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Universidade Federal do Ceará - Campus de Crateús

Disciplina de Climatologia

CÚPULA DO CLIMA

CIDADE DO CABO, ÁFRICA DO SUL

Representantes:

Edimara Torres de Oliveira


Francisco Luanderson da Silva
Hillary Silverio de Azevedo
RELATÓRIO CLIMÁTICO

1. CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA LOCAL

A Cidade do Cabo, localizada na ponta sul da África, é a segunda maior cidade da


África do Sul em termos de população e é uma das cidades mais conhecidas e visitadas do
continente africano. Ela está situada na província do Cabo Ocidental, na extremidade sudoeste
da África do Sul. É cercada pelo Oceano Atlântico a oeste e pelo Oceano Índico a sul. A
cidade é marcada pela presença da Table Mountain, uma montanha icônica que domina a
paisagem e oferece vistas panorâmicas da região.

A população é diversificada e multicultural, refletindo a história complexa e variada


da África do Sul. De acordo com estimativas recentes, a população da cidade está em torno de
4 milhões de habitantes. A cidade atrai migrantes de outras partes da África do Sul e do
continente africano devido às oportunidades de emprego e ao estilo de vida cosmopolita que
oferece.

A economia é diversificada e abrange uma variedade de setores, incluindo turismo,


serviços financeiros, tecnologia da informação, manufatura, pesca e agricultura. Como uma
das principais cidades turísticas da África, o turismo desempenha um papel significativo na
economia, com milhões de visitantes atraídos pelas paisagens deslumbrantes, pela rica história
e cultura, e pela reputação da cidade como um destino cosmopolita.

A população é composta por uma mistura de diferentes grupos étnicos, incluindo


negros africanos, brancos, mestiços e asiáticos. A cidade tem uma rica diversidade cultural,
com influências de diferentes grupos étnicos refletidas na culinária, na música, nas artes e nas
tradições locais. No entanto, a cidade também enfrenta desafios sociais, incluindo
desigualdade econômica, pobreza, acesso desigual à habitação e questões relacionadas à
segregação residencial legada do apartheid.

2. CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA

1.1. Temperatura
A estação morna permanece por 3,6 meses, de 7 de dezembro a 26 de março, com
temperatura máxima média diária acima de 23 °C. O mês mais quente do ano na Cidade do
Cabo é janeiro, com máxima de 24 °C e mínima de 17 °C, em média.

A estação fresca permanece por 3,7 meses, de 27 de maio a 17 de setembro, com


temperatura máxima diária em média abaixo de 18 °C. O mês mais frio na cidade é com a
mínima de 9 °C e máxima de 17 °C, em média.

Gráfico 01 - Temperatura máxima (linha vermelha) e mínima (linha azul) médias, com faixas do 25º ao 75º
e do 10º ao 90º percentil. As linhas finas pontilhadas são as temperaturas médias percebidas
correspondentes

Fonte: WeatherSpark.com

O gráfico 02 abaixo mostra uma caracterização compacta das temperaturas médias


horárias para o ano inteiro. O eixo horizontal indica o dia do ano e o eixo vertical indica a
hora do dia. A cor é a temperatura média para aquele horário naquele dia.
Gráfico 02 - A temperatura horária média, codificada em faixas coloridas. O crepúsculo civil e a noite são
indicados pelas áreas sombreadas

Fonte: WeatherSpark.com

1.2. Nebulosidade

Na Cidade do Cabo, a porcentagem média de céu encoberto por nuvens sofre


significativa variação sazonal ao longo do ano. A época menos encoberta do ano começa por
volta de 24 de novembro e dura 4,2 meses, terminando em torno de 30 de março. O mês
menos encoberto do ano é fevereiro, durante o qual, em média, o céu está sem nuvens, quase
sem nuvens ou parcialmente encoberto 87% do tempo.

A época mais encoberta do ano começa por volta de 30 de março e dura 7,8 meses,
terminando em torno de 24 de novembro. O mês mais encoberto do ano é maio, durante o
qual, em média, o céu está encoberto ou quase encoberto 43% do tempo.
Gráfico 03 - porcentagem de tempo passada em cada faixa de nebulosidade, categorizada pela
porcentagem de céu encoberto por nuvens

Fonte: WeatherSpark.com

1.3. Precipitação

A estação de maior precipitação dura 5,4 meses, de 17 de abril a 29 de setembro, com


probabilidade acima de 16% de que um determinado dia tenha precipitação. O mês com maior
número de dias com precipitação em é junho, com média de 7,7 dias com pelo menos 1
milímetro de precipitação.

A estação seca dura 6,6 meses, de 29 de setembro a 17 de abril. O mês com menor
número de dias com precipitação é fevereiro, com média de 1,4 dia com pelo menos 1
milímetro de precipitação.

Dentre os dias com precipitação, distinguimos entre os que apresentam somente


chuva, somente neve ou uma mistura de ambas. O mês com mais dias de chuva é junho, com
média de 7,7 dias. Com base nessa classificação, a forma de precipitação mais comum ao
longo do ano é de chuva somente, com probabilidade máxima de 27% em 14 de junho.
Gráfico 04 - Porcentagem de dias em que vários tipos de precipitação são observados, exceto por
quantidades desprezíveis: só chuva, só neve e mista (chuva e neve no mesmo dia)

Fonte: WeatherSpark.com

1.4. Umidade

Baseamos o nível de conforto de umidade no ponto de orvalho, pois ele determina se a


transpiração vai evaporar da pele e, consequentemente, esfriar o corpo. Pontos de orvalho
mais baixos provocam uma sensação de mais secura. Pontos de orvalho mais altos provocam
uma sensação de maior umidade. Diferente da temperatura, que em geral varia
significativamente do dia para a noite, o ponto de orvalho tende a mudar mais lentamente.
Assim, enquanto a temperatura pode cair à noite, um dia abafado normalmente é seguido por
uma noite abafada.

A sensação de umidade é medida pela porcentagem do tempo em que o nível de


conforto de umidade é abafado, opressivo ou extremamente úmido, não varia
significativamente ao longo do ano, permanecendo entre 4% e 4% durante o ano inteiro.
Gráfico 05 - A porcentagem de tempo passado nos vários níveis de conforto de umidade, categorizada pelo
ponto de orvalho

Fonte: WeatherSpark.com

1.5. Ventos

A sensação de vento em um determinado local é altamente dependente da topografia


local e de outros fatores. A velocidade e a direção do vento em um instante variam muito mais
do que as médias horárias . A velocidade horária média do vento passa por variações sazonais
significativas ao longo do ano.

A época de mais ventos no ano dura 5,3 meses, de 8 de outubro a 17 de março, com
velocidades médias do vento acima de 19,6 quilômetros por hora. O mês de ventos mais
fortes é janeiro, com 22,0 quilômetros por hora de velocidade média horária do vento.A época
mais calma do ano dura 6,7 meses, de 17 de março a 8 de outubro. O mês de ventos mais
calmos é maio, com 17,3 quilômetros por hora de velocidade média horária do vento.
Gráfico 06 - Velocidade média horária do vento (linha cinza escuro), com faixas do 25º ao 75º e do 10º ao
90º percentil

Fonte: WeatherSpark.com

A direção média horária predominante do vento em Cidade do Cabo varia durante o


ano. O vento mais frequente vem do norte durante 2,9 meses, de 12 de maio a 9 de agosto,
com porcentagem máxima de 35% em 26 de junho. O vento mais frequente vem do oeste
durante 2,6 semanas, de 9 de agosto a 27 de agosto, com porcentagem máxima de 31% em 26
de agosto. O vento mais frequente vem do sul durante 8,5 meses, de 27 de agosto a 12 de
maio, com porcentagem máxima de 65% em 1 de janeiro.

Gráfico 07 - A porcentagem de horas em que o vento tem direção média de cada uma das quatro direções
cardeais de vento, exceto nas horas em que a velocidade média do vento é inferior a 1,6 km/h

Fonte: WeatherSpark.com
3. PROGNÓSTICO CLIMÁTICO

O setor elétrico é responsável por uma fatia significativa das emissões de gases de
efeito estufa na África do Sul, representando 41% do total emitido, enquanto 77% da energia
é gerada com a queima de combustíveis fósseis. Com sua numerosa população, a alta
dependência do carvão faz com que o país seja o 13° maior emissor de carbono no mundo.

Além disso, o país passou por grandes crises de abastecimento de água, devido à seca
extrema nos anos de 2015 a 2017, onde neste último ano foi registrado o inverno mais seco da
história da cidade, devido a um fenômeno que climatologistas locais afirmam só ocorrer a
cada mil anos. A consequência deste desastre climático foi chegar a 2018 com reservatórios
em níveis baixíssimos e, no começo do ano, foi estipulada a data de 16 de abril como o Dia
Zero, ou seja, o dia em que o abastecimento seria completamente cortado. Nos dias atuais,
mesmo superando a seca extrema, a Cidade do Cabo ainda precisa continuar economizando
água para não correr o risco de desabastecimento total.

Sabendo que as mudanças climáticas podem trazer novas ou mais severas


consequências para a Cidade do Cabo, foi possível pode estabelecer diversas metas climáticas
para reduzir os impactos, sendo eles:

● Montar estratégias para aposentar as usinas de carvão antes do fim da vida útil delas,
investindo em fontes de energia limpas e garantindo o apoio às regiões dependentes de
carvão, com destaque especial para a inclusão de mulheres nas novas funções.
● Estabelecer metas específicas de redução de emissões de GEE, visando a diminuição
da pegada de carbono da cidade, através de práticas sustentáveis nos setores de
transporte, indústria e residencial para reduzir as emissões.
● Implementar políticas e incentivos para promover a eficiência energética em edifícios,
incentivando a instalação de tecnologias mais eficientes.
● Implementar medidas de conservação para proteger ecossistemas locais, como as áreas
naturais circundantes.
● Adotar práticas agrícolas sustentáveis e promover a gestão responsável dos recursos
naturais.
● Desenvolver planos de adaptação para lidar com os impactos inevitáveis das mudanças
climáticas, como eventos climáticos extremos, aumento do nível do mar e mudanças
nos padrões de chuva.
● Integrar infraestruturas resilientes ao clima para reduzir a vulnerabilidade da cidade.
● Implementar políticas e práticas de gestão eficientes da água, considerando a escassez
hídrica que afeta a região.
● Explorar, a longo prazo, mais aquíferos no país.
● Implementar novas tecnologias, como a dessalinização, a recuperação de água de
esgotos e a perfuração de poços em aquíferos.
● Incentivar o uso responsável da água na agricultura, indústria e nas residências, além
de desenvolver programas educacionais para aumentar a conscientização sobre as
mudanças climáticas e incentivar práticas sustentáveis.
● Estabelecer parcerias com organizações locais, nacionais e internacionais para
compartilhar conhecimentos e recursos na busca por soluções climáticas.
● Participar ativamente de acordos globais e compromissos voltados para a redução das
mudanças climáticas.

4. DESAFIOS FUTUROS

A Cidade do Cabo enfrenta uma série de desafios relacionados aos recursos hídricos
provenientes das mudanças climáticas, tais como escassez hídrica e aumento das taxas de
evaporação. Assim, com as alterações climáticas ocorreram impactos significativos na
precipitação da cidade, que resultou na condição de seca entre os anos de 2015 e 2018. Nessa
perspectiva, com o aumento das temperaturas ocorre também o aumento das taxas de
evaporação que desencadeia em uma maior perda de águas superficiais, de forma que agrava a
situação em períodos de seca. Além disso, com os problemas relacionados com a ausência de
água, o setor agrícola da cidade é afetado, visto a dependência de água para irrigação, em
razão disso refere-se a um desafio relacionado com a segurança alimentar da população.
Diante disso, torna-se evidente que a gestão de recursos hídricos na cidade do Cabo refere-se
a um desafio para o cumprimento das metas climáticas, dado isso é imprescindível que a
cidade desenvolva estratégias de adaptação e planos de gerenciamento para as águas da
cidade.

A matriz energética da Cidade do Cabo é muito dependente do carvão. Dado isso, um


grande impasse refere-se à transição de sua rede de combustíveis fósseis para fonte de
energias renováveis. Essa transição para energias de baixo carbono representa além de
desenvolvimento, a redução de emissões de gases de efeito estufa. O plano do país está
relacionado a 3 principais pontos: aposentar usinas de carvão antes do fim da vida útil, utilizar
fontes de energias mais limpas como a solar e a eólica e apoiar as regiões que são dependentes
de carvão. Com isso, um desafio para a cidade refere-se à desativação das usinas de carvão
sem abandonar a população residente das áreas, onde é necessário programas para a absorção
de mão-de-obra local. Outro ponto refere-se à possibilidade de “pobreza energética”, no qual
em regiões mais pobres que sofrem com apagões, tendo em vista que as usinas de carvão não
suprem mais a demanda por energia, não são contempladas pelo uso de energias renováveis, o
que resulta em desigualdade do acesso à energia.

Outro impasse da Cidade do Cabo para o cumprimento de metas climáticas se trata do


acesso a recursos financeiros, tendo em vista que investimentos são essenciais para combater
as alterações climáticas e promover o desenvolvimento da cidade. A Cidade do Cabo está
localizada no continente menos poluente do mundo, no entanto, corresponde a uma das
regiões mais propícias aos riscos das mudanças climáticas, em função disso, é necessário que
exista investimentos internacionais para que seja possível o cumprimento de metas de redução
de emissões assim como adaptações aos impactos das mudanças climáticas.

5. PARECER FINAL

A Cidade do Cabo através das suas variáveis climáticas caracteriza-se com clima
mediterrâneo, caracterizado por verões quentes e secos e invernos suaves e chuvosos. Os
verões são quentes, com temperaturas médias máximas em torno de 25 a 27°C, às vezes
ultrapassando 30°C. Os invernos são suaves, com temperaturas médias diurnas de 18 a 20°C.
A sua precipitação média anual varia de cerca de 500 a 1000 mm, com variações dependendo
da localização dentro da cidade.

Já a umidade relativa do ar varia ao longo do ano, com níveis mais altos durante os
meses de inverno devido à precipitação e à influência dos sistemas frontais. Durante o verão,
a umidade pode diminuir, especialmente quando prevalecem os ventos secos do sudeste. Por
fim os ventos da cidade são fortes, especialmente durante os meses de verão. O vento
predominante é o vento do sudeste, que pode trazer alívio do calor no verão, mas também
pode causar danos e afetar atividades ao ar livre.

Os fenômenos climáticos impactam diretamente os recursos hídricos, agricultura e


ecossistemas locais, demandando medidas adaptativas e mitigadoras para garantir a
sustentabilidade ambiental e a resiliência da comunidade, passando a ser uma das principais
metas debatidas durante nossa participação na Cúpula do Clima sediada na cidade de Crateús,
no Brasil.
Além disso, a Cidade do Cabo, se compromete em fazer o desligamento de usinas de
carvão, garantindo a segurança econômica da população, visto que tal feito é crucial para
reduzir as emissões de gases de efeito estufa, contribuindo significativamente para combater
as mudanças climáticas. Ao substituir fontes de energia mais poluentes por alternativas
sustentáveis, a cidade pode mitigar os impactos negativos no clima, melhorar a qualidade do
ar e promover um ambiente mais saudável para os residentes. Além disso, essa transição para
fontes renováveis pode estimular o desenvolvimento econômico sustentável, fortalecendo a
resiliência da cidade diante dos desafios climáticos futuros.

Por fim, torna-se evidente como é necessário a disponibilidade de investimentos


internacionais para que a Cidade do Cabo cumpra suas metas climáticas como também possa
se adaptar aos impactos provenientes. Nesse sentido, é preciso que haja apoio para a transição
energética na cidade, de forma que finalize a dependência de carvão e possa ser utilizadas
outras formas de energias mais limpas, além disso, é necessário que as regiões mais
vulneráveis economicamente sejam apoiadas para que não ocorra a pobreza energética e nem
o desemprego em função da desativação das usinas. Além disso, é de suma importância o
gerenciamento adequado de recursos hídricos na cidade como também investimentos em
tecnologias como dessalinização e reuso de águas com o intuito de mitigar os impactos
sofridos pelas mudanças climáticas.

Crateús, 20 de fevereiro de 2024

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Edimara Torres de Oliveira
Engenheira Ambiental e Sanitarista

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Francisco Luanderson da Silva


Engenheiro Ambiental e Sanitarista
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Hillary Silverio de Azevedo


Engenheira Ambiental e Sanitarista

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