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Revista Brasileira de Literatura Comparada PDF
Revista Brasileira de Literatura Comparada PDF
BRASILEIRA
DE
Literatura
Comparada
São Paulo
2013
Diretoria Abralic 2012-2013
ABRALIC
CNPJ 91.343.350/0001-06
Universidade Estadual da Paraíba
Central de Integração Acadêmica de Aulas
R. Domitila Cabral de Castro S/N 3º Andar/Sala 326
CEP: 58429-570 - Bairro Universitário (Bodocongó)
Campina Grande PB
E-mail: revista@abralic.org.br
R E V IST A
BRASILEIRA
DE
Literatura
Comparada
ISSN 0103-6963
Rev. Bras. Liter. Comp. São Paulo n.23 p. 1-230 2013
2008 Associação Brasileira de Literatura Comparada
A Revista Brasileira de Literatura Comparada (ISSN- 0103-6963)
é uma publicação semestral da Associação Brasileira de Literatura
Comparada (Abralic), entidade civil de caráter cultural que congrega
professores universitários, pesquisadores e estudiosos de Literatura
Comparada, fundada em Porto Alegre, em 1986.
Editora
Ana Cristina Marinho Lúcio
Comissão editorial Antônio de Pádua Dias da Silva
Diógenes André Vieira Maciel
José Hélder Pinheiro Alves
Revisão
Priscilla Ferreira
Editoração Magno Nicolau (Ideia Editora Ltda.)
ISSN 0103-6963
CDD 809.005
CDU 82.091 (05)
Sumário
Apresentação
Antônio de Pádua Dias da Silva 7
Artigos
Apresentação
Por um comparativismo
do pobre: notas para um
programa de estudos
Alfredo Cesar Melo*
* Universidade Estadual de
Campinas.
1
Tal indistinção chega Se “estudar literatura brasileira é, em boa parte,
a ser uma questão estudar literatura comparada”, como afirmava Antonio
institucionalizada, a ponto
de José Luis Jobim, então
Candido, em 1946, pode-se dizer que a melhor crítica
presidente da Abralic, ter que literária brasileira do século 20 fez justiça ao lema
refletir sobre as razões que elaborado por Candido (2000, p. 213). E fizeram de
levam a Abralic se chamar tal modo que é difícil separar os estudos de literatura
Associação Brasileira de
Literatura Comparada, e não,
brasileira da literatura comparada.1
simplesmente, Associação Essa indistinção é notória, por exemplo, na obra
Brasileira de Literatura mais significativa de Antonio Candido. Como caracterizar
(JOBIM, 2006, p. 95). um livro como Formação da literatura brasileira senão
10 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013
Conclusão
Referências
Literatura comparada:
o regional, o nacional
e o transnacional
Eurídice Figueiredo*
*
Universidade Federal
Fluminense/CNPq.
32 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013
Novas literaturas
O barroco
Do conceito de influência ao de
intertextualidade
Literatura do Commonwealth
Lusofonia?
Língua e linguagem
Temas da ABRALIC
Conclusão
Referências
Referências
Discografia
Videografia
Fotografia
4
Na esteira dessa articulação realidade, mas também desenvolvida pelas linguagens
semiológica einsteiniana, é artísticas desde sempre.4
importante resgatar a visão de
um escritor brasileiro que, nos Sua atividade teórica, concomitante à da criação
anos dez do século XX, chegou de filmes, evoca a pintura de Leonardo da Vinci, El
à conclusão semelhante
sobre a natureza das imagens Greco, Toulouse-Lautrec; a escultura de Bernini e Rodin;
fílmicas em sua relação com bem como o teatro Kabuki, as representações circenses
o olhar do homem. O carioca
João do Rio (1881-1921) via e do music hall, e a música de Debussy e Scriabin, para
o “cinematographo” como aproximar o cinema de outras textualidades. Para refletir
“o arrolador da vida atual,
como a grande história visual sobre a natureza cinemática da relação do sujeito com
do mundo”. Em crônica o mundo, ele invoca ainda a qualidade cinemática na
escrita em 1908 e publicada
como “Introdução” ao livro literatura de Máximo Gorki, Leon Tolstoi, Charles
Cinematógrafo: crônicas cariocas Dickens e James Joyce, além de apontar o componente
(primeira edição impressa em
Portugal como Cinematógrafo, pictórico das “imagens montadas” na formatação dos
Porto, Chardron, 1909), ele
constatava, pioneiramente,
ideogramas chineses e japoneses. Valendo-se de uma
que, “se a vida é um metodologia que evidenciava a prevalência de um “olhar
cinematógrafo colossal,
cada homem tem no crânio cinematográfico sobre o mundo, Eisenstein recorre, ainda,
um cinematógrafo de que aos murais de Orozco, à gravura de Utamaro e ao cubismo
o operador é a imaginação.
Basta fechar os olhos e as de Picasso. Afirma, assim, a essência de um cinema que se
fitas correm no cortical com expressa, como outras linguagens artísticas, pelo “modo
uma velocidade inacreditável.
Tudo quanto o ser humano cinemático de ver o mundo, de estruturar o tempo, de
realizou não passa de uma narrar uma história, ligando uma experiência à seguinte”
reprodução ampliada da
sua própria máquina e das (EISENSTEIN, 1980, p. 8, tradução minha).
necessidades instintivas dessa O termo “cinematismo” (cinématisme) significava
máquina. O cinematógrafo
é uma delas”. Cf. RIO, para ele, então, a ideia de que “existem formas fílmicas
João do, Cinematógrafo: fora do cinematográfico” (1980, p. 9); ou seja, criou o
crônicas cariocas, 2009, p.4-5.
Disponível em: <http://www. neologismo e o empregava para designar um movimento
academia.org.br/antigo/media/ de retroação conceitual e analítica do cinema sobre as
Cinematografo>. Acesso em:
20 set. 2012. artes tradicionalmente consolidadas. Ou, ainda: para
5
Eisenstein chegou a
experimentar a adaptação
o metteur en scène do teatro de vanguarda e cineasta
de obra literária, quando, que também pensou o cinema que praticava – além de
em 1930, em passagem pelos
Estados Unidos, roteirizou fotógrafo, roteirista, cenarista, desenhista e pintor –, o
o romance Uma tragédia mundo apreendido pelo olhar do sujeito, traduzido em
americana (An american
tragedy, Theodore Dreiser, conexão direta, é cinema antes e apesar de o cinema
1925) para os estúdios da ser uma possibilidade de linguagem técnica e estética.
Paramount, filme que não
chegou a dirigir; em 1951, É esse termo cunhado ainda nos anos vinte que dará
o romance foi filmado por título a um livro que ele preparou em vida, mas que só
George Stevens com o título
de A place in the sun (no Brasil, seria editado postumamente, em 1980, com o título de
Um lugar ao sol). Na Rússia, Cinématisme – peinture et cinéma. Ainda que não tenha
trabalhou com o escritor
Isaac Babel no roteiro de O tratado especificamente do tema da tradução de obras
prado de Beijin, em 1935. Cf. literárias para o cinema,5 sua concepção do conjunto
EISENSTEIN, Serguei, 1987,
p. 355. das linguagens como sendo a manifestação de uma
86 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013
Referências
* Universidade Estadual de
Londrina (UEL).
98 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013
Referências
Versão original
“Seven flung down his brush, and had just begun ‘Well,
of all the unjust things — ‘ when his eye chanced to fall
upon Alice, as she stood watching them, and he checked
himself suddenly: the others looked round also, and all
of them bowed low.”
144 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013
Versão condensada
“Suddenly their eyes chanced to fall upon Alice as she
stood watching them.
11
Isto é, não só a partir de um
ludismo centrado na irrupção
de sensações, sob a guarida
do entretenimento, mas,
sobretudo de uma ludicidade
(Figs. 7, 8 e 9) Página de Alice in New York, no responsável por transformações
momento em que o utilizador sacode o iPad para que a Rainha no processo de apreensão
Vermelha se transforme na gata de Alice. (Figs. 10 e 11) idiossincrásica e perceptiva do
utilizador, enriquecendo-o.
Ilustrações de John Tanniel.
Outros
países das Maravilhas para Alice... 151
(Fig. 18) The Wing, de Xooang Choi; tinta óleo sobre resina,
56 x 172 x 46 cm, 2008.
Referências
Aqui estás tu
a lançar alicerces de Cartago,
uma altiva cidade que será
bela também, que tu assim constróis
como se fosses só um bom marido
quando afinal és príncipe esquecido
do reino seu e de altaneiros fados.
O próprio rei dos deuses me enviou,
ele que faz girar o céu e a terra,
de seu ilustre Olimpo me mandou
para através dos ventos te lembrar
que não deves passar tempo ocioso
neste país da Líbia que não pode
a ti fazer raiar uma esperança.
Se não te move a ti alto destino
Amor
e morte em Dido, a Rainha de Cartago... 179
Referências
Palavras iniciais
I.
Ao redigir estas “palavras iniciais”, duas preocupações
teóricas, e próprias do comparatista, soaram, desde o
início, inquietantes, e, pior, parecem ter-se justificado até
o final deste artigo, que, por isso mesmo, necessitam já da
sua explicitação antes que avancemos na discussão e/ou
desenvolvimento das ideias que se formularão em torno
do propósito de refletir sobre a literatura comparada hoje.
A primeira das preocupações já se antepunha na redação
propriamente dita dessas “palavras inicias”, ou seja,
procurar materializar, na desafiadora acepção de vocalizar
algo ou alguma coisa, neste caso o “rótulo” e a capacidade
plástica da literatura comparada enquanto método de
trabalho que, se, por um lado, é depositária de uma
tradicional prática de estudos no campo da literatura, por
outro lado, trata-se, ao mesmo tempo, de uma disciplina e
de um campo de estudos que têm, de maneira vocacional,
1
Estas “palavras iniciais” são assumido o mais complexo espectro de transformações,
o corpo do resumo de nossa mutações e reformulações, desde as suas primeiras práticas
intervenção, através do projeto
“Percurso de uma disciplina: e textos fundadores, com exclusivos efeitos deletérios
Literatura Comparada Ontem nas últimas décadas, fruto do quadro mais geral e da
e Hoje”, que foi submetido
ao Projeto coletivo intitulado insurgência de novos e reposicionados objetos de estudo,
“Plano de Trabalho do GT mormente resultantes da globalização cultural e das mídias
de Literatura Comparada da
ANPOLL, julho 2012/julho
em geral. Neste nível, não só o livro, as condições de leitura,
2014”, particularmente para a conceitualização e a função da literatura acederam a
o Encontro ENANPOLL
2013, realizado no período de
outros “lugares” inesperados e de inusitadas experiências
28 a 30 de Agosto de 2013, de fruição, ou seja, as práticas culturais mudaram de lugar,
sob os auspícios da UFSC/ mas, também, e talvez em consequência, a própria ideia de
Florianópolis.
192 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013
II.
A segunda preocupação que queremos assinalar,
e que já está implicitamente envolvida na primeira, é
resultante do fato de termos evocado a palavra “disciplina”,
ainda mais uma vez em nosso exercício de metalinguagem,
na tentativa de responder a eterna pergunta “O que É
Literatura Comparada?”,1 logo após o amplo e histórico
debate sobre a “crise da literatura comparada”2 e a
radicalização desta crise, hoje tornada aporética, segundo
outro recente livro de Gayatri Spivak, Death of a Discipline.3
Diante desta preocupação, confrontados com o vaticínio
da morte e da dilacerante condição de refletir hoje sobre a
natureza e função da literatura comparada, o que de alguma
forma nos fora legado por forte tradição humanística,
baseada numa grade esquemática das disciplinas e bem 1
Trata-se do famoso
ensaio “O que É Literatura
caracterizadas pela visão realista-naturalista cartesiana Comparada?”, de Steiner,
da realidade, à la século XIX, portanto, queremos, nos proferido como Aula Inaugural
na Universidade de Oxford,
próximos subitens/parágrafos deste texto, pontuar alguns em 1994.
aspectos que parecem substantivos enquanto linhas de 2
Cf. Wellek, René. “A crise da
literatura comparada”, 1994.
força (campo de pesquisa) e imprescindíveis quando 3
“A literatura comparada
voltamos, hoje, à rediscussão do lugar e função da literatura está morta.” Eis a frase que
inicia a alentada discussão
comparada nos processos de integração cultural. da ensaísta brasileira Rita
Schmidt, ao confrontar o livro
III. de Gayatri Spivak (2003) com
a ideia de que “A literatura
O aludido fórum de discussão do GT de Literatura comparada ainda está por vir.”
Comparada, dentro do ENANPOLL 2013, refletia, a Cf. SCHMIDT. “Alteridade
planetária: a reinvenção da
partir da convocatória de sua proposta, um ambiente literatura comparada”, p.
bastante familiar ao grande número de comparatistas 113-129.
4
Nossa participação na
brasileiros que integramos este Grupo há pelo menos duas linha “Limiares Críticos”,
décadas.4 De um modo geral, as discussões e papers ali coordenada por Tania
Carvalhal, deu-se a partir
gerados e publicados, frequentemente de modo coletivo, do “Encontro em Salvador”,
têm se voltado para a potência e validação das diversas conforme divulgou o
Informativo/ANPOLL nº 5,
formas de abordagens e metodologias em literatura out. 1997.
Literatura
comparada ainda: facetas e eclipses disciplinários 193
IV.
De fato, ainda hoje se sublinha, digamos “assinala-
se”, o vigor prospectivo da palavra disciplina, na medida
em que sua circunscrição semântica resulta e ganha
ressemantizações, aliás, como todo seu escopo teórico-
crítico também ganhou ressignificações operadoras, como
se numa necessária atualização do aparato crítico que,
assim, se remodela em função das démarches implicadas seja
na historicidade ou nas textualidades contemporâneas.
Assim, a ideia que interessa repercutir provém da
retomada de certo modo de pôr-em-relação (“relacionar”
já detém lugar de cidadania como terminologia e lugar
axiomático do comparatista) os objetos de conhecimento
segundo perspectivas ou scripts de análise “assinaladas”,
ou, também “assinadas”, pela prática comparatista. Com
isto, queremos dizer, seguindo a reflexão de Giorgio
Agamben, em Signatura rerum – Sobre el método (2009), que
a referência mesma à palavra-signo “disciplina”, remissão e
retomada de sua tradução espanhola, “asignatura”, vem ao
encontro, na reflexão do filósofo, da ideia-signo-referência
de “assinatura”, sinalizando, por assim dizer, o horizonte
significativo do campo disciplinar e consequentemente
194 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013
V.
Em recente publicação, o comparatista Edgar
Nolasco (2011), apoiando-se em vigorosa bibliografia,
elaborou exaustivo levantamento dos conceitos
disciplinares da literatura comparada, sobretudo a dos
autores reunidos no livro Literatura comparada: textos
fundadores, organizada pelos comparatistas brasileiros
Eduardo F. Coutinho e Tania Franco Carvalhal. E em
“Conceitos indisciplinados”, subcapítulo de “O que é,
afinal, Literatura Comparada?”, pudemos contabilizar,
apenas nesta publicação, vinte e três possíveis articulações
que, ou abordam o rótulo da disciplina ou reelaboram
intrincadas metalinguagens acerca de sua prática e/ou
metodologia, às vezes entrecruzando ambas as perspectivas,
grosso modo. De uma forma ou de outra, a presença desses
autores em um livro de “textos fundadores” não deixa de
sugerir a construção de um paradigma próprio do campo
8
As citações no texto de da literatura comparada. É de grande produtividade ler
Agamben são de um dos livros os ensaios dos consagrados autores, nossos conhecidos:
do “tratado” de Paracelso. Que
assim explica o objetivo do Hutcheson Macaulay Posnett, Joseph Texte, Louis Paul
livro: “Si en este libro se trata Betz, Benedetto Crocce, Fernand Baldensperger, Paul
de filosofar de signatura rerum,
entonces sería ante todo útil y Van Tieghem, Marius-Fraçois Guyard, René Wellek,
conveniente precisar de dónde Robert Escarpit, Claudio Guillén, Henry H. H. Remak,
derivan los signata, cuál es su
signator y cuántos existen”.
René Etiemble, Vitor M. Zhirmunsky, Claude Pichois &
(apud Agamben, 2009, p. André M. Rousseau, Simon Jeune, Jan Brandt Corstius,
48). Em rodapé, a nota do
tradutor: “Signata: las marcas
A. Owen Aldridge, Werner Friederich, Harry Levin, S. S.
de las cosas, serían los signos. Prawer, Ulrich Weisstein e François Jost. E, ampliando a
Signator: el signador, el que lista, o comparatista René Wellek aparece com dois textos
marca”. (Ibidem, p. 48)
196 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013
VI.
Entrementes, os aspectos que vimos alinhavando
– se não na tentativa de esboçar uma possível e criativa
formulação do exercício de comparar, enquanto operação
ainda validada para os dias de hoje, porém mais consciente
do caráter provisório, de autofagia contumaz de nossa
capacidade de reinventar “saberes” e modos de saber –, é
hora de evocar o prefixo “pós”, de “pós-modernidade”, que,
em sua forte rentabilidade sustentou outros, tais como:
pós-crítica, pós-teorias, pós-autônoma, que, se referindo
ao lugar (ou condição?) da “literatura” hoje, terminou por
reposicionar esse objeto, a literatura, sob uma perspectiva
198 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013
VII.
Interfaces, transições: faces sígnicas do conhe-
cimento. Ou, como nos ensinam as epistemologias do
nosso tempo, todo conhecimento passa a residir na
articulação dos suportes, no agenciamento das interfaces;
se os mais diversos agenciamentos compósitos podem
interfacear – tradução, transformação, passagem, o que
é da ordem da interface – é porque todo conhecimento
reside na articulação dos suportes, na arquitetura da rede.
Com efeito, está-se no campo de uma operação cognitiva,
que ilustramos com o comparatismo em suas multifaces,
em que a capacidade de “relacionar” compartilha com
a de “articulação”, talvez o ponto cego de um trompe-
l’oeil raramente perspectivado, no qual o conhecimento
resultaria da capacidade de articulação dos saberes e de
igual competência para proporcionar o diálogo entre os
métodos de abordagem segundo a natureza da questão levantada
pelo investigador (Machado; Pageaux, 1988, p. 17). Assim,
todas as formas e práticas possíveis do que chamamos
literatura comparada e produção do conhecimento decorreriam
de um indecidível que constitui a seleção e o olhar de cada
investigador/observador, segundo a ardilosa arquitetura
com que cada um entra e sai de Babel. Se retomarmos
a clássica conceituação que começava por ensinar que “A
literatura comparada é arte metódica” (BRUNEL, 1995, p.
139), hoje, essa analogia só pode ser produtiva em sentidos
quando “a ‘arte’, como toda a ‘Arte’, é a do trompe-l’oeil...”:
X.
À guisa de conclusão, são decisivas as enfáticas
palavras do comparatista Henri--Pageaux (2011) ao postular
“por um novo humanismo”, o qual não se confundiria
com a ideia de herança, de patrimônio, ou, ainda, com a
mistura de saber e ética que servira para defender e ilustrar
“com força e nobreza, uma certa ideia do homem”; nem
se confundiria com a erudição ou o ideal enciclopédico ou
de cultura geral que formataram nossa história das ideias:
“O humanismo comparatista no qual estou pensando
Literatura
comparada ainda: facetas e eclipses disciplinários 205
Referências
* Professora do PPG-Letras da
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Professora do
Mestrado em Memória Social e Le transculturel pénètre ainsi les écrits par tous leurs
Bens Culturais do Unilasalle/
Canoas e bolsista PQ/CNPq.
pores car il ouvre non seulement à des savoirs établis
1
O transcultural penetra, mais aussi à des savoirs en gestation, à une ignorance
desta forma, os escritos por positive (IMBERT, 2012b, p. 16).1
todos os seus poros, pois ele
abre não apenas para saberes
estabelecidos, mas também
para saberes em gestação, a
uma ignorância positiva.
212 Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.23, 2013
Introdução
Literaturas transnacionais
Braconagens
Littérature-monde (global)
Concluindo
Referências
Pareceristas ad hoc
Normas da revista
-
Resumo – a palavra Resumo em corpo 10, negrito, itálico
e maiúsculas, duas linhas abaixo do nome do autor, seguida
de dois pontos. O texto-resumo deverá ser apresentado
em itálico, corpo 10, com recuo de dois centímetros de
margem direita e esquerda. O resumo deve ter no mínimo
3 linhas e no máximo 10;
- Palavras-chave – dar um espaço em branco após o re-
sumo e alinhar com as mesmas margens. Corpo de texto
10. A expressão palavras-chave deverá estar em negrito,
itálico e maiúsculas, seguida de dois pontos. Máximo: 5
palavras-chave;
-
Abstract – mesmas observações sobre o Resumo;
- Keywords – mesmas observações sobre as palavras-
chave;
- Texto – em Times New Roman, corpo 12. Espaçamento
simples entre linhas e parágrafos. Usar espaçamento duplo
entre o corpo do texto e subitens, ilustrações e tabelas,
quando houver;
-
Parágrafos – usar adentramento 1 (um);
-
Subtítulos – sem adentramento, em negrito, só com a
primeira letra em maiúscula, sem numeração;
- Tabelas e ilustrações (fotografias, desenhos, gráficos
etc.) – devem vir prontas para serem impressas, dentro do
padrão geral do texto e no espaço a elas destinados pelo
autor;
-
Notas – devem aparecer ao pé da página, numeradas de
acordo com a ordem de aparecimento. Corpo 10.
- Ênfase ou destaque no corpo do texto – negrito. Palavras
em língua estrangeira – itálico.
-
Citações de até três linhas vêm entre aspas (sem itálico),
seguidas das seguintes informações entre parênteses: so-
brenome do autor (só a primeira letra em maiúscula), ano
de publicação e página(s). Com mais de 3 linhas, vêm com
recuo de 4 cm na margem esquerda, corpo menor (fonte
11), sem aspas, sem itálico e também seguidas do sobre-
Normas
da revista 227
• Artigo de jornal
TEIXEIRA, I. Gramática do louvor. Folha de S.Paulo, São
Paulo, 8 abr. 2000. Jornal de Resenhas, p. 4.
• Trabalho publicado em anais
CARVALHAL, T. F. A intermediação da memória: Otto Ma-
ria Carpeaux. In: II CONGRESSO ABRALIC – Literatura e
Memória Cultural, 1990. Anais... Belo Horizonte. p. 85-95.
• Publicação on-line – Internet
FINAZZI-AGRÒ, Ettore. O comum e o disperso: história (e
geografia) literária na Itália contemporânea. Alea: Estudos
Neolatinos, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, jan./jun. 2008. Dis-
ponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid= S1517-
106X2008000100005&script=sci_arttext>. Acesso em: 6
fev. 2009.