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O EFEITO LÚCIFER: POR QUE É QUE BOAS PESSOAS,

POR VEZES, FAZEM COISAS MUITO MÁS?


O psicólogo americano Philip Zimbardo realizou no ano 1971 um
experimento curioso. Selecionou de mais de 200 candidatos apenas 12
jovens com um perfil psicológico saudável e com desempenho social
acima de qualquer suspeita.

Seis dos jovens seriam os carcereiros e os outros seis seriam os


prisioneiros e deveriam tratar-se como tal. O experimento que deveria ser
realizado em duas semanas teve que ser interrompido em seis dias. O
motivo foi simples: os jovens carcereiros já estavam -submetendo os
jovens prisioneiros a pequenos atos de submissão, humilhação e tortura.

Graças a essa análise Zimbardo desenvolveu uma teoria que ele chamou
de EFEITO LÚCIFER.

Baseou seu raciocínio no mito do anjo preferido de Deus que sucumbiu


ao orgulho, tentou tomar o posto do altíssimo e por isso foi expulso do
céu e condenado ao inferno.

O psicólogo – professor da Universidade de Stanford – notou que


pessoas ditas “normais” podem realizar ações maldosas, sob certas
circunstâncias, como qualquer pessoa considerada criminosa.

Ele afirma que as pessoas fazem o mal justificadas por uma razão
distorcida que favorece os próprios motivos em desfavor dos outros.

Realizamos o mal em busca de exercer poder sobre os outros, afirma


Zimbardo.

Ele diz que a pessoa comum vai trilhando sete passos em direção ao
mal:

1 – Negligenciando a capacidade de fazer o mal, o primeiro pequeno


passo

Ex: “afinal, que mal tem?”

2 – Desumanização dos outros

Ex: “ele bem que merecia!”


3 – Autopreservação no anonimato

Ex: “todo mundo faz, qual o problema?”


4 – Difusão de responsabilidade pessoal por meio de um grupo ou
justificativa racional

Ex: “várias pessoas já me disseram que não tem problema, realmente


não tem problema!”

5 – Obediência cega à autoridade

Ex: “todo mundo fez, eu fiz também!”

6 – Falta de crítica a conformidade com normas grupo

Ex: “realmente não acho que tem problema!”

7 – Tolerância passiva do mal através da inação ou indiferença

Ex: “eu não estou nem aí para esse tipo de gente!”

Segundo ele, esse é a escalada da pessoa em direção ao mal.


Essa teoria vai completamente ao encontro da ideia da sombra. A
sombra é sempre um aspecto rejeitado e julgado de nossa personalidade
como algo mal, desprezível e condenável.

Você agrediria uma pessoa querida?

A resposta imediata seria não.

Mas diante de uma justificativa como abandono, traição e menosprezo


você poderia se resguardar moralmente por meio de motivos pessoais a
tal agressão “fiz isso porque fulano mereceu!” Aí está aberta a primeira
concessão para o chamado mal. Ninguém escapa do Efeito Lúcifer. Pode
ser a melhor pessoa do mundo, ninguém escapa...

O que você pensa que poderia fazer de mal em nome de um bom


motivo?

* Fonte: ZIMBARDO, Philip G. O Efeito Lúcifer, Rio de Janeiro, Ed.


Record, 2012, 756p.

* Philip G. Zimbardo é Professor Emérito de Psicologia na Universidade


Stanford na California (USA), por duas vezes foi presidente da
Associação de Psicologia Americana (APA).

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