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PADRÃO DE CORREÇÃO

FCC
Introdução

Inicialmente, eu quero que vocês tenham em mente que fazer redação é como seguir uma
receita de bolo, sempre vai funcionar da mesma forma. A partir do momento que eu faço um
texto dissertativo-ARGUMENTATIVO, o examinador que irá corrigir quer ler o quê? Argumentos!
Mas, calma, ele não quer ler apenas argumentos de um mero concurseiro ou estudante de
ENEM. Pense no examinador como uma pessoa instruída e desenvolvida intelectualmente, ele
preferiria ler uma linha argumentativa do filósofo estoico Sêneca ou um mero texto de Sérgio?

Portanto, a ideia central de você montar um “discurso de autoridade” é coadunar


conhecimentos de diversas fontes. No que você tem mais domínio? Áreas biológicas?
Científicas? Sociológicas? Filosóficas? Use-as, seja o que o for, use-as.

Obviamente, cabe destacar que áreas que tratam sobre o comportamento humano ao longo das
gerações são mais aconselháveis para fins de redação, pois envolve um caráter subjetivo de
acordo com um contexto social. Ex.: A modernidade líquida, escrita pelo sociólogo Zygmunt
Bauman. Num tema sobre algo relacionado a preconceito ou discriminação, por exemplo, valeria
mais eu usar um embasamento do mundo líquido (que abrange tudo) do que um artigo científico
tratando sobre o assunto?

O que quero dizer é que: sim, você pode usar conhecimentos de diversas fontes na hora de
produzir uma redação. Mas, com fins de objetividade, vale mais a pena você investir em fontes-
coringa que possam te servir para os mais variados temas. E como fazer isso? O Que a FCC
realmente quer?

1. Letra legível
2. O tema proposto deve ser interpretado na introdução.
3. Argumentos bem fundamentados
4. Conclusão com possível solução para o tema.

Sem mais delongas, como prometido, este curso te fará estudar por redações, assim como você
estuda por questões, iremos praticar o estudo reverso! Como tema, eu vou usar o “Trabalho
informal e suas consequências” tema cobrado pela FCC no TRT 12º / 2013. Prestem atenção.
Como produzir uma introdução nota 1000:

1) Ao ler o tema de uma redação, tente sempre achar pêlo em cabeça de ovo, trocando em
miúdos, seja pessimista, negativista, etc. Como quiser chamar. Produza a sua PROBLEMÁTICA
que será a TEMÁTICA central de todo o seu texto. Nesse ínterim, é válido citar algum tipo de
referência. Eu particularmente, gosto de usar contextos históricos (é mais fácil de decorar kk).
Como? Cara, vamos nos ater aos fatos, a maioria dos problemas que vivemos hoje surgiu após
a revolução tecnológica do século XXI, certo? Sobretudo problemas interpessoais, isso se deve
a N fatores, como o excesso de informação, liquidez mundana, etc. Na prática:

Desde a revolução tecnológica do século XXI [Contexto histórico], a mão de obra operária tem perdido
espaço no mundo contemporâneo [Problemática], devido à mecanização de tarefas cotidianas [Causa da
problemática], dando espaço, por conseguinte, ao trabalho informal [Consequência da problemática]
caracterizado pela inexistência do vínculo empregatício registrado na carteira de trabalho e previdência
social. Nesse sentido, indivíduos se submetem, gradativamente, à ausência dos direitos constitucionais
trabalhistas, não dispondo de férias, remuneração fixa e licenças remuneratórias [Problemática].

Percebem que toda a introdução se amarra em apenas uma coisa? Sim, é ela mesmo que você
tem de buscar, a problemática! Ela basilará todo o seu texto de agora em diante:

Desenvolvendo o texto como um filósofo Estoico:

2) Desenvolvimento, como fazer? É nessa hora que simplesmente você vai usar 1 coisa: o bom
senso. Não se limite, qualquer coisa que você achar conveniente citar, cite. Lembrando sempre
de se amarrar à sua ideia central explícita na introdução.

Em preliminar, cabe destacar que, os índices de desemprego que assolam o país é um dos principais
fatores responsáveis pelo surgimento do trabalho informal, visto que, a falta de opções no mercado de
trabalho, força o desempregado a buscar meios autônomos de renda própria, visando à sua própria
subsistência. Nesse diapasão, com a ausência do vínculo de emprego, o indivíduo adquiri ampla facilidade
e liberdade em mudar de rumo mercadológico, livrando-se, portanto, de formalidades morosas e prolixas
como a inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), por exemplo. A principal vantagem do
trabalho informal é o fato de o mesmo ser uma forma das pessoas obterem rendimentos melhores, assim
como adquirirem o poder de gerir o tempo de trabalho, assumindo os riscos da atividade econômica. Sem
que, para isso, se submetam aos ditames do vínculo empregatício, como a pessoalidade, subordinação
jurídica e a habitualidade, previstos na consolidação das leis trabalhistas (CLT).

Bom, em linhas gerais, nesse desenvolvimento eu citei a causa, a consequência e as motivações


para que exista o trabalho informal em si. Qual foi a causa? Desemprego. Consequência? A busca
pelo trabalho informal. Motivações? Desemprego, desburocratização, melhor gerência de
tempo, etc. E, por fim, qual foi a minha referência, o meu embasamento, o que construiu meu
discurso de autoridade? A própria CLT. Para quem estuda para áreas trabalhistas, esse tema é
um mar de rosas, justamente pela possibilidade de podermos coaduná-lo à matéria principal do
concurso.

Paralelamente a isso, há que se falar, outrossim, de que mesmo com todas as vantagens supracitadas, a
informalidade no âmbito trabalhista não garante direitos legais ao indivíduo como a estabilidade salarial,
aposentadoria ou negociações coletivas. Esse fato acaba deixando-o à mercê de fatos imprevisíveis do
mercado, que podem repercutir diretamente sobre sua receita anual, levando-o à falência. Vale ressaltar,
também, que a ausência de formalidade gera menores arrecadações para os cofres públicos,
repercutindo, consequentemente, na qualidade da educação, saúde, transporte e assistência social da
região, por isentar os trabalhadores informais de prestarem impostos. Esses fatos consubstanciam-se com
sociedade de risco, na qual, segundo o pensador Urich Beck, as ações do homem são responsáveis por
aumentar os perigos da existência da espécie humana e do planeta.

Vocês percebem que são ideias paralelas? Numa via eu citei o “mar-de-rosas” na outra eu citei
o “mar-de-cobras”. Nesses casos, é muito importante você se atentar aos elementos que criam
coesão e coerência ao seu texto, ex.: o uso da expressão “paralelamente a isso” no começo do
parágrafo é uma ótima opção. Atentem-se à referência da sociedade de risco (que pode ser
usada em praticamente tudo). Em que eu interliguei o fato de uma coisa aparentemente ser boa
por X fatores e acabar gerando risco em Y fatores.

Como fazer a melhor proposta intervencional possível:

4) Conclusão, bom, é agora, a hora de você ser o dono da porra toda e dizer o que deve ser feito para
solucionar o problema que você citou na introdução. É a hora de você trocar os papéis e aderir ao
otimismo e à proatividade:

Como previa Max Weber, o trabalho dignifica o homem. Portanto, [Quem?] cabe ao poder executivo, [O
quê?] instituir políticas públicas que garantam uma maior geração de empregos [Como?] com garantia de
assinatura na carteira de trabalho e previdência social, [Para quê?] para que haja o gozo pleno dos direitos
trabalhistas elencados na Constituição federal e na consolidação das leis trabalhistas. Deve-se, também,
garantir um maior assistencialismo estatal para aqueles que se encontram em condições de desemprego,
sem renda fixa ou sujeitos ao trabalho informal. Dessarte, garantir-se-á o cumprimento de um dos direitos
constitucionais e sociais de 2º geração: o trabalho digno.

Vejam que na conclusão eu coloquei uma porção de referências, seja do sociólogo Weber até a
Constituição Federal, justamente com fins de embasar tudo aquilo que eu havia falado
anteriormente nos parágrafos de desenvolvimento. Enfim, qual foi a equação da minha
redação? Problemática + Perspectivas pessoais + referências + proposta intervencional =
Examinador aos meus pés. Sim, parece fácil e É fácil, basta você ter em mente essa equação para
qualquer redação que for fazer. Tudo que você precisa para começar a produzir é,
simplesmente, começar a produzir. Fazer redação é como fazer questões, no começo é algo
demorado, dificultoso, mas, como tudo na vida, acabamos nos HABITUANDO a escrever bem.
Agora, eu quero que vocês percebam como essa redação acima feita por mim se encaixa no
famoso “padrão de correção FCC” através da análise de notas gradativas dadas pela banca.

Tema: Direito à cidade TRT 20º -


Vamos lá, inicialmente, dá para perceber de cara a tamanha desorganização da redação com
parágrafos desalinhados e letras parcialmente ilegíveis, isso contou pontos no quesito
“estrutura”, e, por isso, houve supressão da nota geral.

O que realmente impediu com que esse candidato obtivesse uma nota maior foi a linha
argumentativa que ele usou, sim, ele citou o núcleo da redação, a temática em si na introdução,
mas não houve uma interpretação clara do tema proposto. Outrossim, não houve citações de
pensadores ou referências externas à perspectiva pessoal do candidato.

Mesmo com todos esses erros, o candidato conseguiu uma nota consideravelmente alta por
seguir os princípios basilares do texto dissertativo: Problemática / Proposta intervencional.
Segue abaixo a avaliação da banca:
Tema: Pseudoatividade - Debates inócuos - AJAA - TST
Bom, essa redação beira à perfeição, novamente, houve o respeito à problemática que foi
apresentada de maneira bem explícita e fundamentada na introdução, junta à proposta
intervencional na conclusão. Porém não houve referências fora da perspectiva pessoal do
candidato (de criticar os debates inócuos), tornando, por conseguinte, a linha argumentativa
vazia. Quero que vocês se atentem, novamente, às margens da redação e seu desalinhamento
com o limite da folha de redação. Segue abaixo a avaliação da banca:
Tema: Privacidade - TRT 2º
Essa redação exime comentários, eu poderia chamá-la de uma real obra de arte. Vocês
percebem agora a importância de termos uma linha argumentativa forte e embasada? Notem
que todo o trecho se destrinchou na temática principal abordada na introdução, houve uma
fruição de ideias pessoais interligadas com ideias de 4 pensadores, tudo isso caminhou num
rumo só durante todo o texto. Segue abaixo a avaliação da banca:

Com essas 3 redações, vocês agora percebem o que realmente importa numa produção textual
dissertativa? Problemática + Perspectivas pessoais + referências + proposta intervencional. No
caso da FCC em específico, as tais “referências” fazem uma diferença gigante na avaliação duma
redação boa ou ruim. A banca, de maneira geral, trabalha muito com textos e temas ligados à
sociologia e filosofia, citando pensadores, de séculos passados. Percebam, também, que o
quesito “conteúdo”, atualmente, vale 50% da prova!

Enfim, não esperem comprar um material milagroso que vá te garantir uma redação nota 1000
na primeira ou na segunda produção. Redação exige prática (MUITA PRÁTICA), você tem de criar
necessariamente o hábito de escrever bem, isso vai fazer que, consequentemente, você fale
bem, também. A ideia central desse material é SIMPLIFICAR e OBJETIVAR seu estudo,
focalizando naquilo efetivamente importa na hora da prova. Corrijo redações há mais de 1 ano
e, nesse interstício de tempo, percebi que as pessoas complicam demais uma coisa que, em
regra, deveria ser simples. Por isso, reitero, redação = receita de bolo. Quando você ter em
mente tudo que precisa, poderá lidar com qualquer tema e com qualquer banca.

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