Entrevista com Feliximidio Makombo: O percurso ate o ensino superior.
Apresentação: O Makombo éum Jovem de 20 anos de idade, a frequentar o ensino
superior, apesar das dificuldades diversificadas que todo estudante enfrenta, este é o segundo ano dele na Universidade Eduardo Mondlane, cursando Engenharia Mecânica. SM: Bom, pra começar eu sou Sandra Marta, quero agradecer por se disponibilizar a realizar esta entrevista. Digamos que, geralmente durante o processo que nos leva ate o ensino superior, que envolve o primeiro e o segundo graus (5ª e 7ª Classe), e depois os níveis básico e medio (10ª e 12ª Classe) do ensino geral, temos tido experiencias que variam de aluno pra aluno, alguns começaram a ler no segundo grau e alguns logo no início da 1ª classe e por ai, pode partilhar essa experiencia? FM: É verdade são tantas experiencias que a gente tem que surgiram no decorrer do aprendizado. Bom, quero agradecer esta oportunidade, de poder partilhar a minha experiencia de vida como estudante e assim incentivar ou inspirar outros que vem pelo mesmo caminho. Quanto ao meu desempenho na escola primaria, posso dizer que os obstáculos pra mim nunca foram dos piores, entrei na primeira classe graças a Deus tive uma boa professora, e de imediato comecei a ler, em matemática também tive bom desempenho, e assim fui caminhando ate a 7ª Classe, entrei na escola secundaria dei me bem também ate concluir a 10ª, e o mesmo aconteceu no ensino medio. SM: Pelos vistos, logo que arrancou nunca mais parou ate concluir o ensino medio. Será que esta dedicação que teve durante esses anos ate concluir o ensino medio, teve alguma influência dos encarregados de educação e a família em geral? FM: A família teve sim um papel importante nisso, para além de incentivar a nunca desistir dos estudos, eu tinha em quem mi espelhar ou seguir os passos, lembro que quando eu fazia a 6ª classe meus tios já estavam frequentando o ensino superior, então eu também traçava o meu caminho tentando alcançar as mesmas metas que eles, naquela mesma época eu já tinha em mente a ideia de um dia frequentar o ensino superior, isso porque via os outros e queria um dia chegar la, mas isso não quer dizer que se não tivesse um espelho como eles foram não chegaria, talvez chegaria, mas quem sabe teria tido a ideia muito mais tarde, não sei e mi entende. SM: Entendo perfeitamente, ate porque são muitos os casos de pessoas que foram as primeiras em suas famílias a frequentar o ensino superior, geralmente tem se espelhado em outras pessoas como amigos, vizinhos e conhecidos em geral, mas pra você foi fácil porque tinha exemplos em casa. Então, quando é que teve a ideia de cursar Engenharia Mecânica, e em que se baseou essa ideia? FM: Bom, tudo começou quando eu fazia a 9ª classe, eu tinha domínio das duas vertentes das disciplinas (letras e ciências), mas gostava das ciências e tinha domínio de desenho também, então um dia o meu professor de matemática, em conversa com a turma ele perguntou se a gente já sabia que grupo iriamos fazer no ensino medio, discutiu se sobre o assunto, quando ele percebeu que não entendíamos bem os objetivos que estavam no final de cada grupo, ele começou a explicar o que cada um poderia se tornar seguindo este ou aquele grupo, foi ai que fiquei sabendo que o grupo c, era especifico para a área das engenharias, e gostei da ideia, e comecei a sonhar. Eu adorava reparar coisas eletrónicas, um dia minha mãe fez mi perceber que tinha uma inclinação à eletrónica, então deu mi a ideia de cursar engenharia eletrónica um dia, e assim foi, fiz a 12ª já ciente do que ia seguir no ensino superior. Concorri infelizmente não consegui entrar para o curso que pretendia em primeira opção, mas tinha como segunda, a engenharia mecânica, e fui parar la. SM: É história e tanto. E como é que a família encarou esta situação, em que precisavas se mudar e tudo mais. FM: Eu não era o primeira em casa a admitir numa universidade, e ja era esperado que um dia eu também pudesse entrar, mas como toda a boa informação sempre alegra o coração, todo mundo em casa ficou feliz, acabava de fazer a 12ª e em seguida consegui entrar numa universidade pública. SM: Pois, quem não ficaria. E quais são os desafios que enfrenta agora como estudante numa universidade pública, ou que tenha enfrentado pra chegar la. FM: Bom, não é tudo fácil todos sabem, precisei mi esforçar bastante pra poder admitir, eu e mais outros colegas estudamos durante meses, o ultimo ano do ensino medio esteve cheio de desafios pois tínhamos o exame da 12ª e logo depois o exame de admissão, então foi preciso muita dedicação, aconselho desde já a quem planeja concorrer, que comece a se preparar isso muito importante, tudo vai depender desse esforço. Depois que admiti, os desafios eram outros, depois que mi mudei as coisas ficaram apertadas pois fui viver no aluguel, tive que passar a saber muito bem gerir o tempo, vivia sozinho e passava muito tempo na escola, mas também precisava cozinhar e tudo mais. Então tive que aprender a lidar com essa nova realidade, é uma coisa que no final todo mundo consegue cedo ou tarde, mas é complicada. SM: Entao em linhas gerais podemos dizer que é possível pra todos, chegar la, desde que esforce nesse sentido certo? FM: É isso mesmo, e olha que eu venho de uma família necessitada, em termos financeiros eu sou carenciado, tenho uma bolsa de estudo que mi ajuda a pagar os estudos e o alojamento, mas mesmo que não tivesse, a universidade publica da pra ariscar, não muito investimento comparado a privada, em vez de mensalidades, nos apenas pagamos as propinas a cada fim do semestre e matricula que em ambos casos paga se uma vez ao ano. O requisito mais importante é conseguir admitir e depois de isso continuar se dedicando ate o final do curso porque no meio há desafios também. SM: É verdade. Alguns recuam por que não sabem ao certo sobre essa questão das matriculas e propinas. Então, de forma resumida que passos devo seguir caso eu sonhe em frequentar o ensino superior? FM: Primeiro é preciso estar qualificada pra tal, essa qualificação começou desde o primeiro dia que entrou numa sala de aulas, ate o termino do ensino medio, mas durate o percurso precisa entender as suas inclinações, isso é o que vai ajudar a decidir o que pretende ser no final, se quer ser medico, no mínimo precisa ter domínio de ciências e por ai, chegado no ensino medio vai saber que grupo seguir consoante o seu sonho, e feito o nível medio, já estará qualificada a seguir o seu sonho, isso é valido pra todos. SM: Muito obrigado Makombo, posso dizer que foi uma aula, (Risos), espero que daque a três anos voltemos a nos encontrar enquanto já e engenheiro. FM: (Risos), Estou agradecido também, vou mi esforçar nesse sentido. SM: Ótimo.