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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA


INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE METEOROLOGIA

Ana Beatriz
Jamyle Magalhães
Juan Neres

Relatório da Discussão do Clima de maio de 2018

Rio de Janeiro
2018
RESUMO

Este relatório tem como objetivo apresentar todos os tópicos abordados na Discussão do
Clima do mês de maio de 2018. A discussão ocorreu no dia 25/06/2018, às 10:30h, no
Auditório Novos Ventos, do Departamento de Meteorologia, Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ). Nele, serão mostrados para o mês de maio de 2018, os valores
médios e as anomalias de variáveis meteorológicas, com foco para a América do Sul; o
comportamento de alguns padrões de teleconexão que podem afetar o continente e alguns
casos de tempo significativos que ocorreram durante esse mês no Brasil.
ABSTRACT

This report aims to present all the topics shown in the Climate Discussion of May 2018,
occurred on 06/25/2018, at 10:30 a.m, in the Novos Ventos Auditorium, from the
Meteorology Department, Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ). It will be shown
for May 2018, the averaged values and the anomalies of meteorological variables,
focusing on the South America; the development of some teleconnection patterns that
may affect the continent and some significant severe weather episodes that happened
during this month in Brazil.
LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1.1 - PNMM [hPa] em maio de 2018...................................................................10

Figura 1.2 - Anomalia da PNMM [hPa] em maio de 2018................................................10

Figura 1.3 - Vento em 850 hPa [m/s] em maio de 2018..................................................11

Figura 1.4 - Anomalia do vento em 850 hPa [m/s] em maio de 2018.............................11

Figura 1.5 - Vento em 200 hPa [m/s] em maio de 2018..................................................12

Figura 1.6 - Anomalia do vento em 200 hPa [m/s] em maio de 2018.............................12

Figura 1.7 - TSM [ºC] em maio de 2018.........................................................................13

Figura 1.8 - Anomalia da TSM [ºC] em maio de 2018......................................................13

Figura 1.9 - ROLE [W/m²] em maio de 2018...................................................................14

Figura 1.10 - Anomalia de ROLE [W/m²] em maio de 2018..........................................14

Figura 1.11 - Precipitação [mm/dia] em maio de 2018.....................................................15

Figura 1.12 - Anomalia da precipitação [mm/dia] em maio de 2018................................15

Figura 1.13 - Temperatura do ar em 1000 hPa [ºC] em maio de 2018...............................16

Figura 1.14 - Anomalia da temperatura do ar em 1000 hPa [ºC] em maio de 2018...........16

CAPÍTULO 2

Figura 2.1 - Posição média da ZCIT. São mostradas a média climatológica para maio
(linha preta) e as médias das pêntadas de maio de 2018. 01-05/05/2018:
linha vermelha; 06-10/05/2018: linha amarela; 11-15/05/2018: linha verde;
16-20/05/2018: linha ciano; 21-25/05/2018: linha azul; 26-31/05/2018:
linha roxa. Fonte: Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos/
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE).........................17
CAPÍTULO 3

Figura 3.1 - Regiões do Niño. Fonte: National Climatic Data Center


(NCDC)/NOAA..........................................................................................18

Figura 3.2 - Anomalias de TSM. Primeira figura: região do Niño 4. Segunda figura:
região do Niño 3.4. Terceira figura: região do Niño 3. Quarta figura: região
do Niño 1+2. Fonte: NCEP/NOAA............................................................19

Figura 3.3 - Anomalias de ROLE. Primeira figura: média entre 6 e 15 de maio de 2018.
Segunda figura: média entre 16 e 25 de maio de 2018. Terceira figura: média
entre 26 de maio e 4 de junho de 2018. Fonte: NCEP/NOAA......................20

Figura 3.4 - Anomalias de ROLE entre 5º Norte e 5º Sul. Fonte: NCEP/NOAA...........21

Figura 3.5 - Localização diária da OMJ entre 27 de abril e 5 de junho de 2018. Abril:
linha roxa; maio: linha vermelha; junho: linha azul. Fonte: NCEP/NOAA..21
Figura 3.6 - Índice da AAO com dados observados (linha preta) e previsões ENSEMBLE
(ENSM) (linhas vermelhas). Fonte: NCEP/NOAA......................................22

CAPÍTULO 4

Figura 4.1 - Ruas de Santana do Livramento - RS ficaram alagadas devido à chuva.


Fonte: g1......................................................................................................23

Figura 4.2 - Campos ficaram cobertos por geada em São Joaquim - SC. Fonte: g1.......24

Figura 4.3 - Pancada de chuva com granizo surpreende moradores de Campo Grande -
MS nesta terça. Fonte: g1............................................................................25
LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 3

Tabela 3.1 - Multivariate ENSO Index (MEI). Fonte: NOAA........................................19

Tabela 3.2 - Índice mensal da AAO. Fonte: NCEP/NOAA............................................22


LISTA DE ABREVIATURAS

AAO - Oscilação Antártica


AS - América do Sul
ASAS - Alta Subtropical do Atlântico Sul
ASPS - Alta Subtropical do Pacífico Sul
CMAP - CPC Merged Analysis of Precipitation Enhanced
CPTEC - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
EN - El Niño
ENSM - Ensemble
ENOS - El Niño - Oscilação Sul
GrADS - Grid Analysis and Display System
gradT - Gradiente de Temperatura
HS - Hemisfério Sul
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
LN - La Niña
MEI - Multivariate ENSO Index
NCDC - National Climatic Data Center
NCEP - National Centers for Environmental Predictions
NEB - Nordeste do Brasil
NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration
OMJ - Oscilação de Madden-Julian
PNMM - Pressão ao Nível Médio do Mar
ROLE - Radiação de Onda Longa
SEAS - Sudeste da América do Sul
TSM - Temperatura da Superfície do Mar
ZCIT - Zona de Convergência Intertropical
SUMÁRIO

1 VARIÁVEIS METEOROLÓGICAS 9
1.1 DADOS E METODOLOGIA..............................................................................9
1.2 RESULTADOS..................................................................................................10
1.2.1 Pressão ao Nível Médio do Mar (PNMM)...........................................10
1.2.2 Vento em 850 hPa..................................................................................11
1.2.3 Vento em 200 hPa..................................................................................12
1.2.4 Temperatura da Superfície do Mar (TSM).........................................13
1.2.5 Radiação de Onda Longa (ROLE).......................................................14
1.2.6 Precipitação............................................................................................15
1.2.7 Temperatura do ar................................................................................16

2 SISTEMAS METEOROLÓGICOS 17
2.1 ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCIT).............................17

3 TELECONEXÕES 18
3.1 EL NIÑO - OSCILAÇÃO SUL (ENOS)...........................................................18
3.2 OSCILAÇÃO MADDEN-JULIAN (OMJ)........................................................20
3.3 OSCILAÇÃO ANTÁRTICA (AAO).................................................................22

4 CASOS SIGNIFICATIVOS 23
4.1 PRIMEIRO CASO.............................................................................................23
4.2 SEGUNDO CASO.............................................................................................24
4.3 TERCEIRO CASO.............................................................................................25

BIBLIOGRAFIA 26
1 VARIÁVEIS METEOROLÓGICAS

As variáveis meteorológicas são elementos essenciais para caracterizar o clima de


uma região e avaliar seu desenvolvimento ao longo dos anos. Para isso, deve-se analisar
o comportamento dessas variáveis e comparar com sua climatologia, ou seja, avaliar seus
valores médios e anomalias.

1.1 DADOS E METODOLOGIA

Para gerar as figuras da Seção 1.2, foram utilizados os seguintes dados e produtos
mensais:

• Reanálise 2 do National Centers for Environmental Prediction - NCEP


(KANAMITSU ET AL., 2002): Pressão ao Nível Médio do Mar (PNMM), vento
em 850 e 200 hPa e temperatura do ar em 1000 hPa;
• Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do National Oceanic and Atmospheric
Administration (NOAA) Extended Reconstructed SST V5 (HUANG ET AL.,
2017);
• Radiação de Onda Longa (ROLE) do NOAA Uninterpolated OLR
(https://www.esrl.noaa.gov/psd/);
• Precipitação do CPC Merged Analysis of Precipitation Enhanced – CMAP (XIE;
ARKIN, 1997).

Para a criação das figuras de médias, foram plotados os valores do mês de maio
de 2018. Para a criação das figuras de anomalias, foram plotados os valores do mês de
maio de 2018 menos a climatologia de maio (1981-2010), sendo ambas feitas no Grid
Analysis and Display System (GrADS) para cada variável descrita acima.
1.2 RESULTADOS

1.2.1 Pressão ao Nível Médio do Mar (PNMM)

Na figura de PNMM (Figura 1.1), pode-se evidenciar a atuação da Alta


Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) à leste da América do Sul (AS), não observa-se a
atuação da Alta Subtropical do Pacífico Sul (ASPS) à oeste da AS, nota-se também um
cinturão de baixa pressão em latitudes altas.

Figura 1.1 - PNMM [hPa] em maio de 2018.

No campo de anomalia de PNMM (Figura 1.2), observa-se que o continente


apresenta anomalias positivas, com exceção no oeste da AS, onde há anomalias negativas
de PNMM. Nota-se a presença de um padrão de onda três em latitudes médias e altas no
Hemisfério Sul (HS); observa-se uma anomalia negativa de pressão no sudeste do
Pacífico Sul, indicando a supressão da ASPS.

Figura 1.2 - Anomalia da PNMM [hPa] em maio de 2018.


1.2.2 Vento em 850 hPa

Na figura de vento em 850 hPa (Figura 1.3), pode-se observar a presença dos
ventos de oeste intensos em latitudes médias; da circulação anticiclônica na ASAS e
ASPS, à oeste e leste da AS, respectivamente; e dos ventos alísios.

Figura 1.3 - Vento em 850 hPa [m/s] em maio de 2018.

Na figura de anomalia de vento em 850 hPa (Figura 1.4), nota-se uma forte
anomalia ciclônica de vento no Pacífico Sul, confirmando a supressão da ASPS; uma
fraca anomalia ciclônica no Atlântico subtropical, próximo à costa do Sudeste da AS
(SEAS), indicando um leve enfraquecimento da ASAS. Observa-se também uma
anomalia de oeste dos alísios de sudeste na região do Atlântico equatorial, indicando o
seu enfraquecimento; os alísios de nordeste no Atlântico, entretanto, estão intensificados;
nas latitudes médias e altas, nota-se o padrão de onda três. Esses resultados corroboram
os da figura de anomalia de PNMM (Figura 1.2).

Figura 1.4 - Anomalia do vento em 850 hPa [m/s] em maio de 2018.


1.2.3 Vento em 200 hPa

Na figura de vento em 200 hPa (Figura 1.5), pode-se notar a presença do Jato de
Altos Níveis Subtropical na região do Uruguai e Argentina e do Jato de Altos Níveis Polar
ao sul da AS.

Figura 1.5 - Vento em 200 hPa [m/s] em maio de 2018.

Na figura de anomalia de vento em 200 hPa (Figura 1.6), nota-se anomalias de


leste na região central da AS e no Pacífico Leste (em torno de 50ºS), indicando um
enfraquecimento dos jatos nessas regiões. Nota-se também anomalias de oeste no Pacífico
Subtropical e em latitudes altas no Pacífico leste e no sul da AS, estas duas últimas regiões
indicando uma intensificação do Jato Polar.

Figura 1.6 - Anomalia do vento em 200 hPa [m/s] em maio de 2018.


1.2.4 Temperatura da Superfície do Mar (TSM)

Na figura de TSM (Figura 1.7), pode-se notar temperaturas mais quentes na região
tropical que diminuem ao avançar para latitudes mais altas até alcançar as temperaturas
mais baixas nas regiões dos Pólos. Observa-se também a influência das correntes
oceânicas nas costas leste e oeste da AS.

Figura 1.7 - TSM [ºC] em maio de 2018.

Na figura de anomalia de TSM (Figura 1.8), nota-se anomalias negativas fracas


na região do Pacífico Central e Leste, voltando às características de normalidade após o
período de La Niña (LN) nos meses anteriores; anomalias positivas perto da região do
SEAS, que já são persistentes há alguns anos (conforme apresentado em Discussões do
Clima anteriores); anomalias negativas no Atlântico Tropical Norte mais intensas que as
anomalias negativas no Atlântico Tropical Sul, indicando um gradiente de temperatura
(gradT) negativo.

Figura 1.8 - Anomalia da TSM [ºC] em maio de 2018.


1.2.5 Radiação de Onda Longa (ROLE)

Na figura de ROLE (Figura 1.9), destaca-se valores mais altos sobre os oceanos
tropicais e subtropicais e sobre o Nordeste do Brasil (NEB); uma faixa com valores
menores na região da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT); valores baixos no
norte-noroeste da AS e América Central. Essas regiões com valores mais baixos são
compatíveis com maior convecção, uma vez que os topos das nuvens de grande
desenvolvimento vertical são mais frios, portanto, emitindo menor fluxo de radiação
(DUTTON ET AL., 2000). A convecção tropical, geralmente corresponde a regiões de
ROLE abaixo de 240 Wm-2 (LAU ET AL., 1997).

Figura 1.9 - ROLE [W/m²] em maio de 2018.

Na figura de anomalia de ROLE (Figura 1.10), nota-se anomalias positivas na


região central da AS e no Atlântico Tropical Norte, apresentando assim menor convecção
e, consequentemente, menos precipitação nessas regiões. Observa-se também anomalias
negativas no SEAS e na faixa tropical da AS até a África, ou seja, maior convecção nessa
região, comparada com a climatologia. Esse resultado sugere que a ZCIT está situada ao
sul de sua posição climatológica no mês de maio.

Figura 1.10 - Anomalia de ROLE [W/m²] em maio de 2018.


1.2.6 Precipitação

Na figura de precipitação (Figura 1.11), pode-se notar altos valores na região norte
da AS, estendendo-se do Oceano Pacífico até o Atlântico, compatíveis com a região da
ZCIT no Atlântico. Nota-se também valores altos no SEAS. Esses resultados são
compatíveis com o mapa de ROLE (Figura 1.9).

Figura 1.11 - Precipitação [mm/dia] em maio de 2018.

Na figura de anomalia de precipitação (Figura 1.12), nota-se anomalias positivas


no SEAS, norte da AS e parte das Regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, tendo assim
mais precipitação nessas regiões. Anomalias negativas ocorrem principalmente no
Nordeste, Sul e parte do Sudeste do Brasil, no Chile e no Atlântico, perto do SEAS. As
faixas de anomalias positivas e negativas de precipitação no Atlântico Tropical
confirmam que a ZCIT está ao sul de sua posição climatológica, em acordo com os
resultados de anomalia de ROLE (Figura 1.10).

Figura 1.12 - Anomalia da precipitação [mm/dia] em maio de 2018.


1.2.7 Temperatura do ar

Na figura de temperatura do ar (Figura 1.13), pode-se notar valores mais altos na


região tropical que diminuem ao avançar para latitudes mais altas.

Figura 1.13 - Temperatura do ar em 1000 hPa [ºC] em maio de 2018.

Na figura de anomalia de temperatura do ar (Figura 1.14), nota-se anomalias


positivas em praticamente todo continente, com valores mais intensos na região centro-
sul. Anomalias negativas ocorrem na maior parte da Região Sudeste e em parte das
Regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, além de parte da Bolívia, Venezuela, Colômbia,
Equador e na região da Patagônia, no extremo sul da AS.

Figura 1.14 - Anomalia da temperatura do ar em 1000 hPa [ºC] em maio de 2018.


2 SISTEMAS METEOROLÓGICOS

2.1 ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCIT)

A ZCIT é considerada o sistema mais importante gerador de precipitação da região


equatorial dos oceanos e continentes adjacentes (CAVALCANTI ET AL, 2009). Na
Figura 2.1 temos a variação da ZCIT para o mês de maio. Podemos perceber que, durante
quase todo o mês, esta ficou ao sul da sua posição climatológica. Como mencionado
anteriormente, durante o mês de maio, as anomalias de TSM sugerem um gradT negativo
no Atlântico tropical (Figura 1.8). Esse fenômeno faz com que a ZCIT se desloque mais
para sul (ANDREOLI; KAYANO, 2007). Ressalta-se que as figuras de anomalia de
ROLE (Figura 1.10) e de precipitação (Figura 1.12) também mostram um deslocamento
para sul da ZCIT, concordando com os resultados do CPTEC/INPE (Figura 2.1).

Figura 2.1 - Posição média da ZCIT. São mostradas a média climatológica para maio
(linha preta) e as médias das pêntadas de maio de 2018. 01-05/05/2018: linha
vermelha; 06-10/05/2018: linha amarela; 11-15/05/2018: linha verde; 16-20/05/2018:
linha ciano; 21-25/05/2018: linha azul; 26-31/05/2018: linha roxa. Fonte: Centro de
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos/ Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(CPTEC/INPE).
3 TELECONEXÕES

A palavra teleconexão significa conexão a distância e, em meteorologia, explica


como anomalias que ocorrem em uma região são associadas a anomalias em regiões
remotas. O termo “padrão de teleconexão”, ou simplesmente “teleconexão”, refere-se a
um padrão recorrente e persistente de anomalias de uma determinada variável, por
exemplo, pressão e circulação de grande escala, que cobre vastas áreas geográficas
(CAVALCANTI ET AL., 2009). Abaixo, abordaremos o comportamento, durante o mês
de maio de 2018, de diversos padrões de teleconexões que afetam a AS.

3.1 EL NIÑO - OSCILAÇÃO SUL (ENOS)

ENOS é um fenômeno de interação oceano-atmosfera que ocorre na região do


Pacífico Tropical e produz alterações na TSM, na pressão, no vento e na convecção
tropical, com reflexos em muitos lugares do planeta, incluindo o Brasil. As fases dessa
oscilação são denominadas El Niño (EN) e LN. Em anos de EN, a TSM do Pacífico
Equatorial Central e Leste fica mais quente que o normal, ou seja, nesse período as
anomalias de TSM na região são positivas. Já em anos de LN, acontece o oposto: a TSM
do Pacífico Equatorial Central e Leste fica mais fria que o normal, ocasionando anomalias
negativas (CAVALCANTI ET AL., 2009).
Em maio de 2018, as anomalias de TSM nas regiões do Niño (Figura 3.1) 1+2 e
3.4 foram negativas; na região 4 foram positivas; e na região 3 houve uma transição
durante o mês de negativas para positivas (retângulo vermelho, Figura 3.2), o que está de
acordo com o mapa de anomalia de TSM (Figura 1.8).

Figura 3.1 - Regiões do Niño. Fonte: National Climatic Data Center (NCDC)/NOAA.
Figura 3.2 - Anomalias de TSM. Primeira figura: região do Niño 4. Segunda figura:
região do Niño 3.4. Terceira figura: região do Niño 3. Quarta figura: região do Niño
1+2. Fonte: NCEP/NOAA.

Para caracterizar a ocorrência e intensidade do EN ou LN, foram criados diversos


índices. Nesta discussão, usamos o Multivariate ENSO Index (MEI) que é calculado para
cada “temporada bimestral móvel”, caracterizada como janeiro-fevereiro, fevereiro-
março, março-abril e assim por diante. Altos valores positivos de MEI indicam a
ocorrência de condições de EN, enquanto altos valores negativos de MEI indicam a
ocorrência de condições de LN (https://www.esrl.noaa.gov/psd/enso/mei/).
De acordo com a Tabela 3.1 abaixo, nos primeiros meses de 2018 estávamos sob
a atuação do fenômeno LN (valores de MEI negativos), e em maio de 2018 (retângulo em
vermelho) houve um aumento considerável do índice, passando a ficar positivo, porém
ainda estávamos num período de neutralidade do ENOS.

Tabela 3.1 - Multivariate ENSO Index (MEI). Fonte: NOAA.


3.2 OSCILAÇÃO DE MADDEN-JULIAN (OMJ)

A OMJ é uma circulação zonal que se propaga para leste, a partir do continente
marítimo, em um período de 30-60 dias, ou seja, sua variabilidade é intrassazonal. Ela
pode ser identificada em campos de anomalias de ROLE na região equatorial (Cavalcanti
et al., 2009).
Anomalias negativas de ROLE nos dizem onde se encontra o centro da convecção
da OMJ (fase positiva da onda) e acompanhamos sua propagação com o tempo. Enquanto
que anomalias positivas de ROLE nos dizem que naquela região houve uma supressão da
convecção (fase negativa da onda).
Na Figura 3.3, podemos ver a anomalia de ROLE ao longo do mês de maio. No
Oceano Índico oeste, vemos anomalias negativas de ROLE no início do mês, ou seja,
aumento da convecção nessa região (fase positiva da OMJ). À leste, vemos anomalias
positivas de ROLE, ou seja, supressão da convecção nessa região (fase negativa da OMJ).
Nas imagens seguintes, conseguimos ver a propagação da onda para leste. Nota-se
também, no início do mês, anomalias negativas intensas sobre o norte da AS, indicando
a presença da influência de uma OMJ mais antiga.

Figura 3.3 - Anomalias de ROLE. Primeira figura: média entre 6 e 15 de maio de


2018. Segunda figura: média entre 16 e 25 de maio de 2018. Terceira figura: média
entre 26 de maio e 4 de junho de 2018. Fonte: NCEP/NOAA.
Na Figura 3.4 também conseguimos ver a propagação da onda pelas anomalias de
ROLE ao longo do mês de maio (retângulo em vermelho). Nota-se também a anomalia
negativa na região da AS, relacionada a uma OMJ mais antiga, no início do mês. Em
ambas as figuras, podemos perceber o deslocamento da OMJ do continente marítimo até
o Pacífico Oeste.

Figura 3.4 - Anomalias de ROLE entre 5º Norte e 5º Sul. Fonte: NCEP/NOAA.


A Figura 3.5 nos mostra a propagação para leste da OMJ. Quanto mais longe do
centro do círculo, mais forte é o sinal da OMJ, ou seja, durante o mês de maio, a OMJ foi
intensa, tendo um sinal considerável ao longo de todo mês, com exceção dos quatro
primeiros dias. Nesta figura, também é possível perceber o sinal da OMJ na fase 8 (região
onde a AS está localizada), no início do mês.

Figura 3.5 - Localização diária da OMJ entre 27 de abril e 5 de junho de 2018. Abril:
linha roxa; maio: linha vermelha; junho: linha azul. Fonte: NCEP/NOAA.
3.3 OSCILAÇÃO ANTÁRTICA (AAO)

É uma oscilação entre os cinturões de pressão das latitudes médias e altas do HS,
causando uma alternância de grande escala de massa atmosférica entre esses cinturões de
pressão. Na fase positiva temos anomalias negativas de pressão em latitudes altas e
anomalias positivas de pressão em latitudes médias. Na fase negativa temos o oposto:
anomalias positivas de pressão em latitudes altas e anomalias negativas de pressão em
latitudes médias (GONG; WANG, 1999).
A Tabela 3.2 mostra um índice mensal da AAO. Para o mês de maio (retângulo
em vermelho), o índice mostrou-se negativo, entretanto próximo a zero. Com isso,
podemos concluir que durante este mês, a AAO estava em média na sua fase negativa,
porém com pouca intensidade.

Tabela 3.2 - Índice mensal da AAO. Fonte: NCEP/NOAA.

Na Figura 3.6 podemos perceber uma alta variabilidade da AAO durante os meses,
podendo trocar de fase dentro do mesmo mês. O sinal da AAO variou bastante durante o
mês de maio, começando positivo e terminando negativo (retângulo vermelho).

Figura 3.6 - Índice da AAO com dados observados (linha preta) e previsões
ENSEMBLE (ENSM) (linhas vermelhas). Fonte: NCEP/NOAA.
4 CASOS SIGNIFICATIVOS

Abaixo, foram selecionados, através do site do CPTEC/INPE, alguns casos


significativos que ocorreram em maio de 2018.

4.1 PRIMEIRO CASO

Data: 02/05/2018
Estados afetados: RS
Causa: Cavado e convergência de umidade
Fenômenos: Acumulado de chuva
Impacto: Acumulados de chuva de 107mm em 24h em Santana do Livramento - RS e de
68mm em Dom Pedrito - RS.

“A chuva atingiu Santana do Livramento nesta quarta-feira (2) alagou residências


e afetou moradores na cidade da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. A Defesa Civil
ainda contabilizava os estragos, mas garante que já destinou lonas, alimentos e colchões,
e ofereceu transporte e alojamento para as famílias atingidas. Cerca de 150 famílias
tiveram que deixar suas casas e foram levadas para o Ginásio Irajá ou para a Escola Cirilo
Azevedo.” Fonte: g1.

Figura 4.1 - Ruas de Santana do Livramento - RS ficaram alagadas devido à chuva.


Fonte: g1.
4.2 SEGUNDO CASO

Data: 13/05/2018
Estados afetados: SC
Causa: Massa de ar frio e seco
Fenômeno: Geada
Impacto: Em SC com temperaturas menores do que 6°C: Bom Jardim da Serra 2°C;
Itaiópolis 5°C; Lages 3°C; Caçador 2°C; Curitibanos 2°C; Lages 3°C; Monte Castelo
5°C; Porto União 5°C. Fonte: CIRAM/EPAGRI

“A Serra catarinense registrou geada na manhã deste domingo (13). Em São


Joaquim, moradores tiraram fotos dos campos cobertos pelo fenômeno. Várias flores
amanheceram congeladas neste Dia das Mães. A menor temperatura registrada no
município foi às 7h, segundo a Epagri/Ciram, 1,6ºC. Entretanto, a cidade catarinense com
os termômetros mais baixos neste amanhecer foi Urupema, que por volta das 7h marcava
-1,6ºC.” Fonte: g1.

Figura 4.2 - Campos ficaram cobertos por geada em São Joaquim - SC. Fonte: g1.
4.3 TERCEIRO CASO

Data: 15/03/2018
Estados afetados: MS
Causa: Cavado em 500 hPa
Fenômenos: Granizo e chuva forte
Impacto: Uma pancada rápida de chuva com granizo surpreendeu os moradores de Campo
Grande na tarde desta terça-feira (15).

“Uma pancada rápida de chuva com granizo surpreendeu os moradores de Campo


Grande na tarde desta terça-feira (15). Segundo o meteorologista Natálio Abrahao, a
precipitação foi provocada pela junção da temperatura elevada e grande umidade do ar.
Além disso, o deslocamento de uma frente fria sobre o sul do Brasil também ajudou na
formação das nuvens carregadas.” Fonte: g1.

Figura 4.3 - Pancada de chuva com granizo surpreende moradores de Campo


Grande - MS nesta terça. Fonte: g1.
BIBLIOGRAFIA

https://www.esrl.noaa.gov/psd/data/gridded/data.ncep.reanalysis.html
http://clima1.cptec.inpe.br/monitoramentoglobal/pt
http://enos.cptec.inpe.br/
https://www.esrl.noaa.gov/psd/enso/mei/table.html
http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/precip/CWlink/MJO/mjo.shtml
http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/precip/CWlink/daily_ao_index/aao/aao.sht
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http://www.cpc.ncep.noaa.gov/products/precip/CWlink/daily_ao_index/aao/monthly
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https://www.cptec.inpe.br/noticias/quadro/143
https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/chuva-alaga-residencias-e-afeta-
moradores-em-santana-do-livramento.ghtml
https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/sao-joaquim-amanhece-no-dia-das-
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