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AUMENTA-NOS A FÉ

“Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender,
perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo:
Arrependo-me; perdoa-lhe. Disseram então os apóstolos ao Senhor: Acrescenta-nos a fé.
Lucas 17:3-5

INTRODUÇÃO
A doutrina do perdão é um dos grandes pilares dos ensinos do Novo Testamento. Não é possível
ser verdadeiro imitador de Cristo sem o exercício do perdão. Jesus não apenas perdoou como
também ensinou o perdão, seja por parábolas, seja por ensinos diretos. O perdão vence os
sentimentos de ira e vingança e estabelece a paz entre Deus e o homem e entre o homem e o
seu próximo.

O QUE É O PERDÃO
O vocabulário para “perdão” nas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos é variado e rico. No
hebraico, salach, designa a ação misericordiosa de Deus mediante a qual Ele perdoa, desculpa
e livra o pecador da culpa e do castigo advindos pela transgressão (Gn 18.26; Lv 4.20; Nm 14.19;
15.25; Sl 25.18; 32.1,5; 85.2; Rm 4.6-8). No grego, aphiemi, quer dizer “soltar”, “cancelar”, “remir” e
“perdoar” e aparece nos Evangelhos referindo-se ao perdão dos pecados (Mt 26.28; Mc 2.5; Lc
7.47), de dívidas (Mt 6.12) e “ofensas” (Mc 11.25). Significa a liberação ou cancelamento de uma
obrigação e foi algumas vezes usada no sentido de perdoar um débito financeiro.
O perdão de Deus:
- Perdão completo, não parcial. Ele perdoa a todas as iniquidades (Salmos 103:3).
- Perdão imediato, não tardio. Ele é pronto em perdoar e abundante (Salmos 86:5).
- Perdão com alegria, não de mau-humor. Ele tem prazer (Miquéias 7:18).
- Perdão definitivo, não guarda rancor. Ele esquece dos pecados (Isaías 43:25; Jr 31.34; Is 1.18)
- Perdão grande, não pequeno. Ele é grandioso em perdoar (Isaías 55.7; Ne 9.17).

NOS ATOS E ENSINOS DE JESUS


O perdão foi ensinado (Mt 6.9-15; 18.25-35; Lc 7.36-50; 15.11-32) e praticado por Jesus (Mt 9.6; Lc
23.34, 39-42). A pregação das Boas-Novas era o anúncio do perdão irrestrito ao pecador penitente
(Mt 1.21; Mc 10.45). Incluía desde o cancelamento do efeito do pecado cometido (Mc 2.5; Jo
8.11) à aceitação graciosa do pecador à comunhão com Deus (Lc 15.20-24). A morte de Jesus
Cristo no Calvário cumpria assim a oferta escatológica do perdão anunciada pelos profetas (Jr
31.34; 33.8 ver Lc 1.76-79; 4.18,19).

NOS ENSINOS DAS EPÍSTOLAS


O perdão nas epístolas aparece no contexto da doutrina da justificação e da graça divina (Rm
3.21-26; 5.1,2,6-11). A pessoa não é tão somente perdoada dos pecados e livre da culpa, mas
liberta completamente do poder do pecado sobre ela. O perdão promove a reconciliação do
homem com Deus (Rm 5.10,11; 2Co 5.18-21) e faz com que o pecador participe da justiça de Cristo
em Deus (Rm 3.21-28; 8.1; 9.30; 1Co 1.30,31). Paulo explana muito bem sobre o perdão em suas
epístolas e nos esclarece que o perdão é o ato no qual o ofendido livra o ofensor do pecado,
liberta-o da culpa pelo pecado. Este é o sentido pelo qual Deus “esquece” quando perdoa (Hb
8.12)
O QUE NÃO É PERDÃO
NÃO É FRAQUEZA E COVARDIA.
Na perspectiva da filosofia existencialista anticristã, o perdão é visto tanto como fraqueza quanto
covardia, e uma forma de corrupção e domesticação da natureza do homem por meio da moral
cristã. O filósofo ateu F. Nietzsche entendia os ensinos de Jesus e a ética cristã deste modo. Para
ele, o perdão ensinado por Jesus representava fraqueza e uma maneira de comprar a Deus. Ele
afirmava que “o homem perde poder quando se compadece”.
A Bíblia ensina que o direito de vingança pertence ao Senhor (Rm 12.17-21). O perdão, contudo,
não é simplesmente uma recusa a tirar vingança. Algumas vezes a pessoa ofendida abstém-se de
responder ao mal com o mal, mas não está querendo libertar o pecador de sua condição de
transgressor mesmo quando o pecador se arrepende. A pessoa contra quem se pecou pode
querer usar o pecado como um cacete para castigar o pecador, mencionando-o de vez em
quando para vergonha do pecador. Se perdôo meu irmão, tenho que "esquecer" seu pecado no
sentido que não mais o atribuo a ele. Ao contrário do pensamento Nietzschiano, exercitar perdão
é o maior ato de nobreza, desde que, entendamos que o perdão não significa a remoção das
consequências temporais. O homem que assassina outro pode arrepender-se e procurar o perdão,
mas ainda assim sofrerá o castigo temporal da lei humana. Mesmo se perdoado, pode ter que
passar o resto de sua vida na prisão. O perdão remove as consequências eternas do pecado!]

NÃO É TOLERÂNCIA AO ERRO


Outro pensamento equivocado a respeito do perdão é considerá-lo como tolerância ao erro.
Aquele que perdoa estaria deste modo sendo conivente com o erro, o mal, ou pecado. Assim,
tolerar é compreendido como “consentimento” ou “permissão”. Todavia, tolerância é suportar o
peso do erro de alguém em vez de concordar ou consentir com o pecado. Quem perdoa não é
conivente com o erro que lhe foi cometido, mas suporta a ofensa e a perdoa.

NÃO É ANULAR A JUSTIÇA (LC 23.39-43).


O perdão de modo algum anula o exercício ou prática da justiça (Dt 16.19). Justiça é dar a cada
um o que lhe é devido (v.41). Está relacionada à ação (Jo 7.24). O perdão reconhece que a
injustiça foi cometida, mas opera para além dela. É uma dádiva. Na morte de Jesus, entretanto,
temos a satisfação da justiça de Deus e a ministração do perdão divino (Rm 1.17; 3.21-31 ver Mt
21.28-32). Assim, o perdão e a justiça podem atuar conjuntamente. No caso do ladrão na cruz, a
justiça veio primeiro e, depois, o perdão (Lc 23.39-43). O perdão opera na esfera do sentimento e
da subjetividade, a justiça, no entanto, é concreta e objetiva.
Pense! Jesus ensinou que a justiça divina é distributiva e misericordiosa (Mt 20.1-16).

PERDÃO – UMA DECISÃO, UMA ATITUDE DE FÉ.

Perdoar muitas vezes é abrir mão do direito de resposta, é assumir o “prejuízo”. Perdão não é um
sentimento, e não pode ser confundido com remórcio. Perdão é um mandamento, uma decisão,
uma atitude de fé. A falta de perdão é resultado de uma ira mal resolvida, abrindo a porta de
entrada para a amargura que por sua vez escancara o coração contaminando a alma e
destruindo sentimentos e relacionamentos.
Perdoar não é esquecer, perdoar é oferecer uma folha em branco ao ofensor e permitir que
junto com a graça de Deus uma nova história seja escrita.
Quando perdoamos, parecemos com Deus, porque perdoar é amar e Deus é amor.
Quais os benefícios em perdoar?
• Conseguimos enxergar Deus de um modo diferente. Atraímos sobre nós a bênção do Senhor.
(Colossensses 3;13)
• Abrimos nosso coração, libertamos da prisão, da amargura e estamos prontos para sermos
restaurados.
• Conseguimos experimentar a verdadeira alegria e paz. Estamos liberados para viver os
relacionamentos que Deus deseja para nós.
• Abrimos a porta para o amor e recuperamos a imagem de Deus em nós. Estamos livres do
fardo e da acusação do diabo.

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