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Delegado

Profª Mario Fumanga Redação

Redação – Fumanga 2ª aula


Só se pensa através de imagens – Camus

PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO

Anteriormente, formulamos algumas propostas de parágrafos introdutórios. Partimos sempre do princípio de que, antes de
tudo, é muito importante a construção de uma frase objetiva e clara que traduza o ponto de vista ou a idéia central que
temos do assunto. Vimos, ainda, a importância de se produzir uma segunda frase que encaminhe a argumentação – seja
afirmado o melhor modo de discuti-la (introdução/tese), seja enumerando os três argumentos com que se trabalhará no
desenvolvimento (introdução/roteiro).
Caso ainda haja alguma dúvida, releia a teoria sobre os parágrafos de introdução e, principalmente, faça
exercícios.

EXERCÍCIOS DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO

Os parágrafos argumentativos da redação, além do que vimos na aula anterior, introdução, podem ser feitos de diversas
maneiras...

01) Hipótese:
Apresentar hipótese no desenvolvimento é a tentativa de buscar soluções, apontando prováveis resultados. Na hipótese,
mostramo-nos interessados pelo assunto e dispostos a encontrar soluções, se apropriadas. Com a hipótese, praticamente,
não se corre o risco de apenas expor o assunto.

02) Paralelismo:
Trabalhar com o paralelismo, no desenvolvimento, é apresentar um mesmo assunto com diferentes enfoques, é apresentar
correspondência entre idéias ou opiniões diferentes em relação ao mesmo argumento. Por exemplo, em se tratando de
informática, discutir sobre o mercado de trabalho, não apenas argumentando que a máquina tomou o lugar do homem, mas
também apresentando o aumento de emprego na área, os recursos técnicos disponíveis, a comodidade...

03) Dialética:
Trabalhar com a dialética é, inclusive, apresentar aspectos positivos e negativos, pontos favoráveis e desfavoráveis do
argumento. É trabalhar com os "prós e contras", sem dar ênfase a apenas um deles. Procure trabalhar com apenas dois
parágrafos no desenvolvimento: um com os aspectos favoráveis; outro com os desfavoráveis.

04) Oposição de idéias:


Trabalhar com oposição de idéias é explorar com o mesmo interesse crítico dois pólos que sustentam a discussão. Por
exemplo, em se tratando de educação infantil, explorar a educação masculina e a educação feminina com o mesmo
interesse, mostrando as diferenças existentes.

05) Causas e conseqüências:


Trabalhar com causas e conseqüências é apresentar, em um parágrafo, os aspectos que levaram ao problema discutido e,
em outro parágrafo, as suas decorrências.

06) Exemplificação:
Seja qual for a introdução, a exemplificação é a maneira mais fácil de se desenvolver a dissertação. Mas...
Devem-se apresentar exemplos concretos, que sejam importantes para a sociedade. Argumente sobre personagens
históricas, artísticas, políticas, sobre fatos históricos, culturais, sociais importantes.

Algumas conjunções:
01) Indicadoras de fatores favoráveis:
a) Conjunções Coordenativa Explicativas: que, porque, pois.
b) Conjunções Coordenativas Conclusivas: logo, portanto, por isso, assim, então, por conseguinte.

02) Indicadoras de fatores contrários:


a) Conjunções Coordenativas Adversativas: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto.
b) Conjunções Subordinativas Concessiva: embora, conquanto, não obstante, apesar de que, se bem que, mesmo que,
ainda que, em que pese.

Conexões-modelo, para o desenvolvimento:


Apresentamos, aqui, algumas frases que podem ajudar, para iniciar o desenvolvimento. Não tome estas frases como
receita. Antes de usá-las, analise bem o tema, planeje incansavelmente o desenvolvimento, use sua inteligência/criatividade,
para ter certeza daquilo que será incluso em sua dissertação. Só depois disso, use estas frases:

Conexões-modelo para parágrafos causas e conseqüências:


Ao se examinarem alguns..., verifica-se que... . Pode-se mencionar, por exemplo,...
Em conseqüência disso, vê-se, a todo instante,...

Conexões-modelo para parágrafos prós e contras:

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Alguns argumentam que... . Além disso... . Isso sem contar que...


Outros, porém,... . Há registros históricos de... que...

Conexões-modelo para parágrafos trajetória histórica:


Antigamente, quando... , percebia-se que...
Atualmente, observa-se que...
Em conseqüência disso, nota-se...

Outras conexões:
Dentre os inúmeros motivos que levaram o... é incontestável que...
A observação crítica de fatos históricos revela o porquê de...
Fazendo um estudo de... , percebe-se, por meio de...

TEMA_______________________________________________________________
TESE________________________________________________________________
TÍTULO_______________________________________________________________

COESÃO E COERÊNCIA
Uma das maiores preocupações de quem escreve é a de como amarrar as frases, fazendo com que a seguinte dê
continuidade à anterior.
Isso só será possível se denominarmos os princípios básicos de COESÃO textual. Precisamos ver se cada frase
mantém um vínculo com as anteriores e se ao iniciarmos uma frase, utilizamos um conectivo ideal para o tipo de raciocínio
que esta frase apresentará ao todo, dando COERÊNCIA ao texto.
Na verdade, esta é uma tarefa difícil e não se chega mesmo a fazer uma boa relação sem o uso adequado dos
termos de transição.

DEFINIÇÃO
Em linhas gerais, a coesão textual é a ligação entre os elementos de um texto. No interior de uma frase, entre as frases e
entre os vários parágrafos, pois alguns termos fazem-se necessários para que o leitor possa receber o texto como uma
informação contínua.
Portanto, pode-se dizer que um texto é coeso quando os conectivos são empregados com correção e resulte uma idéia
linear.

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INTRODUÇÃO
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1ª Frase 2ª Frase
CRIE SEUS PRÓPRIOS CONECTIVOS

Inicie a introdução usando um dos elementos Inicie a segunda frase da introdução usando
de coesão que seguem: um dos elementos de coesão a seguir:

1. É notório que... 1. Dentre tantos fatores, temos ...


2. Todos sabemos que... 2. Entre tantos motivos relevantes, temos...
3. Comenta-se que um dos maiores problemas... 3. De acordo com o problema mencionado...
4. Observa-se que... 4. Essa irresponsabilidade pode ser vista...
5. Tem sido generalizada a opinião de que... 5. Essa é uma questão que deve ser
6. Tornou-se comum a afirmação que... avaliada...
7. É consenso que...
8. Todos conhecimentos que...
9. É preciso, inicialmente, observar que...
10. Deve-se analisar, primeiramente, que...
11. É indiscutível...
12. É alarmante...

DESENVOLVIMENTO
Inicie os parágrafos de desenvolvimento usando os elementos de coesão que seguem:
Não podemos esquecer que...
É preciso frisar que...
É necessário frisar, por outro lado, que...
Ainda podemos analisar que...
Ainda convém lembrar que...
Pelo simples fato...
Ademais...
Ao examinarmos algumas causas...
Podemos mencionar, por exemplo, que...
Outro fator indispensável...
Por outro lado...
Além disso...
Finalmente...

Lembre-se de que deve haver coerência entre os parágrafos, assim como deve se evitar o lugar comum. Tais
conectivos já são muito USADOS, GASTOS.
LEMBRE-SE, mais uma vez, que tais elementos devem ser, APENAS, instrumentos, não um fim em si mesmos.
CRIE SEUS PRÓPRIOS CONECTIVOS

CONCLUSÃO

Inicie os parágrafos de conclusão usando um dos elementos de coesão a seguir:


Diante disso,...
Desse modo,...
Em vista dos argumentos mencionados,...
Em suma,...
Como se vê,...
Dessa forma,...
Portanto,...
Em vista do que foi mencionado,...
Sendo assim,...

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Levando em conta o que foi observado na epígrafe,...


Portanto,...
Assim,...
Por isso,...

Nunca inicie o último parágrafo de uma dissertação com concluindo,


Devemos concluir que ou deve-se concluir.

MODELOS DE REDAÇÃO – CAVEIRÃO


Desemprego e cidadania
A educação, tanto a familiar quanto a escolar, é a principal formadora dos valores ético-morais de um indivíduo. A
forma como convivemos em sociedade, nada mais é do que o reflexo de tal postura.
Os ensinamentos de valores éticos e morais desde a infância produzem um cidadão ciente não só dos seus direitos
como também de seus limites, talvez globalizado. Estes são princípios básicos de cidadania, que demostra a forma de
pertencimento do indivíduo ao Estado, da qual todos nós sabemos, mas o que vemos atualmente é uma forte inversão de
valores.
Crise nas instituições de ensino, má estruturação familiar e falta de apoio governamental são fatores, dentre outros,
que geram o desemprego. Este que é um dos responsáveis pela violência, miséria e abandono ao qual é submetida
considerável parcela da população.
Soluções para estes velhos problemas que impossibilitam o crescimento do país e conseqüentemente da situação
financeira do povo brasileiro, são mais debatidas e conhecidas do que imaginamos, mas as respostas para as mesmas não
estão em especulações e sim em ações.
.
Quando falamos de violência entre os jovens, geralmente, procuramos um responsável que deve tomar para si,
com exclusividade, a solução do problema, livrando-nos de qualquer responsabilidade. Esse caminho mais curto não é o
mais adequado, pois é necessário percebermos também a influência da mídia, da família e dos valores estimados pela
sociedade.
“Jogos mortais” são oferecidos em larga escala aos jovens pela mídia eletrônica. Essa paixão virtual, de muitos jovens, entre
outras oferecidas pela mídia, muitas vezes sai das telas e ganha as ruas, tendo como protagonistas da violência os próprios
jovens.
Mães solteiras, pais ausentes, gravidezes precoces, além de muitas outras formas de desestruturação familiar,
comuns em nossos dias, às vezes e não raro tornam-se ambientes recheados de violência que gera violência.
Além disso, um mercado consumidor complexo e com excessivo apelo ao consumismo, associado à exclusão social de
milhares de jovens, ao lado da facilidade das drogas empurra muitos jovens à essa relação conflituosa.
Diante disso, não há como deixar de responsabilizar também a sociedade por parte dos atos de violência dos jovens. A
suspensão dessa tendência só se dará quando agirmos de uma maneira mais responsável em relação à formação das
novas gerações. Uma autocrítica por parte de todos – mídia, família, educadores – é o caminho por onde devemos começar.
Leonardo Mendes Ferreira/ Redija um texto dissertativo a respeito da redução da maioridade penal no Brasil. Se
favorável à redução, explique qual seria a idade ideal para o caso brasileiro.
Diariamente, nos jornais e revistas do Brasil, encontram-se notícias de roubos, homicídios e outros crimes, muitos
deles cometidos por menores de idade. Diante disso, surge a proposta da diminuição da idade penal. Essa deve ser
analisada com cautela, evitando-se o “senso comum”, geralmente influenciado pelas emoções de quem já foi vítima desses
crimes. Assim o papel da família e do Estado não pode ser ignorado nessa discussão.
A própria Constituição Federal assegura o direito de respeito à pessoa em condição de desenvolvimento. Por isso,
criou-se o Estatuto da Criança e do Adolescente. Considerada por especialistas como uma lei moderna, essa traz uma série
de medidas para correção de jovens infratores. Porém, se a lei é tão bem elaborada, por que a taxa de recuperação dos
internos da Febem é baixa e os crimes causados por menores de dezoito anos vêm aumentando?
Uma das respostas está no papel dos governantes que através de políticas clientelistas loteiam os cargos públicos
visando seus próprios interesses em detrimento do benefício de seus administrados. Pessoas com pouco preparo e
desmotivadas gerenciam os estabelecimentos de recuperação, não fazendo com que as medidas da lei sejam efetivamente
cumpridas.
A super lotação e o abandono dos presídios não são novidade. Segundo dados do DEPEN, a maioria da população
carcerária é composta por homens negros, semi analfabetos, com vinte e dois anos de idade. Esses dados não dão subsídio
ao argumento em favor da diminuição da maioridade penal. Se essa redução acontecesse, o quadro dos estabelecimentos
prisionais só iria piorar, já que o número de detentos iria aumentar muito.
O papel da família na formação da pessoa é de suma importância. Valores éticos e morais devem ser passados
dos pais para os filhos e complementados com a educação nas escolas. Mas o que se vê são famílias desestruturadas,
onde a presença do pai é cada vez menor e escolas de ensino público deterioradas. Assim, sem coordenação, jovens com
menos oportunidades começam a cometer delitos.
Como visto, a adoção de medidas preventivas como: a correta observância e aplicação da lei; a gestão competente
de estabelecimentos de recuperação de menores e a ação conjunta do Estado e da família na educação de crianças e
adolescentes são mais eficazes que a diminuição da idade penal. Pois essa apenas iria aumentar a lotação dos presídios,
não diminuindo as causas da violência.
SP revoluciona o combate à exclusão social
Josias de Souza
Ano de 2054. A milionésima reedição do “Novíssimo Aurélio” acaba de sair do prelo. Incorpora neologismos. Revê acepções
de velhas palavras.

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O verbete “miserável”, por exemplo, ficou assim: “[Do lat. miserabile] subpessoa; detrito humano; ser antinatural, que
prolifera como rato e sonha viver como gente”.
Consagrado pelo uso, o vocábulo “humanissínio” foi finalmente dicionarizado: “[De humanitário + assassínio] ato de tirar a
vida de pessoas pobres; assassinato legal; antecipação da morte de indigentes por meio de execução socialmente
consentida”.
As notícias sobre a atualização do Aurélio evocam episódios ocorridos há 50 anos. Em agosto de 2004, rememoram agora
os jornais, surgiu em São Paulo uma técnica inusual de combate à exclusão social: o extermínio de indigentes a pauladas.
Ficou conhecida no exterior como “the Brazilian revolutionary method”.
Alguns historiadores fazem menção ao remoto massacre do Carandiru e às longínquas
chacinas de Corumbiara, Vigário Geral e Candelária. Mas a maioria dos livros identifica no método do sarrafo a gênese dos
modernos procedimentos de supressão da indigência.
A repulsa dos bem-nascidos em relação aos mendigos foi ganhando contornos desabridos. Hoje, o monumento aos
matadores desconhecidos de pobres é visitado semanalmente por legiões de admiradores. Vêm de todas as partes, para
reverenciar os agressores de 16 moradores de rua do centro da capital paulista.
São festejados como heróis visionários. Numa era remota, marcada pelo acaso do humanismo, vislumbraram uma forma
letal de abrandamento da poluição urbana. Seus bustos encontram-se assentados na praça da Sé. Erigiu-os a Prefeitura de
São Paulo, em convênio com o governo do Estado. Deu-se na seqüência de memorável sessão realizada no Congresso
Nacional.
Em votação simbólica, precedida de amplo acordo suprapartidário, deputados e senadores injetaram no Código
Penal o conceito da eliminação sem culpa. Descriminalizado, o morticínio da bugrada passou a ser aferido pelo IBGE. (...)
(...) Alguns textos recuam a tempos imemoriais. Recordam os tempos em que os mendigos brasileiros, por escassos, ainda
podiam ser recebidos, com compungida fidalguia, na soleira das casas de classe média.
Tocavam a campainha entre uma e outra refeição. Olhos grudados no chão, rogavam
pelas sobras do almoço e do jantar. Com sorte, levavam, além do prato de comida, peças de roupa usada.
Com o passar dos anos, a malta cometeu a imprudência da proliferação desmedida. Não contente em existir, passou a
existir em grandes quantidades. Tornou-se o desnecessário levado longe demais, o etc. do processo de globalização, a
ameaça ao final feliz.
As pauladas de São Paulo levaram a uma inflexão no ideal retórico da distribuição do bem-estar. Rendido à
ineficácia de suas políticas sociais, o Estado passou a patrocinar programas de incentivo fiscal à eliminação de mendigos.
Inicialmente restrito a pessoas físicas, o benefício foi estendido depois a empresas comprometidas com cotas anuais de
extermínio de miseráveis.
Uma corajosa encíclica papal legitimou, a partir de 2025, assassinato de pobres. O texto aceita o aniquilamento como gesto
cristão. Uma forma de abreviar a existência vã de milhões de seres inúteis. Indivíduos que só encontram lenitivo para a sua
dor no plano celeste.
As montadoras de automóveis passaram a oferecer à clientela veículos com lataria e pára-choques reforçados.
Moldados em liga metálica especial, possibilitam o atropelamento de pobres sem danos ao patrimônio.
Consumidores mais aquinhoados dão preferência a modelos munidos de armas retráteis, postadas sob os faróis dianteiros e
lanternas traseiras. Carros mais sofisticados têm metralhadoras giratórias embutidas no capô. Um luxo.
A despeito dos ditames da igreja, nem todos os miseráveis encontram a paz na morte. Decidido a evitar a
superlotação do paraíso, Deus empreende rigorosa triagem. Envia levas de excedentes às profundas.
Movido por inédita generosidade, o Diabo faculta aos novos inquilinos a inscrição em dois
programas infernais. Chama-se de “Comunidade Solidária” e “Fome Zero”. Em vez de arder nas temidas labaredas, o
pecador pode optar pelo castigo da espera eterna. Um suplício ao qual já está habituado.
Folha de São Paulo, 29/08/04.

1. Leia atentamente o trecho apresentado a seguir:

A internet permite a propagação ininterrupta de teorias da conspiração ou verdades alternativas. Isso a classificaria
como um fator estratégico de segurança?

2. Escreva uma dissertação sobre o tema de que trata o trecho acima, na qual você discutirá, argumentando de
forma clara e objetiva, o que nele se afirma.

3. Sua dissertação deverá ter no máximo 30 linhas, considerando-se letra de tamanho regular.

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