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WILLIAM MACDONALD

O CÉU

EBOOK 1ª EDIÇÃO - 2015


Traduzido do original em inglês: Heaven. - Everyday Publications Inc. Ontário - Canadá. ISBN 978-08-8873-714-4
Tradução: Rebeca Inke Lima
Revisão: Sérgio Homeni, Ione Haake, Celia Korzanowski, Arthur Reinke
Edição: Arthur Reinke
Capa e Layout: Roberto Reinke
Passagens da Escritura segundo a versão Almeida Revisada e Atualizada SBB (ARA), exceto quando indicado em contrário: Nova Versão Internacional (NVI),
Almeida Corrigida e Revisada Fiel (ACF), Almeida Revista e Corrigida (ARC) ou NTLH – Nova Tradução na Linguagem de Hoje.
Todos os direitos reservados para os países de língua portuguesa.
Copyright © 2015 Actual
Ebook ISBN - 978-85-7720-122-8
R. Erechim, 978 – B. Nonoai
90830-000 – PORTO ALEGRE – RS/Brasil
Fones (51) 3241-5050 e 0300 789.5152
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Esta é uma edição ampliada do livro Heaven: Himself, Home, Holiness, Happiness, Hallelujah [“Céu: O Próprio Céu, Lar,
Santidade, Felicidade, Aleluia”, em tradução livre], publicado em inglês pela Everyday Publications.
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 - COMO SERÁ O CÉU?


CAPÍTULO 2 - A ESTRADA PARA DEUS
CAPÍTULO 3 - AS REGIÕES CELESTIAIS
CAPÍTULO 4 - MORTE OU ARREBATAMENTO
CAPÍTULO 5 - O REI EM SUA BELEZA
CAPÍTULO 6 - OUTROS MORADORES
CAPÍTULO 7 - ENTRADA PROIBIDA
CAPÍTULO 8 - O MILAGRE PRINCIPAL
CAPÍTULO 9 - CÉU – UM LUGAR DE PROGRESSO
CAPÍTULO 10 - O LUGAR EM SI
CAPÍTULO 11 - ADORAÇÃO E MÚSICA
CAPÍTULO 12 - SERVIÇO
CAPÍTULO 13 - RECOMPENSAS
CAPÍTULO 14 - VISLUMBRES DO CÉU
CAPÍTULO 15 - COMIDA NO CÉU?
CAPÍTULO 16 - CASAMENTO NO CÉU?
CAPÍTULO 17 - O BANQUETE DAS BODAS DO CORDEIRO
CAPÍTULO 18 - BEBÊS NO CÉU
CAPÍTULO 19 - CONHECIMENTO DAS COISAS DA TERRA
CAPÍTULO 20 - BICHOS DE ESTIMAÇÃO NO CÉU?
CAPÍTULO 21 - FINALMENTE EM CASA
APÊNDICE - “NA TERRA DO EMANUEL”
NOTAS
CAPÍTULO 1
COMO SERÁ O CÉU?

A maioria das pessoas acha que não temos como saber muito a respeito do Céu.
A sabedoria popular nos limita a uma pequena lista de negações: não haverá sol, lua,
noite, mar, doenças, tristeza, sofrimento, lágrimas ou morte. Ah sim, certamente será
extraordinário, mas não sabemos muito mais que isso.
É verdade que não sabemos tudo o que gostaríamos de saber para satisfazer
nossa curiosidade a respeito do nosso lar celestial. No entanto, é surpreendente o
quanto podemos saber sobre o lugar que o Salvador foi preparar. Se tomarmos apenas
as afirmações encontradas na Palavra, as indicações fortemente implícitas e usarmos
de um pouco de imaginação santificada, podemos criar uma imagem incrivelmente
detalhada de um lugar incrivelmente encantador.
CAPÍTULO 2
A ESTRADA PARA DEUS

A Bíblia fala de duas estradas principais no cenário da vida. Uma é uma estrada
larga; a outra, estreita. A primeira não é larga por ter menos obstáculos, por fazer mais
sentido ou por ser mais segura. Ao invés disso, é por ser a estrada mais usada. A
segunda é estreita porque não são muitos que a escolhem, não por ser difícil, perigosa
ou intransitável.
A estrada larga representa a doutrina popular da “salvação por obras”. Aqueles
que viajam por ela buscam merecer a vida eterna. A maioria das pessoas acha que esse
é o caminho certo (Pv 14.12). O caminho estreito oferece a salvação como um
presente gratuito àqueles que se arrependem de seus pecados e recebem o Senhor
Jesus Cristo através da fé. Eles reconhecem que não merecem a salvação; pelo
contrário, merecem o oposto.
A estrada larga leva à destruição (Pv 16.25). O destino dos que estão na estrada
estreita é o Céu.
O Salvador se compara ao caminho estreito, dizendo “Eu sou o caminho, e a
verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
Para chegar à estrada larga, não se precisa fazer nada; todos já estamos nela
desde que nascemos. Para chegar à estrada estreita precisamos:
a. Deixar a estrada larga, renunciando a qualquer esforço para nos salvar através
de boas obras ou de um bom caráter;
b. Nos arrepender de nossos pecados;
c. Crer que o Salvador morreu na cruz como nosso substituto, pagando o preço
por todos os nossos pecados;
d. Então, através de um passo claro de fé, receber a Jesus Cristo como nosso
Senhor e Salvador, dependendo somente dEle, pois é Quem nos dá o direito de ir para
o Céu.
Assim que qualquer um de nós faz isso, passa para a estrada estreita que leva à
vida. Somos salvos do inferno, convertidos a Deus. Somos feitos aptos para a “herança
dos santos na luz” (Cl 1.12). Podemos ter tanta certeza do Céu quanto se já
estivéssemos lá.
CAPÍTULO 3
AS REGIÕES CELESTIAIS

Surpresa! Assim que alguém nasce de novo, de certa forma essa pessoa já está no
Céu. Paulo escreveu para os cristãos em Éfeso dizendo que eles haviam sido
abençoados “com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef
1.3). Além disso, eles estavam assentados “nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef
2.6).
Essas verdades são difíceis de entender para muitos de nós. Elas parecem um
tanto quanto etéreas, místicas, até mesmo irreais.
Fica claro que os lugares celestiais equivalem ao próprio Céu, porque em Efésios
1.20 o apóstolo diz que os santos estão onde Cristo está, sentado à direita de Deus. Ele
obviamente está no Céu nesse momento.
Em que sentido, então, os cristãos estão no Céu agora? Bem, essa é nossa posição
em Cristo. É como Deus nos vê. A verdade de que já estamos nos lugares celestiais é
algo de que precisamos nos apropriar pela fé. Não é algo que sentimos, mas algo que
sabemos, porque Deus o afirma.
Que efeito prático isso deve ter sobre nossas vidas? Isso significa que devemos ver
as coisas do ponto de vista dEle. Conforme olhamos para um mundo que está sob o
controle do maligno, desejaremos compartilhar o Evangelho com aqueles que estão se
perdendo. Não nos deixaremos envolver nos negócios desta vida (2Tm 2.4).
Pensaremos nas coisas do Alto, não nas que são da terra (Cl 3.2). De modo geral,
tentarmos agir como cidadãos do Céu (Fp 3.20a).
Talvez você já tenha ouvido falar de pessoas que vivem no Céu muito antes de
chegar lá. Se esse for o caso, é porque elas se apropriaram da verdade de que, em
termos de posição, estão assentadas nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Elas, então,
transformaram essa verdade em prática em suas vidas.
Muitas vezes penso em Corrie Ten Boom e em sua irmã Betsy, que sofreram
incontáveis dores e humilhações em um campo de concentração nazista. Certo dia,
Betsy disse a Corrie: “Quando sairmos daqui, temos que fazer alguma coisa por essas
pessoas”. Corrie naturalmente presumiu que ela estivesse falando de seus
companheiros, prisioneiros no campo. Mas não! Betsy estava se referindo aos guardas
e aos outros homens violentos que trabalhavam ali, determinados a tornar suas vidas o
mais miserável possível. Corrie, mais tarde, escreveu, “E não foi a primeira vez que me
perguntei que tipo de pessoa era minha irmã... Que tipo de estrada ela percorria
enquanto eu me arrastava ao seu lado por uma terra bem mais humana”. Betsy estava
vivendo nas regiões celestiais, embora seus pés estivessem plantados no chão do
campo de concentração. E Corrie também, apesar de suas afirmações do contrário.
Lila Trotman é outro exemplo de um estilo de vida de outro mundo. Certo dia,
ela olhou para o lago Schroon Lake onde, ao longe, seu marido estava na água
lutando para salvar uma menina. Quando lhe trouxeram a notícia de que seu marido
Dawson havia se afogado, sua reação imediata foi citar 1Samuel 3.18: “É o Senhor;
faça o que bem lhe aprouver”.
Há outra ilustração de uma caminhada pelas regiões celestiais que aconteceu
durante a Segunda Guerra Mundial. Um jovem cristão, entusiasmado, correu para
relatar a outro cristão mais idoso: “Nossos bombardeiros sobrevoaram o inimigo de
novo ontem à noite”. O mais idoso comentou: “Não sabia que a Igreja de Deus tinha
bombardeiros”. Ele era cidadão de outro reino.
Vernon Schlied nos conta de um casal que ia a uma capela ao lado de sua
fazenda. No Dia do Senhor, enquanto estavam louvando e adorando ao Senhor, a
esposa olhou pela janela e viu que seu celeiro estava pegando fogo. Inclinando-se,
sussurrou para seu marido: “Querido, nosso celeiro está pegando fogo”. Ele levantou
sua cabeça e respondeu: “Silêncio, querida, o Senhor está neste lugar”. Essa é uma
reação extrema e irracional? Na verdade não. Ele estava apenas se apropriando da
verdade de que onde dois ou três estão reunidos em nome do Senhor, Ele está ali
entre eles (Mt 18.20). Qual a importância de um celeiro quando estamos na presença
de Deus? Além disso, mesmo que o homem tivesse saído para combater o fogo, que
vantagem teria uma mangueira de jardim contra um celeiro cheio de palha em
chamas?
CAPÍTULO 4
MORTE OU ARREBATAMENTO

Embora seja verdade que só há um Caminho para a salvação, uma forma pela
qual nos tornamos dignos de ir para o Céu, há duas formas de sermos transportados
para lá. Uma é a morte; a outra, o Arrebatamento.

A MORTE
O que acontece quando morremos? O corpo vai para o túmulo, enquanto o
espírito e a alma vão para o Céu ou para o Hades, dependendo da condição espiritual
da pessoa. Uma das grandes ilusões da vida é a idéia de que o corpo é a pessoa. O fato
é que o corpo é apenas a casa ou habitação onde a pessoa vive.
Podemos viver sem nossos corpos. Nem Deus Pai, nem o Espírito Santo têm
corpo. Antes de nascer em Belém, o Senhor Jesus não tinha corpo. Na história do
homem rico e de Lázaro, o homem rico morreu e seu corpo foi enterrado. No entanto,
ele estava consciente, falava, enxergava, era atormentado e sentia sede, se lembrava de
seus cinco irmãos e se preocupava com seu bem-estar eterno (Lc 16.28).
É possível, para o cristão, existir em três condições: em um corpo, sem corpo e em
um corpo glorificado. Em 2Coríntios 5, o apóstolo Paulo descreve essas três condições
como (1) nossa casa, no verso 4; (2) despidos ou nus, versos 3 e 5; e (3) revestidos, ou
seja, com um corpo glorificado, versos 3 e 4. A primeira condição é boa, a segunda é
melhor, e a terceira, a melhor de todas.
Para os cristãos, a morte é o mensageiro de Deus que nos leva ao Céu. No
momento em que morremos, estamos instantaneamente na casa do Pai, desfrutando
conscientemente do Senhor Jesus e de todas as glórias do Céu. Não precisamos de um
corpo, assim como Cristo não precisou de um antes de Sua encarnação, ou durante os
três dias e três noites em que Seu corpo esteve no túmulo de José e Ele estava no Céu
com o ladrão que creu logo antes de morrer.
O Novo Testamento fala diversas vezes do cristão que morreu como alguém
adormecido (1Co 11.30; 15.51; 1Ts 4.14). Essa descrição, no entanto, se refere apenas
ao corpo. Às vezes ouvimos as pessoas dizerem em velórios que “parece que ele está
apenas dormindo”. É uma forma de expressão humana. O espírito e a alma, ou seja, a
própria pessoa, não dorme. Como vimos, no caso dos cristãos, essa pessoa agora vive
com Cristo. Apenas parece que está adormecida.
Não há um corpo intermediário entre a morte e o Arrebatamento. Algumas
pessoas citam 2Coríntios 5.1 como prova de que há: “Sabemos que, se a nossa casa
terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não
feita por mãos, eterna, nos Céus”. Essas palavras só podem se referir ao corpo final,
glorificado, porque é uma casa “eterna, nos Céus”. Isso não seria verdade em se
tratando de um corpo intermediário. É, porém, verdade quanto ao corpo glorificado
que receberemos no momento do Arrebatamento. Ele é descrito como “não feito por
mãos”. Essa expressão é explicada em Hebreus 9.11 como “não desta criação”. Em
outras palavras, o corpo glorificado é feito especialmente para o Céu, não para esta
terra.
Devemos ter medo da morte? Depende. Quando não se é cristão, há muita razão
para temer. Para um descrente, a morte tem um aguilhão: pecados não confessados e
não perdoados. O descrente vai encontrar-se com Deus e ouvir sua sentença – a
condenação eterna.
Cristãos não precisam temer a morte, embora possamos não gostar da idéia do
sofrimento que pode precedê-la. Nos identificamos com o senhor idoso que disse,
“não me importo que o Senhor derrube minha casa, apenas espero que Ele o faça com
gentileza”. Mesmo no processo da morte, no entanto, temos a promessa de que o
Senhor jamais nos deixará ou abandonará. De uma perspectiva mais mundana, a
medicina moderna tem sedativos tão eficazes que não é mais necessário passar por
dores excruciantes.
A viúva de um mártir do Equador escreveu este poema para que fosse lido no
velório de seu marido:
O Outro Lado
Isso não é morte – é glória;
Não é escuridão – é luz;
Não é tropeçar, tatear, ou mesmo fé – é enxergar;
Não é pesar – é ter minha última lágrima enxugada;
É a aurora – a manhã do meu dia eterno;
Não é orar – é falar face a face, e é vislumbrar todas as maravilhas da Sua graça;
Isso é o fim de toda súplica por força para suportar minha dor; nem mesmo a escura memória da dor jamais viverá de
novo;
Como suportei a vida na terra antes de subir?
Antes de minha alma ter seus desejos mais profundos satisfeitos?
Antes de experimentar o êxtase de conhecer face a face
Aquele que me procurou, salvou e guardou por Sua graça?
Isso não é morte – é glória![1]

Quanto à morte em si, ela é uma amiga, não uma inimiga. O apóstolo nos lembra
de que “morrer é lucro” (Fp 1.21). Quer dizer que “partir e estar com Cristo, o que é
incomparavelmente melhor” (Fp 1.23). Então “estamos em plena confiança, preferindo
deixar o corpo e habitar com o Senhor” (2Co 5.8). Quanto mais nos apossamos dessa
verdade, mais desejaremos entrar no palácio e ver o Rei em Sua beleza. Foi por isso
que John Wesley disse: “Nosso povo [ou seja, os cristãos] morre bem”.
Luz depois da escuridão, dor depois da perda;
Força depois da fraqueza, coroa depois da cruz.
Doce depois do amargo, esperança depois do temor;
Em casa depois de vagar, louvor depois de chorar.
Feixes depois da colheita, sol depois da chuva;
Ver depois do mistério, paz depois de sofrer.
Alegria depois da tristeza, calma depois da tempestade;
Descanso depois do cansaço, doce descanso enfim.
Perto depois de distante, brilho depois das trevas;
Amor depois da solidão, vida depois do túmulo.
Depois de tão longa agonia, alegre euforia;
Era certo o caminho que a isso trouxe.
Agora vem o choro; então, a contente colheita;
Agora vem o duro trabalho; então, a recompensa.
- Autor desconhecido

E quanto à tristeza de deixar aqueles que amamos para trás? Essa tristeza é real.
No entanto, se eles são filhos de Deus, a separação é apenas por pouco tempo. Não
dizemos “adeus”, dizemos “até nos vermos novamente”. Se ainda estão em seus
pecados, podemos orar para que nossa morte seja o meio de trazê-los ao Senhor.
Podemos entregá-los a Ele e ao poder constrangedor e transformador do Espírito
Santo.
Se quisermos ser realistas, precisamos encarar o fato de que podemos ser
chamados ao Céu através da morte. Porém, há outra possibilidade, o Arrebatamento.

O ARREBATAMENTO
O apóstolo Paulo, em torno de 52 d.C., revelou uma verdade que até então era
totalmente desconhecida. Inspirado por Deus, ele anunciou que nem todos
morreriam. Alguns seriam levados para casa, para o Céu, sem passar pelo vale da
sombra. Ele disse que os corpos dos que morreram na fé seriam ressuscitados,
glorificados e imediatamente levados para o Céu (1Co 15.51-55). Esse evento sem
precedentes é conhecido como o Arrebatamento, que vem do latim e quer dizer
carregar ou levar embora.
Aqui estão alguns dos pontos essenciais do Arrebatamento:
- Não se sabe o momento, o que quer dizer que ele pode acontecer a qualquer
instante. Não haverá sinais celestiais de que esteja se aproximando.
- O Senhor Jesus mesmo descerá do Céu com um brado, a voz do Arcanjo, e a
trombeta de Deus (1Ts 4.16a). Note a ênfase da palavra “mesmo”. Esta não é uma
missão que Ele confiará a um anjo. Será uma aparição pessoal do próprio Senhor. Sua
voz convocará todos os cristãos, vivos ou mortos, ao grande encontro no ar. Já que o
Arcanjo está especialmente encarregado do povo de Israel (Dn 12.1; Jd 9), a menção
de Sua voz pode ser uma sugestão de que os santos do Antigo Testamento serão
ressuscitados nesse momento. A trombeta de Deus, aqui, não deve ser confundida
com a sétima trombeta, em Apocalipse 11. Lá, ela é uma trombeta de juízo; aqui, de
bênção.
- Os corpos dos que morreram tendo crido em Cristo se levantarão do túmulo
(1Ts 4.16). Fica claro que essa não é uma ressurreição geral “do fim do mundo”, como
alguns crêem. Apenas os corpos dos que morreram na fé serão ressuscitados nessa
hora. Suas almas e espíritos, voltando do Céu com Cristo, serão unidos aos seus novos
corpos, iguais ao do Salvador (1Co 15.52-54; Fp 3.21).
- Os santos ainda vivos serão arrebatados com eles para se encontrarem com
Cristo nas nuvens e para ir com Ele para a casa do Pai (1Ts 4.17). “Assim voltarão os
resgatados do Senhor, e virão a Sião com júbilo, e perpétua alegria lhes coroará a
cabeça; o regozijo e a alegria os alcançarão, e deles fugirão a dor e o gemido” (Is 51.11).
- Tudo isso acontece em um instante, em um piscar de olhos (1Co 15.52a).
Talvez não seja exagero dizer que este glorioso evento inteiro acontecerá em um nano-
segundo, ou seja, um bilionésimo de um segundo. Os cristãos desaparecerão
instantaneamente. Assim, não existe a possibilidade de os que forem deixados para
trás verem isso acontecendo. Não é à toa que é chamado de Arrebatamento secreto.
O Arrebatamento é a bendita esperança dos crentes. Se nos fosse dado o direito
de escolher, todos nós preferiríamos ir para o Céu sem morrer, mesmo que o resultado
final seja o mesmo. H. L. Turner expressou o desejo da maioria dos cristãos:
Ó, alegria! Ó, encanto, se formos sem morrer,
Sem doença, sem tristeza, sem chorar e sem temer,
Levados às nuvens para a glória com nosso Senhor,
Quando Jesus receber os Seus.

Às vezes, Paulo falava de si como se fosse estar vivo quando o Senhor voltasse:
“...nós, os vivos, os que ficarmos” (1Ts 4.17). Em outros momentos, ele esperava
morrer: “Quanto a mim, estou já sendo oferecido por libação, e o tempo da minha
partida é chegado” (2Tm 4.6). Essa deve ser a atitude de todo cristão. Devemos estar
preparados para os dois acontecimentos.
CAPÍTULO 5
O REI EM SUA BELEZA

O ponto central do Céu é que o Senhor Jesus estará lá. Ele estará lá em
maravilhoso esplendor e beleza indescritível, Seu rosto brilhando como o sol do meio-
dia. Estará lá como o mais distinguido entre dez mil, totalmente desejável. Toda a
beleza física e excelência moral estão reunidas nEle.
O Céu para mim, o Céu para mim;
Jesus será o que o torna Céu para mim.
Suas belezas desejo ver, e maravilhas sem fim;
Mas Jesus será o que o torna Céu para mim.
- Lanny Wolfe

A imagem do Senhor exaltado é tão sobrenatural que autores tradicionalmente


abandonam a prosa em prol da poesia e da música para tentar registrar a glória da Sua
Pessoa. Junto ao próprio Calvário, talvez o tema mais freqüente da poesia cristã seja o
encontro face a face com nosso Senhor, no Céu. Porém, mesmo a poesia vacila e as
palavras se curvam diante do peso dos superlativos.
Muitos de nós conhecemos esses versos escritos por Carrie E. Breck:
Face a face com Cristo, meu Salvador,
Face a face, como será,
Quando extasiada eu contemplar,
A Jesus Cristo que morreu por mim.

Esses próximos versos, escritos por um autor desconhecido, não são tão famosos:
Não meramente um vislumbre, mas para sempre,
Para sempre em casa com Ele estar,
Em casa na glória celestial
Onde brilha o cristalino mar.
Mas lá, mesmo lá nessa glória
Pode algo jamais ofuscar
O encantador e sublime momento,
Sua face pela primeira vez contemplar?

Fanny Crosby, a poetisa cega, adorava escrever a respeito do momento em que


seus olhos seriam abertos para ver o Senhor em Seu esplendor e glória:
Ó, emocionante êxtase de quando eu vir Sua bendita face,
E o brilho do Seu bondoso e radiante olhar;
Como meu coração, cheio, O louvará por seu amor, misericórdia e graça,
Que no Céu preparam para mim um lar.

Outro autor:
Dia glorioso em que estaremos em Sua presença,
Quando todas as nossas dores e tristezas tiverem fim,
Quando as maiores belezas da terra murcharão como uma flor,
Veremos Jesus enfim!
- A. H. D.

O Senhor Jesus está no Céu com um corpo físico real, um que Ele mesmo
descreve como feito de carne e osso (Lc 24.39-40). (Ele não mencionou Seu sangue,
que foi derramado no Calvário). Jesus mostrou Suas mãos e o lado aos discípulos (Jo
20.20) e disse ao incrédulo Tomé para tocar Suas mãos e pôr seu dedo em Seu lado
(Jo 20.27). É o mesmo corpo com o qual Ele Se levantou do túmulo. De certo modo, é
parecido com o corpo que Ele recebeu ao nascer; tem semelhança física. O Senhor
ressurreto ainda conseguia comer. Em certa ocasião, Ele comeu peixe grelhado e um
pouco de favo de mel (Lc 24.41-43, ver também Lc 24.30; Jo 21.12). Ele conseguia
segurar objetos e falar, ver e ouvir. Caminhou com dois discípulos entristecidos no
caminho para Emaús (Lc 24.15).
Por outro lado, Seu corpo também estava e está diferente. Não estava mais
limitado ao tempo, espaço ou à matéria. Ele podia entrar em uma sala com portas e
janelas fechadas (Jo 20.26), podia se mover aparentemente sem qualquer esforço físico
(Lc 24.36), aparecendo e desaparecendo quando queria (Lc 24.31). Esse é um corpo
feito tanto para a vida no Céu quanto na terra. Porém, a diferença mais marcante é
que Ele ainda carrega as marcas do Calvário. Depois de Sua ressurreição, Ele mostrou
as feridas do Seu amor divino a Tomé e aos outros discípulos (Lc 24.40; Jo 20.20,27).
Mais tarde, João O descreveu em glória como um cordeiro que havia acabado de ser
morto (Ap 5.6). Pense a respeito. As únicas marcas de sofrimento e morte no Céu
servem como lembretes eternos do preço da nossa redenção. Spurgeon celebra:[2]
Ó, ver os pés que foram pregados,
E tocar as mãos perfuradas,
E ver a cabeça onde estavam os espinhos,
E curvar-me perante Ele, que é amor indescritível,
Condescendência inexprimível, bondade infinita.
Ó, curvar-me perante Ele, e beijar Sua bendita face!
Suas feridas, Suas feridas, Senhor Jesus,
Suas tão profundas feridas falarão
Do sacrifício que nos liberta
De nós mesmos, da morte, do inferno.
- C. A. H.

A maioria de nós passa a vida procurando a pessoa perfeita. Há um desejo


profundo dentro de nós de encontrar um indivíduo sem falhas. Às vezes, temos o
privilégio de conhecer pessoas que têm características admiráveis raras; elas são
educadas, elegantes, bondosas e generosas. Porém, quanto mais as conhecemos, mais
percebemos que têm fraquezas, alguns vestígios da queda, assim como nós. Nossa
esperança é destruída. No entanto, quando virmos o Salvador, veremos Aquele que
satisfaz todos os nossos anseios por excelência. Ele é o Filho Perfeito de Deus.
É verdade que, aqui na terra, como Lew Wallace disse, a beleza está nos olhos de
quem vê. Um homem considerado bonito por uma pessoa pode não ser bonito para
outra. Da mesma forma, nem todo mundo concorda quanto ao que torna uma
mulher bonita. Porém, quando contemplarmos o Senhor Jesus no Céu, não haverá
divergência. Todos concordarão que Ele é totalmente fascinante, incrivelmente belo.
Ele somará em Si todo tipo de beleza que vimos separadamente nesse mundo.
Quando o virmos, teremos que exclamar: “Eis que não me contaram a metade”.
Milhões de anos meus olhos, maravilhados,
Tuas belezas contemplarão
E por eras sem fim adorarei
As glórias do Teu amor.
- Autor desconhecido

Será que, quando virmos o Senhor, não nos perguntaremos por que não O
amamos mais, por que não O servimos melhor ou vivemos mais plenamente para Ele
quando estávamos aqui na terra? O autor de um hino achava que sim:
Em breve, quando olhar para Sua face,
Face bela, face sob a sombra dos espinhos
Em breve, quando olhar para Sua face,
Desejarei ter Lhe dado mais.
Mais, tanto mais;
Mais de minha vida do que jamais dei antes.
Em breve, quando olhar para Sua face,
Desejarei ter Lhe dado mais.
Em breve, quando Ele estender Suas mãos,
Mãos acolhedoras, mãos perfuradas.
Em breve, quando Ele estender Suas mãos,
Desejarei ter Lhe dado mais.
Mais, tanto mais;
Mais de meu coração do que jamais dei antes.
Em breve, quando Ele estender Suas mãos,
Desejarei ter Lhe dado mais.
Em breve, quando me ajoelhar a Seus pés,
Pés formosos, pés feridos.
Em breve, quando me ajoelhar a Seus pés,
Desejarei ter Lhe dado mais.
Mais, tanto mais;
Mais de meu coração do que jamais dei antes.
Em breve, quando me ajoelhar a Seus pés,
Desejarei ter Lhe dado mais.

Em um dos seus hinos magníficos, Robert Murray McCheyne (1813-1843)


registra seu anseio pelo momento em que perceberia o quanto devemos ao Rei acima
de todos os reis:
Quando me encontrar perante o trono,
Revestido de beleza que não é minha;
Quando O vir como És,
Amá-lO com coração sem pecado;
Então, Senhor, entenderei plenamente –
Não antes disso – o quanto devo.

Com todo respeito a McCheyne, creio que nem mesmo a Eternidade bastará
para esgotar as dimensões da nossa dívida. Ela é infinita.
É impossível pensar no Céu sem pensar no Senhor Jesus. O compositor de hinos,
John Peterson, certa vez enviou a letra de um hino sobre nosso lar celestial a um
editor para uma possível aprovação. O hino voltou com a sugestão: “Tire o nome
Jesus, e foque um pouco mais no Céu”. Peterson achou isso totalmente impensável e
entregou o hino a outra editora.
Outro autor ainda expressou seu anseio pelo Céu com estas palavras:
Contemplar o rosto por mim desfigurado,
Tocar as mãos pregadas no madeiro,
Abraçar com força seu lado machucado,
De onde o sangue verteu quando Ele foi cortado,
Beijar os pés que caminharam sobre o mar,
Será a alegria suprema por toda a Eternidade.
Prostrar-me perante o trono de luz inefável,
Cercado de glória e esplendor sem igual,
Ouvir a voz que acalmou o mar,
Expulsou demônios e aquietou os ventos;
Ouvi-lO falar, falar a mim,
Será a alegria suprema por toda a Eternidade.
Servir na morada de encanto sem fim,
Sem vela ou fogo, pois não há mais escuridão,
Cantar com o coro dos exércitos celestiais,
Glórias ao Pai, ao Filho, ao Santo Espírito;
Ó, maravilha das maravilhas, tudo isso por mim,
Será a alegria suprema por toda a Eternidade.
- Autor desconhecido
CAPÍTULO 6
OUTROS MORADORES

O Salvador, porém, não estará sozinho. Com Ele, em glória, estará um grupo
incontável de anjos que não caíram, espíritos ministradores que serviram aos herdeiros
da Salvação (Hb 1.14; 12.22). Todo crente teve ao menos um anjo da guarda. Faz
sentido crer que os conheceremos e ouviremos sobre como foram responsáveis por
momentos em que escapamos por pouco, por livramentos milagrosos, experiências de
tirar o fôlego e proteção de perigos despercebidos. Embora tenham uma posição
elevada, ao participar da adoração, esses seres celestiais o farão em louvor da nossa
salvação e participarão embora não sendo redimidos, das canções daqueles que foram
resgatados.
A Igreja estará lá: a assembléia geral e a Igreja dos primogênitos que foram
registrados no Céu. Conheceremos a multidão resgatada desde o Pentecostes até o
Arrebatamento. Haverá gente de todas as nações, tribos, povos e línguas. Os apóstolos
e os mártires estarão lá, assim como os “desconhecidos” de Deus, que nunca foram
para as manchetes, mas O serviram fielmente. Adoraremos ao lado de Mateus,
Marcos, Lucas e João, e com Lutero, Calvino, Spurgeon e Müller.
Podemos realmente ter certeza de que nos reconheceremos no Céu? Em primeiro
lugar, certamente não saberemos menos do que sabemos agora. Segundo, Paulo
esperava reconhecer os tessalonicenses do outro lado; eles seriam sua alegria e a coroa
em que se exultaria (1Ts 2.19-20). Ele já imaginava a alegria mútua com os coríntios
naquele dia (2Co 1.14). João esperava reconhecer os que se haviam convertido na
Vinda do Senhor. Ele escreveu: “Filhinhos, agora, pois, permanecei nele, para que,
quando ele se manifestar, tenhamos confiança e dele não nos afastemos envergonhados
na sua vinda” (1Jo 2.28). Sim, conheceremos como somos conhecidos.
A seguir, aprendemos que Deus, o Juiz de tudo, estará lá – não mais com o duro
olhar daquele que julga, mas com o sorriso amoroso de um pai. Isso, é claro, traz à
tona a interessante pergunta: “Nós realmente veremos a Deus, o Pai?”. Por um lado,
há versículos que dizem que isso não será possível. Deus é espírito (Jo 4.24) e,
portanto, é invisível. Ninguém pode vê-lO e viver (Êx 33.20). Ele “habita em luz
inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver” (1Tm 6.16).
No entanto, embora pessoas no Antigo Testamento não tenham visto a Deus em
toda Sua glória revelada, viram manifestações dEle. Moisés e os escolhidos dos filhos
de Israel “viram o Deus de Israel” e não foram destruídos (Êx 24.10-11). Quando
Moisés pediu para ver a glória de Deus, lhe foi permitido ver Suas costas, mas não Seu
rosto (Êx 33.18,23). Quando a Lei lhe foi dada no monte Sinai, o Senhor lhes mostrou
“a Sua glória e a Sua grandeza” e ouviram Sua voz do meio do fogo (Dt 5.24). Isaías
viu o Rei, o Senhor dos exércitos (Is 6.5). No entanto, mais uma vez enfatizamos que
esses eram níveis menores da glória divina, e não sua revelação completa.
Agora acrescente à questão o fato de que Jó tinha certeza de que veria a Deus (Jó
19.26). E o Salvador prometeu que o puro de coração veria a Deus (Mt 5.8).
Outra consideração também precisa ser somada à equação. O Senhor Jesus disse
que “Quem vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). O apóstolo João disse que “Ninguém jamais
viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1.18). Isso
significa que o Senhor Jesus nos revelou o Pai totalmente. Se quisermos saber como é
o Pai, tudo o que temos que fazer é olhar para o Salvador. Então, quando chegarmos
ao Céu e virmos o Filho, teremos visto o Pai. Isso pode explicar como Jó veria a Deus e
como o puro de coração O verá.
Uma conversa em um acampamento de verão me ensinou a não ser dogmático
demais ao tratar desse assunto. Durante um período de perguntas e respostas, um pré-
adolescente me perguntou: “Nós vamos ver a Deus quando chegarmos no Céu?”.
Bastante seguro de mim, apresentei os prós e contras teológicos listados acima. Porém
ele não estava satisfeito, queria um “sim” ou “não” como resposta. Mais uma vez
passei pela linha de raciocínio que acabei de discutir. E mais uma vez, ele estava
claramente insatisfeito; então fez a mesma pergunta pela terceira vez. Finalmente, eu
disse: “Olha, com os olhos que temos agora não veremos a Deus, porque Deus é
espírito e espíritos são invisíveis”. Então ele disse triunfantemente: “Bom, talvez a
gente tenha olhos maiores quando chegar no Céu”. Esse foi o fim da discussão. A
questão estava encerrada.
Voltando aos outros moradores do Céu. Os santos do Antigo Testamento estarão
lá, “os espíritos dos justos aperfeiçoados”. Seus espíritos foram aperfeiçoados quando
creram no Senhor; e agora seus corpos também foram aperfeiçoados. Nos sentaremos
à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, bem como com José, Moisés, Elias e Davi. Será o
momento de ter várias de nossas perguntas respondidas e de ganhar uma nova
compreensão das Escrituras Sagradas. Mas como vamos reconhecer pessoas que nunca
vimos antes? Sem problemas! Será da mesma maneira como Pedro, Tiago e João
reconheceram Moisés e Elias no Monte da Transfiguração (Mt 17.1-5).
Todos os redimidos de todas as eras estarão lá, cantando louvores Àquele que
nos ama e nos libertou de nossos pecados com Seu próprio sangue.
Será glorioso ver nossos queridos de novo, todos aqueles que morreram na fé.
Nossa despedida no rio foi triste, mas o reencontro vai compensar plenamente por
tudo.
E então, que saudação jubilosa
Na alegre costa de Canaã,
Que reunião de amigos separados,
Onde não há mais despedidas.
Então olhos brilharão de alegria
Transbordando com lágrimas recentes;
Órfãos não mais abandonados,
Ou viúvas solitárias.
- Henry Alford

Quando nos reunirmos na terra do Emanuel, conheceremos uns aos outros em


circunstâncias melhores do que jamais teríamos vivido aqui na terra.
Espero que haja um comitê de boas-vindas, formado por aqueles que foram
ganhos para Cristo através do nosso serviço dedicado, de nossa fiel mordomia. Que
alegria será ouvir alguns deles dizendo: “Foi você que me convidou a vir”.
E quando nas mansões acima
Os santos aparecerem ao meu redor,
Quero ouvir alguns dizendo,
“Foi você que me convidou a vir”.
- Autor desconhecido
CAPÍTULO 7
ENTRADA PROIBIDA

Este é um capítulo triste. É uma lista daqueles que estarão para sempre excluídos
dos salões celestiais. Qualquer pessoa que não entrar encontra o motivo em pelo
menos uma das categorias a seguir. A lista está completa (Ap 21.8). As pessoas acham
que precisam esperar até morrer para descobrir a razão. Não, o motivo está aqui.
Em primeiro lugar estão os covardes. Esses são os que deram ouvidos aos seus
medos e incertezas e se recusaram a confessar a Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
Estavam mais preocupados com o que seus parentes pensavam deles do que com o
que Deus pensava deles. Tinham medo de como sua mãe ou pai reagiriam se lhes
contassem que haviam se tornado cristãos. Amaram mais a aprovação de seus amigos
que a aprovação de Deus (veja João 12.43). Repare que esses estão listados ao lado de
pecadores terríveis, culpados de comportamentos extremamente perversos.
Então vêm os incrédulos. Eles podem ter sido corretos, bons vizinhos, mas se
recusaram a se arrepender e crer no Salvador. Talvez estivessem contando com suas
boas obras e personalidade agradável para entrar pelos portões de pérola. Porém, não
aceitaram a Jesus como seu Substituto, crendo que Ele morreu para pagar o preço de
seus pecados. Eles se consolavam com a vã esperança de que um Deus de amor não os
rejeitaria. Então não aceitaram a única forma de salvação que Deus lhes deu.
Os abomináveis são pecadores que se envolveram com práticas repulsivas, vis e
desprezíveis aos olhos de Deus. A idolatria, com sua companheira imoralidade, é uma
abominação (Mt 24.15). O amor ao dinheiro também o é (Lc 16.14-15). Seis coisas
que são abominações diante do Senhor são: “...olhos altivos, língua mentirosa, mãos
que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se
apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia
contendas entre irmãos” (Pv 6.16-19).
Os próximos da lista são os assassinos, aqueles que infringem o sexto
mandamento. Jesus ampliou o significado de assassinato, incluindo do homicida ao
que se ira contra seu irmão (Mt 5.21-22). O apóstolo João acrescentou o ódio ao
grupo: “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo
assassino não tem a vida eterna permanente em si” (1Jo 3.15).
Acrescente à lista os impuros. Essa é uma descrição ampla que inclui
fornicadores, adúlteros, homossexuais, lésbicas e, em resumo, todo que tem relações
sexuais fora do casamento. O senso comum diz que esses comportamentos são um
tipo de doença. Deus diz que são pecado. Hoje em dia não é politicamente correto
condená-los, mas Deus fala que esses comportamentos impedirão que pessoas entrem
no Céu e as condenarão ao lago de fogo.
Há também os feiticeiros. Isso inclui pessoas que se envolvem com práticas
ocultas: adivinhação, sessões espíritas, comunicação com os espíritos dos mortos e
horóscopo (ler os signos do zodíaco). A palavra se refere a todas as formas de
astrologia, numerologia e bruxaria. Feiticeiros usam objetos como bolas de cristal,
cartas de tarô e tabuleiros ouija como meios de trabalho. A palavra de Deus é clara:
“Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem
adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem
necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos” (Dt 18.10-11).
Os sétimos da lista são os idólatras. A princípio, pensamos naqueles que adoram
a imagens ou estátuas esculpidas. Há uma conexão entre idolatria e adoração a
demônios. O apóstolo Paulo diz que quando pessoas oferecem sacrifícios a ídolos, os
estão oferecendo a demônios (1Coríntios 10.19-20). Porém, de forma mais ampla, um
ídolo é qualquer coisa ou pessoa que tome o lugar do Senhor no trono do coração das
pessoas.
Chegamos, então, aos mentirosos. Esses são os enganadores compulsivos; eles
têm a mentira como um estilo de vida. Como resultado, encontram seus nomes no
registro dos condenados. As pessoas podem não ver muito problema em mentiras,
mas Deus vê.
Em Apocalipse 22.15, João nos dá outra lista dos que estão fora, isto é, excluídos
do Céu. Aqui ele omite os covardes, os incrédulos e os abomináveis, e acrescenta a
palavra cães.
Esse termo é usado para garotos de programa em Deuteronômio 23.18. “Cães”
eram impuros de acordo com a lei de Moisés, portanto, a palavra é usada para se
referir à impureza das vidas desses homens.
Isso quer dizer que as pessoas culpadas desses pecados não podem ser salvas
ainda no presente? De forma alguma. Se dobrarem seus joelhos perante o nome de
Jesus, e tornarem suas vestes brancas no sangue do Cordeiro, serão feitos dignos do
Céu. Porém, se morrerem sem se arrepender e crer no Filho de Deus, terão escolhido
passar a Eternidade com os Neros, os Hitlers e os Stalins.
CAPÍTULO 8
O MILAGRE PRINCIPAL

Se a atração principal do Céu é que o Salvador estará lá, o milagre principal é que
nós, os redimidos, também estaremos. Nós, ímpios pecadores, indignos de qualquer
misericórdia de Sua parte, trazidos de toda tribo, nação, povo e língua, estaremos lá
como troféus eternos da maravilhosa graça de Deus. Juntamente com os crentes de
todas as eras, purificados pelo sangue do Cordeiro, ganharemos as vestes brancas da
Salvação. Um coro antigo descrevia isso bem:
Maravilhoso Salvador, Maravilhoso Amigo,
Maravilhosa vida que jamais terá fim,
Maravilhoso lugar que Ele foi preparar,
A maior das maravilhas, eu estarei lá!

Estaremos lá com corpos glorificados, iguais ao corpo ressurreto do Salvador. Não


haverá rugas, defeitos, marcas de nascença ou qualquer coisa parecida. A. T. Pierson
disse: “Imagine – quando o olho onisciente finalmente nos vir, não encontrará nada,
diante de Sua perfeita santidade, que seja como uma espinha ou uma verruga.
Incrível!”.
F. W. Grant afirma que lá “nenhuma marca de idade, nenhuma imperfeição,
nada além da beleza e da eternidade de uma juventude eterna será digno dEle, nada
além do vigor do amor incansável, que jamais se enfraquecerá. A Igreja será santa e
impecável”.
Um dos últimos alvos para o qual Deus nos prepara é o corpo glorificado, quando
a mortalidade será absorvida pela vida (2Co 5.4-5). Isso acontecerá no
Arrebatamento, quando os corpos de todos os que morreram em Cristo serão
ressuscitados. É uma das etapas da ressurreição dos justos.
A palavra ressurreição sempre se refere ao corpo, nunca à alma ou ao espírito. O
mesmo corpo que for colocado no túmulo será ressuscitado, mas de forma diferente.
Podemos ilustrar isso com uma semente e a planta que cresce a partir dela. Há uma
relação vital entre elas, mas são diferentes. Estão ligadas, mas não são iguais. Uma
semente pode ser sem graça e pouco promissora, e ainda assim a flor que cresce a
partir dela pode superar a glória de Salomão.
Nossos corpos, então, estão plantados em corrupção. Estão definhando, se
enfraquecendo e voltando ao pó. A não ser que sejam conservados, precisam ser
enterrados em pouco tempo. No entanto, serão ressuscitados como corpos
incorruptíveis, para sempre livres da decomposição ou da ruína.
Nossos corpos estão plantados em desonra. O agente funerário pode usar
cosméticos e maquiagem para melhorar a aparência do morto, mas isso não muda o
fato de que um cadáver não é nem admirável, nem atraente. Pelo contrário, a
ressurreição do corpo brilhará com esplendor.
Nada é mais fraco que um corpo sem vida. Ele se torna incapaz de qualquer
atividade. Na ressurreição, porém, o corpo será capaz de proezas mentais e físicas que
hoje são impensáveis.
Morremos com um corpo natural, mas seremos ressuscitados com um corpo
espiritual. O corpo natural, com suas limitações, foi feito para a vida em nosso
ambiente natural. O corpo espiritual, embora seja palpável, será feito tanto para a vida
no Céu quanto na terra. Como sabemos disso?
Porque o Senhor Jesus esteve na terra com Seu corpo espiritual depois de Sua
ressurreição e hoje vive no Céu com esse mesmo corpo.
Nossos corpos hoje são mortais, ou seja, estão sujeitos à morte, mas seremos
ressuscitados na imortalidade, sem haver sequer a possibilidade de morrer.
O que mais sabemos sobre nossos corpos ressurretos? Sabemos que serão como o
corpo glorificado do Senhor Jesus. Cristo “transformará o nosso corpo de humilhação,
para ser igual ao corpo da sua glória...” (Fp 3.21). Nossos corpos brilharão com
esplendor. “...os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória
a ser revelada em nós” (Rm 8.18). Paulo os descreve como com “eterno peso de glória,
acima de toda comparação” (2Co 4.17).
Em outra passagem, Paulo escreve: “Como foi o primeiro homem, o terreno, tais
são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os
celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do que é eterno, devemos trazer também
a imagem do celestial” (1Co 15.48-49).
Em 1João 3.2, lemos: “Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se
manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos
semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é”. Ter o mesmo que apenas um
vislumbre do Salvador já nos transformará segundo a Sua imagem. Embora cada um
de nós tenha identidades físicas diferentes, seremos como Ele em perfeição espiritual,
moral e física. No entanto, jamais compartilharemos dos atributos exclusivos e
incomunicáveis de Deus, como onipotência, onisciência e onipresença.
Vem à minha mente o que Andrew Bonar escreveu em certa ocasião. Ele havia
enviado a Spurgeon uma cópia de seu livro recém-publicado a respeito de Levítico.
Spurgeon gostou tanto do livro que o enviou de volta com um bilhete que dizia: “Dr.
Bonar, por favor, autografe o livro para mim e inclua uma foto sua”. Bonar fez o que
lhe foi pedido, e acrescentou outro bilhete: “Caro Spurgeon, aqui está o livro com meu
autógrafo e fotografia. Se você estivesse disposto a esperar um pouco mais, poderia ver
maior semelhança com Cristo, porque serei como Ele. Eu o verei como Ele é”.
O corpo ressurreto será um corpo de carne e osso, mas não de carne e sangue,
porque “a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus” (1Co 15.50).
Conheceremos como somos conhecidos, isso é, reconheceremos uns aos outros:
“Agora conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido” (1Co 13.12).
Não estaremos limitados ao tempo, espaço ou matéria; seremos capazes de nos mover
sem esforço de um lugar para o outro, e aparecer e desaparecer quando quisermos.
Certa vez foi sugerido que se temos cinco sentidos agora, lá talvez tenhamos
cinqüenta.
Teremos mentes que não serão mais distorcidas pelo pecado. Robert Davis se
alegrou com isso quando percebeu que estava aos poucos se perdendo na desolação da
doença de Alzheimer. Ele escreveu o seguinte:
Certamente uma das primeiras coisas que receberemos é uma nova mente. Como anseio por isso! Conforme minha
mente se torna cada vez mais esquecida, anseio por quando ela se tornará clara. Já que não consigo mais ler e me
lembrar das coisas corretamente, me frustro. Conforme meu QI continua a diminuir, me encontro em circunstâncias
humilhantes. Desejo tanto ter minhas antigas lembranças e memórias de volta. Aprender sempre foi um grande prazer
e eu adoraria poder explorar novos caminhos mentais.[3]

Finalmente seremos santos. Você não anseia pelo momento em que nunca mais
pecará? Nunca mais vamos ferir o coração de Cristo com nossa inconstância. Não
haverá orgulho no Céu; nenhum de nós vai se gabar de ter chegado aos portões de
pérola por esforço próprio ou caráter. Tampouco haverá inveja, calúnia ou fofoca. A
luxúria nunca mais nos contaminará. Todas as obras da carne darão lugar ao fruto do
Espírito: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão e domínio próprio” (Gl 5.19-23). O Senhor vai nos “apresentar com
exultação, imaculados diante da sua glória” (Jd 24).
Tristeza, lamentações, lágrimas e choro não mais existirão, seja pela angústia de
perder alguém querido, a aflição por filhos desobedientes e rebeldes ou o sofrimento
de um casamento aos pedaços. Duas vezes o Espírito de Deus nos lembra de que
“Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima” (Ap 7.17; 21.4).
Deus enxugará toda lágrima
Num dia feliz e glorioso
Quando a jornada tiver acabado
E a corrida tiver terminado.
Sem choro, dor ou morte
Nesse lar de alegria
Os sofrimentos cessarão, tudo será paz
Quando virmos Sua face.
- Norman Clayton

Será uma vida sem tensões, loucuras ou agitação. Colapsos nervosos e problemas
psicológicos terão ficado para trás. Não haverá qualquer necessidade de anti-
depressivos.
Não existirão germes ou vírus, tentando atacar nossos corpos glorificados e
tampouco haverá câncer ou paradas cardíacas para nos perturbar. No Céu, não há
necessidade de armários de remédios, Raios-X ou UTI. Se houvesse hospitais, todos os
leitos estariam vazios e os médicos e enfermeiros, desempregados. Nunca mais uma
esposa terá que ver seu marido se perder aos poucos no esquecimento da doença de
Alzheimer.
“Já não haverá... dor, porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21.4b). Você
consegue imaginar como será ter um corpo totalmente imune à dor? Ninguém passará
mais pelo sofrimento da artrite, das pedras nos rins ou dos tratamentos de canal.
Os exércitos redimidos do Céu não sentirão fome nem sede, “pois o Cordeiro que
se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes de água da vida
(Ap 7.17). Essa promessa tem um significado especialmente feliz para os que passaram
por inanição e escassez de água nessa vida. Porém, se aplica também aos que tiveram
fome e sede de santidade, de justiça e da Volta do Salvador.
No Céu, o sol não cegará ninguém e tampouco seremos abatidos pelo calor. Se
abordarmos essa questão de forma literal, quer dizer que não haverá insolação ou
queimaduras de sol. Porém, pode também significar libertação do calor da tentação e
do fogo da perseguição.
À direita de Deus, desfrutaremos do que nunca pudemos encontrar aqui na
terra: alegria plena e eterno prazer (Sl 16.11).
“O último inimigo a ser destruído é a morte” (1Co 15.26). E que inimigo! Pense
nos corações partidos de pais ao lado do túmulo de seus filhos amados, ou nas
multidões que se afundam de tristeza por causa de desastres como o naufrágio do
Titanic, bombardeios, ou tiroteios. Lembre-se das guerras que dizimaram populações;
atrocidades como o Holocausto. As palavras usadas na Bíblia são incrivelmente
adequadas: “...reinou a morte” (Rm 5.14,17). Esse reino, no entanto, acabará de forma
repentina e de uma vez por todas, e no Céu desfrutaremos de uma vida que jamais
terá fim.
Ter-nos com Ele na glória com corpos glorificados será o clímax do plano de
Deus ao longo das eras. Ele estará satisfeito (Sl 116.15). Quando o Salvador olhar para
nós com Seu olhar radiante e bondoso, Ele Se alegrará, e nós nos alegraremos. Ele verá
o trabalho de Sua alma e ficará satisfeito (Is 53.11). E também nós ficaremos satisfeitos
quando, feita a justiça, virmos Sua face e despertarmos à Sua semelhança (Sl 17.15).
Ele e eu na imensa glória
Incrível alegria vamos sentir;
Eu, de estar para sempre com Ele,
Ele, porque estou ali.
- Frances Bevan
CAPÍTULO 9
CÉU – UM LUGAR DE PROGRESSO

Muitas vezes as pessoas imaginam o Céu não apenas como um lugar de descanso,
mas de inatividade, algo parecido com férias eternas. Um jovem que se dizia cristão
disse certa vez: “Eu acho que o Céu vai ser um lugar chato – ficar o dia todo deitado
em uma nuvem tocando harpa”. Quem gostaria de ir a um lugar tão sem graça e
entediante? Quem gostaria de ficar “deitado na rede” eternamente?
A verdade é que o Céu é um lugar de progresso, crescimento e aprendizado sem
fim. Sabemos isso por causa das palavras de Paulo em Efésios 2.7: “Para mostrar, nos
séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em
Cristo Jesus”. Isso quer dizer que durante toda a Eternidade Deus estará nos
ensinando o que significou enviar Seu Filho para morrer por nós no Calvário. Se Ele
estará ensinando, obviamente nós estaremos aprendendo. Sim, o Céu será uma
escola, tendo Deus como o Professor e todos os redimidos como alunos. A duração do
ano escolar será a Eternidade. Usando a Bíblia como material didático, a multidão de
resgatados será matriculada no curso: “A Graça e Bondade de Deus”. O tema é
inesgotável.
Pessoalmente, eu espero que haja também outras matérias. A própria Bíblia,
sendo um livro eterno e infinito, é a base para estudos intermináveis. Nem chegamos
a passar da superfície nessa vida. Há tesouros na Palavra que emocionarão nossas
almas do outro lado. Mistérios que hoje são incompreensíveis serão esclarecidos.
É possível que, quando chegarmos ao Céu, possamos ver todo o panorama da
história bíblica se desenrolar diante de nossos olhos. Você gostaria de ver o que
aconteceu quando Deus criou o mundo com Sua palavra? Eu gostaria. Ou como era o
Jardim do Éden antes de ser destruído pelo pecado? Talvez você veja a arca de Noé
flutuando calmamente sobre as montanhas mais altas. Você gostaria de ver a dura
cena no Monte Moriá quando Abraão levou Isaque até lá para oferecê-lo em sacrifício
a Deus? Veja! Ali estão os filhos de Israel atravessando o Mar Vermelho, com as
tropas do Faraó em seu encalço. E o momento em que a Lei foi entregue com raios
assustadores no Monte Sinai. Agora você pode ver o povo de Judá no cativeiro da
Babilônia.
Então chegaremos ao Novo Testamento. Belém, com a placa de “lotado” na
hospedaria. O Senhor Jesus pregando o Sermão do Monte. O momento no
Getsêmani, provocando uma tristeza indescritível. E o mais emocionante de todos –
você gostaria de ver como realmente foi o Calvário, e o Senhor Jesus pendurado na
cruz de madeira, carregando os pecados do mundo? E então a manhã da Ressurreição,
e o Cristo ressurreto aparecendo primeiro para as mulheres, e depois para os outros.
Hoje temos nossa própria versão imaginada do que aconteceu nessas ocasiões, mas
nossas versões não fecham uma com a outra. Lá, veremos as versões autênticas.
Considere isso da seguinte forma – os raios de luz que compuseram esses eventos
estão em algum lugar do universo. Claro, eles foram misturados e distorcidos a ponto
de não serem mais reconhecidos. No entanto, se Deus pode restaurar e recuperar a
forma dos corpos daqueles que morreram na fé, seria impossível para Ele reunir os
raios de luz dos eventos de Gênesis a Apocalipse para podermos vê-los? Claro que
não. Mas Ele não teria que fazer isso. Ele poderia apenas apertar a tecla “play” e o
panorama se desenrolaria perante nossos olhos.
Quando assistimos um desfile da calçada, só vemos os grupos e carros alegóricos
que passam na nossa frente. Porém, se pudéssemos subir em um prédio
suficientemente alto, conseguiríamos ver o desfile inteiro – do começo ao fim. No
Céu, estaremos alto o bastante para contemplar todo o desfile, da criação aos novos
Céus e nova terra.
Ou então imagine o seguinte – raios de luz viajam a 299.792,458 km/s. O registro
visual do que está acontecendo na terra hora levará 1.660 anos-luz para chegar até
Órion. Outra forma de dizer isso é que se olharmos para Órion hoje, o que vemos é
história, e não o que está acontecendo nesse momento. Na verdade, se pudéssemos ir
hoje para Órion e olhar para a terra com um telescópio poderoso o bastante, veríamos
Alexandre o Grande em seu auge (338-328 a.C.). Ou, então, se pudéssemos olhar de
um planeta que esteja entre 2.000 e 2.100 anos-luz daqui, poderíamos ver a vida e a
época do Senhor Jesus.
Ou considere então – o tempo, como o conhecemos, não existirá mais no Céu.
Nosso calendário se baseia no fato de que a terra tem sua órbita ao redor do sol em
365 dias, 5 horas e cerca de 48 minutos. Isso não vai acontecer mais no Céu. Talvez
não haja passado ou futuro, apenas um presente eterno. Se for assim, isso significa que
o Calvário será (assim como outros eventos bíblicos) uma realidade sempre presente.
Se isso parece complicado demais, apenas emocione-se com o fato de que é
possível que a Bíblia como você sempre a conheceu, tinta preta em páginas brancas,
seja vista ao vivo e a cores quando chegarmos ao Céu.

MILAGRES DA CRIAÇÃO
Na escola do Céu, o Senhor provavelmente nos ensinará as maravilhas da Sua
criação natural. Hoje temos apenas uma vaga idéia, por exemplo, das dimensões do
universo estelar. Quem pode negar que “em corpos ressurretos, livres da gravidade, os
redimidos do Senhor terão uma eternidade para explorar a imensidão do espaço (...) e
o homem finalmente alcançará as estrelas?”[4].
Nós adoraremos o Senhor pelas maravilhas do corpo humano: voz, visão,
audição, tato, paladar, olfato; pelo coração e o sistema circulatório; pela estrutura do
esqueleto, pelos músculos e pelo sistema nervoso, pelos feitos fenomenais do cérebro
humano. Obteremos respostas para nossas perguntas a respeito da mente, da alma e
do espírito. Temos, por muito tempo, menosprezado essas coisas.
Quando olharmos para baixo, entenderemos o quão perfeita a antiga terra era
para a vida humana: a presença da água; a atmosfera exata; a delicada rotação da
terra, criando as estações do ano.
Teremos uma admiração ainda maior pela forma como Deus providenciou
alimento para todas as Suas criaturas – que milagre logístico! Veremos que sabíamos
muito pouco sobre a formação de um bebê no útero.
E ficaremos surpresos que pessoas racionais possam ter acreditado que isso tudo
aconteceu devido à evolução, que por trás de um design tão complexo não havia um
Designer.
PROVIDÊNCIA DIVINA

Finalmente, conseguiremos enxergar os bastidores e ver como Deus estava


fazendo todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que O amavam.
Entenderemos o Seu tempo e as seqüências de acontecimentos que antes pareciam ser
aleatórias. Ficará claro que nada aconteceu por acaso, que não houve acidentes, e que
o que parecia ser coincidência era na verdade providência divina. Nossas decepções
eram Seus acertos. Tudo o que parecia errado estava certo.
No Céu, veremos como fomos protegidos pelo exército invisível de Deus.
Seremos como o rapaz na época de Eliseu: quando o Senhor abriu seus olhos, ele viu a
colina cheia de cavalos e carruagens (2Reis 6.17). Ficará claro que aqueles que
estavam conosco eram mais numerosos que o exército de Satanás que estava contra
nós.
Será uma revelação de como Deus guiou o Seu povo, como controlou
tempestades para servir a Seus propósitos, como proveu as nossas necessidades, como
transformou o castigo do homem em glória para Si. Veremos como “os fios escuros
eram tão indispensáveis quanto os fios de ouro e prata nas mãos do hábil Tapeceiro
para formar o desenho que Ele havia planejado”.
Por fim, a solução final para o mistério do sofrimento:
Ainda não, mas nos anos por vir –
Talvez na terra melhor –
Vejamos motivos para o nosso sofrer,
Lá, algum dia, entenderemos.
Recolheremos os fios partidos aqui,
Terminaremos o que começamos;
O Céu os mistérios explicará,
E, então, entenderemos.
Saberemos – por que nuvens, não sol,
Cobriram muitos planos preciosos;
Por que a canção parou ao mal começar;
Lá, por fim, entenderemos.
Por que o que ansiamos mais que tudo,
Escapa de nossas mãos;
Por que esperanças são destruídas e sonhos abatidos,
Lá, por fim, entenderemos.
Deus sabe o caminho, a chave é Sua,
Nos guia sem jamais errar;
Um dia sorrindo poderemos ver;
Sim lá, lá entenderemos.
- Maxwell N. Cornelius

HORA DO TESTEMUNHO
Além disso, haverá também os milagres de Deus ao nos redimir. Ouviremos os
testemunhos fascinantes de todos os que foram salvos pela maravilhosa graça de Deus.
Todos terão uma coisa em comum – todos foram salvos pela graça através da fé no
Senhor. No entanto, cada um será diferente do outro na forma pela qual foram
trazidos até ali. “Alguns pela água, alguns pela luz, alguns pelo fogo, mas todos pela
cruz”.
Outrora ateus e agnósticos contarão que nunca sentiam paz até encontrá-la em
Cristo. Críticos descreverão como estavam determinados a provar que a Bíblia estava
errada, e acabaram se tornando seus defensores mais fiéis. Ouviremos sobre como
vidas de embriaguez e libertinagem foram transformadas em vidas de santidade.
Os grandes mártires cristãos estarão lá junto com os Reformadores, redimidos
pelo precioso sangue de Cristo. Antigos budistas, hindus e muçulmanos descreverão
as circunstâncias maravilhosas em que ouviram o Evangelho e creram.
Não encontraremos muitos dos homens mais cultos, poderosos e nobres do
mundo, mas haverá multidões de pessoas comuns que ouviram a Palavra com alegria.
Católicos e protestantes, clero e leigos, comunistas e capitalistas darão seus
testemunhos de como confessaram seus pecados e encontraram perdão no Salvador.
Haverá também testemunhos de conversões na infância, e de pessoas idosas que
foram salvas em seu leito de morte. Então alguém dirá que creu da primeira vez que
ouviu o Evangelho; outros, depois de anos fugindo de Deus.
Esses eram todos pecadores,
Imundos perante o Senhor.
Agora, revestidos de pureza
Unem-se em um só louvor.
- A. T. Pierson

O Céu ressoará com os testemunhos da graça constrangedora e transformadora


de Deus.

OUTRAS REVELAÇÕES
Veremos mais claramente a ligação entre o material e o espiritual. Durante Seu
ministério na terra, o Senhor Jesus constantemente tirava lições espirituais do reino
natural.
Ele falava de grama, vento e sol,
De figueiras e da chuva a cair,
E muito se alegrou em poder
A terra e o Céu unir.
Falava de lírios, de milho e de vinho,
Do pardal e das andorinhas,
E palavras tão simples, mas também tão sábias
Foram nos corações esculpidas.
De fermento e pão, de linho e pano,
De ovos, de peixes, de velas,
Que forma divina Ele tinha de usar
As coisas do mundo, da terra!
- T. T. Lynch

Na terra, temos um vislumbre rápido. No Céu, perceberemos que tudo teria nos
ensinado lições espirituais, se tivéssemos parado para ouvi-las.
É possível que, quando chegarmos ao Céu, descubramos que Deus tinha outros
planos em ação em outros lugares além da terra? Não me entenda mal. A terra é o
único planeta onde há vida como a conhecemos. A terra é o único lugar onde Deus
planejou a redenção da humanidade. Foi somente na terra que a Cruz foi erguida.
Nesse sentido, nosso planeta é único. No entanto, um Deus grande como o nosso
poderia ter outros planos para outras esferas. Encontramos referências vagas quanto a
principados e potestades, governadores das regiões celestiais. Nada na Bíblia proíbe a
noção de planos divinos se desenrolarem no espaço intergaláctico. Esses planos, é
claro, não teriam nada a ver com a nossa salvação.
O cientista Henry Morris escreveu o seguinte:
A realidade por trás destas “coisas espantosas e [...] grandes sinais do Céu” (Lc 21.11) só pode ser que realmente há
vida no espaço! Porém, esses seres vivos habitantes de corpos celestes não são super-homens em naves espaciais
nem bolhas de protoplasma em estágios variados de evolução. Ao contrário, são “anjos, valorosos em poder” (Sl
103.20), “espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação” (Hb 1.14), nada
menos que os santos anjos de Deus. Há também nos Céus um grande exército de anjos rebeldes, seguidores da
“antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo” (Ap 12.9).[5]

Será um momento glorioso. Confessaremos com uma nova compreensão que “o


caminho de Deus é perfeito”. Samuel Medley (1738 – 1799) o descreve habilmente:
“Com todos os santos, nos uniremos para dizer: ‘Nosso Jesus fez tudo certo’”.
CAPÍTULO 10
O LUGAR EM SI

Há uma palavra que descreve o Céu melhor que qualquer outra – a palavra
glória. Na verdade, essa palavra às vezes é usada como um sinônimo para Céu (Sl
73.24; Cl 3.4; Hb 2.10). A linguagem humana é incapaz de fazer jus ao seu esplendor,
então Deus usa objetos de magnificência e elegância para nos transmitir uma idéia,
ainda que vaga, do nosso lar. Claro, Ele precisa tomar cuidado para não revelar
demais; do contrário, estaríamos tão ansiosos para partir deste mundo que não
estaríamos dispostos a cumprir nossas tarefas diárias aqui. Assim, precisamos nos
satisfazer com a certeza de que “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais
penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”
(1Co 2.9).
Quando pensamos em glória, é possível que nos venha à mente casamentos dos
ricos e famosos, coroações da realeza ou as cerimônias de abertura dos Jogos
Olímpicos. No entanto, por mais bonitos que sejam esses eventos, há uma glória que
excede a todos eles.
Imagine...
Chegar a uma praia,
E descobrir que é o Céu;
Segurar uma mão,
E descobrir que é a mão de Deus;
Respirar um novo ar
E descobrir que é o ar celestial;
Sentir-se revigorado,
E descobrir que é a imortalidade;
Passar de tempestades e temporais
Para uma calma ininterrupta;
Acordar,
E descobrir que é a glória.
- Autor desconhecido

Os capítulos da Bíblia aos quais mais recorremos para ter uma idéia de como será
o Céu são provavelmente os dois últimos capítulos de Apocalipse. Na verdade, aqueles
versículos descrevem a cidade santa, a Nova Jerusalém. Porém, faz sentido que
usemos esses capítulos para nos referir ao Céu, porque o que é verdade a respeito de
uma parte do Céu (a cidade celestial) também é verdade a respeito do restante dele (o
Céu como um todo).[6] O tempo ali é a Eternidade, porque o primeiro Céu e a
primeira terra já passaram. A cidade é vista descendo dos Céus vinda de Deus, como
uma noiva adornada para seu marido.
Nos impressionamos imediatamente com a abundância de ouro. Em uma
passagem, João diz que a cidade em si é feita de ouro puro, como vidro límpido (Ap
21.18). A seguir, ele diz que as ruas são de ouro puro, como vidro transparente (Ap
21.21b). Há vários pontos interessantes aqui. Em primeiro lugar, todo o ouro que já
foi minerado na terra encheria apenas cerca de 20m cúbicos. Nós estamos falando
apenas de algo em torno de 115 toneladas. Certamente há riqueza no Céu. Segundo,
o ouro lá é transparente. Nosso ouro é considerado puro quando tem 24 quilates, mas
ele não é límpido. A definição que o Céu tem de ouro deve ser diferente da nossa; o
seu ouro deve ser incrivelmente mais puro. Em terceiro lugar, os valores do Céu são
diferentes dos da terra. O que humanos valorizam como moeda e jóias é como
concreto ou asfalto no Céu. O tesouro de um joalheiro lá deve ter a forma de tijolos,
madeira e cimento.
Muralhas e portões geralmente são feitos para proteger cidades. No Céu, não há
necessidade de sistemas de segurança. Os portões nunca são fechados. Ao contrário,
eles foram feitos para enfeitar. Cada um dos doze portões, por exemplo, é uma
enorme pérola com o nome de uma das doze tribos de Israel inscrito nela.
Os muros são feitos de jaspe e têm doze fundamentos, cada um levando o nome
de um dos apóstolos e decorado com pedras preciosas de diferentes cores. Elas foram
cortadas e polidas, e agora refletem a luz radiante.
Essa é a única cidade com fundamentos cujo construtor é Deus. Ela contrasta
grandemente das cidades deste mundo, que sofrem de deterioração e de outros tantos
problemas.
Fluindo no meio da rua principal, há um rio da pura água da vida. De cada lado
do rio estão árvores frutíferas que dão novos frutos todo mês.
Lá, não há noite (21.25; 22.5). Na terra, a noite é o período em que o crime e a
desordem reinam. No entanto, também é quando, em meio ao sofrimento, os santos
mais anseiam pelos primeiros sinais do amanhecer. No Céu, eles estão na terra do dia
eterno onde a luz é como a de jóias, clara como cristal (21.11). Ela não vem do sol ou
da lua, mas da glória de Deus.
O mar não existe mais (21.1). Não há mais quilômetros de água separando
aqueles que se amam; nem horríveis tempestades, tragédias apavorantes nas
profundezas, crianças se afogando na praia.
Na terra, nos encantamos com a visão de montanhas cobertas de neve, com o
esplendor de ondas quebrando em praias de areia branca, com a beleza de um pôr-
do-sol. No Céu, o Artista Divino pintará com um pincel ainda maior.
As glórias do Céu desafiam a capacidade de descrição humana e ultrapassam a
compreensão do homem. Ruas de ouro. Portões de pérola. Joias de beleza
incomparável. Ainda assim, Spurgeon está certo ao afirmar: “As ruas de ouro pouco
nos atrairão, e as harpas dos anjos terão um encanto muito pequeno em comparação
ao Rei em Seu trono. É Ele quem vai capturar nossa atenção, preencher nosso
pensamento, cativar nossa afeição e levar nossa devoção ao mais alto nível de infinita
paixão. Nós veremos a Jesus”.
CAPÍTULO 11
ADORAÇÃO E MÚSICA

O Céu é um lugar de adoração e música.


Alguns de nossos momentos mais sagrados na terra são quando adoramos ao
Senhor em nossos cultos. O Céu se abre e a presença do Senhor está ali. É como se
estivéssemos na entrada do Céu. Experiências assim são uma pequena amostra do que
nos espera quando o simbólico pão e vinho derem lugar ao próprio Senhor.
Se a adoração ao Senhor Jesus é tão significativa agora, quão melhor será louvá-
lO e adorá-lO face a face! O compositor Edward Denny argumentou a partir do que é
bom para o que é excelente:
Oh, se esse vislumbre do amor
Tão divinamente doce é,
Como será, Senhor Altíssimo,
Conhecer o Teu sorriso!
Ver-Te face a face
Ter Tua perfeita semelhança,
E tua graça maravilhosa
Para sempre declarar.

J.G. Deck também exultava no contraste entre adorar aqui e lá no Céu:


Se aqui na terra a idéia do amor de Jesus
Levanta nossos pobres corações neste mundo insano;
Se mesmo aqui o gosto das fontes celestiais
Alegra tanto o espírito que o viajante canta;
Como será o brilho da Sua glória?
A plenitude genuína do Seu amor?
Que aleluias Sua presença trará?
O que, além de uma explosão de louvor?

O Dr. J. Vernon McGee ressalta que toda vez que lemos a respeito do Céu em
Apocalipse, os santos estão ou prostrados adorando ao Senhor ou se levantando
depois de terem adorado a Deus. Ele acrescenta que “se você não gosta de adorar a
Deus, então não vai gostar do Céu, porque é exatamente isso que faremos lá”.[7]
O problema é que nossa adoração hoje é imperfeita por causa de nosso
constrangimento, distração, orgulho, motivação errada e compreensão inadequada de
Deus. John Newton descreve que “Fraco é o esforço de nosso coração, e frio nosso
pensamento mais afetuoso”, e acrescenta rapidamente: “Porém, quando O virmos
como És, O louvaremos como é devido”.
Richard W. De Haan anseia pelo aperfeiçoamento da adoração:
“Nossa adoração não mais será imperfeita. Hoje, mesmo em nossos momentos mais sagrados, seja orando sozinhos
ou adorando em grupo, nossas mentes às vezes se distraem de Deus e da realidade espiritual. Naquele santo dia,
estaremos na presença direta de Deus, veremos a face de Jesus Cristo, e nossos corações responderão com devoção
e amor... Através das eras eternas nosso ser vai pulsar com alegria espiritual enquanto vivemos à luz da glória de Deus.
Amor e adoração fluirão de nossos corações quando virmos o rosto de Jesus Cristo, nosso santo Salvador”.[8]

No Céu, não haverá mancha ou pecado em nosso amor, louvor ou adoração. Não
haverá distrações ou impedimentos para nos limitar. Teremos uma capacidade maior
de adorar. A gratidão e a reverência que hoje sentimos, sem conseguirmos expressá-
las, fluirão sem restrições. Já foi dito que conseguiremos demonstrar tamanho amor
por Jesus que explodiria nossos corações se o sentíssemos hoje. Sendo homem e de
descendência escocesa (ou seja, tendo dificuldade de demonstrar ou receber amor),
espero que sejamos capazes de lançar fora nossas ressalvas e abraçar o Salvador sem
vergonha alguma.
A terra gloriosa será um lugar de música incomparável, com canções dirigidas a
Deus Pai e ao Senhor Jesus. Algumas das letras aparecem em Apocalipse. Elas
começam exaltando o Salvador por nos amar, nos lavar de nossos pecados em Seu
próprio sangue e fazer de nós um reino de sacerdotes (1.5b-6). Elas O exaltam como
Criador (4.11), Redentor (5.9-10) e Autor da Salvação (7.10). Elas O honram por Suas
obras maravilhosas, Sua justiça e verdade, Sua santidade e justiça íntegra (11.17-18;
15.3-4; 16.5-6).
Em louvor cada vez maior, as músicas atribuem ao Senhor uma série de glórias:
- Glória e domínio (1.6b);
- Glória, honra e ações de graça (4.9);
- Glória, honra e poder (4.11);
- Louvor, honra, glória e domínio (5.13);
- Louvor, glória, sabedoria, ações de graça, honra, poder e força (7.12);
- Poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor (5.12).
Se pudéssemos juntar todos os maiores músicos do mundo e dar-lhes a missão de
encher um salão com a música mais melodiosa e sinfônica imaginável, a apresentação
seria minúscula em comparação com a que será feita pelos redimidos de todas as eras.
Esse coral em massa consiste de dezenas de milhares vezes dezenas de milhares e
milhares de milhares, todos cantando em perfeita harmonia. Sem uma nota
desafinada sequer.
O firmamento do Céu ressoará com louvor,
Cada vez mais e mais alto;
Milhões de santos cantarão Seu valor
Corações em adoração prostrados.
A maré continuará a crescer,
Adoração cada vez maior;
Até toda criatura a Ti erguer
Sua voz em eterno louvor.
- Autor desconhecido

Haverá também acompanhamento instrumental. As harpas de Deus são


mencionadas especificamente (Ap 14.1-3; 15.2). Ouviremos também trombetas.
Sendo assim, por que não encontraríamos também todos os outros instrumentos que
foram usados para louvar a Deus na época de Davi? Nosso Senhor é digno de que
todos e tudo o que existe seja usado para louvá-lO.
Talvez o Senhor me permita manter uma convicção (e esperança) secreta de que
teremos o Messias de Händel no Céu. Sei que teremos a letra, porque as palavras
saíram diretamente da Palavra de Deus que vive e dura para sempre. Assim, quem
sabe tenhamos também a melodia. Tenho a impressão de que as notas estão ligadas à
letra com tal habilidade que demonstra a ação do dedo de Deus. Eu gostaria de ouvir
o coral celestial cantar o coro “Aleluia” enquanto eu “me prostro aos Seus pés, repito a
história e adoro ao que amou pecadores”.
Parece que a Eternidade
Será quase nada pra cantar Sua bondade.
- W. Spencer Walter
CAPÍTULO 12
SERVIÇO

O Céu, longe de ser um lugar de inatividade e tédio, será um lugar de serviço.


“Os seus servos o servirão” (Ap 22.3). Assim como teremos uma capacidade maior de
adorar, teremos também uma capacidade maior de servir.
Tudo o que fizermos será motivado por nosso amor por Ele. A idéia de
compensação ou recompensa jamais passará por nossas mentes. O serviremos porque
O amamos. Isso será uma forma gratificante de expressar plenamente o amor em
nossos corações por Aquele que nos comprou com Seu precioso sangue. É simples
assim.
Nosso serviço será voluntário. Nada de alistamento obrigatório no Céu. Servir
será a realização de um desejo sincero, não a obediência a uma ordem.
Seremos capazes de servi-lO sem motivações erradas, inveja de outros,
competições, interrupções, fracassos, arrependimentos, horários apertados, erros – não
haverá nenhum sinal do pecado.
A Bíblia não nos fala muito sobre que serviço será esse. Faremos qualquer coisa
que Ele desejar ou que sabemos que O agradará. A idéia de serviço está diretamente
ligada à adoração, ao louvor e à oração. Em Atos 13.1-3, os profetas e mestres em
Antioquia adoraram o Senhor com jejum e oração. Certamente a oração incluía louvor
e ações de graças.
Nosso serviço jamais se tornará monótono. Para muitas pessoas, trabalho é
sinônimo de uma rotina tediosa aqui na terra. Imagine um serviço que é
constantemente agradável e interessante. Será algo assim.
Serviço na terra muitas vezes quer dizer suor e cansaço. Sabemos por experiência
própria o que o Senhor quis dizer quando disse a Adão: “No suor do rosto comerás o
teu pão” (Gn 3.19). Agora, porém, a maldição que havia sobre a Criação já passou. Por
mais estranho ou contraditório que isso possa soar, nosso serviço no Céu significará
perfeito descanso.
Será um serviço sem interrupção, porque Seus servos O servirão dia e noite (Ap
7.15). A Eternidade será curta para fazermos o suficiente por Aquele que deu Sua vida
por nós.
“Seus servos O servirão em liberdade perfeita e prazer genuíno. Mesmo hoje, não há outro serviço que seja tão
produtivo, tão agradável quanto o serviço a Deus; lá, porém, o ministério sacerdotal não incluirá qualquer cansaço,
imperfeição ou restrição”.[9] - Charles R. Erdman
CAPÍTULO 13
RECOMPENSAS

O Céu será um lugar de recompensas dadas pelo próprio Salvador. Ele tem feito,
ao longo dos séculos, um registro detalhado, preciso e completo. Não ficará satisfeito
até que tudo o que foi feito por Ele seja revelado. Sua bondade recompensará a
bondade do Seu povo.

O TRIBUNAL DE CRISTO
Essa recompensa acontecerá diante do Tribunal de Cristo, também conhecido
como Trono de Julgamento de Deus. (Neste ponto é uma prática tradicional explicar
que a palavra grega para Tribunal de Cristo é Bema. No entanto, porque nunca vi
alguém se tornar mais sábio por ter essa informação, vou descartá-la). Geralmente,
quando ouvimos as palavras juiz ou julgamento, há certo tom pesado as
acompanhando. O que nos vem à mente é um tribunal, um juiz (severo, claro) vestido
de preto, e um réu culpado.
Espere aí. Esquecemos que essas palavras têm outro significado? Por que não
pensamos nas Olimpíadas, em uma exibição de flores ou em uma feira de ciências?
Nesses lugares, não é uma questão de considerar evidências e declarar culpa ou
inocência. Nenhum atleta é sentenciado à prisão. Nenhuma flor ganha a pena de
morte. É uma questão de dar prêmios por excelência ao alcançar critérios pré-
determinados. O Trono do Julgamento de Cristo será assim.
Assim, quando tratamos desse assunto, precisamos tirar de nossas mentes
qualquer noção de pecado e punição. Os pecados do crente – passados, presentes e
futuros – foram julgados no Calvário quando o Senhor Jesus, como substituto, pagou
o preço total. Cristãos jamais serão julgados nesse sentido; eles já passaram da morte
para a vida (Jo 5.24). Porque estão em Cristo Jesus, eles estão livres da condenação
(Rm 8.1).
O Tribunal de Cristo é o momento em que a vida e o serviço do crente serão
revistas e recompensadas. O local é o Céu. O juiz é Cristo. Todos os crentes estarão lá.
Paulo nos dá a descrição completa disso em 1Coríntios 3.9-15:
“Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.
Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente
construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém
pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se
o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno,
palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está
sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se
permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão;
se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia,
como que através do fogo”.
Vemos, então, que tudo o que tiver sido feito para a glória de Deus – Paulo o
chama de ouro, prata, pedras preciosas – será recompensado. Todo o resto será
queimado e o trabalhador sofrerá a perda. No entanto, ele será salvo. É uma questão
de serviço, não de salvação.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Não há segredo algum quanto aos critérios que o Juiz considerará ao entregar os
prêmios. Ele tem sido completamente honesto conosco para que já saibamos, desde
agora, correr como vencedores. Aqui estão algumas das considerações que Ele levará
em conta:
- A fidelidade será recompensada, ao invés do sucesso (Mt 25.21,23; 1Co 4.2).
Não é possível sempre ter sucesso, mas podemos ser sempre fiéis.
- Não é a quantidade de dons ou habilidades que você ou eu temos que conta,
mas a forma como os usamos (Mt 25.15-28; Lc 19.13-28). Não fomos todos criados
iguais. Porém, o Senhor baseia seu julgamento em como usamos o que Ele nos deu.
- Não é o tipo de serviço que é avaliado, mas o espírito com o qual ele foi feito
(Cl 3.22-24). Devemos servir como para o Senhor e não para os homens. E precisamos
lembrar que Ele não se agrada de um espírito de barganha (Mt 19.27-30).
- O desejo é recompensado, mesmo quando é impossível cumpri-lo (1Rs 8.18;
2Co 8.12). Não foi permitido que Davi construísse o templo, mas Deus o elogiou por
ter esse desejo em seu coração.
- Não é a quantidade que importa, mas a atitude de coração (Mt 10.42). A viúva
que ofertou apenas duas moedas de cobre é um lembrete perpétuo disso (Lc 21.2).
- Não é como nós avaliamos nosso serviço que conta, mas como o Senhor o
avalia (Mt 25.37-40).
Feitos de mérito, como os considerávamos,
Ele nos mostrará terem sido apenas pecado.
Pequenos gestos que havíamos esquecido,
Ele mostrará que foram por Ele.

- Não é o que os outros vêem que tem valor, mas o que Deus vê e sabe (Mt 6.1-
18). Se fazemos algo para ganhar a aprovação de outros e conseguimos, já ganhamos
nossa recompensa - a aprovação de outros.
- Tudo o que for feito pelo povo de Deus será reconhecido como se tivesse sido
feito para Ele (Mt 25.40). Isso abre enormes possibilidades de alimentá-lO, vesti-lO,
visitá-lO e servi-lO tão verdadeiramente quanto se Ele estivesse presente de corpo.
- Nada de bom feito para o Senhor e por Sua glória é insignificante; tudo será
recompensado (Ef 6.8). Não há distinção entre o secular e o sagrado. O trabalho
simples de uma empregada ou de um zelador, quando feito para a glória de Deus, é
tão sagrado quanto o ministério espiritual na congregação.
- Seguindo essa mesma idéia, nosso status social também não conta (Ef 6.8). Um
fazendeiro imigrante, trabalhando arduamente no campo, não perde as melhores
recompensas no trono de julgamento. Cristãos eminentes não têm prioridade sobre
cristãos comuns. Os primeiros convertidos na era cristã não terão vantagem sobre os
que ainda estiverem vivos no momento do Arrebatamento.
- Por fim, o Senhor recompensa a perseverança (Lc 22.28). Não basta começar
bem; Ele quer aqueles que continuarão bem por Ele até o fim.

COROAS
As recompensas no trono de julgamento de Cristo são muitas vezes chamadas de
coroas. Diferentes das coroas e honras deste mundo, as do Senhor são incorruptíveis.
Há a coroa da alegria por ganhar almas para Cristo (1Ts 2.19).
Existe também a coroa da justiça por amar a Sua Vinda (2Tm 4.8). Quando
Paulo fala de amar a Vinda de Cristo, ele não está falando apenas de ter pensamentos
ternos e emotivos quanto ao Arrebatamento. Ao invés disso, significa viver à luz da
Sua Volta: vigiando, esperando, orando e servindo.
Há ainda a coroa da vida por resistir à tentação (Tg 1.12). Nos esquecemos disso
quando nos enroscamos nos fios da tentação. Há uma recompensa por dizer não.
Pedro menciona a coroa da glória para aqueles que pastoreiam fielmente as
ovelhas de Cristo (1Pe 5.4).
Paulo esforçou-se para ganhar uma coroa imperecível dada pelo exercício do
auto-controle na corrida cristã (1Co 9.25).
Há também uma coroa especial para os mártires, aqueles que forem fiéis até a
morte (Ap 2.10).
Existe um consenso geral entre cristãos de que a única forma adequada de usar
essas coroas é depositá-las aos pés do Senhor Jesus em adoração – Ele é o Único
digno.

OUTRAS RECOMPENSAS
Às vezes, as recompensas estão relacionadas à administração ou mordomia. Na
parábola das minas, por exemplo (Lc 19.11-27), a um dos servos fiéis foi dada
autoridade sobre dez cidades, e a outro, sobre cinco. Em outra passagem, o Senhor
disse aos discípulos: “Vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações.
Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio, para que comais e bebais à
minha mesa no meu reino; e vos assentareis em tronos para julgar as doze tribos de
Israel” (Lc 22.28-30). Embora essa passagem se refira essencialmente ao Milênio, é
possível que ela também se aplique ao Céu. Quem sabe lá as palavras intrigantes de
Paulo aos Coríntios ganhem um novo significado. “Não sabeis que havemos de julgar
os próprios anjos?” (1Co 6.3).
Há outras recompensas, ainda. O Salvador prometeu que quem O confessasse
diante dos homens, Ele também confessaria diante do Pai no Céu (Mt 10.32).
Imagine a honra de ser reconhecido pelo Filho de Deus diante do Soberano do
Universo!
Existem também promessas especiais feitas àquele que vence o mundo, isso é, ao
que confessa que Jesus Cristo é o Filho de Deus (1Jo 5.5), que vence o mundo através
da fé (5.4) e que vence o Maligno e seus falsos mestres (2.13-14; 4.4). Ele comerá da
árvore da vida (Ap 2.7) e do maná escondido, e receberá uma pedra branca com um
novo nome conhecido apenas por quem a recebeu (Ap 2.17). Ele receberá autoridade
sobre as nações e a estrela da manhã (Ap 2.26-28) e será vestido de branco (Ap 3.5).
Seu nome não será apagado do Livro da Vida, mas será reconhecido diante de Deus
Pai e de Seus santos anjos (Ap 3.5). Ele se tornará uma coluna no santuário de Deus,
e receberá a inscrição do nome da Nova Jerusalém (Ap 3.12). Se assentará com Cristo
em Seu trono (Ap 3.21).
Se você tem dificuldade para entender algumas dessas honras, não se preocupe.
Todas elas ficarão claras quando estivermos diante do Tribunal de Cristo.

COPOS CHEIOS, TAMANHOS DIFERENTES


Além de haver diferentes recompensas no Céu, haverá também diferentes níveis
de satisfação lá. Embora seja verdade que todos serão felizes lá, também é verdade
que algumas pessoas terão uma capacidade maior de desfrutar do Céu. Ou, em outras
palavras, todos terão o copo cheio, mas o copo de alguns será maior que o de outros.
Paulo sugere isso em 1Coríntios 15.41-42: “...entre estrela e estrela há diferenças de
esplendor. Pois assim também é a ressurreição dos mortos”.
Isso levanta uma pergunta crucial: Como determinamos nossa capacidade de nos
alegrar no Senhor e nas glórias da casa do nosso Pai? Fazemos isso nos preparando
desde agora para a Eternidade. Deixe-me sugerir algumas formas práticas.
Primeiro, o que aprendemos da Bíblia agora determina o investimento inicial de
conhecimento a respeito das coisas divinas que levamos conosco. Claro, poderemos
aumentar nosso conhecimento quando chegarmos em casa, mas nunca seremos
oniscientes.
Segundo, quanto maior for a prática que tivermos como adoradores do Salvador
aqui na terra, mais capazes seremos de admirá-lO e adorá-lO quando estivermos aos
Seus pés. Ele já será bem conhecido por nós.
A profundidade da nossa vida de oração também ajudará. As respostas de oração
que testemunhamos serão evidências de Sua sabedoria, amor e poder, e, portanto,
motivo de gratidão eterna.
A proporção de tesouros que acumulamos no Céu ao invés de na terra (Mt 6.19-
20) será também um medidor do nosso futuro estado espiritual. Do contrário, por que
o Senhor Jesus enfatizaria isso tanto?
Acumulamos tesouros ao levar almas a Jesus. Spurgeon comenta: “Uma das
razões porque alguns santos terão uma plenitude maior do que outros no Céu é o fato
de que eles fizeram mais pelo Céu do que os outros. Pela graça de Deus, foram
capacitados para alcançar mais almas”.
De forma geral, nosso serviço e crescimento espiritual no presente determinam
nossa capacidade de desfrutar da nossa herança eterna.
A história de dois irmãos ilustra isso: Desde pequeno, Dave entregou sua vida
para o Senhor – seu Salvador e Mestre. Ele se tornou um ávido leitor da Palavra.
Conforme crescia em sua carreira como engenheiro eletrônico, encontrou também
portas abertas para que pregasse e ensinasse. Dave e sua esposa se contentavam com
um padrão de vida simples, de forma que podiam dar o primeiro lugar ao que
consideravam mais importante. Sua casa se tornou um marco de hospitalidade, um
centro de ensino e um ímã para atrair jovens.
Jim aceitou a Cristo dois anos antes de seu irmão. Ele teve um crescimento
extraordinário em seu cargo como gerente de vendas internacionais; sua família tinha
tudo o que poderia querer em termos de bens materiais e conforto. No entanto, seu
trabalho o consumia. Ele nunca foi capaz de estabelecer limites em sua carreira.
Os dois eram salvos e os dois tinham certeza de ir para o Céu através da obra de
Cristo. Porém, era a Dave que as pessoas procuravam quando queriam entender
melhor a Palavra ou quando precisavam de ajuda espiritual. Ele sempre falava do
Senhor Jesus de forma inteligente e apaixonada.
Pode-se dizer que ambos os homens se alegravam no Senhor, mas Dave tinha
uma capacidade maior de desfrutar de Sua presença. Os copos de ambos estavam
cheios, mas Dave tinha um copo maior. Assim também será no Céu.
CAPÍTULO 14
VISLUMBRES DO CÉU

Recentemente, livrarias seculares têm acumulado fortunas vendendo livros a


respeito de experiências de quase morte. Betty Eadie escreveu “Envolvido Pela Luz”. A
contribuição de Raymond Moody foi “A Luz do Além”. Outros autores, como
Elisabeth Kubler-Ross, também deram contribuições quanto à questão.
É interessante o quanto a palavra luz se destaca nos títulos e textos desses livros.
Os leitores ficam com a impressão de que, afinal, a morte não é tão ruim assim. Na
verdade, ela é absolutamente gloriosa. Não se faz qualquer distinção quanto ao estado
espiritual das pessoas ou se a pessoa era cristã ou não. Tal pergunta não é relevante na
mente desses autores. O que parece ser importante é que há uma luz no fim do túnel,
seja você quem for.
É claro que essa luz é falsa. A idéia de usar uma falsa sensação de segurança para
acalmar os que não são salvos, garantindo-lhes de que não há nada a temer, se
encaixa bem com a estratégia do Maligno. “O próprio Satanás se transforma em anjo
de luz” (2Co 11.14).
Conhecemos seus artifícios. Ele vem para roubar, matar e destruir. As pessoas
acham que está tudo bem, e então morrem e acordam na escuridão das trevas eternas.
Tendo dito tudo isso, creio que verdadeiros crentes muitas vezes têm, sim,
vislumbres da glória antes de morrer. Alguns vêem o Salvador em seu esplendor e
brilho. Outros vêem vislumbres do próprio Céu.

ESTEVÃO
Estevão, o primeiro mártir da Igreja Cristã, teve uma visão assim. Enquanto a
multidão enfurecida o bombardeava com pedras, “Estevão, cheio do Espírito santo,
fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita” (At 7.55).
Isso mudou tudo. A amargura da morte já havia passado. As poucas pedras mortais já
não importavam mais, desde que ele pudesse ver a glória de Deus e o Salvador ao Seu
lado, prontos para recebê-lo. Com perfeita calma, Estevão orou: “Senhor Jesus, recebe o
meu espírito!”. Então, com perfeito perdão, exclamou: “Senhor, não lhes imputes este
pecado”.

A COROAÇÃO DE MOODY
Logo antes da morte de Dwight L. Moody, seu filho mais velho o ouviu dizer: “A
terra está desaparecendo, o Céu está se abrindo, Deus está chamando”. Sua família se
apressou para se reunir ao redor de sua cama. Moody perguntou: “A morte é assim?
Não há vale. Só felicidade, é glorioso!” Quando sua filha Emmy começou a orar para
que ele se recuperasse, ele disse: “Não, não, Emmy. Deus está chamando. Hoje é o dia
da minha coroação. Tenho esperado ansiosamente por ele”. Depois que alguém viu o
Céu, a terra perde todo o encanto.

CONHECENDO O REI
Quando Frances Ridley Havergal estava morrendo, ela cantou uma música sobre
vitória e sobre o Céu. Seu rosto começou a brilhar como se ela estivesse contemplando
o Senhor em Sua glória. Um de seus parentes disse:
“Sabíamos que ela estava tendo um encontro invisível com seu Rei, porque sua expressão era de enorme alegria,
como se ela já tivesse falado com Ele. Então ela tentou cantar de novo, mas depois de uma única nota, aguda e doce,
sua voz silenciou. Enquanto seu irmão confiava sua alma às mãos de Deus, ela se foi”.[10]

NENHUM VALE DAS SOMBRAS


Depois de um acidente cirúrgico, minha mãe passou seis meses no hospital. Certo
dia, enquanto seu estado de saúde piorava, as enfermeiras e assistentes a levaram para
a sala de raios-X e a deixaram lá por alguns minutos. A sala estava fria e escura. Ela
depois nos contou que, enquanto estava lá, deitada, o Senhor Jesus se aproximou dela.
Foi tudo muito real para ela. Qualquer medo que ainda restava se foi. Não havia
nenhum vale das sombras. Ela enfrentou a morte triunfante.

O TRIUNFO DE UM PAI
O missionário veterano Christy Wilson nos conta a respeito da partida de seu pai.
Seu relato é assim:
No último dia de sua vida, nós estávamos todos com ele – minha mãe, meu irmão Jack, minha irmã Nancy, minha
esposa Betty e eu. Percebemos que ele estava ficando cada vez mais fraco e estava com dificuldade para respirar. Eu
lhe perguntei, então, se ele gostaria de se sentar na beirada da cama. Ele respondeu que sim. Sentei-me ao seu lado
e coloquei meu braço em seus ombros. Enquanto estávamos ali, sentados, ele olhou para o teto e orou: “Senhor
Jesus, ajuda-me”. E então seu rosto começou a brilhar. “Eu vejo Jesus!”, ele exclamou. “Eu vejo o Senhor”. Nenhum de
nós via Cristo, mas ele via. Podia ver o Senhor em toda a Sua glória, assim como Estevão viu. Então meu pai disse:
“Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome”.
Ele estava tão animado. Então, tão feliz e relaxado que estava, nós o ajudamos a deitar na cama novamente. Nós
cinco ficamos ao seu redor. Ele então disse: “Ó vem, ó vem, Emanuel!” E embora fosse abril, nós cantamos essa
música de Natal. Em seguida cantamos seus hinos preferidos. Entre eles estavam Amazing Grace [A Eterna Graça]. A
última estrofe diz o seguinte:
Quando estivermos lá há dez mil anos,
Brilhando como o sol;
Não teremos sequer um dia a menos para louvá-lO
Do que quando começamos.
Enquanto estava ali deitado, meu pai apontou para uma almofada que havíamos dado à minha mãe. Nela havia a
frase: “Felicidade é ser avó”. Meu pai apontou para a frase e disse: “Felicidade de verdade é estar com Jesus. Eu vou
estar com Jesus... hoje!” E ele estava tão animado porque estava prestes a estar com seu Senhor.
Quando os membros da família terminaram de orar e cantar louvores, o já idoso Sr. Wilson, com um sorriso no rosto,
se foi para estar com Jesus.[11]

Ó GRAÇA!
Por certo tempo tive um vizinho morando no apartamento ao lado que tinha um
temperamento bastante desagradável. Ele sempre passava a impressão de ter chupado
limão azedo. Outra questão era o fato de que ele tinha uma doença terminal. Porém,
nos últimos anos de sua vida, Jim converteu-se. Converteu-se de verdade. Ele foi salvo
na reta final.
Eu estava no exterior quando ele foi levado para o hospital pela última vez.
Quando voltei, sua esposa me disse que estava ao seu lado em seus últimos
momentos. De repente, ela o viu sentar-se na cama, olhar para um ponto à distância e
dizer: “Oh, Marge!”. Ela disse que foi a frase mais entusiasmada que jamais o ouvira
dizer. Jim havia visto a glória do Senhor. Então ele caiu de volta na cama e morreu.

KAMWANDI
Enquanto estava em uma viagem de caça, um africano chamado Kamwandi teve
um sonho com uma estrada larga que o arrastava como se fosse a correnteza de um
rio. A estrada terminava em um inferno abrasador onde homens e mulheres estavam
cometendo os pecados que cometiam quando viviam na terra. Em seu sonho, outro
africano o alertou de que deveria seguir a estrada estreita que levava à floresta.
Certo tempo depois, ele cravou uma estaca acidentalmente em sua perna. A
ferida não estava sarando, então ele foi procurar ajuda no hospital em Kalene.
Quando chegou lá, viu uma missionária sentada em um banco contando aos pacientes
a respeito de uma estrada estreita que leva à Vida, e uma estrada larga que leva à
destruição. Ele descobriu que a estrada estreita é Cristo e confiou sua vida ao
Salvador. Assim que a ferida havia melhorado o suficiente, ele voltou para o seu povo
para contar-lhes sobre o Senhor Jesus.
Porém, a infecção piorou novamente e ele teve que voltar ao hospital. Ele passou
de cabana em cabana contando aos pacientes sobre o Redentor, até que um dia ele
chamou as pessoas até sua própria cabana e disse: “Escutem, eu os ouço cantando!
Que lindas músicas!”. E então ele morreu, com um sorriso radiante em seu rosto.[12]
OS MÁRTIRES DO EQUADOR
Quando cinco jovens missionários foram perfurados por lanças até a morte pelos
índios Huaorani (Auca) no Equador, não havia indicação de que eles haviam tido
qualquer tipo de experiência de quase morte. Porém, trinta e três anos depois, Olive
(Fleming) Liefield, a viúva de um dos homens (Peter Fleming), visitou a área onde os
índios viviam. Olive e seu marido, Walter, ficaram surpresos ao descobrir que dois dos
índios que estiveram lá quando os missionários foram mortos ouviram vozes
cantando. Olhando acima das árvores, viram uma multidão de pessoas com centenas
de luzes brilhantes.
Não seria razoável crer que esse foi o comitê de boas vindas de Deus, conduzindo
os missionários “através dos portais do esplendor”?[13]

ÀS VEZES OU SEMPRE?
Não há dúvida de que cristãos genuínos às vezes têm experiências de quase
morte. Eles vêem o Senhor. Vêem o esplendor do Céu. Vêem a glória indescritível.
A pergunta é – isso acontece com todo filho de Deus que morre? Podemos não
saber na hora. Pode não haver expressão de alegria ou prazer. Pode não haver uma
explosão emocional. Mas não é possível que simplesmente aconteça?
Podemos ter certeza de que Deus nos dá graça para morrer quando ela é
necessária. Ele prometeu: “A minha graça te basta...” (2Co 12.9). Outra passagem
afirma que “como os teus dias, durará a tua paz” (Dt 33.25b). Podemos tremer diante
da idéia de morrer hoje, mas isso não é inquietante. Não temos graça para morrer
hoje porque não precisamos dela. Podemos ter a certeza de que, se fôssemos morrer,
nos seria dada a força para enfrentar a morte com calma convicção.
Talvez você já tenha ouvido a expressão “Graça de mártir para dias de mártir”.
Isso significa que Deus deu uma graça especial aos mártires para que pudessem
testemunhar heroicamente a respeito do Senhor Jesus enquanto suportaram torturas
terríveis. Lemos essas histórias e pensamos “eu nunca conseguiria fazer isso”. Claro
que não. No entanto, se o Senhor o chamar para ser queimado na fogueira amanhã,
Ele lhe dará força sobrenatural para enfrentar isso com tranqüilidade e paz. É inútil
preocupar-se com a morte antecipadamente. Quando a hora chegar, podemos ter
certeza – o Bom Pastor estará conosco no vale da sombra da morte. Não estaremos
sozinhos. E, se Ele está conosco, isso é tudo o que importa.
CAPÍTULO 15
COMIDA NO CÉU?

Nós vamos comer no Céu? Por que não? Certamente é possível. O Senhor Jesus
comeu já em seu corpo glorificado e ressurreto. Seus discípulos “...lhe apresentaram
um pedaço de peixe assado [e um favo de mel]. E ele comeu na presença deles” (Lc
24.42-43). Já que teremos corpos glorificados como o dEle (Fp 3.21), é bem possível
que possamos comer também.
Não é apenas possível, mas é provável. Lembre-se da Ceia das Bodas do Cordeiro
onde todos os crentes estarão presentes. “Bem-aventurados aqueles que são chamados
à ceia das bodas do Cordeiro” (Ap 19.9). Uma ceia obviamente significa que haverá
comida.
Além disso, o Reino dos Céus é comparado a um banquete de casamento (Mt
22.1-14) e uma grande ceia (Lc 14.15-24). Faz sentido – o reino será marcado pela
alegria, comunhão e celebração que fazem parte desse tipo de ocasião.
O maná é um dos itens presentes no menu do Céu (Ap 2.17), assim como frutas
(Ap 22.2).
Jesus disse que “muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa
com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos Céus” (Mt 8.11). Sentar-se com esses patriarcas
significa conversar com eles, ter comunhão com eles. Há ao menos a sugestão aqui de
que estaremos sentados à uma mesa coberta de coisas boas para comer.
Bom, é verdade que não sabemos quase nada a respeito da fisiologia dos corpos
glorificados, mas basta sabermos que seremos capazes de desfrutar da comida e da
bebida sem os processos que hoje são resultado do pecado.
Religiões pagãs muitas vezes descrevem o Céu como um lugar onde o apetite
animal é satisfeito devorando comida, consumindo enormes quantidades de vinho e
participando de uma comilança geral. Como é diferente a forma santa e comedida
com que a Palavra trata a questão do nosso comportamento no Reino Eterno.
CAPÍTULO 16
CASAMENTO NO CÉU?

Nosso Senhor deixou claro para os saduceus, os liberais do Seu tempo, que no
Céu as pessoas não se casam nem se dão em casamento, sendo como os anjos nessa
questão (Mt 22.30). Essa foi uma resposta dada a uma pergunta hipotética feita por
eles para fazer a ressurreição parecer algo ridículo. Sete irmãos se casaram com a
mesma mulher, um por vez, assim que o marido anterior morria. Pergunta: De qual
desses homens ela seria esposa na ressurreição?
Essa pergunta demonstra ignorância quanto à Escritura e ao poder de Deus. A
Bíblia ensina a verdade da ressurreição e o Seu poder a garante.
A resposta do Senhor não significa que crentes glorificados são anjos. Tampouco
quer dizer que não haverá distinção de gênero. Não significa que um marido não
reconhecerá sua esposa. Nós certamente não teremos menos conhecimento no Céu do
que o que temos hoje na terra. Porém, a palavra do Senhor quer dizer que o
relacionamento de casamento não continuará no Céu e que não haverá concepção de
crianças.
Se as histórias de casamento excessivamente confusas de alguns cristãos, com
divórcios e re-casamentos complicados, são um problema para nós quando pensamos
a respeito do Céu, podemos ter certeza de que, para Deus, não são problema algum.
Ele já resolveu problemas bem maiores do que esses.
CAPÍTULO 17
O BANQUETE DAS BODAS DO CORDEIRO

A tradição judaica dos tempos bíblicos dizia que o homem deveria ir até a casa de
sua futura noiva para fazer uma aliança de casamento. Era semelhante a um noivado,
porém havia um nível de compromisso maior. A aliança incluía um valor de compra
pago ao pai da noiva. Uma vez que esse valor fosse pago, o homem voltava para a casa
do seu pai para preparar as acomodações. Ele poderia não ver sua noiva por um ano.
Ao final desse período, ele e seus convidados buscavam sua noiva e a levavam até
o lugar que ele havia preparado com amor e cuidado. A noiva sabia que ele viria, mas
não sabia exatamente quando. Por fim, uma vez de volta à casa do pai do noivo, o
casamento era consumado. Depois de cerca de uma semana, o noivo apresentava sua
noiva aos convidados do casamento.
Era nesse momento que o banquete ou ceia de casamento começava, com grande
celebração e festa.
Cristo é o Noivo celestial, e a Igreja é a Sua noiva. Ele a comprou com Seu
próprio sangue, literalmente vendendo tudo o que tinha para comprá-la. Agora, Ele
está na casa de Seu Pai, preparando uma habitação para ela. Em um momento que
não conhecemos, Ele voltará para levá-la para Sua casa, no Céu.
No momento certo, Ele aparecerá com Sua noiva diante dos convidados do
casamento e então começará o banquete do Cordeiro. Essa ocasião de festa é
mencionada em Apocalipse 19.9: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia
das bodas do Cordeiro”.
Permanece a pergunta válida quanto ao local de sua realização, se essa ceia será
no Céu ou na terra durante o Milênio. A parábola das virgens prudentes e insensatas
(Mt 25.1-10) indica a segunda opção. Quando o Noivo (o Senhor Jesus) voltar, o
casamento já terá acontecido no Céu (Ef 5.27). As virgens que já estavam prontas
(israelitas salvos) entraram com o Noivo. Elas não entraram para o casamento, como
diz a ARA e a ARC, mas para a festa de casamento (v.10, NVI e NTLH). Essa imagem
representa Cristo voltando com Sua Noiva para celebrá-la e para estabelecer Seu
Reino.
Quer esse banquete seja no Céu, quer seja na terra, o importante é estarmos lá.
CAPÍTULO 18
BEBÊS NO CÉU

Onde se encaixam os bebês que morrem no grande plano de salvação de Deus?


Bem, eles têm um lugar garantido no Céu por toda a Eternidade. A promessa mais
clara nesse sentido se encontra em Mateus 19.14, onde Jesus diz aos seus discípulos:
“Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos
céus” (veja também Marcos 10.14 e Lucas 18.16). Essa frase, “dos tais é o reino dos
céus”, é marcante. Ela não deixa dúvidas, não exige que bebês creiam, sejam batizados
ou passem por qualquer exigência criada pelo homem.
Encontramos uma evidência semelhante em Mateus 18.3, quando o Salvador diz:
“Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças,
de modo algum entrareis no reino dos céus”. Veja que Ele não disse que crianças
precisam se tornar como adultos, mas o contrário. Adultos precisam ser como crianças.
Na parábola da ovelha perdida (Mt 18.10-14), a lição é a seguinte: “Assim, pois,
não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos”; “...seus
anjos nos céus vêem incessantemente a face de meu Pai celeste”.
Muitos pais em luto encontram consolo nas palavras de Davi, quando seu filho
morreu ainda bebê. Davi diz a respeito da criança: “Eu irei a ela, porém ela não voltará
para mim” (2Sm 12.23). Davi não menciona o Céu especificamente, mas não seria
errado ler isso em sua frase de consolo.
Quando nosso Senhor estava falando de crianças, Ele disse: “Porque o Filho do
Homem veio salvar o que estava perdido” (Mt 18.11). Quando se referia a adultos, no
entanto, disse: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10).
Há uma idéia de que Ele teve que buscar adultos e que isso não se aplica às crianças.
Isso, no entanto, levanta uma questão. Já que bebês e crianças pequenas são
pecadores por natureza e por ações, como um Deus santo pode aceitá-los no Céu sem
terem nascido de novo? Encontramos a resposta no caráter de Deus: “Não fará justiça
o Juiz de toda a terra?” (Gn 18.25). Embora seja verdade que esses pequeninos são
pecadores, também é verdade que eles ainda não eram capazes de aceitar ou rejeitar o
Salvador. Sendo assim, Deus pode estender a eles o valor da obra expiatória de Cristo,
mesmo que não saibam nada a respeito do Calvário. Eles são salvos pelo sangue de
Jesus.
Surge, no entanto, ainda outra pergunta. Com que idade a criança se torna
pessoalmente responsável por sua resposta ao Evangelho? Em outras palavras, qual é a
idade da razão? Não há uma idade específica para todo mundo. Ela varia de indivíduo
para indivíduo. Assim que alguém lhe apresentar o Evangelho de forma genuína e que
a criança for capaz de responder às boas novas e crer no Salvador, ela se torna
responsável perante Deus e precisa se converter.
Uma última pergunta. Os bebês permanecerão para sempre na infância no Céu,
ou haverá um crescimento normal? Por um lado, parece difícil imaginar o Céu sem
bebês, já que eles nos trazem tanta alegria mesmo aqui na terra. Se as pessoas
envelhecessem no Céu como envelhecem aqui, o Céu seria um grande centro
geriátrico. Quando os discípulos encontraram Moisés e Elias no Monte da
Transfiguração, não há referência alguma a eles serem idosos. Erwin W. Lutzer afirma
o seguinte:
“Disto podemos ter certeza: As crianças serão completas no Céu. Ou terão a aparência que teriam quando tivessem
chegado à idade adulta; ou terão capacidades físicas e mentais maiores, que lhes darão condições completas entre
os redimidos. O Céu não é um lugar de cidadãos de segunda-classe. Todas as deficiências desaparecerão. O Céu é
um lugar de perfeição”.[14]

Mesmo tendo dito tudo isso, ainda temos que admitir que não temos todas as
respostas a respeito de como serão os bebês no Céu. A Bíblia não nos dá uma
explicação detalhada. Porém, podemos nos tranqüilizar de que Deus planejou tudo de
uma forma que fascinará, agradará e satisfará todo o Seu povo.
CAPÍTULO 19
CONHECIMENTO DAS COISAS DA TERRA

Os santos que estão no Céu sabem do que está acontecendo na terra? Caso sim,
quanto eles sabem?
Em primeiro lugar, podemos afirmar com certeza de que eles não sabem de tudo.
Aqueles que já têm seus corpos glorificados nunca compartilharão dos atributos
incomunicáveis de Deus, como sua onisciência, onipotência e onipresença. Quando
João diz que seremos como o Salvador (1Jo 3.2), ele se refere à semelhança espiritual e
moral. Quando Paulo afirma que conheceremos como somos conhecidos (1Co 13.12),
revela que nos reconheceremos no Céu. Entretanto, a pergunta permanece: Os
habitantes do Céu estão cientes dos eventos que acontecem na terra?
Parece ser claro que, quando um pecador é salvo, os cidadãos do Céu sabem
disso. Nas parábolas da ovelha perdida e da moeda perdida, o Senhor Jesus disse que
há júbilo na presença dos anjos de Deus quando um pecador se arrepende (Lucas
15.7,10). Isso não limita o júbilo apenas aos anjos, mas o estende a todos aqueles que
estão na presença dos anjos, o que certamente inclui os redimidos na glória. D. L.
Moody comenta: “Imagine! Através de uma ação nossa, podemos gerar alegria no
Céu. A idéia parece maravilhosa demais para a compreendermos. Imaginar que o mais
pobre pecador da terra, através de uma ação própria, possa causar júbilo às multidões
celestiais”. [15]
É também provável que quando alguém que se desviou volta para o Pai, o Céu
explode de alegria. Podemos deduzir isso a partir da parábola do filho perdido (Lucas
15.22-24). Nosso Senhor descreve de forma vívida a celebração que aconteceu quando
aquele pai humano recebeu seu filho pródigo com alegria. Se isso é verdade aqui na
terra, quanto mais não deve ser no Céu. O Pai celestial não faria nada menos que isso.
E a multidão celestial participaria da festa.
Há também outra coisa que os santos que estão no Céu devem saber – quando
um crente se apresenta como sacrifício vivo a Deus (Rm 12.1,2). Esse é o equivalente
do Novo Testamento para a oferta queimada do Antigo Testamento. Essa oferta era
conhecida como um aroma agradável. Isso quer dizer que a doce fragrância do
sacrifício subia até Deus. Quando o Senhor Jesus se ofereceu a Deus para ser
totalmente consumado no Calvário, Paulo descreveu a cena como “oferta e sacrifício a
Deus, em aroma suave” (Ef 5.2). O Céu ficou cheio desse aroma suave. Por que
duvidar que isso também aconteça quando um cristão entrega sua vida e vontade ao
Senhor, para que Ele as use como quiser?
Esse não é o único momento em que a sala do trono do Céu fica cheia de um
perfume agradável. Os filipenses enviaram um presente para Paulo, buscando suprir
as necessidades que ele tinha naquele momento. Ao reconhecer isso, o apóstolo
descreve o gesto como “aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (Fp
4.18). Posso concluir, a partir disso, que qualquer ato de bondade feito no nome do
Senhor Jesus é reconhecido no Céu pela fragrância que libera.
Por fim, creio também que os habitantes do Céu conhecem as orações dos santos.
Em Apocalipse 8.3-4, Deus afasta a cortina e vemos um Anjo junto ao altar com um
incensário de ouro. Cremos que esse é o Senhor Jesus, porque Ele é o único Mediador
entre Deus e os homens. Diante do trono, Ele toma grande quantidade de incenso e
oferece sobre o altar junto com as orações dos santos. “E da mão do anjo subiu à
presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos” (v. 4). Mais uma vez
o Céu se enche de incenso, a fragrância da pessoa e da obra de Cristo. A cena toda é
pública. O aroma se alastra por todo o Céu.
Já foi dito que um pecado secreto na terra é um escândalo público no Céu. Bem,
certamente é verdade que Deus Pai, Deus Filho e o Espírito Santo sabem desse
pecado. Porém, a idéia de qualquer coisa que cause tristeza, dor ou profanação entrar
no Céu dificilmente se encaixa com a descrição bíblica do Céu. É mais sábio limitar
nossa resposta às cinco coisas que os redimidos do Céu sabem a respeito do que
acontece na terra: a salvação de um pecador, a volta de um filho pródigo, a
consagração de um santo, as bondades feitas em nome do Salvador e as orações dos
crentes.
CAPÍTULO 20
BICHOS DE ESTIMAÇÃO NO CÉU?

Não é raro ouvir cristãos perguntarem “Vou encontrar meu cachorro no Céu?”.
Algumas pessoas talvez descartem essa pergunta por acharem que é tola ou ao menos
trivial, mas toda pergunta séria merece uma resposta atenciosa.
Quando se tem um cachorro carinhoso, obediente, leal e amável por onze anos,
como podemos esperar que o dono não fique triste quando seu “melhor amigo” é
levado pela morte? Certamente podemos perdoar o sentimentalismo de quem pensa
num céu dos cachorros. Quando alguém monta um mesmo cavalo há vinte e oito
anos, perdê-lo é uma experiência sofrida, e é natural querer que exista um céu dos
cavalos.
Talvez esse amante de cavalos se sinta encorajado ao ler a respeito de cavalos
saindo do Céu (Ap 6.2,4,5,8; 19.11). É possível que os cinco cavalos que aparecem ali
sejam cavalos reais, consagrados para uma ocasião específica. Saindo do céu
atmosférico, eles representam a conquista, a guerra, a fome, a morte e o julgamento.
É verdade que há versões que mencionam animais viventes no Céu, mas a
melhor tradução seria criaturas viventes. O texto deixa claro que são pessoas com
intelecto, emoções e vontade.
Salomão escreveu o seguinte: “Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede
aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o
mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque
tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão.
Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais
para baixo, para a terra?” (Ec 3.19-21). No entanto, essas palavras eram apenas
especulações e dúvidas humanas e não revelação divina. É o homem olhando para as
coisas debaixo do sol (uma expressão presente 29 vezes nesse livro). Salomão estava
dizendo o que todos pensaríamos se não tivéssemos a Bíblia.
Certa vez, uma mulher se aproximou de H. A. Ironside no final de uma reunião,
e perguntou: “Dr. Ironside, vou encontrar com meu cachorro no Céu?”. Ao invés de
contestá-la, sua resposta foi tanto bondosa quanto verdadeira. Ele respondeu: “Sim,
senhora, [pausa] ...se você O desejar”.
CAPÍTULO 21
FINALMENTE EM CASA

Palavras não têm a capacidade de sequer chegar perto de uma descrição


adequada do Céu. Nenhuma mente mortal consegue imaginar como será. Entretanto,
Deus nos deu informações suficientes para nos fazer ansiar pelo Céu cada vez mais.
Spurgeon diz:
“Se você não anseia pelo Céu, provavelmente precisa questionar se o Céu lhe
pertence. Se já provou as alegrias dos santos, como cristãos provam na terra, cantará
com toda a sua alma:
Meu espírito sedento anseia
Chegar à terra que amo,
A radiante herança dos santos,
A Jerusalém dos Céus”.

J. Sidlow Baxter nos dá uma imagem dez vezes maior da salvação final na
multidão incalculável de pecadores salvos, transplantados para o Céu como santos
glorificados:
“Diante do trono” – visão beatífica
“Vestiduras brancas” – santidade sem manchas
“Palmas” – celebração da vitória
“[Eles] O servem” – o mais alto ministério
“Estenderá sobre eles” – segurança sem fim
“Jamais terão fome” – satisfação para sempre
“Não cairá sobre eles o sol” – felicidade perfeita
“Os apascentará” – paz em Seu amor
“Fontes de água da vida” – imortalidade
“Enxugará (...) toda lágrima” – perfeita alegria sem fim.[16] [N.T.: cfe Ap 7.9-17]

Robert G. Lee chama o Céu de “o lugar mais bonito que a sabedoria de Deus
poderia conceber e que o poder de Deus poderia preparar”.
Ele acertou em cheio quando escreveu:
Um dia, quando passarmos pelos portões de pérola e virmos pela primeira vez a beleza extasiante ao nosso redor,
creio que procuraremos João e lhe diremos: “João, por que você não nos disse que era tão lindo?” E João dirá: “Eu
tentei dizer quando escrevi os capítulos 21 e 22 do último livro da Bíblia, depois da minha visão, mas não consegui”.
[17]

Quando nossos parentes e amigos cristãos são levados para casa para estar com o
Senhor, o fato de saber que estão na terra do dia eterno, desfrutando conscientemente
da presença do Senhor e das glórias do Céu é um consolo imensurável. Não
desejaríamos que eles voltassem para essa terra de pecado e tristeza.
Para nós, que estamos em Cristo, que enorme esperança é isso, que expectativa!
Em breve, muito em breve, o Salvador virá nos levar para a casa do Pai, onde há
muitas mansões. Nós também estaremos finalmente em casa.
Doce lar do meu coração! Existe Um que habita em ti
Que deixou as suas glórias para morrer por amor a mim;
E quando Seu sangue comprou para mim a casa que jamais mereci,
Seus portões receberam Quem venceu o inferno, o pecado, a morte.
Doce lar do meu coração! Isso é o que o torna tão querido
E todos os dias carrega meus passos na esperança de que estás perto.
É a presença dEle que faz de ti
Não uma terra desconhecida, mas lar, lar de verdade para mim.
Doce lar do meu coração! Um glorioso dia há de vir
Quando a fé, a esperança e o anseio não vão mais existir;
Quando Jesus me chamar para estar com Ele enfim,
E encontrar nEle para sempre meu lar de alegria sem fim.

E quanto aos que não creram? Se eles soubessem as glórias que poderiam ter tido
por toda a Eternidade, jamais escolheriam viver de outra maneira. Entretanto, Deus
não vai levá-los para o Céu contra a vontade deles. Eles precisam vir arrependidos de
seus pecados e crendo no Senhor Jesus Cristo. Dave Hunt estava certo quando disse:
“Seria uma contradição tão impossível que alguém que rejeitou a Cristo estivesse no
Céu quanto uma minhoca dar aulas de cálculo ou um leão admirar grandes obras de
arte”.[18] Um pecador viveria miseravelmente e deixaria todos ao seu redor
miseráveis também, se fosse possível.
Não existem casos perdidos nessa vida. Assim que alguém reconhece seus
pecados perante Deus e recebe o Senhor Jesus como sua única esperança de ir para o
Céu, ele pode ter tanta certeza do Céu quanto se já estivesse lá.
APÊNDICE
“NA TERRA DO EMANUEL”

Samuel Rutherford (1600 – 1661) foi um corajoso defensor da fé, uma honra
pela qual sofreu com bravura. “Instigado por Charles II, que o odiava, o Parlamento o
depôs de todos os cargos religiosos e então o intimou a comparecer perante o
Parlamento. Porém, quando a intimação chegou até ele, em St. Andrews, Escócia,
Rutherford estava em seu leito de morte. Ao ouvir da intimação, calmamente
comentou ‘tenho uma intimação de um Juiz superior’; e enviou a seguinte mensagem
ao Parlamento: ‘Preciso responder à minha primeira intimação; e antes do seu dia
chegar, eu estarei aonde poucos reis e nobres chegam’”.
A Srta. Anne Ross Cousin (1824 – 1906), uma poetisa escocesa, se aprofundou
nos escritos devocionais de Samuel Rutherford e transformou muitas de suas frases
memoráveis em um hino, “The Last Words of Samuel Rutherford” [“As Últimas
Palavras de Samuel Rutherford”, em tradução livre]. Por exemplo, ele muitas vezes se
referia à “pedra branca” e ao “novo nome”. Quando sua vida estava se esvaindo, ele
disse: “Eu me alimento de maná: tenho a comida dos anjos”. “Meus olhos verão meu
Redentor. Sei que Ele pisará sobre a terra no fim dos tempos, e eu subirei até as
nuvens para encontrá-lO no ar”. “A glória brilha na terra do Emanuel”. No limiar da
glória, ele disse: “Dormirei tranqüilo em Cristo; e, quando acordar, estarei completo
em Sua semelhança. Ó, abraçá-lO de verdade”. Então clamou: “Ó, uma harpa bem
afinada”. Encontramos essas frases e muitas outras no hino que ela compôs...
Rutherford preferiria morrer como um mártir a falecer na cama. Ele declarou:
“Acho que uma forma mais gloriosa de ir para casa seria entregar minha vida pela
Causa, na praça de Edimburgo ou St. Andrews; mas me submeto à vontade do Pai”.
Às vezes o poema citado aqui é chamado de “O Christ, He is the Fountain” [“Ó
Cristo, Ele é a Fonte”, em tradução livre), e outras vezes, de “Immanuel’s Land”
[“Terra do Emanuel”, em tradução livre].
Embora a terra do Emanuel se refira à terra de Israel no Antigo Testamento (Is
8.8), ele é usado aqui como um nome poético para o Céu. A Rosa de Saron representa
o Senhor Jesus Cristo. A Nova Jerusalém e o Monte de Sião se referem à cidade
celestial. Anwoth foi a cidade onde Rutherford desenvolveu um ministério frutífero
ao longo de um período de nove anos; e ficava ao lado do Estuário de Solway.
As areias do tempo estão afundando,
Irrompe o alvorecer do Céu,
A aurora do verão por que tenho suspirado –
A bela e doce aurora desperta.
Escura, escura tem sido a meia-noite,
Mas vem o nascer do dia,
E a glória – a glória habita
Na terra do Emanuel.
Ó, que bom que é para sempre –
Ó, que é para todo o sempre!
Meu ninho não está pendurado em uma floresta
Dessa costa destinada à morte.
Sim, que o mundo vão se desfaça,
Como a praia vista de um navio,
Enquanto a glória – a glória habita
Na terra do Emanuel.
Lá a Rosa de Saron
Revela seu alegre florir,
E enche o ar do Céu
Com perfume extasiante.
Ó, contemplar seu florescer,
Enquanto cercado por sua fragrância,
Onde a glória – a glória habita
Na terra do Emanuel.
O Rei em Sua beleza
Sem qualquer véu é visto:
Foi uma jornada digna,
Ainda que por sete mortes passasse.
O Cordeiro, com Seu belo exército,
Lá no Monte Sião está
E a glória – a glória habita
Na terra do Emanuel.
Ó Cristo, Ele é a fonte –
Profunda e doce fonte de amor!
Das correntes da terra provei,
Mais profundo beberei acima.
Lá, à profundidade de um oceano,
Sua misericórdia se estende,
E a glória – a glória habita
Na terra do Emanuel.
Nem mesmo Anwoth era o Céu,
Nem mesmo pregar era Cristo;
Por vezes em minha prisão castigada pelo mar
Meu Senhor e eu nos encontramos;
E sim, minha tempestade mais escura
Foi atravessada por um arco-íris,
Capturada pela glória que habita
Na terra do Emanuel.
Mas Ele construiu um Céu
Do Seu imenso amor,
Pequena Nova Jerusalém,
Igual à que está acima, -
“Senhor, leva-me para além das águas”,
Foi meu alto clamor:
“Leva-me para a própria terra do amor,
Para a terra do Emanuel”.
Mas as flores precisam da calma escuridão da noite,
Da luz da lua e do orvalho;
Então Cristo, daquele que o ama
Seu brilho muitas vezes privou.
Então, por essa ausência,
Sondei minha alma atribulada –
Mas a glória brilha sem sombra
Na terra do Emanuel.
Os pequenos pássaros de Anwoth –
Eu costumava considerá-los abençoados;
Agora, em altares mais felizes
Construirei minha morada;
Sobre ela não se assoma o silêncio –
Não há túmulos ao seu redor,
Pois a glória, imortal, habita
Na terra do Emanuel.
Bela Anwoth em Solway
Para mim ainda és querida;
Mesmo às portas do Céu
Por ti derramo uma lágrima.
Ó, se uma alma de Anwoth
Encontrar-me à mão direita de Deus,
Meu Céu será dois Céus
Na terra do Emanuel.
Tenho prosseguido com esforço para o Céu
Contra tempestade e vento e maré;
Agora, como viajante cansado
Que se apoia sobre seu bastão,
Entre as sombras da noite,
Enquanto se esvai lentamente a areia da vida,
Saúdo a glória surgindo
Da terra do Emanuel.
Águas profundas cruzaram o caminho da vida,
A ponta dos espinhos era afiada;
Agora, tudo isso ficou para trás –
Ó, uma harpa bem afinada!
Ó, juntar-me ao Aleluia
Com o conjunto mais que triunfante,
Que canta onde a glória habita,
Na terra do Emanuel.
Com misericórdia e com justiça
Minha teia do tempo Ele teceu;
E sim, as gotas de tristeza
Foram lustradas com Seu amor.
Bendirei a mão que guiou,
Bendirei o coração que planejou,
Quando entronizado onde a glória habita
Na terra do Emanuel.
Logo o cálice da glória
Lavará as mais amargas aflições da terra,
Logo a roseira brava do deserto
Se transformará na rosa do Éden:
A maldição se tornará em benção –
O nome que na terra foi banido,
Será gravado na pedra branca
Na terra do Emanuel.
Ó, eu sou do meu Amado.
E meu Amado é meu!
Ele leva um pobre e vil pecador
Para Sua “sala do banquete”.
Estou lá por Seu mérito,
Não há outra razão,
Nem mesmo onde a glória habita
Na terra do Emanuel.
Dormirei tranquilo em Jesus,
À Sua semelhança me erguerei,
Para viver e adorá-lO,
Para vê-lo com esses olhos.
Entre eu e a ressurreição
Resta apenas o Paraíso;
Lá – lá a glória habita
Na terra do Emanuel.
A noiva não vê suas vestes,
Mas o rosto do seu amado Noivo;
Não contemplarei a glória,
Mas meu Rei da Graça –
Não a coroa que Ele dá,
Mas Suas mãos perfuradas:
O Cordeiro é a glória
Da terra do Emanuel.
Carreguei desprezo e ódio,
Carreguei erro e vergonha,
Os orgulhosos da terra me ressentiram,
Pelo bendito nome de Cristo: -
Onde Deus Seu belo selo colocou
Carimbaram sua imunda marca;
Mas o juízo brilha como o meio-dia
Na terra do Emanuel.
Chamaram-me perante eles,
Mas não poderei ir até lá, -
Meu Senhor diz “Venha cá acima”,
Meu Senhor diz “Bem-vindo ao lar”.
O Rei dos reis, perante Seu trono,
Ordena que me apresente lá,
Onde a glória, a glória habita
Na terra do Emanuel.
NOTAS

1 Robert Fowler, Winning by Losing (Chicago: Moody Press, 1986), p. 148.


2 Words of Peace, Vol. 36, No. 8, Grand Rapids: Gospel Folio Press, p. 1.
3 My Journey into Alzheimer’s Disease, Wheaton, IL.: Tyndale Press, 1989, p.134.
4 Henry M. Morris, The Stars of Heaven, Impact Series, San Diego: Institute for Creation Research, January 1974, p. 4.
5 Morris, The Stars of Heaven, p. 4.
6 O verso 2 do capítulo 22 parece referir-se ao Milênio, pois diz que as folhas da Árvore da Vida são para a cura das nações. Obviamente, as nações não precisarão
ser curadas no Céu. No entanto, poderia significar que as folhas são a provisão de Deus para preservar a saúde das nações. É semelhante à expressão “E lhes
enxugará dos olhos toda lágrima” (Ap 21.4). Isso pode ser apenas uma forma poética de dizer que não haverá mais lágrimas.
7 J. Vernon McGee, Thru the Bible, Vol. 2, Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1982, p. 885.
8 The Heavenly Home, Radio Bible Class, Grand Rapids: n.d., p. 31.
9 Charles R. Erdman, Revelation, Philadelphia: The Westminster Press, 1925, p. 162.
10 M. R. DeHaan and H. G. Bosch, Our Daily Bread. Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1959, meditação para 22/Dez.
11 More to be Desired than Gold, South Hamilton, Mass: Gordon-Conwell Theological Seminary, 1994, p. 156-158.
12 W. Singleton Fisher and Julyan Hoyte, Ndotolu, Ikelenge, Zambia: Lunda-Ndembu Publications, 1987, p. 166-8.
13 Olive Fleming Liefeld, Unfolding Destinies, Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1990, p. 235-6.
14 One Minute After You Die (Chicago: Moody Press, 1997), p. 74-75.
15 Heaven and How to Get There. Chicago: Moody Press, n.d., p.53.
16 Explore the Book, Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1966, p. 349.
17 Bread from Bellevue Oven, Wheaton: Sword of the Lord Publishers, 1947, p. 70-71.
18 Whatever Happened to Heaven, Eugene, OR: Harvest House Publishers, 1988, p. 28.

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