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Rodrigo Simões1
No curso de TPE, você terá que escrever o seu projeto de monografia. Basicamente,
no projeto você terá que dizer qual o objetivo da monografia, qual sua importância e como
você pretende fazê-la.
O projeto deve ser dividido e m seis partes principais: Introdução, Justificativa,
Objetivo, Metodologia, Cronograma e Bibliografia. Na Introdução, você deve introduzir o
leitor no assunto que você escolheu, fazendo com que este familiarize-se com o contexto
histórico/teórico que você quer tratar. Na Justificativa, você deve fazer um pequeno resumo da
literatura existente sobre o tema, destacando quais são as questões mais importantes e qual a
importância de seu estudo. No Objetivo, você deverá dizer o que você pretende fazer. Observe
que a Justificativa e o Objetivo devem estar conectados, ou seja, seu objetivo deve ser uma
decorrência d a sua Justificativa. P o r exemplo, suponha que você esteja interessado n a
importância da produtividade como um deteuninante das exportações do Brasil e descreva na
Justificativa o debate existente sobre o assunto: 'segundo alguns autores a produtividade tem
um papel secundário, enquanto para outros a produtividade é fundamental. Seu objetivo sera,
por exemplo, analisar um deteintinado setor, num determinado espaço/tempo, e verificar qual
abordagem, se adequa melhor à explicação do fenômeno.
Na Justificativa, você fatalmente fará uma resenha, ou seja, você irá explicar o que
diversos autores escreveram sobre o assunto do seu projeto. Deixe muito clara a opinião de
cada um. Cuidado para não tomar a opinião de qualquer um deles como se fosse a sua ou
como se fosse a verdade absoluta. Por exemplo, suponha que você leia um texto de José
Pastore dizendo que os encargos sociais no Brasil encarecem em 102% a folha de salários de
uma empresa. No entanto, você não deve escrever em seu projeto "No Brasil, os encargos
dobram a folha de salários de uma empresa", mas "Segundo Pastore, os encargos dobram a
folha de salários'. Deixe muito claro que este é um cálculo feito por ele e não uma verdade
insofismável. A principio, você poderia pensar, não deveria haver ambigüidades sobre esse
número: basta calcular o montante de encargos e verificar o quanto ela representa para as
1 - CEDEPLARTFACE/UFMG
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empresas. Infelizmente, a realidade não é tão simples: outros economistas (como Edward
Arnadeo) calculam o s encargos e m 40%. A discrepância ocorre uma vez que muitos
beneficios (como décimo-terceiro, adicional de férias etc.) são considerados por Pastore como
encargos, mas são considerados salários por Amadeo. Assim, mesmo coisas aparentemente
exatas devem ser vistas com o devido cuidado. É claro que você pode se posicionar caso você
tenha uma opinião sobre quem está correto (no exemplo, Pastore ou Amadeo), mas lembre-se
que sua opção não pode se basear apenas em intuição ou no que você simplesmente acha.
Você precisa ter argumentos teóricos e/ou empíricos sólidos que sustentem a sua opinião.
Na Metodologia, você deverá especificar, com o maior número de detalhes possíveis,
como pretende cumprir seu objetivo. Note que a metodologia é intrinsecamente vinculada
ao(s) objetivo(s) do trabalho. Nesta parte do projeto, é muito comum os alunos escreverem:
Esta é um afiLL lacdo muito vaga que não significa nada. É preciso especificar quais
dados, qual o período, para que regido, onde eles são encontrados, como você vai analisd-los e
como a análise o ajudará a resolver seu problema.
Outra afiritiação freqüentemente encontrada na Metodologia 6:
Essa é uma frase inútil, pois isso é o mínimo que se espera: que os alunos leiam a
literatura referente ao seu tema de monografia e que busquem os dados nos lugares certos. O
que você precisa especificar 6: quais livros e artigos você pretende ler, por que esses e não
outros e onde exatamente os dados que você precisa serão encontrados.
Quanto mais detalhado o projeto, mais fácil será para você fazer a sua monografia. Se
o seu projeto for muito vago, você fatalmente irá se deparar com dificuldades imprevistas. Por
exemplo, descobrir em cima da hora que o dado que você precisa não existe ou que você não
sabe interpretar os seus resultados em função dos seus objetivos. Escrever a metodologia de
trabalhos que vão utilizar modelos é relativamente fácil. É preciso especificar o modelo
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Uma afirmativa é normativa quando diz como alguma coisa deveria ser e é positiva
quando diz como ela 6. Por exemplo, a frase "Esta cadeira é amarela" é urna afirmação
positiva (diz como a cadeira 6) enquanto a frase "Esta cadeira deveria ser amarela" é uma
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Na verdade, a maioria dos itens também serve para a própria monografia.
3Quase todos os exemplos a seguir foram retirados de projetos apresentados em anos anteriores.
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afitniação nounativa (como ela deveria ser). Frases normativas devem ser evitadas pois elas
normalmente refletem juízos de valor do seu autor, sem necessariamente estarem embasadas
teórica o u empiricamente. Lembre-se que o s formuladores d e política econômica são
escolhidos, direta ou indiretamente, pelo voto e, salvo engano, você não foi eleito para nada...
Sempre que você fizer uma afirmação, justifique-a. Todas as suas afirmações precisam
ter algum suporte teórico e/ou empírico. Considere a afinnação:
Esta afitinativa pode estar totalmente correta; no entanto, falta dizer como o autor do
projeto chegou a esta conclusão. Ou ele fez um estudo e concluiu isso (o que não era o caso)
ou ele retirou essa informação de algum lugar. Neste último caso, ele precisa citar a fonte, ou
seja, dizer quem chegou a esta conclusão.
Outro exemplo:
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As vezes, alguns alunos se vêem tentados a escrever frases de efeito. Em geral, elas
não significam absolutamente nada. Um exemplo:
Essa é uma típica frase que cabe num discurso politico (se tanto), mas que não é
adequada num trabalho acadêmico (além de ser normativa, não significa nada).
Caso você queira fazer sua monografia na area de IIPE, vá em frente, mas lembre-se
que a carga de leitura sera intensa e que há um risco muito grande de se estar fazendo uma
cópia rearranjada
Algumas pessoas gostam de colocar no texto palavras como steady state, mainstream,
policy maker, payoff etc. Não faça isso!
Como já foi dito, o texto deve ser objetivo, não deve haver espaço para ambigüidades.
Considere o exemplo a seguir.
O texto deve ser seu, escrito por você. Você pode, é claro, fazer citações, desde que
devidamente identificadas como tal, sem esquecer de citar de onde você as retirou.
Um projeto é urna peça de convencimento. Convença quem vai julgá-lo que você conhece o
que está dizendo, que o trabalho é interessante e que você sabe como fazê-lo.
Evite estudos de caso que sejam muito específicos. A dificuldade de conseguir a base de
dados fatalmente complica a confecção da monografia.
Para se fazer uma monografia é necessário conhecer o tema a ser estudado. O projeto é a
"peça" cujo objetivo é demonstrar isto.
Faça do seu texto um todo sistemático, orgânico, ou seja, é necessário que cada frase tenha
ligação c o m a anterior e a seguinte. Q u e cada parágrafo faça parte d e u m a
argumentação que tenha encadeamento. Que cada capitulo seja organicamente ligado
aos outros.
Leia o que você escreveu. Imagine-se como uma outra pessoa e tente verificar se o texto faz
sentido em si. O Português é uma lingua dificil mas muito rica, se bem usada. Não se
espera uma peça literária de uma monografia, mas é preciso que esta esteja clara,
objetiva e sem erros de ortografia e sintaxe. Estilo é para poucos, rigor para todos.
Leia Machado de Assis.
No que se refere à cópia, alguns aspectos devem ser ressaltados. Vale dizer, há diversas
formas de "plágio". O maior absurdo é a chamada cópia literal, na qual o aluno
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transcreve parcelas - nem sempre pequenas de trabalhos alheios, sem a devida citação.
Isto é contravenção prevista no Código Civil.
Contudo, há outras formas de plágio menos diretos. De um ponto de vista geral
podemos destacar dois. A primeira é quando o aluno seleciona uma parte de algum texto
alheio e "escreve com suas próprias palavras". O que realmente acontece neste caso é uma
"vampirização" do conteúdo e um empobrecimento do texto original. É muito comum a
inversão de orações no período e a simples troca de preposições e locuções adverviais:
contudo por no entanto, deste modo por desta forma; e assim vai I s t o é cópia, não literal,
mas cópia.
O segundo caso de plágio indireto é o que podemos chamar de cópia de estrutura. Este
caso é mais dificil de ser detectado, mas é muito comum em monografias. Pode ser explicado
da seguinte forma: o aluno fixa-se num texto-base e, mesmo que venha a desenvolver seu
próprio texto, vai repondo passo a passo o argumento apresentado pelo autor original. Isto é
quase inevitável posta a inexperiência dos alunos, que estão fazendo seu primeiro trabalho
acadêmico/profissional e necessitam de uma linha de argumentação. Contudo, mesmo que não
seja o caso de citação literal—com aspas e referência á página, por exemplo—é necessário dar
créditos ao autor original. Mais recomendável é que o aluno não se fixe em apenas um autor,
procurando sempre cotejar interpretações e visões sobre o mesmo tema. Isso vale tanto para o
projeto como, e principalmente, para a monografia.
Citac5 es
Há diversos tipos de citações. Resumidamente podemos arrolar três formas:
1) A citação literal: deve ser feita sempre que o argumento original seja indispensável para o
desenvolvimento da monografia. Usualmente é utilizada nas partes conceituais do texto
quando qualquer "re-interpretação" pode mascarar o sentido original. E feita entre aspas e
deve discriminar o autor original, a obra e a página do trabalho.
2) A paráfrase (citação livre) :deve ser feita quando a idéia original for ser utilizada mas não
há necessidade de citação literal. É a citação mais comum num trabalho acadêmico. Não há
necessidade de aspas, mas é preciso especificar autor e obra.
3) Citação de abonação: é utilizada toda vez que um argumento a ser usado contenha alguma
dubiedade ou seja alvo de controvérsias teóricas/metodológicas/históricas. Deve ser usada
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com certa parcimônia e serve como uma salvaguarda para o aluno. Vale dizer, toda vez que
alguém for utilizar um conceito ou uma interpretação que não seja de conhecimento e/ou
aceitação cabal pelo meio acadêmico, deve procurar se resguardar de criticas posteriores,
utilizando-se de algum autor de reconhecida excelência acadêmica. Este procedimento não
desobriga o aluno de cotejar interpretações e justificar suas escolhas teórico/metodológicas,
mas pode ser usada como um recurso auxiliar na confecção de seu próprio texto. Geralmente é
uma citação literal.
Deve-se evitar referências bibliográficas completas no meio do texto, ou mesmo ao pé
da pagina. Este último deve ser utilizado como um auxiliar no texto principal, ou seja, é o
lugar onde os argumentos literais, que não são explorados no corpo do texto, devem ser
expostos, referenciados, contextualizados e, se for o caso, descartados. Um texto acadêmico
deve ser rigoroso mas não precisa ser chato e, muito menos, mal escrito. O pé de página pode
ser um aliado valioso nesta empreitada. Assim, devemos evitar ”poluir" o pé de página - e o
próprio texto principal - com infolinações detalhadas acerca de referências bibliográficas. A
fauna mais indicada para se fazer citação no meio do texto é a que identifica o autoria obra/o
número da página citada e remete a referência bibliográfica completa para o final do trabalho.
Exemplos:
1) para citação literal no corpo do texto: " ( ) x x x xx xxxx,xxxxx xxxx xxxx"
(FULANO, 1998:08). Ou Segundo BELTRANO (1998:08), " ( ) xxxx xxxxxxxxx xx,
xxxxx xx xxx."; onde o número da página citada do trabalho original vem depois dos dois
pontos.
2) Para citação de referência, não literal, não é necessário o número da pagina citada.
Pode ser feita no começo ou no fim do período: "Segundo SICRANO (1997), a cadeira é
amarela". Ou, cadeira é amarela (SICRANO, 1997). Importante lembrar que as referências
bibliográficas completas de SICRANO (1997), BELTRANO(1998) e FULANO (1998) devem
estar no final do trabalho.
chamado " A mesa". Neste caso, quando você estiver citando " A cadeira", especifique
SICRANO (1997a). Se a citação for de "A mesa", especifique SICRANO (1997b) e assim por
diante. Estas citações devem estar especificadas da mesma forma que referência bibliográfica
completa, no final do trabalho.
•Mais raro é existirem dois autores de mesmo sobrenome, que escreveram trabalhos no
mesmo ano. Neste caso, identifique claramente qual dos dois está sendo citado. Por exemplo,
José da Silva Santos escreveu "O Cigarro" em 1997, e Joao Soares Santos escreveu "O
Isqueiro" em 1997. A citação comum seria SANTOS (1997) para ambos os casos, mas isto
não identificaria o autor nem a obra. Para tal, sugere-se que sejam citados SANTOSa (1997) e
SANTOSb (1997), respectivamente.
Evite utilizar o artificio de "op.cit", pois isto dificulta o entendimento imediato de qual
autor está sendo utilizado.
As tabelas, quadros, gráficos etc., devem ser feitas seguindo as normas ensinadas em
Introdução à Estatística. Vale lembrar que estes recursos devem ser auto-explicativos, citando
número, título, local, período e fontes. Se retirado de algum outro trabalho, a fonte deve
especificar a base original dos dados e de qual obra foi retirada. Para isto, utiliza-se o artificio
apud.
Toda citação literal que tenha mais de três linhas deve ser destacada no texto. Este
destaque deve ser feito reduzindo a foilitatação entre linhas e diminuindo o espaço útil do
texto em uma tabulação. Ou seja, se você esta escrevendo em espaço 1,5, deve reduzir para
espaço 1 e diminuir a mancha em uma tabulação à esquerda.
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Não se deve diminuir o tamanho da letra e muito menos utilizar o recurso de letras
itálicas. Estas últimas devem ser usadas apenas para palavras em lingua estrangeira, quando
for impossível evitar usd-las.
A citação bibliográfica correta é o endereço do trabalho utilizado. Toda Biblioteca
possui uma publicação que orienta a confecção correta dessas referências. Não tenha preguiça
de ir a. Biblioteca.
Pesquisa bibliográfica:
trabalho. Se não der tempo de escrever, apareça e marque outra hora para discutir em cima de
algo já sistematizado, mesmo que o resultado desta sistematização venha a ser modificado no
desenvolver da monografia ou do projeto.
Por fim, trate os dados com respeito, mas só isso. Não tente retirar dos dados mais do
que ele podem dizer, e muito cuidado com as generalizações.