanos e seus subprodutos quando tratados e dispostos de forma
planejada e controlada podem ser utilizados em diversas outras atividades, tais como: matéria-
prima para a construção civil, fazendo parte essencial na composição de argamassas, tijolos e
23

telhas; fabricação de produtos reciclados ou ainda, nas mais diversas atividades agrícolas,
como parte integrante na composição da matéria orgânica de adubos e na irrigação (SILVA et
al., 2011). Neste sentido, torna-se necessária a adoção de políticas de gerenciamento dos
resíduos sólidos, proporcionando com isso, um adequado tratamento e destinação final de
acordo com a classificação dos mesmos, minimizando com esses tipos de medidas, a
ocorrência de impactos negativos tanto ao meio ambiente como ao próprio ser humano
(SANTOS; DIAS, 2012).
Percolado é todo líquido que passa através de um meio poroso. No caso de aterros
sanitários, é a mistura constituída de resíduos e água de infiltração (MARNIE et al., 2005),
que é dependente do índice pluviométrico local, do escoamento superficial, da possível
intrusão de águas subterrâneas nas células e do volume de resíduos orgânicos presentes no
aterro. Dessa forma, origina-se uma mistura bastante complexa e muito variável cujos
principais constituintes são: material orgânico, papel, vidro, plástico e metais (CELERE et al.,
2007).
No Brasil, quando o tratamento do percolado é realizado in situ, frequentemente
utilizam-se lagoas de estabilização, cuja constituição requer áreas muito grandes, muitas vezes
pouco disponíveis em grandes centros urbanos. Além disso, a eficiência relativamente baixa
do sistema convencional de tratamento, lagoas anaeróbias seguida de facultativas, tem levado
técnicos e pesquisadores a procurarem alternativas que possibilitem o tratamento/disposição
final com menor custo econômico e ambiental assegurando uma melhor qualidade de vida
para humanidade (CARVALHO et al., 2006).
Segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental e Limpeza Pública –
CETESB (1995), um método tecnicamente viável para o condicionamento de percolado é a
adoção de um sistema que permita sua recirculação nas células do próprio aterro sanitário.
A recirculação do percolado no interior do aterro sanitário, deve ser realizada de tal
maneira que o resíduo líquido possa percolar ou infiltrar através do perfil das células disposta
em camadas, é uma técnica atual e bastante inovadora no tratamento de líquido poluidor e
cultivo de gramíneas para revegetação dos aterros sanitários (IPT, 2010).
Setiyanto et al. (2012) procedendo à recirculação de percolado em colunas de resíduos
sólidos urbanos de diferentes idades, contendo ou não uma camada de 0,30 m de resíduo de
construção civil em sua base, concluiu que, quando a recirculação do percolado foi feita em
colunas formadas por resíduos maduro (três anos) e velho (13 anos), houve alta capacidade de
remoção de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio
(DQO), Sólidos em Suspensão (SS) e nitrogênio total.
24

A recirculação mostra-se promissora, como método de tratamento do percolado,


somente se a aplicação for feita em células de resíduos sólidos urbanos com idade superior a
três anos. Em aterros sanitários recém-instalados, torna-se necessária a disponibilidade de
áreas de “sacrifício” para receber o percolado até que o aterro disponha de células contendo
resíduos maduros. O tratamento do percolado representa, ainda hoje, grande desafio na
elaboração de projetos de aterros sanitários, uma vez que suas características não são
constantes (SILVA et al., 2011).
A disposição do percolado de aterro sanitário como água residuária no solo é uma
possibilidade para o tratamento de resíduos prejudiciais ao meio ambiente (MATOS et al.,
2013). Algumas culturas podem ser fertirrigadas, sem maiores riscos, com água residuária,
sendo que alguns problemas de qualidade podem ser superados com práticas de manejo
agronomicamente adequadas (SOUZA et al., 2011).
Segundo dados de Matos et al. (2013), a aplicação de diferentes taxas de aplicação de
percolado de aterro sanitário no solo proporcionou aumento nas concentrações de N-total,
concentrações de K trocável, de P e Mn disponíveis no solo viabilizando a produção de capim
Tifton 85 até 750 kg.ha-¹ dia-1 de DBO e aumento na produtividade de matéria seca, nos teores
de proteína bruta e nas concentrações de N, K, Na, Ca, Mg, Mn, Cd, Pb e Fe, na parte aérea
do capim, com o aumento nas taxas de aplicação do percolado.

3.4 APROVEITAMENTO AGRÍCOLA DE RESÍDUOS LÍQUIDOS

É do conhecimento de todos que 97,5% da água existente no planeta encontra-se nos


oceanos, e dos 2,5% de água doce, somente 0,006% da água doce está disponível para o
consumo humano. Dentre o percentual de água doce existente no planeta, 70% é destinado a
produção agrícola, onde 60% dessa água é perdida devido a ineficiência dos sistemas de
irrigação e aplicações em demasia (LIMA, 2001).
Em meio as crises que o planeta vem enfrentando com a ausência de água propicia
para o consumo humano, torna-se primordial a otimização do uso da água, bem como a busca
por fontes alternativas desse recurso. Um exemplo seria o uso das águas residuárias na
produção agrícola, fazendo uso de métodos de irrigação viável do ponto de visto, técnico,
econômico e sustentável, como também maneja de forma adequada os resíduos líquidos, de
maneira que não venha a causar nenhum dano ao meio ambiente e a saúde humana
(VELOSO; DUARTE; SILVA, 2004).
25

Langanke (2014) define resíduos líquidos como materiais inutilizados que encontram-
se dispostos no estado líquido, sendo o chorume um dos principais resíduos líquidos,
geralmente provindos de aterros comuns e aterros sanitários.
De acordo com Matos, Carvalho e Azevedo (2007), atualmente têm se tornando
comum a utilização de águas residuárias ricas em matéria orgânica, como forma de disposição
adequada desses resíduos, além de melhor a qualidade do solo e a obtenção do aumento da
produtividade agrícola.
O chorume resultante da decomposição dos resíduos sólidos urbanos em aterros
sanitários possui alto potencial agrícola, devido a sua variabilidade composicional, sendo
utilizado no manejo de irrigação através da fertirrigação, devido a presença de matéria
orgânicas e nutrientes importantes para a agricultura, como o nitrogênio o fósforo, o potássio
e alguns micronutrientes (MATOS et al., 2013).

3.5 COMPORTAMENTO DOS METAIS PESADOS NO SOLO

Torna-se imprescindível utilizar o solo de forma cuidadosa, garantindo a


sustentabilidade para as presentes e futuras gerações, sendo que o mesmo é a base dos
ecossistemas, com funções importantes para a sociedade e para o meio ambiente (ALMEIDA,
2009).
De acordo com CETESB (2001), o solo foi utilizado por longos anos como receptor de
substâncias nocivas descartáveis, como os resíduos sólidos urbanos e industriais, e somente na
década de 70 foi direcionado uma atenção maior voltada para a sua proteção.
São encontrados frequentemente no solo metais pesados, expressão utilizada referente
aos metais classificados como poluentes, que abrange um grupo muito heterogêneo de metais,
semi-metais e até mesmo alguns não metais (MUÑOZ, 2002).
Segundo Almeida (2009), a maioria dos metais pesados ocorre naturalmente no solo
em baixas concentrações, disponível para as plantas e organismos vivos. Contudo, com o
desencadeamento da evolução dos processos de produção agrícola e industriais, tornou-se
evidente o aumento da concentração de metais pesados no solo.
Além disso, os metais pesados encontram-se presente nos resíduos sólidos urbanos,
resultantes do processo de decomposição desses resíduos, chegando a percolar no solo por
meio do chorume (MUÑOZ, 2002).
26

Muñoz (2002) cita que os metais pesados que ocorrem com mais frequências são:
cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), zinco (Zn), cobalto (Co), níquel
(Ni), vanádio (V), alumínio (Al), prata (Ag), cádmio (Cd), cromo (Cr), mercúrio (Hg), e
chumbo (Pb).
Almeida (2009) frisa que, apesar do termo metal pesado expressar risco de toxicidade,
alguns desses elementos são essenciais às plantas, aos animais e ao homem, sendo primordial
para o funcionamento de algumas rotas metabólicas. Assim, são chamados de micronutrientes
os elementos essenciais pela maioria dos organismos vivos em pequenas concentrações,
podendo causar toxicidade quando em excesso. Sendo o Cu, Mn, Fe e Zn elementos essências
ás plantas e animais; o Co, Cr, Se e I essenciais aos animais; e B, Mo e possivelmente o Ni,
essenciais ás plantas.
Os elementos não-essenciais ou elementos tóxicos, ou seja, aqueles que não
apresentam funções biogeoquímicas essenciais, são Arsênio (As), Cádmio (Cd), Mercúrio
(Hg), Chumbo (Pb), Plutônio (Pu), Antimônio (Sb), Tálio (Ti), e Urânio (U). Esses elementos
causam toxicidade em concentrações excedente a tolerância dos organismos, entretanto não
causam deficiência em baixas concentrações, como os micronutrientes (ALMEIDA, 2009).
De acordo com Muñoz (2002), os metais pesados presente no solo podem se
movimentar de diferentes formas, buscando variadas vias de fixação, liberação ou transporte,
como também, podem ficar retidos, seja dissolvido em solução ou fixados por processos de
adsorção, complexação e precipitação. Além disso, os metais pesados podem ser volatizados
para atmosfera, escoados para águas superficiais ou lixiviados para as águas subterrâneas.
Assim, torna-se imprescindível conhecer a biodisponibilidade e mobilidade dos metais
pesados e seus riscos ao meio ambiente e ao homem, bem como, fazer uso de medidas de
precaução, dispondo os resíduos de forma ambientalmente adequada.
27

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL

O presente trabalho foi conduzido na Unidade Experimental de Reuso de Água


(UERA), a qual apresenta uma área total de 378 m² (21,0 x 18,0 m), instalada no Parque
Zoobotânico da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, campus Mossoró, no
município de Mossoró-RN, sob coordenadas geográficas 5º 11’ 31’’ de latitude sul, 37º 20’
40’’ de longitude oeste, e altitude de 18 m.
O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo BSwh’ (“clima seco,
muito quente e com estação chuvosa no verão atrasando-se para o outono”), com precipitação
pluviométrica bastante irregular, com média anual de 673,9 mm; temperatura média de 27 °C
e umidade relativa do ar média de 68,9 % (IDEMA, 2013).
Durante o período experimental foram realizadas coletas do percolado no Aterro
Sanitário do Município de Mossoró-RN, sendo estas realizadas por meio da captação do
percolado diretamente de uma lagoa de acumulação, utilizando-se um motor de partida de 1
cv, o qual recalcou o percolado para um reservatório de 1,0 m3, sendo posteriormente
transferido para a UERA/UFERSA, onde foi armazenado em um reservatório de fibra de
vidro impermeabilizado com capacidade de 1,0 m3.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO PERCOLADO E DA ÁGUA DA REDE DE


ABASTECIMENTO

Amostras da água da rede de abastecimento e do percolado do aterro sanitário foram


coletadas mensalmente, durante um período de quatro meses, sendo posteriormente
identificadas e conservadas em caixas isotérmica com gelo à 4,0 oC. Em seguida, estas
amostras foram encaminhadas para laboratórios específicos com a finalidade de se realizar
análises físico-químicas e microbiológicas, seguindo as recomendações do Standard Methods
for the Examination of Water and Wastewater (RICE; BAIRD; CLESCERI, 2012).
No Laboratório de Análise de Solo, Água e Planta (LASAP) da UFERSA foram
determinadas, por meio da metodologia da Embrapa (1997), as concentrações de cálcio
(Ca2+), magnésio (Mg2+) e cloreto (Cl-) pelo método titulométrico, expressos em mmolc L-1;
sódio (Na+) e potássio (K+) foram quantificados utilizando-se o fotômetro de chama, também
28

expressos em mmolc L-1; e cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe), manganês (Mn) foram
determinados por espectrofotometria de absorção atômica, expressas em mg L-1. Com os
valores de Na+, Ca2+ e Mg2+ determinou-se a RAS (relação de adsorção de sódio), conforme
apresentado na Equação 1.

(2)

Em que:
RAS – Relação de Adsorção de Sódio, em mmolc.L-1;
Na – Sódio, em mmolc.L-1;
Ca – Cálcio, em mmolc.L-1;
Mg – Magnésio, em mmolc.L-1;

No Laboratório Plena Diagnóticos determinou-se as concentrações de DBO520


(demanda bioquímica de oxigênio em cinco dias à temperatura de 20 ºC) pelo método
iodométrico pelo processo Winkler, expressas em mg L-1; DQO (demanda química de
oxigênio) por espectrofotometria ultravioleta visível, expressas em mg L-1; sólidos suspensos
(SS) pelo método gravimétrico com a utilização de membranas de fibra de vidro (0,45 μm de
diâmetro de poro); sólidos totais (ST) pelo método gravimétrico, expressos em mg L-1; e
nitrogênio total (Ntotal), nitrato como nitrogênio (N-NO3-) e fósforo total (Ptotal) por
espectroscopia no ultravioleta visível, expressas em mg L-1.
Nos Laboratórios de Matéria Orgânica e Resíduos e de Espectrofotometria Atômica da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) determinaram-se as concentrações de níquel (Ni),
cádmio (Cd) e chumbo (Pb) por espectrofotometria de absorção atômica, expressas em mgL-1.
No Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal da UFERSA quantificou-se
os níveis populacionais de coliformes termotolerantes (CTe) e coliformes totais (CT) pelo
método dos tubos múltiplos, expressos em Número Mais Provável por 100 mL (NMP 100
mL-1).
Nos locais das amostragens determinou-se os valores de pH com peagâmetro portátil, e
condutividade elétrica (CE) utilizando condutivímetro portátil, expressos em dS m-1.
Os resultados das características físico-químicas e microbiológicas das amostragens de
percolado de aterro sanitário e da água da rede de abastecimento estão apresentados na Tabela
2.
29

Tabela 2. Características físico-químicas e microbiológicas da água de abastecimento (AA) e


do percolado de aterro sanitário (PAS), ao longo do período experimental.
Amostragem 1 Amostragem 2 Amostragem 3 Amostragem 4
Características\Líquidos AA PAS AA PAS AA PAS AA PAS
pH 7,69 7,95 7,66 7,20 7,59 6,95 6,94 7,69
CE (dS m-1) 0,49 16,05 0,52 18,01 1,09 14,20 0,94 17,34
-1
CT (NMP 100 mL ) - 74 - 30 - 0,0 - 11
-1
CTe (NMP 100 mL ) - 0,0 - 0,0 - 0,0 - 0,0
DQO (mg L-1) - 5000 - 5800 - 6040 - 5930
DBO (mg L-1) - 2412 - 2887 - 3012 - 2967
-1
ST (mg L ) - 17825 - 20305 - 19400 - 21400
-1
SS (mg L ) - 300 - 400 - 370 - 410
Ntotal (mg L-1) - 520 - 637 - 621 - 590
Ptotal (mg L-1) - 7,1 - 3,0 - 5,0 - 4,5
- -1
N-NO3 (mg L ) - 5,15 - 15,94 - 6,84 - 12,60
-1
Fe (mg L ) 0,284 4,430 0,275 5,360 0,257 4,440 0,243 6,060
Mn (mg L-1) 0,008 0,090 0,007 0,660 0,017 0,020 0,005 13,850
Cu (mg L-1) 0,026 0,120 0,002 0,020 0,003 0,010 0,015 0,250
-1
Zn (mg L ) 0,048 2,450 0,051 0,647 0,054 0,718 0,053 0,708
-1
Pb (mg L ) 0,186 1,650 0,297 2,798 0,169 4,232 0,090 2,542
Ni (mg L-1) 0,089 1,520 0,140 2,378 0,141 1,468 0,101 2,936
Cd (mg L-1) 0,005 0,060 0,002 0,242 0,003 0,186 0,002 0,042
+ -1
K (mmolc L ) 0,31 69,06 0,36 60,49 0,44 66,18 0,44 38,47
+ -1
Na (mmolc L ) 4,06 136,97 4,88 118,32 6,74 128,45 6,30 82,69
Ca2+ (mmolc L-1) 1,16 11,50 1,80 12,00 4,25 12,50 4,70 5,75
Mg2+ (mmolc L-1) 1,97 15,00 3,00 29,00 3,06 21,00 3,41 8,50
- -1
Cl (mmolc L ) 3,00 50,00 3,40 100,00 6,40 100,00 7,00 50,00
-1 0,5
RAS ((mmolc L ) ) 3,25 37,63 3,15 26,13 3,53 31,39 3,13 30,98
Nota: pH - potencial hidrogeniônico; CE - condutividade elétrica; CT - coliformes totais; CTe - coliformes
termotolerantes; DQO - demanda química de oxigênio; DBO - demanda bioquímica de oxigênio; ST - sólidos
totais; SS - sólidos suspensos; Ntotal - nitrogênio total; Ptotal - fósforo total; N-NO3- - nitrato na forma de
nitrogênio; Fe - ferro; Mn - manganês; Cu – cobre; Zn – zinco; Pb – chumbo; Ni – níquel; Cd - cádmio; K+ -
potássio; Na+ - sódio; Ca2+ - cálcio; Mg2+ - magnésio; Cl- - cloreto; e RAS - razão de adsorção de sódio.

4.3 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO DA ÁREA EXPERIMENTAL

Para avaliação das características iniciais do solo, realizou-se uma amostragem


preliminar na área de estudo antes da implantação da cultura e da aplicação das doses de
percolado de aterro sanitário. Para isso, coletaram-se amostras simples nas 25 parcelas
30

experimentais, em cada uma das profundidades, formando, assim, duas amostras compostas,
às profundidades de 0,0 a 0,20 e de 0,20 a 0,40 m, com auxílio de trato holandês, anel
volumétrico e espátulas, para assim caracterizar o solo físico-quimicamente, como
apresentado nas Tabelas 3 e 4.

Tabela 3. Características físicas iniciais do solo utilizado no experimento.


Profundidade Densidade do solo Areia Silte Argila Umidade (%)
(m) g cm -3 -1
..........kg kg .......... 0,01 MPa 1,5 MPa

0 a 0,20 1,61 0,86 0,10 0,05 11,43 3,67


0,20 a 0,40 1,65 0,71 0,07 0,23 21,47 14,17

Tabela 4. Características químicas iniciais do solo utilizado no experimento.


Profundidade CE MO N P K+ Na+ Ca2+ Mg2+ Al3+ H + Al SB CTC T V M PST
pH
(m) dS m -1
dag kg -1
g kg -1 -3
..........mg dm .......... -3
.......................cmolc dm ...................... .......%.......

0 a 0,20 6,6 0,12 0,68 0,54 328,24 104,45 13,64 2,09 0,79 0,00 0,28 3,21 3,49 3,21 92,67 0,00 1,77
0,20 a 0,40 6,6 0,13 0,57 0,62 275,48 121,88 9,28 2,46 1,17 0,00 0,30 3,98 4,28 3,98 93,95 0,00 0,90

Profundidade Fe Mn Cu Zn Ni Pb Cd
(m) -3
................................mg dm ................................

0 a 0,20 97,58 88,21 0,52 6,13 0,07 0,27 0,01


0,20 a 0,40 126,72 90,56 0,46 3,77 0,13 0,29 0,01

A densidade do solo foi determinada pelo método do anel volumétrico (EMBRAPA,


1997); análise granulométrica determinada conforme o método da pipeta (EMBRAPA, 1997);
pH em água (relação 1:2,5); MO - matéria orgânica determinada pelo método Walkley-Black
(DEFELIPO; RIBEIRO, 1981; EMBRAPA, 1997); P, K e Na - fósforo disponível, potássio e
sódio trocável, extraídos com Mehlich 1 e determinados conforme o método definido por
Defelipo e Ribeiro (1981) e EMBRAPA (1997); Ca, Mg, e Al - cálcio, magnésio e alumínio
trocáveis, extraídos com KCl 1 mol L-1 e determinados conforme Defelipo e Ribeiro (1981) e
EMBRAPA (1997); H+Al – acidez potencial extraída por acetato de cálcio 0,5M; SB - soma
de bases; CTC - capacidade de troca de cátions; t – capacidade de troca de cátions efetiva; V –
saturação por bases; m - saturação por alumínio, e PST – porcentagem de sódio trocável.
Ferro (Fe), manganês (Mn), cobre (Cu), zinco (Zn), níquel (Ni), chumbo (Pb) e cádmio (Cd)
foram determinados por espectrofotometria de absorção atômica, segundo EMBRAPA
(1997).
Com base nas análises realizadas e conforme diretrizes estabelecidas pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2006) evidenciou-se que o solo da área em
estudo é um ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO Eutrófico.
31

4.4 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO

4.4.1 Parcelas experimentais e tratamentos

Foram delimitadas 25 parcelas experimentais, sendo cinco tratamentos repetidos cinco


vezes em delineamento em blocos casualizados, onde os tratamentos estudados foram
baseados no trabalho desenvolvido por Silva (2008), sendo estes:
a) T1 - Somente água de abastecimento pela demanda hídrica da cultura;
b) T2 - 1 mm d-1 de percolado de aterro sanitário mais água de abastecimento pela
demanda hídrica da cultura;
c) T3 - 2 mm d-1 de percolado de aterro sanitário mais água de abastecimento pela
demanda hídrica da cultura;
d) T4 - 3 mm d-1 de percolado de aterro sanitário mais água de abastecimento pela
demanda hídrica da cultura; e
e) T5 - 4 mm d-1 de percolado de aterro sanitário mais água de abastecimento pela
demanda hídrica da cultura.
Cada parcela experimental foi construída nas dimensões de 1,0 x 1,0 m (1,0 m² cada), e
0,30 m entre parcelas, onde foi cultivado o capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.).

4.4.2 Implantação da cultura

O plantio do capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) foi realizado no dia 16 de


novembro de 2014.
O espaçamento utilizado no experimento foi de 0,30 m entre parcelas, onde em cada
parcela foram colocados nove colmos.
As cinco parcelas submetidas ao tratamento T1 (somente água da rede de
abastecimento) não receberam nenhuma adubação de fundação, enquanto as demais parcelas
receberam apenas o aporte de nutrientes presentes no percolado de aterro sanitário no decorrer
do período experimental.
A determinação da necessidade hídrica do capim elefante foi estimada com base no
balanço de água no solo e na evapotranspiração de referência pela metodologia da FAO
32

empregando a equação de Penman-Monteith (ALLEN et al., 2006), conforme apresentado na


Equação 2.

(2)

Em que:
ETo – evapotranspiração de referência, em mm d-1;
Rn – saldo de radiação à superfície, em MJ m-2d-1;
G – fluxo de calor no solo, em MJ m-2d-1;
T – temperatura do ar a 2 m de altura, em °C;
U2 – velocidade do vento à altura de 2 m, em m s-1;
es – pressão de saturação de vapor, em kPa;
ea – pressão de vapor atual do ar, em kPa;
(es – ea) - déficit de pressão de vapor, em em kPa;
 – declividade da curva de pressão de vapor de saturação, em kPa oC-1; e
 - constante psicrométrica, em kPa oC-1.

Os dados meteorológicos necessários para a estimativa da evapotranspiração de


referência (ETo) pela equação de Penman-Monteith como velocidade do vento, umidade
relativa do ar, insolação, radiação solar e temperatura foram obtidos de uma estação
meteorológica instalada na UFERSA, campus Mossoró-RN.
Para estimar a evapotranspiração da cultura (ETc) utilizaram-se os valores de
coeficiente de cultura (Kc) de 0,85, definido pela FAO para o estágio de desenvolvimento II
citado por Bernardo, Soares e Mantovani (2006) e Lopes et al. (2003). Vale ressaltar que a
lâmina de irrigação aplicada diariamente potencializou a lixiviação dos elementos químicos
presentes no percolado através do perfil do solo, não somente atendendo a necessidade hídrica
da cultura, já que paralelamente eram aplicados os tratamentos.
Durante o ciclo do capim elefante em campo (132 dias após o plantio - DAP) foi
aplicada uma lâmina bruta de irrigação dividida nas distintas proporções de percolado de
aterro sanitário e da água da rede de abastecimento, como evidenciado na Tabela 5.
33

Tabela 5. Lâminas de percolado de aterro sanitário (PAS) e da água da rede de abastecimento


(AA) utilizadas na irrigação do capim elefante, ao longo do período experimental.
Lâminas (mm)
Tratamentos
PAS AA PAS + AA
T1 0 1066,56 1066,56
T2 60 1066,56 1126,56
T3 120 1066,56 1186,56
T4 180 1066,56 1246,56
T5 240 1066,56 1306,56

É necessário destacar que o percolado foi aplicado somente durante 60 dias, em dias
alternados dentro do período experimental de quatro meses, começando após 10 dias do
plantio do capim elefante para evitar problemas na germinação.

4.4.3 Aplicação do percolado de aterro sanitário

A aplicação do percolado ocorreu da seguinte forma:


a) Mistura do percolado dentro da caixa de armazenamento, para homogeneizar todo o
líquido, evitando que sedimentos ficassem retidos no fundo do recipiente;
b) Medição da quantidade específica dentro de um balde graduado;
c) Transferência da quantidade medida para um regador; e,
d) Aplicação do percolado por meio do regador diretamente no solo, dentro de cada
parcela, minimizando-se contato direto do líquido com o capim elefante.

4.4.4 Amostragens e monitoramento da qualidade do solo

Para avaliação das alterações nas características químicas do solo foram retiradas
mensalmente, a cada 30 dias no decorrer do período experimental, amostras do solo para
caracterização do pH água; ferro (Fe), manganês (Mn), cobre (Cu), zinco (Zn), níquel (Ni),
cádmio (Cd) e chumbo (Pb) em mg dm-3 seguindo as recomendações da EMBRAPA
(EMBRAPA, 1997).
34

Estas amostras foram coletadas com auxílio de trato holandês em cada uma das 25
parcelas experimentais, sendo duas amostras simples para formar uma amostra composta para
cada profundidade e para cada parcela, nas camadas do perfil do solo de 0,0 a 0,20 e 0,20 a
0,40 m, sempre próximo aos gotejadores e ao capim elefante; onde em seguida, as amostras
foram armazenadas em sacos plásticos estéreis etiquetados e encaminhadas para análises no
LASAP da UFERSA, campus Mossoró-RN.

4.4.5 Análise Estatística

Os dados de solo coletados foram submetidos à análise de variância pelo Teste F a 5 %


de probabilidade, quando significativos, os mesmos foram submetidos à análise de regressão
analisando os coeficientes das equações de regressão, o processo em estudo e o coeficiente de
determinação.
Para realização das análises estatísticas foram utilizados os programas computacionais
estatísticos Sisvar 5.1 Build 72 (FERREIRA, 2011) e o R (R DEVELOPMENT CORE
TEAM, 2010).
35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 EFEITOS DA APLICAÇÃO DAS PROPORÇÕES DE PERCOLADO DE ATERRO


SANITÁRIO E ÁGUA DE ABASTECIMENTO NO SOLO

5.1.1 Caracterização do percolado de aterro sanitário

Na Tabela 6, estão apresentados os resultados estatísticos referentes à composição


físico-química e microbiológica do percolado de aterro sanitário utilizado no estudo.
Devido à dependência do índice pluviométrico do local do aterro sanitário, do
escoamento superficial e ascensão de águas subterrâneas nas células, bem como do volume de
resíduos orgânicos e tipos de resíduos sólidos urbanos depositados no aterro, o percolado
apresenta uma variabilidade de qualidade muito elevada, sendo um resíduo líquido de alta
toxicidade e concentração de nutrientes, principalmente quando comparado aos demais tipos
de águas residuárias.
Essa toxicidade e potencial poluidor do percolado atribuem-se a presença de diversos
compostos persistentes, elevada alcalinidade, altas concentrações de amônia e principalmente
de metais potencialmente tóxicos (KOHN et al.,2004; SILVA et al., 2004; MORAIS, 2005).
Os valores máximo (7,95) e mínimo (6,95) de pH durante o período experimental
encontram-se dentro da faixa de 5,0 a 9,0 especificada pelo CONAMA no 357/2005
(BRASIL, 2005), que dispõe sobre as condições e padrões de lançamentos de efluentes
tratados em corpos hídricos; porém o mesmo não ocorreu com a condutividade elétrica (CE)
que variou de 14,20 a 18,01 dS m-1, valores esses bastante superiores ao limite de 3 dS m-1,
estabelecido para reuso de água em cultivos agrícolas (CEARÁ, 2002).
Ainda de acordo com Ceará (2002), os valores médios de coliformes totais (28,75 NMP
100 mL-1) e coliformes termotolerantes (0,00 NMP 100 mL-1) foram bem inferiores ao valor
de 5.000 NMP 100 mL-1, indicando que não há risco de contaminação microbiológica para
uso em cultivos agrícolas.
Ao se analisar o valor médio de sólidos totais, encontra-se um valor muito elevado, o
que se pode afirmar que esse tipo de resíduo líquido é altamente prejudicial, podendo causar
aumento da turbidez e da coloração de corpos hídricos, bem como o entupimento dos
36

macroporos das camadas superficiais do solo, causando o selamento superficial dos solos que
recebem esses resíduos (MATOS, 2006).

Tabela 6. Resultados estatísticos das características físico-químicas e microbiológicas do


percolado de aterro sanitário (PAS) do aterro sanitário de Mossoró-RN.
Desvio Coeficiente
Erro Valor Valor
Características Média Padrão de Variação Amplitude
Padrão Máximo Mínimo
(DP) (CV)
pH 7,45 0,23 0,45 6,10 1,00 7,95 6,95
-1
CE (dS m ) 16,40 0,84 1,68 10,23 3,81 18,01 14,20
-1
CT (NMP 100 mL ) 28,75 16,31 32,61 113,44 74,00 74,00 0,00
-1
CTe (NMP 100 mL ) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
DQO (mg L-1) 5692,50 235,99 471,97 8,29 1040,00 6040,00 5000,00
-1
DBO (mg L ) 2819,50 138,27 276,54 9,81 600,00 3012,00 2412,00
-1
ST (mg L ) 19732,50 755,94 1511,89 7,66 3575,00 21400,00 17825,00
-1
SS (mg L ) 370,00 24,83 49,67 13,42 110,00 410,00 300,00
Ntotal (mg L-1) 592,00 25,91 51,81 8,75 117,00 637,00 520,00
-1
Ptotal (mg L ) 4,90 0,85 1,70 34,59 4,10 7,10 3,00
- -1
N-NO3 (mg L ) 10,13 2,51 5,02 49,50 10,79 15,94 5,15
-1
Fe (mg L ) 5,07 0,39 0,79 15,57 1,63 6,06 4,43
Mn (mg L-1) 3,66 3,40 6,80 186,12 13,83 13,85 0,02
-1
Cu (mg L ) 0,10 0,06 0,11 111,65 0,24 0,25 0,01
-1
Zn (mg L ) 1,13 0,44 0,88 77,83 1,80 2,45 0,65
-1
Pb (mg L ) 2,81 0,54 1,07 38,17 2,58 4,23 1,65
Ni (mg L-1) 2,08 0,35 0,71 34,18 1,47 2,94 1,47
-1
Cd (mg L ) 0,13 0,05 0,10 73,30 0,20 0,24 0,04
+ -1
K (mmolc L ) 58,55 6,93 13,86 23,66 30,59 69,06 38,47
+ -1
Na (mmolc L ) 116,61 11,93 23,86 20,46 54,28 136,97 82,69
Ca2+ (mmolc L-1) 10,44 1,58 3,15 30,19 6,75 12,50 5,75
2+ -1
Mg (mmolc L ) 18,38 4,37 8,73 47,52 20,50 29,00 8,50
- -1
Cl (mmolc L ) 75,00 14,43 28,87 38,49 50,00 100,00 50,00
-1 0,5
RAS ((mmolc L ) ) 31,53 2,36 4,71 14,95 11,50 37,63 26,13
Nota: pH - potencial hidrogeniônico; CE - condutividade elétrica; CT - coliformes totais; CTe - coliformes
termotolerantes; DQO - demanda química de oxigênio; DBO - demanda bioquímica de oxigênio; ST - sólidos
totais; SS - sólidos suspensos; Ntotal - nitrogênio total; Ptotal - fósforo total; N-NO3- - nitrato na forma de
nitrogênio; Fe - ferro; Mn - manganês; Cu - cobre; Zn - zinco; Pb - chumbo; Ni - níquel; Cd - cádmio; K+ -
potássio; Na+ - sódio; Ca2+ - cálcio; Mg2+ - magnésio; Cl- - cloreto; e RAS - razão de adsorção de sódio.
37

Observando os valores médios da condutividade elétrica (16,40 dS m-1) e da relação de


adsorção de sódio igual a 31,53 (mmolc L-1)0,5 conjuntamente, verificou-se que o percolado de
aterro sanitário representa um risco severo de salinização, causando dispersão das argilas e,
consequentemente, diminuição da permeabilidade do solo (AYERS; WESTCOT, 1999).
De acordo com Matos (2007), elevadas concentrações de sódio ou potássio trocável,
relativamente ao cálcio e magnésio, promovem dispersão dos colóides do solo, onde material
disperso, sob a ação mecânica das gotas d’água, se orienta e se movimenta para o interior dos
poros bloqueando a passagem da água e do ar, formando de uma densa e fina camada
superficial, que, de forma semelhante ao já discutido para o selamento superficial e a
compactação do solo, constitui um impedimento para a infiltração da água, difusão de gases e
emergência das plântulas. Matos (2007) ressalta ainda que a alta concentração de sais no solo
é um fator de estresse para as plantas, isto porque acarreta um gradiente osmótico que retém
água, ou seja, quanto maior a concentração salina mais a água é osmoticamente retida,
diminuindo a disponibilidade hídrica para as culturas.
De acordo com a tabela de concentrações máximas permitidas para alguns elementos
químicos presentes em águas residuárias para aplicação em culturas agrícolas citada por
Ayers e Westcot (1999) e Matos (2007), observa-se que apenas o chumbo (2,81 mg L-1) e o
zinco (1,13 mg L-1) apresentaram concentração menor do que o limite de 5,00 mg L-1 e 2,00
mg L-1, respectivamente. Os demais elementos químicos apresentaram-se em concentrações
superiores, onde o cádmio foi superior ao valor máximo de 0,01 mg L-1; o cobre se enquadrou
na faixa entre 0,1 e 1,0 mg L-1 onde é tóxico para as plantas; o ferro foi superior um pouco ao
valor máximo de 5,00 mg L-1; e o manganês e o níquel foram bastante superiores ao valor
máximo de 0,20 mg L-1. Essas altas concentrações de metais pesados no percolado de aterro
deve-se principalmente a grande presença de materiais eletrônicos, latas, pilhas, lâmpadas e
baterias recarregáveis que constituem os resíduos sólidos do município de Mossoró-RN.
Nutrientes como o nitrogênio total, nitrogênio na forma de nitrato e fósforo total
apresentaram-se em concentrações elevadas, sendo considerados como poluentes importantes
do percolado de aterro sanitário, principalmente devido às diversas formas de oxidação que
podem assumir no meio ambiente.
A presença de cloreto também favorece a formação de precipitados químicos, tornando
o solo mais alcalino (elevação no valor de pH).
Diversos estudos de caracterização do percolado de aterro sanitário vêm destacando
significativas diferenças na composição desse resíduo líquido e relacionando essas diferenças
com a idade do aterro sanitário. Christensen et al. (2001) destaca que apesar das grandes
38

variações da composição do percolado produzido em diferentes aterros, o estado de


degradação, relacionado com a idade do aterro, é considerado como sendo o parâmetro de
classificação mais aceito.
Considerando que o aterro sanitário de Mossoró foi inaugurado no início do ano de
2008 (SANEPAV, 2014), e que a relação DBO/DQO foi igual a 0,50, calculada com base nos
valores médios de DBO e DQO obtidos do percolado de aterro sanitário, verifica-se que o
aterro sanitário em estudo pode ser enquadrado em uma fase de novo para maduro, com o
percolado rico em material orgânico degradável.

5.1.2 Caracterização da água da rede de abastecimento

Na Tabela 7, estão apresentados os resultados estatísticos referentes à composição


físico-química da água da rede de abastecimento utilizada no estudo.
Os valores de pH da água da rede de abastecimento durante o período experimental
oscilaram de 6,94 a 7,69, onde o valor médio (7,47) encontra-se dentro da faixa de 7,0 a 7,5
estabelecida por Nakayama, Boman e Pitts (2006), representando risco moderado de
obstrução dos gotejadores, e enquadram-se na faixa de 6,0 a 9,5 estabelecido pela Portaria nº
518/2004 (BRASIL, 2004) para potabilidade da água.
A condutividade elétrica média (0,76 dS m-1) da água da rede de abastecimento
encontra-se fora da faixa de 0,8 a 3,1 dS m-1 proposta por Capra e Scicolone (1998),
apresentando baixo risco de obstrução dos gotejadores. A condutividade elétrica atendeu
também ao padrão de potabilidade da água, sendo seu valor médio encontrado inferior ao
limite de 1,57 dS m-1 estabelecido pela Portaria nº 518/2004 (BRASIL, 2004).
O valor médio de sódio (5,50 mmolc L-1) encontrado na água da rede de abastecimento
foi inferior ao limite de 8,7 mmolc L-1 estabelecido pela Portaria nº 518/2004 (BRASIL, 2004)
para potabilidade da água, porém essa concentração encontrada é superior ao valor de 3,0
mmolc L-1 estabelecido por Ayers e Westcot (1999) para irrigação de cultivos agrícolas. Já os
valores médios de potássio, cálcio e magnésio apresentam-se dentro dos limites comumente
encontrados e permissíveis.
De acordo com os valores de concentrações máximas permitidas estabelecidas pela
Portaria nº 518/2004 (BRASIL, 2004) para alguns elementos químicos presentes em águas
potáveis, observou-se que: apenas o chumbo (0,19 mg L-1) encontra-se superior ao limite de
estabelecido de 0,01 mg L-1; os demais apresentaram-se abaixo dos limites estabelecidos de
39

0,3 mg L-1 para o ferro; 0,1 mg L-1 para o manganês; 2,0 mg L-1 para o cobre; 5,0 mg L-1 para
o zinco e 0,005 mg L-1 para o cádmio.

Tabela 7. Resultados estatísticos das características físico-químicas da água da rede de


abastecimento.
Desvio Coeficiente
Erro Valor Valor
Características Média Padrão de Variação Amplitude
Padrão Máximo Mínimo
(DP) (CV)
pH 7,47 0,18 0,36 4,76 0,75 7,69 6,94
CE (dS m-1) 0,76 0,15 0,30 39,61 0,60 1,09 0,49
Fe (mg L-1) 0,26 0,01 0,02 6,93 0,04 0,28 0,24
-1
Mn (mg L ) 0,01 0,00 0,01 57,46 0,01 0,02 0,01
-1
Cu (mg L ) 0,01 0,01 0,01 99,43 0,02 0,03 0,00
Zn (mg L-1) 0,05 0,00 0,00 5,14 0,01 0,05 0,05
Pb (mg L-1) 0,19 0,04 0,09 46,01 0,21 0,30 0,09
-1
Ni (mg L ) 0,12 0,01 0,03 22,53 0,05 0,14 0,09
-1
Cd (mg L ) 0,00 0,00 0,00 46,68 0,00 0,00 0,00
K+ (mmolc L-1) 0,39 0,03 0,06 16,48 0,13 0,44 0,13
Na+ (mmolc L-1) 5,50 0,62 1,25 22,65 2,68 6,74 4,06
2+ -1
Ca (mmolc L ) 2,98 0,88 1,76 59,06 3,54 4,70 1,16
2+ -1
Mg (mmolc L ) 2,86 0,31 0,62 21,69 1,44 3,41 1,97
Cl- (mmolc L-1) 4,95 1,02 2,04 41,25 4,00 7,00 3,00
RAS (mmolc L-1)0,5 3,26 0,09 0,18 5,63 0,40 3,53 3,13
Nota: pH - potencial hidrogeniônico; CE - condutividade elétrica; Fe - ferro total; Mn - manganês total; Cu –
cobre; Zn – zinco; Pb – chumbo; Ni – níquel; Cd- Cádmio; K+ - potássio; Na+ - sódio; Ca2+ - cálcio; Mg2+ -
magnésio; Cl- - cloreto; e RAS - razão de adsorção de sódio.

Apesar de dentro da faixa normal estabelecida e encontrada em demais análises, a


presença de cloreto também favorece a formação de precipitados químicos, tornando o solo
mais alcalino e podendo obstruir os gotejadores com o tempo.
No geral, observando os valores médios das características da água da rede de
abastecimento pode-se concluir que esses valores são bastante inferiores aos encontrados no
percolado de aterro sanitário.
40

5.1.3 Atributos químicos do solo cultivado com capim elefante irrigado com percolado
de aterro sanitário

5.1.3.1 Potencial Hidrogeniônico (pH)

De acordo com Malavolta et al. (1997) e Novais et al. (2007), o pH do solo é um dos
atributos que mais influenciam na disponibilidade de nutrientes para as plantas, onde os
valores ótimos de pH oscilam de 6,0 a 6,5. Nesta faixa ocorre a disponibilidade máxima de
macronutrientes, como também se limita a disponibilidade máxima dos micronutrientes, além
de proporcionar uma redução na acidez do solo, a qual é uma das principais limitações da
produção agrícola.
A partir dos dados obtidos no estudo, constatou-se que o pH do solo sofreu efeito
significativo, tanto em relação aos tratamentos aplicados quanto em relação ao tempo de
amostragem, ocorrendo um aumentou linear com relação as doses de percolado de aterro
sanitário aplicadas, e quadrático com relação ao tempo de aplicação, para as profundidade de
0,0 – 0,20 e 0,20 - 0,40 m, como evidenciado nas Figuras 4 e 5.

Figura 4. Superfície de resposta da variável pH do solo em função do tempo de amostragem e


das doses de percolado de aterro sanitário na profundidade de 0,0 - 0,20 m.

pĤ = 6,3918 + 0,04274 ** T - 0,000215 ** T 2 + 0,008342 ** D R 2 = 0,63


Nota: ** Significativo à 1% de probabilidade pelo teste “t”.
41

Figura 5. Superfície de resposta da variável pH do solo em função do tempo de amostragem e


das doses de percolado de aterro sanitário na profundidade de 0,20 - 0,40 m.

pĤ = 6,46298 + 0,00979 ** T - 0,0000359° T 2 + 0,003540 ** D R 2 = 0,65


Nota: ** e º Significativo a 1 e 10 % de probabilidade pelo teste “t”.

Notou-se que o tempo onde ocorreu um maior valor de pH foi de 99 e 120 dias,
obtendo valor máximo de pH de 9,4 e 8,5, para as profundidades de 0,0 – 0,20 e 0,20 – 0,40
m, respectivamente.
Comparando com os valores atribuídos pela Comissão de Fertilidade do Solo do
Estado de Minas Gerais (CFSEMG, 1999), observou-se que os valores de pH obtidos no
experimento variaram de 5,9 (no início do tempo de amostragem) à 10,1 (no final do tempo
de amostragem), passando de uma classificação agronômica de bom (5,5 – 6,0) e alto (6,1 –
7,0) para muito alto (> 7,0), com uma alcalinidade muito elevada (>7,8).
Houve um aumento significante do pH do solo, fato atribuído a alcalinidade do
percolado aplicado em conjunto com a adição de cátions trocáveis e ânions presentes no
percolado (STEWART et al., 1990), bem como do efeito acumulativo durante o tempo de
aplicação.
Diversos estudos mostram resultados tanto de aumento quanto de diminuição do pH
do solo, quando aplicado resíduos líquidos de diversas origens e composições, em diferentes
quantidades.
42

Estudos realizado por Ferreira et al. (2003) observaram que ocorreu elevação no pH de
um Argissolo Vermelho Distrófico Típico, quando se aplicou efluentes de curtume e rejeito
carbonífero.
Medeiros et al. (2005) observou aumento do pH do solo quando comparou o manejo
com água residuária de origem doméstica com o manejo com adubação química
convencional.
Silva et al. (2011), ao proceder estudos com aplicação de percolado de aterro sanitário
em Cambissolo Háplico Tb Distrófico Latossólico para cultivo de capim Tifton 85, não
constataram diferenças significativas em relação ao tempo de aplicação nem em relação as
taxas aplicadas no solo.
Já Mantovani et al. (2005), observaram amento do pH do solo, nas camadas de 0,0 –
0,20 e 0,20 – 0,40 m, quando adubado com composto de aterro sanitário no cultivo de alface.

5.1.3.2 Ferro (Fe)

As concentrações de ferro no solo sofreram efeito significativo em relação ao tempo de


amostragem, não ocorrendo nenhum efeito significativo nos teores de Fe em relação às doses
de percolado de aterro sanitário aplicadas no solo.
Como pode ser observado na Figura 6, ocorreu uma diminuição significativa nas
concentrações de Fe no decorrer do tempo amostragem, para as duas profundidades estudas.
O fato de que as concentrações de Fe diminuíram, consideravelmente, no decorrer do
tempo de amostragem, pode ser explicado devido ao aumento significativo do pH do solo no
decorrer do período de estudo e as reações de oxirredução do meio. Devido ao aumento do pH
do solo nas duas profundidades, o Fe, nas duas formas mais comuns presentes no solo (Fe2+ e
Fe3+), possivelmente oxidou e mineralizou, tornando-se menos disponível na solução do solo
e para as plantas, ou seja, passou da forma Fe2+ (mais solúvel) para a forma Fe3+ (menos
solúvel) (MALAVOLTA et al., 1997; NOVAIS et al., 2007).
43

Figura 6. Comportamento da variável Fe (mg dm-3) no perfil do solo, em função da


profundidade e dos tratamentos aplicados.

Prof. de 0,0 - 0,20 m : F̂e = 92,4228 - 1,8727 * T + 0,01214 * T 2 R 2 = 0,93

Prof. de 0,20 - 0,40 m : F̂e = 117,611 - 2,5668 * T + 0,01630  T 2 R 2 = 0,90


Nota: * e º Significativo à 5 e 10 % de probabilidade, respectivamente, pelo teste “t”.

Com relação ao comportamento do Fe na profundidade do solo, notou-se na Figura 7,


que na profundidade de 0,0 – 0,20 m apresentaram-se os maiores valores de Fe para todos os
tratamentos, sendo o tratamento T1 (somente água da rede de abastecimento) o que
apresentou menores valores com relação aos demais tratamentos, e o tratamento T5 o que
apresentou maiores valores com relação aos demais tratamentos aplicados, nas duas
profundidades estudadas.
44

Figura 7. Comportamento da variável Fe (mg dm-3) no perfil do solo, em função da


profundidade e dos tratamentos aplicados.

A disponibilidade de Fe em concentrações maiores nas primeiras camadas do solo deve-


se principalmente a aplicação superficial do percolado de aterro sanitário.
Constatou-se, ainda, que ocorreu um aumento nos valores da concentração de Fe do
solo, para as duas profundidades estudadas, à medida que se aplica maiores doses de
percolado de aterro sanitário, em relação ao tratamento T1 (somente água da rede de
abastecimento).
Estes resultados observados corrobora com Silva (2008), ao proceder estudos com
aplicação de percolado de aterro sanitário em Cambissolo Háplico Tb Distrófico Latossólico
para cultivo de capim Tifton 85.
De acordo com a classificação elaborada pela CFSEMG (1999), os teores de Fe
permitem classificar agronomicamente o solo estudado como muito baixo (8,0 mg dm-3).

5.1.3.3 Manganês (Mn)

Com relação às concentrações de manganês no solo estudado, as mesmas não sofreram


efeito significativo das doses de percolado de aterro sanitário aplicadas e do tempo de
amostragem. Observou-se na Figura 8, que apenas a profundidade favoreceu diferenças
significativas nos valores de Mn, para todos os tratamentos aplicados.
45

Figura 8. Comportamento da variável Mn (mg dm-3) no perfil do solo, em função da


profundidade e dos tratamentos aplicados.

Constatou-se que os valores das concentrações de Mn diminuíram, ao longo do perfil do


solo, para todos os tratamentos aplicados.
Todos os tratamentos apresentaram comportamentos semelhantes, onde na profundidade
de 0,0 – 0,20 m encontram os maiores valores de concentração de Mn. Destaca-se, também, o
fato de que à medida que as maiores doses de percolado de aterro sanitário aplicadas no solo,
tratamentos T4 e T5, ocorreram uma maior concentração de Mn para as duas profundidades, o
que pode ser justificado devido ao incremento de Mn no solo por meio das aplicações de
percolado de aterro sanitário.
De acordo com a classificação elaborada pela CFSEMG (1999), os teores de Mn
permitem classificar agronomicamente o solo estudado como muito alto, já que para todos os
tratamentos analisados foram obtidos resultados superiores a 12,0 mg dm-3, nas duas
profundidades estudadas.
Apesar do Mn ser mais móvel no solo do que o Fe, semelhante ao que ocorre com o Fe,
o comportamento do Mn e a sua disponibilidade depende tanto do pH quanto do potencial
redox do solo, onde, para valores de pH superiores a 5,5 o Mn torna-se menos disponível na
solução do solo e para as plantas (NOVAIS et al., 2007).
46

5.1.3.4 Cobre (Cu)

As concentrações de cobre no solo estudado também não sofreram efeito significativo


dos tratamentos aplicados e nem do tempo de amostragem (Figura 9).

Figura 9. Comportamento da variável Cu (mg dm-3) no perfil do solo, em função da


profundidade e dos tratamentos aplicados.

Notou-se que os valores das concentrações de Cu reduziram, ao longo do perfil do solo,


para todos os tratamentos aplicados, porém no tratamento T2 ocorreu uma maior diferença
nas concentrações com relação às duas profundidades estudadas.
A CFSEMG (1999) classifica agronomicamente o solo estudado com base nas
concentrações de Cu, como muito baixa para o tratamento T4 na profundidade de 0,20 – 0,40
m (0,3 mg dm-3); já para o tratamento T4 na profundidade de 0,0 – 0,20 e os demais
tratamentos analisados, a classificação foi tida como baixa (0,4 – 0,7 mg dm-3), nas duas
profundidades estudadas.
Semelhante ao que ocorreu com o Fe e Mn, as concentrações de Cu diminuíram em
relação ao aumento do pH, em que, para valores de pH superiores a 5,5, o Cu torna-se menos
disponível na solução do solo e para as plantas (NOVAIS et al., 2007).
Estudos realizados por Oliveira e Mattiazzo (2001), evidenciaram a movimentação de
metais pesados em um solo argiloso, tratado com aplicações sucessivas de lodo de esgoto,
durante um período de dois anos, não constataram evidência de mobilidade do Cu no perfil do
solo.
47

Devido às baixas concentrações de Cu no percolado de aterro sanitário, e as concentrações do


Cu do solo classificadas como muito baixas e baixas, notou-se que os valores obtidos não
devem ser considerados como preocupantes e causadores de toxidez no solo e na planta.
A Resolução CONAMA no 420/2009 (BRASIL, 2009) que dispõe sobre os valores
orientadores para a qualidade dos solos também confirma o fato de que as concentrações de
Cu encontradas no solo estudado após aplicação do percolado de aterro sanitário não são
preocupantes, pois são bastante inferiores aos valores de 60 mg dm-3 e 200 mg dm-3
estabelecidos para prevenção de toxidez e encontrados em solos com atividade agrícola,
respectivamente.

5.1.3.5 Zinco (Zn)

Com relação às concentrações de zinco no solo estudado, as mesmas não sofreram


efeito significativo dos tratamentos aplicados e nem do tempo de amostragem.
Apenas a profundidade favoreceu diferenças nos valores de Zn, para todos os
tratamentos aplicados, como observado na Figura 10.

Figura 10. Comportamento da variável Zn (mg dm-3) no perfil do solo, em função da


profundidade e dos tratamentos aplicados.

Os valores das concentrações de Zn reduziram, ao longo do perfil do solo, para todos


os tratamentos aplicados.
48

Todos os tratamentos apresentaram comportamentos semelhantes, onde na


profundidade de 0,0 – 0,20 m encontram os maiores valores de concentração de Mn. Destaca-
se, também, o fato de que à medida que as maiores doses de percolado de aterro sanitário
foram aplicadas no solo, ocorreu uma menor concentração de Zn para as duas profundidades,
o que pode ser justificado devido aos valores de pH superiores a 5,5, onde para valores de pH
acima de 7,0, o Zn apresenta-se em mínima disponibilidade na solução do solo e,
consequentemente, para as plantas (NOVAIS et al., 2007).
De acordo com a classificação elaborada pela CFSEMG (1999), os teores de Zn
permitem classificar agronomicamente o solo estudado como médio (1,0 – 1,5 mg dm-3), bom
(1,6 – 2,2 mg dm-3), e muito alto (> 2,2 mg dm-3), já que para todos os tratamentos analisados
foram obtidos resultados que variaram de 1,6 a 8,6 mg dm-3, nas duas profundidades
estudadas.
Já segundo a Resolução CONAMA no 420 /2009 (BRASIL, 2009), os valores das
concentrações de Zn encontradas no solo estudado após aplicação do percolado de aterro
sanitário não são preocupantes, pois são inferiores aos valores de 300 mg dm-3 e 450 mg dm-3
estabelecidos para prevenção de toxidez e encontrados em solos com atividade agrícola,
respectivamente.

5.2.3.6 Níquel (Ni)

Os resultados encontrados para a concentração de níquel no solo estudado não sofreram


efeito significativo das doses de percolado de aterro sanitário aplicadas e do tempo de
amostragem.
Apenas a profundidade favoreceu diferenças nos valores de Ni, para todos os
tratamentos aplicados (Figura 11).
49

Figura 11. Comportamento da variável Ni (mg dm-3) no perfil do solo, em função da


profundidade e dos tratamentos aplicados.

Os valores de Ni aumentaram, ao longo do perfil do solo, para todos os tratamentos


aplicados, demonstrando que ocorreu lixiviação desse elemento para as camadas mais
inferiores do solo, o que deve-se ter cuidado, pois pode ocasionar poluição das águas
subterrâneas.
Apesar dos tratamentos terem apresentado comportamentos semelhantes, o tratamento
com maior quantidade de percolado de aterro sanitário aplicado (T5), foi o que apresentou
maiores concentrações médias de Ni no perfil do solo.
De acordo com a Resolução CONAMA no 420 /2009 (BRASIL, 2009), os valores das
concentrações de Ni encontradas no solo estudado após aplicação do percolado de aterro
sanitário não são preocupantes, pois são inferiores aos valores de 30 mg dm-3 e 70 mg dm-3
estabelecidos para prevenção de toxidez e encontrados em solos com atividade agrícola,
respectivamente.
O Ni é o elemento mais recentemente identificado como essencial para as plantas
superiores, devido a isso, existem ainda poucas informações sobre os fatores que afetam a
disponibilidade de Ni, porém, supõem-se que os fatores que afetam a disponibilidade dos
outros metais afetam também esse elemento (NOVAIS et al., 2007; BROWN et al., 1987).
Sabe-se que, a deficiência de Ni afeta o crescimento, o metabolismo, o
envelhecimento e a absorção de Fe pelas plantas. Além de que, o Ni em concentrações
adequadas aumenta a resistência das plantas à doenças (NOVAIS et al., 2007)
50

5.1.3.7 Chumbo (Pb)

As concentrações de chumbo no solo estudado não sofreram efeito significativo das


doses de percolado de aterro sanitário aplicadas e do tempo de amostragem.
Como pode ser observado na Figura 12, apenas a profundidade favoreceu diferenças nos
valores de Pb, para todos os tratamentos aplicados.

Figura 12. Comportamento da variável Pb (mg dm-3) no perfil do solo, em função da


profundidade e dos tratamentos aplicados.

Constatou-se que semelhante ao Ni, as concentrações de Pb aumentaram ao longo do


perfil do solo, com exceção do tratamento T2 que diminuiu, indicando que houve lixiviação
desse elemento para as camadas mais inferiores do solo.
Apesar dos tratamentos terem apresentado comportamentos semelhantes, o tratamento
com maior quantidade de percolado de aterro sanitário aplicado (T5), foi o que apresentou
maiores concentrações médias de Pb no perfil do solo, e o tratamento T2 foi o que obteve
melhor comportamento, visto a qualidade do solo, da planta e contaminação das águas
subterrâneas.
Observando todos os tratamentos aplicados, notou-se quando se aplica doses de
percolado de aterro sanitário maiores do que 1 mm dia-1 (tratamento T2) no solo ocorre uma
tendência de elevar-se a concentração de Pb no solo. Uma explicação para o aumento das
concentrações de Ni no solo, ao longo do perfil, deve-se a alta concentração desse nutriente
no percolado de aterro sanitário.
51

Para a Resolução CONAMA no 420 /2009 (BRASIL, 2009) as concentrações de Pb


encontradas no solo estudado após aplicação do percolado de aterro sanitário não são
preocupantes, pois são bastante inferiores aos valores de 72 mg dm-3 e 180 mg dm-3
estabelecidos para prevenção de toxidez e encontrados em solos com atividade agrícola,
respectivamente.
52

6. CONCLUSÕES

 Somente os valores de pH foram influenciados pelas dosagens de percolado de aterro


sanitário e pelo tempo de aplicação, onde o pH do solo foi o atributo que mais influenciou
na disponibilidade dos demais elementos presentes no solo.
 Os teores de Fe reduziram consideravelmente ao longo do tempo de aplicação e ao longo
do perfil do solo devido ao aumento significativo do pH do solo no decorrer do período de
estudo e as reações de oxirredução do meio.
 Os demais atributos analisados no solo variaram apenas com relação à profundidade, onde
os teores de Mn, Cu e Zn diminuíram, ao longo do perfil do solo, enquanto que os teores
de Ni e Pb aumentaram.
53

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VESILIND, P. A.; MORGAN, Susan M. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo:


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59

APÊNDICE
60

APÊNDICE A – Imagem da área experimental com o sistema de irrigação nas parcelas


experimentais, Mossoró/RN.

APÊNDICE B – Imagem do Plantio do Capim Elefante, Mossoró/RN.


61

APÊNDICE C – Imagem do recipiente utilizado para o armazenamento do percolado de


resíduos sólidos urbanos provindo do Aterro Sanitário do Município, Mossoró/RN.

APÊNDICE D – Imagem da aplicação do percolado na cultura de Capim Elefante,


Mossoró/RN.

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