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Águas Atmosféricas

ÁGUAS ATMOSFÉRICAS

Equipe EaD
2013
Águas Atmosféricas

ÁGUAS ATMOSFÉRICAS

Fundação
Casimiro
Montenegro
Filho

Equipe EaD
2013
Águas Atmosféricas

Rede de ensino,
pesquisa e educação
à distância para a
gestão dos recursos
hídricos na bacia
do rio Paraíba do Sul.

EaD2013

Equipe EaD
2013
Águas Atmosféricas

Ficha Técnica
Curso: Águas Atmosféricas
Ano: 2013
Coordenação Geral Tutoria
Wilson Cabral de Sousa Junior Maria Paulete Pereira Martins
Ana Luiza Ximenes N. Costa
Assessoria pedagógica
Alberto Luiz Barboza Neto Tecnologia da Informação
Edson Carlos Baião Junior
Supervisão e elaboração Denise Alves de Barros
de Conteúdo
Wilson Cabral de Sousa Junior Publicidade
Alberto Luiz Barboza Neto Amanda de Mello Teixeira
Etienne Tourigny
Ana Luiza Ximenes N. Costa Sítio eletrônico
Bruna Costa Vieira www.redevale.ita.br

Revisão de Conteúdo
Wilson Cabral de Sousa Junior
Alberto Luiz Barboza Neto
Etienne Tourigny

Equipe EaD
2013
Águas Atmosféricas

MÓDULO II

Águas atmosféricas no Brasil e Mudanças


climáticas globais

Equipe EaD
2013
Águas Atmosféricas

“PARTE 1: ÁGUAS ATMOSFÉRICAS NO BRASIL......................................................” 07


“1. DISTRIBUIÇÃO DA CHUVA NO BRASIL................................................................” 07
“2. MECANISMOS FÍSICOS DA PRECIPITAÇÃO NO BRASIL.................................” 11
“3. VARIABILIDADE TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO NO BRASIL......................” 14
“4. IMPACTOS CLIMATOLÓGICOS E ECONÔMICOS NAMHIDROLOGIA DO
BRASIL...........................................................................................................................” 18
“5: A IMPORTÂNCIA DA FLORESTA AMAZÔNICA PARA A FORMAÇÃO DA
PRECIPITAÇÃO.............................................................................................................” 21
“PARTE 2: MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS........................................................” 24
“1: GASES DE EFEITO ESTUFA.....................................................................................” 24
“2: AQUECIMENTO GLOBAL..........................................................................................” 28
“3: OS IMPACTOS DO AQUECIMENTO GLOBAL NAS ÁGUAS...............................” 33
“4.REFERÊNCIAS..............................................................................................................” 37
“EXERCÍCIOS......................................................................................................................” 39
“FÓRUM................................................................................................................................” 46

O sucesso de um aluno na modalidade EaD consiste em seu empe-


nho e dedicação aos estudos. Estabeleça um horário (à sua esco-
lha) para as atividades e leitura do conteúdo.

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é importante que você coloque seu ponto de vista, assim, nosso
aprendizado será mais proveitoso.

Vamos lá! Bons estudos neste segundo módulo!

Equipe REDEVALE!

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Águas Atmosféricas
PARTE 1: ÁGUAS ATMOSFÉRICAS NO BRASIL

1. DISTRIBUIÇÃO DA CHUVA NO BRASIL

O Brasil possui uma distribuição de chu- sendo a entrada de frentes responsável


va muito diferenciada, em função tanto pelas chuvas durante o ano todo.
da extensão territorial como da comple- Nesse módulo veremos mais detalhada-
xidade topográfica. No norte do país, pró- mente as características regionais; os
ximo ao equador, o clima é chuvoso e pra- principais mecanismos físicos responsá-
ticamente sem estação seca. No nordeste veis pela formação das chuvas no País, e
a precipitação é baixa, restrita a poucos a variabilidade interanual nas diferentes
meses, caracterizando um clima semi-á- regiões do País.
rido. As regiões sudeste e centro-oeste
possuem estação seca no inverno e chu- A figura 1 mostra a distribuição média
vosa no verão. A região sul passa pela in- anual da chuva no Brasil em mm.
fluência dos eventos de latitudes médias,

Figura 1: Distribuição média anual da chuva no Brasil.

Fonte: CPTEC/INPE

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A figura 2 mostra a climatologia de precipitação acumulada no Brasil para as quatro
estações do ano: primavera, verão, outono e inverno, para o período de 1961 a 1990.

Figura 2: Precipitação acumulada no Brasil para as quatro estações do ano.

Fonte: INMET.

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Águas Atmosféricas
Região Norte: do às linhas de instabilidade que se for-
mam ao longo da costa durante o final da
A região norte apresenta uma heteroge- tarde e que são forçadas pela circulação
neidade espacial e um regime sazonal da brisa marítima
da precipitação. Os trimestres mais se-
cos mudam progressivamente de setem- A brisa marítima é um vento que sopra
bro/outubro/novembro no extremo nor- do oceano para o continente durante o
te, para agosto/setembro/outubro, numa dia, e do continente para o oceano duran-
longa faixa latitudinal desde o oeste do te a noite. Essa circulação se forma devi-
nordeste, para julho/agosto/setembro no do a capacidade térmica dos oceanos ser
vale da bacia Amazônica, principalmente maior que dos continentes, de modo que
a oeste, e junho/julho/agosto na parte sul. de dia o continente é mais quente que o
No Brasil esta é a região que mais chove oceano e de noite o oceano é mais quente
(mais de 5.000 mm/ano) apresentando 4 que o continente. Na região mais quente
núcleos de precipitação abundante: ocorre a formação de ciclones, com mo-
vimentos ascendentes do ar e na região
1) Noroeste da Amazônia: Nes- mais fria, a formação de anticiclones, com
se núcleo chove mais de 3000 mm/ano, movimentos descendentes do ar.
principalmente nos meses de abril/maio/
junho. Esses eventos são decorrentes da Região Nordeste:
condensação do ar úmido trazido de leste
da ZCIT que sofre levantamento orográfi- A região Nordeste apresenta alta varie-
co sobre os Andes. dade climática onde são identificados di-
2) Centro da Amazônia: Nesse ferentes regimes de chuvas, com mais de
núcleo chove 2500 mm/ano, principal- um mecanismo responsável. No interior o
mente nos meses de março/abril/maio. clima é semi-árido com precipitação infe-
3) Sul da região Amazônica: Nes- rior a 500 mm/ano e na costa leste chuvo-
se núcleo a precipitação máxima ocorre so, com precipitação superior a 1500 mm/
nos meses de janeiro/fevereiro/março ano. O norte da região recebe entre 1000
4) Leste da bacia Amazônica: e 1200 mm/ano, entre março e maio. No
Nesse núcleo, que está próximo a Belém, sul e sudeste as chuvas ocorrem princi-
a precipitação anual é superior a 4.000m/ palmente de dezembro a fevereiro e no
ano, principalmente nos meses de feve- leste de maio a julho.
reiro/março/abril. Sua ocorrência é devi-

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Águas Atmosféricas
A estação seca na maior parte da região O litoral da região apresenta um máximo
Nordeste ocorre de setembro a dezembro, de precipitação em julho/agosto/setembro
entre agosto e outubro numa faixa orien- enquanto que o interior do Rio Grande do
tada no sentido noroeste –sudeste, entre Sul apresenta um máximo em janeiro/fe-
outubro e dezembro no leste, e de julho a vereiro /março, mas com chuvas signifi-
setembro no sul. No interior da Bahia os cativas no inverno. O trimestre mais seco
meses mais secos são junho/julho/agosto. ou ocorre entre março/abril/maio no sul
O litoral da Bahia apresenta grande va- ou junho/julho/agosto mais ao norte.
riedade no regime de chuvas. No sul cho-
ve mais entre outubro e dezembro e ao Regiões Sudeste e Centro-Oeste Sul
norte de Salvador entre abril e junho.
Nessas regiões, devido ao posicionamen-
Região Sul to latitudinal, a distribuição da precipi-
tação é mais uniforme, com média anu-
A distribuição anual sobre o sul do Brasil al entre 1500 e 2000 mm. Existem dois
é bastante uniforme espacialmente, com núcleos com precipitação máxima, um na
média entre 1250 e 2000 mm. Fora des- região do Brasil central e outro no litoral
ses limites, com mais de 2000 mm, estão da região Sudeste, enquanto no norte de
o litoral do Paraná, o oeste de Santa Ca- Minas Gerais, existe relativa escassez de
tarina e área em torno de São Francisco chuvas ao longo do ano. O trimestre mais
de Paula no Rio Grande do Sul. E valores seco em toda região é junho/julho/agosto,
abaixo de 1250 mm se restringem ao li- com precipitação de apenas 30 mm, e o
toral sul de Santa Catarina e ao norte do mais chuvoso dezembro/janeiro/fevereiro.
Paraná. O litoral da região sudeste, principalmen-
te em São Paulo, as precipitações acumu-
A região sul também apresenta varia- ladas são da ordem de 3500 a 4000 mm,
bilidade sazonal devido a complexidade com máximo no verão.
orográfica e posicionamento latitudinal.

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2. MECANISMOS FÍSICOS DA PRECIPITAÇÃO NO BRASIL

Zona de Convergência Intertropical Zona de Convergência do Atlântico Sul


(ZCIT) (ZCAS)

A ZCIT é responsável pelas diferentes A Zona de Convergência do Atlântico Sul


condições de tempo e clima nas regiões é uma faixa de nebulosidade persistente,
tropicais da América, Ásia e África. Ela orientada no sentido noroeste-sudeste,
está inserida próxima da faixa equato- associada a um escoamento convergente
rial, numa região com características im- na baixa troposfera, que se estende desde
portantes da interação oceano-atmosfera. o sul da Amazônia ao Atlântico Sul-Cen-
Essas características não se apresentam tral, bem caracterizado nos meses de ve-
necessariamente ao mesmo tempo e no rão. A ZCAS é um eficiente sistema mete-
mesmo local. Por exemplo, nos meses de orológico responsável pela ocorrência de
verão no Hemisfério Norte (junho/julho/ tempestades severas e prolongados perí-
agosto) as regiões de máxima cobertura odos de chuva que provocam enchentes
de nuvens, precipitação e convergência e deslizamentos de encostas, com perdas
de massa são quase coincidentes ao sul de vidas humanas e prejuízos econômicos
da ZCIT. Nos meses de dezembro/janeiro/ significativos. Estudos observacionais
fevereiro, as zonas de máxima cobertura mostraram a associação entre as enchen-
de nuvens, precipitação e convergência de tes de verão da região sudeste, veranico
massa localizam-se ao norte da ZCIT. Di- no sul e anomalias na temperatura da su-
ferentes estudos apontam a importância perfície do mar (TSM), com a permanên-
da ZCIT no regime de chuvas das regiões cia da ZCAS sobre a região sudeste.
norte e nordeste do Brasil. O ciclo anual
de variação da posição da ZCIT na região
norte sofre uma súbita descontinuida-
de no início da estação chuvosa na parte
oeste do continente e no Brasil Central,
como conseqüência da início da monção
sul-americana.

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Águas Atmosféricas
Alta da Bolívia (AB) sas de ar frio é responsável pelas geadas
na região. O desenvolvimento de ciclones
A alta da Bolívia possui a característica também exerce importante influência na
particular de ter um anticiclone em al- precipitação da região sul. O gradiente
tos níveis troposféricos, próximo da tro- de temperatura da superfície do mar ao
popausa, durante os meses de verão, as- longo da costa do sul do Brasil no inver-
sociado com a forte convecção na região no, provocado pela confluência da corren-
Amazônica e do Brasil Central. Durante te das Malvinas (fria) com a corrente do
o inverno, na estação seca, a AB desapa- Brasil (quente), também contribui para
rece. A localização da AB possui varia- a intensificação dos ciclones e principal-
ção intra-sazonal e interanual, associada mente para a orientação desses sistemas
com a convecção da Amazônia. Tem sido ao longo da costa. Esses sistemas não se
observado que nos anos menos chuvosos restringem somente a região sul, mas
na região Amazônica a AB é menos in- também estão associados a eventos da
tensa. Mas ainda não existem conclusões região sudeste e podem influenciar remo-
fechadas sobre a correlação entre os dois tamente a formação da precipitação nas
fenômenos. regiões central e leste do Brasil.

Sistemas Sinóticos Transientes Sistemas de Mesoescala

São sistemas que provocam a organiza- As linhas de instabilidade (LI’s) que ocor-
ção e formação de uma banda de nuvens rem na Amazônia são responsáveis pela
geralmente orientadas no sentido No- formação de chuvas próximas à costa do
roeste/Sudeste. Nos meses de verão, na Pará e Amapá, bem como de precipitação
época chuvosa, as frentes ficam estacio- na Amazônia Central na estação seca. Es-
nadas na região da ZCAS, intensificando sas linhas se posicionam ao sul da ZCIT e
o regime de precipitação da região. No in- são mais freqüentes quando a ZCIT está
verno, as frentes deslocam-se mais rapi- mais organizada. Essas linhas são mais
damente e freqüentemente vêm acompa- intensas durante o dia e menos inten-
nhadas de ar frio , gerando pouca chuva. sas durante a noite, devido a diminuição
As massas de ar frio podem chegar até do contraste térmico oceano-atmosfera.
a Amazônia causando o fenômeno conhe- Contribuem significativamente para a
cido por friagem, às vezes acompanhado variação diurna da precipitação na Bacia
de chuva leve. No sul a entrada das mas- Amazônica.

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Águas Atmosféricas
Elas são caracterizadas por grandes aglo- Circulações Regionais e influência
merados de nuvens Cumulonimbus e são da topografia
formadas devido à circulação de brisa
marítima, podendo se propagar para o O estabelecimento de um escoamento de
continente ou não. Alguns estudos indi- norte, do lado leste dos Andes, é uma si-
cam uma influência de 45% na chuva do tuação climatológica típica de verão na
período chuvoso da região amazônica. As América do Sul. Esse escoamento é cha-
linhas de instabilidade típicas de latitu- mado de Jato em Baixos níveis (JBN),
des médias também são observadas no transporta umidade da Amazônia para
Brasil, causando significativa precipita- as terras no norte da Argentina e tam-
ção. Elas se formam paralelamente ou bém contribui como fonte de umidade
perpendicularmente às frentes frias, sen- dos CCM’s que se formam no Paraguai.
do que as perpendiculares estão associa- O JBN parece ter uma correlação nega-
das ao escoamento de noroeste que pre- tiva com a ZCAS, isto é, o dia que o jato
cede a entrada de frentes frias na região é intenso, a ZCAS está enfraquecida ou
sul/sudeste. ausente na região sudeste. A brisa flu-
vial é um mecanismo físico no qual o ar,
Os Complexos Convectivos de Mesoesca- devido ao contraste térmico entre terra e
la (CCM’s) são sistemas responsáveis por água, move-se em direção a terra durante
signifcativa parcela da precipitação que o dia e em direção a água durante a noite.
ocorre no Sul do Brasil e pela formação de
È o mesmo princípio da brisa marítima.
tempestades severas. O CCM é um siste-
As imagens de satélite mostram que as
ma meteorológico que possui uma espes-
sa cobertura de nuvens frias, com tempo nuvens na região Amazônica se formam
de vida relativamente mais curto do que preferencialmente sobre a terra duran-
um sistema convectivo isolado, isto é no te o dia, com movimentos de subsidência
mínimo 6 horas. Quando um sistema des- sobre os rios. Existe uma circulação flu-
se tipo atinge a fase madura, forma-se vial no rio Amazonas até 1500 m-2000 m,
uma grande quantidade de nuvens Stra- com sentido floresta-rio durante a noite e
tus e Cirrus, atingindo 80% da área total. começo da manhã e rio-floresta durante
O ciclo de vida atinge máximo durante a
a tarde e início da noite. A brisa fluvial
madrugada, tanto na região subtropical
pode ter influência na variabilidade espa-
nos dois hemisférios como na região tro-
cial da precipitação na região.
pical. Ele dura de 10 a 20 horas e seu fim
é por volta do meio-dia.

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Águas Atmosféricas
Tempestades severas A origem dessas tempestades permanece
incerta, porém podem estar associadas a
Os danos causados por tempestades não sistemas convectivos isolados às linhas
são bem conhecidos. Alguns resultados de instabilidade de longa duração (micro-
de pesquisas ainda estão restritos às pu- explosões de nuvens cumulonimbus). As
blicações científicas brasileiras e anais microexplosões também provocam pre-
de congressos. Um estudo na bacia Ama- cipitação de alta intensidade, com fortes
zônica usando imagens temáticas do ventos em outras regiões do Brasil, so-
LANDSAT sugere processos de desmata- bretudo no sul e sudeste.
mento associados a ventos muito fortes.

3. VARIABILIDADE TEMPORAL DA PRECIPITAÇÃO NO BRASIL

As chuvas apresentam variabilidade em ximo de precipitação diurna, associada à


escala diurna, sazonal, interanual e de- penetração da brisa marítima. A linha de
cadal. As variações de curto período de- convergência associada com a brisa ma-
terminam a existência de períodos secos rítima propaga-se continente adentro le-
durante a estação chuvosa (veranicos) e vando à formação de um máximo de pre-
a variabilidade sazonal as datas de início cipitação vespertino/noturno a cerca de
e fim da estação chuvosa nas diferentes 200-400 km da costa.
regiões do Brasil. A variabilidade intra-
sazonal está associada com a variação na A topografia também influi na variabi-
posição e intensidade da ZCAS. A varia- lidade diurna da precipitação, via um
bilidade interanual está relacionada com mecanismo chamado de brisa de vale.
os efeitos dos oceanos Pacífico e Atlânti- Durante o dia o aquecimento é maior
co tropical no clima do Brasil (El Niño/ nas regiões mais altas criando um cen-
La Niña), e as variações decadais com as tro de baixa pressão em relação aos va-
mudanças climáticas e outros fenômenos. les. À noite o resfriamento é maior nas
regiões mais altas criando um centro de
Na faixa próxima da costa do Brasil, a alta pressão em relação aos vales. Dessa
precipitação no período da madrugada/ maneira, de dia a circulação é vale-mon-
manhã está associada com a convergên- tanha criando mais nebulosidade e preci-
cia da brisa terrestre. A cerca de 50-100 pitação nas partes mais altas.
km da costa surge uma banda com má-

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Águas Atmosféricas
À noite a circulação é montanha-vale, Em São Paulo a variação intra-sazonal
com o escoamento em direção aos rios, de da precipitação ocorre como parte da va-
modo que nos vales a precipitação ocorre riação atmosférica de grande escala.
no período noturno.
O fenômeno El Niño e o gradiente meri-
A circulação vale-montanha nos Andes dional de anomalias na temperatura da
provoca escoamento montanha acima no superfície do mar (TSM) do Oceano Atlân-
período da tarde/início da noite e mon- tico Tropical modulam conjuntamente
tanha abaixo durante a noite/início da grande parte do clima sobre a América
manhã, o que pode influenciar a varia- do Sul. A combinação das circulações at-
bilidade diurna da precipitação na parte mosféricas induzidas pelas distribuições
oeste da Amazônia e do Brasil Central. espaciais da TSM sobre os oceanos Pací-
Na Amazônia existe uma interferência fico equatorial e Atlântico Tropical afeta
entre a influência dos Andes vindo de o posicionamento da Zona de Convergên-
oeste e a interferência da brisa marítima cia Intertropical (ZCIT) sobre o Atlântico,
vindo de leste. influenciando a distribuição da precipita-
ção sobre a bacia do Atlântico e o norte da
Segundo alguns autores a região da ZCAS América do Sul. A variabilidade interanu-
apresenta máximo de precipitação no fi- al da TSM e dos ventos sobre o Atlântico
nal da tarde/início da noite e nas regiões Tropical é significativamente menor que
oceânicas adjacentes a ZCAS o máximo de sobre o Pacífico Equatorial, mas mesmo
precipitação é noturno/matutino. Na re- assim exerce profunda influência sobre
gião Amazônica durante a estação úmida a variabilidade climática da América do
(janeiro-maio) as precipitações são prefe- Sul. Apesar do El Niño ser um fenômeno
rencialmente matutinas sobre as áreas global, as alterações nos regimes de chu-
adjacentes aos oceanos e bandas alterna- va e na vazão dos rios podem ser observa-
das de máximos matutinos/vespertinos das em varias microrregiões. Alterações
no interior do continente. Nos períodos nas vazões dos rios estão diretamente re-
em que a ZCAS encontra-se estacionária lacionadas ao gerenciamento de águas e
já ocorreram enchentes e deslizamentos ao uso de recursos hídricos.
nas encostas da região sudeste do Brasil.

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Águas Atmosféricas
El Niño e La Niña riações na distribuição das chuvas em
regiões tropicais e de latitudes médias e
El Niño representa o aquecimento anor- altas. Em algumas regiões do globo tam-
mal das águas superficiais e sub-super- bém são observados aumento ou queda
ficiais do Oceano Pacífico Equatorial de temperatura.
oeste. A palavra El Niño é derivada do
espanhol, e refere-se à presença de águas O El Niño–Oscilação Sul (ENOS) repre-
quentes que todos os anos aparecem na senta de forma mais genérica um fenô-
costa norte do Peru na época de Natal. meno de interação atmosfera-oceano, as-
Os pescadores do Peru e Equador chama- sociado a alterações dos padrões normais
ram a esta presença de águas mais quen- da Temperatura da Superfície do Mar
tes de Corriente de El Niño em referência (TSM), dos ventos alísios e da pressão at-
ao Niño Jesus ou Menino Jesus. Na atua- mosférica na região do Pacífico Equato-
lidade, as anomalias do sistema climático rial, entre a Costa Peruana e no Pacifico
que são mundialmente conhecidas como oeste próximo à Austrália. Além de índi-
El Niño e La Niña representam uma al- ces baseados nos valores da temperatura
teração do sistema oceano-atmosfera no da superfície do mar no Oceano Pacífico
Oceano Pacífico tropical, e que têm con- Equatorial, o fenômeno ENOS pode ser
seqüências no tempo e no clima em todo também quantificado pelo Índice de Osci-
o planeta. Nesta definição, considera-se lação Sul (IOS). Este índice representa a
não somente a presença das águas quen- diferença entre a pressão ao nível do mar
tes da Corriente El Niño, mas também entre o Pacífico Central (Taiti) e o Pacifi-
as mudanças na atmosfera próxima à co do Oeste (Darwin/Austrália). Esse ín-
superfície do oceano, como o enfraque- dice está relacionado com as mudanças
cimento dos ventos alísios (que sopram na circulação atmosférica nos níveis bai-
de leste para oeste) na região equatorial. xos como conseqüência do aquecimento/
Com esse aquecimento do oceano e com resfriamento das águas superficiais na
o enfraquecimento dos ventos, começam região. Valores negativos e positivos da
a ser observadas mudanças da circulação IOS são indicadores da ocorrência do El
da atmosfera nos níveis baixos e altos, Niño e La Niña respectivamente.
determinando mudanças nos padrões de
transporte de umidade e ,portanto, va-

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Águas Atmosféricas
Os eventos El Niño e La Niña têm uma meno que é oposto ao El Niño. Pode ser
tendência a se alternar a cada três e sete chamado também de episódio frio, ou ain-
anos. Porém, de um evento ao outro, o in- da El Viejo (“o velho”, em espanhol). Em
tervalo pode mudar de 1 a 10 anos. geral, episódios La Niña também têm fre-
qüência de dois a sete anos, todavia, têm
As intensidades dos eventos variam bas- ocorrido em menor quantidade que o El
tante em cada caso. Os eventos El Niño Niño durante as últimas décadas. Além
mais intensos desde a existência de “ob- do mais, os episódios La Niña têm perí-
servações” da TSM ocorreram em 1982- odos de aproximadamente nove a doze
83 e 1997-98. Algumas vezes, os eventos meses, e somente alguns episódios persis-
El Niño e La Niña são intercalados por tem por mais que dois anos. Outro ponto
condições normais. interessante é que os valores das anoma-
lias de temperatura da superfície do mar
Os ventos alísios, junto à costa da Améri- (TSM) em anos de La Niña têm desvios
ca do Sul, favorecem um mecanismo cha- menores que em anos de El Niño, ou seja,
mado pelos oceanógrafos de ressurgên- enquanto observam-se anomalias de até
cia, que consiste no afloramento de águas 4,5ºC acima da média em alguns anos de
mais profundas do oceano. Estas águas El Niño, em anos de La Niña as maiores
mais frias têm mais oxigênio dissolvido e anomalias observadas não chegam a 4ºC
vêm carregadas de nutrientes e micro-or- abaixo da média.
ganismos vindos de maiores profundida-
des do mar, que vão servir de alimento Episódios recentes do La Niña ocorreram
para os peixes daquela região. Não é por nos anos de 1988/89 (que foi um dos mais
acaso que a costa oeste da América do Sul intensos), em 1995/96 e em 1998/99.
é uma das regiões mais piscosas do mun-
do. O que surge também é uma cadeia
alimentar, pois os pássaros que vivem
naquela região se alimentam dos peixes,
que por sua vez se alimentam dos micro-
organismos e nutrientes daquela região.
O termo La Niña (“a menina”, em espa-
nhol) surgiu para caracterizar um fenô-

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Águas Atmosféricas
4. IMPACTOS CLIMATOLÓGICOS E ECONÔMICOS NA
HIDROLOGIA DO BRASIL

A variabilidade climática causa sérios Amazônia, e o efeito da fumaça na popu-


transtornos à economia e freqüentemen- lação de cidades como Manaus, Boa Vista
te provoca impactos sociais significativos. e Rio Branco indicam o grande impacto
Entender essa variabilidade do clima, do El Niño na região Norte. O impacto da
suas causas, impactos e sobretudo sua fase oposta do fenômeno El Niño, isto é, o
previsibilidade, é objetivo de uma signi- La Niña, não é tão bem definido, mas em
ficativa parcela da comunidade científica geral o efeito é oposto, causando seca na
que se dedica às ciências atmosféricas e região Sul e favorecendo a precipitação
oceânicas. acima da média na região Norte e norte
do Nordeste.
Dentre os impactos regionais, os exem-
plos mais representativos são as secas Em outras regiões do País, como no Cen-
que afetaram a Amazônia durante os tro Oeste, o impacto não é direto e tem-
eventos extremos ”El Niño” nos anos poralmente tão consistente como no Sul e
de 1925,1983 e, mais recentemente em Norte, mas há alguma tendência discer-
1997/98, que demonstraram a forte de- nível, sobretudo na fase quente (El Niño),
pendência do balanço hídrico superficial mostrando continuidade com relação ao
da região com a circulação de grande regime das regiões vizinhas ao Norte e
escala. Em 1982/83 o El Niño provocou Sul.
um período extremamente seco (janeiro/
fevereiro) durante a estação chuvosa na No Estado de São Paulo, nem todos os
Amazônia Central, apresentando o me- anos de El Niño correspondem a chuvas
nor índice pluviométrico nos últimos 50 acima do normal, podendo apresentar
anos. anomalias positivas e negativas de preci-
pitação de acordo com a região do Estado
Os períodos secos no norte da Amazônia e estações do ano. No interior do estado,
contribuem para a proliferação de focos de na maior parte dos El Niños chuvosos, o
queimadas em grande parte de Roraima impacto foi maior no período de agosto a
e que se estendem para a borda da flores- novembro.
ta na Amazônia e Venezuela. A perda do
gado, os danos nas reservas ecológicas da

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Águas Atmosféricas
Mesmo em anos de El Niño com chuva próximas da média climatológica ou ligei-
abaixo da média no primeiro semestre ramente abaixo da média sobre a região
do ano, os meses de setembro e novem- Sudeste, durante o inverno.
bro tendem a apresentar mais chuva que
a média. Existem estudos que mostram As variabilidades pluviométricas e clima-
também que existem diferenças regionais tológicas alteram a disponibilidade hídri-
significativas no comportamento das ano- ca e vazões de rios, que estão diretamente
malias pluviométricas que podem estar ligados ao gerenciamento de águas e ao
relacionadas com a influência da topo- uso dos recursos hídricos, o que por sua
grafia no regime dos ventos locais, sendo vez, afeta assentamentos humanos, a dis-
este um tópico de pesquisa ainda pouco ponibilidade de água tanto em ambiente
explorado no Brasil. urbano quanto em atividades rurais, o
desenho de sistemas de irrigação, a ge-
Os eventos La Niña, mostram maior va- ração de energia hidrelétrica, e diversas
riabilidade quando comparados aos El outras atividades.
Niños, que apresentam padrões mais
consistentes. Nas regiões Sul e Sudeste A figura abaixo mostra a tendência de di-
os principais impactos do fenômeno La minuição da vazão do Rio Paraíba do Sul
Niña são as passagens rápidas de frentes medida em Cachoeira Paulista no estado
frias sobre a região Sul, com tendência de São Paulo e em Campos no estado do
de diminuição da precipitação nos meses Rio de Janeiro ao longo do século passa-
de setembro a fevereiro, e temperaturas do.

Figura 3: Tendência da vazão durante a estação chuvosa na Bacia do Rio Paraíba


do Sul (1930-2000).

Fonte: DAEE, ANA

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Águas Atmosféricas
Em ambas cidades se observa uma dimi- Na Amazônia as variações da descarga
nuição na vazão ao longo dos anos. Aná- do Rio Amazonas e de seus afluentes es-
lises das vazões do Rio Paraíba do Sul e tão sincronizadas com a distribuição da
do Rio São Francisco mostram uma alter- precipitação na bacia e em suas sub-ba-
nância de períodos secos e úmidos, e ob- cias. Grandes desvios negativos nos ní-
serva-se que alguns desses períodos têm veis do Rio Negro foram observados du-
a duração de até 15 anos. As tendências rante 1925-26, 1935-36, 1966-67 1979-80,
negativas apresentadas pelas vazões po- 1983 e 1992, períodos que coincidem com
deriam induzir à idéia de que as bacias a ocorrência de fortes eventos El Niño, o
destes dois rios estariam sendo afetadas que evidencia a influência do fenômeno
sistematicamente por cada vez menos sobre o nível desse rio.
chuva. No entanto, a análises da preci-
pitação na parte alta e média das duas Outra hipótese, para a Alta Amazônia,
bacias indica que as chuvas não apresen- é que um incremento das descargas dos
tam qualquer tendência, o que é um indí- rios durante 1960-80 seja devido ao des-
cio de que, nessas bacias, as tendências matamento. Além disso, o efeito do des-
negativas na descarga estariam ligadas matamento na parte alta da bacia produ-
mais ao gerenciamento de águas do que à ziria um acúmulo de areia e sedimentos
conseqüência de uma mudança climática no fundo do rio, causando assim uma lei-
regional. tura alta e artificial das cotas. Este caso,
entretanto, não se aplica para a variabi-
Estudos de séries temporais de precipi- lidade interanual das cotas do Rio Negro
tação e sua relação com vazões/cotas de em Manaus. Da mesma forma, análises
rios em diversas regiões do Brasil, reve- de tendência para vazões de outros rios
lam que essa relação é fortemente não li- da Amazônia, como o Jamari, Ji-Paraná
near, no entanto, é correto assumir que e Tocantins não indicaram tendências cli-
grandes anomalias de precipitação resul- máticas. Em todos eles foi observado um
tam em anomalias de descarga de rios de aumento dos níveis durante 1970-1980.
mesmo sinal. Isto acontece porque as va- Esse aumento, porém, parece ser parte
zões integram a variabilidade espacial da da variabilidade natural do clima e não
precipitação dentro da bacia. um indicador de mudança climática.

20
Águas Atmosféricas
Por outro lado, na parte sul da Amazô- tar a produção e distribuição de energia
nia, onde o desmatamento é mais inten- elétrica. No Nordeste, a previsão de uma
so, a atividade convectiva não apresentou estação chuvosa deficiente afeta a econo-
grande variação nas últimas décadas. Al- mia e agricultura regional, com sérios im-
guns estudos mostraram que entre 1910 pactos sociais.
e 1990 a chuva e vazões do Rio Amazonas
diminuíram sistematicamente, porém Um efeito econômico imediato das secas
eles obtiveram seus resultados com dados é o aumento do preço dos alimentos. Na
de precipitação em Manaus e nas vazões quebra da safra brasileira provocada pelo
do Rio Amazonas as séries de dados não El Niño de 82/93, os preços agrícolas subi-
são necessariamente homogêneas. ram 40% em poucas semanas. Em segun-
do lugar, as maiores culturas brasileiras,
O transporte de água nos rios também é como o café, a laranja, a soja e o cacau,
afetado pelo fenômeno El Niño na região podem sofrer com as inundações e as se-
Amazônica. Os níveis de reservatórios cas prolongadas e os problemas de infra-
para geração de energia elétrica, como estrutura que o El Niño costuma trazer,
Balbina, podem diminuir a ponto de afe- principalmente no sistema rodoviário.

5: A IMPORTÂNCIA DA FLORESTA AMAZÔNICA PARA A


FORMAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO

Desde os anos 70 se sabe que a floresta neamente no Experimento de Grande Es-


Amazônica produz chuva e muito vapor cala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia
d’água. Trabalhos clássicos do final dos (Large Scale Biosphere-Atmosphere Ex-
anos 70 e dos anos 80 mostraram que periment in Amazônia), LBA (http://lba.
pelo menos metade das chuvas que caem cptec.inpe.br/lba/site).
na Amazônia é formada na própria re-
gião. O que não se conhecia eram os me- Entre as descobertas já consolidadas
canismos de formação dessas nuvens de no LBA está a do processo de formação
chuvas, que diferem do habitual, pela efi- de chuva na floresta amazônica que, ao
contrário de hipóteses anteriores, ocorre
ciência e rapidez com que o ciclo evapo-
principalmente a partir de nuvens com
ração/condensação/chuva ocorre. Isto só
topos relativamente baixos (chamadas de
foi possível pela integração de diferentes nuvens quentes) e que contêm gotas mui-
disciplinas sendo desenvolvidas simulta- to grandes.

21
Águas Atmosféricas
Com isso, as chuvas sucedem-se imedia- vem como eficientes núcleos de condensa-
tamente à formação das nuvens. Essa ção de vapor d’água para a formação das
comprovação altera a idéia de que o vento nuvens.
interrompia o processo de condensação,
congelamento e chuva, transportando ho- Sem um núcleo de condensação não se
rizontalmente as nuvens por centenas e forma uma gota de chuva. Por existi-
até milhares de quilômetros de distância, rem em baixa concentração na atmos-
produzindo chuvas em outras regiões. fera amazônica durante a estação das
Descobriu-se que sobre a floresta amazô- chuvas, há uma intensa competição do
nica, na estação das chuvas, onde há uma vapor d’água por estes poucos núcleos de
atmosfera limpa de aerossóis gerados por condensação, favorecendo a formação de
poluição ou poeira, a formação de nuvens gotas grandes e pesadas que precipitam
de chuva e sua precipitação ocorrem de rapidamente. Estas nuvens se desenvol-
forma rápida, semelhante ao que ocorre vem, normalmente, até seis ou sete quilô-
nos oceanos. Por isso, os pesquisadores metros acima da floresta amazônica (em
do LBA deram à floresta o nome de “oce- outras regiões continentais as nuvens
ano verde”. de chuva podem ter um desenvolvimen-
to vertical de até dez, quinze ou mesmo
Inicialmente, estudos em Biologia e Bio- vinte quilômetros de altura) e precipitam
química descobriram que a floresta emi- rapidamente. A liberação dos compostos
te para a atmosfera, junto com o vapor orgânicos na atmosfera pela floresta é li-
d’água e o gás carbônico, compostos or- gada à sua transpiração.
gânicos voláteis em grande quantidade
(em torno de meia tonelada por hectare/ Quando há queimadas, esse mecanismo
ano), pela sua fisiologia e mecanismos de muda drasticamente, evidenciando o pro-
transpiração. Estes compostos são gran- blema gerado pela retirada da floresta e
des moléculas que favorecem a ocorrên- pela produção de uma enorme quantida-
cia de um fenômeno típico das atmosfe- de de aerossóis derivados da queima da
ras limpas, ou seja, a cristalização dos biomassa. Em Rondônia, na área do arco
compostos orgânicos voláteis em minús- do desmatamento, o LBA tem centra-
culos cristais. Esses minúsculos cristais, do esforços e concentrado equipamentos
que estão numa densidade relativamente para retratar o processo em curso em di-
baixa na atmosfera sobre a floresta, ser- ferentes níveis, do solo à alta atmosfera.

22
Águas Atmosféricas
Estes estudos têm quantificado diferen- descarregadas nos corpos d’água, como
ças drásticas no regime de chuvas em conseqüência do intenso cultivo nas áreas
áreas de floresta preservada, áreas des- agrícolas. Evidências recentes têm suge-
matadas para cultivos agrícolas e áreas rido um importante papel dos igarapés e
recém queimadas. rios da Amazônia também na descarga de
carbono em forma dissolvida, e na subse-
O efeito das queimadas pode se refletir qüente emissão deste carbono, provavel-
em outras regiões da Terra, o que eviden- mente vindo das áreas de terra firme pró-
cia o potencial da Amazônia no controle ximas, para a atmosfera.
climático global. Pesquisadores do INPA
(Instituto Nacional de Pesquisas da Ama- Na área de nutrientes, os estudos do LBA
zônia) estimaram que os serviços presta- têm constatado a penetração de partícu-
dos pela floresta amazônica ao resto do las na atmosfera da Amazônia (aerossó-
mundo, em termos de sumidouro de car- is) vindas de pontos distantes do planeta,
bono, ciclagem de água e biodiversidade como o Deserto do Saara, por exemplo. Es-
poderiam ser estimados entre 38 (valor sas partículas trazem nutrientes que são
mínimo) e 236 bilhões de dólares ao ano depositados sobre a floresta, nas folhas
(valor máximo). e copas e, com as chuvas, levados para o
solo. Essa deposição de aerossóis no solo
Nos anos de El Niño constatou-se que a amazônico é benéfica ao ecossistema, ge-
Amazônia se torna mais seca, podendo ralmente com muita carência de alguns
alterar o regime de chuvas em áreas dis- nutrientes essenciais, como o fósforo.
tantes, como o norte da Europa, princi-
palmente a Inglaterra. Por outro lado, constata-se também a pe-
netração de poluentes e de carbono vindos
O estudo comparativo de igarapés e rios do centro-sul do continente americano;
em Rondônia mostra que bacias hidrográ- entretanto, a vegetação da floresta filtra
ficas de áreas impactadas (pela formação a maior parte desse carbono. Há indícios
de pastagens) produzem uma maior des- de que a Amazônia estaria retirando mais
carga de fosfato, e menor de nitrato, do carbono da atmosfera, ou seja, limpando
que bacias que drenam áreas intactas a atmosfera para outras regiões. Inversa-
(cobertas por florestas). Este padrão é mente, na época das queimadas as flores-
inverso ao que normalmente se encontra tas incineradas transformam-se em gera-
em regiões temperadas da Terra, onde doras de poluentes para a atmosfera.
grandes concentrações de nitrogênio são

23
Águas Atmosféricas
PARTE 2: MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS

1: GASES DE EFEITO ESTUFA

Anteriormente foi visto o balanço de ra- volução industrial e outros gases produ-
diação na atmosfera, onde parte da ra- zidos pelas indústrias químicas, como o
diação emitida pela superfície da Terra é CFC 11, também são lançados na atmos-
absorvida por alguns gases presentes na fera contribuindo para o efeito estufa.
atmosfera. Parte dessa radiação absorvi-
da retorna para a superfície gerando um As moléculas de um gás quando absor-
aumento na temperatura e causando um vem radiação podem até se dissociar se a
fenômeno conhecido por Efeito Estufa. radiação tem muita energia, como ocorre
Os gases que absorvem a radiação emi- na região do ultra-violeta. Isso acontece
tida pela terra são chamados de Gases por exemplo com o dióxido de nitrogênio
de Efeito Estufa, e são essenciais para levando a formação de ozônio, um poluen-
manter a termperatura da superfície aci- te secundário principalmente urbano.
ma da temperatura de congelamento da Quando a radiação absorvida não possui
água. Na Terra o efeito estufa causa uma muita energia, isto é, está na região do
elevação de 35°C na temperatura da su- infravermelho, as moléculas passam a
perfície, que seria de – 18°C (em media) vibrar mais e re-emitem novamente a ra-
sem ele. diação por cima e por baixo.

Os principais gases que causam o efeito A figura 1 mostra a absorção da atmos-


estufa são o vapor d’água (H2O), gás car- fera para regiões do espectro eletromag-
bônico (CO2), metano (CH4) e óxido ni- nético que vão do ultravioleta até o infra-
troso (N2O). A concentração desses gases vermelho distante e termal.
tem aumentado na atmosfera desde a re-

24
Águas Atmosféricas
Figura 1: Absorção atmosférica em função do comprimento de onda da radiação.

Fonte: Earth under siege: from air pollution to global change, 1997.

A absorção acontece em algumas regiões comprimentos de onda maiores que 15


específicas do espectro eletromagnético μm, onde a energia da radiação é utili-
conhecidas como Bandas de Absorção. zada para vibrar e/ou rodar as moléculas
A eficiência de absorção de radiação pela do gás. O ozônio tem uma banda de ab-
atmosfera é função da região do espectro sorção vibracional-rotacional em 9,6 μm,
eletromagnético. Na região do ultravio- onde não existe absorção da radiação por
leta (comprimento de onda λ < 0,3 μm) outros gases. E o gás carbônico em 5 e
existe absorção de 100 % pelas molécu- ~15 μm.
las de Oxigênio (O2) e de Ozônio (O3) nas
camadas mais altas da atmosfera (estra- Na atmosfera existem duas regiões onde
torfera e mesosfera). Na região do visí- a radiação não é absorvida: no visível, en-
vel (0,3μm < λ < 0,7μm) a atmosfera tre 0,3 e 0,7 μm, conhecida como Janela
é praticamente transparente sem absor- Solar, e entre 8 e 13 μm, no infraverme-
ver a radiação solar incidente. A partir lho termal, conhecida como Janela At-
de 0,7μm a atmosfera apresenta regiões mosférica. A radiação emitida pela su-
onde existe grande absorção de radiação. perfície com comprimento de onda entre
No infravermelho próximo começam as 8 e 9 μm escapa quase que diretamente
bandas de absorção do vapor d’água, e no para o espaço, enquanto que em 6 μm é
infravermelho distante e termal estão as praticamente toda absorvida pelo vapor
bandas do vapor d’água, gás carbônico e d’água.
ozônio. O vapor d’água tem uma banda
de absorção vibracional-rotacional em
6,3 μm e outra puramente rotacional em

25
Águas Atmosféricas
A janela atmosférica não é tão aberta temperatura da superfície se torna mais
quanto a janela solar devido a presença baixa.
da banda de absorção do ozônio e a um
contínuo residual de absorção do vapor A figura 2 mostra em detalhe a região
d’água. Quando a atmosfera está seca, da janela atmosférica com as bandas de
com baixa concentração de vapor d’água, absorção dos gases causadores do efeito
a janela atmosférica está mais aberta e a estufa.

Figura 2: Espectro de absorção da atmosfera na região da Janela atmosférica.

Fonte: Earth under siege: from air pollution to global change, 1997.

Os gases de efeito estufa, assim como a dos pelo homem, com bandas de absorção
janela atmosférica, são de particular im- na região da janela atmosférica. O poder
portância para o equilíbrio da tempera- desses gases como causadores do efeito
tura na superfície da Terra. Com as ati- estufa é cem mil vezes maior que o do gás
vidades humanas a concentração desses carbônico. Mas a emissão desses gases foi
gases vem aumentando e a janela atmos- controlada pelo Protocolo de Montreal em
férica vem se fechando com a introdução 1989, como uma maneira de conter a des-
de novos gases que possuem bandas de truição da camada de ozônio, outro sério
absorção nessa região do espectro ele- dano causado à atmosfera por esses ga-
tromagnético. Os CFC’s são exemplos de ses. O gás carbônico, o metano e o óxido
potentes gases de efeito estufa introduzi- nitroso também possuem suas bandas de

26
Águas Atmosféricas
absorção nos limites da janela atmosfé- A figura 3 mostra a variação na concen-
rica e são gases provenientes principal- tração de gás carbônico, metano e óxido
mente da agricultura e da queima de nitroso nos 10000 anos anteriores a 2005.
combustíveis fósseis e de biomassa.

Figura 3: Aumento na concentração dos gases de efeito estufa nos 10000 anos
anteriores a 2005.

Fonte: Climate Change: The Physical Sience Basis, IPCC, 2007.

27
Águas Atmosféricas
No eixo da esquerda está a concentração Em cada gráfico a região em destaque
dos gases em partes por milhão (ppm) corresponde ao período de 1750 a 2005.
para o gás carbônico (CO2) e partes por Para os três gases existe um aumento
bilhão (ppb) para o metano (CH4) e óxido significativo de concentração nos últimos
nitroso (N2O). No eixo da direita está a anos, que tem contribuído para a eleva-
forçante radiativa, que é a quantidade de ção da temperatura da Terra em escala
radiação que o gás retorna para a super- global.
fície contribuindo para seu aquecimento.

2: AQUECIMENTO GLOBAL

O clima da Terra é influenciado por uma tos sobre o clima. As erupções vulcânicas
série de processos que ocorrem dentro e também influem diretamente no clima,
fora dela. O sol, a órbita terrestre, os oce- lançando grande quantidade de gases e
anos, o relevo, a cobertura do solo, os cor- partículas na atmosfera que alteram o
pos d’água, a vegetação, a atmosfera, são albedo da Terra e permanecem por um
partes integrantes do complexo sistema longo período de tempo sobre extensas
climático terrestre. Qualquer alteração áreas.
em uma das partes afeta em diferentes
graus o clima como um todo. Os proces- Os oceanos com sua grande capacidade de
sos internos ao sol que controlam o nú- reter calor fornecem significativas quan-
mero de manchas solares e o seu brilho, tidades de calor latente para a atmosfe-
possuem um ciclo de onze anos e afetam ra gerando os movimentos de circulação
diretamente a quantidade de energia (ra- global. O relevo e a cobertura do solo al-
diação) que atinge a Terra. A distância teram tanto a circulação do ar como o ba-
da Terra em relação ao sol em sua órbita, lanço de radiação na superfície, afetando
bem como a inclinação do eixo de rotação, o clima diretamente. Os corpos d’água e
também definem a quantidade de energia a vegetação são tipos especiais de cober-
solar sobre a Terra e conseqüentemente o tura do solo que regulam a temperatura
clima. Os efeitos das marés lunares so- da superfície e alimentam o ciclo da água
bre os oceanos e sobre a terra podem ser entre a superfície e a atmosfera. O tipo de
responsáveis por atividades geológicas cobertura define o albedo da superfície,
relacionadas com mudanças no clima. O um fator importante para o clima. Os oce-
impacto de grandes meteoros e cometas anos e corpos d’água possuem um albedo
com a Terra foi causa de grandes impac- de 10%, regiões com vegetação densa, 20

28
Águas Atmosféricas
%, desertos e terras áridas, 30 %. As nu- tação, as nuvens, os aerossóis e os gases
vens, gelo, neve e neblina são os elemen- como suas características principais. O
tos que possuem albedo mais elevado, da clima de uma região é definido como um
ordem de 70 %, causando um resfriamen- estado médio da atmosfera em um pe-
to mais efetivo do clima. Quanto maior o ríodo de tempo maior que trinta anos.
albedo, mais frio o clima, criando áreas A estabilidade climática é relativamen-
de gelo e neve mais extensas, que refor- te constante (na escala humana), com
çam o aumento do albedo. O processo tem a temperatura média na superfície va-
uma alimentação positiva que influencia riando de aproximadamente 1 a 2 oC em
o tipo de cobertura do solo, com inter-re- milhares de anos. A estabilidade é uma
lações complexas, ainda não totalmente importante característica do sistema cli-
compreendidas e previsíveis. mático, mostrando a habilidade da Terra
de se manter em equilíbrio. No entanto,
A atmosfera é o cenário onde o clima de a pressão que a sociedade humana vem
fato se define, com a temperatura da su- exercendo sobre a Terra está afetando
perfície, a pressão, os ventos, a precipi- esta habilidade.

Figura 4: Variação da concentração de CO2 e CH4 e Temperatura em 420.000


anos, inferido por mostras de gelo do lago Vostok.

Fonte: Global Change and the Earth System.

29
Águas Atmosféricas
A figura 1 mostra a evolução temporal de ratura da superfície pela diminuição da
concentração de CO2 e CH4 e Tempera- radiação incidente. E indiretamente na
tura em 420.000 anos, mostrando 4 ciclos formação de núcleos de condensação de
glaciares e inter-glaciares. Na escala geo- nuvens. Quando a concentração de aeros-
lógica o clima apresenta mudanças signi- sóis é alta, o número de gotas formado é
ficativas, mas o ritmo atual de mudanças alto, mas cada gota relativamente peque-
é sem precedentes na historia recente do na. Quando a concentração de aerossóis
planeta. é baixa, as gotas formadas são relativa-
mente maiores. Para a mesma quanti-
Os diversos processos químicos que ocor- dade de água condensada numa núvem,
rem na Terra têm influência direta no gotas menores produzem albedo maior.
sistema climático, entre eles estão as re- Logo os aerossóis modulam a refletivi-
ações fotoquímicas na atmosfera, ciclos dade das nuvens e o balanço de energia
bioquímicos e biogeoquímicos (fluxo cícli- nas regiões nubladas. Em áreas poluídas
co de elementos entre os diferentes eco- o albedo das núvens é maior que nas áre-
sistemas), interação dos gases com as nu- as não poluídas. Uma grande quantidade
vens e aerossóis, e processos industriais e de aerossóis na camada limite atmosfé-
urbanos. A atmosfera contém partículas rica (mais próximo da superfície) reduz
em suspensão na atmosfera (aerossóis) o albedo e aquece a superfície. Por outro
na forma de poeira, fumaça e neblina. A lado, se uma grande quantidade de ae-
poeira é formada de partículas finas do rossóis for lançada na alta troposfera ou
solo, que suspendem pela ação do vento estratosfera, eles resfriam a superfície,
ou do atrito dos objetos. A fumaça é pro- reduzindo o aquecimento causado pelo
duto da combustão natural e provocada efeito estufa.
de biomassa, combustíveis fósseis e pro-
cessos industriais. A neblina é composta As nuvens desempenham um papel cen-
de gases e partículas solúveis em água de tral no sistema climático, embora ainda
origem natural e antrópica. não se saiba se efetivamente as nuvens
aquecem ou resfriam o sistema climático.
Os aerossóis afetam o clima direta e in- Pouco se sabe também sobre a distribui-
diretamente. Diretamente eles têm a ção global de nuvens, sua variabilidade
propriedade de aumentar o albedo cau- temporal e espacial e como elas respon-
sando um fenômeno chamado de Escu- dem ao aquecimento ou resfriamento glo-
recimento da Terra, que reduz a tempe- bal.

30
Águas Atmosféricas
Os gases de efeito estufa que são lança- vel médio do mar. Onze dos últimos doze
dos na atmosfera pelas atividades an- anos estão entre os doze mais quentes
tropogênicas, têm impacto direto sobre o desde 1850. A tendência de aquecimen-
clima. Desde a era pré-industrial, a con- to dos últimos cinqüenta anos é o dobro
centração de gás carbônico aumentou na daquela dos últimos cem anos. O conte-
atmosfera de 280 ppm para 379 ppm em údo médio de vapor d’água na atmosfera
2005, um aumento em 250 anos equiva- está aumentando na medida que ar mais
lente ao de 180 para 300 ppm nos últimos quente retem mais vapor. A temperatu-
650.000 anos. A principal causa do au- ra dos oceanos tem aumentado até uma
mento desse gás é a queima de combustí- profundidade de 3000 m no mínimo e eles
veis fósseis e as mudanças no uso da ter- têm absorvido mais de 80% do calor em
ra. A agricultura de larga escala mudou excesso no sistema climático, causando
significativamente a cobertura do solo. uma elevação do nível do mar. As mon-
A destruição das florestas para substi- tanhas geladas e as regiões cobertas de
tuí-las por pastagens e campos de culti- gelo e neve têm diminuido e contribuido
vo lançam na atmosfera cerca de 6 Gt de para a elevação do nível dos oceanos tam-
gás carbônico por ano e milhões de tone- bém. A diminuição das camadas de gelo
ladas de partículas. As regiões urbanas da Groelândia e Antártica tem provavel-
com seus milhões de veículos e seus com- mente contribuido para a elevação do ní-
plexos industriais lançam na atmosfera vel dos oceanos. A temperatura média do
e no ambiente compostos químicos que Ártico aumentou quase o dobro da tem-
se espalham pela terra e corpos d’água, peratura média global nos últimos cem
atingindo rios, nascentes, águas subter- anos. O gelo do Ártico tem reduzido 2,7
râneas e estuários. Nas regiões agrícolas % por década nos últimos 40 anos. Signi-
o impacto das queimadas, fertilizantes e ficante aumento da precipitação tem sido
agrotóxicos, é severo porém mais locali- observada na parte leste das Américas do
zado, enquanto que os impactos no clima Norte e do Sul, norte da Europa e no norte
são percebidos em escala global. e centro da Ásia. Mudanças na precipita-
ção e evaporação sobre os oceanos são ob-
O aquecimento do sistema climático é cer- servadas pelo esfriamento das águas em
to e evidente nas observações da eleva- latitudes médias e altas junto com o au-
ção da temperatura da superfície média mento da salinidade em latitudes baixas.
global, na temperatura dos oceanos, no Os ventos de oeste das latitudes médias
degelo das massas de gelo e neve e no ní- têm se intensificado em ambos os hemis-

31
Águas Atmosféricas
férios desde os anos 60. Secas longas e freqüêntes e dias quentes, noites quentes
mais intensas têm sido observadas desde e ondas de calor cada vez mais freqüên-
os anos 70, particularmente nos trópicos tes.
e subtrópicos. A freqüência de eventos
com precipitação pesada tem aumentado Existem evidências observacionais de
sobre os continentes, o que é consistente que os ciclones tropicais têm se intensi-
com o aquecimento da superfície e com ficado no Atlântico norte desde os anos
o aumento do conteúdo de vapor d’água 70, devido ao aumento da temperatura
na atmosfera. Mudanças nas tempera- do mar tropical.
turas extremas têm sido observadas nos
últimos cinqüenta anos, com noites frias, A figura 1 mostra três exemplos de mu-
dias frios e frentes frias cada vez menos danças observadas.

Figura 5: Variação da temperatura global média, do nível global médio do mar e


da cobertura de neve no hemisfério norte a partir de 1850.

32
Águas Atmosféricas
Algumas características do clima não têm bal dos oceanos e fenômenos de pequena
apresentado mudanças. A variação da escala como tornados, chuvas de granizo,
temperatura diurna, a extensão do gelo relâmpagos e tempestades de areia.
do mar Antártico continua apresentando
variabilidade inter-anual, circulação glo-

3: OS IMPACTOS DO AQUECIMENTO GLOBAL NAS ÁGUAS

A água é um recurso indispensável para crescimento da vegetação e conseqüente-


diferentes setores da sociedade huma- mente nas taxas de evapotranspiração.
na: agricultura, indústria, produção de Em larga escala, as mudanças climáticas
energia, transporte, recreação, alimento afetam os padrões de circulação atmos-
e disposição de resíduos. A variabilida- férica e a freqüência e intensidade das
de no suprimento de água afeta os seres tempestades. Devido às correlações entre
vivos tanto nos casos de enchentes como clima e hidrologia, as mudanças climáti-
de secas, com elevados impactos econô- cas causam impacto maior na disponibili-
micos em ambos os casos. As mudanças dade e na qualidade das águas em escala
no clima afetam todos os aspectos do ciclo regional.
hidrológico. Variações na temperatura
afetam as características das nuvens, a Pesquisas recentes têm mostrado que mu-
umidade do solo, os regimes de gelo e de- danças no ciclo hidrológico, induzidas por
gelo, a taxa de evaporação da superfície e alterações climáticas já estão ocorrendo.
de evapotranspiração das plantas. E essas são suficientementes diferentes
da variabilidade natural. Segundo o re-
Alterações no regime de precipitação afe- latório do IPCC (Intergovernmental Pa-
tam o período e a magnitude das cheias e nel on Climate Change, 2007), tem sido
secas, alterando as características de re- observado aumento significativo na pre-
carga dos aqüíferos subterrâneos. Esses cipitação na porção leste das Américas do
efeitos combinados alteram a formação e Norte e do Sul, no norte da Europa e nas
extensão das nuvens, o padrão e a taxa regiões norte e centro da Ásia. E secas no
de crescimento da vegetação, as condi- Sahel, Mediterrâneo, sul da África e par-
ções do solo. O aumento na concentração tes do sul da Ásia. No século passado a
de gás carbônico na atmosfera afeta o precipitação sobre os continentes aumen-
ciclo hidrológico através do aumento no tou 2,4 mm por década e a média global

33
Águas Atmosféricas
elevou 2%. As mudanças na precipitação a elevação da temperatura porque a água
e na evaporação sobre os oceanos são pro- aquecida retem menos oxigênio. Quanto
vavelmente devidas ao resfriamento das mais intensa a precipitação maior a conta-
águas em latitudes altas e médias e ao minação das águas com resíduos urbanos
aumento da salinidade dos oceanos em e agrotóxicos que escoam da superficie,
baixas latitudes. A precipitação de neve mas a diluição nos rios melhora devido ao
tem aumentado nas altas latitudes do he- aumento da vazão. Os impactos na vida
misfério norte, e a cobertura de gelo e de aquática incluem a extinção de spécies de
neve têm derretido mais cedo. peixes, redução de aves aquáticas e per-
da de habitats maiores. O nível da água,
A elevação da temperatura e as mudan- o tempo de permanência dos poluentes e
ças na precipitação alteram o escoamen- os regimes de mistura afetam diretamen-
to dos rios e de água pela superfície, afe- te a qualidade da água e as condições de
tando o abastecimento de água, a geração vida no ambiente aquático.
de eletricidade, a recarga dos aqüíferos
subterrâneos e a sustentabilidade dos Projeções do clima futuro na Terra esti-
ecossistemas aquáticos. Estudos de si- mam que a temperatura deva subir de 1
mulação mostram que 2 oC de elevação a 6 oC no próximo século e que a preci-
na temperatura reduz o escoamento su- pitação deve aumentar em algumas regi-
perficial e dos rios de 2 a 12 % e 4 oC de ões e diminuir em outras. Apesar da con-
elevação na temperatura reduz de 4 a 21 cordância entre muitas pesquisas ainda
%. existem incertezas sobre as mudanças
futuras, principalmente a nível regional.
Em bacias hidrográficas, as alterações As figuras 1 e 2 mostram as projeções da
do clima causam grandes mudanças na precipitação para cenários de baixa e alta
dinâmica do escoamento superficial bem emissão de gases de efeito estufa (GEE),
como na vazão dos rios, com graves con- respectivamente. A figura 1 mostra as
seqüencias sobre a qualidade das águas. projeções de mudanças na temperatura
Redução na vazão dos rios dificulta a di- e precipitação para um cenário de média
luição da discarga de poluentes, a manu- emissão de gases de efeito estufa (GEE).
tenção dos níveis adequados de oxigênio
dissolvido e o suporte à vida aquática. O
nível de oxigênio dissolvido diminui com

34
Águas Atmosféricas
Figura 6: Projeções de mudança de temperatura e precipitação (verão DJF e in-
verno JJA) para o período 2080-2099 relativo a 1980-1999.

Fonte: Relatório IPCC, 2007.

As mudanças na precipitação podem ser ditam ainda ser possível reverter o qua-
muito drásticas se não forem tomadas al- dro, apostando na capacidade do ser hu-
gumas atitudes. Existem pesquisadores mano de buscar novas soluções e modelos
que acreditam não ser mais possível re- econômicos-sociais-ambientais, e na ca-
verter esse quadro, e que a partir da dá- pacidade do sistema climático terrestre
cada de 30 as condições de vida na Terra de se recuperar.
ficarão insustentáveis. Mas outros acre-

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Águas Atmosféricas

Parabéns, Caro Participante


Chegamos à reta final do módulo II do curso de
“Águas Atmosféricas”. Abaixo seguem as referências
usadas neste módulo. Deixamos claro que para um
melhor aprofundamento dos temas é interessante
que você leia as bibliografias indicadas.

36
Águas Atmosféricas
4. REFERÊNCIAS

TUBELIS, A; NASCIMENTO, F.J.L. Solomon, S.; Qin, D.; Manning, M.; Chen,
Meteorologia descritiva; fundamentos e Z.; Marquis, M.; Averyt, K.B.; Tignor, M.;
aplicações brasileiras. São Paulo: Editora Miller, H.L. IPCC AR4 WG1 (2007), Cli-
Nobel, 1988. 374p. mate Change 2007: The Physical Science
Basis, Contribution of Working Group I
VIANELLO, R. L.; ALVES. A. R. Meteo- to the Fourth Assessment Report of the
rologia básica e aplicações. Viçosa: Uni- Intergovernmental Panel on Climate
versidade Federal de Viçosa, 2002 (2ª Change. Cambridge University Press,
Reimpressão). 449p. 2007.

SUMMERHAYES, C. P.; THORPE, S. STEFFEN, W.; SANDERSON, R. A.;


A. Oceanography, An Illustrated Guide. TYSON, P. D.; JÄGER, J.; MATSON, P.
London: Manson Publishing, 1996. 352 p. A.; MOORE III, B.; OLDFIELD, F.; RI-
TURCO, R. P. Earth Under Siege: From CHARDSON, K.; SCHELLNHUBER,
Air Pollution to Global Change. Oxford H.-J.; TURNER, B. L.; WASSON, R. J.
University Press, 2002. 530 p. Global Change and the Earth System: A
Planet Under Pressure (Global Change -
REBOUÇAS, A. D. C; BRAGA, B.; TUN- The IGBP Series). Berlin: Springer-Ver-
DIZI, J. G. Águas Doces no Brasil: Ca- lag, 2005. 336 p.
pital Ecológico, Uso e Conservação. São
Paulo: Editora Escrituras, 1999. 717 p. Bibliografia sugerida:

STULL, R, B. Meteorology for Scientists HOLTON, J.R. An Introduction to Dyna-


and Engineers, Second Edition. Pacific mic Meteorology, Fourth Edition (Inter-
Grove, CA: Brooks/Cole, 2000. 528 p. national Geophysics). Burlington: Else-
vier Academic Press, 2004. 535 p.
VAREJÃO-SILVA, M. A. Meteorologia
e Climatologia. Versão Digital 2, Recife, CAVALCANTI, I. F. A.; FERREIRA, N.
2006. 463 p. J.; DIAS , M. A. F; DA SILVA, M. G. A.
J. Tempo e Clima no Brasil. Oficina de
CLAUSSEN, E; COCHRAN, V. A.; DA- Textos, 2009. 464 p.
VIS, D. P. Climate Change: Science, Stra-
tegies & Solutions. Pew Center on Global
Climate Change, 2001. 399 p.

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Águas Atmosféricas

Caros alunos!

Fiquem atentos! Estamos usando um modelo de atividades que


seleciona apenas 10 questões das que estão disponíveis na apos-
tila. Todavia, é necessária a resolução de todas as questões.
Usamos o sistema randômico – que seleciona aleatoriamente as
questões para cada usuário e organiza as alternativas de forma
diferente para cada participante. Sendo assim, o questionário
de um aluno nunca será igual ao de outro. Bons estudos!

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Águas Atmosféricas
EXERCÍCIOS

1- Quanto à distribuição de chuvas nas regiões brasileiras:

I. A distribuição de chuvas anual sobre o sul do Brasil é bastante desigual espacial-


mente, com média entre 1250 e 3000 mm. Acima destes limites, estão o litoral de Santa
Catarina e área em torno de São Francisco de Paula no Paraná;

II. A região que mais chove no Brasil é a região Norte, (mais de 5.000 mm/ano),
apresentando quatro núcleos de precipitação: Noroeste, Centro, Sul e Leste da bacia
Amazônica;

III. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste Sul existem três núcleos de precipitação má-
xima, uma em Minas Gerais, no Brasil central e outra no litoral de São Paulo;

IV. No interior da região Nordeste o clima é semiárido com precipitação inferior a


500 mm/ano e na costa leste chuvoso, com precipitação superior a 1500 mm/ano.

Estão CORRETAS:

a. As sentenças I e IV.
b. As sentenças II e IV.
c. As sentenças II e III.
d. Apenas a sentença II.
e. As sentenças III e IV.

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Águas Atmosféricas
2- A precipitação é definida como toda água proveniente do meio atmosfé-
rico que atinge a superfície da terra. Quanto aos mecanismos físicos de pre-
cipitação no Brasil, podemos afirmar que:

a. A ZCAS é um eficiente sistema meteorológico responsável pela ocorrência de tem


pestades severas e prolongados períodos de chuva que provocam enchentes e des-
lizamentos de encostas;
b. O ciclo anual de variação da posição da ZCIT na região Nordeste sofre uma súbita
descontinuidade no início da estação seca na parte leste do continente e no Brasil
Central;
c. O CCM é um sistema meteorológico que possui uma espessa cobertura de nuvens
frias, com tempo de vida relativamente mais longo do que um sistema convectivo
isolado, isto é no mínimo 6 horas;
d. O Jato em Baixos Níveis (JBN) transporta umidade do Mata Atlântica para as
terras no norte da Argentina e também contribui como fonte de umidade das
ZCAS que se formam no Paraguai;
e. O JBN parece ter uma correlação positiva com a ZCAS, isto é, o dia que o jato é
intenso, a ZCAS está fortalecida na região sudeste.

3- A linha de convergência associada com a brisa marítima propaga-se con-


tinente adentro levando à formação de um máximo de precipitação vesperti-
no/noturno a cerca de:

a. 50 - 100 km da costa;
b. 100 - 200 km da costa;
c. 200 - 300 km da costa;
d. 200 - 400 km da costa;
e. 300 - 500 km da costa.

40
Águas Atmosféricas
4- Quanto ao fenômeno El Niño, é CORRETO afirmar que:

a. O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento


anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical;
b. O El Niño caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do
Oceano Pacífico Tropical;
c. O El Niño é caracterizado como uma banda de nebulosidade de orientação NW/
SE, estendendo-se desde o sul da região Amazônica até a região central do
Atlântico Sul;
d. A influência do El Niño sobre a precipitação nos continentes africano, americano
e asiático tem sido aceita e mostrada em vários trabalhos;
e. Os eventos El Niño e La Niña têm uma tendência a se alternar a cada 10 ou 15
anos.

5- Dentre os impactos climatológicos regionais, os exemplos mais repre-


sentativos são as secas que afetaram a Amazônia durante os eventos extre-
mos do “El Niño” nos anos de 1925, 1983 e, mais recentemente em 1997/98.
Diante disso, é CORRETO afirmar que:

a. A seca registrada em 1998, devido ao fenômeno El Nino, provocou enormes


incêndios na floresta Amazônica, no entanto, o litoral das regiões do Nordeste e
Sudeste sofreram inundações catastróficas.
b. No Estado de São Paulo, todos os anos de El Niño correspondem a chuvas acima
do normal, podendo apresentar anomalias positivas de precipitação, principal-
mente no litoral.
c. Em 1982/83 o El Niño provocou um período extremamente seco durante a estação
chuvosa na Amazônia Central, apresentando o menor índice pluviométrico nos
últimos 50 anos;
d. O impacto da fase oposta do fenômeno El Niño, isto é, o La Niña, não é tão bem
definido, mas é conhecido por causar fortes chuvas na região Sul;
e. As regiões que apresentam os maiores impactos relacionados aos fenômenos El
Niño e La Niña são Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

41
Águas Atmosféricas
6- A floresta Amazônica exerce importante papel na formação de chuvas.
Quanto ao processo de formação de chuvas na Amazônia:

I. A Floresta Amazônica é responsável pelo fornecimento de umidade para a atmos-


fera, mantendo o estoque de umidade necessário para a formação da precipitação;

II. Através da evapotranspiração, a floresta Amazônica mantém a umidade trazida


do Oceano Atlântico em sua atmosfera, estando disponível para a formação de precipi-
tação local, ou para o transporte de umidade para outras regiões;

III. O processo de formação de chuva na floresta amazônica ocorre principalmente a


partir de nuvens com topos relativamente baixos (chamadas de nuvens quentes) e que
contêm gotas muito grandes;

IV. Um dos mecanismos que provocam chuva na Amazônia são as linhas de instabi-
lidade originadas na costa N-NE do litoral do Atlântico;

Estão CORRETAS:

a. As sentenças I, III e IV;


b. As sentenças II e III;
c. As sentenças II, III e IV;
d. As sentenças III e IV
e. Somente a sentença III.

7- Os gases que absorvem a radiação emitida pela terra são chamados de


Gases de Efeito Estufa. Sobre isto, marque a alternativa INCORRETA:

a. Na Terra, o efeito estufa causa uma elevação de 35oC na temperatura da super-


fície, que seria de – 18oC (em media) sem ele;
b. A absorção da radiação acontece em algumas regiões específicas do espectro
eletromagnético conhecidas como Bandas de Absorção. A eficiência de absorção
de radiação pela atmosfera é função da região do espectro eletromagnético;

42
Águas Atmosféricas
c. Na atmosfera existem duas regiões onde a radiação não é absorvida: no visível,
entre 0,3 e 0,7 μm, conhecida como Janela Solar, e entre 8 e 13 μm, no infraver-
melho termal, conhecida como Janela Atmosférica;
d. A janela atmosférica não é tão aberta quanto a janela solar devido a presença da
banda de absorção do ozônio e a um contínuo residual de absorção do vapor d’água;
e. Com as atividades humanas a concentração dos gases do efeito estufa vem
aumentando, assim como a janela atmosférica, através da introdução de novos
gases que possuem bandas de absorção nessa região do espectro eletromagnético.

8- Diversos processos químicos que ocorrem na atmosfera terrestre têm


influência direta no sistema climático, entre eles a interação dos gases com
as nuvens e aerossóis. Sobre esse processo é CORRETO afirmar que:

a. Um aerossol é uma dispersão coloidal de apenas partículas sólidas num meio


gasoso, isto é, um gás que contém uma suspensão de matérias sólidas sob a forma
de partículas muito finas;
b. Os aerossóis têm a propriedade de aumentar o albedo causando um fenômeno
chamado de Escurecimento da Terra, que reduz a temperatura da superfície pela
diminuição da radiação incidente;
c. Quando a concentração de aerossóis é alta, forma-se um grande número de gotas
de tamanho relativamente maiores. Já, quando a concentração de aerossóis é bai-
xa, as gotas formadas são relativamente menores. Sendo assim, nuvens formadas
por gotas menores produzem um albedo maior;
d. Uma grande quantidade de aerossóis na camada limite atmosférica (mais próxi-
mo da superfície) aumenta o albedo e aquece a superfície;
e. Os aerossóis são utilizados em procedimentos médicos, na alimentação, em pro-
dutos de limpeza e higiene, e no setor industrial. No entanto, o seu uso pode cau-
sar danos na atmosfera, como aumentar a camada de ozônio, levando a um pos-
sível resfriamento do clima.

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Águas Atmosféricas
9- O tipo de cobertura define o albedo da superfície, um fator importante
para o clima. Diante disso, podemos afirmar que:

I. Oceanos e corpos d’água possuem um albedo de 10%.

II. Regiões com vegetação densa possuem um albedo de 20 %.

III. Desertos e terras áridas possuem um albedo de 40 %.

IV. Gelo, neve e neblina são os elementos que possuem albedo mais elevado, da
ordem de 70 %.

Estão CORRETAS as sentenças:

a. I e II apenas;
b. I, II e III;
c. II, III e IV;
d. II e IV apenas;
e. I, II e IV.

10- A água é um recurso indispensável para diferentes setores da sociedade,


como agricultura, indústria, produção de energia, transporte, recreação, ali-
mento e disposição de resíduos. Variações na temperatura afetam as caracte-
rísticas das nuvens, a umidade do solo, os regimes de gelo e degelo, a taxa de
evaporação da superfície e de evapotranspiração das plantas. Sendo assim,
sobre os impactos das mudanças climáticas nos recursos hídricos, é INCOR-
RETO afirmar:

a. Deverá ocorrer um aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos


extremos, tais como enchentes, tempestades, furacões e secas.

b. O El Niño, um evento climático que ocorre regularmente a cada 5 a 7 anos,


poderá se tornar mais intenso e frequente, provocando secas severas no norte e
nordeste e chuvas torrenciais no sudeste do Brasil.

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Águas Atmosféricas
11 – Assinale a alternativa INCORRETA sobre o aquecimento global:

a) A concentração de gases CO2 CH4 e N2O na atmosfera aumentou de maneira


drástica nos últimos séculos devido às atividades humanas;
b) O sistema climático possui mecanismos que permitem manter as temperaturas
relativamente estáveis sobre milhares de anos;
c) O ser humano é o único elemento que pode desestabilizar o clima;
d) Os oceanos, por ter alta capacidade de reter o calor, estabilizam o clima;
e) Todas as alternativas estão corretas.

12 – Quais mudanças foram observadas no ultimo século, relacionadas ao


aquecimento global?

a) Aumento do nível do mar, aumento da temperatura dos oceanos, diminuição das
geleiras continentais, aumento das chuvas fortes, aumento das ondas de calor,
aumento dos ciclones tropicais no Atlântico norte, aumento das secas.
b) Aumento do nível do mar, aumento da temperatura dos oceanos, aumento das
geleiras continentais, aumento das chuvas fortes, aumento das ondas de calor,
diminuição dos ciclones tropicais no Atlântico norte, aumento das secas.
c) Aumento do nível do mar, aumento da temperatura dos oceanos, diminuição das
geleiras continentais, aumento das chuvas fortes, aumento das ondas de calor,
aumento dos ciclones tropicais no Atlântico norte, diminuição das secas.
d) Diminuição do nível do mar, diminuição da temperatura dos oceanos, diminuição
das geleiras continentais, diminuição das chuvas fortes, aumento das ondas de
calor, aumento dos ciclones tropicais no Atlântico norte, aumento das secas.
e) Nenhuma das alternativas.

13 – Assinale a alternativa INCORRETA sobre os impactos do aquecimento


global:

a) O regime de chuvas será afetado de maneira diferenciada nas regiões da Terra.


b) A vida aquática será impactada pela diminuição de oxigênio dissolvido.
c) As deferentes projeções de mudanças no regime de chuvas são robustas e
confiáveis.
d) As mudanças nas chuvas terão um impacto considerável se nada for feito para
prevenção ou adaptação.
e) Todas as alternativas estão corretas.

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Águas Atmosféricas
FÓRUM

Como foi visto no texto, a estação chuvosa é característica


para cada região do Brasil, mas apresenta uma certa regu-
laridade ao longo dos anos. O que você tem observado em
relação a isso na região onde mora, no Brasil e no mundo?

Pesquise e descreva sobre os impactos econômicos causa-


dos pelo fenômeno El Niño de 1982.

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Águas Atmosféricas

Fundação
Casimiro
Montenegro
Filho

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Atribuição-NãoComercial-Compartilha
Igual 3.0.Não adaptada.

Equipe EaD
2013

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