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REDAÇÃO PARA PASSAR

Eis uma espécie de minicurso de redação dissertativa argumentativa. O objetivo é munir o


candidato a vestibulares e concursos a alcançar uma nota satisfatória. Basta ler todo o
conteúdo e treinar, redigindo umas dez redações (ou mais) antes da prova, para que tudo dê
certo.

TEMA – O PAPEL DA POLÍCIA MILITAR NOS EVENTOS INTERNACIONAIS

O vexame bate à porta

Às vésperas dos eventos de grande porte, a correta aplicação da Polícia Militar ainda é
questionável. Um dos pontos é sobre a atipicidade das festividades em tamanho e público.
Outro é o comportamento da tropa no que se refere às relações interpessoais. Qualquer erro
pode significar consequências danosas.

Estratégias na divisão da tropa, por exemplo, devem ser adotadas em proporção e


empregabilidade. Não é de se esperar um esvaziamento completo do efetivo já escasso do
interior para suprir a capital. Tampouco é correto empregar quem não tenha aptidão técnica
para a diversidade linguística e cultural a se lidar. Lembremos que existe vida humana a se
proteger em toda parte, mas também que equívocos de qualquer ordem podem representar
desentendimentos diplomáticos desastrosos.

Pondo a visão macro da questão à parte, o fato é que o estado de desmotivação do policial
também é preocupante. Mesmo o cidadão nativo tem reservas críticas quanto ao modus
operandi de alguns policiais: falta de proatividade, quando em policiamento normal; ou
agressividade na prática de uma simples abordagem. O histórico de truculência e
marginalização remuneratória se traduzem em erros notórios, potencializados quando
observados por olhos de todos os países do planeta.

Enquanto se espera uma excelente atuação da Polícia Militar nas provações que batem à
porta, muito ainda precisa melhorar. E não será somente com aumento do efetivo que tudo se
resolverá. As relações humanas não são tão simplórias quanto as edificações instantâneas
ainda assim pendentes.

ANÁLISE DETALHADA DO TEXTO

Bem, em princípio, tentei destacar em cores as partes do texto de forma que você perceba as
relações entre o que está na introdução e o restante escrito.

TÓPICO FRASAL- Essa é a parte em que você diz sobre o que o texto se refere, uma frase-
topo cujas próximas linhas deverão conter seu desenrolar. Essa frase deve estar estritamente
ligada ao tema, sob pena de fuga total ou parcial, o que diminui consideravelmente a nota da
redação, ou mesmo a anula. Para confeccioná-la, experimente escrever o tema substituindo
palavras, ou mesmo, escreva algo que contenham as palavras-chave. Veja que no tópico
frasal da redação ora discutida existem as palavras-chave do tema: “eventos de grande porte”
e “aplicação”, substituindo “papel”.

Vejamos: O PAPEL DA POLÍCIA MILITAR NOS EVENTOS INTERNACIONAIS


finalidade Força do Estado eventos de grande porte
aplicação militares mega-eventos
emprego profissionais esportividade
atuação

Dessa forma, você poderá construir diversos Tópicos Frasais, concordando ou não com o
tema. Porém, é importante que contenha nessa frase, de imediato, sua opinião sobre o tema.
Assim:

“Os mega-eventos nacionais são difíceis se tratando da empregabilidade da Polícia Militar.”


“Os profissionais da segurança pública têm um grande desafio pela frente: gerir a atuação da
Polícia Militar nos eventos de grande porte que estão por vir.”
“A experiência da Polícia Militar da Bahia em eventos de grande porte faz dela a Força de
melhor aplicabilidade nos eventos internacionais que estão por vir.

FRASE DO PRIMEIRO DESENVOLVIMENTO- Essa frase diz respeito ao primeiro


desenvolvimento (parágrafo da mesma cor). Observe que as palavras “um dos pontos”
exercem o papel de coesão, muitíssimo importante para se obter uma boa impressão. É como
se eu dissesse que “a atipicidade das festividades em tamanho e público ainda é questionável
sobre a aplicação da tropa”. Dessa afirmação se extrai a ideia central do parágrafo
relacionado, sem, mais uma vez, sequer pensar em desviar-se do tema.

FRASE DO SEGUNDO DESENVOLVIMENTO- Essa frase faz menção ao assunto a se


discutir no segundo parágrafo de desenvolvimento. Ele deve se pautar na mesma estrutura
do parágrafo anterior, a qual iremos tratar mais adiante.

CONCLUSÃO- Deixei esse parágrafo da mesma cor do tópico frasal para que você jamais se
esqueça: essa fase do texto significa uma retomada do tópico, de forma a solucionar (ou não)
o problema discutido. É importante saber que deverá sair dessas linhas a frase que servirá de
título, já que a conclusão dá vasão à sua imaginação pautada em seus argumentos ao
decorrer do texto.

ANÁLISE DETELHADA DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO

Ele é desenvolvido numa lógica ordenada e fácil: retomada da frase do desenvolvimento


correspondente, contida na introdução, e acrescida de sua opinião; argumentação que
confirme sua opinião; reforço argumentativo (que pode ser um exemplo ou outro argumento);
e conclusão do parágrafo, dando um PONTO FINAL a qualquer dúvida e, verdadeiramente,
finalizando o raciocínio. Não esqueçamos jamais de usar conectivos entre as frases e
parágrafos. Isso enriquece o texto e dá um ar profissional ao que está escrito.
Quanto ao título, sabemos que ele não deve trazer verbo algum. No entanto, se você usá-lo
e, mesmo assim, ainda deixar um ar de ideia não concluída (a se desenvolver no texto), então
você será feliz na escolha. Sobre a frase que conclui o parágrafo de introdução, essa deve
deixar sempre uma ideia no ar, para que o leitor tenha curiosidade sobre o que se segue.
Costuma-se usar frases interrogativas, mas acho elas já muito utilizadas. Tente colocar
palavras no plural e vejam um resultado parecido, porém menos cansativo: “qualquer erro
pode significar consequências danosas”. Quais consequências danosas?

Pronto! Agora, há de se dar ênfase a questões importantes. São elas o fator de coesão, a
busca pelo conhecimento geral para a sustentação da coerência textual e, por último e não
menos importante, a noção sobre conectivos para a coesão perfeita entre as frases e os
parágrafos.

Bem, acredito que seja fácil achar em livros, ou até mesmo na internet, algo sobre coesão, e
a coerência fica à mercê de o que você leu sobre atualidades. Leia bastante tudo o que ver
pela frente (o que também servirá para o grau de informatividade do seu texto) e nunca se
esquive de dar opiniões nas conversas informais com seus amigos, seja lá quais sejam os
temas. Isso exercita seu poder de argumentação e traz experiências boas na hora da escrita.

Há quem diga que dissertação não é “receita de bolo”, mas essa que agora lhe mostro dá a
qualquer um candidato a concurso ou vestibular uma ótima chance de obter nota máxima na
redação. No entanto, não basta ter esse esquema na mente se ela está vazia de argumentos
e informações. Mesmo porque o grau de informatividade, ou seja, quantas informações novas
você trará em seu texto, fará sua dissertação boa ou não.

Quanto mais você tornar secundárias as informações clichês e fugir da “mesmice”, levando
ao leitor a vontade de ler seu texto até o fim, com a curiosidade de aprender mais, melhor.
Evite frases como “o Brasil está passando por uma crise na segurança pública”, porque isso
todos sabemos; nem caia no erro de colocar a culpa no governo (pois é dele mesmo), porém
sem antes se munir de informações mais específicas sobre o problema.

Aconselho que leia bastante, principalmente revistas, visto que elas trabalham com textos
predominantemente argumentativos. Jornais são textos de tipo reportagem e são expositivos,
por isso digo serem contraindicados como única fonte de leitura. Eles criam uma mania no
estudante: querer somente expor dados ao invés de criticá-los. Prefira textos mais
dissertativos como as revistas Carta Capital e Veja, nessa ordem de minha preferência.

Bem, findo aqui essa sucinta instrução acerca do item de concurso que mais aprova e reprova,
sendo considerada a mais importante fase do processo seletivo. Acredito que, após ler esse
texto e praticar exatamente como se aprendeu, você fará parte do grupo a festejar, listado
entre os aprovados. Seja feliz, e que o meu Pastor, Mestre e Salvador Jesus Cristo esteja
contigo, para o teu sucesso, se assim for a vontade Dele.

Segue a redação que me aprovou com nota 9. Faça agora você mesmo uma análise sobre
ela e tente aplicar o que aprendeu.
TEMA I

Ao observarmos o quadro atual da violência urbana, muitas vezes não nos atentamos para
os fatores que conduziram a tal situação, no entanto, podemos exemplificar o crescimento
urbano desordenado. Em razão do acera do processo de êxodo rural, as grandes idades
brasileiras absorveram um número de pessoas elevado, que não foi acompanhado pela
infraestrutura urbana (emprego, moradia, saúde, educação, qualificação, entre outros); fato
que desencadeou uma série de problemas sociais graves.

Algumas cidades do país apresentam um percentual de mortandade proveniente de atos de


violência que equivale aos do Iraque, país em guerra. O Brasil responde a 10% de todos os
homicídios praticados no mundo, segundo dados de um estudo realizado a pedido do
governo suíço, divulgado no ano de 2008, em Genebra.

Após leitura do texto acima e de suas reflexões sobre o assunto, escreva um texto
dissertativo-argumentativo sobre a influência do crescimento urbano desordenado na
violência que assola os grandes centros metropolitanos.

A conquista da paz

Os altos índices de violência urbana não são apenas consequência da favelização.


Permeiam a intitulada violência institucional. Mais que isso, pode-se dizer também que é fruto
da já tão controvertida relação governo-povo. Tapar os olhos para esse fato pode nos fazer
amargurar diversas consequências.

Uma delas é o êxodo inverso, agora de criminosos, da zona urbana para a rural. O que
antes se notava no retirantismo dos que sofriam na seca castigante do semiárido, ou na
automação que desesperançava os que no campo trabalhavam, agora se traduz na fuga
daqueles que se seduziram pelo dinheiro fácil do crime urbano e encontraram abrigo nas
regiões ainda não “pacificadas” do interior. Enquanto se perpetuar a falta de políticas públicas
expressivas, a violência institucional, que lega ao pobre falta de saúde ou coexistência de
desigualdade e desemprego, razões do crime, fará a violência urbana continuar endêmica.

Outro risco a se considerar é o fracasso a que se propõe um Estado confuso de sua


função. As necessidades da grande massa pobre já são sabidas, mas a lente midiática foca
na pseudo-solução da segurança comunitária – como se a visita do policial sozinha pudesse
fazer o milagre que se propõe na propaganda – e despreza estados como Alagoas, cuja taxa
de violência é maior que a de São Paulo e Rio juntos. Pôr o militar como assistente social é
controverter sua função, assim como o é governar com pretensões partidárias, quando se
deveria trabalhar para o povo e por ele.

O maior influenciador do crime urbano é, pois, a violência institucional. Abraham


Maslow, psicólogo norte-americano, já dizia que a segurança é uma das mais prioritárias
necessidades humanas. Reconquistemo-la, então, não só a do corpo, mas também a do
emprego, da dignidade, da saúde e de suas demais vertentes.

MÁRIO JORGE
POLICIAL MILITAR / AL OF PM

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