Você está na página 1de 26
‘Magda Soares LETRAMENTO UMTEMA EM TRES GENEROS 3 edigo Revisada conforme 0 Novo Acordo Ortogritico auténtica ZOLNAWVELAT 2 aInvo LLAGYAA Wa OLNAWVY.LAT “sonjsinostp soroug® saquarayip 9 seajsimosip svapgsd saiuesasip ap oxSnpord ‘wu sepugnbasuoo sens 2 ‘soMsy ~ o1xa1 — soIne segsejaz se repuaasdutoo wosng 2 ‘einmfe] ap 2 O11 ap oRSNP -ord 9p svonyid sep zalsmostp asiyue eum sod essoxoiut as wigquim anb 2 ‘e080 8 winifay ap stejoos seonpsd 2 sop ~epiiqey sod ‘ozSezneqeyje © owawena| Jod essosatut as anb ajanbe ‘wise ‘9 osayj aise vied oprpuaiaid 101 soreugs sonar -2]1P @p sorxe) opuesad ‘ogSnposd ap sagstpuoo saiuarayip 2 r0yaP-soINe sagdejar savaiayip ap oxSuny wa ‘sors -so sore) We "EUIaI OWIsaUT O amos sepepUarasp seatsind -stp sagSesoiur ap apepmiaissod sows] ov spa8ns waqurer seus ‘saqsuatinp 9 selaoey saitarapp sens we ‘opsuzeqn/io 3 oruoueusa] 2p ORSenA;SoUOD eWN sNOsI seusde ORL 3 apuoiard as o1ary aisou anb o anb 9 msodsas epunBas y “oneuosey oo1uy ewer o ‘sopeasaide cogs anb wa wpugnbes eu ‘opueydure um epeo ‘woreda: as anb wreutos as sae sonar so “wisse feuarrp waq ~are onxa1 tn JoNsUOD anb ‘aiuaIazIp zAIsINDSIP OFS -enuys ewan e ZMptOD oxo} epED we joune opSejar ep apeproypadsa e :waradas as ogu ‘saruaszovas “wu303 21109 ap ‘wefas sora so eoqusa ‘anb 2 esodsas exyourd y serunBiod essa v seisodsaz senp YH (OuAy] a1s9 eunsap as JoNa] anb e reux40y enno ap zt erin 15 Letramento € palavra recém-chegada 20 vocabulério da Educago ¢ das Ciéncias Linguisticas: € na segunda metade dos anos 80, ha cerca de apenas dez anos, por- tanto, que ela surge no discurso dos especialistas dessas reas. Uma das primeiras ocorréncias esti em livro de Mary Kato, de 1986 (No mundo da escrita: uma pers- pectiva psicolinguistica, Editora Atica): a autora, logo no inicio do livro (p.7), di que a lingua falada culta “é consequéncia do letramento” (grifo meu). Dois anos mais tarde, em livro de 1988 (Adultos ndo alfabeti- zados: 0 avesso do avesso, Editora Pontes), Leda Verdiani Tfouni, no capitulo introdutério, distingue alfabetizacao de leiramento: talvez seja esse 0 momento em que letra- mento ganha estatuto de termo técnico no léxico dos campos da Educacio ¢ das Ciéncias Linguisticas. Desde entdo, 2 palavra toma-se cada vez mais frequente no discurso escrito e falado de especialistas, de tal forma que, em 1995, jé figura em titulo de livro organizado por Angela Kleiman: Os significados do /etramento: uma ‘nova perspectiva sobre a prdtica social da escrita (grifo meu, ver referencia na nota 1). » Angela Kidman levana 2 Wipéese de que Mary Kato € que tr cunhues o temo lerameno (ver not da p17 er KIEIMAN, A. (Org). Os slides do eramont: uma noua perpecioa sobre a pica sctal da esta. Campinas: Mercado de Leas, 1995). two open, ap opnat © “snBnuog wo "auasueD epur opeuy Tages 2p oppues ev no epesse ws aaa anb ajanbe wisp nupuodsoio> tncfed sous opu epure Komuon se} yuououa) ered ¥ syefnued oF souiodsoou yf rENbUE « DsrBwior ‘ojequ/foun x98 ap Iextap ‘es-40z4aqnfI0 — 504939 -s9 9 39] B sopuside © “jenpraipur Ista 9p o1UOd op :seiA -eed sen wa “ep-ysn e epuorde anb onpiaipur o wed sanb ‘eprznponu vfas anb wie [eos odnuB 0 esed sonb ‘seonsinduy ‘seantuBo ‘seoquruose ‘seonyfod ‘sresmayn3 ‘squpos seougnbasuos zen wizsa ¥ amb ap elapt & vse oxjsou0d assou mosidus] sanaisa @ 3] v epuasde anb 2] -anbe auinsse onb oz5ipuco no opeisa 0 9 asain 2/98 NO enasos9 9 Jal ap zedvo ‘oneueioadse ‘opeonpe ‘a1 pur pras 01 alge Aqtersadse tpoiwanpa, outos opruyep 9 arian 2 210/011] 198 ap OESIPUOD ¥ ‘,a1Bsa1| Butaq JO von ~1puoo amp, op oBSdaoe v uta Conary Keouonnirssaisqani oN “(e1ua20ut 12s ap o¥Sypuo> no apeprtenb e ‘Couscous wo ‘ojduoxs 10d ‘owoo) 1s ap orey ‘opeise ‘oxsIp -uoo ‘apepyfenb wousp anb 1{>- oxyns 0 woD ‘Cena}) 242) spp ‘som 2p opie @ wed enauruaigor wondetie> sopRUO}IP wo wra/MEY esp ssinbseg ‘Odwa op oBto os opsdape ens uo eluspnus nays af nd SOU ‘ge we epranpomy oj 26 no ‘opp eau aprop snare cruauuy ened "or zrouuep tpnmmed saghp> esiou ebeod wun ge 'so9Sp seasons sane +39 ofuoj or sagSroypou secisumu nayos oupUOEAP 0 aWDD “WEL 9p 9 ‘ORE S808 £8 01 SRY BIRD 9p DMNA OnBUT Mp coupsOdusINeD OLPHEIIG O ‘s1aqiod o ,‘eiaISeIq OESipo xf ens BU :OIaINY SepIED ap ‘vs -onSinuod onSusy vp cowpiodwenop oupuozoic 0 ‘ojnoxs wn 9p slew yy opeups esangnuod en8uy ep oMpuCTD 4p wunu ‘ugiod ‘soarede exanjed vss “,owaweNs|, BAP] -ed v ensiBou opt oygeny oLEUORIp O “,c1oqeyTeue asenb no oeqeyeue, o wpqure: > ‘ovu anb ajanbe, 9 openay! 9 ‘,ouprua ‘sene] We opesi9A, enbe 2 ‘oupuoprp owsaur o opunfas ‘ope.nay Ef “(aA -21089 9) ,t9] aqes anb ajanbe, 9 opeznaqeye 2 ‘opseZ ~neqeye 30d epeuiisap 9 (aintuo a1vauesoun oNPUOIOID ‘© anb ‘Yanasose & WZqUIE 3) ,J9] ¥ IeUISUD, ap ‘oHguny O ‘opundas '9 ois; Yeznagesje ap opSe & ‘raaaiose 9 Ja] aqes ‘Ogu wanb ap ogspuos no opeiss ou sata onb oO 9 ‘elas No |J9A9I989 9.39 BqeS CEL aM, © 9 OJaqayjeUe 2 ‘,c10q -tyjeue ap OyStpuoo no opEisa, 0 9 ‘vsonSnuog onBusT op apne euepuoeng oon 2 aarp “OUrRNRICUY Opes -of} 2 oppaal ‘owsawt ‘2 opyzuequfiv ‘opsvznequiin wz -naqufie ‘ieqniiouy ‘owsheqnfoun isoxerpurey wes0y sou arduias oonugwas odweo owsaw op sezavyed senno ‘sor “nw 8 ezequense esnes epuTe ormownsyay viaered B ag oqauresas ‘esavjed esou wsep ‘Speprssaou ¥ axnon JeI0s Opunu OU eILIDSa Bp eSuasard = sapusarduzoo ap enoueus eaou nb “erapr rac no ‘orey ‘oa0u and ‘souauguay so Japusarduioo ap sesjoueus seAou ‘serap} Seaou ‘sory soaou wa8reus opuenb (opnuas cACU umn as-rp sesaved seyjen & no) sepryo ogs seiaeed sea -ON gesavped essop ajuadey oruatBins © vor|dxe anb O on of 1Bhierenene alfabetizado, adquiir a “tecnologia” do ler e escrever ¢ envolver-se nas priticas sociais de leitura ¢ de escrita — tem consequéncias sobre o individuo, e altera seu esta- do ou condi¢&o em aspectos sociais, psiquicos, culturais, politicos, cognitivos, lingufsticos e até mesmo econémi- Cos; do ponto de vista social, a introdugio da escrita em um grupo até entio agrafo tem sobre esse grupo efeitos de natureza social, cultural, politica, econdmica, linguisti- ca. © “estado” ou a “condigio” que o individuo ov o Brupo social passam a ter, sob o impacto dessas mudan- gas, € que & designado por Mteracy4 esse, pois, o sentido que tem /etramento, palavra que crlamos traduzindo “ao pé da letra” 0 inglés Hteracy: letra, do latim littera, e 0 sufixo -mento, que denota o resultado de ‘uma aco (como, por exemplo, em ferimento, resultado da agio de feri?). Letramento €, pois, 0 resultado da acio de ensinar ou de aprender a ler ¢ escrever: 0 estado ou a condi- 20 que adquire um grupo social ou um individuo como consequéncia de ter-se apropriado da escrita. Disptnhamos, talvez, de uma palavra mais “verné- cula": alfabetismo, que o Aurélio (que nao dicionariza letramento, como jé dito) registra, atribuindo a essa pala- vra, entre outras acepcdes, a de “estado ou qualidade de alfabetigado". Entretanto, embora dicionarizada, alfabetis- mo nao € palavra corrente, e, talvez por isso, a0 buscar uma palavra que designasse aquilo que em inglés jé se designava por literacy, tenha-se optado por verter a pala- vra inglesa para o portugués, criando a nova palavra lee tramento, Curiosamente, em Portugal tem-se preferido 0 termo literacia, mais pr6ximo ainda do termo inglés. Vale @ pena citar as palavras de Anténio Névoa em preficio “a lingua francesa, 2 palawra correspondente a iteacy & Mltrtame, que se disingue de analphabérime analpoabite «0 que no sabe Tere eserever fers & ‘oque le escreve mal, © rio sabe fazer uso da leitur © desea Verte! 19 que faz & obra recente de Justino Pereira de Magalhites,> porque elas abonam o uso de Hteracia e ainda afirmam a diferenga entre esse termo e 0 temo analfabetismo, escla- recendo o sentido do primeiro: Anténio Névoa que Portugal v4 “fechar 0 século XX com niveis intoleré- veis de analfabetismo (alvez da ordem dos 159%) e com nfveis ainda mais baixos de Hiteracia, entendida aqui como a utilizagao social da competéncia alfabética” (grifos meus). E significativo refletir sobre 0 fato de nao ser de uso corrente a palavra alfabetismo, “estado ou qualidade de alfabettzado’, enquanto seu contririo, analfabetismo, “es- tado ou condigao de analfabero’, € termo familiar e de universal compreensio. © que surpreende € que o subs- tantivo que nega — analfabetismo se forma com o prefixo grego a(n), que denota negacio — seja de uso corrente na lingua, enquanto o substantive que afirma — alfabetis- ‘mo ~ nao seja usado. Da mesma forma, analfabeto, que nega, € também palavra corrente, mas nem mesmo temos tum substantivo que afirme o seu contrério (fé que alfabe- tizado nomeia aquele que apenas aprendeu a ler e a escre- ver, no aquele que adquiriu o estado ou a condigao de quem se apropriou da leitura e da escrita, incorporando as préticas sociais que as demandam). A explicagio nao € dificil ¢ ajuda a clarear o sentido de alfabetismo, ou letramento. ‘Como foi dito inicialmente, novas palavras so criadas, ou a velhas palavras dé-se um novo sentido, quando emergem novos fatos, novas ideias, novas maneiras de compreender, 08 fendmenos. Conhecemos bem, e hi muito, o "estado ou condigo de analfabeto", que nio é apenas o estado ou condicio de quem nao dispde da “tecnologia” do ler e do » Ler ecscrasr no mundo rural do Antigo Regine: um contribute para a bisa da alfaberzazdo« da excolarizagao om Portugal. Unvesiéade do Minho, Insists de Bdvcapo, 194 “s9ADI89 9 J9] OP ,eIBOJOUDa, vp eIauesne NO wuasad ep opSerfeae v seuade Opu 2 ‘oywewe9/ ap jaar op OBS sei[eae op eapeitan & epuaptas as of ‘9 orst ‘eso enBuy Wo seayIpOD ap epepmgey ep eSuasaid sojduns ep oeses -yuaa e anb stews |,Jaaas089 9 39] aqus wanb ap opSypuoD no opeisa, wn ap eosnq e wpUEpIAD as vf ‘epeMUNT sue -seq upure vfas vongsd essa woquig “(,sayduns aia J2A9I989 NO 39}) Te190s voy euIN esed eILDSD BD BINIO ¥ zesn ap apepioedes ep oxSeoytroA @ as-nossed swoU oudsd 0 seoytpoo ap apeprriqey 2 seuade ap ogSvoyuoA vp #elas no ‘opeznaqeyre No orsqesfeUe > OnpsArput © as auyep anb ,;sajduns aryiq umn sonaiosa a sa] aqes, Eun iad @ wisodsax v 9 ‘sppeogp seump seu fowou opdoad Janaioso op zedeout OnpIAIpUt © OYaqRy[EUR 9s-BAPIOpISUOD ‘odwar ounur aiuesnp :sopeznaqese ap 2 soraqey “[eue ap osewNU O seoYUIDA ered Ostia Ojad OpeznN O91 eqaueur ap ezoquis ‘eSuepnun vss Wad ezifeuIs anb ory wn — opseznaqeyye ous Op ope] oF owawe.s07 CUtia op owaunsazede © nornso1 anb ap ‘enos 9 eimaja| ap steio0s seonpid seu ogSrosut ¥ Jenai982 Op 2 49] Op ,eiGojousa1, ep ogsIsmbe vow up — syed ossou wa eissa x 2 emma] e Oss20e Op OPED -ylufis 0 seropisuod op ezouew eu eSuepnu g o1ueNd (Comsauzena] outer op ogSeuo & pueanow ‘seg ou opuaxio20 waa ‘Kx Ona9s Op suy wa ‘IOZe Os ‘Aoereny owwai op ciuautoorede 0 opueanow ‘xTK ojnD9s op suy we eyueiazg-zip eu naLios0 anb 0 anb as-anras -GO) ‘sep-PuBisop ered wsaejed eaou ewn wenBixo vys059 ep 2 LMM] EP Osn 9p sTeIDOs sepUBUIEP sEAoU ‘steID0s seongid sep vougisiy eSuepnur eum muosardas donor outa op omwawour ayssu cavaunBins © sUDUTEHED “XIX ojno9s op wy ou a8uns os Coeuaxy OLsynItIOD nas anb ossed ov ‘0991 apsap Aomiagsyp ow O EnsiBss KevuoyoIC qsy8 -us puofeo 0 ‘ass\Biowia Copier ouura o anb saue ows 1a yaw Guay anb euaouen o weld wuquaU Hao} 2p esto nyo, oeiadxe v anb yf ‘sone sop ogsusardwoo mabe = aeSUIUIOUS ‘usse oe opted @ Cousiagnfe owe no) onaumuny owe) @ seopueoe} ‘yexnse umaro, 208 oprenpen uaiepenbapeey jo} ‘olexia £0 1090 9p OBL! ‘or oxsenb 99 ep ojm ov oma Yew oauar 8 G6 "ORY Wop PEpOu0 ‘unis wun) soveve, AoueN 2 HOH "A PIKE JOE wpeIpe Hye po ser ‘ugo stowed xp spadeaog o wed opsina ev Canyy ono) Op siuswowers: {2} 25 anb opSnpen vp rouapme ony e mans ORseEND ap EPL 9 ance ‘enfurt yp cong] ou e40U 9 owoweun wax © and 9p ZOPEOIPUN OAM MN, ‘squani09 owsei 103 Condon anb wo ‘esay8ur enduy eu nas “3000 ousWQUD} OWISaU O ‘aUOUTESOLND ,(ows)aqeyE ouua Op oIauNap we ‘eNOS Osn ap OpuEUIE] as -wan ‘oup 103 xf owoo ‘enb) oqvewes79/ OULD Op oIuSLE ans squacal o yep — aqusurenunUCD zey spepaioos v onb wpose ap 2 ims] ap seIouaBixe sy Jepuodsas soqes ‘reasiose op 2 39] op osn sozey Jaqus wequim osiad 2 ‘Yonasoso 9 sa] roqus seuade wiseq Ogu anb we [x08 apepifvat waou vise JeWaNsD t souressed a1uoWsIUI0a 98 anbsod ‘opysssoau as-nowion orsodo asse awawraius.31 95 ‘Oupssavau te sou Ox — oeMie.a) RO oWsHages/e odo nas 0 ‘eaviseq sou oWsHageyjeUe OUI) O ‘Osst sod 'p ‘,30na1069 9 Ja] aqus uranb ap ogSipucs no Opes, © ‘opepypay enno wise Jaqaozad epmuiad sou ogu emsiq -o1d ossep ORsuaUIp atUIOUD e ~ ,oraqesteue ap orSrpUCO no opeisa, op 0 seuade ea eurajgoid ossou ‘sary “TED Os opxaiuo> ossou wa speprteas EIN owIco nomBlyucD 2s ‘aqUaUTaIUaDAI Os CUSUIQUA] assa ‘EILOSA Ep 9 wITUIE ep OpEUaT 2p 2 odwse osn ojad stesos sepuewap sesustut se artrout -epenbapz apuodsas wanb ap ogSipucs no opeise o '9 02st ‘sonarose 9 19] aqes wenb op C¥SIpUOD no OpElsa O Ff OWNS!) segesjeue 21021109 2 epDeqUOD ¥ ‘op-yus[sop wsed wavy -ed wun epsysso02u 10] sou axduras ‘,oroquyreue ap optisa, ‘2580 ‘oun By 2 ‘wag souFesolUED onbyod ‘seomuADO TES ‘oss anb seus ‘2 sepena] sepepaioos ap spesmyjna suaq sor ossaoe wen ogu anb aponbe 9 ‘ezifeur@reur apeporoos e onb ajenbe 9 ‘oepepp ap soem snes so apnauafd ens ¥ Epo) lwp mosx9 apd opu onb ofonbe 9 owqereue 0 usnanes omen 2 een A avaliagao do nivel de Jetramento, e nao apenas da presenga ou nao da capacidade de escrever ou ler (0 in: ce de alfabetizago) é o que se faz em paises desen- volvidos, em que a escolaridade bisica & realmente obrigat6ria e realmente universal, e se presume, pois, que toda a populagio teri adquirido a capacidade de ler € escrever. Assim, de um modo geral, esses paises tomam como critério para avaliar o nfvel de letramento da popu- glo 0 miimero de anos de escolaridade completacios pe- los individuuos (4, 5 ou mais, dependendo do pafs que se esteja considerando e ainda do momento hist6rico: 0 nt- mero de anos de escolaridade tomado como critério cresce 20 longo do tempo, & medida que crescem as demandas sociais de leinura e escrita): 0 pressuposto é que a escola, em 4, 5¢0u mais anos, terd levado os individuos nao s6 2 aquisiclo da “tecnologia” do ler € do escrever, mas tam- bém aos usos e praticas soctais da leitura e da escrita, a uma adequada imersto no mundo da escrita. © que inte- essa a esses pafses € a avaliagio do nivel de Jetramento da populagao, no 0 indice de alfabetizacao, e frequen- temente buscam esse nivel pela realizagao de censos por amostragem em que, por meio de numerosas e variedas questdes, avaliam o uso que as pessoas fazem da leitura € icas sociais de leitura e de escrita de que se apropriaram. Sendo assim, € importante compreender que é a letra- mento que se esto referindo os paises desenvolvidos quando denunciam, como tém feito com frequéncia, {n- dices alarmantes de illiteracy (Estados Unidos, Gra-Bre- tanha, Austrélia) ou de illettrisme (Franca) na populagio; na verdade, nao est4o denunciando, como se costuma crer no Brasil, um alto némero de pessoas que ndo sabem ler @ escrever (fendmeno 2 que nos referimos nés, brasilei- 10s, quando denunciamos 0 nosso ainda alto indice de analfabetismo), mas estio denunciando um alto nimero verte |B de pessoas que evidenciam ndo viver em estado ou con- digdo de quem sabe ler e escrever, isto &, pessoas que no incorporaram os usos da escrita, nljo se apropria- ram plenamente das priticas sociais de leitura de es- crita: em sintese, no estio se refetindo a indices de alfabetizaco, mas a niveis de letramento, Um exem- plo é a pesquisa desenvolvida na segunda metade dos ano 80 nos Estados Unidos, buscando identificar o nivel de letramento (literacy) de jovens americanos (faixa eté- ia de 21 a 25 anos): em primeiro lugar, os instrumentos utilizados avaliaram as habilidades de ler, compreender € usar textos em prosa, como editoriais, reportagens, poe- mas, etc. e de localizar e usar informagdes ext mapas, tabelas, quadros de hordrios, etc., 0 que cia que 0 objetivo nao foi verificar se os jovens sabiam ler e escrever ~ se eram alfaberizados - mas se sabiam fazer uso de diferentes tipos de material escrito, com- preendé-los, interpreti-los e extrair deles informacoes ~ que nivel de letramento tinham; em segundo lugar, a conclusio da pesquisa foi que a illiteracy (a incapaci- dade de ler e escrever, isto €, 0 analfabetismo) nao era um problema entre os jovens, a literacy (a capacidade de fazer uso da escrita, isto é, 0 letramento) é que fa 0 problema. A diferenca entre alfabetizagao e letramento fica clara também na area das pesquisas em Educacio, em Histérla, em Sociologia, em Antropologia. As pesquisas que se voltam para o estudo do néimero de alfabetizados igo (por regio, por sexo, por idade, por época, por etnia, por nivel socioecondmico, entre outras variaveis), ou que se voltam para o ntimero de criangas que a escola consegue levar & aprendizagem ial, S40 pesquisas sobre alfabetizaeao; as pesquisas que buscam identifi- car os usos e préticas sociais de leitura e escrita em sagdejas 9 seSuaiagp sens ap 9 soustugUDy sos -sap oxSdaouos wiv wun ap ‘soynpe eed wlas ‘seSueK ered vfos sopeijoa eayose ep 2 einalal ep waBezpuaide szjomoen ‘2 ouysua ap soapeonpe sossav0:d sou ‘Snied as op apepissaoou 2 rouguoduy e uuode 2 ‘opdezroqn/iy soweweyp anb 2 ovaurguay onno asap eSuasasIp ens 90} -vawe.jaj Opemeyp sourai anb e ouaLigUay aISap BIOUEI spa B werDuapiad sojdwaxe sassa “epest9) “BwI0} W329 ap ‘9°8/ ‘olweweze) op opunur ou nonaued pf sew ‘ygaasose B 2 Ja] B napuarde opY anbsod ‘,riequyeuT,, epure 9 eSueyo wsso ‘ogSuny a osn nas aqeozad 2 O79 so jwpaiews 9p epeopor FISD ‘Sepry OBS ql anb seHOIST, ano ‘saxasos9 ap vouIIq ‘SO|-9| a8uy ‘Somat BIOUTOS yl Seu ‘noznoqey[e 28 OBE epuye anb vSueyo ¥ ‘euLO] eUISoUT eq ‘e11080 ap > BINIa] Bp sfepos seongid we 2s-0A ~joaua ‘ey0sa ep osn zxj anbsod ‘opeszey ‘e0110) v2 ap ‘9 o1oqestese asso ‘re8n] wnSfe wae sopexye soos -2o1put no sose era] ay] anb wane v apad as ‘Ceo -so enduyl ep soudgsd semannse 9 oginqeson opuesn eup ‘12198 we ‘onb oaneogyusis 9 9) eAoiose se open -aqeyre wn onb vied sees psp as ‘2[9 ered waa] sonno anb seueo aqaoar as ‘oprznaqesle wn 10d wiray speusol ‘ap eumniay vujano wo BssazmUt 9s as ‘9UO} eSuasard weI ‘eyiosa v2 wIMNo] v aNb Wo OfouT WN We DATA as ‘seus ‘anuiatrearwouooe 9 yeiD0s opeztTeuySrem anbsod ‘o1aqey -qeue 498 apod ornpe wn ‘wissy “(orouieuray ¥ OPENS -UIA Opnuss oanelpe iso ¥ OpuINqIe) opesje/ ‘ewI0} euad ap ‘ies seul ‘oyeqeyjeue Jas ‘9 CIs} ‘AdIDSe o sp] soqes Ozu apod onpjarpur wn anb 9 owvewesne! 2p onsouos op sen apod as anb elougioyur ewiD EWA | -oqwewesyay 23005 svsinbsad oxs (strpos sodnu8 satuosbyip wo ‘soo(Bar soar -ap wa ‘svoodg sayuaroyip wo) opessed ou wpDs> 0 er -muja| ap seonyid se ‘saruoy senino 2, somreuinsop wa oseq woo ‘ezednoo! weosng no ‘(saruaosaope anua no ‘se5 -teUD axtwe no ‘oproaloneysap OofUIQUCDAE;LOS ToATE 3p sapepruntuoo wa ‘ojduzoxo sod) jepios odru8 opeursaiep emnert ye TEXTO DIDATICA... TEXTO DIDATICO: O QUE E LETRAMENTO E ALFABETIZAGAO. “omuawinsia] ap opnuuas oF OgSaNp We OEKaya ¥ssoU" znpuoo ered sejau Jaap Sur Noa sepy “ooMotuEUa) wAeEd ep seuade opSaoxa woD zaayei ‘sefo Woo sopezineyurey sowrise enbiod ‘seiatjed sesso sauyap souestoord OZN conauneveny comuny oucreur OLNSWVULST otaeverany ossusoremny leormseerng weatsverg OySvziLaavatv “odurat oonod onus yy enBuyl vssou vu nonus anb erazyed 9 anbiod ‘seossad sep euorwut vjad epipusaidwos awaureusjd ogu epure no ‘epipuaiua jew no epioatuoosep epute esavjed ‘oponnisey zaaqe) Ov9x2 ‘seproayuon ‘umuroo osn ap sezavped Ogg “so3139U09 Sasso ‘seinejed sesso wrarasut 2s anb ura comugues oduseo Ofad .ojassed, wn Jezyj ap wueIso8 ‘CWuawWoUr OHSU Ln HE ojustunse, 2 ovSezyequfiy seiaey -ed sv ‘ojusueya) 3 ovSvzijaqnfiD $0119 $0 + ‘oquenod ‘2 seiagjed annosip sown ‘wasasinb as ‘no ‘ses -eItd ‘o1wensod ‘a sorrasuoo snnosTp sourea ‘orx03 BISON | ome 20 | eveamanto Vejamos as definigdes que aparecem no diciondrio Au- rélio: ANALFABETISMO: estado ou condigdo de analfabeto a(n) + alfabet + ismo + L 12 prefizo grego sismo: sufixo (Gacrescentasse um one Ine: quando 2 palevma 2 que modo de proceder, @ adicionado comers de pensar com vogaD Exemplos: Indica: erator Privagdo, fata de procedimento de hers Exemplos serasme: acifalo: procedimento servi sem caber, sem efvebro amoral privado de mers} ANALFABETO: que nfo conhece o alfabeto, ue no sabe lor @ escraver a(n) + alfabeto Nas palavras analfabetismoe analfabeto aparece o pre- fixo a(n)= ‘Analfabeto ¢ aquele que é privado do alfabeto, a que falta o alfabeto, ou seja, aquele que nao conhece o alfabe- to, que nao sabe ler e escrever. ‘ho pe da let, significa aquele que nto sabe nem 0 alfa, nem 0 beta ~ alfa © boa sto a8 primeiras lets do afabeto prego, em ‘outas palaveas:aquele que nlo sabe 0 bEa-bd) Em analfabetismo, aparece ainda o sufixo -/smo. a palavra significa um modo de proceder como analfabeto, ou seja: analfabetismo € um estado, uma condi¢do, 0 modo de proceder daquele que é analfabeto, ‘reer tabico |31 ALFABETIZAR: ensinar a ler © 8 crcrover alfabet + izar J Alfabetizar € tornar o individuo capaz de ler e escrever. ALFABETIZAGAO: apo de alfabetizar Alfabet + iza(r) + cao 4 -#80° saxo que fom stants ini ago Bremplos: Alfabetizagdo € a acao de alfabetizar, de tornar “alfa- beto". E no campo seménticd dessas palavras que conhecemos bem ~ analfabetismo, analfabeto, alfabetizacdo, alfabeti- zar~ que surge a palavra letramento. Como surgiu essa palayra € 0 que ela quer dizer? nyc na pay Op SoPEaRAS 5p CBI) “EMBO NYA + «geupodsregrta8erfurt 085109) “986t “soWod *o1neg OFS ‘meno op arene 0 sapoRHRae/fe OBU SOIPY WEA M21 NOLL + {'seiaqduioo seougiajas se rasinb 9s ‘gdepor © aynsuog) S66T ap waquie oxay| ‘epevoToUaW a1uaULON -@1UE ‘TUNOJT, TEIpraA BpaT ewseUt ep ‘oruewnaa @ oS -ezyoqnfiy ‘S661 ep Osa] ‘weUTATy, epeBuy sod epezrueBi0 SoIxai ap voUEIs[O> ‘onueweuy9] Op soprorfiuBs sO 01d -waxa sod ‘sozay| ap ojnap wa ousaus pie opuadazede ‘ava -t09 aiueseq as-nowor exaejed & ‘eIwaWarUa0as STE sLere|dwos eougiojar v sasinb as ‘gdepox © ajnsuog] ‘soraqesTeue sounpe ap sesuad ap 9 sefey ap opour © aiqos opmsa win ‘junoy], ruEIpIaA epaT ap ‘ossaay op ossanv 0 sopezieqn{n ou soumpy oxal, 0 9 onSezneqnfio Dp orwawinate] snBunsp vosNq a oiuaUuIe! 9p OFSTED ¥ seuiSed eorpap ‘oyseonpa ep opunut ou einejed e noSuE] ‘sop as-apod ‘anb osal] ou ‘gg6t wo soarede onowena] waged & ‘9361 wa ‘owey ATEWy ep ERDUasaFes Ep siodoq ‘961 ~ esonSruzod enSuy eu nasorede owowensy 2A -eed & anb zaa wiraurd e essa ‘aiuausperaord “103 ‘oz4N] ou soz9a seuza epesn 9 ‘eougrape! essap siodap ‘3 Bone zjad epruyap ‘2A 9s owod ‘p OFU omdeuenutey wIAeqed gf jonmroms comourpuna 2135) ast “ery rqona ORs eougynBujend wnjcedued um syuce op opus en “Y LEH "OLN (naw os) -wysoe sauouteuoroanet ‘epee waenuy ep oTuAWOP O OUNTE OU JaAfOAUASOP RODS EP ORSETY > ‘awourasipu ‘arb 20d oxnour‘ruowruoy Op URODESUED 9 “eo epetey en no “opped-nuueu epeug> © anb epure oupay jIUINBas o zp wrome e {Z voided en ,[rajdiwoo ppugiajar e sosinb 93 ‘gdepor 0 aqjnsuop] 9967 ap ‘vawsnBunoossd wnstoodiuad Dun “ens2se vp opunu ON :OWey, AARP BP O4AT] OU Z9A vI urd vad naoarede ovoweuey wsheqed 2 anb soared “zon esrounad Zed epesn yoy esavyed ‘essa apuo 2 opuenb reoynuapr ‘enBuly essou et epenua ‘ens ogsiza1d woo seep sowapod asenb anb owes ‘esond -nuod en8uy eu syuauraquscer Onur eprznponuT 10y anb sod ‘epezueuonip zisa Ogu epure ouawunusa] acted y ‘owows 9 Ogu epanoi! nb opraues © wiaquyjeue as ~enb no ‘wiaqeyjeue ‘exprsa 9 ogu dnb ‘sopgrony somustTD -sxjuo9 wa} opE anb vossad eum = mpmssap wossad pun ‘enSuy ‘eanrezo1y opuzortusis sensp) sens] we epesioa ‘wipnia vossad eumn = peu) vossed vuen Sopapeay soqumuoquos wes Ogu enb -OGVULTTI Sypnte “Fene| ws OPEHIeA -OGVUATT ‘opouets 2 opeues seasetéd se sowaootucy JOANANWULS] comune) 76 othe Na Busca de esclarecer o que seja letramento, talvez seja interessante refletirmos sobre 0 seguinte: vivemos sé- culos sem precisar da palavra letramento, a partir dos anos 80, comegamos a precisar dessa palavra, inventamos essa palavra ~ por qué, para qué? Por que aparecem palavras novas a logua? Resposta Um exemple Na lingua sempre aparecem palavras novas quando fend- ‘menos novos ocorrem, quan- do uma nova idéia, um novo fato, um novo objeto surgem, Hioje em dia se usa com muita frequéncia 2 palavra globaliza- ‘580, brimos o jomal eld esta palavra globaltzardo, poucos ‘anos ats, ninguém usava essa Por que surgiu 2 palavra globa- Mzagao? Porque surgiu um fenémeno novo na economia ‘mundial e foi preciso dar um ome a esse fenémeno ovo — surge assim a palavra nova. ‘Um exemplo mais familar de sur enando fa lingua, por exempl, fimento de ur nova palawa € 0 mcr que design a pesoa si caso da palavra fleido, que fol aria de mirocompuades, tere invoduelda aa lingua nos anos $0, nauta ou sea, a pestoa que “aa época em que apareceu es novo vega na Ineret, € ainda a intro elo de comuinieso ¢ foi preci dogo, no nosso voeabulitio cote so dae um nome a le, iano, de palms da den da infor (Quiros exemplos sto as palawras mca, como acesar sigicando liad a0 uso do computador hd exabelecer conto, ¢ deltar, que toma sie de palvras que esto vem subsinindo a pala apagar, Portanto: 0 termo /etramento surgiu porque apareceu um fato novo para o qual precisévamos de um nome, um fenémeno que nao existia antes, ou, se existia, no nos ‘rea dite 135 davamos conta dele e, como nao nos dévamos conta dele, do tinhamos um nome para ele. ‘Trés perguntas precisam agora ser respondidas: Qual 60 Por que surgi Onde foros significado dessa ers nova palavra, buscar ersa nova, palavra letramentot letramentot palavra, letramento? ‘Comecemos por responder 2 titima pergunta. (ONDE FOMOS BUSCAR A PALAVRA LETRAMENTO? Na verdade, a palavra letramento & uma traduclo para ‘© portugués da palavra inglesa literacy, 0s dicionarios de- finem assim essa palavra: LITERACY: the condition of being literate liktera + cy L 4 palaves taal era yt sufixo inde: qualidade condi, etado Exemplo tnocene. condiedo de inocene Traduzindo a definig&o acima, literacy € "a condigao de ser letrado” — dando & palavra “letrado” sentido diferen- te daquele que vem tendo em portugués. (Recorra a pigi- nna 32, se precisar recordar qual é esse sentido] Em inglés, © sentido de literate é: squsunejnonied “eID | ‘oupinqzooa ou 9 sean ] ep Osn OU seStrepnt $9 eNBUy] e WD OfAsAtIOD Ip Bao] op eles v Weses -sed sounpe sassa ‘Ionaiosa ¥ @ 19] e Jepuarde sode ‘onb wesnpuoo sopeznaqeyre ap stodap weaesn anb [exo en -Uyl 8 WoD WerereduIos & 2 soprznaquyle Wares ep seIue soynpe ap [20 enBuy e wreseztiaiseseD anb sesinbsad ‘oduraxa sod fovequyeue op ® opEnap op aarosip BuLi03 2p efey Opens] o amb opensou: wer sopmuss sungje sean -sjn ur] serougnbasuoo ‘waqure ‘zen opens] 9s-seUIOL, © anb opuejuapraa ‘anu: “epensy] no moqesreue zossad wun ap ested op euuoy ep siuarayp sesusd =p ‘vunio] eum 301 B essed vossad ¥ ‘alUararp aIvauseantuBoo as-rewor waquIEn 9 Opens] 96-TeUI) ab ap asaipdny e EH aquaragip as-eus0) WO2 ‘o1xsIU02 © WOD ‘sono so WOO Ind eu OgSIBSUT Ens ‘epEpapOs EU Lana ap opow nos ‘[e00s 478m] nas sepnw ap sew ‘Tesna]ND ‘Tebos assep ap no [aAqu ap sepnu op atuaurendosd wren ‘98 Op — [BITIIND D JeIDOS OeFIpUCD eANO BUN Jo1 E eS -sed [a ‘epenay] no wiages[eue Opuenb wo onb ewsow & 9 opu pl epenay vossad e ‘atuauspesryyno a amsawwyEI20g stemyyno suaq oxsujas ens Lepore, ‘ogsypuoo enno eum ‘opeisa anno wn aynbpe ‘equates vossod wum as-zws01 ‘miuDse pp 2 ways] 9p seamed ‘use asTanjoaua v ‘eDse ¥-9 eB esa w essed 9 JOKSDSo 9] apuaude wanb anb 9 owodnssasd 0 ‘opausey 2 oppz4 -2qujjo ‘o1eqnfioun anva seSuarayp se wepu2esdwsoo 28 anb red sonreuoduy ops seineped sessa opdypuoo no opis “gquoss & 9 emrafey & eoneId 9 saaan0se 2 zo] aqes wanb ap OpSIpUOD No OpEIsS OU aAtA Ogu ‘ypeute! 9 OvU sew ‘Dpoztaqufin 2 — ePIS2 Up 2 EINE] Ep On Ze} OgU ‘OABIDSS 9 J9] Opuages ‘no — viaqnfxuy 9 —seaa3080 8 Ja] aqes Ogu anb vossad euin ap aIuaasIp 9 — Dpouies wai0) 28 anb — wysDs9 9p 2 esTufal ap steDOs seoREIA Sou as-ronjoaua & ‘mysDs9 ep 9 eumal ep Osn sozes v wssed anb 9 — ypuzseqnfin wui0i 98 nb — 19091289 ¥ 2 J9[ B AP -uaade dnb wossad & :vfas nig “(s2[Suy wa armuany wien onb op “twas 0 exazred wsso ¥ OpuInqinE) opriza] 498 ‘TaADIOS 2 J3] ‘ages wrenb 9p opmse no OgSIpuaD wu sania 9 ‘oppeyequiio gag Yaagsose 2 J3[ Jaqes anue eSuarayp wwn ‘Wisse ‘EH “eurosa ep 2 eanare] ep ar -vanbay 2 aquaieduioo osn zey WaquIN sew ‘9AaI9S9 2 J3y ages os ogy anb ajanbep ‘7 no oprisa o wuiisap Comany & anb vossad v ezuatoeieo anb oanalpe 0 ‘siod ‘gammaorsy soua69 9 321 2 pepmqmy x wa anb ‘xvauryoadso fopeaap® ‘Sap pur pees 0 oyge Ayepedse ‘pewonps ‘SL VUBLNT aa 38 | aremeneo Enfim: a hipétese € que aprender a ler e a escrever ¢, além disso, fazer uso da leitura ¢ da escrita transformam © individuo, levam 0 individuo a um outro estado ou condigdo sob varios aspectos: social, cultural, cognitivo, linguistico, entre outros. ‘Tentamos responder, até aqui, a uma das tis perguntas da pagina 35: ResponDIDA? Por que surglu Onde fornos essa nova palavra, buscar e353 nova Tetramento? palavra,letramentot Busquemos, agora, a resposta & primeira pergunta. FINALMENTE, UMA DEFINIGRO DE LETRAMENTO Chegamos finalmente @ palavra € 20 conceito letra- mento: letra + mento L t forma poruguesa da -mento: sufixo palavia latina Mera Indica: resultado de wma ago Exempl: ferimento. resultado da agto de fers Portanto: letramento € o resultado da acio de “letrar- se", se dermos ao verbo “letrar-se" o sentido de “tornar-se letrado", roe aites|39 Oe LETRAMENTO Resultado da ago d pritleas socials © estado ou condleo que adquire tum grupo socal ou um Indlviduo ‘como conrequtncla de terse apropriado ‘da excrta @ de suas pritleas socials Observagao importante: ter-se apropriado da escri- ta é diferente de ter aprendido a ler ea escrever: aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codiicar em lingua esr € de decodificar a lingua ta; apropriarse da escrita 6 tomar a escrita “propria”, ou seja, € assumi-la como sua *propriedade”. Grupos indigenas sto sociedades Sgrafes, isto 6, socledades sem ceca Kebzene, na pala graf cedeeseria, oque os tomar alfa- bettzades, mas no letrados. Inroduzir no grupo préticas Retomemos a grande diferenca entre alfabetizagao e le- tramento, entre alfabetizado e letrado (se necessério, reveja as pp.36, 38]: um individuo alfabetizado nao € neces- sariamente um individuo letrado; alfabetizado aquele a ues opod goon anb opm ap @ ‘9 g00n wonb ap ndfour wen ‘wewoy op ovSe10s op vdow wn ‘opniaigos 'p osuaunssey ‘oprpied anbif opu goon anb vixd ‘sorpeuos sp song wa sacdeiuauo 8 ‘son ‘sogdnaisus ‘Spomumue ‘ounoser ov sooo ‘onsupas op sims ‘opunu op seo wun 3 ‘soBtun sopuvid 9 sioiaq ‘SueBoucsied woo 491099 2.449 ‘puw> ons amaep wes ‘soproequossep sad vind sofoin 3 ‘soBtue sogjen ap soins 9 susqnind ap soucosBojay tou ap sang wn ‘euapey08 mu sopejoo sopwoas ‘soxdwoo op visy vu ‘onoasiq ap vneoes pun ‘Buytuop. ap syousof sox equsjogeo © vorone owsoue 8 AL Up seisuio $0 ‘oder 0 ‘onuopssoud 0 augos sop2pou ops 10s op any 2 ‘exof 21 no ja op zm @ wang 9 opsseeyp 9 onausioy worrpuen8 op so00q opuepiganb oper un wou ‘epopiigog mun ep onyyradas ojusutousast 9 op ‘opprounua wos vpwo eunpued a anb wo og2uo8 win 9 opu oquaweney JOLNAHWYLST 33ND © tppeommeenon 7 966t “vonepossy Bupeny yenopew=I, fg ENON wouvonpa s9qoeeL wf SOHOfsed EW 'LOOA ® WK 'NTIHONYEN 5 yidepos o len ‘you 1810 enBuy eu ‘opeorignd oy euraod o anb wa ouay] op vpugiajas © esed) a1umnBas © 9 ‘sagseidepe seuyssoeu se woo ‘ewood op ogSnpen ¥ fewaod wn wa o-suyep ‘oywaurena] ap jeossad eyoisty ens J9A9m089 OF ‘BuOyD “W ‘aieyy ‘eongise weno ap ‘euroyaure-suoU amueprase BIL ‘VW3Od WAN OGINIHa OLNANVULs] “ese ap 2 waTNIa] ap spe;os sepuEwrep se stuaUTepenbape apuodsar ‘cuuosa v2 emuyay e vonesd ‘nose & 2 emNs] ¥ a1uaUT -Te}o0s esn anb ojonbe seu ‘‘onaiosa 9 s9] ages anb sjanbe 98 Ovt 9 ‘onzaurens| ap opmsa we aata anb onpya 0 ‘opena} onpyarpur o vf {raAar9so 9 sap aqes anb onpya exer fy ‘Se voct deseja uma explieagio do posma, lla esta Pagina gulnte; se Julga desnecesséria plieaglo, passe logo A pagina 44, © QUE £ LETRAMENTO? Letramento ao € um gancho fem que se pendura cade som enunclado, quebrando bloces de grams Levamento € diversio, Sto noticias sobre 0 presidente, © tempo, os anistas da TV, © mesmo Monica e Cebolinhs 10s jorals de domingo, Letramento nfo 6 alfabe- tizagifo: esta 6 que é um pro- letras (“ganchos"); costuma, ser um proceso de treino, Para que se estabelecam at relagdesentrefonemase grax fernas, um processo de dese sob diferentes condigdes, nfo 6 na escola, em exer cicios de aprendizagem. Interesse, divertindo-se.com as tiras de quadrinhos. 6 uma receia de biscoto, luma lista de compras,recados colados na eladetra, sm bihete de amot tclagamas de patos «cna A'meméria de vetos sigs : aque devo c : ComunleasSo.com q ' distance i ao, obi vislr para paises desconhecios, | ——————__— fen dae a a Ltramento 6 er historias ck eidoor ‘quenoslevarn alugares desco- ‘com personagens, heris e grandes amigos. 4 um atlas do mundo, sinais de esto, cagas 20 tesouro, manuals, insrupdes, guia, oriensades em bulas de semédios, para que voct nto Aque perdido. fear perdido, Letramento é descobrir asi © de nudo que voc# pode ter. sh ou ‘euoso ep 2 exmua] ep vongd & urerodioout aiuaurey -essa0au OU Seu ‘FoAAIOSS B 9 Jo] B Wapuarde ‘ureznaqDyTe wossad Sy “Janas0sa 8 2 Jaq z Jepuasde seuade wiseq OBL refouaprad 9s OUDSUIQUDY OAOU UN ‘Cootunigoo/eud steUr 294 ped) eIIS9 EU EPENUDD slew ZA EPeD OPUEWIOI Os TEA apeparsos & ‘anyatanreusou09 ‘anb eprpaus ¢ 9 ‘sanazose © 2 Jo] ¥ apuaide svossad ap 10rew zan epeo oraumpU un anb ‘opziadns opuas fea owsnaqesqeue 0 enb epipous Y -owspaqnfjoun :oj9 vied auiou umn sowaAn arduras osst sod @ ‘(""souran eptme 3) sourentm 0 spu of -aqnprun op opdipuod no opmisa op ouawuguay 0 :oquewod 21289 9 Ja] B seossad Se JeUISYD ap ‘TecnEqRyTE ap vas jo1d 0 opeuayyue souraa sojnogs sop O8uo] oF 9 “eMI9[0D seig 0 apsap ‘seioquyrea seossad ‘ronaioso 9 Jo] wages OE anb seossad tramsrxa ap O18] 0 woD soutaatauoD “wang souatigtay soA0u NO selapr seAoU OptrEND wadarede sEAOU seared ‘(pe euiBea .cenBuy] vu seaou seinejed waoarede anb J0g,, Wer] © apsooas] e1uaUOLAIUE OND 10 Ff OWED gehyssoDoU as-nowor ojvausnuia] esmvped B XX ojnogs op umy ou ‘woe 9s anb Jog ‘onmauensyay no om -suoqufje ‘asseusrye anb oanueisgns op apepisseveu sowe -puas opt a ‘(oustaqeye ap opSeaud = owsnaqeye + (aye 10€ euifed eu omswequfjoun winejed ep ostgue & 9ps0504) e8au anb oapuersqns o ‘soqnags yy ‘souresn :aiuessaranu oustguay win J "TeEMOg ap wIUgIOD soup anb wa od ua} Op sorxa) Wa ayuasaid yse ef Ba ‘sojnses EY esAEEd esso sowresn ‘enue 9 sou ousHaqeyleuE esAeted Y JOLNAHWULAT VUAV IVE V nioUns and Yor unread eumpp e exed esodsaz v 9 fend ed yeuswen9) yewewen9] eanejed nq “eanejed enou ess9essup optaymuais: sow) apuo. niBans anb 10g 9nd yvaianousay, jwoiaxoasay Sp] Dereon “ousreqe7t no ‘spe NO ‘owe 9p soURNG HAA SLITEGENEEE sp spray Aaah Woo = Cen RAD? TY 3 OFF © SOURS SU eHqE rb sownnpucs apmaq opto wr soxumsuad ae jeBrung wo pron) wed =P ae eho eat ac i ope ¢ Gre Ciel) canara eruemean fetenn v owo> Irbe YpspUsIS "SSE op SOE HEU LTE SAU LUD 9 HST SOP ‘wo ep ZA) OUNRGRAEUE sp DAHA >A BOD IOC OOP OS fea TIO, 96 Sone 2p wrang oun 9 dra uo opsezunjoss 2p 2 opSeznanfa vp oun] © ound orngurua> an hy op joins opuniu ow acute 9 aor) 2322) igo eu BeEid OF ‘oetsonpa ep vary wu £6go 2p sand Jone OpPYLOD tn "EOAPN. ORLY « ie wurgyd ep se -unsod sgn sep senp v ‘e10Be pie ‘sopuodses someway ‘pebrw04 Uwe fepepisouns wun suo 9 "HRA MND} TE sq ‘opraioque ap apepenb no opes> = ousneaMfy, ‘orpuny OURLORIC OU OES ¥ rosueMivsse) OpuELIWOUDP “app auras ewoo ‘spenUopIp sowlnse enb opsypuo2 no pO ‘uaeed eum 9 ananay 2p Of aes seusep eed epenbope a= “siiueo Oy ousuageyo eared aoe zayjn orb waxed eu ¥z4 ‘mIUDSe ap 9 wuTUI9] ep sTeDOS seongsd sepeuen 2 sesorounu seu sAfoatla es wanb ap o¢S “Tpuoo no opasse 0 9 cruourens] inyUR “epra wssoU BU Urey -aduresap wiposo & 9 emai] v anb sagdury sowaiapp se ‘woo ‘erL19s9 ap 2 wanaya] ap sod 9 soxauaB saruazamp woo ‘eyzose ap 9 eanura] ap sazopeuiod saiuarayp woo aBesar0 ‘wonb ap oEsppuco no opeisa 0 ‘opSipu0s wun ‘opnysa won 9 orwaurens] 0 oWOD Wag cxNW vssaIdxe fy “ORSEZTIOG -wye onb sreur onnus 9 omawena] anb ensour eu20d © —p | 465 eam necessariamente adquirem competéncia para usar a leitura a escrita, para envolver-se com as praticas sociais de escrita: nfo Iéem livros, jomais, revistas, no sabern redigit um oficio, um requerimento, uma declaracao, nfio sabem preencher um formulétio, sentem dificuldade para escrever um simples telegrama, uma carta, no conseguem encon- tar informagdes num catélogo telefSnico, num contrato de trabalho, numa conta de luz, numa bula de remédio... Esse novo fendmeno s6 ganha visibilidade depois que é minima- mente resolvide o problema do analfabetismo € que o de- senvolvimento social, cultural, econémico e politico traz novas, intensas e variadas priticas de leitura e de escrita, fazendo emergirem novas necessidades, além de novas alter. nativas de lazer, Aflorando 0 novo fenémeno, foi preciso dar um nome a ele: quando uma nova palavra surge na lingua, € que um novo fenémeno surgiu e teve de ser nome- ado. Por isso, ¢ para nomear esse novo fenémeno, surgiti a palavra letramento. Estardo agora respondidas as trés perguntas da pégina 35? Responppa? ResPoNDIDA? Responpioa? Qual 60 Por que surgiu ‘Onde foros significado dessa essa nova palavra, buscar esta nova palavra letramento? letromento? palavra, letremento? Compreendido o que é letramento, por que surgiu a pa- lavra letramento, qual a origem da palavra letramento, pode- se voltar a diferenca entre letramento e alfabetizagiio ‘remeatstica|47 ALFABETIZAGAO: apo, de ensinarlaprender a ler © a excrever TTRAMENTO: cain ou conf do gic nfo apenas abe ere Cerri cae nahn at pte social ue nm ze ‘cult = dedicx-se a atvidades de leita e escrta (ererce= responde ts demandas socials de leitura € essa Precisarlamos de um verbo “letrar" para nomear a aco de levar 03 individuos ao letramento... Assim, terfamos alfabeti- zare letrarcomo duas ages distintas, mas no inseparéveis, 0 contritio: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensi- nara ler € @ escrever no contexto das priticas sociais da leitura e da escrita, de modo que 0 individuo se tomasse, a0 mesmo tempo, alfabetizado e letrado. Um adulo pode see anafabeto€ ceserever. pede a alguém que Jeia parce a cara que recebeu, 5 € usta langando mo do belinde. # analfaber, mas betanda, mas nto & lerada Sosjsaaduiy soxooue repose] 8 opoznagojio ‘opazpeqeo 9 exsqojouo csauaasy ~ pry ox onruouey ‘Speen — nd ou pe SEBEL ssn 70 Sourgsonog Yama =) -aywanbaty opuae Wan eso Sng» sod sonuasagp yy anb 2p waned & soul enduy wa eon ‘woueayne: © EUSP arb © gal > euomENND® kee IN "BRD Cre VT WF ONT EITYIND & [eIDOS OIKeIUCS Op ‘OFsUE Nas ap 2 ONpIA -1PUI op sepuewiap sep ‘sapepissaoam sep opuapuadap ‘01 -vouren] ap sisAqu 9 sodn saiuasonp yy onb as-Inyouoy genase & arayed as anb ou ‘epenst epeiapisuoa 4s apod vossad euin wrm -Huo9 assep caved anb ap snzed y causa a19yor as onb ou ‘epeznogese eperapisuoo Jas wed ‘seisa anap vossad eum wrnusu09 assap o1tiod anb wo swnnusros oxajduso> 2 o8u0] um wagdutos anb somouoaquos ‘soiaweuoduros ‘sspepniqey ap o1untuoo wn wpque 2 sonasso wwIssy “-o1unsse ‘opeuruarep azqos oresua usin sonamos9 *e “Sta ap cauod wn opuspujop ovSmuawnsse ‘iin saxsiose ap Zede> Jos Oyu seu “ere tun ‘aiauig tn sanaiosa ap zedeo 19s apod 6p joer ona vossad eusn “opesoinop ap asal Ewin J9Aa9 -s0 pie awoU ondosd 0 saxaisa atuatnsayd “lus apsep wapuarse as anb sowwaureoduros Sepzpriqey ap ownfuoo wn waquier g gzsraray x azayar as anb ou "epena| epelapisuoo sas apod eossad eun unnustuoa assop cwuod anb ap amied y geima}a] & azajar as anb ou ‘epeznaqyle xp ~erprsuoo sas ered ‘seysa anap vossad wun twnus;u09 assap o1ued anb ura :wannusy09 cayginco 2 0840] wn wagduioo anb sor ype umn ‘souEWON wn 39] ap ZedED 195 Optra ‘soyumpend wo euoysiy ewn no ‘204 “1g umn 49] ap zedzo sas apod eossod wun "eso SoBIEUIND ap sypei9A opuas ap uo 12] pve sexavred no seqeys seogipooap ‘iwawseiduns apsop wapuaisa as anb soywot -wyoduioo @ sepepinqey ap o1unieoo wn y A2A@I98g, m1 -somaunsaqu0o ‘soavoureuiodwioo ‘sapepmiqey ap apepprdanu: run op ops 109 sjod ‘oxajdwoo onnu sajap wn eped ‘m0so © 9 IMME] & ‘SaIUAIORIp aIEISEG sOUDIQUaY sIOP aAfoALD cruewnsye) anbsod ‘unfired esso v wisodsar v [ATP Z Topenl op opezpegasie seuede 0 spuaiejp oweD sagd uu 9s wiunBied BAow wun — opens] no/a opezpaqerTy eumunaer gy 50 Latent Eleigbes de 1996. O jornal Folba de Sao Paulo, em 19 de julho de 1996, publica a seguinte noticia: Candidaturas sao impugnadas apos teste de alfabetizacao Aataafotomtnen) tla mu Lat Complenectr joann Em sep, Region Seto coe pote | Sspndosligedie acalabetoe desrem candidates Tneane Fuko, roe teapeosien speains alo een Kris Ostertescomoscandidsosfo- TRE informou que @ tibunal : sm ts ndbipament, cumin repens rnoFérum de tapetininga. Seuspomes stomantosem ol aos julzes para que "em caso Incane Fo ite gus fer © gio. “Peis todos quelearm © diva, fa wm ede a temocombasenaczighnciacon- nterprewsem om texto de um fabeizagSe noscandsites. ‘Teenctattc | 51 Baseado numa lei que "proibe analfabetos de serem candidatos a cargos elet juiz submeteu candidatos @ prefeito e a vereador a “um teste de alfabetizagao’. Que razbes levaram 0 julz a Duas moses: supor que 80 candidatos ram 19 tnham 1° grau incompleto; analfabetos 29) mostraram dificuldades no Preenchimento dos docu- ‘mentos para o registro de suas candidatures, Portanto: para 0 juiz, um alfabetizado seria alguém que tivesse 0 1° grau completo € preenchesse formulirios sem dificuldades. No entanto, 0 juiz admittu que, embora nao tendo o 1° grau completo e revelando dificuldades para preencher documentos de registro de candidatura, 0 candicato a pre- feito ou vereador poderia ser considerado alfaberizado: es Segundo 0 juiz, que compor- tamentos 0 cindidato deveria demonstra, para nio ser con- siderado analfabero? juiz definiu ainda 0 nivel do texto que 0 candidato deveria ser capaz de interpretar € 0 critério de correcio das respostas do candidato: So Segundo 0 juiz, o candidate deveria ser capaz de ler e in- ‘texto de um jomnal infantil. terpretar que tipo de texto? Segundo o juiz, com que erité- trios os resultados do candida- to deveriam ser avaliados? Sp orp nomproues aay gone Seopa sp onsjaid Yeasa) ajout amy | aa aml ofe ope x io sprain se 9 oj urezeuue on eonepypu op 215) 2589 wrod napoauo> og Meu] “ueszjanboaigososqe aia ~stodus one Sopa 9 “ogee 9p 821 um te Sopeaosdat ‘omg smut an ond | oes T ue aie Truof8aq jeumqu, op oprpuayd 0 rooney ep 3489} ula sopeaoidar ap vinjeprpueo eaorde 7yT, oyoyzuaavsTy “epenbape opsdeoue eum “sfepyo sowawnoop 9 ste8o} soxxor zeiasdrony 2 J9] ap zedeo 598 - Jopvasan no oxjajad ap ogSuny P weoroxs anb svossad v yoaronde ‘ oypp was ‘so. -uaumoop saypuaaid ap zed woo nes yt © so ~ vossad sanbenb & jangonide ‘omupeo8 opaou0. win sowSeznaqey[e ap sorouoo stop 191 nonsow zinf O EzTAqEITE OpErSpISUOD 1d JOPEDIBA NO onr9p uaIuD 9p zed 138 ‘anb nosapisuoo zin{ 0 anb so ssonp1H9 sesso nooynsn! 2 ‘sreopeues® soxsp opusrowos owsau ‘exaj anb o in s81po} ap 2 ‘yauyju yeuzof ap ower um i ‘soqusumnoop soyousosd vied so] euapod ‘o1pdwoo nes gf 0 301 oF no onajasd B o1eprpurd wn anb ‘siod ‘ SAL Leeann © Tribunal Regional Eleitoral - TRE - foi contrério ao conceito de alfabetizacio do juiz, considerando que os candidatos reprovados nfo eram analfabetos porque tinham “rudimentos da alfabetizagao": Qual 0 crité:io do TRE para considerar que os candidatos rio eram analfabetos? A definigto do dictondrio Auréio para a palavra "analfabeto’ Recorde a definigio de anajfabeto do dicionario Aurélio (pagina 30): 'ANALFABETO: que nfo conhece o allabeto, ‘que no sabe ler @ escrever Portanto: 0 TRE considerou que os candidatos sabiam ler e escrever (j que tinham alguma ou algumas séries do 1° grau e, embora com dificuldades, enfrentaram os docu- mentos de registro da candidatura) e, assim, nao eram analfabejos. ( juiz eleitoral e o TRE mostraram ter conceitos diferentes de alfabetizagdo, 0 jutz eleitoral avaliava antes o letramento que a alfabetizagio dos candidatos — embora desconhecesse © conceito de Jetramento, preocupavaise com as priticas sociais de leitura e escrita que eles deveriam ter; 0 TRE avaliou apenas a alfabetizagdo dos candidatos, porque se satisfez com os “rudimentos" de leitura e escrita que tinham, desco- nhecendo seu nivel de letramento, pois no considerou suas habilidades de usar a leitura e a escrita, Esse episidio evidencia: eens | 55 + a imprecisio do conceito de alfabettzacao~ pessoas ou grupos tém conceitos diferentes, o conceito varia de acordo com a sittacdo, Com 0 contexto; + 0 fendmeno do letramento ainda & pouco percebido ‘em nossa sociedade, Analfabeto-alfabetizado, etrade-lletrado: variagbes segundo as condlicdes soclais e histrieas Um bom exemplo da variacio do conceito de alfabeti- za¢d0 20 longo do tempo e da dependéncia entre 0 fend- meno do /etramento e as condigdes culturais ¢ sociais € a comparagio entre os critérios que foram no passado utili- zados e os que hoje sio utilizados para definir quem é analfabeto ou quem € alfabetizado nos recenseamentos da populacio brasileira. Até a década de 40, 0 formulério do Censo definia o individuo como analfabeto ou alfabetizado perguntando-lhe se sabia assinar 0 nome: as condigdes culturais, sociais politicas do pais, até entdo, nao exigiam muito mais que isso de grande parte da populacio. As pessoas aprendiam a desenhar o nome, apenas para poder votar ou assinar ‘um conirato de trabalho. ‘A partir dos anos 40, o formulrio do Censo passou a usar uma outra pergunta: sabe ler @ escrever uum bilbete straples? Apesar da impropriedade da pergunta [se quiser saber por qué, leia 0 quadro a seguirl, ela jé expressa um critério para definir quem € alfabetizado ou analfabeto que avanga em relagao a0 critério de apenas saber escrever 0 nome: definir ‘como analfabeto aquele que n&o sabe ler e escrever um bi- Ibete simples indica j uma preocupaco com os usos sociais da escrita, aproxima-se, pois, do conceito de letramento, ¢ revela uma outra expectativa com relagio ao alfabetizado — uma expectativa de que seja também letrado. ““aiuaurezopesnsse ‘a0saio aoIput 0 ‘OnspILD assau 9seq Woo Ise OU OUISNEG ~ayyeue © zIND]E9 2s OpueNd ‘s!eV0s sosn snas Op a wIHINSS ep 2 winsot ep ogSeudosde v exed opepuejoose ap sour ‘onenb owrurw ou sopyssaoau ops anb ap oisodnssard ou ‘382q WOD ‘euaUTEpUNy OUISU OP 9U96 e} & OperaIduIOD souaus ojad eyuaa anb onprarput o (opnaza] vas openbape stew owne1 0) opezpagayja oUti0D seraprsuod opis wa EDUEP al v ‘soynpe 2 suanol ap omvauisza) ap [aasu O seyLEAe uremsoxd onb sesinbsad seonod seumnfje of vy ‘Tswsg ON sepxdroiu 9p apepmedeo © ~tas wed spessanb njoyouy aisa o plun sopessz sou 's-noma3 ph 3p seQDEWOjU! sesn 2 “g SOU sop apmbt pUnos EN soxteg Ozs anb 9 ojwaweusa] ap stoasu so ~ oBaxd “wo wn e eimepipues e sensiBr ‘oMpIMUO; un sayDUA -aid ‘o1oyo wn sonansa ered sepepinoyp wemuayue seut ‘seasi0s9 2 J9| wages iei9se ep a viTafa] ep openbepe osn sazej eed wsepeasr suaao{ 2 soynpe anb apepino “UIP ¥ wOd ‘ojusuzIe) BP sfaAJU So WOD seu ‘Ousaqus {OUD ap SASL $0 WO 9 OB ‘siod ‘opSednooaNd & ‘oraz ap as-rwpxorde 32403389 no s9] ulaqes Ogu anb seossad ap O1ouMpU o '9 ost ‘sasjed sassau CMsHEQnfipuD arsIKO owu ‘apepisa EN ‘omsHaqufjoun 10d (sgouEsy) awstuzeyp 2 GalSup dovsanyr zopen ‘sasjed sossop ogSednooaid ¥ sgn8mod © wed znpen eipiuy essou e opuenb ‘nb 4g (eaawi8ul vu sour 1 “eSuers eu 9 soprey sopeiss sou is) Proce. soue QI —Jeieurepury ousua dssou op e anb sopew od -vanp wet ‘sopen sosted sou ‘onb) jentaurepuny cursus o Ijouoo ogsendod » wpor ausuresnesd ‘omeyod ‘9 wag -2Bugo aruauyoar 9 w>18eq apepLEfoase ¥ anb wo sasjed owsnaqujeue op siaasy sore 121 wapod outos :anbiod aiuapusaidins texzareySuy e ‘eSueiy & ‘sopra sopmsg 50 owoo sasred we ,owsnaqrs[eue, ap sTaalU sorte wos ogSed -nooaid ¥ wepsnou srewiol so opuenb aywopusaidins 3 JOANN OYIWId ON ONSILaSVSTYNY “wropaoasepsa Jas apod ‘opunyy ossuisg op sasjed wo sopezynn so woo ibe sopezypin sougiuo sop ogSereduioo ysyesnaqno ‘ste:0s ‘seouoisny seSuepnur zjoaoy qIswq Ou owSHeqRy[euE =p SooIpuy sop opseypeae & ied oui op eSuepnUs y st29 od opbeqeee essu sey owsnagemeue ap Sept) soe ep se0pod opimacdany anb senpucy £0 s0p01 ap apepiqey i Bpoua} opts su00 AF OApPAIPUT UM 38 no we, sas ied no eopemageye opesop —-gey ye anb sopor 1od apuod ‘jsuco 02 wed soydums aioypq —-f21 onpyaypuy tin ‘yyoTtIOD Janans 2 oj, sBqes meq eped Uo “ewo;goxd ONO wre ed used ay) 2 0rd corde seuade woo jsepzurpioqns ‘woe ‘Sepeuapidon no ‘aids sogieso seusde woo geyuy, sgnno sep stusde woo stax) tad tp aitep sonpjpul sop -2d sroned woo sieyniq wn 9 fepmate se 498 wapod sjend « Esoxdiys 2499 wn, 9 and © 153 Teuzigard oxo wn epurye saxuinfos se asqos 58 | wae CONDIGOES PARA © LETRAMENTO Termos despertado para o fenmeno do letramento - estarmos incorporando essa palavra ao nosso vocabulério educacional — significa que jf compreendemos que nosso problema nfio & apenas ensinar a ler € a escrever, mas 6, também, e sobretudo, levar os individuos ~ criangas ¢ adul- tos — a fazer uso da leitura e da escrita, envolver-se em préticas sociais de leitura e de eserita No entanto, infere-se, de tudo que foi dito, que o nivel de letramento de grupos sociais relaciona-se fundamen- talmente com as suas condigdes sociais, culturais e econd- micas, 8 preciso que haja, pois, condi¢des para o letramento. ‘Uma primeira condig&o € que haja escolarizagio real € efetiva da populagio — s6 nos demos conta da necessi¢a- de de letramento quando 0 acesso 2 escolaridade se am- pliou ¢ tivemos mais pessoas sabendo ler e escrever, passando a aspirar a um pouco mais do que simplesmente aprender a ler e a escrever. Uma segunda condigao € que haje disponibilidade de material de leitura. © que ocorre nos paises do Terceiro Mundo € que se alfabetizam criangas € adultos, mas 180 Ihes sto dadas as condigdes para ler e escrever: nfo hé material impresso posto 2 disposi¢io, nao hé livrarias, 0 preco dos livros € até dos jornais e revistas € inacessivel, hé um ntimero muito pequeno de biblioteces. Como € possivel tomar-se /etrado em tais condigdes? Isso explica 0 fracasso das campanhas de alfabetizacao em nosso pafs: contentam-se em ensinar a ler e escrever; deveriam, em seguida, criar condigdes para que os alfabetizados passas- sem a ficar imersos em um ambiente de letramento, para que pudessem entrar no mundo letrado, ou seja, num mundo em que as pessoas tém acesso a leitura e & escrita, tm” acesso aos livros, revistas e jornais, tém acesso as livrarias ‘rexnaattcs|59 bibliotecas, vivem em tais condigdes sociais que a leitura ¢ a escrita tém uma funglo para elas e tomam-se uma ne- cessidade e uma forma de lazer. a escrit, por auséncia, em seu meio, de demandas de letra © eserita, por falta de acesso 2 ‘material impres, Unham perdido sncbes co pais, qualquer pequens a habilidade de ler e eserever. povoagio receba los para dar ‘Tinham sido allabetizadas, mas coninuidade 2 campanba de alft+ ‘ato lhes fol possbiliado torna- beiaagte.O povo cubano tomou- ems Jesdas. se afabetzado @ lerado, LETRAMENTO E ESCOLA, LETRAMENTO E EDUCACAO DE JOVENS £ ADULTOS + Quais 2s consequéncias de tudo isso para a escola? + Para a educago de jovens e adultos? +O que significa alfabetizar? +O que significa “letrar"? + Quais as diferengas entre alfabetizar e “letrar”? + Como alfabetizar “letrando"? + Quando se pode dizer que uma crianga ou um adulto esto alfabetizados? Quando se pode dizer que esto letrados? + Quais sto as condigbes para que o aprender a ler € a escrever seja algo que realmente tenha sentido, uso e fungao para as pessoas? i "nine sp ent oid opay sod nema onpea Fp oe emo: jevigey enogep coro aby entre eed send OPEL YIGAW OWOD ‘UVITWAY OWODS “YINISSG OWOD SOLNANVULS] [OIWSNA WA -sexsodsex sv sowanbsnq ‘sensed sv Of1s9 Sy .sonuniiad sop oduay 0 9 osowap anb ‘sodas opuop yee opt ow opm, soBeueseg sgnBnaiod somoso apues8 0 z1p ‘sag5, -njos woo oyu a sejunBrad wo> reuxa) wog asduras 3 10

Você também pode gostar