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MOSSORÓ – RN
2015
ANDREZZA GRASIELLY COSTA
MOSSORÓ – RN
2015
O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seus autores
RN/UFERSA/BCOT/016-15
CDD: 628.44564
Bibliotecária: Vanessa de Oliveira Pessoa
CRB-15/453
A Francisco Rosendo Dantas (in memoriam),
meu bisavô, avô e pai, por todo seu amor e
imenso cuidado enquanto se fez presente em
minha vida.
A Deus, o autor de toda a minha trajetória, pelo seu infinito amor e misericórdia.
Aos meus pais, Geralda Maria da Silva e Antonio Andriê Costa, por terem acreditado no meu
sonho e colaborado para a concretização do mesmo.
Aos meus irmãos, Andreia Gabrielly Costa e Diego Maradona Costa, que sempre deram-me
ânimo para prosseguir.
Ao meu amado, Rodolfo de Azevedo Palhares, por todo amor, paciência, palavras de
incentivo e dedicação durante todos esses anos.
Ao meu orientador, Prof. Rafael Oliveira Batista, um exemplo de profissional a seguir. Muito
obrigado pela disponibilidade, atenção e assistência prestada não só durante a construção
desta monografia, como também no decorrer de todo o curso.
Aos meus coniventes do Curso de Engenharia Agrícola e Ambiental pelas alegrias, tristezas e
dores compartilhadas ao longo dessa árdua jornada acadêmica. Em especial a Vanessa Tainara
da Cunha e Emanoela Magna da Cunha, por todos os momentos de cumplicidade.
Ao Prof. Rafael Oliveira Batista, a Prof.ª Sandra Maria Campos Alves e a Prof.ª Daniela da
Costa Leite Coelho pelos dados para a confecção da presente monografia.
A todos que de alguma forma contribuíram para meu sucesso e crescimento como pessoa. Sou
o resultado da confiança e da força de cada um de vocês.
RESUMO
The leachate landfill has a high variability compositional, highlighting the presence of
important nutrients for agriculture, as well as heavy metals that may compromise the soil-
plant system. The objective of the work was to analyze the effect of leachate landfill and
water supply on changing the levels of trace elements in an argisoil cultivated with elephant
grass (Pennisetum purpureum Schum.). For this, was set up an experimental unit with 25
plots in Parque Zoobotânico of the UFERSA in Mossoro-RN, each plot was constructed in
dimensions of 1.0 x 1.0 m, and 0.30 m between plots where it was grown the elephant grass in
Red Yellow Argisol Eutrophic. The following treatments on experimental tests were used: T1
- water supply (AA); T2 - AA and dosage leachate (DP) of 1 mm day-1; T3 - AA and DP 2
mm day-1; T4 - AA and 3 mm day-1; and T5 - AA and DP 4 mm day-1. The design was
adopted in randomized blocks with five treatments and five replications. During the
experimental period, were analyzed in soil layers 0-0.20 0.20-0.40 m, values of the pH,
copper (Cu), zinc (Zn), iron (Fe), manganese (Mn ), lead (Pb) and nickel (Ni), as well as the
physical-chemical and microbiological characteristics of the leachate and the water supply.
The results indicated that only the pH values were influenced by dosages of landfill leachate
and the time of application. Levels of Fe reduced considerably over the time of application
and throughout the soil profile due to the increase of soil pH during the study period. The
other attributes analyzed in the soil varied only with respect to depth, where Mn, Cu and Zn
decreased over the soil profile, while Ni and Pb contents increased.
Tabela 1. Destino final dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos resíduos, Brasil -
1989/2008 ................................................................................................................................. 19
Tabela 2. Características físico-químicas e microbiológicas da água de abastecimento (AA) e
do percolado de aterro sanitário (PAS), ao longo do período experimental............................. 29
Tabela 3. Características físicas iniciais do solo utilizado no experimento ............................ 30
Tabela 4. Características químicas iniciais do solo utilizado no experimento ........................ 30
Tabela 5. Lâminas de percolado de aterro sanitário (PAS) e da água da rede de abastecimento
(AA) utilizadas na irrigação do capim elefante, ao longo do período experimental ................ 33
Tabela 6. Resultados estatísticos das características físico-químicas e microbiológicas do
percolado de aterro sanitário (PAS) do aterro sanitário de Mossoró-RN ................................. 36
Tabela 7. Resultados estatísticos das características físico-químicas da água da rede de
abastecimento ........................................................................................................................... 39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 14
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 15
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................... 15
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 15
3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................... 16
3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ................................................................................... 16
3.2 ATERROS SANITÁRIO.................................................................................................... 20
3.3 PERCOLADO DE ATERRO SANITÁRIO ...................................................................... 22
3.4 APROVEITAMENTO AGRÍCOLA DE RESÍDUOS LÍQUIDOS ................................... 24
3.5 COMPORTAMENTO DOS METAIS PESADOS NO SOLO .......................................... 25
4. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 27
4.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL..................... 27
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO PERCOLADO E DA ÁGUA DA REDE DE
ABASTECIMENTO ................................................................................................................ 27
4.3 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO DA ÁREA EXPERIMENTAL ................................... 29
4.4 CONDUÇÃO DO EXPERIMENTO.................................................................................. 31
4.4.1 Parcelas experimentais e tratamentos ......................................................................... 31
4.4.2 Implantação da cultura ................................................................................................. 31
4.4.3 Aplicação do percolado de aterro sanitário ................................................................ 33
4.4.4 Amostragens e monitoramento da qualidade do solo ................................................ 33
4.4.5 Análise Estatística .......................................................................................................... 34
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................ 35
5.1 EFEITOS DA APLICAÇÃO DAS PROPORÇÕES DE PERCOLADO DE ATERRO
SANITÁRIO E ÁGUA DE ABASTECIMENTO NO SOLO ................................................. 35
5.1.1 Caracterização do percolado de aterro sanitário ....................................................... 35
5.1.2 Caracterização da água da rede de abastecimento..................................................... 38
5.1.3 Atributos químicos do solo cultivado com capim elefante irrigado com percolado de
aterro sanitário ....................................................................................................................... 40
5.1.3.1 Potencial Hidrogeniônico (pH) ..................................................................................... 40
5.1.3.2 Ferro (Fe) ...................................................................................................................... 42
5.1.3.3 Manganês (Mn) ............................................................................................................ 44
5.1.3.4 Cobre (Cu) .................................................................................................................... 46
5.1.3.5 Zinco (Zn) ..................................................................................................................... 47
5.2.3.6 Níquel (Ni).................................................................................................................... 48
5.1.3.7 Chumbo (Pb) ................................................................................................................ 50
6. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 52
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 53
APÊNDICE A – Imagem da área experimental com o sistema de irrigação nas parcelas
experimentais, Mossoró/RN ..................................................................................................... 60
APÊNDICE B – Imagem do Plantio do Capim Elefante, Mossoró/RN ................................... 60
APÊNDICE C – Imagem do recipiente utilizado para o armazenamento do percolado de
resíduos sólidos urbanos provindo do Aterro Sanitário do Município, Mossoró/RN .............. 61
APÊNDICE D – Imagem da aplicação do percolado na cultura de Capim Elefante,
Mossoró/RN ............................................................................................................................. 61
14
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
O presente trabalho tem por objetivo geral analisar as alterações nos teores de
elementos traço em argissolo cultivado com capim elefante e irrigado com percolado de aterro
sanitário e água da rede de abastecimento.
3. REVISÃO DE LITERATURA
Philippi Jr. (2005) define como resíduos sólidos urbanos “os resíduos gerados nas
atividades urbanas, tipicamente de origem residencial, comercial e institucional”, tornando-se
agentes causadores de impacto ambiental e para a saúde pública quando manuseados de forma
inadequada.
De acordo com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), disposta através da
Lei N° 12.305/2010, em seu capítulo II, Art. 3°, inciso XVI, os resíduos sólidos podem ser
definidos como:
Para Philippi Jr. (2005) os resíduos sólidos são classificados de acordo com sua
origem em seis categoriais, são elas:
Resíduos sólidos domiciliares;
Resíduos sólidos industriais;
Resíduos sólidos comerciais;
Resíduos sólidos de serviços de saúde;
Resíduos sólidos de serviços de transporte;
Resíduos sólidos de construção civil.
resíduos sólidos urbanos, sendo um dos fatores responsáveis pelos impactos negativos
referente as questões ambientais, sociais e econômicas.
Segundo Monteiro et al. (2001), através do Manual de Gerenciamento dos Resíduos
Sólidos, os resíduos sólidos gerados no Brasil não são coletados de forma regular,
acumulando-se em vias públicas, terrenos abandonados, encostas e cursos d’água, havendo
também o acumulo desordenado desses resíduos próximo as residências das populações de
baixa renda.
De acordo com a Constituição Federal, através do seu Art. 23, incisos IV e IX, consisti
em competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, “proteger o
meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas”, como também “[...] a
melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico” da população (BRASIL, 1988).
Sendo de responsabilidade dos municípios o gerenciamento dos resíduos domiciliares, visto
que trata-se de um problema de interesse local (PHILIPPI JR., 2005)
Entretanto, Philippi Jr. (2005) frisa que grande parte dos municípios do país não
dispõe de infraestrutura adequada para a disposição dos resíduos, e nos municípios que
apresenta destinação adequada ocorre somente a coleta e o aterro desses resíduos.
Libânio (2002) apontam as dificuldades encontradas na gestão dos resíduos sólidos
urbano, onde existe a escassez de infraestrutura adequada e a precariedade nos serviços de
limpeza pública nos municípios de pequeno e médio porte, e o esgotamento da capacidade
instalada devido as grandes quantidades de resíduos coletadas diariamente nos municípios de
grande porte.
Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais – ABRELPE (2012) revelam somente 22,1% dos resíduos sólidos urbanos são
coletados na região Nordeste, e cerca de 52,5% no Sudeste. Nas demais regiões do país a
situação é bem mais crítica, havendo coleta de 10,9% no Sul, 8,1% no Centro-Oeste e 6,4 na
região Norte. Entretanto, a pesquisa aponta que a quantidade de resíduos sólidos urbanos
coletados em 2012 cresceu em todas as regiões, em comparação ao dado de 2011.
Uma estimativa do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB) prevê a coleta
direta de 100% dos resíduos sólidos urbanos do país até o ano de 2030 (BRASIL, 2013).
Tomando como base as informações do Censo Demográfico de 2010, o atendimento foi
estimado a curto, médio e longo prazo, com 3 coletas por semanais, como está representado
na Figura 2.
19
Figura 2. Metas para coleta direta de resíduos sólidos na área urbana, por macrorregião e no
País em 2015, 2020 e 2030 (em %).
As práticas mais utilizadas para a destinação dos resíduos sólidos urbanos adotadas
pelo homem são basicamente: os aterros comuns, aterros incompletos e aterro sanitário.
Dentre essas práticas de destinação final dos resíduos sólidos urbanos, a mais comum
no Brasil são os aterros comuns, popularmente chamados de lixões a céu aberto. De acordo
com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada em 2008 pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, a destinação final dos resíduos de 50,8% dos municípios
brasileiros são os aterros comuns (IBGE, 2010). Apesar do acréscimo considerável do número
de aterros sanitários ao longo desses 19 anos, há a predominância dos aterros comuns, e um
aumento na quantidade de aterros incompletos, como pode-se observar na Tabela 1
Tabela 1. Destino final dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos resíduos, Brasil –
1989/2008.
Ano Aterro comum Aterro incompleto Aterro sanitário
1989 88,2 % 9,6 % 1,1 %
2000 72,3 % 22,3 % 17,3 %
2008 50,8 % 22,5 % 27,7
Fonte: Adaptado de IBGE (2010).
urbanos coletados são descartados adequadamente, sendo destinados a aterro sanitário. Dentro
o percentual de resíduos que possui destinação final inadequada, do ponto de vista ambiental,
24,2% vão para aterros incompletos e 17,8% ficam dispostos em aterro comum, ou lixões a
céu aberto (ABRELPE, 2012).
Os aterros comuns tratam-se de uma forma inadequada de disposição dos resíduos,
uma vez que não ocorre o tratamento ambiental e diversos impactos são gerados por esse
procedimento, dentre elas pode-se destacar a contaminação do solo e das águas subterrâneas,
proliferação de vetores de doenças, como também a poluição do ar (VESILIND; MORGAN,
2013).
De acordo com Philippi Jr. (2005), outra prática de destinação dos resíduos sólidos são
os aterros incompletos, expressão usualmente utilizada quando se refere aos aterros
controlados. Os aterros incompletos, apesar de receberem cobertura diária de terra, não
preenchem os requisitos técnicos, porquanto o solo não é impermeabilizado, não há a coleta
do chorume e o tratamento do chorume e a coleta e a queima do biogás. Dessa forma, a
expressão aterro controlado torna-se inadequada devido à ausência de controle dos impactos
ambientais.
Philippi Jr. (2005) destaca que dentre as práticas ambientalmente adequadas de
destinação dos resíduos a mais indicada é o aterro sanitário. Além disso, trata-se da forma
mais viável economicamente, no que se refere a soluções a curto prazo dos resíduos sólidos
urbanos.
A Lei 12.305/2010 estabelece ainda, em seu Art. 9°, a ordem de prioridade na gestão e
gerenciamento de resíduos sólidos, no qual a principal prioridade é a não geração de resíduos,
e na última instância a disposição final desses resíduos obedecendo os princípios ambientais
estabelecidos na referida lei, como está esquematizado na Figura 3.
águas subterrâneas. Além disso, Philippi Jr. (2005) expõe que, faz-se necessário a
compactação dos resíduos disposto no aterro sanitário, e posteriormente fazer a cobertura
desses resíduos com o material inerte, geralmente solo, evitando assim o alastramento de
maus odores e a proliferação de vetores.
De acordo com Santaella et al. (2014), as principais características de um aterro
sanitário são:
Controle de entrada e saída de materiais e pessoas;
Impermeabilização da base;
Compactação dos resíduos;
Sistema de drenagem pluvial e de chorume;
Sistema de tratamento de chorume e de drenagem de biogás;
Cobertura diária dos resíduos com solo;
Cobertura final do aterro com solo.
telhas; fabricação de produtos reciclados ou ainda, nas mais diversas atividades agrícolas,
como parte integrante na composição da matéria orgânica de adubos e na irrigação (SILVA et
al., 2011). Neste sentido, torna-se necessária a adoção de políticas de gerenciamento dos
resíduos sólidos, proporcionando com isso, um adequado tratamento e destinação final de
acordo com a classificação dos mesmos, minimizando com esses tipos de medidas, a
ocorrência de impactos negativos tanto ao meio ambiente como ao próprio ser humano
(SANTOS; DIAS, 2012).
Percolado é todo líquido que passa através de um meio poroso. No caso de aterros
sanitários, é a mistura constituída de resíduos e água de infiltração (MARNIE et al., 2005),
que é dependente do índice pluviométrico local, do escoamento superficial, da possível
intrusão de águas subterrâneas nas células e do volume de resíduos orgânicos presentes no
aterro. Dessa forma, origina-se uma mistura bastante complexa e muito variável cujos
principais constituintes são: material orgânico, papel, vidro, plástico e metais (CELERE et al.,
2007).
No Brasil, quando o tratamento do percolado é realizado in situ, frequentemente
utilizam-se lagoas de estabilização, cuja constituição requer áreas muito grandes, muitas vezes
pouco disponíveis em grandes centros urbanos. Além disso, a eficiência relativamente baixa
do sistema convencional de tratamento, lagoas anaeróbias seguida de facultativas, tem levado
técnicos e pesquisadores a procurarem alternativas que possibilitem o tratamento/disposição
final com menor custo econômico e ambiental assegurando uma melhor qualidade de vida
para humanidade (CARVALHO et al., 2006).
Segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental e Limpeza Pública –
CETESB (1995), um método tecnicamente viável para o condicionamento de percolado é a
adoção de um sistema que permita sua recirculação nas células do próprio aterro sanitário.
A recirculação do percolado no interior do aterro sanitário, deve ser realizada de tal
maneira que o resíduo líquido possa percolar ou infiltrar através do perfil das células disposta
em camadas, é uma técnica atual e bastante inovadora no tratamento de líquido poluidor e
cultivo de gramíneas para revegetação dos aterros sanitários (IPT, 2010).
Setiyanto et al. (2012) procedendo à recirculação de percolado em colunas de resíduos
sólidos urbanos de diferentes idades, contendo ou não uma camada de 0,30 m de resíduo de
construção civil em sua base, concluiu que, quando a recirculação do percolado foi feita em
colunas formadas por resíduos maduro (três anos) e velho (13 anos), houve alta capacidade de
remoção de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio
(DQO), Sólidos em Suspensão (SS) e nitrogênio total.
24
Langanke (2014) define resíduos líquidos como materiais inutilizados que encontram-
se dispostos no estado líquido, sendo o chorume um dos principais resíduos líquidos,
geralmente provindos de aterros comuns e aterros sanitários.
De acordo com Matos, Carvalho e Azevedo (2007), atualmente têm se tornando
comum a utilização de águas residuárias ricas em matéria orgânica, como forma de disposição
adequada desses resíduos, além de melhor a qualidade do solo e a obtenção do aumento da
produtividade agrícola.
O chorume resultante da decomposição dos resíduos sólidos urbanos em aterros
sanitários possui alto potencial agrícola, devido a sua variabilidade composicional, sendo
utilizado no manejo de irrigação através da fertirrigação, devido a presença de matéria
orgânicas e nutrientes importantes para a agricultura, como o nitrogênio o fósforo, o potássio
e alguns micronutrientes (MATOS et al., 2013).
Muñoz (2002) cita que os metais pesados que ocorrem com mais frequências são:
cobre (Cu), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio (Mo), zinco (Zn), cobalto (Co), níquel
(Ni), vanádio (V), alumínio (Al), prata (Ag), cádmio (Cd), cromo (Cr), mercúrio (Hg), e
chumbo (Pb).
Almeida (2009) frisa que, apesar do termo metal pesado expressar risco de toxicidade,
alguns desses elementos são essenciais às plantas, aos animais e ao homem, sendo primordial
para o funcionamento de algumas rotas metabólicas. Assim, são chamados de micronutrientes
os elementos essenciais pela maioria dos organismos vivos em pequenas concentrações,
podendo causar toxicidade quando em excesso. Sendo o Cu, Mn, Fe e Zn elementos essências
ás plantas e animais; o Co, Cr, Se e I essenciais aos animais; e B, Mo e possivelmente o Ni,
essenciais ás plantas.
Os elementos não-essenciais ou elementos tóxicos, ou seja, aqueles que não
apresentam funções biogeoquímicas essenciais, são Arsênio (As), Cádmio (Cd), Mercúrio
(Hg), Chumbo (Pb), Plutônio (Pu), Antimônio (Sb), Tálio (Ti), e Urânio (U). Esses elementos
causam toxicidade em concentrações excedente a tolerância dos organismos, entretanto não
causam deficiência em baixas concentrações, como os micronutrientes (ALMEIDA, 2009).
De acordo com Muñoz (2002), os metais pesados presente no solo podem se
movimentar de diferentes formas, buscando variadas vias de fixação, liberação ou transporte,
como também, podem ficar retidos, seja dissolvido em solução ou fixados por processos de
adsorção, complexação e precipitação. Além disso, os metais pesados podem ser volatizados
para atmosfera, escoados para águas superficiais ou lixiviados para as águas subterrâneas.
Assim, torna-se imprescindível conhecer a biodisponibilidade e mobilidade dos metais
pesados e seus riscos ao meio ambiente e ao homem, bem como, fazer uso de medidas de
precaução, dispondo os resíduos de forma ambientalmente adequada.
27
4. MATERIAL E MÉTODOS
expressos em mmolc L-1; e cobre (Cu), zinco (Zn), ferro (Fe), manganês (Mn) foram
determinados por espectrofotometria de absorção atômica, expressas em mg L-1. Com os
valores de Na+, Ca2+ e Mg2+ determinou-se a RAS (relação de adsorção de sódio), conforme
apresentado na Equação 1.
(2)
Em que:
RAS – Relação de Adsorção de Sódio, em mmolc.L-1;
Na – Sódio, em mmolc.L-1;
Ca – Cálcio, em mmolc.L-1;
Mg – Magnésio, em mmolc.L-1;
experimentais, em cada uma das profundidades, formando, assim, duas amostras compostas,
às profundidades de 0,0 a 0,20 e de 0,20 a 0,40 m, com auxílio de trato holandês, anel
volumétrico e espátulas, para assim caracterizar o solo físico-quimicamente, como
apresentado nas Tabelas 3 e 4.
0 a 0,20 6,6 0,12 0,68 0,54 328,24 104,45 13,64 2,09 0,79 0,00 0,28 3,21 3,49 3,21 92,67 0,00 1,77
0,20 a 0,40 6,6 0,13 0,57 0,62 275,48 121,88 9,28 2,46 1,17 0,00 0,30 3,98 4,28 3,98 93,95 0,00 0,90
Profundidade Fe Mn Cu Zn Ni Pb Cd
(m) -3
................................mg dm ................................
(2)
Em que:
ETo – evapotranspiração de referência, em mm d-1;
Rn – saldo de radiação à superfície, em MJ m-2d-1;
G – fluxo de calor no solo, em MJ m-2d-1;
T – temperatura do ar a 2 m de altura, em °C;
U2 – velocidade do vento à altura de 2 m, em m s-1;
es – pressão de saturação de vapor, em kPa;
ea – pressão de vapor atual do ar, em kPa;
(es – ea) - déficit de pressão de vapor, em em kPa;
– declividade da curva de pressão de vapor de saturação, em kPa oC-1; e
- constante psicrométrica, em kPa oC-1.
É necessário destacar que o percolado foi aplicado somente durante 60 dias, em dias
alternados dentro do período experimental de quatro meses, começando após 10 dias do
plantio do capim elefante para evitar problemas na germinação.
Para avaliação das alterações nas características químicas do solo foram retiradas
mensalmente, a cada 30 dias no decorrer do período experimental, amostras do solo para
caracterização do pH água; ferro (Fe), manganês (Mn), cobre (Cu), zinco (Zn), níquel (Ni),
cádmio (Cd) e chumbo (Pb) em mg dm-3 seguindo as recomendações da EMBRAPA
(EMBRAPA, 1997).
34
Estas amostras foram coletadas com auxílio de trato holandês em cada uma das 25
parcelas experimentais, sendo duas amostras simples para formar uma amostra composta para
cada profundidade e para cada parcela, nas camadas do perfil do solo de 0,0 a 0,20 e 0,20 a
0,40 m, sempre próximo aos gotejadores e ao capim elefante; onde em seguida, as amostras
foram armazenadas em sacos plásticos estéreis etiquetados e encaminhadas para análises no
LASAP da UFERSA, campus Mossoró-RN.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
macroporos das camadas superficiais do solo, causando o selamento superficial dos solos que
recebem esses resíduos (MATOS, 2006).
0,3 mg L-1 para o ferro; 0,1 mg L-1 para o manganês; 2,0 mg L-1 para o cobre; 5,0 mg L-1 para
o zinco e 0,005 mg L-1 para o cádmio.
5.1.3 Atributos químicos do solo cultivado com capim elefante irrigado com percolado
de aterro sanitário
De acordo com Malavolta et al. (1997) e Novais et al. (2007), o pH do solo é um dos
atributos que mais influenciam na disponibilidade de nutrientes para as plantas, onde os
valores ótimos de pH oscilam de 6,0 a 6,5. Nesta faixa ocorre a disponibilidade máxima de
macronutrientes, como também se limita a disponibilidade máxima dos micronutrientes, além
de proporcionar uma redução na acidez do solo, a qual é uma das principais limitações da
produção agrícola.
A partir dos dados obtidos no estudo, constatou-se que o pH do solo sofreu efeito
significativo, tanto em relação aos tratamentos aplicados quanto em relação ao tempo de
amostragem, ocorrendo um aumentou linear com relação as doses de percolado de aterro
sanitário aplicadas, e quadrático com relação ao tempo de aplicação, para as profundidade de
0,0 – 0,20 e 0,20 - 0,40 m, como evidenciado nas Figuras 4 e 5.
Notou-se que o tempo onde ocorreu um maior valor de pH foi de 99 e 120 dias,
obtendo valor máximo de pH de 9,4 e 8,5, para as profundidades de 0,0 – 0,20 e 0,20 – 0,40
m, respectivamente.
Comparando com os valores atribuídos pela Comissão de Fertilidade do Solo do
Estado de Minas Gerais (CFSEMG, 1999), observou-se que os valores de pH obtidos no
experimento variaram de 5,9 (no início do tempo de amostragem) à 10,1 (no final do tempo
de amostragem), passando de uma classificação agronômica de bom (5,5 – 6,0) e alto (6,1 –
7,0) para muito alto (> 7,0), com uma alcalinidade muito elevada (>7,8).
Houve um aumento significante do pH do solo, fato atribuído a alcalinidade do
percolado aplicado em conjunto com a adição de cátions trocáveis e ânions presentes no
percolado (STEWART et al., 1990), bem como do efeito acumulativo durante o tempo de
aplicação.
Diversos estudos mostram resultados tanto de aumento quanto de diminuição do pH
do solo, quando aplicado resíduos líquidos de diversas origens e composições, em diferentes
quantidades.
42
Estudos realizado por Ferreira et al. (2003) observaram que ocorreu elevação no pH de
um Argissolo Vermelho Distrófico Típico, quando se aplicou efluentes de curtume e rejeito
carbonífero.
Medeiros et al. (2005) observou aumento do pH do solo quando comparou o manejo
com água residuária de origem doméstica com o manejo com adubação química
convencional.
Silva et al. (2011), ao proceder estudos com aplicação de percolado de aterro sanitário
em Cambissolo Háplico Tb Distrófico Latossólico para cultivo de capim Tifton 85, não
constataram diferenças significativas em relação ao tempo de aplicação nem em relação as
taxas aplicadas no solo.
Já Mantovani et al. (2005), observaram amento do pH do solo, nas camadas de 0,0 –
0,20 e 0,20 – 0,40 m, quando adubado com composto de aterro sanitário no cultivo de alface.
6. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
______. NBR 10004: Resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ALLEN, R. G.; PEREIRA, L. S.; RAES, D.; SMITH, M. Evapotranspiracíon del cultivo,
guías para la determinación de los requerimientos de agua de los cultivos. Roma: FAO,
2006. 298p.
BRASIL. Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de
1998; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.leidireto.com.br/lei-12305.html>
Acesso em: 29 nov. 2014.
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