RESENHA CRÍTICA ACERCA DO TEXTO “O GESTO E O SOM” DE CARLOS KAMINSKY

No início do texto o autor assegura-se informar sobre o estudo da cinésica (ou estudo da
interpretação de gestos e expressões corporais em comunicação) para as áreas de arte e
comunicação, em especial a sub-área de produção musical/regência. É tentado, também, estabelecer
uma interrelação entre o gesto e o desenvolvimento sonoro de acordo com a sua captação. De modo
progressivo, o autor sugere um estudo mais aprofundado da função gestual e do movimento nas
outras áreas correlacionadas à arte e à comunicação.
Os processos de investigação do sistema que formaria então a coordenação do gestos
implicam a inserção de um novo termo que registraria as subdivisões presentes no movimento como
um todo: o gestuema. A prática desta análise possibilita determinar uma postura ou velocidades
específicas empregadas em frases musicais, assim como seu período.
O autor estabelece então duas principais perspectivas: a composição gestual direta em
códigos pré-estabelecidos e a percepção destes preceitos para a concepção sonora (decodificação).
O mais interessante desta passagem encontra-se na exemplificação da importância da regência
musical através da comparação entre um concerto ao vivo e uma gravação deste mesmo concerto.
Sob o ponto de vista do espectador, seja do próprio concerto ou o ouvinte da gravação, é exercido
um vínculo entre estes e o regente. O espectador presente na sala de concerto é impactado através
do gestual do regente e responde cinesicamente, justo aos músicos da orquestra, a esses estímulos.
Já no segundo indivíduo, ouvinte da gravação, esta relação assume outro significado emocional por
sua trajetória indireta; a música ouvida e sentida é assimilada como produto do gesto do regente. A
percepção é então concentrada a uma única fonte que é o som propriamente reproduzido.
Após a introdução da análise gestual e apresentação desta como campo de pesquisa
científica o nosso autor ajusta o texto a um novo sentido da prática à tal análise do movimento. A
partir de relato de experiência ele estabelece uma antítese ao sistema tradicional de investigação da
gestualidade mesmo após apresentar sua forma técnica tradicional que visa, segundo ele, apenas o
sentido de comunicação do maestro. Desde então é-se iniciado o propósito primordial de seu estudo
que é baseado na expressão artística/emocional do aluno.
A ideia trazida é alicerçada à consciência corporal e ao fato de o autor não ter-se
comprazido ou encontrado mais literaturas que tratassem tecnicamente e diretamente sobre o tema
proposto apurada, também, à sua limitação lingüística.
O gesto é definido como resultado da dispersão de tensão emocional humana e relacionado
à cultura onde o indivíduo encontra-se inserido. A técnica utilizada pelo viés tradicional em
conjunto com a autoconsciência corporal implicariam em resultados mais expressivos e melhor
assimilados pela fonte receptora. Entretanto, o autor defende que a criatividade individual na
execução do gestual é essencial para a expressão artística ao afirmar sobre a linguagem dos gestos
como sendo padronizada, porém fluída.
A psicologia é utilizada para explicar a respeito dos bloqueios eventuais que o indivíduo
pode desenvolver ao longo de sua vida e que o levariam à limitação de seus movimentos e sua
criatividade. Logo o estudo incentiva o estudante de regência a refletir sobre sua experiência e
eventos particulares de sua vida.
Ao findar do texto o autor apresenta um método de preparação do estudo prático da
regência.