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Crítica à desonestidade do camarada Machado

Camaradas,
Se antes o camarada Machado me respondeu com uma crítica bastante coerente e bem
desenvolvida, que me fizeram repensar minhas posições sobre as questões políticas que
apresentei sobre o Caderno, agora, o camarada enviou uma resposta distorcendo e
apresentando críticas à concepções que eu não desenvolvi em momento nenhum na tribuna
sobre política de formação de quadros. É lamentável que o secretário político do último
período se porte de uma maneira reativa e reducionista acerca das visões apresentadas para
tornar sua linha hegemônica. Até esse momento, em lugar algum das tribunas esse
comportamento havia acontecido.
O camarada Machado apresenta que minha proposta “trabalha com eixos limitantes e
restritos” (Tribuna 36, p. 1), acrescentando à frente que “Não adianta colocarmos cada
camarada na "caixa" de tarefas e habilidades necessárias” (idem). O problema é que minha
tribuna de política de formação de quadros não coloca estes termos em momento algum.
O argumento que apresento na proposta de política de formação de quadros é a de
que, com a complexificação do trabalho político, as tarefas se multiplicam não somente em
quantidade, mas também em qualidade, gerando novas tarefas de grande importância prática
para o andamento do trabalho. Além disso, há o fato de que o trabalho político de nossos
organismos de base necessitam e só trazem saldo político com tarefas cotidianas bem tocadas,
que por sua vez precisam ser tocadas pelo maior número possível de militantes. Em resumo,
necessitamos de camaradas formados para tocar o máximo de tarefas práticas do organismo.
Ou seja, e isto está em negrito e destacado na própria tribuna, “considerada a necessidade de
definição de tarefas cotidianas e fixas para a especialização militante, o núcleo UJC- USP
precisa hoje de quadros capazes de desempenhar toda e qualquer tarefa que o núcleo
desenvolva de maneira constante. Disso, o núcleo deverá fornecer os métodos organizativos,
formativos e políticos para a execução deste acompanhamento, formação e divisão das
tarefas” (Tribuna nº6, p. 2).
Não há defesa sequer de eixos formativos, pois essa é uma concepção que abandonei
há muito tempo. Inclusive, inicio a tribuna dizendo que se trata de uma reformulação e uma
autocrítica às concepções anteriormente apresentadas. E pior, o camarada não somente faz
um má interpretação desonesta dos argumentos que apresentei, mas também afirma que eu
expressei posições políticas que eu veementemente neguei nas tribunas. Vejam, camaradas,
justamente para me distanciar cada vez mais dessa concepção de eixos formativos, coloquei
ao final dessa minha tribuna:
ENCAMINHAMENTO: Militantes não terão eixos formativos delineados por seus
coordenadores, mas terão sua especialização e profissionalização do trabalho baseados nas
tarefas fixas que desempenham.
Fiz isso justamente para não incorrer no erro, por vezes apresentado e que li em ata da
Frente de Moradias, de que os militantes terão eixos formativos destacados. Enfim, após ler
esse encaminhamento, vejam só a crítica do camarada Machado:
“Não adianta colocarmos cada camarada na "caixa" de tarefas e
habilidades necessárias, quando o movimento de massas exigirá e
formará os quadros muito mais.” (Tribuna 36, p. 2).

Pois eu peço que o camarada Machado aponte na minha tribuna onde, em que página,
eu afirmei que os camaradas deveriam ser divididos em caixas. Me parece que o camarada
pura e simplesmente não gostou, e disso, caça argumentos para ser contra. Isso porque, além
do argumento do qual concordo, de que toda essa política de formação e o acompanhamento
que ela necessita gera um trabalho que não é fácil, todo o resto que o camarada aponta é
absolutamente colocar palavras na boca de outro militante para provar seus próprios pontos.
***
Além disso, toda a argumentação do camarada parece ainda girar em torno da outra
tribuna, sobre a crítica das nominatas que apresentei ao camarada Danilo e à nominata do
secretariado. Por fim, o camarada acerta dizendo que “Em todas as nominatas do
Secretariado, consideramos muito mais a experiência diretiva e a formulação política geral do
que a especialização na Secretaria específica, tendo em vista que é mais importante a
condução da instância como um todo.”
Ora, isso eu concordo perfeitamente, é a linha justa do trabalho diretivo leninista.
Entretanto, necessita ter ao menos um meio termo que é necessário que medie o trabalho
diretivo geral à especificidade das secretarias do núcleo. É mais uma deformação dos meus
argumentos o camarada dizer que a minha crítica coloca “a questão do trabalho diretivo em
termos tão simplistas quanto uma especialização do trabalho em eixos” (idem, p. 3), quando
na realidade o que apresentei foi de que é necessário alguma formação específica. Isto pois
as nominatas apresentavam nomes que nunca tiveram, ou nunca expressaram, qualquer
formação para as secretarias que eram designadas. Vejam, se os camaradas puxarem na
memória, a própria defesa da CE para a camarada Bia Lazari na etapa de núcleo do
Congresso girou em torno de que a camarada tocava um trabalho com o jornal, e portanto
faria sentido com a secretaria de agitação e propaganda. Ou seja, sempre o mais importante
será a capacidade diretiva do todo, mas isso não está descolado dos trabalhos específicos da
secretaria. De forma alguma o próximo secretário precisa ser somente a pessoa mais formada
em uma área, que é o que o camarada diz que eu defendo, da mesmo forma que o militante
com maior capacidade diretiva precisa estar minimamente familiarizado e consonante com os
trabalhos de sua secretaria. Não há nenhuma transposição mecânica, mas uma vontade ativa
do camarada de mal-interpretar minhas posições.
Por fim, camaradas, não fiz essa tribuna para ser reativo e faltar com camaradagem
com um militante que admiro e que sempre apresentou seriedade e ímpeto com o trabalho
político do núcleo. Entretanto, não deixa de ser lamentável que um camarada há 1 ano na
secretaria política do núcleo ainda deturpe argumentos alheios para provar seus pontos. Falta
política e sobra desonestidade na resposta do camarada, mas nunca à sua pessoa. Vejo que,
por fim, não estamos em posições políticas tão distantes assim para cairmos em disputismo
no momento das defesas, e gostaria que isso de forma alguma atrapalhasse o andamento dos
debates do X Ativo.
Abraços,
Alessandro Lima

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