Você está na página 1de 76
! XAVIER CRETTIEZ AS FORMAS DA VIOLENeTA TRADUCAO: LARA CHRISTINA DE MALIMPENSA MARIANA PAQLOZZI SERVULO DA CUNHA. 1g o16nsexd ap easng y 6b 27010 ap easng y 9p o1any ap easng y Gh e1ougyo! e oBsepe ep enpinipul epepljeuctoes Vy 6E svesnynooroos sowstunenap so te eawoudd9 optensny y te eanyod epenyeuBiew y Of PloUg|o!N eu oqUaLIefeBUD 9p steID0s souIsIuWIarap SQ VIONSIOIA V OVSIQW 30 SOSSIOOUd $O“L EZ e1opeyagy eIIUBION 1Z epeypndas exougionn y Oz Proua|oM esesuag LL Jep008 exsupjo4n/eaqy ZL eoIsy erougjom/eayoquus e:UB ZL BI9UQIOMN ep eLBojody, 6 oydnaouNt OlyINNS | L102 9 21864 O85 VIOKOT $3903 9 E2S0ROSU-SE-EL4 NISL 194 ep oveusy -oeenoy ra sve obewesBg is Pe) oP a0 lsren'9 o1nay ode niocens-D oimew o eaing ene o2yeu9 crear ‘Opeling 9 epues onsen og NAOKO vemes-10re-866 NOS! suey “suey -e10g2~ anbenoH ery sm 34 2. VIOLENCIAS SOCIAIS E VIOLENCIA DE ESTADO: AS LOGICAS DA VIOLENCIA NA DEMOCRACIA, ia do Estado como violéncia legal 58 .@.0 monopélia da violencia Fisica legitina 59 da manutengéo da ordem 63 Aggueniae o Estado 67 ia de contestagae politica 71 e movimentos saciais 72 ias interindividuais 82 no ao asselvajamento? 85 3. VIOLENCIAS DE MASSA E DE TERRORIZAGAD: REFLEXOES SOBRE AS VIOLENCIAS EXTREMAS jia dos massacres 90 ra das oportunidades 90 juém se toma carrasco? %3 smo metapolitco ou “terroritar em massa e tortura 111 4, AS METAMORFOSES DA VIOLENCIA > As mudangas na agao 116 As noves guerres 116 A dosestatizagao da vic 120 Tecnologieacdo e transformacao da violéncia 125 ‘As mudangas nas representagoes 128 iia 129 As justificagées mutantes da violéncia 132 A postura vitimaria 134 Os efeitos ula midiatizagao da CONCLUSAO 137 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 141 sanlun so. aussayip 9 “eanejau 9 eIsUajolA v siod ‘se204> ap 09510 10D "PURIOIN 8 41pow We apepinoyp v slodap Waa ezaunaeu 9 9pepijeuy ens wrquiea seus ‘oBol wa ease anb sesnesd sep apep/suaauy aauesqip 2 seu -adv 9 oBN gyeoidoa syed we o1psooua’ win a ens ap eBiuq un anua ‘oprisg win sod epzznpuos euanf & a soauepns annua exy BuIn annua “Bue BUN ap O48 © a OYNSU! WIN aU winiuo> ap ey anb o seSuyjauiassip ease ens 2 e1DuR] -01 ep seuuoy sep apeproyidujnus e aisixe aausUIEL2> Z,004nd5qo onus afoy 9Ie WarauEULad BIouaIOM & SOANE| -a1 seusajqoud 50, =\[066 L][22u2/04 2] sms suorxayy] ppuajoIn » aujos sacxayoy Sens seu [2405 BZIP OBN “eAJssoduut asenb: 2 Stonyaynuap] auaui}D9ey 9 seUeYpUsas sore ap oaun{uo> win ouios #:>uajo1 B.slUyap anbsod auaUeexe ‘oosauesi as-vnsow Bula © “opmsa asap apep{noyip B exanua exIsp, xo wssy “wisunf ap gre ‘oBojo>Isd ap ‘oyosoly ap OP 14 ap ‘oomjod easnusip ap ‘oBojg100s ap waBepioge reznuo udzey ap aqUdUs]ees WeLErso8 seIs!UDI> so anb 0 1n9] BUQION e ‘eDURPEOXe 1od seU|d!>sIpA|NUs PUL>Y “Op. -v510} 9 as anb v susBepioge sep vjasau janppnes 9 eUPSSID -ou eusn 9 waBeiuea y “quaiuanuoou! un 2 waBeaueA ewin SOUNIU OB axjoAUD EIDURIOIN ¥ aiqos OprEYa1 eUUN 10doid ovSngouLNt sraiB. O que parece violencia a um jover burgués e provavelmente nao significaria 0 mesmo para uma vida mais dificil; ou em regides mais habitua- lerra; ou em meios sociais claramente desfavore rigados a suportar um cotidiano repleto de tensio ero. Donde ver dificuldade em medir a violencia em ravto da falta de vivencias semelhantes e de critérios comuns, mesmo em universos préximos (nos Es- tados Unidos fazer passeatas é logo julgado um atentado & ordem, ao passo que na Franga isso ¢ visto como normal). Esse aspecto deve nos recordar que, para existir, a vio- lancia deve ser designada, visto no existir em si mesma, sendo Iruto de um contexto e de uma luta de poder. Mes- Héncias extremas, as mais duras ¢ regularmente wentadas, também provém dessa légica de classifi- rimeiro porque so raras as testemunhas que po- depois porque a classificagao (a io, por exemplo) significa um enorme risco para grupos que se confrontaram (pensemos no “genocidio ar- ménio). Portanto, nem sempre é posstvel objetivar a violén- cia. Como todo fendmeno social, ela resulta de uma luta entre atores que perseguem interesses divergentes € pos- suem recursos diferentes; luta tanto mais terrivel quanto © conccito é incriminador e moralmente condendvel em um mundo pacificado, onde o violento quase sempre est erra ». Desse modo o Estado democratico raramente é “violento”, preferindo alegar sua “legitima forga”, ao passo. que seus oponentes séo mais Facilmente qualificados como, tais. Nao é qualquer um que tem 0 poder de nomear! Uma definigéo corrente da violencia a classifica como um ato de coergio dolorosamente experimentado que visa re alguém ou fazer com que alguém aja contra sua por meio da forca ou da intimidagao” (Le Petit Robert, 1993). Essa definicao é ao mesmo tempo comple- tae insuficiente. Completa ao possibilitar qualificar como individual Como no caso do trabalhador, coagido a trabalhar para subsistir, mas raramente satisfeito com essa obrigagao. Pode-se falar de uma violencia praticada contra ele, com 0 risco de confundir mais ainda a definisao desse fendmeno? Veremos adiante que a abordagem em termos de violén- cias simbdlicas ou estruturais conduz a isso. Essa definicao parece ao mesmo tempo incompleta, pois retém apenas a dimensao objetiva da violéncia. A violéncia nao é somente uma agdo de coergao; é também uma pulsdio que pode ter como finalidade apenas sua expresso, satisfazendo assim violencia toda pressdo social que fere a vontad certa célera, ddio, um sentimento negativo, que buscam se coneretizar. O objetivo nao é constranger, mas exatamente aviltar, destruir ou se construir pela passagem ao ato. En- fim, embora a violéncia implique a encia de um algoze de uma vitima, nem sempre é facil disting 1s claramente. Alguns conflitos — a semelhanga das guerras israelo-palesti- nas — fizeram com que o algoz passasse ao papel de vitima e vice-versa. Aquele que coage pode ser coagido a fazé-lo (do. contrario morrerd), tornando-se por isso mesmo um algoz, vitima de coacao. Para concluir, ressalte-se que, se geral- mente a dor e/ou 0 medo esto associados a violencia, ndo bbastam para defini-la, Assim, ao trombar com um pedestre, posso machucé-lo, mas nao seré um ato de violéncia. Do mesmo modo, 0 atentado a minha integridade fisica nao é violencia se for realizado pelo meu cirurgiao. antes de tudo, a intengao da vontade do outro, geradora de softimento, que deve ser levada em conta para definir a violéncia. Alias, neste livro falaremos principalmente em violéncias, tentando estabelecer uma tipologia que permitira introduzir a delicada questo das violéncias leves ou simbélicas. Em segui- da buscaremos, por meio de uma classificagio dos discursos sobre a violéncia, responder & questiio moral de sua utiliza- do: se a violencia, para muitos, se caracteriza pela exclusdo “Peo fo1u aauousyer0s as-ennsow “(a210x0 as uanb ap owoU tua sojanbe exed are joajsiaul sazan se a) aavaxo as wianb aq -05 svjanbe exed jarsiaut “ersugjoin & siod ‘ansiuar 9 (ang0g vupiunjon Ogpuues, ap OUsiNeDdUL assa ‘naIpinog jas “a1ueuale wapuo ap oupnique sore1e> nas opus -oyuorsap “oiueUIWOp [eD0s Weps0 e eUIDIBa} OWI wareyuE -02a1 sopeulwiop so anbiod — woisy e503 ¥ ofade ap “e189 -OwHap U9 S04B2 'SOSED SOP OBSaDxa WHO — janJssod 9 95 SUN /eusWOp y “CnuaLIDaX|UODSap ap a oruaUITayUODI>P e20ui odnp umn e seSeiB euomury e>OquIIS BUR ‘9] opunBag “or139|0;20s o1uauresuiad nas ap sox in eJap zey anb “[z66L] narpanog aussi wos opepaus Inovued aanbpe eoyoquuis vsuajom ap og5ou y upaoulws odnu3 assop sorquious so enu0> soossaise Aeapeouasop sazan se apod a apepijenxas ens aiudUdAny| 9 | 4aaia 9p slenxassouloy so apadwit anb ‘epepyyenxas -sousioy BU Opepuny opunu Wn Wo epipuedxe ounW a mynd “eiqojowoy ep Ose> 0 ‘ojduraxa sod “9 9553 “sronysia a1uaujeisadsa ‘sexouip eIougjoms ap sagSexsayiuews aoouneey ‘oauoufesnajn> epewma, opuenb opmreiqos ‘soainajoo 9 stenpinipul sofasap sop ogssaidas ap yeananasa ePUyON € ‘jayswul OUaWOUA, “SEDISEG SapepIssaz—u Sens aezyvor ap seossad se apadust anb ogSimysu! ewin ap no [e190 eamanaasa euin ap opde eonpularsis ¥ apuodsa1i0> [es -minnisa epUaloM & “aja weg “OpssaiBe ep a o1uausesuedsa fajuanoid <,eaup euajon, ® essedenyn anb e1su3] ap ov oust ejduse ogSiuyap wun aodoud [po0z] Bune UeYOL Jeamannsa eugjo1 ep wy) ,eaaisod zed, ep anb op seayoquis sieur semuajon ap ‘ourspour op -unu ou ‘opssaiBoud & opuezneyua ‘neonog ap oBKaya1 8 omiowyeored uNoAjonuasap sosupa song -ewNIBS] © anb o>4;2u919 osunosip op 2 ojnopredsa op esn3a1 EP ‘Ia -J51A ouUAUILYOS ap EIDUESNE ep odwar CWSU OF WPAoId, b)opoya efno ‘suswoy Sop oaysisa spews aiduias ajounuoD wn wo opuerynsas “epioajaqeaso 9 eangjo euNjdi9sip exw BUN, [oi -d ‘5261 ‘yneonog] ,sosuadsns soatsuip sop eLUOWOD> puin v stanpuiodnsui sagSesuas sep a2e ewin op nossed oBnse> 0, 229 sejo2s9 ‘sojse ‘opnes op soasod ‘syendsoy Jopeas3 op oSyuas o2ynUa!D Jaques WN 9p se1oIUDIEP S95 -inapsut se sepoa sod wigquuea sew “seusopou svosud sejod ‘auuauengo ‘sopeBaidura ogs anb sewije sep 2 sodio> sop. ajonuos ap a woupyBia ap Soussiueaw & as-essed ‘zoBje ojad auauresipes epznpuos eaygnd eSeid wi ovsiund eq “eunojsuen as adiouysd op sapod op oxssaidxa y [vt °d ‘5261 “3neono4] wwInBumxa as e eSawo> eamund ersay EnsiUs ®,, ‘ujund 2 sof, ap 4oane o e>1jdxa ‘oMNsIUNLN|| O wos ‘Janus souaw Lupiod “e1an9s syeu) ogssaical BUN WHeZ -uoane 2 wood ep sPisiuBuuny Se;suaSixe opSeIapIsuOD Wa ureraj nb e_UZjOIR ap SOUUSIUEDAW ap — {IIAX 01ND9s OP uy ou epenais a2uaweouicasty 9{9 opunBas — osuede e yneano4 fPYDIWY CWO wag OFA 49ND:9S9p agnos WiANTUIN ealsy er0UgjONA/ea}}oqUUS eLDUEIOIA -soauasaylp azueaseq sogssoudxa 12UgIOW, 9p ORSeoYISseID EUISOW e qos ‘reSuad WHOL! -rad auauijeuopsipen anb souuaa slop sousuin3unsip ‘9p -epjsuaaus ens ap a (e211qnd no eons9uHop “eanzajo2 No [EAP ajo ep ogssasdxe ap SeULIO) SeSIONIP Sep WOIY erougiora ep e1Gojody, ‘ereu! pie a “eumeu 9 ogu opuenb ‘opSezqpauioine & ELE -sa0au a BOpesaq}| ‘OUPNUCD oF “9 ¥ja sono wed ‘(CU9I0> ‘ossa2x0 nas od opera} ‘Bored Banb ajanbe ered oW09 “E5109 wa opewnoysuen ‘ayos v anb ajanbe ezed cauer) ogzes ep a a in is S re simbdlicas € a certeza de que“ tal como ela é”, a indamentalmente injusta. Para Bourdieu, 0 Estado » como as instituigées e praticas da ordem dominan- la, universidade, midia, a local ou expresso de uma violéncia simbdlica que tende a mascarsar, em nome do natural, relagdes de dominagao in- visiveis, mas com perigosos efeitos sociais. O trabalho do socidlogo, segundo Pierre Bourdieu, deve ser o de revelar, aos olhos dos dominados, como aos dos que dominam, a realidade dissimulada desses mecanismos de violéncia. SOBRE A NOGAO DE VIOLENCIA SIMBOLICA DE PIERRE BOURDIEU promover uma tonada de consciéncia os demieas, embora alguns possam pensar quo, mais do que “revolador” as violencia ivisiveis, 0 6 antes do tuto um ocdanador de supos: que samente el perce, te logico, dversos escrito de Bourdieu afimnam 0 papel perverso da escola ou da midia no roprodugdo das desigualdadas € na eifusdo dos moce nismas de viclencia simbéica, Ene tanto, alguns autores pudram mostrar que esse mesma escola os socidlogos “dosconstrutvistas” s80 @ prova viva isso) ou midis poder as vezes fore: cor as armas intloctuais necessrias & livetagdo das velagdes de domineréo: assim, os instrunentes da. vicléncia simbdliea tomar coma essa mesma vi so tém consciéncia da vel Por que 05 protagonistas ‘onoptio a vilonciasinbica rwogiiam a uma violécia —legitima", Bourdiew tende 2 confundir ‘que nfo sentem? Exceto se pretender legolade e legitimidade, esquecondo nas. 0 sosidlago ¢ caparde que, ao menos na demacracia 0 Esta- A violencia fisica’ parece, ao contrério, muito mais facil de definir. Ela esta diretamente ligada ao exercicio de uma agressio e imediatamente fundada na sensagao de dor. Mas, se facil defini-la, a plu lade de seus modos de expresso torna a nogéo complexa. Distinguiremos tés abordagens da violéncia. A primeira considera a violéncia como manifestagio “contingente” a ordem social habitual [Eckstein, 2002], que se torna necessaria em razao da disfungao social Poder-se-a também falar em uma violencia passional que serve para exprimir a raiva coletiva ou individual, a frustra~ 40 e a célera passageiras. Essas formas de violéncia so as mais visiveis e mais assustadoras, pois aparentemente da define 0 que & legal quando a so- uma ientidede pessoal ou grupal for ciedade define 0 que € Mais temente estabelesida € assim que as 40 que o Estado ¢ suas instituigdes, € — manifestagdes de heterofohia desprezo ‘mais frequentemente o dominio privado por uma identidade sexual ov racial, ‘que, nos dias de hae, produc violence as -manifestagdes “de superioridade de dominagéo simbélia, mediante 2 (iscurso coloiaista) ou a negacéo do imposigSo de uma ordem éominante de sofmento(caracteritica de qrupos que tipo consumista, Mesmo se as pesquir negam a existénca das cAmaras de gs p,nofimde suacarrira, uilzadas pelos nati puderam se oientar para uma dentneia voléncias euja éimens das ligicas do mercado, a nogéo.devio- deta de ser incivelmente ofensiva, ca permanece frtemente Outro provém da “desestabizagéo das ligada @ "razio de Estado", A critica referBncas”[p. 177. resutante do de- mais forte que pode ser feta 8 nogio berado ataque as crengas, as normas © a desconexae ene violencia e sof. 20s valores qun dao sentio a0 munda mento, assim coma a auséncle de uma dos indviduas.O menasprezo& istia refleo sobre a ligagio ene violencia ov A mem do grupo, a conkontaya simb6licae violencia sca, e referencias antagnica {o materia ‘A cespeito desse tema interessante smo ocidetal en tera mugumanal ou acontibuiggo dePhiippe Braud. Qautor 0 desajuste das referéncias que con de Voléncies poticas [2008] dstingue ria crengas fortemente estabeecidas lo ois tipos de voléncias simbéticas e “beleza do ideal comunista por exer ressalta sous efcitas imediatamente po) sdo vildncios simbbicas divorsas cis. Um provém da “depreciagéo que manifesta a origem de contitas to 6, do ataque e realmente fisicos. sao Sop OBSIPUOD e ‘019/40 nas oduros owsaW OF 9 [P19 2ug)01A 9 eanyjod BI>Ua}01, anBunsip anb © “euoBo2"> ‘oreipaun ap waouaried ‘ouep 9 aiduias wou opert; nas Opuenb owsau “seweH Op sopeiuarE so ‘ouRAa -uoo oy “ea1yjod e1pugioln ep euoBaxe> eu venue aared ou ‘ueBiaq anb assey> op seBajoo anqua ‘sejoose aquaiquie wo viougjo @ no Yayjnu » opueU annua eodsoiu! as anb feonspuiop EDURION B ‘WISSy JED0s NO eDI4yJod opuas Owlo wouajoin en ssuyap sejduis aoaxed ‘sazan sy sso 121908 ersugjom/eanyod esuef01A ‘uaiaa osipaad 9 anb eueauap! e1suajoin ep eaneusoysad Opsuoup & 9 ‘s0se2 sIop SON “eIDUaninasgos ap saQSipuoD sens ap aueuSndas ogSezijeuue eumn ap lu! sod apep rezgns opueiuan ‘suawoy-qns ap oBsip ns ,##/3SuoUIap,, cquenb edoung ep snapnf/so sere cues eAxeuoiiquie anb ‘opsenuasues ap soduse> sop ei “uglo1s ep ose9 0 3 “waDa!9u no we>IpulAia. seja onb apep -puap! & sewinya se se80u Pied syuas apod w9quien eDUD| -014 ‘oupnuio? oy “[s90z ‘suowsaq] snsxo opSeu e sazey ued vppuajo ep opuesn juesagos 9p arueUNUIRY oe un, »249%9 onod 0 ‘inbuejg opunBas ‘oxSiouunsul ep oFseu ~teous owio> epeouieg ep jaded o aezneyua wa oFze Wat suoursag 24g ‘opeasg win ‘onod win ‘onBue8 eun aiBuns soz yj @ ‘apeprouaZowoy ens seSiosou e ‘odmS o seauauipas & Bpeunsap sauaTequiO> a j11in apephuap! Eun ‘apepIAne Wo anboyp op sedo se exed no sooisip2 no sasapueys saze2 jusvaed so eyed ‘soauanbusjap suanof ap sanBue se wed efes UgIO Y “SOSOD!]aq Sop se1 “sluoraiqne sagSiquie se opumnias ‘wepunge e!uajoIA ep vongaay oEdezAN ap sojduraxa sO “wayos v anb sop op p! € aeBou ap opow un ‘oupnuos ov ‘no wreoNiesd ¥ anb sajanbep eanajoo apepruap! e sewye ap o1ou wn ‘opna ap saiue 9 ‘voryjod ogssaidxa ap jeuorsuaauos oFU apepljepous no e1a]99 ap opssaudxs seuade epesop!suo> 9 ou pf eiougion y “eupaauap! opsuaLuip ens ejad assauoqut win eoyjdusy Biougjon ep woSepsoge wajoou0a & “wu “opSeandas ens eurseawe anb eBa9 eiougjorn euin e aLope ap 09511 © ware110> eounu was Jopod ojad sopiAne wo49s ied epejnuissip aquawaauanbay spepijeoipea ewin 9p Wa) -eA a anb (sfe1D0s soauausinow “soxe>!pujs) OBSeISeIUCD ap sodruf sunfje sod epeziian Eougio; & waquiea 3 “leDyod 021%9) © 1ewores ered «openers aiuawieduEuaLoW! OP -epip uin, OyULUe> o2—4 OF sznpuosal ap o seu ‘OBI LIN aejinbiue ap 0 9 ogu onnafgo opeins|e2 ofn> ‘oduraxe sod ‘wopio ep ogSusinuew vp ‘opersy op BDUAIOA eaIUaWENA -q09 8553 “9pr; ‘epeasinbuos sas ® Iau BUN ¥ ePBUIp ‘epejoNUOD eDURION essa uuu ered [z661 “preig] ,[euauinnsul B>URIOK, uso 95-2724 ‘Jeuoissed wsugnyul @ seuade oBu 9 eaiforensa iqeauas 9 eapoyo wHo9 epednooaad aidusas ‘eysyjnoje9 eoiB9] Buin e apuedsa1 anb “eanoj00 oBssasdka ap senino 21]U9 BUOY BUIN ‘oDjyJod EUaIsIS OF 9 OBSE E 23 BIoua|oMn B B1BpISUOD ‘oLNPAUOD oF ‘epuntas v -(eidns 490) 0551 spuade wsefas -u9. seuequn serouajoin se anb seunBosse apod a5 Ogu ‘eimepor ‘syeansg sejseBa.8 seonpad wrefesooua 9 eIsugIoIA ep Oso eoyyjenbsep anb sresou sesresseq Se eioueasip & uguEUL ‘apepmassaiBe © weziuojen anb seanajno soBipo> ap sopiu -nuu ‘sopjn|oxo ap aused ep womjod 9 e>wiquora ovsensny euin ap saiueajnsos “seouzj09 se}DURIO" OWIO> suNBjE 40d sepeano| 19s wesapnd sapepl> sapuess seu seueqin sagen -a|gns se anb 9 wiissy “jesmjn> oRSeaynsnl ap souis|uEIoUs oa se1u0> apod a eana{qo opsensny ewn wo esnodas anbiod aiueuiodui steus epure 9 eISuR|OIN Bssq “OIE OF woBessed ep sazeid sajduis 0 anb op o1uauepury ono was ‘eunres8 epougio!s aruaUreLsa> 9 jeuoIsind BDURIOIA vssop voidnanbue unos y “slp2ipes o1uenb seunuada: oF 9 O1D]21aN9 NAS OU SENUUODSEp ‘seUO!DeI41 OPor ap OBS < a Ww pa (i que a praticam, seu discurso de justificagio e seus efeitos. Muitos fatores tornam a distingao nebulosa, a tal ponto que alguns puderam falar em uma verdadeira “porosidade das fronteiras” [Sommier, 1999, p. 33]. € principalmente © vies moral que fragiliza a oposigao entre “as violéncias”. Qualificar uma violencia como politica ¢ oferecer-Ihe uma justificativa geralmente nobre, uma explicacdo aceitavel. Ela busca ent&o ser ouvida, mesmo que suas profundas motivagdes difiram do que se alegou. Ao contrério, denun- ciar « criminalidade do outro, seu exclusivo desejo de enri- quecimento, seu sadismo gratuito, é negar toda dimenséo politica, para reter do ato apenas um vil interesse. Dizer qual ato violento é politico e qual nao ¢ jé sig- nifica julgar os processos de legitimagao de uma pratica moralmente condenavel. © caso dos conflitos de periferia, lustra essa questo. Se, para nna f ranga ou Gra-Bretanha, alguns autores, eles concernem a uma ago p ta em uma tradisao de revolta diante do poder [Nicolas, 200] e testemunham uma vontade coletiva de se fazer ouvir por um Estado distante [Murchielli, 2006], para ou- ica inseri- tros os alvos da violéncia (carros, creches, lojas) atestam a amnbigio predadora dos agressores, muito distante de te, sob a analise inevitavelmente se dissimulam inter preiagdes mais ou menos tendenciosas, cujos efeitos per- ativos sio importantes. ‘Ao contrério, a violéncia expressamente politica (por que operando no campo politico), da parte de atores, coni pretensées ¢ efeitos politicos, pode se revelar de Fato beni distante dessa categoria. O terrorismo cérsico pro- duz grandes efeitos tanto na politica local como nacional © apresenta uma forte vontade de ruptura com o governo central. Entretanto, a descoberta das légicas da violéncia pécle mostrar que, sob os capuzes e as bombas, &s vezes se escundem motivagdes estritamente materiais ¢ financeiras foi opostas aos discursos ideolégicos [Crettiez, 1999]. Por- tanto, tudo depende dos critérios adotados para definir a violencia politica. Ater-se a ideologia e aos alvos da violén- cia define uma equagao mais tangivel do que deter-se nos possiveis efeitos em ambito politico. Nessa perspectiva, uma violéncia doméstica que despertasse o interesse da midia e resultasse em um projeto de lei sobre a violéncia infligida as mulheres poderia ser qualificada de politica. © historiador americano Charles Tilly mostrou a fra- idade dessa distingao. As violéncias coletivas que ele analisa na Europa em um vasto perfodo (do século XVI 20 século XX) sdio simultaneamente sociais e politicas. A pri- ‘itive collective violence, indo do banditismo as querelas cor- Porativas ou aos confrontos religiosos, fundada em uma base comunitdria e beneficiando-se de momentos comuns de socializagao (estas religiosas, desfiles...), assemelha-se Frequentemente a uma tentativa de interpelacio do poder. ‘© mesmo acontece com relagao A reactionary collective vio- lence, que decorre com frequéncia diretamente da recusa Ison), dos impos- tos estatais ou da contestaciio do prego dos alimentos, Julgado proibitivo. Enfim, a modern collective violence, mais autdnoma e com base associativa, responde diretamente icativo de politica, pois repousa sobre o ativismo sindical e visa a obtengao ou a defesa de direitos conferi- dos pelas autoridades [Tilly, 1979, p. 89-101]. Em todos 08 casos, explica Tilly, 0 recurso violéncia e sua forma dependem da relagao com 0 Estado (ou com a autoridade legitima), que pode transformar violéncias sociais em re- pertorios politicos de aso. Michel Wieviorka propés uma itl tipologia das violencias politicas conforme sua relagéo com a coisa publica. Para ele, “as significag3es que, no passado, situaram a violencia no ni vel politico [...] hoje afastam-se dele, por baixo, privatizando- se, tomando alguma distancia da esfera publica — éa violen- Apr} uioane oayuod,, :opour a1uinBas op saqqo}4 40d opi “1p24 9 ORSsiUIGNs 3p or¥.:MU09 assq “PLY ap sanbexe snas soe ~ ogS2nuo9 od anb op sew Jouran sod — seounuos anap WewWOY Q “ePUBIOIA e seIUD|OIN Bp apeIUOA v a1Gos ujsse esnodas — peasy o — wren] 9853 “sR/O:IU09 opod ‘oon s2pod op ovSaaxe wos ‘wgnBulu anb eam 2 ~upjola essap sesne> sai se Ops eg) a solsyauag ap e2sng Ba voueyuorsap e ‘opepypau y “eSueanas ens seniasaid ‘ered «aseuue 435 ¥ sonpJNpu! So PfesoDUD aaLaWIfanEqaUN 2 95 1un ap ovSeujwop e eupoadd eusor anb ‘suawi0Y so anu »pepjendi v ‘opepauidoud ap oBipo> wou wisyjod was apepo|20s eumn ap apepyjeas & epury anb opna aiqos eum [up © {,au40u & wo #359 os anb ofasap,, ‘4apod ap O8 ap ope ofasap 0 :ezameu ap opeasa oF oud inbseue ap eum ass2 wesyjdxe sagzes S94)“ WIaWHOY 91.09 wewoy o, anb wo ezeimeu ap opeisa ou U9 eid enujuos easy “exon ep eupiunjoa esn2as eu eonyod pun © epury opersg op cJoso|y apuRIB © “oulauord inbe 9 SaqoH SeWIOY) ap oAUAUIESUad O “ININsUO>D 2s OpLISy O anb jeamieu eougiorn ep sezup se aiqos auaweioiuy 3 e1papou0> @ 2 ossaiBoud ov ojn>pasqo “eannunsap aqualujesmaeu ei>ugjo1n Buin ap eonpad 9 yenaDajaaut oeSiof +24 B11 opm ap saiue epuny as apepoioos v anb ap elap! © od wWepsodUu0> o2e:AUOD Op no OBSipE.a Ep ‘oID491U09 Op Joid wa epeipnda, eiougjois ep seaneueu sopues sy epeipndas ersugioin yy ‘2pepluewiny ep auras ou jearinjaur vouajoIN p POUDISD v LURaRO4 prEHID) puBY ap ‘OWISYOqUIS 3p opeBaue> ‘ajanbe no pray punuBis ap oonsjeuerisd JeyJo 0 ‘zuB107 Pesuoy ap seasiBojor sasijpue sy “seUAp “ou sup oauenb searesie sapepaisos sep omer o2uauiep -uny ou e2nyad opepissaoau ewin ‘sundje ered ‘9 aso ep vonspoisere> oulo> Bpesapisuo> 9 eURIOI e ‘sauaU! 1d eanou srew a1usurepmyy 2 e2/Sojozisd srew ean ~sadsiod ewin wo ‘epeano| wou epeuaptio? wal “u1jU3 + ,s2404URS Sop /B0U,, B Op? ap soaue auwudxe e1augjolA e wanb vied ‘SUDsOIN ZIP "ePIA 2 owsaw Is & se}ounuas aauaujendi 9 eaan8 e seIDUNUDY “e -sinbizue 2 easpueus oxuawesued op Bz eumn sod 9 anes Jneg-ueaf sod epipuayap sopeuegy spugjors @ 3 “soaod Sop no ond op Yeossad oesedpuewa ep eanisod jaxpuea ‘ennnmsuod as-seu102 ‘oupuo? oF ‘epod eIDUgION Vv -esonijaq opSeasaytuBuu zanbpenb janyssoduut opueuioa saode| -o1 sens spoyped 2 se7ylqeise wEosng anb suswoY so 239 [290s o19ed op wsBu0 BU pasa ‘Inbe “esUgIOM y “InjorE WALL -oy o jenb eu jasoy ezasnqeu e seIpausos wianap O129uI02 OP sopnuin se no wopsosap Ep sour © “eDUgAIAUOD Ep WHaBLO ‘bu pasa ‘sesoperissu0d £0 no Sies2q}] SO ‘250s 0182109 Op sazopesuad so wied ‘onb epnipndas npupjoi 2 saU2UsyeF>IUI yesaue0 se8n win wangine 24] seayosojy suaB ~epsoge 5941 “winuiod wo eplA e 21q0s sogseoyjdxa sapues® sep auiao ou ¥3sa eIsUgIONA P “eomyJod no jeIPOS ¥Ia EIS erougjoin e wesuag 120s no osnyjod ope>yiuBis nas op ogasanb e jangounxoU! aiueneiop weusor e1UR{O ep sagseanuu sy “o>1H0d Ossi! -o1duio2 ap e2i89} euin ¥ 9s-20do (sore sop owloa waesusin ep) apepriesipes eln> “epaed-|y ep owsuowe op weSeus & ‘ows nas wo no — saueoyenooieu souedsoud wesewior 2 anb seaspueui souayjuarié so wreaseze owo> — euasuad ens wis woquies seu ‘oonyjod op auiao ou seuade ogu ‘ojduze stew ompadsa un eeaniaid Bpua|o1A ep oSnjons y [Zs ‘d S007 ‘Buoinay] ,eoAu[odeiaw eIaUa|ON ¥ 9 — opriBES o ‘souadns o: ‘a.eswe homem ou a essa assembleia, e entrego-Ihe meu di- reito «de me autogovernar, com a condigao de que Ihe en- tregues teu direito e autorizes todas essas agSes do mesmo modo” [Hobbes, 1971, capitulo XVil]. Se outros teéricos ‘do contrato social — como Locke ou Rousseau — se opdem a Hobbes quanto & sua abordagem pessimista do estado de natureza ou quanto as suas conclusdes autoritérias rela tivas a0 poder do Leviata, ndo esto menos conscientes da necessidade de agir pela eliminagao da violéncia, fazendo com que os homens se interessem pelas virtudes da Rept blica (Rousseau) ou prometendo-lhes a busca de seu inte- ressu privado (Locke). Em todos os pensadores do contra- to social ha um “momento hobbesiano” [Raynaud, 1996, p. 349] que funda a politica na oposigao a violéncia.. violencia é igualmente repudiada, nao apenas pelo Estaclo, mas pela légica do interesse bem compreendide da qual o mercado é portador. Montesquieu vé no comér- a via de superacao da violencia: “E geral que, onde ha costumes moderados, ha comércio; € onde hé comércio, ha costumes moderados” [Mon- jeu, 1979, p. 9]. Adam Smith diz exatamente isso a0 quase uma regra ira “sociedade comercial”, a nica apta a enriquecer 08 mais desfavorecidos e a estabelecer, assim, as condigoes da paz para todos. Também Joseph Schumpeter v8 uma igacdo de causalidade entre capitalismo e pacificagio dos costumes, afirmando que a sociedade mercantil no ape- nas recusa em sua racionalidade o custo inttil da guerra, mas ainda fez surgir uma “mentalidade pés-heroica” levaria pouco a pouco & marginalizagao das agdes belico- lo passado (Schumpeter, 1998, p. 176]. Kant igual mente ressalta, em seu Projeto de paz perpétua, © “nonsens deinocratico da guerra que arruina 05 poves ¢ os leva & desconfianca miitua. A violencia em Kane opSe-se & razdo democratica, segundo a qual ninguém tem interesse em apoiar um combate com cujo custo arcaria, € que, ao mes~ ‘Tio tempo, permite fundar a Constituicao, nica capaz de “subjugar as paixdes pessoais” e transformar a submissio do outro em submissao ao Direito. A violencia é repudiada também por seus excessos que ameagam a order tradicional das coisas. Essa é a base do pensamento tradicionalista ilustrado por Edmund Burke. (© pensador contrarrevolucionario, horrorizado com sua época, recusa um mundo fundado na violéncia e no caos, onde, “em meio a massacres e assassinatos [...], fazem-se planos para a boa ordem da sociedade futura”. Avioléncia aqui ¢ renegada porque se opée a ordem tradicional, fun- dada no respeito a transcendéncia e na sujeigao a histéria. “Quando so banidas todas as antigas opiniées e regras da vida [...], jA nd possuimos biissola para nos governar ¢ jamais sabemos claramente para qual porto nos dirigi- mos” [Burke, 1989, p. 87 ¢ 99]. © Estado, 0 mercado € a tradigao so diversos meios para fazer com que a violencia seja controlada e para per- mitir a convivencia. A violéncia libertadora Do culto ao terror virtuoso, conduzido por Robespierre, as tentativas de conceitualizar a descolonizagio, passando pela apologia a guerra como modo de autovalorizagio, versos pensadores puderam encontrar, na violencia, inegi- veis qualidades. Certo esquerdismo dos anos 1960 louva a violéncia, que a seus olhos apresenta incomparaveis virtudes catérticas ou politicas. Ao reforsar a moral do grupo que a pratica, ela no sé permice uma coesio de classe como também torna visiveis os conflitos interclassistas no inte- rior da sociedade. Essa revelagio ocorre a um sé tempo na classe proletéria, que ao agir coma consciéncia de sua forga € de sua unidade, mas também diante do adversario bur- JO1A essa anb woo zey vinyn> y ‘[eg “d ‘S661 ‘prads] aU B 2 Of PaUREW & ‘sorUaWIYOS aYyp-siBiyul e ‘O] ny @ ‘su9q snas ap seidode as ¥ ‘oauawnuasuo2 nes tras sauowyenxas of payan e ‘owuauiesed ures oyjeqesn nes seiojdho e founxoid nas ap wisno e ovssaife ap apepissa> -2U ens Jazgjsnes © opeauaa ‘ougja WI0> ‘9 WaLIoY O,, :3n -21ps0 pnaiy ‘apepyjead ep o1djouud 0 a ofesap op oid}ounid © o11u2 cuoyuos ov exsodsal & su09 anbiod wawoy, 0p tonsyaivese> 9 epuajon y “jenxas opseysires ap e2snq ‘ens sod seSawios & ‘sofesap snas s1ulida4 ap jeID0s apepissa> -2U ¢ opnauigns wauioy oF e>asujnU! ‘eDUZIOIA g a1UEI0d “tr sen] inquae ouepnay oonyjeuroisd ouauesuad O Jonpinjous erougiain y “[vzL ? sb 4 “p2o1 ‘eypsaeIN] ,epepIriay B anijos ojdusaxa sod ‘so1unsul sosano so aqos wio29}eAoud $050 10314 9 soso21J9q soausU! so ‘s1u1A soqunsut so anb ey “luis apepia 2, stod ‘wouioy op apepiaqy ep oxdipuo> © 9 IDURIONA B ‘sojopy sop opmsepdasy ap soane O eaeg ,EPIA ep vvopuei8 @ sepunual 9 euand y seIounuay,, ZeDUBAIA -21g05 ep saQS1puod sep euIn axe EJap Zey JOSOIY O “RUNjE saniqous 2 sooxted se eajexa anb e eano} ‘soumueyisnd Sop visugjoM e opueuapuos ‘anb ‘aypsziaiNy wie aauaUI22 suopina wipquiea as-esuag °s eno ened op soaunsul so e104) Sep opepuroipau esse e pugjon e ‘inby -[zo0z 1D] sonod sop sapod © wiejenas a soueuiny sore so weunigns anb visanB ep a ersuajo1s ep o85isodxa ap ‘seiap Sep esn2a1 ap eiBojoapy euIn 9 ‘oouprs!y oIposida said wits win anb op stew impsuos oussiosey o waquiea yy “> -npiowap essowiosd ep 2 opzes ep oulDs o enU0> sagxied 8 9 EIDURJON ¥ 041M © NOLWASse ajap and “y puany ISSA LOA -ofo [9105 “tia vAoU Bun seli0s Wapod ‘oreuo.a sed « 103 sanboyp so ‘sourip09 soauo4juod so autos CLep -n) onpyapar op saeu> opepoucruodss ‘eu ‘sesseu sop Supuopnjons: apepioueiuodss eu eSueyuo eu esnodss nb apmne no euuznop,, “ueqoy 3n0g OusOIP op OFSyuYf9p ¥ opunDS Z “seqyeas anap ouprado ,oussjaueauodsa o anb eonegad eun sews ‘eweiBoid win 9 oBU 2190s ogSnjonai e “[9661 ‘Ie40S] prougyorn » augos sooxayfoy Sep 401nv O w1eg “apap EUKo:de as ‘opouied opeuiuiiezep wa ‘anb jasog saB1035 Wa no eIs!9 -s2y oauauuesuad ou “eonyjod eua9 ep oulasnxe ossno Ou 33 -uasoid piss wiaquied e!>UgIOIA ep B>!UEIED OBSUNS BSS *[2002 92212] oned op zon ep ogssaidxa wirapep -ron ‘owssiuBuiny wn oWloD OperaIdsaIU 7 101593 © "PALES aiduias 9 e108 wiag © e108 anb ©, asnf ules ap PUNNPUL e tens sazey oe opSdoau0> en ap a8uo] ownu Pisa OBU >921Z foneys “[Ly “d ‘5007 ‘vouy u/] owsteWnY nas ap ogssazdxe ‘ap opS1puod “e12ugIONN wp OsN O OSs) WO? opuefe!ooUI ap anb 0 as eajane 2s wawoy-qns 9 ougizdo o,, anb sana “so 08 eslo> Ewsow v zip anes “[5 “d ‘L961 ‘uouRs esed o1gjead,, ‘onues] ,s9d snas ap eiuejd e gos jeuc!peU ojos lun auas ‘an exowd efad ‘a2uanraaugos 0 foun) w9UIOy WN 3 ouowi wowroy wn wreasa1 :opiuitido usn 9 sossasdo wn od waa ousaw ov as-auiuidns ‘operinsas ojdnp win as-eSueoje ‘nadouna win opuerew,,, enes2s0 a1n1es ‘oragjaid ou ‘sere! ap 183 oudoud ojed wewoy eusor as anb ‘opeziuojo> op ogSeuiaqy| 3p o1uauunasu! © eDuajolA Ep zey 94427 Bp sopeU ogssaido ep cxagy ‘opunus onou o elins anb wo 1978 e1ed olpssa00u rau win sazan se 9 eaugiuodsa ovu a epenpowioid BIDUR|O1N ‘spxsyueUs sonno sunBje Bed °,ePEY>re} op eIDEDOWEP,, euin ap soSen so qos epeynwed “,eosajeiayod eanpenp, ‘euin ap 0 “02601 Oujapepuan, nas sesisoU ¥ op/Beo> ‘sanB imanente seja dominada, mas, ao mesmo tempo, 0 con- role deve ser tdo grande que engendra continuas proibi- goes dificilmente toleraveis, causas de tormento. Apenas © superego, produtor de um sentimento de culpa, pode impedir 0 ego fruidor de se exprimir totalmente em seus excessos de violéncia, Por outro lado, Freud fala em uma pulsaio de morte, dominante em cada individuo, que leva a autodestruigdo, Para evitar isso, a violéncia j no se di- rige para si mesma, mas para o exterior, principalmente a servico da funcao sexual, Para Laborit ou Lorenz, 0 instin- co de agresso animal, presente no homem, relaciona-se menos & agressividade predadora (0 ataque) ou defensiva (quando a fuga é impossivel), mas fortemente a agressivi- dade competitiva (a defesa de um territério, por exemplo) [Liborit, 1983]. A violencia seria uma realidade endége- na ao comportamento humano, que, assim, marca seu pertencimento ao mundo animal. Segundo alguns, esse trinémio — humanidade-animalidade-violéncia — seria também uma questo de cromossomos. Do mesmo modo que o aumento de horménios masculinos torna os animals agressivos, cromossomos Y em excesso levariam 0 homem a adotar comportamentos agressivos. Esse tipo de explicagao naturalista néo é novo. A psicos- sociologia de um Gustave Le Bon no inicio da Ill Repablica falava das massas como um “perigoso poder irresistivel”, wovidas pela violéncia inerente a todo coletivo. Para Le Bun, “os instintos de ferocidade destrutiva sio os residuos das eras pi de nds” [Le Bon, 1988, p. 29]. A violéncia revoluciona- «= sobretudo quando é conduzida pelo pov — seria ajvenas a expressao nova dos instintos de sempre. Na mes- ma época, o doutor Lombroso (O Homem Criminoso, 1876) tornou-se conhecido ao estabelecer uma relacdo entre a itivas adormecidos no interior de cada umn jonomia dos individuos e suas reagées violentas. Have- 1 tragos, inogénicos, perceptiveis & observasdo, que seriam herdados. Essa constatagao duvidosa, mas apoia- da em um discurso cientifico, cria no fim do século XIX a identificagao policial encarregada de ir no encalgo dos “estigmas da degeneragao criminosa”, que muito frequen- temente coincidiam com as feigées da pobreza! Com René Girard [1980], a violencia torna-se funda dora da ordem social. Impde-se como uma necessidade as sociedades, quaisquer que sejam. A violéncia de todos contra todos, inevitavel enquanto 0 homem for homem, deve ser substicuida pela violencia de todos contra um $6, fazendo de um bode expiatério 0 polo de estabilidade da tima expiats- ria torna-se um ato inaugural e sagrado que instaura a so- ciabilidade e permite conter a “rivalidade mimética” entre ‘0s homens, inevitavelmente destrutiva. Este livro divide-se em quatro capitulos. © capitulo | busca compreender as determinantes — individuais e co- letivas — da adesao a violéncia, enfatizando especialmente uma dupla abordagem sociolégica e psicossociolégica. O capitulo Il apresenta os trés principais tipos de violénci praticados na democracia: a violéncia do Estado, a violén- cia de contestacao dos poderes insti interindividuais, nitidamente mais sox 0 capitulo idos e as violéncias trata das violéncias extremas, cujo espeté- culo terrificante geralmente constitui um freio ao esforo de anilise. Essa sociologia dos massacres acompanha-se de uma reflexdo sobre as violéncias de terror préprias aos grandes totalitarismos ou a um certo terrorismo contem- poraneo. Por fim, 0 ultimo capitulo debruga-se sobre as transformacées de umia violencia simultaneamente menos controlada pelos atores politicos e sempre mais midiatica, que necessita de novas formas de justificativas. AN alee nate ‘A questao poderia muito simplesmente ser colocad’ do sexuinte modo: por que ¢ como alguém se tora violen- to? O estudo dos mecanismos de adestio a violéncia ndo € usual, e isso por dois motivos principais. Primeiro porque a questo do “porqué” raramente € colocada pelos socié- loyos ou cientistas politicos, que deixam de bom grado aos logos a preocupagao de responder a essa pergunta © ferem pensar o “como”. O ingresso na violéncia faz in- tervir miltiplos saberes e varios modelos de reflexio que representam diversas escolas de pensamento, geralmente tagénicas. Depois, interpretar a racionalidade do enga- jamento na violéncia significa adotar uma abordagern indi- vidual e coletiva. Interessar-nos-emos pelas determinantes ivas do ingresso em uma “carreira” de violéncia, mas ser inevitavel um questionamento sobre a racionalida- de individual da adesao. Articular essas duas abordagens sem amalgamé-las ou opé-las nao é facil. Uma repousa na ia de que a violéncia geralmente € 0 resultado de um determinismo exterior & vontade individual; a outra sugere que, mais do que um condicionamento, a violéncia é uma escolha, responde a uma légica de lucro ou de prazer. Os determinismos sociais de engajamento na violéncia Ninguém nasce violento, torna-se. © ingresso na violén- menos do que uma escolha, depende antes de tudo de ui contexto em que prevalecem, segundo os analistas, vé- s estimulos. © primeiro é politico e consiste em enfatizar Ita de reconhecimento ou de acesso ao poder por parte du: certos grupos, que empregam a violéncia a fim de obter sse acesso a um Estado distante ou a um reconhecimento, to deficiente. Em uma perspectiva mais marxista, a vio- ia € antes de tudo considerada como a resposta a uma iagdo de alienagao econdmica que frequentemente gera frustragao e célera. Enfim, outros insistem principalmente nos determinismos socioculturais que encorajam a violén- cia, propondo modelos explicativos para ela ou tornando- a natural no interior do espago piblico, como € 0 caso em paises onde sobrevém duradouros conflitos, que se torna- ram estruturantes das relacdes intercomunitérias. A marginalidade politica Essa interpretacio da violéncia coletiva — que estabelece uma ligagdo entre radicalismo dos meios de ago e condi- do dos grupos no espaso politico ~ emerge nos Estados Unidos em um contesto factual € te6rico particular. His- toricamente, os anos 1960 — os da guerra do Vietn’, dos movimentos estudantis e do movimento negro dos direitos civis — constituem uma viragem na andlise dos fenémenos de violencia. Os socidlogos vem com surpresa grupos relati- vamente privilegiados (burguesia negra das grandes cidades, estudiantes das universidades ricas) contestar com viruléncia um poder politico que parece surdo as reivindicagées. a mesma coisa ocorre na Europa, onde as manifestagées, do s6 estudantis, mas também feministas ou regionalistas, envolvem nao 0s excluidos da sociedade, os marginalizados, mas grupos relativamente privilegiados, que contestam vio- lentamente para obter reconhecimento ou acesso aos cen- tros de decis6es politicas. A constatagao é surpreendente. A ruptura associa-se & condigao privilegiada dos grupos con- cestatérios, divergindo de uma abordagem mais classica que tune violéncia e miséria social [Lapeyronnie, 1988]. Assim, a violéncia existe mesmo entre aqueles que objetivamente nio tém nada a ver com os condenados da terra. Mai protesto rompe com 0 que inda,.o istia até entdo pelo radicalis- mo dos meios postos em ado e —,0 que nfio deixa de es- tar ligado a isso — com os objetivos da contesta¢io, menos nd sanaassut as ap jeuoles oxnus ous wn, epeiopisuos joy eunsajeg eu epeynuy © owo> ‘[zg J “6Z6L 11 | ste20] sasapod sop no peas op ogSuare y ossaze MIU, OPOU WN OWOD BIsIA Jas apod sagSeaa|qns sof» eamiajoo opse ep ea] euin ura anasosut as Basa “(j12) nui osinsay, win asaueusiad eepor anb) e1sugjoun apeprypadsa sanbyenb opuearafay “apepyiquiuas 9 orsn> agde anb jeuosses auaureauasa ojnoqp> wn sode epeijeae 3 opdezyian efno “apod ov ossaoe ap sounno owo> ofaut in y wpuajon ¥ ewiBipesed asso owuosuod “(2261 ‘PIEZ 2 Ayney 22 494 ‘osinsas ap o¥sou ep oafadsa1 e) soutja Se U109 O[NDW)A © BpUTE No vIpsU y Os5998 O ‘opepauOIOU 8 fonoyuip 0 oauenb oauer ovse ap ,ossnau, sojduis w3 lojsuea “eDua|OM ep jeuOes auoWEUIIIX® OFS euin ejmsod sosinz04 sop opSeziiqgow ep euoD 8 ‘4apod ap ogSuango ep no on: 3d oxuauiayuozas op eosnq ead sopenne oes somyuos so anb ap o1d;ouud op opunieg “o2ny0d sapod ov sope8y somyuo> sojad auaus -e1exy essazoiut as anb “[zg0z ‘naxan\] sossmau sop opsozy 1q0u op pufiposed opeunuouap o1>910104 Wag esinbsad ered win noi eomjeue waBepioge essg 7 “JueUUAg 28 ajnay|ts} WIT soUAL OBSNIOS ® sadased 1d euprersa1u09 e1sUa|OM e anb ouPIpNOD o janyriodns seu103 sazan se a ovSeisaau0> ap ofasap opor asap. usa oP ‘ose 0 awW0JU0> “wiped onissaudau s2u9W du: 9110) 9 oupayionne aiBaz wn ap wSuasaad e anb wesensow InSnus opunus ou ogSerss1u0> & a1G0s sopmso sO, ‘eIau9/01n 9 Opersg ap oda anus aiUars\suo> apepyesnED 2p ouSejo euin Jaddjaqexse opesy duos aoared “ewepos (oBsts-oj8ue ose) eanig oBSeasa1uo> euin eueA_SNS Ogu 2 sowun|n saase eUBanas0 ‘sIEID0s saioIe SO WiOD OLSEDOSSE win op aiusuiedre.ns9 euapuadap eIoeoy eln> ‘orey oper +59 tun ‘ouenuo> oy “seayqnd seomyjod se ae >uanyuy no opSuare Jago wed eiugjoMn & 9 sopew a1uaweruanbasuo> {2 eupssaoau 9 euunjn esap eanoso e sousus ‘(sgouey ose>) IND apepa|sos ep operedes euswer1o} 2 opeZtEsALaD ‘2 ~10y 9 opeisg win stew cauenb ‘enb azaBins jenb e ‘epijon -ussep las aped [1g6L ‘wnequig] ,ope3s3 op e>\8o,, Ewin ap asai iy “wWeIUOYUOD as Soaua|O¥A SO [eNb 0 WOD sepod ap od 0 ‘opzes wos ‘aruaujenidy wezneyud sei0ane 50.11 -Lezer ‘weyrseqo] -uvBio apeppedes ep uipquura seu ‘ipod op o1uawepuer -sIp op opeainsa1 oulo> eprsuad aauaurejdap 9 esugjoN & ‘uussy (239 Br.UgjO1A ep sreUCISsyo1d WoD oBSERI ap ogsipen ‘jeananiaso 9pepisuafowoy) oxsaod ap sodniB sop eusaqu! samansa e 9 (en29]09 OBSe ep apepisuadul e 2 ‘pu1103 © vquayi0 anb) sopod 9p so.aus9 sop erauprsip e a3uau -ouE3nulls sez\{E204 BAap SOUOTEISIOD sOIUDUINOW Sop ‘opmass o ‘o1ueniog “e[-pinsaxe io sai0xe sop opSisodsip ep auozep wipquiea ep SeV\ “P1DU2IOIA ap javju o eulULoap anb conyjod euinsis ov oBu no 05590" ap apepizedeo B ‘oauetiod ap apepaisos @ e219 e) eisijeoveu aruaUEUIsD uma estratégia vitimaria e de propor um modo de ago imadora que permitia derrubar, em beneficio da jovern 40, a hierarquia palestina dominada até entao pelos s quadros do Fatah [Bucaille, 1998}. A tustragao econdmica (Os miseraveis so 0 poder da terra”, declarava Saint Just, apdstolo da “Violéncia virtuosa”, que fazia da pobreza tor da transformacao revolucionaria. Essa ideia bem ntar de que a miséria constitui 0 esteio da violencia macse realmente com a Revolugao Francesa ¢ inspira Marx[Arendt, 1967]. Os pensadores da Revolugao atribuem sto social — isto é, & pobreza ~ um papel essencial AVIOLENCIANA CORSEGA —explicagéo, baseade principalmente COMO RECURSO DE em uma lute pelo poder politico local 7 i i 2, 1999 e 2006; Briquet a7). en eons Notadementepouzo lea,» vilénia aw ncia na COcsoga 6 vrdivional: ra na itha se caracterza por um retada segundo a gra- continuo uso de explosives, atentados jos lutas do indopondéncia, ostensivos, mas pouco sangrentos & smo modo que 08 atentades por uma encenagéo habilmente condy- isto, na Argélia de 1980 ou ida {entrevista coletvas de impren 1, @ violba- sa clandestinas), Pavece que se esté ja_uma vortade force do longa de wma “quorra” com a Franga ja da ia, Pressupbe-se, sobretudo, que @ vol ‘anos. que coe acesso atentadas i eno recusado aos tadas _alores nacionalistas. Na verdade, aca- tam uma aproximagao jvorsas exporiacias his a andlise da 18 singulaidede do sistema polt- nna Corsega permite propor outa ca todo aquele que nao pertence a es- no desencadeamento da violencia. A glorificagao dépobre, em Robespierre, como a dentincia do interesse egoista em Rousseau levam a considerar a violéncia uma consequéncia natural da miséria. Em Marx, a exploracao explica a pobre- za, mas cria as condigées indispenséveis & revolugio prole- tiria, contanto que 0 povo chegue consciéncia de classe. A desigualdade econdmica 6, portanto, 0 cerne do conflito na perspectiva marxista; no apenas a miséria é caracteris- tica de uma violencia burguesa, mas € subsequentemente a condigo do emprego de uma violencia necessdria. Como escreveu Hannah Arendt, “uma vez estabelecida uma rela- so realmente existente entre a violéncia e a necessidade, no havia motivos para nao conceber a violencia em termos de necessidade e compreender a opressio como sendo cau- sada por fatores econémicos” [Arendr, 1967, p. 90]. ses creules. No infcia dos anos 1970, legiadas ca o Estada fo mais amea- ‘quando 0s clés comegam 2 ser con- gadar ebtém 0 silogo) © a donunciar ‘a0 mesmo tempo a testados,véros grupos nacionalistas, {que usam um reisto muito ideokgico pouco conhecido na Cérsega ivalizam putlicamente com os eleitos insulares ders repeasententes do povo cétsi- ‘quanta @ seu do co"L Assim, a violencia tomna-se no local, Diente das manipulagdes elei- apenas meio do avesso e de perma: ‘oreis que tornam impossfvel 0 acesso _nénia no poder, mas treiém modo da legal as unas e aderindo 3 moda da atialr una clienelaeleitoal seducida wantestagéa regionalista na Europa, pela postura combativa dos “clandes- los tinos”. Expeiente politico de primeira cia politica moderads que atiai pare ordem, ela se canfunde, assim, com 0 les 9 atengdo da mia e, 20 mesmo uso imoderado da miia ou do contole tempo, de wm Estado que até entdo dos empregas publicas para obter ou have comprado a paz civil 00 prego relargar prépris pose no inte ica. Essa l6gica da vie- das estruwwras do porter tert longe de ser uma violencia de ruptura com o Estado, 0 “terrismo corsca 6 principalmente ume violBneia de in- ‘lus8o no poder local, goralmente em conformidade cx o Estado, 19 B3sap eUEUNIOA OBSeUILULIOSIP Up OBZE: Wa EPIL -yap aquaurese}> ovseindod ewin we euajd eusioy ap enze 4 ogSenSNy ap OuDLUQUAY o OpueNb a2ide nas ORE Bure erouaion y ‘[Z6z “d ‘9002 ‘zomerd] (equeT us ou srourei ‘Je8auag ou sasaoueweseo) opSezuodned eiiqns 2 aqua vsa.9 ap no (Pipuy BU sasWaxe> ‘49IS|7) OU SOD19r>) oyjeqen ap opeo.au ou opSezieuiBrew ap sousuiguay aquaureraip eueisa e:suajom Bind Soong No syeUO! sodni ap sojduraxa so reoyjdnjnu jaajssod eas apep -17891 EN “TOLL “d ‘0007 ‘uinD] seanuquo.9 sagSeUHDSIp urenyos sopepmse ¢/z wa sooiunp sodniB 1/1 “9661 SOUR Sop sopeaus ura ‘enb opep asazodiy ens sepiyea azared op -untus ou sos1uag Somyuos sop opmase O “eoAYJod BDURION wa eana[o> ogSe e weunoysueA anb eUg|ON ep (uN ap waBenBuy eu“ 9 ,seaneuuoU,) seoujdusa nop seanwoynsn{ sep opsuaup v9 eiouguodus © ons ‘epinBas ug “seamajo2 seIsUg|OIN WHO Je2jnsad wap b sopue.8 souaws no seu sapSeaisnyy ap wiaBli0 eu eau pel aI Y “somos SOP BHOTEU ep Us 9 sagSeuiwiuasip se auawjerradsa ezneyua snd, epunyoide a5 seanersacka sep sagdeqvau 2 sagsendse ‘1nus yeuareyip o anb epipaui e eiuauine eiouajoIn y “sewn udse svssap opSaysnes f sodnif sop seanajoo sagSeurdse se anua opSeBy eu jeasa und ‘LOZ6L] gee wapy Ayn eagO asqaIp> ens EN, jon @ sapuaaiduto> esed ogSensny ep ojapouL o eu10r D Pal, oues}/9UWe OBo/9/90s © "ZeDYA > [angunp o1ode. inbytay>]Oq Sow azaiaj0 Sapepi> sepuRiB sep seuyrrad 19s se onary was sesoucdure> sesseul sessp ops \V “Stanpie seauoa se open] ossooe wn sod epesonosd 099 BUgSILA B WOD soperuo{UOD ovs aUaWepides ‘ouniny o8 o1uenb sosoSuesadsa ‘anb ogpinesosaiiuas ap ov5 emis ta sossna sasouoduse> sosianip ap opsexiaqy ep oped -{Ns9# 0 wssna oBSnjonad & wrapssuod sane ‘[LZ6L ‘sanea] 10 eu seat od ea ‘ogSems ens ap ejuaise janpiojoqu! 2 jeanuq e WOD as-wea -uoyuod ‘o1uausi2s0.9 ap opoyiod opeBuojoud win sode ‘onb s12190s sodnu sop ‘seuniBa) sepesapisuc> ‘senneradxo se epeuoreja: ovSeysiresut ejad somuajoin 2/no soueuoranjon -31 souUI9Ua So EDydxo saineq SaUef ap asi{eUe e553 eugjoin x ‘o1ueniod '9 e19]99 & znpuo? oRSEsHES ap epugsne e anb wa “ennjuyap 2 janganp exoujauu zLun ap eAre ssadsiad g oursau 051 40d opuena| ‘auaEnRejad exOUjaUt suawioy sop og5!pu09 e anbied opmaigos sew “eupsiu ep epugnbasuos Wa oruer 7 Ogu “P>Ua|ON BY as ‘asifpUE eUIA|D wy “P:2UQ]O1A Bp 4o20U OWIOD ORSENSNY B aiqos BOIBo|0!30s ‘ogxayas euun e21ssns oxopesed assq "eSuRi4 eu epIAap S05 puod Seu BsOY|aU 2199 BLuN PY OpuENb 211030 OBSN|OADY 1 ‘pie oup.qUOD oy “eoNPUIBIP SIU BPS! ap Opoyed op slodap soue wipxoigos o2]nbupuow opoyisd 0 eiie2u2 anb BIDUZIOIA ap as0j v anb BrEISUOD oPSnjorry p 2 suey OBrUYy © ap soane © “es9oUB1y OBSnIonoy e a1qos a[aNboO] 2p sagsnjouo> sreuiBizo se a2uweunsiode epioz24 u9g ‘e12U9] -oW 2 eupsin anus jedodwiea esned Ewin opunposuy “(g61 “4 ‘9002 ‘uas] ,o2usureauaquoasep o aauoweSie] £2 -vauye epeu war Ogu anb so 2 opna wa anb so azaua epiaip 9s opun oanb ap erapry,, :8!2ua]o1 ap sagsojdxa seunsje loo as-euorseja4 — eperouania apepijeza ens anb op zanjea 1p e9p! e anb apepuen sas ap exiap OBU Sey “naDayuOD eYt! e anb seuiye> sreus ser0dg Sep RUIN WOD MIPIDUIOD epUe|s| BU awiO, jaja e ‘OpoL! oursaw 0g “smue3u8 weia seo|gUOse sapepjendisap se opuenb » sousaxa & eaeSayp auuioy @ opuenb g1e eIjoN91 ap wsUgEnE [pI0a & BYeISUOD UDg “eDUBIUI Ens OpUEPIOIy “(561-4 ‘9002 ‘uas] ,teasar0ad axe no Je8liq no sean eed epeseduiesop oun 9 epioanbeyus ounus pawisa wiley unzel.o,, euin anb Jozip ov obzed Waa UES BMaeWy OURIpUL yoso}y O "e>!Bojols0s asi|pue ejad opesyti9n s2uauED/TeU -23515 opis EyUai OBL BiOquia “WINWOD-sN] WN as-nOWOa woluiguoss ovSeulMiop 9 esuRION anus OBSeBy wssg seul — eo1uiguora eSisnf Bi Ges Noe sute i moccasin A frustragao econémic&’pode se unir a uma frustragio de outra natureza (politica ou social, por exemplo). Foi © que aconteceu no Ulster ou na Palestina, onde a pau- prrizagao econémica dos catélicos ou dos palestinos foi acompanhada por uma inexpressividade politica e simbé- ‘© que provocou, no fim dos anos 1960, em Dublin, ou a0 cabo dos acordos abortados de Oslo na Palestina, um tal nivel de frustragao que ele desembocou numa explosio terrorista de grande amplitude. Todavia, para Gurr, a frus- tragdo econdmica permanece, surpreendemente, sempre mais significativa que as outras, transformando a discrimi- ago econémica em varidvel dominance da anilise. Essa acteristica fez dele o defensor de uma abordagem psi- cossocial da violencia [Neveu, 2002], ainda que seu mode- lo va além, levando em conta os mecanismos de justifica- av € @ base organizacional dos atores em conflito. Uma linha da sociologia da delinquéncia apresenta uma constatagao bastante semelhante no que concerne GURR DISTINGUE TRES im, 2 frustagio relative mania TIPOS DE FRUSTRACAO za ul spare ots RELATIVA centese as cealares decescem possiveliustrar esse panto abando ‘As aspiragdes podem aumentar 20 nando una ligica de frustragaa econd paso quo as ealzagéas permanecem mica, plo exemple do deservoiimen estaveis, € 0 caso, por exempl, das 1 exponencial da violencia do ETA no soviedades pds-sovgtcas que, fwres momento da entrada na democracia, cearuniso, esperam uma cépida AS expectaivas poliicas dos jovens ra de vas condigées de vida sem basoos radicai eram antao grandos © ia alcangé-a. Assim, adiserepan- tanto mis legtimas por se percabe- nde conduair &frustagéo, em como atria verdadeira oposiglo aspragoes parlom ser estavels 90 ditadura franquist. Nao apenas suas paso que as ealizagSes decrescem. fo expectativas ndo se concretizaram fn cas da sociedades camponesas do An- dependancia e socialism), mas are je com expetatvas ests, a pidamentefstradas quando uma tentes" wansformou-se na mj caheta ou elovados impostos provo- de “terrorstas, mais estigratizade, 0 ‘cam uma icra em seunive de vida, que perpetuou a represséo. as violéncias sociais urbanas. “O significativo aumento da delinquéncia juvenil a partir do fim dos anos 1950 esta diretamente ligado 0 ciclo econémico de crescimento que permitiu 0 advento da sociedade de consumo”, con- clui um dos socidlogos mais representativos dessa corren- te [Mucchielli, 2001, p. 92]. Aqui também, a violéncia é apresentada como resultado de uma légica de frustragao alimentada por uma sociedade do prazer consumista & qual as populagdes mais desfavorecidas nao tém acesso. O inicio de um periodo de desemprego em massa, associa~ do & “guetizacio” das populagdes mais pobres, tudo isso sob 0 império das imposigées do mercado, naturalmente desembocaria em fendmenos redundantes de violéncia, Além das explicagdes em termos de “delinquéncia and- mica” relacionada & crise da adolescéncia [Chamboredon, 19711], de politizagao dos descontentamentos ou de crim nalizago dos modos de vida, para alguns socidlogos cr ticos so antes de tudo as desigualdades, apontadas por dados econémicos, que engendram a frustrago e, conse- quentemente, a violencia. Os determinismos socioculturais Se as causas politicas ou econémicas da violéncia sio geralmente as mais apontadas, convém nao subestimar a importancia do ambiente cultural que, mais ainda, ofere- ce aos violentos um quadro de legitimagao de seus atos que pode as vezes chegar a tornar totalmente natural o exercicio da violencia. Os determinismos socioculturais da violencia so de trés ordens: — 0 primeiro equivale a pensar o meio em sentido am- plo, af incluindo a geografia. A violéncia que perdura no Afeganistio ou no Paquistdo encontra do que se nutrir essa regio montanhosa que oferece simultaneamente pele 104 “epynansur apeptioane @ no “efou8} e essuoduse> ‘psugipago ap ogSipea v apuo ‘epueny & opSejau wa sepea -uaysns 195 weuapod seep! sewsauu sy -[991 “d “£002 “ul -2tu94]] esse ap sore so2Ud]0MN ‘seasISseID No seISHeUOIDEU wapio ap seaneyed gos “ejnuunsa apod ajay> oF eIDUaIpego 2p 2 apepuoane ¥ oBssi4uqns ap ozSipen e senb sou sasred “— unjouag sanboef exjessai auuosuo> — oxdef ou no vlog -ure> ou azaquoDe OUL0D ‘eoipes B!oUa|oIn BUN ap oBa:dusa © ae} nunse apod ‘sonod sun8je wa ‘anb e1sugipaqo ap ov5 -1pen ep ose2 0 3 sopeBaye sas wapod sreamyjno seu01¥ son -no "1900204492002 ‘aIHe9NG] soma) soimurerioduios ejnwnse “ens eu suarof anua op5s 05 eLUn B Bplun Youana o5edsa oF opSeBajas e553 “([000Z “gyponi] emugnbuyjap & exeaBe anb jeruared ouopuege ap eiadkins Bun ‘sgouey ose ou ‘seiuadsasoe apod as Ossi e) DOsap SaaUadsajope So ena y wayadul! anb sepeiol4ea wuorengey sagsipuos sod 2 yeuo}seindod apepisuap in sod sepejnuiasa ‘sanBueB ap seupBo.8 seid9y sep loduit & seajessas as-apod ‘(ojduraxa sod ‘sounsajed $0) So}ots sozin0 wa Owo> sasa2uey soiqungns sou ‘opou osso1y “['s €z1 “d ‘9661 ‘Yanepury] openbapeut ou “pear oSedso wn tod epejnuinse opaua are ‘erougnbuyjap 11009 ein] ap eagnd oeSedn20aid x ‘sansepad ap seja4 -essed sep ‘sooygnd sosueq sop opSeuruja & ‘sanbsoq sop ogssaidns e ‘souaqe sapian sobedsa ap oxSuede & ueuoey nunbie sunBje “wissy “sepezioud wea eSueinBes ap pa se anb epipaui ¢ sagSeanus sepunyoud sod nossed eSue1y eu euEqN einanInbue e “sosomjaq sojdusaxe sassap ugly “esuamut a enupUOD epURjO!A Buin ‘anbex| ou afoy a ‘ouRAr1 Ou NO BY_B1Y eu eIONNO OWOD ‘4nIUHad apgd ‘01 Ke] Wa sepru sep a sp sagseindod sep ogsaroid & qos squeisefsap exanB Buin ezuoine anb “euegin apepisuap & 109 opnuas Wy “[900z ‘ouostou0G)] sopeoy)>ed jean pod win ap ovsisoduiy & wexnoyip anb suaseyur op no ssiuzpp sagiisodo a eyusanS ewin e sorjdoud souasi0a ano /asaquessap ic le] faz] fez||| lee] Be] fez] eeglleg AL i a N\ t oe) |REEEEE| || (sze] EET LH uy Py] | oe) Fe aEe : Bet | |282| [332 a ELUe| be |e" blige hela BEl]/|3 2 ee] |" gee aF é EbE z|leelige|ieg a3 lls l[ezl[ee TEE FEUTE (PE Ee el g|] a] & EVEY) EE al] * s A File] el] & 2]) |e ag eg : ¥ ell eye tle alle ||ae o;yod eougjois g PANa|oD PIDUA|OIA ep cing pa 9p opiuinsai ojpow O < 6 a Necanes A x S = Nel pura explicar 0 genocidio de 1994. De modo mais geral, igo também pode funcionar como um poderoso vetor da violéncia. O mundo contemporaneo alimenta-se de conflitos religiosos cuja selvageria s6 se iguala & supos- piedade de seus autores. As religides sao, com muita fiequéncia, eficazes prescritoras de identidades exclusivas que rejeitam o outro e sua crenga, tida como indigna ou como ameaga a pureza das préprias crengas. O comba- te ao americano no Iraque ou 20 paquistanés na india é movide nao apenas pelo desejo de resisténcia ao invasor estrangeiro, porém, mais ainda, pelo “justo” combate contra o fmpio, Assim, a violéncia torna-se ndo apenas um direito, mas também um dever em nome de uma crenga perialista [Crettiez, 2006, p. 116]; — 9 exemplo da religiéo nos leva a refletir sobre ou- tra relagao entre violéncia e determinismos socioculeurais. A violéncia pode, com efeito, ser estimulada ao se erigir como elemento central do rej 2001, p. 221) € certamente identificavel no passado indo a pratica da violéncia mostrava a classe social Mas atualmente ainda € possivel identificar subculturas dv valorizagao da violencia, como elemento favoravel de autorrepresentacao. O universo skinhead, por exemplo, ou © das gangues delinquentes da periferia, as vezes associa a violencia a uma ética valorizadora de comportamento, lou-se em socializacao cultural por meio da qual a vio- lencia € compreendida como um construto, uma apren- dizagem que valoriza os que a praticam e a comunidade ira. Assim, o sindicalismo rural ou vinicola prosperou ance muito tempo com base no estimulo as manifesta- goes violentas que constitufam marca de reconhecimento € valorizagao de uma profissdo — antes que as exigencias cia época invertessem a tendéncia [Duclos, 1998]. Esse es- quema reaparece no interior dos nacionalismos"armados na Europa. No Pais Basco, no Ulster ou na Cérsega desen- volveu-se uma verdadeira cultura violenta que instituiu os grupos clandestinos como modelo de virtude para diversas populacdes. O rack radical ou a cangao polifénica, como 5 vezes 0 ensino do idioma local ou as pinturas murais, no deixam de glorificar o uso da violéncia para o bem da comunidade. Os relatos de heroismo transmitidos no universo fam re repetidos no espaco puiblico no interior dos bares em que se torce pelo grupo armado implantam no imaginério comunitério a necessidade de uma violén- cia vireuosa. Sao igualmente a ostentagao e as manifesta- $0es fisicas da comunidade que permitem mostrar a todos — tanto amigos como inimigos —a mensagem da violencia comunitaria, frequentemente reativada pela prépria osten- tagdo. A violencia é aqui estimulada culturalmente, quan- do nio é afirmada como apenas um aparato ancestral de povos pre os ditames dos Estados mais poderosos. — enfim, pode-se falar de uma verdadeira absorcio ¢ ivos” e “desconfiados” que recusam desde sem- destruicao do espaco puiblico pela violencia quando, como acontece nas zonas de conflito prolongado, ela se tornou parte da cultura comum. As violéncias nacionalistas ofere- cem um surpreendente exemplo desse fenémeno. Assim, na irlanda do Norte ou na india, a violencia sectaria (catdlicos contra protestantes ou hindus contra muculmanos) conti- nua a pressionar totalmente 0 espaso social, chegando a determinar escothas imas tais como os nomes das fa~ jas ou os casamentos. No Ulster, apenas 15% dos casa- mentos s4o mistos e a escolha do nome dado & crianga ou das suas atividades esportivas é fortemente condi pela comunidade a que pertence [Féron, 2003]. Na india, 0 partido nacionalista hindu vigia os sindicatos suscetiveis de ameagar a segregaso comunitéria e no hesita em usar a forca para romper noivados entre um hindu e uma mucul- jonada ag s9)0a60 "seo o1uowesnl welos exoqua ‘ooyieo Soun|e 9p 34g ap souaw wa oIp9 yn s0 2SapepRLap! soo4Rs poyanueD sep sEGg. som op sepeGauecus @ BUEILMN su) ajaULIMNLEd Ags BiOpesHnsad fens op soInese wo sepew ware! ejed sopewvENs| soveuwnw so ‘sepervauydaue 085 SeSuetD -oypO ep apsenyenes essa pjewaLe 0p ogtolas e 9 opteGiaiBas on) seocsa eumsis 0 eas sso "wis ‘ens ep ‘Bane EpIUnOO Bune awenUeLEd —o eel anbo}SY gd e wamysuCD asus 2weaop oda op 91 “apeplunua eno @opSe— we say pow owsew On {6eé] ole pro saquestred sacoue'SesUA;O GD is mulGew! yop p sewersay —seeyo seuoysHy Se553 [aE “Cl (8p %69 2p sovaw wonssod op opSdaned psa S042: paviewew Sop %OG 9 seu -oyssojuog ogy eiuouesyon 9 Seay [enpwipur oBs!D9p ewin ap operinsos o w9quiea 9 e1DURION Bu ossaully 0 ‘saauenioduiy urefos soanajo> sousiunuo.ap .Soprsed, so tu0quig “anbyjdxa se anb vsne> Ewin seuade 4 aiuoweses “e1ougjom ap soda so wrelas anb sanbstendy Piaua| WA @ OBSApe ep |enpiipul apepljeuoioel y -[1661 ‘39qnq] ouasp oF oFSeje1 wa apep fireu e109 euin «,anBuel,, ep ovdeze1s0s ep 01199 © go ‘Jeinaeu owos wre!>uaqy anb sajanbe sod auanbuy oeSipuos ep ogsuaaidwosu! ep 2 osianuad ojnd4)> ozes ua axuausoauanbay 9 “exajduso> og? as-ensout buyjp ep epjes ® ag “RIDURIOK wp oPSEpI|OSUOD ap du je anb one punt OU oRSsasu! Buin aqposd atuaueruanbay “509 {BoBeusap suor ap seayqnd se: aiuer osu win “ussse ‘a osadsasap win eaUat jod sod epewsue eod9 ua ‘apepyeuBreur ep eanyjn> y “owSi9sul ap sowuon wa sosioniad so31gje stenpoud pre ‘sauore sossop 1efenduy) 08 9 sodioo soe tuaiape somqey snas 9p BIDUDIOIN B 2 EPI ap soudpuos sens ap ezopna y “epnauaan{,puio9 op s0zey ‘ogssmusuen e opuiuuod ‘opoptnuica —‘rorslensopogrerweeyHo}01A,ooMLIA, ‘op owas 0 ebwjas wd Saran se ens exagquA ORY TeIsIN OU EIsHeA] 8 wsweANs, sands sea LOYsens ap ewveysyo1d epepUNoD luple ered epsequoo 9 esugnoduy eno seule west anb se ‘sqnd sop ojdwara oopueND isze| 6p <0} -sei01d sop exugnbay e opueyessoy snguOWSopafeosenInepeUpIESOE} —_eyoase eave Gnd B’sereassed Se euelio eu avauyjenti2Isu) U0. -2YON OP epLEY CU sesoaIoq sogsLES ‘egies apeptunuon @ogt\sodo sp SB aRIRUDLO} Wey fe Jemedied 2 soqvelsajad sop sopod seayeid saa “wissy ssi 09 ‘ap ogtesuas e sebiojas oculayousaw 09 eam eu sane sens wa and oes oe aywiad ereassed e “epepunwoo e rire ewojan ep ni] esse wag ORNS ‘200 wa s29]09 oy “saghezonatd sian! noqsoW UOwRY 3813 erOpesIMEsaC y 18 own sats sod sopesapisuea oes & sony} somteg wessarene ond eg “coal -seoSere6 py sopeny sezan se. asin ON WIONgTOIAa vENLIND ap 2.198 ap Sopour so sejapour waa anb erua[O!A apepljeU «sB1eu ep op5:nquiuo> euin epor 9 ‘Oxas 0 u109 a OESNpAs 2 woo opsejas ejad no seausuinsan sejad a jenasa8 ojad op -uvssed ‘20a ep aaquin oF senaj sens ap “eaisnu eq [2007 Fpauureyoyy 2 121y92RW] B!DURIOMA ep S049 O19 essasdxo ‘seougioduiaiuod ,SeU9259,, Se 972 QS6L SOUR Sou ,sesaU seianbel,, sop opSdruut » apsep ‘sonBueB sep ousuigtiay O weonesd v anb sonpyipur sop ouripiio> ou 9s-opueasnaa -u ‘jeameu off we seuuossuen as apod wpquied eIDUaIOIN + ‘seonge> sunt sagSenais wa 2 sou ap eusKosd sre janpurusaqu! aoaied ean ep eisuguadxa e siod ‘apep jexey ep eEwisud © qos epinn sazan seamnuut “epin ap Spout sop #19|dw0> ogSeamannsaai Buin nosox0ad anb 0 “(se>1u92 -aunbie no seansjue se sepjnjout ye) stepos seonpad sep 02 -unfu0> 0 owlo> wisse “Zes19n4009 ap SopoUur so ‘oESOUIO20} ap “epinap sogey so aruauiazi0) nouluuarap ‘sasyed sassap vaupgioduiauos Bugsy ep aried as-1eus0r oF “epUaIO!A e “equgysayD eu no sounsajed sougsia sou oWO> ‘oURgST ON “opsioauos ap a opssaidxa ap jeanveu pow win eURIOIN ep ze anb ‘ouauiguay assa wos sesedap as aauaujendt wap -od e8u0] exanB euin wo soperioytiod sasyed so "euELE Ss o a rs & Ss ON pag a; i aN Se responde a expectativas pessoais. Estas podem ser de tres ordens: a busca do beneficio proveniente da violéncia; o prazer queo ato brutal e muitas vezesilicito pode engendrar; mento da autoestima proporcionado pelo ato violento 4s vezes pode se assemelhar a um ato corajoso. A busca de luero A violéncia é lucrativa para os que a praticam. Essa constatago tornou-se, no decorrer dos anos, um dos lu- 5 comuns mais difundidos sobre a questo das vio- nncias, quer elas sejam sociais ou politicas, quer estejam das & delinquéncia comum ou & guerra ci essa constatasao nao poderia ser questionada com relagdo a certos tipos de violencia. E 0 caso dos ladrées que assaltam ou arrombam, cuja principal motivacao resi- de evidentemente no aumento de sua riqueza. Trata-se de uina violencia de predagaio pura que ndo pode ser justifi- cada de outro modo. Todavia, seria essa constatagao sem- pre verificada quando se pensa nas guerras ou nas outras formas de delinquéncia comum? Toda uma perspec pesquisa concentrada na racionalidade da adesao 0 afi Assim, no que concerne a delinquéncia, diversos auto- res recusam estabelecer uma ligacao entre miséria, pobreza e violencia, relacionando, ao contritio, © crescimento do desvio com 0 enriquecimento das sociedades. Desse modo, uin economista liberal como Gary Becker associa o crime a estrutura de oportunidades, ligada ao mesmo tempo a eza de uma sociedade capaz de colocar & disposigio diversos bens ¢ & diminuig&o do risco de sang&o. O crimi uso j4 ndo é considerado vitima de um sistema injusto responsdvel por seus atos delituosos, mas um ator racio- nal capaz de calcular © custo/beneficio de sua adesio a0 E claro ade crime. Como ressalta Hugues Lagrange, 0 crime torna-se “uma atividade como outra qualquer” no interior de uma sociedade rica que cria naturalmente uma oferta desvian- te [Lagrange, 2003]. As pesquisas de Sebastien Roché vio na mesma direcao. Em estudo sobre a delinquéncia auto- proctamada, 0 pesquisador mostra a dimensao ao mesmo tempo interessada e calculada da delinquéncia. Apresen- tando uma estatistica precisa dos atos delituosos, Roché conclui pela racionalidade dessa prética: “Esses resultados podem ser examinados a luz da nosao de esforgo ou da re- lagio custo/beneficio. Porque, tanto no caso dos furtos de colheita como no das degradacées simples, 0 esforso para realizar a ado € minimo. Poder-se-ia dizer que a agio nio implica custo algum. Sé traz beneficio ao autor” [Roché, 2000, p. 41]. Ele insiste igualmente no aspecto interesseiro (no sentido material do termo) envolvido nessa delingu- éncia comum, & medida que a idade aumenta. Assim, se ‘0s atos de delinquéncia aparentemente gratuitos (como as degradagées 0 vandalismo) sao significativos entre os adolescentes, 0 atos que implicam um ganho econémi- co (roubo, trafico, arrombamento) sao nitidamente mais frequentes quando 0 autor vai atingindo a idade adulta. Essa ligagdo entre a violencia criminosa e o interesse eco- nomico péde igualmente desenvolver-se para denunciar a influencia do mercado das drogas em cidades nevralgicas. Avioléncia sera entdo considerada ora como consequéncia direta da atividade mafiosa, ora como resultado de uma estratégia de intimidagao das Forgas da ordem, a fim de assegurara viabilidade do “biznes”. Essa interpretagao foi severamente criticada pelos pesquisadores franceses que trabalham com o tema, os quais Ihe censuram ao mesmo tempo a criminalizagéo da violéncia urbana, cujo caréter ico & as vezes gritante, € a corroboracao de um sim- plismo ilégico (em que a violéncia, mais do que a tranqui idade, estaria apta a afastar dos bairros as forgas da or sre wproid — (opsnqune 9 24] anb opauas o oBU > ore op sazeid 0 ¥1U09 9s) BIDUgIOIA ep ByBAZOUIOd No — eDURIOIA bp wonigas wssg -uesere ap sazead op juugay easnq e 2 seu Baews suarof ap anBue8 eun ap eunyess eugio! e onUD o|nounn orra.nse 0 “Poqupz=u ofuc1l7 we “wag ornUs NoAsoUL splugn Aajueas “epuglols 2 sozead selposse usaoared anb yo]UUOY Sop “eainre. eDURION ep ‘soapys Sop ~ sreuorodaaxe aauaurzijaj ‘oaueiua ou ‘2 “es -Buo}estas BUIAL!D ojad sopea|exe OF) — sojduiaxa sou es tad as sauewaauaping Ugjorn ep OBaidiua 0 eanous and [enpipur sazed 0 opetsosse sas sazaa sp apod o19n] Ov, Jozeid ap eosng y seuue wesn anb 12 ered exouieo ap no oBasduio ap sapepiumiodo 20 -249j0 wipquiea Ban ap euil[> 0 seus ‘sealreson| seDUaION aajuiiad Euan’ y “eURIOIA ep RaReuaN| a BSOUILNLD aIUD -Pilnso OBSUAWIP eS59 BiSOIe OIPPWY BIG OU No BBO eoIyy BU om1yu0D ap sodwe> sou siequapiso seasifeusol ap no Soupaiuewny saauaie ap sonsanbas ap oun op ‘sour: sowyyp sassau ‘owuauine © (eIuayroy> ep exons smu o1su9x9 Op seazesa1y sunSje ered ‘epepmiqesues S93 1s) opeisg oF sope8y sazoze ap no (opunyy os192.01, Boa ura easanB ep sasoyues) sopenud saioze ap arsed ‘o1on| op essauioid vjad aauawjeuasse sepeanou! [01A sanuensoduut ap sojduraxa so wepunge “epesnu9 1as eisod seuian8 seBjue a seaou anua opSunsip essa e10q -wa {zp “d “€00z YapunW) ,sezan8 serou sep oanalqo ouaprpian 0 9 yenuas oxadse win as-ureseusoa [are#sa4 ap epug8ixo e ‘ooypan o “wadeytid e] euan8 ep sresorej0> s0g5v 1sajlueUH OUOD sepetAp|suo> souaLE No steUI seongd se anb 9 jeronuo eSuasayip e sey [--] wisse 10) asdwias ond 2B19[40 95-9pod,, “apjunyy pary9}4 SuU0jUOD “sepuas sens 2 saqseindod se augos olujuop 0 seyJduse oduraa owsau 089 ontie{qo jediouud ofn9 exsan8 ep ssioyuas ap oEsape ex1ssns 9 euides 9p BIDUZIOIA ap PULLOY Ss9 FINUIRISE OLS! -nwio2 op epanb @ wresapsons anb sepeisuadap seyjiond Sep no oveueUad:0W Op or1aAoud Ws so2)ssH|> SOIIDI9Ka sop onsa1 ‘onSepaid ap no wiaBeyjid ap sexian8 wieiop sop aured apuru8 ewin aauowjenae wanansu0D anb siap sewan8 se sepueaidwios vied aaueuodus o2usu aejnaaied 9 owadse asso ‘121J0> Ned No 4opyEy eV opunBag “wisno anb op siew epues euan8 e ‘ewins usg 402 -go sued opu zed e anb steuareus sosunzai ‘exon ep o1atu sod “aquouseoy}oadsa eosng anb seul ‘epeuue ovse © aeueuy 9p apepssazau ep aauawes!un warcid ogy anb wioupjorn {[900z ‘@uoeW 2 jepsog] (1uauBUassad ap 2 zapae 9p) soupiayi® pun praiB ap w>uglo eun ap 95-e]2) ‘ejonso wssap soqueaussaidas srediouid sop ougjngz70n 0 sewlore1 vieg ‘sosoo\jaq sauore so Bun}UP anb euraoueLty OBS -Panow b ‘ses109 se.anO annua “euas oBSEZIEIOdIG EP Wy © apsap oiusurepue wie seaou sep seuond seSaue se eli -inunsip anb © "vDugjOM ep eo1ugUOD® apepIIqeIua4 ep osad 0 ‘soulauan8 sopow sop ogSeuuojsueA B 21q0s Oper -uauind0p ouorejas wn ap oj dod “weseseasap wipquiea sealanB senou sep sosugaa So ‘jeuoipeuuaqU! Bus UN, ‘05s wa.asuoWap OBU OOZ ap SOIILJUO> Sop OBISeDC 40d soniiqnd suaq ap sagSepaidap sasuasas se woquia ‘(suano! ied sougaunuos sonuas ‘soiseuld ap o¥Snaysuo2) ourIp -n09 op eUOUjauH e Uy 10d opuar ‘s!E0} sazapod sop o¥5e| -adliaaul ap sian Sole owo2 seuo}sury wepod saosenaigns se ‘inbe epuly ‘siquodsip sre20} sosunzea soses sop o1ure -op 09 Je1ed oanalgo ofn> [9007 “3epeanes] ,oueusar8 jeudeo,, wn saiore soua> wa znpoid e1u9jo1 eaugnburjap e anb apepion 3 “(9002 PNW $900 ‘s4y20y] (eweP acd N Em eo co 7 lentemente do cinema ou das célebres historias do marqués de Sade ou do cavaleiro de Rais, para os quais a satisfagao sexual se acompanhava de uma violéncia extre- ma. Todavia, 0 que Wolfgang Sofsky escreve para qualifi- car os crimes de Gilles de Rais ecoa ~ em uma escala total- mente diversa — em nosso universo: “A paixao da violencia nav € um frenesi que faria perder a consciéncia, nem um desses arrebatamentos que transportam © homem para outro lugar, onde ele ndo sabe mais quem é. Nesse caso ele salve muito bem 0 que faz. Ela é uma paixao deste mundo, uma ardente excitagao, que toma o corpo, aalmaea cons- da existéncia” [Sofsky, 1998, p. 53]. Sem duvida ¢ uma seducdo da violéncia que proporciona prazer a quem a pratica. Se a psicandlise pode exp! do que a pulsdo de vida (Eros) excepcionalmente pode se associar & pulsdo de morte (Thanatos) ao invés de reprim la, a busca do prazer também é analisavel pelo socidlogo. 0 que fez Jack Katz ao empregar a nocao de “sedugao do Em seu estudo empirico sobre os conflitos urbanos de novembro de 2005, 0 socislogo grenoblense Sebastian Roché insiste na mesma linha sobre o “ffisson da subleva- mostran- proporcionado aos jovens encapuzados quando das noites agitadas. Se ele se recusa a considerar apenas a ra- cionalidade financeira como causa das revoltas, em com- pensacdo ressalta a racionalidade de prazer que motiva diversos participantes: “Os jovens delinquentes buscar nas suas atividades 0 maximo de prazer em um tempo minimo: extraem delas dinheiro, excita¢ao, autoestima e, as drogas, sensages” [Roché, 2006, p. 128]. O pra- diversificado e proporcionalmente mais intenso que 0 cor insosso cotidiano de muito jovens delinquentes. Assim, a violéncia de um dia permite reencantar um universo fami liar bastante insfpido. Ha certamente o frisson do proibido, que caminha junto com o sentimento de desafiar a auto- ridade, 0 que explica 0 prazer de todo manifestante em provocar Violentamente um cordao policial; hé também o prazer sensorial da aco, igualmente experimentado pelas forgas da ordem encarregadas de lutar contra ad quen- cia, que apreciam a “adrenalina” proporcionada pelos es- timulos da rua; o barulho, a agitacao, a excitacao, o medo ajudam intensamente a transformar o proibide em festa; finalmente, hé 0 sentimento de poder proporcionado pela violencia de massa, ainda mais fortemente vivenciado pelo fato de a ordem dominante tradicionalmente se opor aos jovens insurretos. Essa busca de prazer est igualmente presente no coti- diano da guerra ou nos conflitos mais significativos. Sofsky fala da “alegria selvagern da desinibicao ilimitada” [Sofsky, 1998, p. 156], espécie de prazer na transgressao da morte. Assim, 0 campo de batalha permite flertar com a morte sem se submeter a ela, assegurando ao sobrevivente um prazer total: “O pavor de ter visto a morte se desenlaga em satisfagao por nao sermos nds mesmos os mortos", explica ias Canetti em Massa e poder ([1986, p. 241]. Mas o prazer 6 também mais trivial e se exprime sob sua forma sexuada nos casos de estupros de guerra, crescentes nos conflitos contemporaneos, na Bésnia, em Darfur ou em Ruanda Os testemunhos provindos deste ultimo pals relacionam muito claramente o desejo pelas mulheres tutsis ~ de re- putacdo perversa no imagit hucu — com as recorren- tes violéncias sexuais por ocasido do genocidio [Gueniver, 2001, p. 121-115]. A busca de prestigio A violéncia tem sua origem também na busca de me- thora de condi¢o ou prestigio da pessoa ou do grupo. Esse aspecto € fundamental para compreender a adesaio a violencias graves e perigosas por uma ampla faixa da po- jad onuatyjeyssedas-e0yjdxo ‘jeuo|ssyoud eannsadsiad enim wos no sopezijeuByew sausw/e98 ‘so21s199 seasijeuo!>eU SOUPA 9p ,ePEUMLE Pan}, BU O2UBWIAJOAL © “SUNLIOD stossod eyed puinsoane ap woueneye BUN ‘JenpMIpU! eIsIA ‘9 wequiea viougion y “[eo0z “@guz4e7) 2 lop oupupa.oy oBiuur jediouud op a1ueip oseone>, op simod sop oiBjasaid 0 opueuuye ‘eormead © anb odnuB 2y vrsnqo4 e eAsuOWap “Wisse ‘e>snq ouadsasap op n e583 “SeuRIpno> sagseaud sep 9 erouep ep Fd 1y & aeBandxa ap aperuon & as-e ‘osoxepod stew wag ossna o1pugxa win ap aiueip sopesadsasap saseonueD sore tod soue sowpyn sassau janpsuodsas “eueysoy) eu owsieuopeu-owie|si Q “eouariad as anb e odnu® op ew 2 ogdezuojen e opuniunad “eanajo> ewinssoane ep OUEAL|E JanJLUa OWOD EUOPDUTY B/DURIOIA e ‘opow assoq PUP UUNUIOD ORSNPD ap 2 oauaunayuora4 ap apepissa -2U Y ZBjSNeS SOY BDURION & “Jedipe: OLUSNpUNY Op sa4o1e wauior as sepezaidsap 9 sepez ujBseus saoSeindod sesso anb intuued oy “ewinsaoine ap wosng essa eu09 WH wAd] aquoweno> ‘seupwjnSnuinue sesuerew 9p sopeBoue>u9 “(stonpsoau) sease> sexreq sep sopuinoad sopussiow op snpuny seasyjeuoireu soped ogseayan ¥ ‘oxxa1u0> osno wa -Iz8 -d ‘Zo0z “onteang] ye1s0s ouaussa4u0I01 onou wun ozead ound v a2a,aJ0 sayy anb a1uaxequio> ap eamsod ein wa sopezsiojen a sazopod sop sasoandoyaius azuaureU “ennoadsiad uias suanof ered 905 Oesua2se ap { eusn a1qos nao.exe epeysiu| epunBes & anb oxsene ¥ Wag NonsoU! ajeang enMae] “apepiuNUCD EWN ap no odn.i! win ap Bond opSeumuosip ap no -eujfl us ap souswouay a1uaujedioupad seu ‘speHomiaa no 4099 sdorsanb esNe OUIOD Wad OBU SIEMIE SOMO jorew & “[o00Z “ND wi] yAPH eIEQIPG 24ND PAL, suHu9}1109 ‘onb sreur epuly “eso10 saz9A seaIUL OBSEIAd sop 1 ‘ze vqusou so soupy 2 ag 27:00 “9 21s -sarze “oss anb op stew epeu ‘Sope1q ‘nb sojvap no sea1s00soysnyu09 Woo souyes equauyesag 230} 9p ese wand cued seangwerp ops sbiug ssson, YF -tnossip aly any ap epee re cod wn ‘ons euBy sop oxquau un 100 opuajsap ejeUeG ep ajo wn ap ea @0}s01 0 opus owsaul opr) 9 sone sopuay ap our o and ees sas 9g onnOo JeuIUOP, seu IND ‘ogy ongalga 9 “opeysuy pres opU Seu seyuede apod opyo ou e129 wy) Soues snuea 9 sowetnya gs soueting open + uaos isa ab onro wn wesuedso ‘gu seiea 79g “2uetarg waisxe “ens euessed ab ,n0x eoeie ogu uebiooy up, -e6uauy epecuonnbe awn wapen -uySajuapuadp, so opuenb eseidns ‘op Sopesaro.d 06 wegen wepag Te -ad ohne psoas so anpas eed (pivdy ay) awowererd sepenqu0s 123 wapod sobuq sewnBjy “opeoyp0o aqueous 2 opmipay 9 tenses, ossaMUn Q Ye “yey ep o4S OU SopeBjnap Wates eed opouyy ops sajequno sunbye @ sevopeaioy enon ove sod ,seza01, ‘evszap oun 9p sediayued apod ome ‘aunpvedepul, wy) “woBeie2 agi 2 ecuB ne anepayepios ich ewn senysuawp save oe sue sop 106 so3ued ‘oufojnog op epeaueninbe eu ureueg-1eg sued 0 Jeode :exmeu ‘oefajas, ap ossacod wn 10d odes «wa exsibuoa 2s ebuewuco e, jen ou we, eAWINOW Un BABA og fame ens ‘wet2I09 op senoud 99 “ajquDseqNe O aryonuasep 21U00 Jem sa.gpani01 SO woo (Le sHeawe Aas ap eRe soqwoyoeo Son, next Jod evga & xing ab “rnd vebyooy, wn 2p 2 aveytorg eayod ep sab sansbat so ‘aujojues “sexo © epeu slew ugh oou 0p * sansapuadp, sop ype ee @warnysuca seyead sop wyeweg £0. wily enses 0 ‘sadn so soc} sp enue opemgey ‘eo od un yd esos esi ap owed op sopesio 9p [amu oe woo sony 15 sassep sepepuenoned sep ew, ‘oj op e210 ep sous. OU soy -adnv6 9p evazap eun wa soprnauis jpuadapur, sowaj0W (Sopesepap (gu) sowamp @ ewanbua 3 own ap coie0 9 enb as.ous3 “eRyOd eyed ‘sope}04 Was RU gp Wy & “eMUNSID eajsuajoe9 Bunquau wanssod og ‘ant e1augou ep scidape S085“ -29, sveBo04 sop oewnOUO aU. ‘woo senseasued aus op JaIseugar 0 #9 2ede1 9 exBojron op sepeueynbre sep swoponio scwvajN Seu 0 “Se. -vepuadapu, soe “sou 0208 $0 8p) “opeby asa wawny assa soy {"] IP sea seg "sunuiea set! ‘epee oge2 9p pen oqavry 9p soba @ 3 eus -gulg 02 “1120 08 wauneynbat ver sn p rodo1o prise owuaur “anepsianun ap SOve sip 8 opnv09 cuppa aus “svn ep eruge eum sepuanap miownsd apoweqennas ape jon eaves estueoeuin oss exnosa eu -ode] ‘sua! e129 “xoupede #09 sod ‘soe gz Yooi2y owou) aUeysRS, ‘wiongTOIn vo uazvud 3 OWSINYSNOOH tet y pa a ts obtengao, sob o capuze a arma ficticia ou real, de uma au- " iagem bastante valorizadora. Diante das cameras de televisdo por uma noite, um aprendiz sanguindrio ou um jovem desempregado se encontram na pele de um corajoso guerrilheiro. Em uma sociedade de interconhecimento em que a autoimagem € téo importante, é grande a tentaga0 de subir na escala social por meio de uma violéncia facil [Crettiez, 1999]. Michel Dubec, experiente psiquiatra que atua em tribunais, faz uma constatagao similar apés seu encontro com Jean-Marc Rouillan, fundador de Actian direc- te (AD): “Rouillan simplesmente tem fobia da vida. A vida na sua banalidade, feita de trabalho, das mil exigéncias do cotidiano que nao apresenta outro interesse sendo 0 da afetividade af investida, é repelida por Rouillan. Se ele nao entrou na competicao social, €, paradoxalmente, porque alimentava ambigdes excessivas. Gragas a AD, esse rapaz comum conseguiu tornar-se o interlocutor tode-poderoso do F'stado. Ao abandonar-se a ideologia, ofereceu a simes- mo a mais grandiosa das satisfagées narcisistas e a vida anesca com que sonhava” [Dubec e de Rudder, 2007, 7}. A violencia reencanta 0 cotidiano e permite aque- jue a abragam tornar-se mais do que si mesmos até yulhar nas del A delinquéncia comum no esta a salvo dessa consta- taco. Muito ao contrério, a violencia de rua geralmente provém de um mecanismo de reconhecimento semelhante, tanto mais atuante na medida em que concerne a popu- lagées pouco reconhecidas e que até experimentam, por vezes, um real sentimento de desprezo e abandono. Se os ofensivos termos de um ex-ministro do Interior a respeito dos jovens dos conjuntos habitacionais populares, asso- ciados a imundicie que era preciso “limpar”, alimentaram as piores revoltas por que passou a Franga em novembro de 2005, € que a exigéncia de respeito, muito viva entre essas populagdes, havia sido vilipendiada. A violéncia de- s narcisistas do recanhecimento. linquente permite recobrar uma estima fortemente avilea- da, gragas ao emprego de um recurso raro em uma épo- ca em que a violencia esta em toda parte denegrida e é pouco usual. Aqueles que a praticam se beneficiam — ex- cepcionalmente, eu ousaria dizer — de um recurso pouco difundide de distingao, de um savoirfaire que atemoriza ¢ thes devolve uma imagem valorizadora de si mesmos pela onipoténei que inspira. Possuem 0 que os outros nao tem: o dominio da violencia, © poder de provocar medo, as delicias do temor que suscitam. A forca dos fendmenos de gangue provém dessa capacidade quase magica de trans- formar uma inferioridade social em superioridade de com- portamento. A gangue permite igualmente, como ressalta Frangois Dubet, transformar “as normas gerais de ge ”. A gan- gue permite assumir 0 que se é; € um motivo de orgulho” [Duber, 1991, p. 88). Diante das exigéncias da competi- 40 da qual muitos sao exclutdos, a violencia das gangues (jaquetas negras, teddy boys, rockers, escéria) oferece uma alkernativa, ao transformar as palavras de ordem (respeito ao trabalho, & escola) em oposigtio consciente (recusa dos trabalhos degradantes, de um sistema escolar considerado injusto). Assim, ela d a ilusio de restabelecer — apenas Por um tempo — um amor-préprio destruido. leza e de civilidade em um estilo “sujo” e “mau ees Oey 5 TS eons ies ee a a ioe Podem-se distinguir, bem convencionalmente, trés formas de violéncia conforme seus autores. A primeira, no pré- jicas modernas, € a vio- prio cerne das instituigées pol lencia do Estado, que, na democracia, é frequentemen- te mascarada, mas nem por isso deixa de estar presente quando a ordem é ameagada. A segunda, ao contrario, € Wlirigida contra o Estado. Exprime as reivindicagées de grupos sociais constituidos que opdem ao Estado, com mais ou menos vigor, sua visao politica ou simplesmente |. A terceira, enfirn, refere-se as violéncias interindivi- concernentes ao Estado apenas na medida em que de modo algum 0 tém como alvo. As democracias souberam colocar a violéncia a distancia mostram-se rticularmente sensiveis as flutuagées dessas violéncias inquentes e criminosas, de modo geral fracas em inten- 3 ressentimentos. sidade, mas geradoras de s A violéncia do Estado como violéncia legal © senso comum sobre a violéncia tem-na como obs- natural a boa ordem social, como expresso tur- bulenta de uma contestagao das instituigdes e do Direito. Isso é esquecer que o ator mais essencialmente violento © Estado, fundado pela violéncia e conservador de sua au- toridade com base em uma violéncia raramente expressa, mas sempre subjacente. Se o Estado aspira abertamente a0 monopélio da violéncia, esta possui a particularidade de ser considerada legitima ¢ estar submetida a um con- junto de constrigdes juridicas e praticas que limitam sua manifestagdo desordenada. © exemplo da manutengZo da ordem ilustra perfeitamente essa filosofia da violencia contida. No plano externo, a ldgica da guerra é bastante rente, mesmo que emerja cada vez mais uma retorica da guerra justa que responde, ela também, aparentemen- te, a uma exigencia democréttica. 0 Estado € 0 monopdlio da violencia fisica legitima Ainda que no imaginario coletivo o uso do termo “vio- lencia” nao remeta imediatamente & agio do Estado, Porém mais a de seus contestadores, seria ingénuo e po- icamente discutivel ndo ver no Estado um tremendo me- canismo de violéncia. Para os marxistas ortodoxos, assim como para os neomarxistas, o Estado ndo passa, alids, de um instrumento de dominagao da classe burguesa no po- der, que utiliza seu aparelho repressivo (policia, exército, justica...) para proteger suas posses econédmicas e manter longe de qualquer via democratica “real” © proletariado explorado. As democracias burguesas sobreviver, explica- se, gracas a alianga mascarada entre policia e grande capi- tal. “Todo Estado esta fundado na forga”, disse Trotsky & frente do Exército vermelho. Qualquer que seja a verdade de tal afirmago radical quanto as finalidades do Estado, é evidente que ele $6 existe em sua utilizagsio mais ou me- los monopolistica da violencia. A prépria historia da for- magao do Estado € a de uma lenta, porém continua obra de desapossamento do direito dos senhores a violéncia em beneficio de uma autoridade central. Max Weber e mais tarde Norbert Elias confirmam esse proceso que esta na origem nao apenas dos poderes modernos, e, mais do que isso, de uma forma de civilidade que modificou profunda- mente as relagSes entre os homens. A formagio do Estado (Elias) em benefi- cio de um senhor todo-poderoso que coage seus rivais (na Franga, os duques da Bretanha, da Borgonha, o conde de Flandres etc.) a se submeterem a sua autoridade. Essa lei do monopélio repousa sobre um acimulo dos meios de passa pela “vitéria do monopélio real et passa 402 v soziun so ops opu sajg “vIDuzIOIA B wHED!a -eadl anb ‘opersg ap apepruiniS9] ewn ap soplunus sosore ‘oprns3 op sor8i9 so oxs ‘anbere sonbjenb Biju ap zed -e9U opSeaisqe euin a2aueWed opersg 0 anb wo epipaus tu voipyinf opsay ewin ap as-eiesn “eiougjOM ep oy}odouow © wo1ap opeisg o a5 ‘oureuitig “aquourepides 19) B wanb ered 9 0 waquier sqam ap OBSiuyep ¥ “eoneWID|qord ‘oupssazau eBjnf opuenb auaws -oani| eBasdwa v anb seus ‘erpu9jo1n ens ap osn ou opnuo> sauourea492 opersg win ap auued sod jesodo> og51a09 Bun ap OSH 0 401109 9 19] @ omadsas sajduiis © No jeDIphl BS -uaiuas Bun ‘ogsesynou Buin ‘apepnuap! ap ajonuos wn aesn29y ‘oa1iqnd sapod ov sarauigns ase saiwaznas seu Wwanos 40d — anuauranua!ssuosu) owsau — EqeDe anb |1e3s9 epugjo1 ep o1jpdouow 0 9 jeuy oF ‘opepian PN “0pe3sg OF [e105 0 aiauiqns anb eSi0y e anb op sew su9su02 0 3 “nayjooss a2usueasodns un epe> anb eui0M Jad 9 o21241q ojad aypensiod opuyayoud ‘(puts 40d ‘sounus 05) eiugjonn ap somuuinaasur snas sesaylueU wesnoad seiseowap se aisles “[9zZ “d ‘ya0z ‘punasd) ,e1> IAB BANUOD BAUEIES vuuN 9 e510} v ‘opaUas assou ![""] HuIqU! No soquioW snes seSeawe wed ausuialUES, “590111 Bf-1gWX@ ap 402 ios ‘soo5|nansu! seu a seuuNaso9 sou ‘seunioy StU eSi0y ¥ JejNuIssIp anBasuo> anb ajanbe 9 a2 ~10j o1uauresapepsan opeisa O,, :punaig ualjnf z1p OWO> ‘opvuise onpmipur tun e as-zeBnigns anb op sreus ‘noi0A as anb wis euuow euin Jen192e 9 jepsqod ajonuo> win e as-1a2 -auxing “sonnajo2 soninafqo sojad operuarsns a oprenpoid osussue2 ou anb op arazasseo op osn ou souaus esnodas BIDE HOWEP BU jeIeISA OP5:909 & ‘oss! anb Op sfeUI “wiAEP -01, vpeurop ‘ezaimeu sod ‘9 opeis3 op v0) » opuenb aBeajas 9 epugiois y “aouRo]e nas wanulunp aauauseasod b sewuou ap crunfiuos win sod pray 2 eprjau0> os fopeas3 op B510y B 9puodso1 sojepupA sop no saa JUeLI Sop EIDUZIO!A Y “oD!y/0d EasIA ap cased op sesinau sre aquawese}> *,0v51909,, no ,25403,, seunejed se sen] nas wo wiasayaid anb ‘opeisy ap saioae sojed op -eBaiduia 9 aauaureses seusde ouuor oudoud 0 ‘seiyy “02 -uajon cwuauepuny nas seuuye eajeles aqususje1e8 owap -ow opeasy 0 anbuod opm ap saiue wiopeqimuad 3 ‘eomeuiaiqoad 2 exopeqinased odwiaa owseu! ov 9 op -e283 op ogduyap essa jeuiS10 eu0y ens ezua1>e1e9 anb ougiwiar nas wa eDugjoIn ep oypdouow o 9 ‘opersy op sapepieuy sejdnynu se weaodus! opN “osn nas oe seuade aniuu] as opU ‘aquaweingo ‘anb owlsau “e1>ugjoM ead as-au yep opeis3 O [LOL-OOL “4 ‘es6L sqm] , eUsaBa] E>") OU9IOIN ep OH ios B>Ipula ‘— se: ap ogsou ® — ovoauier opeulMuarep wn ap saul}; sou ‘onb euewiny apepiunwo> Buin, owo> opersg op oBsiuLy -9p auqaigo wns sodoud wo oBzes was s9qan xeW “WSS “(one opdedisaaue ap oxgey nsiai2B129 Sens ap eUIN 3 OUOIE2 in ap o!syauaq wa sereipaun sagsind sep opssoudas ‘09 UQIO!A EP Osn ou saquanuosu0s sreau so anb oyueures 9 |va1 opdouow © “(ax 0n295 op uy op srsied v eSueis eu) aruaUreAIssadd -oug “PUBULIEpUDS 2 ox21K9 nas seZILUapOU eXed sepUDs winBasse ay] ‘epnsedenuos wra ‘anb sorsoduiy ap o1uau -1yjooos win ap soupns so sopoa ¥ ov5|sodum| ep ofsus 10d cquaupenbuus nas omuiad jedisuud 204L9s op vDURIOIn y “on2u9x9 © 2 O25y 0 anua eduRIye e sedEIB ORSEUIMIOP Noe Nia Se, atores privados podem igualmente exercé-lo, mas com a digao de que o Estado 0 conceda. E 0 caso da legitima defesa que, em vircude de sua aceitacao, é uma violéncia estritamente privada, porém submetida a um conjunto de condigdes juridicas. Em seguida surge a questao da legiti- midade. Com certéza € rarissimo que toda violéncia seja percebida, por aqueles que a sofrem, como sistematica- mente legitima. Uma ago da tropa de choque ¢ leg(tima aus olhos do poder, talvez da midia e da opinio publica, mas raramente aos olhos dos préprios manifestantes. As- sim, distinguir-se-d uma legitimidade interna — que coin- cidle com a estrita legalidade ~ de uma legitimidade exter- ha, Para a primeira, a violencia s6 ¢ legitima ao olhos do tema no qual se insere, pois obedece a regras estritas emitidas pelo sistema. Ao contrario, a legitimidade exter- a conformidade a valores extrassistémicos, a normas morais ou éticas que so as de uma sociedade em um dado momento de sua historia. A violéncia do Estado, se € sempre legal, & por isso sempre legitima? Na verdade, a questo nao é colocada nesses termos por Weber, que associa legalidade e legitimidade pelo proprio fato de que © Estado moderno seja seu portador. O Estado possui o monopélio da violéncia legitima no porque sua agao de co rs4o esta sempre de acordo com valores éticos trans- lentais (mesmo que frequentemente seja 0 caso), mas porque a propria organizasao da violéncia praticada pelo Estado — a legalidade da violéncia —- € causa de diversas técnicas de legitimasao, Em outras palavras, o que distin- gue a violéncia legitima do Estado daquela, ilegitima, de um ator privado € a prépria forma da coerstio publica, submetida ao controle do Direito produzido pelo Esta- do (controle jurisdicional e controle administrative dos atus da policia). fra o que salientava Kane, que distingue a violencia do Estado daquela das pessoas, no com base a suposta aceitagao da violéncia do Estado por um povo que subscreveu a esse Estado, nem na de uma menor bru- talidade inerente & forga pul cia praticada pelo Estado repousa no reconhecimento do individuo como pessoa, como sujeito de direito, e nao pode, consequentemente, desenrolar-se na bestialidade que caracteriza a violéncia privada em que 0 outro perde toda identidade cidada. E 0 Direito que confere forca a violencia do Estado, que por isso é regrada e controlada, como 0 atesta na democracia a pritica da manutengao da ordem ou a da guerra. ‘a, mas porque a violén- A prtica da manutengao da ordem A nogio de manutengao da ordem impée-se no deba- te publico com a progressiva assimilago das manifesta- es de rua. E levou tempo para que o ritual da passeata substituisse a agitagdo ou a fuiria camponesa..£ no in da Ill Republica que essa questao da regulagio pacifica da rua passa a ser debatida, quando emergem a “questéo ‘operdria” e a organizagao das massas em partidos poltti- 0s, € quando toda uma literatura impée, apés 0 pavor da Comuna, 0 tema da agitacao popular, origem de toda legitimidade demoeratica, mas também ameaga a ordem social. O nascimento das passeatas modernas esta forte- mente ligado organizago dos desfiles pela instituigao de um servigo de ordem cujo objetivo é tanto assegurar a tranquilidade da manifestaco quanto dar visibilidade as suas fileiras [Cardon e Heurtin, in Favre, 1990], Diante dessa tradigao nascente da manifestagao de rua, © poder estatal reage rapidamente para evitar confrontos que, com a implantagao da democracia, se tornam poli- ticamente onerosos. De fato, como justificar 0 envio de tropas militares para reprimir camponeses ou operdrios, representantes desse povo soberano que a Ill Republica -uoinueu ep jensuasuod eaniajoo sreur waBepioge ewin aoeioney ‘S€6 | ap 12] Ewin sod epefesooua ‘opSeasaylueu ap saiopeztue8u0 so woo ogsepoBau & ‘aiuauseaue|NuIS (osaauejnin souans ‘sonssoydxa “ene ‘sp8) ouqey wn wieui91 as ogsiadsip ap seojousai e osin991 0 a wapio ep ogSuainuew ap sedon se sopeniagas ops sieipadsa soiuaus nbg “saiuaBe snas soe eoyssadsa seus opSewi0) PLN Jep snued e eunBasse ‘oduiaa oulsauu ov “2 seajuspa EIU9LULA sada 2 opSe ens ezeUO!Ded eI>yJod y “|IAl> aqUaUNeINd OF -oBou win wapio ep opSuainuews ep wazey anb “(syD) BS -ueanilas ap seueaygndau seiyuedusos se sepeuD O85 ph6 wg -ogsisodo epoa zeulwyya v anb op stew ‘seuoissasdut soprunsap sanbeze wo 9 ogsiodsip v sefesoous wa “epyes ap viiod euin (o8imul ov opu 9) oupsiaApE oF seep wie auduies woasisto> anb ‘wapuo ep opSussnuew ap sea1u392 as-uimpsuy “odio> e odioo osofuad wn ower oF op -ueniea ‘eueayigndas wepuo & ,opeineane aquauueaUEDUa -0u OBpEpID,, win sknpuosas opmiaigos seu ‘seinbseIay Sep opnuas o ayjseuisua eed ofjuiur umn sesesseus No aeynbiue 9 opt ef onnalqo © “eaisy e510 BU BIaseq as anb fepyod O88 win ap au ‘erequiod ap sent odio> Wn ap oviua e224 25 OBN “JeAgus EUBD!|qndas epsens v :ejasP2 ‘essaui epezijeizadsa wapuo ep ebs04 eafauid Bas-eU9 [261 ig ‘seisugnbasuoa saneiB sjeus se urezasiese anb so1saB 421ue> foquawow op Joje> ou “WonBasuo> aidwiss wioU anb ‘opseiapous @ sepeuimsone oonod sedon wiadsexo 9 eugsinoid 9 oBSnjOs e SEY “[966) ‘xnBaxUTAg] seseAap wos auinidos exed eprejeaeo ep sedue] sep opus opuuqe jBS Op 21081102 gu ope] o seuade ‘ojduraxa 40d ‘op -uesn opssaida1 ap jaye o ajo.nuos onb soseayju 52510) $e apad ooiyjed Japod 0 ‘omuswiow ouowind win w3 “esseus 2p suopiosep sep ,eonpOWEp, sleu OBIS EWN ap ED -u9in B sepso92 9K “eupsado opSeurE|2—1 B apEpHOAT wos miuudas oriaugxa 0 anb we “[s961. ‘p1eyInf] {!98vIq no so|uinog ap ausessrus © gosanasip ou souaus ojad ‘eoytio/8 ‘ogbe ens ep ogSurye epipow ‘aupssanau one odwa} os une avanbee ‘ab opes3 op exudiuo ep e350 op 22 wise apod ioueu uaueryasqe ‘omnow un sod emusnard ops evo) ‘aun 2p eines eajod uabepvoqe awn, sey op zedea 9 no 7ayanb oe oeSejat wo eeu ivouyero oe5en ‘eum as-enucova onpypur wn open “eppnnowop own wo sores sou Sosa sue ausaquos eeuguoduo e wyva— ‘sosouad Inses snas so sew nbe epanaeIp 2 anb jerajod wisGepsoqe op esnen 9 oBN “atuajeianb 0 exed sian, sotan seynw seraugnbosueo exorord a ussanee 9 e.yod exouaj ep opep 3 Jo90d op osnge oe -eujousse esouny oeSeuasqo © — ens ejeusse "wap ep seo} sep aued sod een, -$5 op oxvawtus9sIp 3p ob op apm use ‘end opSeas ep aedsodaxdsop y (90 4 ‘sz ea9 op nessoyy 9» ple} ,opionva enuogva as a1ue, ‘vanb end evoedenys oun 9 eo 2%e eum ona eediodonisep, ead 08 uo ovewnuresip 99 e10)€~ ‘enema sazen se SELUNSIP 129 opens eu ap saz wa so 80 euiojsuen onb e661 2p ape ‘2p onnuakaid ajonuos 0 axgos 9p caipun! oyusuevopi0 wn Jed sop juss J9s Saran se wessod sosaqe sunfjo wroqu yong © webuysus amb setaupjan 20d stonesuodses os-wevior apd wepie ep seo} se ond wo fod sosnge Sop ose3 03 aonuoa ‘pote edeas9 opersy op saivade sop eyo} © nb wo yomxoqu09 oot8p) eun fap wprovd sew “epequetao wau epe \powoid 9 ogy anb eyeyis9 eau9IO.n ap ogSemis epunbag. esosau0 2 eBuoy coppunf eindsyp own 2 sauosas ap 101 unas soaaiqa sovaa xefuene ered avs ‘s9u 910 o sopSeuoju no S90884 109 sepides sgn ed ‘optipuas @ jaan Lu) ougsuoxpe wn 1eb9) exed sepean -2i0 ogs seu sjenpiapuy soyonp sop soreuouoje sesfar se weyadso.sap ‘an “eamyor ep osn op no opers3 ap ‘usu op ‘ojdusexo sod ‘as-eye. ‘sepepioine sejad epezwetio quaus 2sseuthe 0 epeseaseu oxduos ‘epelou 2d ona 9 eves uy y reSueg|e wa apepi aia (09 oysHsar op ipupseid — erppa49 sods ewn wa eypaise anb 0 — yoyo wo> opednoaid opeysy oF Ing 185 apod “swawesjaurg Sopous ‘slop ap ac-weoydre omgod r9pod ‘uy ebueruoa e weyeqe and se:sugion 1 soe Satan sod es-weBuge “12534 ‘sej2ug]a1 sep ope| ov ‘and awat 100 88-94 “eInepO} "3 “seu ‘seraugios eed 42 ipa an seuuou sejed epeynbas esugion eun Baidua swuauiajuanbasuoa 2 ‘sopoy 4d sepisoyuon a seqnosa sexOas ap 2 SeuuioU ap owunloco wn 408 epewnss | '3 ots Yeuolses ya) opbeunwop ‘eun aatexa oangrscwap opers3 0-95 sosney soa ONaWONSA 0 ‘0avis3 00 WANT VIONZIOIA ¥ vs Gao da ordem. Os acontecimentos de Maio de 68 acabam por acelerar a modernizagao das técnicas de manutengio da ordem. Os excessos de alguns pol amplitude das desordens, atestam a necessidade de um is, assim como a avango para aliar, 8 manutengao da ordem, o legitimo di- (0 A manifestacao de rua. Toda uma nova filosofia poli- surge em torno de uma “concep¢io da manutensao da ordem baseada no distanciamento dos protagonistas do conflito [e em] uma exigéncia de evitar 0 corpo a corpo” [Bruneteaux, 1997, p. 131]. O equipamento das tropas RUMO A UMA EVOLUGAO DA com jovens destavorecis praenion- ts da poviteria (som represontago po MANUTENGAO DA ORDEM 5 anos s0 earacteriaram por evolugdo da manutengdo da ia entre @ permissivi- ordem anterior & manifestagSo, am que p © a repressio, Pide-se constalar a pape da viglncia ada informagao se ta tolerdncia de atosiagtinos toma fundamantal. A biometia, © uso nifestentes quando 2 viléncia @ a esplonagem de Internet, a video- esi sob controle, as veves até vigildncia, 0 fichemento informatizado ‘com um enwolimento dito das populagées, assim como a vgién- 2s 6a ordemna arganizagdodas cia a tiogem dos lugares © das go: iagbes de populagbes pouco — pulagbas naralgicasitagens da rede icamentefavorcidas metroviria regional que seve Paris © tudantes do ensino médlo, Em oposigdo a una te estécis), tomaram-se meios impres- cindiveis de manuteneSa de order. A lar de um sensivel retorno da repress3o, que se manifesta ‘Simultaneamente por meio de tecnicas fora policiais€ verdad que mais coercivas de abordagem {como fe manifestente determina em resultado das transformarSes nas tips parte a ago das forgas do Esto- de manifesta) e atvavés da niio agem da mesma forma com zap de alguns lugeras ande ocoriem 2s de encino médio, unversi- as manifestagies, especialmente du- 1 agicultores (populagées inte- ante encontos altermundiaistas tais 1se poltcamente interessantes}e como asde Genova ou de Seat, se moderniza na diregao do volume da forga: 0 objetivo é exibir, mediante uma impressionante panéplia (capaceces, escudos, cassetetes), uma forca que, em termos numi cos, 86 raramente se equipara ao ntimero de manifestan- tes. Os jatos d’agua, assim como as granadas ofensivas ou lacrimogéneas, tornam-se familiares e permitem manter a distancia, sem tocar, os manifestantes mais tenazes. A or- ganizacdo dos ataques ¢ pensada para afugentar, estimular a dispersdo, diluir as massas manifestantes, sem degene- rar-se em uma cagada (perseguigao entre um policial e um manifestante). Geralmente essas praticas corporais e esses aperfeicoamentos técnicos associam-se a uma nova com- peténcia psiquica que estimula os homens a contengao. A aprendizagem da exper tar, sem reagir, as bombas lacrimogéneas langadas pelos, manifestantes; também se aprende, ante a hostilidade da ‘O mais incia dos gases permite supor- massa, 2 conter melhor o nervosismo e a célera nao é enviar as cropas, mas conté-las”, explica um policial a Patrick Bruneteaux [Bruneteaux, 1992, p. 242] Essa tecnizagdo material e psicolégica das forcas da ordem é regularmente testada nos estgios praticos que transfor: mam as forgas de manutengao da ordem na Franga (e em diversos paises democraiticos) em verdadeiros profissionais da “Violéncia democratica”, assegurando assim, ao Esta- do, uma legitimidade ampliada A.guerra eo Estado Ao contrario do quie ocorre no Ambito interno, em que © Estado — no Ocidente, pelo menos — geralmente detém sem muita dificuldade o menopdlio da violencia fisica, na ‘ordem internacional ele é claramente mais disputado. De fato, ndo existe af nenhuma instancia que possa aplicar uma ordem, seguida de seus impactos, sem encontrar re- 2 (Supmaisap se}puuey sep sopanap seus 9 ou oUZaA08 0) aiuaures;yjod oupressnes odwiaa os win eB oLsn}) ouPUIS -eun uin agdo.d ounia ourausid © °,23snf enan8,, ap O91 -9s0yy @ 497 Yfly e1:aN8,, ap O>1UDpr “,o107 au1OM Ex1ANB,, ap oamyjod :s01792u09 so NUD “(sreuorssyoud sopepjos no seinsva1 suanof ap aro svindoduit ajuinsse wie esn2a1 ¥ amiauyedoutd) sreinajn9 a soonyjod soanesaduut iod e> -tjd9 95 anb “ean ep esnoos e553 ‘[pL 4 “Pood ‘AeuneT] “(210 zed Sp oesuainueus, ‘,eSueindas ap ovseisdo, sa4oparauuosdwo> soudus $0>9K9} SounNO ap joad WO et ~ionil,, ojnqg20A © oupuIBeU! nos op sauUe}oed ureseU ‘oduioi onus zy sopeayized 2 sooneaz0wep ‘sper -53 sopues so opuo “auap!90 OU joalsia sIususE|NONUIEd 9 o1uod 9553 “eizanB soz e aasiso4 anb opeasa oudoid 0 woquuer 9 sew “(~sepeiouadep seyusond e sopeisosse saauesyenosieu ‘sesoyeus seosezueBio ‘seasyosia sod -nafl) esoujwii> aruawisajduns 9 ogu ea opuenb ‘eonpur no vonyjod oxse eun epeune esuajo1 ep ojos 1od ad ‘waquien saja “weauan anb syeveasa ogu sasore ap 40d o1ja.10n8 oyjpdouow ojad oxsnadwio> ep oper -|Nsa1 o anuausess9> 9 opersg ap seszanB sep oxnyas as5g “s1e1e3saza1uy somjuo> so9/8sB)> so anb sonuezuouare seu a saausiay1p Seonsyimisese> WIOD seas9nB SeAo1s ap BDUgBIOWUD B WHOD ‘SB>1I9q SPULIOS Sep OBSeINU! nosIp B1oquid — jaxpaoud Buin aaUoW}ed}>uLAd us ‘souunaso9 sop onji9j0 o1uatuepuesge Wn wnd}e pou ap woytudis ogu arueuorssaiduuy ey!> e553 “Kez EE nyeo woBeauasiod & ‘9p61 apseq “JeuOIuD oBSinq4sIpad win & weaesin 9 feaeiso WoFHO ap WeIO seuaNd sep HE ‘shot 2 SLet aug ‘[Looz ‘1MUDWUI9q {9661 ‘ASIOH !9007 “pcq] seugaauap! no sia)> seazon8 sep oSuene wn a soper “59 vsnua sopeunte 0211J409 Sop ond04 win EyuNUIes02 O94 -eioduraiuca opoyed 0 “srereasasoauy sean se o1sidoud pus au uo sep oBSea:2Wap ap opoysad win Bose SoLoAH—a Sop viuezaqos ¥ a ‘souy eum op euan8 ep wy o enoud -Wod eyE;IS9,y ap OperE.R O ag “OIUDap ODUBY WE O¥Isa syerersesoqu seaian se ‘oueiua oN “opersg op eudgad 9 vs san v ‘(sye1aqy) aaueBiyoqu! eonyjod ogSe ep sinoad sod no (seasije04) o1owi op wapuosap ejed epiBr@ —~ sonsesrsiuit -pe souauiesqopsap woo — e2isy apepiane euin Jes 40g [s¢ °d ‘2961 ‘uory] onyuos wa sopeisg sop e 9 anb apepljeuy euin & se|-puipsoqns ered ‘oomyjod wy sanbyenb ap seruasy ‘9 ors! ‘seanjosqe owio> seuiand se sesuad esnooi anb ‘zayaasnel z1p -no 10d seasap ogSez\jea1 euin ‘seonyjod sagsefas ap wasng euin 9 [~“] euond yy, “|ap{039u wy win @ epeuipsoqns "eoxyjod eouglixa @ epmawiqns ssauRUuad eja ‘01-95 onap ‘o@u 9 [e102 9 eoUuNU euaNd e ‘ose> assoU OUSaIN “sewE Sep oeSezinn e asseSi0y 9 assi8ixe e apepissa>ou @ anb g2e ep -eayofos auduias ovSe ap euuoy ein ‘osanz01 own ade euas ean e ‘je1ogyy siety wojig wun Wg “eorjod ep s0yuas 9 waquser onbiod exanB ep s0yUas 9 Opes; O soujauzah8 sopeisg Sopoi wesoy e3s!3n} -osqe opoyed op saoseu-sopeisy sapue8 so anb apepian pouuer [scot % zey opersg O,, Al. SOHEYD ap E|Muoy asqayp> ewN sui -o1a) weg “(euiodsuen a [IND eLeYuadua “|eosy euiarsts) SolujWop sossanip wa eoLprajd ORSEASIUILUPE BUN JARO -uasap ered wang}nuos a uleZiIAI9 as sonr>19x@ so “Zed ap opoyiad usa ‘anbiod waquien seu ‘25203 ejad oLgati9a nas opuresyzun ‘sersinbuo> se opuvaydiajnus opeasy 0 sazanb -pua a seydure anyued exan8 e anbiod oduiaa 9s wine “euion8 sazey ap apeproede> ens e epedy auawwewnul yase snadouna sopessg Sop opSeusioy ep elsorsiy y “sm0ay ap vinuigy v sew0194 wsed “,e119n8 ep AoYUDS,, o ‘unISsE “9 Op -2183 © 1961 ‘wosy] so1uass09uU09 SolseA 9559 4e]NBos 2p apepsedesut t a sopeasy sop easinbucs ap apas janpioesul e wrawudxa anb seuion8 saaua.ioz04 9 Seaueisuod ap owluoU ou son wn seu 111] .opeasg 0 ze exan8 e sews ‘euand is enbieue ap opeiso un & janesedusos “— seasiqead soDu 922 so eaed — o1uvated ‘9 jeuc;>eus22u) wapio y “erDuaasis 10 egoista (economizam-se nossos mortos @ ndo os do inimigo), que distingue a guerra das baixas sofridas. O segundo da uma impressao de plausibilidade ao primeiro terme ao explicar esse mistério da “guerra alegre” e quase Iddica pela utilizagao de tecnologias ultramodernas que instauram uma distancia considerdvel e salvadora entre © guerreiro e seu alvo. A primeira guerra do traque exem- plilica essa sindrome de uma guerra high tech sem mortos aparentes, até que a realidade do retorno dos soldados © as Investigacdes in loco revelassem fatos completamente diferentes. E, por fim, a nogao de “guerra justa” permi- te reintroduzir na retdrica guerreira uma dimensao moral til para justificar atos belicosos. Empregado na era con- temporanea durante a guerra do Vietna, em oposigéo ao realismo politico [Walzer, 1977 e 2004}, 0 conceito de guerra justa estabelece uma oposicao irredutivel entre os alvus combatentes e os alvos nao combatentes rejeita como uma indignidade moral os conflitos que ameagam estes tltimos. Assim, é a propria nogéo de guerra que se corti suspeita, pois, se “toda perda civil equivale a um ho- miciclio, uma guerra que provoca perdas civis é, portanto, consequentemente, todas as guerras so injus- injuse tas", esereve Michael Walzer {2004, p. 33]. Nem por isso © termo deixa de ter muita atualidade, gragas & War on Tenor decretada pelo presidente Bush por ocasido de seu discurso sobre a Unido, em 2003, contra os “trés princi- Pais alvos da democracia”: 0 terrorismo istamico, os rogue states (“Estados parias”, acusados de apoiar o terrorismo ou de praticar trafico ilicito) e os governos autoritérios capazes de se munir com armas de destruicio em massa 0 «jue jé as possuem, Segundo a retérica americana, a guerra justa deve reunir quatro critérios principais: critério da justa causa: a guerra torna-se legitima (0 jus ed bellum) quando € contra um regime opressor que amea- gaa estabi lade regional e apoia o terrorismo; ~critério da autoridade justa: a guerra deve ser condazida por uma autoridade acima de qualquer suspeita, le e suprema, & imagem dos Estados Unidos, nagao prodigio enagao democratica imune aos vicios do multilateralismo (forte influencia neoconservadora); — eritério do justo fim: a guerra no € um fim em , mas serve acima de tudo para restabelecer a paz e implantar a democracia regionalmence; — critério do comportamento justo: a guerra deve respeitar regras civis de compromisso (0 jus in bello), que implicam acima de tudo que néo combatentes nao sejam tomados como alvo. A guerra justa tornar-se , propria do Estado democratico e permitiria distingui-lo das outras estrucuras, politicas mais duvidosas, Todavia, alguns se alarmaram ‘com uma pratica americana que visava, em nome da justi- segundo o qual a ameaca, mesmo virtual, seria suficiente para dar inicio 2 uma guerra (0 Iraque nao foi atacado pelo que fez, mas pelo que poderia fazer, algo similar as ameagas que pesam sobre o Ira atualmente). Do mesmo modo, o unilateralismo na agdo (recusa da ONU), a pré- tica real da guerra em desacordo com alguns principios de Direito (tortura legalizada) e 0 radicalismo das decla- rages contra o Iraque (inimigo a ser destruido, mais do que adversério a ser contido) levam a temer que mesmo 05 Estados mais moderados nem sempre sejam capazes de a, a instaurar 0 perigoso conceito de “guerra preventi controlar 0 carater justo de suas guerras. Avioléncia de contestagao politica A violéncia contra 0 Estado provém de trés principais atores muito dessemelhantes muito desigualmente vio- lentos: 05 movimentos sociais e o sindicalismo, as orga~ euin v opsape & 2 eajqnday , vu epenua e apsep s2U0p -uegr ov ‘uawouay assap eanensny) aueuuenrnsed 9 z]o2u%e ows|es1puls op OESnIOna y “o2/S49U OpoW! ap ui aaa & Wetessed sore>Ipuls pony wa apepinoyip euin ap ogSope ® ‘ogiua apsap ‘exynoyip anb o ‘oper 0 9 seuo|ssyoud soreaipuls so anua eisialresod ~109 seul 79a BpeD ORSe|a4 eUIN ap ‘eSuBLy PU ‘oIUALID -9]aquiss o8 werd] Buon ep seaIuuQuODs seI>uaZIXe Sy “e1ougjors vad s9pod op epewon Ewin ap “easiuniw0> op -pued ofed opeauoisns jeo1puis oauauiaowi op axed Buin ap sousiur ou ‘e5ueiadss e10UIa4 e 25ixX9 SoC O[N29S Op o12)u 0 opor arueing “BUPUO!ON|OnAA eAnIsadsiod win We sesstu) sep opSezijeoipes epesadso v seaidioid ap zedvo owio9 stastunutos seSioy sejad opesopisuo> 9 ovssaidad oynunse 0 {9Z61 souE So apsap “wissy “yes08 ona/8 ¥ 05 ~unsa1 ojed oruswow owed wn wa essed anb o ‘e1Dua} -om vp sn o enow anb ,x10u apueds,, ep eaiaeizadxo e 9 aiuawuenia> Sey “sepe2onoad suapsosep seu OpeIsg OP apepiiqesuodses © opuejeuysse 9 e12ue|oIn ep eaisuajap ogSdiu02 ewin sod opuessed ‘openeiajoid op sepere ‘ouio> sepiqaovad ‘sepeuie seSugy se WO ogSeziwuarey kuin ap eSueadsa pre sereDOWap-le1D0s soIUaLINOUL sop ovSezijiBey ap eaneruaa ep oga anb ‘soaiBavensa stews aqua nrep soana{qo © wipquiea axias eIDUQIOIA e SEW (9002 “1022 neapinog] oSnpoud ep apepijenb esinunwip 9 oBsiduiosop 0 seaside op eotusza & wesnoe seuinbpus ap sssopeiqanb s2ss9 :(918L-L LBL) se? -ipn] sop eupsado wiougjo1a v Bsequia anb [eynsnpu-ALe wiojpap! ewin 9 “eyUerEIg-e5 eu ‘sueTEIed seaNO Wa [osz -d ‘2661 “presg ur ‘Aysmoyerse) sod opens] 50] Piste ureawosng se1s}u110J91101905 50 s!enb so ered sou! jugjond soporpui a seiap! se aaurawjonifeju! wrEIZNpUOD o len y yesous 9 jena2jaaus eouapesep.zp opunu o aeAsas -oad euapod [anb] e>1un e ‘eupia[o1d erougjoin ep jer0u! 4ojeA ©, 21qos aasisu anb (suu0w ens ap opuenb ja1os, waSeuawoy we operounuosd) osinosip wn Wa an as ow ‘jepuaisixe asenb oesuawip ewin e1suajoIN e 4Ing uae oF “22103 9 (r4Jut 40) seue}]a408 sasar Sep e1oUgNyU “onBojoap! easia ap o1od usn aq “e>/Bprensa a wo1Bojo09} viuunbje essa e aueurenfozse a1ape [EDIpuls BIDUajoIN e ‘sua8uo sens se apsoq [2190s ogasanb ep eoss9R seygad sapepuoine sep oxSejaduaiuyy ap opeiBayintid osanoas wi9q suri seu ‘e1u925019 opssaidas exsodsau ‘Jeo1pes e/So] -oap! ens ap oxayjas ‘oduiar os win e “9 anb eisugjoin Eun 2p ojus sod eSuesy eu miBsoWs — espuoanjonas BUULOy ens qos s2uauyeisadso — owisiy2>1p © ‘uss ‘saauaoseu sooSeziueBio se seyjusey aauawepides opeuso3 as -Byuaa ‘|2193 opow ap “eaisuayap eiDugjo1A BUA ap osn © anb ‘oiueuied ‘seiuedso ap 9 ogu asend “sejndod ou -1yos oF aaui919}!pul 9 saniZing ows opeisunuap opeasy in enuos soupsodo sodnuB sop apepijiasoy e syeus epure wemuase XIX o]n29s op Wy OU Waplo ep o¥SuaanUEWL vad sosnqe sO se2a4yuore1 waleZ%y 26 We apepINyIp eaux war soueiedo soresipuls so ‘seouqys sep soua2U! ou opioze sanbjenb e jas0y ,oulnip o2euip,, ap oreuosed in ap s1ueip 2 “jeuo1seu opSeauasaidas v a onod o anua sopmpsuos so! yauuuaiu! sodio> ap o1uau}>ayuoras ov janpauuaduy auerseq eoygndoy ||] Buin ap arueIg, syeto0s sojwaunnow 3 ejU2/01A -sej-piou81 ap sepesnoe sapeplioane enuioa eayes un ap siananost ul SOIDIpUl OBS anb seu ‘eze|> woSestiow ap wapey ead sesyissep> ap [oy 1p 9 Buo!oMaNsUI-NUe eU9[O1A BIND ‘seUBquN sagujoqas se “uy sod ‘9 ‘,sessuuo1u02,, sodrus ap opnequios opeisy ojad aquswaauanbay stew sepeweyp “epeunte ein] ap sagseziu Sin a So We a B relago neocorporativista durével onito — todavia mar- cante — das jacqueries' [Duclos, 1998, p. 203) ‘A turbuléncia de Maio de 68 relanga o ativismo politi- co de movimentos sociais ndo necessariamente ligados a uma identidade profissional. Si0 0s movimentos feminis- tas, regionalistas, homossexuais, estudantis, assim como 0 yrupelhos de extrema esquerda que vao as ruas as vezes jodo violento, retomando uma pratica de inspiragaio ja que © espirito de 68 contribuiu para renovar [Neveu, 2002; Jordan, 2003; Sommier, 2003]. A Franca ainda é palco de uma violéncia — moderada, é verda- muito desigualmente praticada — de grupos contes- ios, que responde a quatro principais motivagées: avioléncia € concebida como uma estratégia de interpe- lagi dos poderes publics por grupos que geralmente nio tm outros recursos sendo os proporcionados pela visi dade de sua ago. Essa violéncia como forma de insercdo na agenda politica € evidentemente contida, para evitar o risco de deslegitimacio. De modo geral ¢ simulada ou, no Minimo, encenada: 0 simbolismo da violéncia destina-se mais a veicular uma mensagem pela midia do que a preju- icar a autoridade publica (Crettiez e Sommier, 2006]; a violencia também est relacionada, por vezes, a uma estratégia de vtimizagao ou de escandalizacéo, que permite co- locar em cena a “repressio do poder” ou mostrar sua indi- ferenca diante do sofrimento das populacées que se mani- festa. Grupos como Droit au logement, AC ! ou Act up, mas também atores nacionalistas como os Demos no Pais Basco, sal muito bem se aproveitar de um registro que ressalta 2 forca bruta do Estado e da imposicao pelo escandalo vio- lento de uma tematica até entdo criticada ou ignorada; 17 Revoleas camponesas do século XIV, na Franga, caracterizadas por uma violeovia enema, (N. da) ~ avioléncia relaciona-se também, para certos grupos, a uma estratégia de mobilizagao, 20 permitir a retomada de um ativismo abandonado pelas organizagées sindicais classicas. O sucesso de sindicatos recentes como 0 SUD ou ‘a Confédération paysanne se deve em parte a radicalidade de sua postura, que rompe com o consensualismo, julgado “mole”, das organizagées sindicais classicas. Ao oferecer 205 militantes urna oportunidade de expressio fisica forte (bloqueio dos trens pelos ferrovidrios, invasio de um mi- nistério pelos agricultores) em consonancia com um discurso radical, essas organizagSes esperam contar com uma mobilizagao crescente; — por fim, a violéncia corresponde também, em certos movimentos, a uma busca de autonomia em conformidade com a ideologia libertaria do grupo. Como diz Jacques ton: “Trata-se menos de se inserir em uma perspectiva de to- mada do poder do que na da conquista de autonomia em relacdo a este ultimo” [lon, Franguiadakis e.Viot, 2005, p. 23]. Essa tendéncia € reencontrada no interior da ala radical, minoritéria, mas muito visivel, do movimento bertario auténomo, os Black Bloc, cujo vandalismo e cujos confronts com as Forgas de ordem por ocasiao das pas- seatas altermundialistas constituem sinais de “libertag3o” do dominio estatal e capitalista. 0 texrorismo politico Em uma escala de intensidade totalmente terrorismo constitui una forma extrema de violéncia con- tra 0 Estado. O terrorismo — ou © que geralmente é qua- lificado como tal — inscreve-se contra 0 Estado tanto filo- soficamente quanto material e pol seu alvo principal seja, com frequéncia, a sociedade ci Do ponto de vista filoséfico, a violencia de cardter terro- stinta, 0 -amente, mesino que ‘eomyjod apnane a oviB\jas apuryuos anb yemauidso orafoud win orduss 2 opiduioaios owo> operuasaide opeasy in 8 agdo “Vin ojad eypBuy eu eperen eason8 ep epure no ‘sewe}{ op no yejjoqzaH op o¥Se ep ose> ou O09 aud -[Puosiuiar opeooue ‘msyequaWopUn] OUSLOLIE C “UreDPUIA a1 eanyjod opisa8 e{no onpause un 4ejonu0D exed opep 20s @ BAUOD B>URIOIA ep WAAIAS 2S — JLT OP siowWeL sau8)), Sop no Va Op “yyl Op BSuByaUIas e —anb sodnd aupa4 mysyoUo}pU oBo208 ap ous}OL:27 “elsanBinq ep 254 -tuno ow opesapisuo> oprrsg wn ap a , jexide> apuei8 op S9SS91N1UL, $0 BUD BIOUZIOA BUN ap as-2n195 ‘Ivy ENO Sseyjauus9, sepeBug se owo> sodnu 10d opeiuasaidan ‘oy -puossnjoras opsea0n ap owssi03109 © “[pR6L UEUUD, 2 OBiq] jod owssuo1sea ap seusioy sopuesd on -enb naBunsip as-uwiapog “eldigpus 2 a2u2.ayp aueaseg ‘op -muod * eulanbusos wisuowoa apepyeas & ‘(ayut san — 028 sjjodvyou owsuo1ies ep souazesiyienb anb) jeuc!ewiowt peyifop apepienre vad aloy ap seip sou epnsaneay. [e661 ‘uosupim) (exous01u) ep ‘siodap ‘9 ogsinayoa ep ‘pun ay 9 aint] OBeidwia 0 wsas aaueiedo owssts04101 0 EUS) seoSe sens ap opSezireipiuy ap seuaiue a (seasuoiian sop ap -epariozou e wed o1uenb ogsesauju e ered esoatanosd of UBUIP ep ORSUAAU! e) OBSnDaxa ap soleus “(sazeajonu :2y!pa) apepipenb ex1awud ap sone sauy yod sosouusLs so eI>yauaq anb ‘wy 10d *eo)8ojoua2 apepluopou & 3 “opSez}101—2 ap SeIDUE[OIN se 099 ap anias anb ‘epparpppsa eslrp:90Wap OBSuaKU! “PD and opuido e 9 ‘espUeW euissW eq “vIs}101193 03s11 Op ‘apepyjea1 e epuny anb ‘sogpepio snas ap oso1> ‘oD!1e:90u1 -9p 9 owopour opeisy 0 3 "10{2A 9559 OnpIA|pUl OF INquIe vonyjod apepiuapoui e a1uaWos “jaAjSuBul 2 oproayuores 4o[eA win ap Operop 9 one nas OpuENb oWOD ze2y9 OFI > vounu viougjom y “apepluopou ep saio]za 9 soquaWNZASUL zenbos Unsixe esed ‘anbiod wequien 9 “ewspoul eDURION Buin 9 Olusto1e1 © as ‘oIUEAUa ON “XIX 0129S OP osn> -ap ou edoung & epo2 Wo epylosuOD as 9 imansUOD a6 2359 opuenb ogsesyiu8s eusjd ens aunsse opeisg-nue ops -daze ens anbiod oiusuestouig “spepiupow eu epenue ¥ woo sejnonsed opnuas win aainbpe eja “(eseouRs4 OF5N| -onay # a1ueinp eBon ia 401103 ap ausiBas op Lugnoud oUNsa2 ©) apepinou eun e[as cfu ersyouas e1ouajoun ® B10quia “o1unsoiat opous ap aja sod epnequioo 9 eja ‘open -53 op en1B9} & eisodo evawes{fojo1u9 “end ap soajnusm S08 aiuawenenuos ‘e12j0 OU!SaW! Wau ‘sex1a>e uTapod ou sopeisy so anb sezes sep euin 9 exsuouer ‘539ze1 SESS SEPO1 Jog “SOONPID0WIaP sopersg sop oon “s}.212est9 apepluuopoUl ap oSiojsa 0 us|sse opuelinbiue UDIOIA e “eDAHJod OBSIDap eUN ¥ asuodo no oussno8 win seuoissaid wed jeio8 wa “| -21908 apunyuio> vIs01191 "> ogSzindod Buin one ood sewod oy “soulapoul sopersg sop opSezimouoane 9 oBSezueinoas ep WoBL0 eu ‘opeaud oSedsa 2 oayjqnd o5eds9 2.29 ogSunsip & 1onnsap exsuo102 B1DURIOMA z “JeLOIEW LIS! 9p Cauod og “epeindsip 9 anb opeasg oF epep)> eI>ue!pago & 9 ‘soseD sain SONY “eISIUILD] -easvueu! oda ap sepeuue ssoseziueBio se exed eupiajoid ‘oouieyst owsu0.1u03 0 exed esoiSija2 ‘seastjeuoreu sodniB so ered eueanuap -epep apeprepy e jeau apepifapy kuin eouajom ead sodusy wseiua1 anbiod opnraiqos seu! “ureatpumas sazan sod exaaip og1sa8 efn2 soupauar a2uaW! -eueUN|On urezy!Bey sopeuue sodniB so anbiod ‘ose|> 9 “1uaWios OBN “EPEPD no [eLOIUaI “opersy op apepiun e ied Joperserap 9 owsyio1a1 o ‘oonyjod esa ap ood og opppanbeyua preyaay wn emp B P[NsUH ‘auaWeruanbasuos ‘a — eunUadas a eu -jugue ezainaeu sod eougjo1A Puan antauivoneuuarsis 41U9A -o1d ap zedeouy — opeisg op euora1oid opSe ep eDUgDYaUt © Peuisse ‘eupniqie @ B99 sazan seainu eioujoIN BUN woo vo1gnd eisugiod e seseowe oy -[eg61 ‘21peg] oper -59 0 BuiSL0 anb ouz|saqqoy orsed oF eiuaye ewin 9 EIS ugipaqo ep sagzei se aiqos eae mite rica dos atores volentos. Foi esse 0 temo “Terris” ra 6 po da classe proetria, te neato, mas, a0 esconectado dos inaresses de um grande potercial de desse grupo [Wiovieka, 1988.95). Oa ayéo, sua detnigdo 6 um de- mesma maneia, toda uma socologie na produto da sigla 50US inimigos drabes; quan- cia ou étulos juris que visa mals je Bush denuncia 9 Heztnllah a danuncia do que a a 0 replica qualiicando os cas plitzades de valencia. Mas essas se Estado tents; on- deggie lovam pouea em considera lade mesimo.coma de go a realidade das valBncas comet da liberdade, a vizitha das inistom seja na cause, soja nos wa obando tercorisia prosessos de estgmatzarao, esque- if 0 terrorismo pelo cendo por vaes a realdade songrenta o tora 6 ums tautologia. A Levando em conta essas: ira das quewas nunca 6 ao mesmo tempo, ence veiesatemorzanes. Raymond 3 esquecer 0 prprio term “tensa” escohido associ a pratea ~— que preferinas substi pola ex- sous efeitos mididticos, expresso “prticas de trrorizar20" (mais Ue uma agdo terarsta “tem apo ainluiro terismo de Esta icoiégcos.despropercionais asus resulta puremente 1962, p. 176) Isso 6 ge 1esiN0 que nem todos os gus itas fogam 0 mesmo uso da e 8 guetraconvencional tan coin e8. Michel Wievioka terrorism par meio da © que € revonsmitde & € do distanciamento iada com o recurso frequontemen- entre 9 causa adotada e 2 te procurado ds midia, pertence & esfera da pratica de ago 0 emprego do una volncia iniscrminada, com Por fim, uma esfera de influéncia bastante vaga, qualifi- cada dle terrorismo de organizagao secreta, retine os atores que empregam meios de terror para enffentar um grupo ¢ impor urna causa (terrorismo ecolégico ou de extrema direita) ou para rival (terrorismo transnacional). Evidentemente essa plurali- dade torna complexa a imposigio de uma definigdo. ssionar um Estado por encomenda de um governo Violéncias urbanas E dificil datar o surgimento preciso das viol banas que assumem a forma das agitas6es amotinadoras. Se o fendmeno emerge desde 0 inicio do século XX nos Estados Unidos (conflitos de Chicago em 1919 ou do Har- Jem em 1935), sera realmente em 1968 que varias cidades americanas serdo simultaneamente abaladas por conflitos muito violentos de tipo racial, num contexto extremamen- te marcado pela luta dos negros americanos em prol do reconhecimento de seus direitos. Na Franga, os primeiros conflitos de grande envergadura, que se originarn nos ne- gligenciados conjuntos residenciais populares das perife- rias das grandes cidades, surgem no fim dos anos 1970. ‘Mas sio sobretudo as explosdes de Minguettes (regio de Lyon) em julho de 1981, alguns meses depois dos conflitos de Brixton, na Gra-Bretanha, que marcam o aparecimen- to de um modo operatério destinado a um grande futuro (rachas noturnos, carros incendiados, enfrentamentos dis- persos com as forgas pol © que é uma violéncia urbana? Também nesse caso, a definigao do termo é problematica. Ser que uma lata de ixo destruida voluntariamente ou uma rixa em praca pir blica constituem violéncias urbanas? E o cardter coletivo, ‘eruptivo, fora de controle e dirigido frequentemente contra bens e simbolos de tipo institucional que parece caracteri- zar as violéncias urbanas, a tal ponto que se chegou a falar em “violéncias anti-institucionais” [Lapeyronnie]. Sophie Body-Gendrot define-as como “agSes pouco organizadas de jovens que ager coletivamente, em territérios desqua- lificados ou desfavorecidos, contra bens e pessoas liga- dos, de modo geral, a instituigoes” [Body-Gendror, 1988]. Laurent Mucchielli completa essa definicao ao insistir, por sua vez, no sentido contestatirio dessas violéncias: “Trata- ), aos se de comportamentos de grupo (primeiro crit sauwieieap sauaquie sou aiuasaid onus ‘apep! “Sew ep asu9 euin ap 2s-nojyy ‘re} UIs exnsiBos winu — ‘(06 “4 ‘9007 ‘odyey)] o8asduasap ojad epeziSey eusared apepuoine ewin 9p aqueIp soony.9 aqusuiauanbey ‘sazeded Sop txyon22 p seiougpusa se enauaoe aqUe,9UN! ounul aDouEW iad red 0 anb io soaueiBiw 9p soda sou190 ap soweau! ou Iuquode SopepInoy|p v Sepnawgns seIyLURy se2> Wa saussoad onnu jeuasedouows ezeunreu y “sey)wey eamnsaso 8 owod ‘sreinzjn9 seu souswigUay WHea}5s91 sonno — [9002 ‘2:noy] eugsiw op o1uaiqure wn sod epynsuod eaves ‘buin exed — jaaaiaoe 2 — jeUuOU Epes wa E!>Ua|ON e EWLOY -suva anb ‘oanjosqe owisujuuo29p win ap saa e sejrusod © uifay sazoane sundjy [eooz ‘morelg 9 pneag] soueq sou ‘2quaase.0 ented win opesonosd 191 wiapod (oESajas ap ossa9 -oxc! ou oeSeuRUMOSIp ap souaUIoUa 4od epeMuade aIUaUL -snuanbay) oyfeqen ap opeaieus op apepyiqeauuadut ep inpur saoSemis se eS10ja2 anb sej0259 OsseDey Op 2 ED (039.3819 ep SoUDje SO eayessa1 SeURQN SEIDUDIOIASEP Ea Uaiap eamajoj Buin -oBaidusasap a sejo9s9 osseTey — 7£°4 ‘5661 ‘204pua9-pog] sodoud sajap eaneasdap waitvan ewin soauengey snas soe worayar onb PWE UI9s sodudlsa sassop eayoquuis eougjom seasodse1 ap weuessed ‘eu sepeuoise20 sooSepaidep se 9 owsstepuen © “ourqin 22s [euH 22404 win 4od yonysuodsas owioD epeuBisep Js ELL -paso2 ‘ogsuedxa wo seippus sassepp 2 a1uaaa1 ovSeaBius! ap ssgseindod sesseud se soyjooe exed auawaruanbay ‘9961 2 ous} soaunfuo> sopues3 sop vimounbie & coxSezuewnsap 2 ogSeziueqin — S195 ainBunsip as-wuapog “sonrenusl] OBL a So) 7 ap C1quiznou ap souyuo>5s0 wWo> Bsus BU LEUNLI|ND and. seuequn sepugion sep ogSeayidxa ap sewanbsa SO [ee -d ‘9002 ‘n19qQ0 29 9Bues8eq) 21 eu stenfisap somuauieien @ sopnauigns seu «Pr Casp-n) “c210ined, wots anb easeg easeieg 2 ‘yeunsoy e284 ap cauod op sienf! soepepp ap apepunuios euin wis opzaseg ‘easifesianiun oBSe20a ap oeSesBaiu! ap ojapow wn ap serjuny Sousa, anuaurese|> a1uerseq Wejanas ‘sopezaujod oonod » sopeziueBiosep owsaw ‘sasaouey sor lyuod so ‘sounui exeg “eonyjod wa8esuaw ese] ewn (sens sep exianB) pyauog 2/04 essa e inquie anb ‘,3/9z1990 351] -eUO}DeU O2x@1N09 OF SOpJMNSAI Jes AIUaUIaIUapIAa WAAIP ooseg seq 0 were anb saiuasiosas souyuos so ‘eyued -sg eu “e1jaueus euisaus eq “sagseindod sessap opsnyou! ap Jeuorsmnsut apeuoa woey euin z OWo> wsDq ‘91590 eIS0> ep seuespauue seiBau saoSzindod sep opSeauasosdau 9p 319 -pp win v aruaurese|> as-wreuOseIa1 SOURDUDUIe SOI 50 ‘omsadse asa qos ‘seojapid sens e1ed osindsip win 490901 ~40) ap weaned se anb sop apepisede> ep oauenb “ -u19s sepa yenb ou petuoauizaa o2xa2U09 op oruea aauapuadap azouewiad seueqin selougjoin sep eo;jod opsuauip ‘02 -ueaus on “(55 py °d “9002 ‘94y>0u] sassep> ap ean] BuuN ap ogSafoud ejad anb op wisay ep oniaeaae a ons12 op orso8 ojad Sopeanou stew aauawiere]> aiue2sajope ereAe1q ap SOUDL! -ouay 0w0> epeU sreus ap saiue waqeouad anb seonpad a1q -05 (e4opewnifaj 2) oonyiod seyjo wn seSue| & as-opuesn -a1 ‘Sonmewaye souaus aiuawepniu as-uensow ‘syD0y uenseqas ap ojdusaxa e ‘saioane sounno ‘[z00z “ifa!yonWw] nyjod opSerse1u0> ep FeaUAWaRe BUNoy,, OWL0D soURq’N Somyuod sou jepadsa we arsisuy j[erysonyy ag ‘wersay)u “PU as Se;SUEpIODSIp se anb seDUZIONA Sessa B sine anap as anb opnuas ov opsefa wa awauuensnsed 3 [2002 pon] ,Sepenuioous sapepiunuicdo se auu0juo> ‘ses sagSepaid ap sopeyueduiose sazan sod urelas s9]9 anb owsaur ‘(oupay9 o1je2se2) jeuoiomnsuy opss9Ape win eso sopiSisip ‘(ougau> opunas) eSueBurs ap a eates ap seunyBa] sagSeasayiueu 9p opauas win ogp sasoxe so sienb ‘wo10s afetado8 pela recessdo econdmica e portadores de valores culturais virilistas, que veriam na violéncia — inclusive a se- xual — um meio de afirmar uma identidade vi como fragilizada (Lagrange, 1998]; além disso, a intrusiio de um verdadeiro mercado da ¢, de modo mais geral, 0 desenvolvimento de uma percebida drog cultura da violencia no espago da rua explicariam a multi- ‘cdo das violéncias urbanas. Embora o vinculo entre 0 ito de bairros e as violéncias urbanas esteja deter sido comprovade, a influéncia de uma cultura. das gangues, proveniente dos Estados Unidos, provavel- mente reforcou os instintos gregarios (¢ os valores que os acomnpanham) em torno de territérios percebidos como concjtistados, acentuando as reagées de violéncia diante de toda tentativa policial de intrusio; por fim, néo podemos duvidar de que a auséncia ou ‘as nds respostas a esses fendmenos por parce das autori- dades piblicas tenham sido capazes de funcionar como es- Avioléncia urbana. Das provocagées semanticas por parte de personalidades de primeira ordem até a adogao de operagdes de controle policial cerrado em que se estimu- lam verificagoes de documentos de identidade recorrentes haces, passando por uma gestao dos efetivos policiais que coloca em frente de linha os menos qualificados e experientes, tudo isso demonstra uma gover- anya mediocre em matéria de seguranca urbana, guiada Por uma preocupagao eleitoreira mais do que pragmatica. As violéncias interindividuais © debate politico concentrou-se, nos ultimos anos, em torno das violéncias interindividuais, cuja “perigosa inflacao” certs m(dias e autoridades pablicas no cessam de denun- ciar, tssas violencias do cotidiano so medidas anualmente pelos departamentos de policia, com base num documento chamado Etat 4001, cuja interpretago & alvo crescente de conflitos politicos e cientificos [Mouhanna e Martelly, 2007, p.26].A partir dessa base de dados, tentaremos medi ¢ ana~ lisar a evolugao constatada da delinquéncia e discutiremos a hipétese, proposta por certos pesquisadores (Lagrange, 1995), de um relaxamento da civlizagao dos costumes. Violencia e crime na Franga ‘As curvas da vieléncia na Franca (taxa por 10.000 habitantes) Votnircotaoptiinn m Yt eanta paces Forts oer? 9. 26 li 5, O que impressiona quando se Ié esse grafico € 0 aumen- to extraordinario de atentados contra o patriménio (rou- bos, assaltos...) desde 0 inicio dos anos 1960 até os dias de hoje. Mesmo que essa evolugao surpreendence possa ser atribuida a um sisterna de contagem policial mais exigente {elaboragio de um Boletim de Ocorréncia endo de um simples registro que nao da margem a processo) ou a uma propensio crescente das vitimas para dar queixa — sendo estas Ultimas estimuladas por um reconhecimento maior de sua posigdo —, nao resta divida de que a delinquéncia de predasao (violencia de rapina) teve um grande cresci- mento durante os anos 1960 ¢ 1970, antes de estagnar onoa1 0 OW109 WISse “se>IUQUOS SaOSIPUOD Sep BIOYIPUL Y ‘opSepaid ap peiuon Ruin oWOD oF 9s & essed 2 BILOY ap ogisonb Buin oWo> opin 495 ap BxIap Oxno OF oDISy OPEL -vaiw 0 anb epipaw @ ‘SZ ap smued & eipiu! 9s edoung eu anBuus op eougion ep o1yppap 0 anb weusnsa sesopeuorsiy 50 “Wal 495 ap aBuo] iso odusoa op oBug] ov (soipouoYy no siwsodioo soso) anBues ap e1Dug|o1n ep oBSnjona y gopepieunuis ep 40 -22u) ou e1sua|OM ep OnUAUOD oauaUH!DSO49 WN op EPED spuvnb apepijeos & srznpean exed ounia2 owisaw o 4eBaad -ura sowapod anb eias “[s00z ‘yadjaq] epejnBaisep 2 nb aed ,opuinwy op oiuauiefenjasse,, wn ap ees yoediag aseauy. eusaIU! saQSejas aiqos AUEYIIIq OLesUa LINN vomnbugue /euo!seuse2u! Wapso BAOU essa 4e2Y) owwawefenasse ov ovioias wp ‘seonsyeisa se weruat anb ‘sopeuapuos aruauneind ‘sosindxa aausureses ‘sope|>ipul sowsauu so a2 -a1uanbay ogs anb stu onues ‘sage yu svssop anua2se19 ogSezyeuad ewin wo ‘ose aisou wpquies “Wwepunpas soun -sapulep soe opSzjau wa ealssaadas stews zan epeo opdepsiS paJaqeIs9 O OWOD UNISSE “QZ61 SOUR SOP sopvou! op anued e sesta1uoy sep oauaueyray O “sarepes sop ogseatjdnjnut e 9 opersa op onsssaidas o540459 08 1B -ny oxrouinsd we anap as oauawiosa9 opides ofno ‘oasuen ap o¥ipos oF sooseyur se exed ajen waquier oss| ‘oo1ypst op ouauine win anb op sew ‘sreisyod sop axed sod 3) -onuo9 ap apepiane ep causwine wn “epeu seu ap SaIue ‘ensuowep $71 Sep c1uawipsa. 0 ‘auauepapereg “SO4e|N] -29 sop e5)2eu OgsnyIp e_UN sod o1ueNb o1Ue; ‘oxa|dWI0> sie OgSe2yIpO9 ap eUIaIsIS Wn sod as-e>1}dxo — 190z ap anued & satuanbay omnus — seiejnjao sauoyaja1 ap soqnos Sop 0149991 OgSnpad e “esaueus BussaUM Bq “WOS ap SoYja4 -ede ap oqnos ap a somes ap seunpey>ay ap ousuIequIOLTe ap seaneiuaa se aiuaUijpaisuas srznpad wresniuuad sesope2 -uou! sep ovdaioid ap soSioysa so :(9661 Wwe sopearsifies sognos Sop 9609p ‘95 1s Jod ‘weneiuasaidas anb) sojn2yen e sopeuoioejas soqnoa sop ogSinuiuip & sapuaaiduso> 22 -luniad anb o>1u991 sore win 9 “epeU steut ap saruy “sed -leuews senp ap as-weayjdxa sepeznus sean sessg [£007 Sypuyponw]) un urezann sosrBuesise sop oamiersa © EnUOD segseyu! se no ousugn ap oBipo> oF sagSeyur se ‘[sruvyadms sap ans vonnsi89] mj @ uorsaujuy ‘s7)] sawaradioiua aiqos og5e)si89| 2 sagSeyun se ‘oUPUOD oy ~(sojnd}an ¥ sopeUO!eFas SOq -nos ap ose2 ou HEE F NOBayD anb ovSnpas) 901 wHEIseD Soqno: So “9907 9 9661 atu “WISSy “OINaUNIDSAID UID BID -ugnbuyap ap seurioy seaano 8 sen] pp a g661 SOUR sop LHL} op alased b jaajsuas as-eusoa e!augnbuljap ep epanb 2 — seasiumnsuos oxn} ojad soperiefas sou ognos op opsequaa v espudsus owns -uoo ap apepissacau vu opraseg epin ap opows win ap ‘o> -Iurguos8 oquauui9se.9 ap sour sou *eS;eu CESKyIp e — fepeaud apepauidosd vjad oedsos o sreu epure urea -npas steuaiew suaq ap assod vjad epeasuasap episod e 2 euanf-sod op sour sou o21uiquore oauausasas9 0 ‘oppjeaed IpIUs We 906 ap SIewW ap jaazioU c1uauINE sy “SeuJOU Sep On13J9 © OSTYIP sfeuL NOWIOa ‘oUN|uOU OW! -ssjueqin a1ua9saio OB epeposse ‘oupUNWO> osiaRlUN op opSeBaiSesap e ‘seaneradus: seuuou ap eioanpoud |e20] ap -epiusoid ewin a opeonod op onuap aiuersuo> ePuEpSiA euin enesy|du ‘(eipunyy Bu—ND epunBag e pre eSuery EU naoajeaaud anb ‘oupaunuios oda ap apeparsos & o1uvenbug ‘apepife;oos ep sagSnjona se seaupynuiis ‘euuoU e oPSe;—) ep sagdeuuoysuen se [Zu -d ‘Zooz] sayy auauney 2 uaqoy addij1yg wos eoUgUOSUOS UIa ‘Ie0U25-wIapod— ISBSIOAIP OBS OUDLIQUAY assap SagSeDI|dva sy 007 Soue Sop Oru! Ou s1uaUses193)) Ainujwnp ap ‘eruauolsoasod “9 986 SOUR Sop soprou We dios reflexes aristocréticos de combate contribuem, assim, para reduzir a taxa de homi ios. No entanto, a partir do fim dos anos 1950, a violéncia de sangue sofre uma brusca evolucdo. Os crimes de sangue passam de 1.042 em 1963 a 2.562 em 1990 (isto 6, um aumento de 2,5). Os roubos com cia, por sua vez, vao se multiplicar por vinte [Lagrange, P. 287]. O recente relatorio do Observatoire national de la delinquance (OND) confirma essa tendéncia para os dois Liltinos anos: entre 2004 e 2005, as violéncias fisicas contra pessoas aumentaram em 5%. Pior que isso, as violéncias fisi- cas que n‘o siio motivadas pelo roubo, por sua vez, tém um crescimento de 7,8% e representam 45% dos “atentados vo- luntiirios a integridade fisica” [OND, 2006, p. 7]. Essa cons- tatago € compartilhada dentro da Europa: entre 1995 e 2000, as violencias de leséo corporal aumentam em 31% na Franga, 34% na Holanda ¢ 37% na Itdlia [Lagrange, 2002, P. 11]. Como escreve Hugues Lagrange, “a generalidade dos aumentos da violéncia no interior da criminalidade nao pa- rece dluvidosa” [Lagrange, 2002, p. 11]. Sera que disso se deve concluir pelo asselvajamento do homem modemo, de volta a expresso de seus in: belicosos? A questdo ¢ complexa € nao poderia ser resumi- da por uma andlise que associa etiologia e biologia, mas pétese de um declinio parcial e circunscrito da civiliza~ 40 dos costumes merece ser formulada, Segundo Norbert a historia da construgao do Estado na virada do sé- culo XVI na Europa acompanha-se de uma transformagao tos das cconomias psiquicas dos individuos. Enquanto se cons- tr6i © monopdlio da violencia pelo Estado e 0 progresso econdmico e industrial favorece 0 aparecimento de cadeias de inverdependéncia mais restricivas entre os individuos, as exigencias fisicas se transformam: o medo de outro é subs- ‘ituido pelo medo de si mesmo, do desencadeamento das Préprias pulsées, do ridiculo ou da press social. € todo uum fenémeno de restrigbes emocionais que se instaura, uma predtupagao de autocontrole pulsional que participa de uma civilizagao progressiva dos costumes [Elias, 1973], Ora, de acordo com certos pesquisadores como Hugues Lagrange ou 0 socidlogo holandés Cas Wouters, essa civili- zago dos costumes estaria cedendo lugar, nos tiltimos cin- quenta anos, a um tipo de “informalizacaio dos costumes’ [Wouters, in Lagrange, 2002, p. 13], a um relaxamento do controle de si que explicaria o recrudescimento recente da violencia interindividual. As raz6es para essa inversio resi- diriam na influéncia psiquica dos modos de consumo e da produsio em massa que se estabelecem nos anos 1950. 0 capitalismo dominante estimula, por razées comerciais, a expressiio do desejo imediato, uma ética do prazer mais do que uma ética do esforgo, uma valorizagao do rendimento a curto prazo, elogia as relagées interpessoais desembara- gadas de qualquer obrigagao hierdrquica, descarta como obsoleto 0 respeito aos protocolos e cultiva uma moral ‘menos exigente e mais adaptavel as necessidades e capa dades de cada um. O desenvolvimento de uma sociedade ria e ancorada em valores religiosos favo~ rece igualmente o distanciamento da autoridade dos pais © turva a fronteira entre o permitido e 0 proi lentas transformagées da vida em comum explicam, para alguns autores, 0 aumento das violéncias que respondem a esse moralismo menor, a essa valorizagao do prazer diato e a essa fragilizacao das barreiras comunitarias e ins- titucionais. Assistiriamos, assim, a um fendmeno — inquie~ tante — de descivilizagao dos costumes. ie Mas a tese de Elias nos leva a propor outro elemento de resposta: no fim das contas, talvez 0 aumento nao tenha ncidido tanto sobre a violéncia, mas antes sobre nosso miar de sensibilidade a ela, e assim jé ndo suportamos 0 ‘que nossos antepassados admitiam. Em resposta, é prova- vel que tenha havido uma multiplicagio da taxa de queixas € processos nas tilkimas décadas, 0 que explicaria a brusca ‘apepiuiepou essou @ operdepe aruawenifarensa Seu 2 ‘Joreul apepyiqysuas essou ap OBE! wi “asia syeUL oduiar 9s win @ 9 ajp seus ‘aoquRuiiad oauaurefenjasse O odo wa owisau ave 2 ‘sazueulwop se4ope|na1 sogSinajasul sep wo8seu e sopezipelpos a1uswamuanboyj Ops sodnid sossa anb wa epipaui eu soyjaus pure anjonuiasap as anb osansou {win epes ap ogsezjeizadso v ejnusiaso anb ‘euiaasis tin ap o2xo1u09 ou ooApad o5insa4 OWOD 95-1054! ‘oup.nuos ov ‘seu ‘s/euotseu! sterDosse $9195 ap eigo 9 OU 59959] Sep e:2UQION ‘OpUas Assan “y1IN sa4luas sazen sod apod a anfunsip so anb esiesd ein ap‘ ‘opoui ap “ajen as anb 2 sosinsaa soznno ap sopynaiasep eves mle tcnesty een | Soe aOnene Ramen tin uo}se2 oun aquawaruanbay sie1os sodnuB ap sogus seu — apepapos ejad 21y2)-j0n0s owo> opeyjnaeduio> souaus anbiod — oses yep anued & ‘9s-vus02 anBues ap e;suajonn von najo> onjqury Ou epesajoa SOUBU! Zan epeD 9s PIA ap ore} ojad auawersnf soveur eoisy euajom eun ap uianias as anb sie905 sojur ap aried sod “e;>uajoia ap sieuoia 2 511905 saosjoq ap owausyjoAUasap OB OINLU)ISa O eI>UaNb -9su09 10d 491 waquiea apod eDURIOIA & FeUIOdns ap apep rede PSsOU ap OBSINUIUNP y “JOUILE 9 2Jo.2UOD0INE 2p apepisedes & onb ap ogsexe2suo9 & epinnp ws aed o1uod ass9,0581 40d woyy “eSuBinBasu ep seovasneasa sep OBSeA9/9 Nae a ie S Embora nas dias de hoje nenhuma violéncia pareca acei- do ponto de vista social, existe uma que permanece a um s6 tempo inteiramente rejeitada e parcialmente incom- Preensivel, pois sua enormidade sé se equipara a sua austn- cia de significagio, Falaremos das violéncias de terrorizagao para qualificar aqui os atos de barbarie extrema que com muita frequéncia acompanham as guerras, quando nao as constituem, mas so também a marca de uma nova era do terrorismo que, em muitos aspectos, est bem mais préxima das praticas do esptrito do totalitarismo que de seus ho- mos dos anos 1960. Compreender as violéncias extre- mas obriga a tentar elaborar uma verdadeira sociologia dos massacres, na esteira dos trabalhos pioneiros de Jacques ‘Sémelin [sincetizados in Sémelin, 2005}. No entanto, o pen- samento vacila ao se confrontar com 0 horror de que os homens sio capazes, Faltam palavras, assim como anilises, Para compreender e dizer 0 indizivel. © empreendimento re- flexivo € ambiguo em si, segundo alguns: explicar e querer compreender ja seria tentar perdoar. Mas recusar compreen- der ~ 0 que seria contratio a ética da pesquisa ~ deixaria 0 caminho desimpedido para a amnésia coletiva, raramente um sindnimo de reconciliacdo ou de evitamento de erros Passiidos. Proporemos uma sociolo; dear dos massacres antes ar trés Formas dominantes de terrorizacao. Sociologia dos massacres A estrutura das oportunidades Aintengao de proporuma sociologia dos massacresdemas- sa obriga, num primeiro momento, a tentar compreender © que torna possivel sua realizagao. Falaremos de uma es- trutura de oportunidades favordvel & explosao da violén- cia, condigao indispensavel — conquanto insuficiente — a0 desencadeamento das violéncias extremas. A estrutura das oportunidades do massacre faz referéncia a0 conjunto de condigées estruturais ou conjunturais que encorajam e tornam plausivel a passagem ao ato ultraviolento [Tarrow, 1998]. Entre elas, podem-se assinalar principalmente: ~ 0 apoio real ou a impressao de que se tem o apoio das autor dtades poltcas cria. urn sentimento de impunidade e até mes- ‘mo, por vezes, de estimulo para os bragos assassinos. Esse ponto é essencial e mostra que as violéncias so tanto mais. terriveis quanto parecer legicimadas, ou, pelo menos, nio claramente condenadas pelo poder institucional. Stephen wil ros na India, observa que “os massacres de 1946-1947 ocorreram somente nos Estados — Bengala, Punjab e Bihar — onde os governos dominades pela maioria éenica local comunicaram claramente que no interviriam contra ‘sua’ comunidade para proteger a minoria” [Wikinson, 2000, p. 130]. 0 vinculo estabelecido por esse pesquisador entre o nivel de massacres intercomunitérios e a presenca de interesses eleitorais mostra claramente que a violéncia, Por ser do interesse de certos empreendedores p goza de um estimulo claro. © sentimento de impunidade pode se transformar em verdadeiro chamado a violencia quando as autoridades judiciérias no propdem sanco pe- nal alguma para os crimes comprovadamente mais graves. Christophe Jaffrelot o demonstra num caso da {ndia con- temporanea, em que, apés os conflitos de Bhagalpur (mais de mil mortos), uma Gnica pessoa entre 24 envolvidos foi condenada [Jafirelot, 1998, p, 299]. E claro, quando sao as Proprias autoridades que organizam o massacre, & seme- thanga do poder hutu em Ruanda no inicio dos anos 1990, a violéncia ¢ ainda mais legitimada [Des Forges, 1999]; ~ © siléncio da “comunidade intemacional’, isto &, essencial ‘mente das grandes poténcias, cujo peso moral, politico e eco- rnémico pode influenciar a escolha dos paises-alvo [Sémelin, ison, num estudo notavel sobre os conflitos mortife- uow OMsap ap sorst4 So EAN}! OZ61 SoU sou seuodel oyjounaA o21219xa OP JOVaIU! OU OpHaWO> a;deSsEL Op oprayuo wiaq ojduioxa © [002 vamos ‘ZZ61 ‘s1uef] soanafqo snas se5ueoye ap wy ® syeoipes sore e ajadustoanb odns8 op zpugainaiqos ap no esneo ep ossaons ap eupsaid | Buin @ rasapaqo auauepides apod ,ounsapuel,, ssozapod-opor nouion as ‘soujo snas e ‘anb opseziues ~40 ew ap Jopeinanaasa 02199 0 gos 9 oLpUNNad OLUORUE nas tod sopiauioy sresow saatust} 9p ePugsne BN “|eD0s uiaiiesooue ens ap onpyipur o a1uswrerjduio> 481409 OF saawapuaaidans soxeyo sesoduio> apod apepiunsepurj> & ‘opey>aj oupaauap! o5edse ap eui04 ‘odnul ap seoiBoi sy [261-4 ‘so0z ‘zoma1>} saoSiquu: sep ovs -uadsns e ‘{e10us ossiwoidwioasap © ‘odnuB ap se>iZoy se HoMoY ou epenus ap sezuzdup seyuy| sea sowuasInBUIISIq 2eWI0KD EIDUIIOIA ap SosED SoU ore OF WIABEssed e WED -onoid ‘sepmjonue sopepijeuosiad sep a1uauaruapuadap -uy ‘onb oBse ap seaiBo] se oEs sient) (uouo> oonde> woo J21U19AeL pUE!LIOg ‘WoOIR}g WO BUOIS JaNI}O) BISEOUID OF no (nr) UeyeLOf no egueD jenuEWUg) es!>UEWO! padsa ov oiues essaraqut oisanb y “seu “Ban Seu Ossaons apues® wesaan anb [pE6L “Buumosg] Se21jNUAID serZ202814 SeYeIZOUOUN WHA sepeiode sagxayas Seso.owiny ® ofasua nap OUISSSSE WP , tLINWOD WIOUIOY,, © Puuoysues anb ore oF uiaBessed ep ogisanb wssq goaseueo euio) 9s wonbje owog ny woBessed ep apepyiqisne|d esse werajd possa.seu sapepiumodo wagdoud — steal 1ulay@ ap Ousnoud wo eI>ugiod ens ap oBSemwOre 2 OU ap “epeuue any ap o1uawiNnoU Wn e 9201 -od oprasy uin 9p o2njjod 2 eau o1ode ‘opesiqo> ougautea oulsaws win ap owsor wa sopersg anud sapepljeru ‘sauicy seu -gilunuio> saoswyp wo> opeiucyuo> opeisy op ezenbesy 'SODSELIBD SOP OIUBUIRSAAU! © Ja2910AR) a BND ogSsiui ewn seaKa oF ore OF waBessed e nome Wag -urea “eisizeu ogSenue2u0> ap oyjeiede ojad epeuneasut Jeursnpur a1i0W ep oui01 wa sepeusa> seriod se ‘sejduiaxa SreUI Ose9 © “slan)ssaDeUl slesny SPUOZ SPU SOpE|AUUIISA SELL ‘oonyjod sapod ojad ‘sapepip seu ‘sopearuy weio) epuemy wo sa.9esseU so ‘SoapLiD syeu seus0I as B LeseSOUIOD S129 -uaueuisrod opu sagseueBio se no s}euo!seuIaIU s9z0p -PA9sgo so opuenb ‘es|sueW eulssWs Bq “eUPNeU! e1DU2) 1A Bun NospEruasep anb o ‘sa1eYjo Sop a>uE>}2 Op B10 assife as anb weuniuuad “euspg wu “eoluouqois ap apep -19 8 085098 ap OBSipioiU! E No EONPIpIUN OBSUAIDIU! epor B BIUgYDaYD wp seuFoAUOY SEP OaUDWIEYD9y O “s!9DB) S!OU! as-weU02 vjeDs9 opURIB Ws sa.DEsseL SO ‘SeIBUIED SEP 2 zny ep eBu0} ‘sepexe2 seyiod 0 obedse wn op ovsous & — [9007 sueauis {261 “d ‘soz “Uysuas] syeysuserd -wios ooned a 035998 ypyip ap sa:o¥sseW! ap aiueIp seanvas anuawerelpeus) wefes seweioueyd seipiws sapues8 se anb oxes 9 (sre1uapis0 no) soursiowe soxpep!> ap no aiuanyu syed op wrap ogseayjduit ap ose> wa onjes ‘opepyyen aza1ed OU asenb ‘spije ‘—somyuo> sop opSezneipitu ep Banisod esuany 1 eUUN ap BIAPL e — ND O119)9,, © “PMFISORN}-x9 BU O31 sarpie9 ap sapepijnisoy sep owuauueapesuasap op opIse20 10d ‘euatuauaco! Syeus ‘9 OUISIZeU Op ORSUaISE Bp arURIP Opes -sed ou nowsayjuew as feuo!seUAIU! OUNsAMe ass -[ozL “A 6661 ‘598104 soq] oB/Sa4 wu sawuosaid NNO ep seSuoy seed Sopeinus awueye ap wos wo seueiBojar so a seuue ap sof. -puosso ap euaqoosop ® ‘sisIm Pipi seIH99 ap SBso.OsUeL sagSeieppep se sode e1sugjoi ap sagso|deo ap sonsu sepuess Sop sepeunojul opis wassannoy — soplun sopersy so 9 eI -ypa 8 “eSuay e srenb se onus — seiougiod spuedé se eioquia ‘fe108 eSuar9y,pur euin e ojau wie opezijeas oy faim epepiunus -09 8 enu0> sapuens o1pD0UdB 0 ‘o1>}U1 nas wa “[961d‘SOOZ Ss Ys nae i A a ee is at = eA fero do espirito de clandestinidade [Prazan, 2002]. Essa influéncia da organizagao sobre os corpos e as vontades se ‘manifesta igualmente nos mecanismos de burocratizagao da violencia, atuantes em intimeras operacées genocidas. ‘Ao fazer do ato de matar um longo percurse no qual cada individuo tem um lugar preciso ¢ limitado, os zelosos orga~ nizadores do regime hitlerista tentaram desresponsal cada participante, simples elo de um trabalho burocrati- 0, mesmo que para isso fosse necessdrio deixar aos mais doutrinados ou a comparsas involuntarios 0 cuidado de concluir o “trabalho” [Venezia, 2007}. derna favorece o distanciamento funcional e fisico, da mes- ma maneira que a guerra ¢ os esteredtipos raciais criam © distanciamento psicolégico entre o carrasco e a vitima” [Browning, 1994, p. 213]. Se o peso da organizagao é im- Portante, & também porque ela € frequentemente a fonte do comand e da legitimidade. Numerosas pesquisas, en- (reas quaisa mais célebre éa de Stanley Milgram, imorcal zada no filme 1... como caro, puseram em evidéncia o reflexo compartilhado de submissao 4 autoridade. Quanto mais burocracia mo- 04 todas simultaneamente) estiver aquele que dé as ens, mais usual serd a obediéncia cega, Os grandes regi r08, & semelhanga do nazismo ou do maoismo, n-se da tripla legitimidade do homem providencial, da superioridade moral e do discurso cientificista para convencer as massas a aceitar o horror ou @ participar dele. Por fim, € 0 conformismo que explica a participacio coletiva no inominavel. O estudo de Christopher Browning sobre o batalhao da policia alema responsavel por massa~ cres espantosos, assim como os relatos propostos pelo jor- nalista Jean Hatefeld a partir de depoimentos de milicianos hutus em Ruanda atestam essa constatacao cruel da forsa do seguidismo [Hatfeld, 2003]. No fim das contas, nem sempre € a obediéncia que impele a agir, mas sobretudo o sentimento de ter de cumprir o préprio dever, assim como 0s camaradas, de se conformar a um espirito de grupo que empurra para a ago, de manter seu lugar e de nao faltar com as obrigacées diante dos colegas. “As potentes forcas psicolégicas de conversao dentro do grupo sio suficientes para compensar as sangGes sociais tradicionais que freiam © emprego da violéncia” [Shaw, 1986, p. 366] (© descompromisso moral. © ato de levar 0 outro A morte parece mais facil se for possivel se convencer da inumani- dade desse adversario, de sua impureza natural que o dis- tingue tao profundamente. Esse distanciamento necessario a0 crime se realiza ao mesmo tempo no corpo € no discur- So. “Nenhuma igualdade, nenhum alterego e, portanto, ne- nhuma compaixdo”, escreve Olivier Le Cour Grandmaison em sua andlise da légica mortifera da colonizagzio na Ar- gélia no final do século XIX [Le Cour Grandmaison, 2005]. assassinato do outro & possivel porque a distancia do outro em relagao a si foi ampliada. As decapitagoes, as torturas, 0s ferimentos corporais, & semelhanga dos des- membramentos realizados em cadaveres na Colémbia, dos quais urna unidade aterrorizance é reconstituida (as pernas no lugar dos bragos, a cabeca no lugar do sexo), so as 10, mas sobretudo de muitas formas de assustar o ini assinalar a diferenga entre eles e nds; diferenca essa que facilita, em resposta, 0 assassinato em grande escala. © distanciamento € ainda mais necessario porque a proximidade costuma ser real entre o carrasco e sua vi ima. Em Ruanda ou na Bésnia, as diferencas culturais eram fracas e a proximidade geografica forte, o que tor- nava mais dificil a passagem ao ato. Para compensar esse interconhecimento, € preciso construir um processo de distanciamento que passa, antes de mais nada, pela hum thagao das vitimas, transformadas em coisas, em animais cuja exterminasao deixa a partir de entao de ser um peso. pu 00g 204 9p Sena sosop seensitupe yeu no dune 0 Jepnfe ewer 2yaeE es op les sopesyabsed o} wasne 2s ndeo 09 sn9s ap op e 0.9 109 ~seauny led ‘Sos Sop 9 9p SEW WIA apepuoInE e opuend “anbad ‘nyduno ogu onpyipur coun Jed ownage “cums in ebuaiqyp e and os -oine g owowRUONseND wes 2 efa9 gsequgas e sv enunuos exvatpaqo ep JUIOW Q A OSH SO aIe WD} "we uo 9p ‘soyduns ode wn exe € Jayjooso esed sou ‘sonpinp sie, assoyederersuoa.essa sop eZ sevade amb gf ‘eueuny nqo’enb ousews'se6aj029p 0d | ezaymeu ep eudoud 9 Ogu EpEIse.UEN! pogsereisuon geAeUIDCISS — eURIOW & a p west “A et $0 eyessedenya sepeysinanuo seascad sep eunyuau anb sesuod e as 390 oBhuoygO ou jeqUaa e 85 ee yOR ap Sale wal apepuome ep jaded 0 anb Yojap e1uasy od 1951 wa yosy WOLDS 0d quod 3863 dns thes -vonbay wies9s sepioouss seiSojoap! se ap ore oped “{LL“d “Zouz ‘uyewas) ,asswoytind wigquiea 9 ‘se2yund siwoWOs BU 9 texeUY,, “UIjaLuRS ZIP OWOD “ean2aK9 o anb ajanbep onuawusapueiBua ap eunoy eu ‘odwar owlsaw oF ‘2 ‘2f9 enuos opSaroid ap Buoy v>IUN e eLes oauauslza.edesop dsns oyuense wn ‘jeoIpes O«ANO WN ‘aarvge ® oBiwIUL win OWIOD OperenaL 9 Onno o ‘[zg6 ~d jey>suaqo] ,a5119 ap onnWB0D oupenb,, win ap oF -Pu se;pugjom seu aqueasuos Buin 9 [LL -d ‘ZO0Z “UHauIAS] «ezoindust ep eou9za1,, esq “e{hs no eindust epedinf apep eu piso ounjeo 25 ‘soses sop syOg we 09 SiayseeY Sop eNOIEU Bh OSL SOP 's0sea sop 599 we ees exo eunu a} 982) EN 7, ODE Sve CUISNMW LEIA ssasoudounje Une ASH SBI Yaya ul MN 9 Bp SaWUE A QZ S02 AIOE 9} sopebousru! op eouaiuoia eission op cyyb wn ebue| 2 pg soe eas -2} eu ep apepnueosd e anb soxas {ASC 808 IVE AO Soe as-ex¢and fe ee ee ee ae eee eee eee eee ae -woane g1asapaqa ap apeprsedea e anb © srGu‘sepava seysodsa4 ap crown nonsvowap erated y / age ap 1} 0 J01eU OWEN) ‘elouauEKra e evo sopensiéos coun sanboyp ap appr _Jadns anb e1siu90 6 owDD Wisse soVe 22) GEL ate oFn KOOL {sIe~mINOP wn opepH.ea eu a Yaved}) apLane 0 seanajed ‘oupussoaun opaw0a “eu 1g¢ sonboyo so anb ecu: -apeve epepuoine op waycea) epeviwotp) sequnBrad se 20, na weqgated ane anb eoscod y(n) S08 Gt 9p oosg19 -neewn apopisedus egos aivawegun —onboy un eepraUugns 9 epee Ewsad “wersouuos ogy sojeonb essed ewn e 0 Epos © ‘end onpuypur oxno e SEI ‘oe ou uresenaysayatns sop 678 ja sexu senp seaweng ‘Sonpiypl 969 0p) 22 opuaNORUD sep wend 9p e900 ws e1yeas uric semuguadia axauorag epepuoyne @ ervelpaqo ap sousins ‘AOp 9p sefueasap san sode no opm 0p epeprvedeo © pow exed (uaNey ‘9p sesade Jo.ed @pcop ons 0 as eu MBN) 31% 9p pes sway euguadke ¥fapepuoie op set -uguodxa ap au9s eu sodsar cand) osiaid wag oBippo un AayseIg obo}gIsG 0 “eggL 2 096) 20g ‘woo opize ap evouguode ep ovSenun una @ dus exed waver eisnue!9 0 WyuoTIW ATINVLS 2 senunjw09 wa oeSensay ens eomnus 30 VIONgINadX3 Vv -junwo> Buin 9p cago OW0> o1no Op OYSezmEWBHIse 9p osin2sip op ojaus sod aquswjend) eiado as ouaue!oue? “SIP Q “OuISsesse Op o2u9]01A OWUSIANE Oo se2ydno—p ZeA Ens jod ariuued ‘eugioin ejad epinasuos ‘epeprrewny-qns ap ovsipuo> e553 “osoupau ooysy nas @ exieq eSoqeD ens ‘saqyueue snas ‘zepnu ens ‘sasowinba sens ‘axeiojdap optipuos ens eisare oo ‘epep|uewiny ep samwi -adsa euin sew ‘wewioy win 9 ogu gf opeuapuo> O [9661 ‘addein-wnoyen)] epepiueuiny ens assyea aeyjo nas anb Jeune ap Wi & “So1USHG SoujoUO|sud SOP DIPRIW EAEWE|D + ,S0ujo sou OMapS OpEPIZS UsN ayjo sg20n-ap NYUDU aNd, Sera erg a Riles temente dicotémicas ¢ rasamente bindrias, opondo o bom 0 verdadeiro ao falso, a Idgica da pureza desem- penha af um papel central e prepara 0 ato criminoso: ela elimina do espago do visivel uma imundicie temida; refor- [2 © grupo identitario que, por contraste, assume plena- mente: seu lugar no espaco do soberbo e do puro. A suspensio das inibicoes. Abracar a violéncia mais radical exige que se abandone, por certo tempo, o vestudtio da civilizagao. Tornar-se um carrasco é renunciar ao fragil po- rém influente aprendizado da pacificagao. Sob esse aspec- to, a violencia é fortemente liberadora, libertando, antes de mais nada, do colete social que protbe o assassinato e, mais ainda, a crueldade; é uma festa agradavel elibertaria: “O massacre € a antiestrutura social por exceléncia, uma comunidade emocional para além de qualquer moral [Sofsky, 1998, p. 168]. Como toda festa, a violéncia preci- sa deatmosfera para se espalhar e 0 carrasco nao se trans- Forma nisso verdadeiramente senao quando arrastado pela loucura dos sentidos. © “embrutecimento das sociedades” (Mosse, 1999], que ocorre durante a Primeira Guerra Mundial e favorece 0 aparecimento dos regimes fascistas, 6, antes de mais nada, 0 resultado da vivéncia traumatizan- te de uma guerra inacreditavel e nova, a dos ruidos ensur- decedores, do estresse constante, do espetaculo do hor- ror, de um medo insuportével. Esse grande momento do “tudo ¢ permitido”, Feito de explosdes e de gritos, de urros € de choros, influencia fortemente as atitudes e eranspor- ta com facilidade para um universo de ultraviolén relatos terrivelmente realistas dos campos de batalha na obra Viagem ao fim da noite, de Louis-Ferdinand Céline, nao n ilustrar melhor essa experiéncia da morte que multiplica os reflexos assassinos. A utilizacdo, em intimeros conflitos contemporaneos ou anteriores, de psicotrépicos ou alcool, o recurso a criangas-soldados, mais desinibidas porque menos instruidas e mais manipuliveis, o emprego de misicas inebriantes ou sugestivas (rap guerreiro, hard rock) ou 0 recurso a aderecos de guerra ou maquiagens atetrorizantes (como em Ruanda ou na Chechénia) sio as muitas maneiras de preparar os homens para levi-los a suportar as violéncias extremas que praticam. No fim, € a rotinizagao da violéncia que pode instaurar-se e acabar transformando o horror em trabalho, 0 assassinate numa espécie de habito, enquanto “a atmosfera reinar”. O prazer de matar © prazer de matar existe? A voga dos filmes americans que ndo param de fazer com que o inimigo interior seja per- cebido como um serial killer, to Fisicamente violento quanto moralmente ambfguo, favorece uma interpretagao psicana~ ica da entrada na violencia. O gosto pela violencia pode ser abordado de trés maneiras: a primeira equivale a centar mergulhar, com a ajuda das ferramentas do psicanalista, nas neuroses individuais de alguns psicopatas de exces, A segunda, mais acessivel em cigncias sociais, faz 0 vinculo entre a identidade do sujeito e a passagem ao ato violento, estabelecendo uma relagao de causalidade entre a necessa~ ria construgao de si ¢ 0 uso da brutalidade. A terceira esta- belece a relagao inversa. Ja no 6 a violéncia que participa da construgio da identidade, mas uma certa identidade, produto de um meio autoritario e distante, que estaria na origern de comportamentos singularmente agressivos: — a neurose criminosa provavelmente uma realidade em alguns individuos que sentem, com o sofrimento do ou- tro, uma forma de prazer, e até um vicio agradavel. Aaron Beck evoca aqueles que ele denomina “psicopatas prima- Figs” [Beck, 2002, p. 160], caracterizados pela auséncia absoluta de empatia, resultado de um egocentrismo de- win wreyuaduiasap s1eodi03 so8nse> so no oviiija, e anb ia ‘oso10814 9 o1on9s aruaueUIa:IX OBSEoNpD op aUIo1 un e sepeiy) seangye seiougies ap “Jo opundas ‘e1uawer -aup euexjnsas aonb opunjoid owsueaoane win sod sepe> -reu sapepljeuosied ap ovSnasuos ejad ‘21 ep eiBoj09p! Ep spun sod “9s-essavoaut [200z] WOPY 4opooyy ‘exPILO;ND apoprypuosied » eugos sopmasg soaqaya> snes wa “[9z “d “€00z ‘saupis] opezuouay! suawepunjoad yejauersixe 4e259-/etL in uiisse wessaidxe anb soauajon somaurerioduso> wwznp -ou wapod sted sojad eSueuo ep ox5iafor ap soosemais se lopmiaiqos seus ‘ezausy ap B/sugsne v no sted sop epuasys -ou va eSuasayipul y ‘sted So wo jeuor>ejas eu—e Eun pei a1uaurezuanbay pisa aneu8 ersugnbuyap eu epesiua e anb vnsous sa4piy ‘soursyaie soyjeqen ap as-opulnas “epia ep sapep! sesjaustid seu osoiojop auaunseinoaued ‘ouains ov opSejas wa opeuuLye Joutvsap win ap no eiexas a1usuEWaNXa epaOINe OFS -ponpa Buin ap opEainsas ‘ersuajoin ep eupustid oBSeZIe1 -o5 PUN 9p P-95-sR]B4 “OaLaJOIR OauaLIEIIodWIO? © 9japous Ienpiiput apepnuap! & anb ‘oupsuos oe ‘ayssod 9 — ‘soups unary win v ossaze ep ‘odutoa ows ov ‘9 eproylosey apepruap! ewin an.ysuo> oul -red equajols a140w y “opunu arsap ® anb euoseysines seus ios eja anb zip as jenb v aigos “wa/e ou epin eNO BWN epiqaoaa a epep auiow vjad aoueaje as anb anjwued ov ‘op -fuas ap vasng vsse eujoUeL eUISOUL Ep ZeysIIeS O50/81]94 oquoueunnop ojad sopejnuinsa seprsins sopenuaze sop ueindod y “[oooz ‘uezesg] exsyjeuaduy-pue aauvereq, -wo> ap ebisod epefanut v oonpse ouoyyuand ov apaiajo anb auiow ep owisteuey assa eunsn} “|aes5] WO “poy ap culodouae ou saipapty wa sopeunoysuen ‘oqere ‘esnvo pjad sasauodef saueau sun8je ap eyeuoranjonas Joy “eDuansHe ens eed Opnuas win 4eTN| O41NO WH antiosua a eassaucxaul epia ens ap adeasa onpinpur o anb annuuad ge auawjesced ef-pauenut apod “epuris opout upanuapE | | | ag -onrafns op esraiduis no epuay apepnuap! e e10u0> ‘ose? assau “e}SUgI01A Y ,, [#1 OtU0D opeuissesse 9 anbsod “joyuedsa awaueas 9 oxsno © fo2seq oned op awou ws orew anbiod ooseq azuausjeas nos, “opeipo odniB op ouquisw o ‘odnu nas ap auou wa “ereus anb ourssesse ‘oe spepnuap! ap owslos9.08 win 1929130 OF ‘e189] wsso wopuodsexio> sejnoiued wie seoing seIoUgjoIn sy “epiU -yopul 9 Janey srewap sod apepruap! ruin sez1}euN105 ap ‘pou! win owo> sunBje sod epiqasied sas apod viougjol © “(o}duiaxa sod ‘exan8 ap ovsemis) sepiSy souaus weusoa as o1uawesoduios ap se.fez se opuenb ‘enbieue a ezaa ~192u1 ap sopoued w3 ‘['s 9gz “d ‘poor ‘eso1maypa] apep euosiad ep ovSeBoiSesap ap oauauinuas oF a1i0y slew! 2 eioup stew epesjnf exsodsau e 9 anbiod ‘quaussajduuis srew ‘no jenpyipur apepnusp: ewn ap ‘apepyeuosied euin ap ogseuuoy ansas anbaod epeBaiduia inbe 9 eID -UQIOIA Wy “Scquie a2Ua OBSNAISUOD ap O|N>uJA WIN OpUaD] -aqeasa B12u9I01A ea On1aIns Oo anua jayssod ORSepa4 e PION BLLOIAALY aUDIW ‘02189]0D0s saqes op oWoAd SHEL — (Iet 4 “e002 ‘saypty 40d opeaa] “219 edjno ap oauawnuas ap eisugsne “1s ap ojywWop orey ‘ovsensny e BDUBIa|OIU! "wanaye e5U9.9) -Ipur :,2sounwis apepijeuosiad ep oa}onu,, 0 weuios anb sooinbysd soden soupa ejeuisse jareuig ueaf easiZojouruu 0-[Z00z “@ppny ap 2 29qnq] epinap oxsind e wasuad eo -ugiodiuo ens 2 oreurssesse op sazeid o anb wa siysad sia ap e1oupasixe & eus1jU09 ‘5081095 And oUlssesse o ses!]eUR o& eqn jays jeu eneinbisd op ootuy> seYJo_O ¥1ouglom ep cauaweapeouasep oF eis!doud osno op esn> -24 ap e>{Bo] ewin ap edionued a ape; ‘oe quut ap e203 epuesne eng oxadsar wazip say) WNWoD 19 ep sei8au se anb unuas ogu ea ownxosd nas Woo souj2ap ap apepjen8} ewin sesn2as e ‘opiSyur oruawiyos: ojad apepyouadns essa auauiauessaou! rensuowap 491 -anb e ‘saiouiadns as-sezapisuod e ajadun so anb auaus ssuasuy ens e510jo4 AMmoRTE £ MEU OFICIO ‘a patorna artiagénica, e numa relagio ade do marido e som rolagées a ‘com suas inmas. 0 habito dos casigas 2 Derbi se corporis, 3 confrontago com prvagées ® vide de Mudolf Hoess.co- _e sofrimentesfiieos impostos com ob ‘SS do campo de Auschwitz. jatives de educaglo @ de rigor moral, a do romance foi walirada recusa de qualquer escuta das las es indviduais eo reset 1 2 um psicars um discurso (Gilbert, no momento de seu process varam um geroto alemao, como explica berg. Longe de descrever um Marla essenciaimante, a se tomar, por epugnante e aberranto, Morle sua vet, um rigeraso artesdo, obedient rato de um homem inteta- _e igido, de uma Tegica de morte cuase imperceptivel aos seus sentidas.A o dessa parsonalidado autora © ler — @ muito consciencio. sustera & acu ineiramente prodzida iento de sev vabalho de pela socaizagso. prima ‘morte, Se, porum lado, lvo¢ spaivo- —_potera e escola omplelar o que histoire mostraram sobre o regime A pericia médica do ® Sua burocatzagso da morte, Towser, realizada apyisSo pel psiquia ). Moro di provas de tra Michel Oubec, baseia-se também 2 imeressar, nas cinquenta igines do lve, pela juventu- 10 voluntéio de sua educagao” auto 3s. Oreo dessa jwentude tara © extemamente dura (Dube e de udder, 2007, p21. assim crema @ hers de Bienveiliantes (As benovotente), © sazista Maximilien Aue, 6 aprosentado or Jonathan Littl como alguéem que 20 extrema e tolakmente softe pela austocia de um pai que ele sentimentes fetves,ojo- sabe ser volento e pele eaiva de uma ‘vom Hoos cesce 8 sombre dessa figu: me dstante e pouca amnres. O tivo le Raber beste (1 Papel fundamental. Esse regime, proprio da Alemanha no inicio do século XX, teria permitido a construco de perfis Psicolégicos autoritérios reencontrados nos executantes do nazismo. Alguns africanistas puderam, da mestna maneira, Propor uma grade de leitura das guerras civis — frequen- temente barbaras — na Aftica insistindo em certos tragos culturais e mecanismos de ensino pouco avaros de castigos corporais, que teriam “habituado” as criangas, depois de adultas, a0 uso da violéncia [Janin e Marie, 2003] Violéncias de terrorizagao Pretendemos reunir, sob esse termo, as formas de violén- clas extremas cujo objetivo é, evidentemente, aterrorizar as populagées contra as quais se exercem, porém, mais do que isso, produzir uma recusa da légica humanista que fundamenta a existéncia das grandes democracias. As vio- lencias de terrorizagao podem assumir diversas formas — a da brutalidade totalitéria, a do terrorismo islamico de tipo Jihadista ou a das préticas de estupros em massa ou tortu- ra —, mas a unidade conceitual dessa violéncia reside em sua ira estampada contra a democracia e seus principios ¢ em sua recusa tangivel de subordinar sua ago a um princ- pio de separagao entre os alvos politicos justos e as vitimas civis injustas. E & sociedade em seu conjunto que visa a da terrorizagao, a0 se recusar intencionalmente, violén em sua ira, a distinguir 0 Estado e o social A violéncia totalitéria A violencia do totalitarismo constitui uma das mais si- nistras novidades do século XX. Regime Gnico, sem compa- ago com os autoritarismos ou as ditaduras e tiranias que © precederam, o totalitarismo se caracteriza por uma preg- nancia da ideologia, verdadeira biblia do regime, e pela ins- tauragao de instrumentos inéditos de controle das massas, que desembocam no exterminio intencional de uma parte dos povos afiliados a esses regimes (Arendt, 1972; Aron, 1965]. A violéncia totalitaria, em agéo na Alemanha nazis- noigop edoing eu ,jeuessxe /PULy OFSAJOS, wssg “BIUD|Og uno seyuedures se aauvanp sour upIOF) Bu saue3} -1u1 saazypene snas no sedon sejad sopiiauio> sosseaxo so uupquiea seaua2si98 souewapod ‘seisiunuio> seSioy Se “eje2s9 sous we ‘oruowipen8} sew ‘sersizeu soe ox1adsos zip anb on ‘[eZt 2 0¢s “d ‘2661 “9 9 Stouno>] seossad 2p S2QypU Z ap stew op a1z0W © No>oAGId anb ‘aUio) ap -ues8 euin © wiequien nonaj ZEEL We SexaYIOD sep OBSIS -anbau ap vo: ap ‘SeUNA JILH OY 2 NH OZ AnD NOSED 1961-6561 SOU Sop awioy = ‘eUIYD EN “eiopEnles apeaUuon ap FIoUaSNE ep oaueijnsas no epeziueBio sasoaia ap zasse2se Buin ap orn sod aauawijeng} essasdxa as eupajeio2 eDua|on y [2002 “erzauan] erpoya ens Jasse anb o ‘opaifas wa epnueu a azuiaureso!>uAIasuo> Insnpur eunss)y]e eu apis nor op apeplyeusuo y sa1ue8i8 souprewia.n sousoy WD sepeioulout “euoreW ens de “eissny ERY “seaReuUAse se WO> op1O>e epeasiumupe ‘ovo ep opse: -21 ‘onuod assau ‘easyzeu ouss}/Ba) luo “uraias ap sazue ‘seanajoo seyonp ap sepeSueysip sejes 2p OUSIU OU SPB ofed sexsoW! 9 sepeuo!sa|as ‘sepey -jpnredesep ojad ‘sou san op souour ur9 ‘jenpsuodsos 104 reoua ‘seossad ap spoyyu ¢ ap e2192 9p oIUaW jenusa edoing eu sopejersu: sodwie> sas sou eiado as anb ‘o1u0w ep ogsezmei90ing e553 “sostouoisiid Sop — ona npoud oyjeqen 0 wor orSednooaud wros ~ oS:>eur OLN) “iain 0 e1ed epzijon squwerouIp oBS_nuI2UCD ap 2/80) euin siznpoud oF ‘aBuo syeui epure ren owsizeu © ‘[9¢9“d “2661 {272 s10uNo>} (e5us0p 2 autos sod jus OZ @ FSD -oxy 4od wus 909 ‘oEsud wu ju OOS senb sop ‘souoU ap saoujltu Z ap e202 wn a1qos) sepenafa sre! sasarodiy se tuo opsoze ap ‘sa1s0u! 1 Gop a1uaurepeUxosde nosne> it ap eanyiod & “efoquie> on “(2661 “7929 siorIno>] Ly6L 2 PEGL BUD SeUIRYA ap SaoyHUE Z ap e201 UN eAEd %SL sO eavaiaq soduies sous wo apepljeniow! ap exe v “eIssyy u buoz eu oyjeqean ap ogdisodus!) epesioy oRSezt]e4ns EN ‘oujeqesa op sopenuarxa.2 sopeuns ‘sopeiuauitje 02 -nod sodio> sop oauawreayne ap 2180] Ewin ap no (ess bu) apepleunuus ap oussqu! jayu op oBzes wa ‘eWanXa E1ouglOIN ewiN 22siXe 2Jou 2 “OYjeqen ap a OESuBIBI ap sas apod (ouss}1e21/e203 op erouassa e apuay ered “ejnansu02 anb) odues © “soduies ure oiuauresia.ua ap esi80} euin ap eease eBie] we ogsuaa e ‘aru@UseIe.9u09 ‘snap as EL ~pu1j2102 e1DUgIOM ep apepyjeulBiio v sepy “sour: “5 snias ¥ 9 OpeIsy Op So¥BI9 SOR sa1apod so sopor 2991240 anb a ‘oprued ojad opeyjeqesnas (euad o1anip win ap ofa 4od ‘onisnauy suaweuianxs opeuo|susumpiadns onisso4d -21 oypsede uin v seSei3 “anueasued jepijod oipgsse win ap eusios 2 ‘sued epor ura ‘ouunsse ELspa]eI09 BIDUZIOIA Y (-osrenazzjaaut ‘sourperp> ‘sosanBing ‘so2u1 ‘soseBuensa ‘snapni) ops anb ojad seus ‘wazey anb ojad ogu ‘sosoBuad 2 sosounuius> sopesinf soruausajo “9 08) ‘,sonaalgo soSiw 4? wiiSoa ov stead sosozysodo suowaqUa.agipul weBuIre anb ussew wo saiesseu Wa wer0quiasap safe Sopor wa seu! ‘sauefin] so sopon ws seuuoy seusowi se wewsor obu "102 SEIDURJOIA St “oYeIDUOD BISIA ap oIU0d OG) “opnauioid ossexed oF ojnopasqo ow02 opiqaziad (sasanfing sop no snapnf sop) odnuf op o1mjw lomo OF eiuaUijeiMeU UFaznpUOD (oW:sIzZeU Op ose? ou) seaiBoj019 a sieipes sjaj se no (oustunL0D op ose> ou) EL -p1s14 ep 519] Sy “oBSIpaid vp opSezipear v 1e510j eed On124 425 anap opma ‘ost anb op steus ‘seus “jaapaia2eu! BUs02 95 oeSexsa1u09 ap eusoy sanbjenb seuade opu ‘eanaj09 apep 19 B OBSAPR Ba ‘aaprsouCDUT jay @ 088298 ap BIA OOD apepien W103 epiqaaiad 9 euLnnop essa anb wa o1uawoUw op ansed y “owas op eunnop ep seioug8na sep aueip Buqop 2 |¥24 0 anb wio> Jaze ap apeaUOA B EAD] ‘ApUDIY qeuue} 2p ejnuuoy e sewords exed ‘,erap! euin ap e2iBo 855g “eiBojoap! ep sox01Ip jaded © ous e 4eAa] sows." 25 passuaasdiuos 9 95 ‘soujauusa, sioUypy sop efoquies ou no wisJORU EUIYD EU ‘FEL e DESL SOUR Sop eIssMy EU ‘ea © ntimero de vitimas do nazismo. Esse desprezo pela vida humana, essa cegueira ideolégica e essa fusdo total entre © Estado, o partido e a sociedade civil atestam a singul ridade do totalitarismo criminoso. Se, dos pontos de vista histérico e filoséfico, o totalitarismo resulta do édio pelo mo politico e da vontade de romper com mais de Wa anos de revolugaio humanista (como mostram as anilises de Claude Lefort em Linvention démacratique [1981] [A invencao democrdtica]), foi na pratica que esses regimes marcaram sua época ao produzir um nivel de vio- lencia legalizada inigualado na histéria, e quase exclusiva- mente contra seu préprio povo. IDEOLOGIA £ VIOLENCIA Em soguida,s30 0s recursos emocio- a seu cone: totaitéria suscita a por- (9 — que a tornam um su © vinoulo ente ideoiogia porte eficaz para a ldgicatoalitria. A nc. Esse vincula 6 porceptivel ideologia serve aos feitos vielentos 20 cagS0 fundado na fora emocianal do fala produzia (e da encenagio dessa la]. Assim, © discurso nacionalista (Gentle, 20021 0 discurso com: oF com que oreal se do- ou, mais recentemente, a discurso is lve" as eis doutinaisimanentes se ape mica s3a vetoes efcazes da viléncia 2 uma crap do beralismo que re> porque jogarn com o registro da enga jamento total, com uma postura bi {que opie obem zo mal, e puro aoimng *0, com uma obrigagao de obediéncia a uma ligica transeendente absolut, ou va rendigto propiem fllagdes altemente valorza jas: elutade doves [tamarse a "espada de Deus’ aa para 8 lta de classes 0 “escudo da pita", 0 “har arian). aaa sein. Avoléncia é realmente Essos ideologias convencem menos do © foto ngural de uma doutina que se que seduzam e Facinam, pais tigen sierar uma possivelalted- so aos afetose Bs paixSes das messas a bioogia ou classe, mais do que a sua rao, O terrorismo metapolitica ou “terroritarismo” A expresso “tetrorismo metapolitico”, tcomada de em- préstimo a Michel Wieviorka [1997, p. 50], permite definir uma forma de violéncia terrorista que se singulariza por uma relaco distante com a dimens3o politica; nela, 0 en- gajamento violento referese, antes de mais nada, a uma transcendéncia, a um absoluto, que no poderia ser nego- ciado ou mesmo discutido. Essa violencia se define, assim, por uma auséncia de ancoragem territorial e por um dis- | contra o liberalismo, caracterizado precisamente pela recusa de toda finalidade transcendente e pela primazia conferida ao direito e a politica sobre a fée a certeza, Esse terrorismo extremo encontra na ago da Al Quaida e de boa parte do terrorismo jihadista internacio- nal um contexto adequado de expresso. O terrorismo metapolitico tem mais em comum com o tot: que com o terrorismo polit itarismo do ico tradicional. A ruptura entre as duas formas de violencia de terrorizagio é total. Nesse ponto, no se trata apenas de insistir numa diferenga for- ‘mal, a partir de ura contabilidade macabra que faria do Jihadismo terrorista, nitidamente mais mortifero em suas ages, um ator & parte. Nao € nem 0 nimero de mortos, nem a forma original dos ataques (uso de avides de linha, transformados em armas de guerra) que singularizam esse terrorismo metapolitico. A diferenga aqui seria simples mente uma questéo de grau, e nao verdadeiramente de natureza, O que marca de fato essa diferenga é sua proxi- midade conceitual com a ambigao dos coralitarismos. Parece-nos que essa proximidade se expressa em trés niveis distintos, porém cumulativos: — terrorismo metapolitico e totalitarismo se juntam numa mesma ruptura de alvo. Enquanto o terrorisno co. mum, arma do pobre, segundo alguns, empregava uma violencia contra vitimas civis a fim de dobrar um Estado, ‘asus ep epeiofau epyes eusn jays -soclust unsse wrewor9 o14)20/984 nas ap a eanyod oBSUDL! p ep wredeosa ‘sreruapuarsuen ‘seisugjoia sessap seoiBo] se ‘opepisuarul 2puri8 no exieq ap sean sep opwrenuos BN “seanalgo sag7es ap Pougsne ens ‘aaueuyjap opsuoWp ens sod ‘epeu sieu! ap saaue “euoissoudun soupatjezo2 $02 -ouinbue sapuzsS sop esoruedsa > einjosqe eI>Ua}oIA y “23 -teuorssozdust 9 ousstreayero2 0 wos BSuBYjauias B orsadse assau uigquiey “omyuos Wa soused sv enue o>!a[0d Of] -pip win ¥ auo5a1 Ogu anb ‘02/Sojoap! oauausezresua op 9 sronpzijead opSe ap sonsa{qo ap epynansep 9 anb ‘eamjod 9 ou anb erougjoi ewin ap eudoud 9 eiougjou ep yemsajazu! 9 [190s woSeiosUe ap PURSE v ‘Uuly Jod “OIU9IOIN Oe op owste>ipes ojad ‘suaSeu sep eouepunge ejed epes seosew inbe 9 exsuouar weSesuow y -[z00z “aumos 2 zamna1)] epipauisap ens ap ovzes wa opauas nas ap o8|e apiad uape] uig ap ,oulsyeauonan, 0 “(,sgnfing owstjels -adhuuy 0 wos sequse,, ‘,euayd agus ep aruednso 0 se5es402 +52, ‘4|2Uojo2 oxSe1ojdxa @ uly 19d,,) epzznpoud esuajoin e wed apepyiqi3yjaut ap opawaue wn euopedo.d anb © ‘opesieurap avawjeyoiia a opezjensxauos savasede WIMSOD WNWIO> OUNsYOLIa © OrENbUZ “eDURIOM ens ap jaqsuaaiduios aruauull>yIp 2 oanjosqe Jaxp1e> ojad ap -uaaidins L00z ap ouquiazes ap 11 OU essascya as anb ,ou! -suciyoue,, Q “ewapour apepljeaniq ep sesouess sopu: 1 So 9una4 anb opauas ap eamdns ewin wi9qurer ‘[26-96 4 ‘S007 ‘euuang] ,opunus ‘ono win ap eSueiedsa azuaisedun vjad opeusue opunus Op opinpaxe op no osojaz ourssesse op ‘opesiusesua ersid -o2n op “|oanxay.u! 19] ep sopyvias op soSen so opiUa auinsse suey 0 ‘['~] amuapua2suen op opeByjsep opunus onou op sooSimansut se eajafes oommeuey © “e2iBiojore asa ovu a se8 -1N9 “exsypeuoreus “esanBang 9 ‘o}249WE> any] Op BDUBIBIO2 ep ‘oiuawesued ap apepiaqy ep ‘omesip op “10j2a oW10> ip apepa}s0s ep oxdouioud y,, saauamuas jtal> opzp: Puin ap Bses engpriazey anap anb a seulad B epeUnsap 104 adns esnes euin siaies ap 2 ‘[}99z ‘uuung] eondiyesode ogSoiauo> euisalu BUIN WreYjrEdwoD owlsIpeYil 9 oUNsLe2 e101, "eo1qnd e1ays9 ep apeplaua8oroz94 B imansuio> anb ‘opma ap esnoaa euin ap ‘sopeBaaduis sofou so woi0y syenb urrfos ‘sopoa ap opsiaauoa Buun ap ‘]B1905 © auqos Eanjos qe opSeulWop euin ap :BulsaUl ep eDsnq e seu ‘29/3 -oap! eanejed e viounur “Zan ens sod ‘owsue|e103 0 ‘sn9q ap einzjed & eiounue opez\eucizeusuess jeoipes OwsIUrE| 51 0 ag “opssaidxa ap Pusapou! PUD ens “Ipuasy BxSOU! ‘wos ‘oussuenyje202 Ou eNUOIUA JIA apEpa!os e ENUOD a! 2553 ‘[eg “d ‘soz ‘2uuang] ya apepaisos ep oRSyoqe vied ‘aisajao apepy> ep swOU Wa “en'snqe ein} eUIN OWOD ouisaeury 0 exeseoue pf aufero, owsueAyesoa op s1e12q) -nue seoi89) sep auaueyuenss o-ewnosde oondjesode ousapury ass “eowapar auawesuaraid B19/99 ens WO? 9 apepa}oos & SIUDLEAISN|3xo BUIUH a EAOUI OoNyJodeIeUL oulsuous 0 ‘(apessy o seuade seoeie a sino so sednod ayjoaso vaso ‘opeisy o seuo}ssaid wied sia exeus ajanbe) Jeuo}Ipen eu1an8 @ oWo> WISse ‘or[ss~)P OUISHOLIa Op In 9 SON anUD ORSURSIP e 1e;SUNUDA OY “|e ue o2189j023 owsuowaa wn sod opeasy-nue o3nyjod oussuowso1 o Inuasqns eprend-|y Vy “OUBsLDUE [eID05 OWS!) -B19q Op 9 OUISieUBTeLN OP OJOqUI)s-.PBn] asso 40d opeU =ieoua owssipeinjd 0 enu0D yeoipes apepI|asoy ess9 EASN|! ueneyury ap seat sao senp se opeauore © “s1ueu -Bndas epe8jnf (soxas ap ‘saoi8ijaa ap ‘seanayn> op) apepty -eanjd ewin ap “opeasazep owistyesorew uin ap owSeutE>ua ‘epeipo jwi> apepamos euin e anb op ‘,soujesede,, snas ap a buesLawe opSensiumupe ep & ‘opess3 ep ¥2/80] Eun SoUpsuO> soUaL SoDRPUE) Bp BAGO OES 491U9> apeaL Plog 08 Soi920W SopEAUEIe SO “SEWHRIA 2 One aIpUny -uo9 9 opeis3 © 4es0U8! auaWEPEJaqII—P Ay]ODs9 LOZ ap oaquianas ap iL wa |XX 01N99S 0 auqe anb oonyjodexau OW! -swoua1 0 ‘SeuspyA seUIsoUL sessap eSuBINBas ep sopnueres eon Wiesner. — é enfim, urtia ruptura de forma que indica a origina- lidade dlessas novas violéncias. Para René Girard, a guerra € uma forma de ritual (Girard, 2007]. Singulariza-se por um processo de desencadeamento e de término relativa- mente preciso e convencional. A guerra € realmente uma formalizagio da violéricia ou, como diz Frédéric Gros, tituigéo cultural da violencia” (Gros, 2005]. Esse mo escapa totalmente da acdo dos fanaticos do 11 de setembro, cuja brutalidade se equipara somente & discrigtio € a0 anonimato do ataque. O 11 de setembro rompe com as Idgicas formais da guerra, mas liberta-se tambéin das do terrorismo, sobre o qual Camus chegou a escrever que ele era obra de “assassinos delicados”, esses justos que se recusam a matar uma crianga, a fim de pre- servar a dimens4o politica formal do ato que cometem. Essa delicadeza literdria deixou de ser costume ha muito tempo, mas a forma obrigava a um relativo respeito pelas convencSes da guerra, para que nao se perdesse — a0 me- nos — a legitimidade. Nada disso vale para a Al-Quaida. VIOLENCIA E RELIGIAO potents, 0 casamento entve naciona- fismo e fundama jo — partculammente no Kaque,naPaest sto @ em tera mupules- sulla dassa desestil na — mantém vinculos esteitos com —nalismas érabes ou caucasinos, con 2 violencia que pretende darter. Em frontados com um adver mais forte do que eles ov cor ue encontram no sopto de disurso re ligioso —2 igi roferga aide da amenga imine do to. 0 ign jn 0 ‘mente aquole que proto atacara toa ‘fortuna do grupo, mastamhém aque Je que amooga suas cronga econviogies ‘A aval belo no aque donuncia@ um 6 tampo o domino sobre as riquezas do als sobretud "invasor cruzago” cua ‘musidade confontada com wn Essa ruptura das formas leva ao “tudo é possivel”, que sin- gularizou o horror totalitario e marca, da mesma maneira, a ambigao do “terroritarismo”. Estupros em massa e tortura Entre as violéncias de terrorizago, 0s conflitos contempo- Faneos mostraram o surgimento do papel crescente das vio- lencias sexuais cometidas contra membros da comunidade adversiria. Os estupros em massa, registrados na Bésnia, em Ruanda, na Republica Democratica do Congo e em Darfur, correspondem a uma légica que vai muito além da simples satisfagdo de um prazer sexual, arrancado da vitima sem seu consentimento. Estamos longe da rudeza de um soldado que, vencedor, se apodera dos bens e da mulher do adversa- rio. Ainda que isso exista em alguns casos (os estupros extre- mamente numerosos na RDC estiveram muito associados 20 ameaga de comvertio 6 sinda mais in da “religido” fase 2002). Auietnte queainusto econ (era 6 percebid como una violencia —a rigid proposcions igualmente geradora de poténcia eregeneracora de uma cetera indiscuthel,que'secontun- mevalidade e de vitude.O simbolismo {tecom o devermistico, na combete po- da morte, muito presen lilo” 0. A guetta jn € apenas ideold- fecista ehamatlo diigo aos camara ica evestatigica, tmna-se um atoque das mortos, dam total des nagdo in 80 divina. O projeto do dca essa proximidada de experitncia, sionismo relaciana se, assim, néo 36 & igo poltica de uma Povo, mas iqualmente ao respeito por bora essa idea: & palo avtossacrifco profecia eigiosa que (que bu sv ndo somento & causa (ma ‘ano o maior ime possvel de ini gos}, mas iqualmente a im mesmo (20 ‘erante para mim uma vida melhor ea iustra, assim, —além).Aolbocia 6, aqui, ume exper © papel bésico da quetra coma matriz cia eligiasa (Ceti, 2006, p. 108} (ever 4 ’socz "wiewas quo ogsian cun exe} exsinbves ep awauies @ eau as ‘sarounus 0p o1uon ou ‘opuenb ependasse 9 9 euug eu “She wd “squad 0d no ‘squErSibed DA jad {261 wa sepnouia “ysope(6ueq ‘ws opureoo wey saweyjoues sooty "wy 0 ore zopinese say e sey 960 ny B weyun soasene snos sod 2 sopaday anb wo {sagsued na saraynuesed ogdowai) ap sos ‘9p e}ougisa eu as-2seq — ep ese ses9gsare4jnus op 1 soxims@ 10d openndasse, van sojed ogSenuojea, ap owvawp 009 op 0104 7 YeAWeNg] adn} OM Hep ssa0eu epebal syn} soy oad y SuauoY $0 argos opisaxa 19 Se] op wipquie eynsey‘odwer we 0d op @ sowasu09 e1ed soosee9 sas & s998190 86 € sepediy ‘isi savayynu sep opeuop e opueny Ww re ‘otuowasses 0 404 suo} stew ajuasard slew owver 9 jens ogpiense y ‘soupiaudoid saxua so pod op opts 2 copuas ‘oda 2 saigo wentusd stems sagibas ;pensonbes sexayjou ep sepven 1a"0yptay eu cwod ouaaueNy os wn jonas a8 gre apa oxousan8 esvatiuonas fun 25-201 “oes co ‘onno op says y “aBiinbed ny eu “epueNy we umyseD que, jermes opprensa y ‘soups samopexdwoa word we “soveusnims sons9q © soquanuovid sesea sep epuon & 22] -nups@ ap eave eun aq wey “soa eN ‘ee ep cuaupersede ep soqvod soe ossae 0 "wre 2p au 8 oad sopejsueuy sages sove sojad sopedcowe ‘savounus 9¢ oqoud nb esq ess@ @ wapvodsau09 seg ‘2p sonuawanod soobeyndod op ope © eid sagSertu sy saa @ oscoe 0 no Ppt 9p e600} 50 esed sonawen0) Sop 50 sopensine aqua 7 a “sip sanSeynded sep eBn} € s00n oud e120 ans9s “resid Sie op 2p ‘wopod wequier soso 29 Iw e002 “2M ‘vig 0p stenxas sorugjon seed seni ne atvouyentysaraqiag sapeparos se ove wo ‘ensay exe olen oe’ yersuno ewsaus y o002 “tama2eIg| jeyuruoo oeSemouay ep owapo 59) oun © we;puedsar10> oyeas0 enue ure sremas secugiain se ent 016} 0epermeyas ops ew OMIgS sepod fed epojageiso esseu we ON! so op ev49s eamad eun 9p etopte e1oqug vossa1be op oxenosd wa ogSex oe) © @ ey ep oBSesBanus 2p © ‘ode 0 wd “ORE 8 S02 soyeyunaca oyna, so ‘9p obbque essa B anes souvosed‘seyunworsor op owverp soxt gs anb eplunuroo @ 8 “e}-@ba1ex8 ap redeau, "weuoy 09 epijonve seyinure enb op soueyy “epes0naid ewosap ead jens ‘pepiunoa ep opSinasep ¢ wesesin AGE OYDIA ofa 9 SOUR nd sopnewoa ‘eusog eu soxdnsa 59 vSSv Wa OudNIS3 OG SIOINNA Sv [191 -d ‘s00z ‘uosrewipuer ano 21] e2uapi20 op ovseu suiop @ esed opdipuos ewin 9 oBssIugns efn> ‘onlaeu op odio ojad ogxreduso> wsas ye}u0j09 asounau Ens 2 ope3s3 0 foruajoin oUNsIAne Op O31N9 nas 9 011919K9 O zaaueBLp OSE ap euiaysis op oinpoud sajdus “eredusa ap zedeout ‘uapod ap opeziupunsap oaUaumn.nsu! We OpeUNosuUeN “oIseLIED ‘9 enuod esugjoin BUN WipquIED 9 va ‘SESSEUI SEP OBSEZIL -01502 9p BDURIOIA “[SZ6L sodioo so aigos agdusi anb ‘adiouyid op euue e a1uaLs|eos 9 vinuior y “epeuadua JOp BUN ap jeDuUAIOd One “eHZIU apepiunuios e ‘opoa wn culos ovsendod e seSuezje eed Inzano4] 1apod nas ap eave & jenpiaipur odio> op osnge o essedeanjn ‘wisse “2 sonti9j02 sopow eouqes Banii0a y “(ose9 assau ‘|eU0}0>) epI22;9qe1 -s0 wiopio & ogasanb wo 4220109 welrefssap anb so sopor aersnsse ‘“ieuorssasdiu! waxap anb sopeizijdns sodio> stznp -oad 9 ‘e1uan8 v aaueunp eypSay eu ‘sasyed souzno 2nue ‘noo -preid as ow ‘esses wie seams04 “[L65 “d *Za0z “WHOMS & ayzuesg] ,se]e9 s9ze) Seu “seyey 4978) 9 OBL LANUOI Ep OAL -algo o,, 'sysueag ajaeydey eiopeuorsiy ensesqo OWO> -aiu9iaj)p onus 9 eanaoa ep apeptieas e “(sequiog ap sop -2ysul wn ap anBues ap oyueg o se1In9 2 oB5SIJUOD B s02q0 ‘ied sesmuo1) ,oesewioyut ap #2snG,, ep o eles esmuoa ep opSeaynsnf ap opipuryip srew o2uauinue 0 woquia “[ept 4 ‘c007 “apunyy] ,2uoy sreus op esouo.A OFS -iqoe ap se8nj 0 “Jems BypeIeq ap odured win as-eUsOI AByjT ep 04103 ©, :7PEPIUNUOD PP sUALUOY SO ENUOD E1DURIOIN & isidoid onb ojatu wn ap essed opu sayjnus ep odio> oF opea -uote 0 :091U9 No wIS!]EUCIDEU ‘OUPAIUNUOD s92Be> ap SOUL -uo2 sou aiuosoud oun ‘essew wa o:dmso op apepueynBuss 9 ‘orey ap ‘e559 [ere “d ‘soz ‘ujamias] ,omuuDuauad ap odni8 nas ov ‘— sazuanbay sewinyn sens — sousyjnus se onb op stew: ‘es anb enon op wong euun owoo sews “eusanB ep e1suanbssuo ruin owo> orsia 9 Ogu ‘OBI ‘o1dmi59 ©, enuioa a aiuapusasdns epepyense ewin ap opeusod as W292 anb on1yuoa ap oauauunarsuy wos oidnaso 0 9 “(stesows Sem -08 opow ap “weuas seoissep> seared se oayenbuy ‘soul -tos sop apepiwiaiBa ¢ oxadso. 21p opsisodo puntos y Xx 9 XIX 50|N295 Sop SepezBojo9p! aaUSUIBTI04 9 s¥>majod seaion sep ®8uo| soweyseasy “onnajo> s9pod ap souson wa ‘oebiqure ap a sozfoud 9p opynansap ayo49 win ap ous0n Wa uo> 'senou seuion8 ap seus[ep -d “E00z] ,seamtiod saghvyouo> sens se sepo1 WOd ‘oEpepID ap 021891109 op sian ur, ‘sno SeuianB asqos inbe eyes BU apIURIAUEqIeH seaso08 O86, “engajoo esne> ewNyuBU Wes sin seuionB sep congue op Js “euoreU ens we ‘waDased soaupioduisuo> so1u03 so anb ap 018) 0 eyessas ogSisodo eursuuud y ‘wy woe exong ‘penn ogbmp 2p.ea09 anged ogi eu angos puanu ep eoungunsseeneng ‘btuxup un eonsedo 2p exong uabeyse pope! ye up} eun 2990 on B95 uj ew post ab exang node ws 1009 sejpdod jade ap oxo an eg esnenwas e2ang ‘e9609p1 any ‘enou selang wenang senou seaionB sep see seSaur seaian8 sep seonsyaiseseo se anue ovsis0do Bas ospenb ou ogdisodo essa syuunsay souesiapod “e? | eouajou ep opsseudia ap se21sse/p seuiioy se sessodo jeoIpra ‘sPAou sean ap omuawiarede oe ‘opunu op 2p uly o sode auaunejnomied a sour eu soup sou ‘wisse ‘soureynsissy “[e00z ‘IEUDEW 2 s2USse}4 Ses(E "PEEL “UN $902 ‘DuUBUIAG] xo O}NDaS Op Sop “oUt ® JIIAX 01N99S Op OBA anb seoIsse|> sez8Nd se saIUeY) -ouias — sopeisg annua seuan8 sep eiaysa @ urdsuozad 2195 seuade ‘opunw 0 opo3 ws sor1yuo> ap euaiua> euiN a1gos ‘anb vjanas 9661 SOUR So ages opezijeas oSue[eg WN, ‘sexson6 senou sy “sereus ap sors sow aun, sIeWs 055998 © aza10AN 9 soseAI}NuN soi@pod sop seiIUDI9p sepuaied sopuesl se soenbeyuo anb ‘opsesiunuio> ep 2 soqusweUe sop e>/Bojoure2 OBSnjonos eslOpepsdA Buin e ‘uy sod “9 ‘ousau! Wwepuo eu Wages seul oUEIX® Wap ato eu sauawios oBu janadeoied ‘eiouajon ep oBSezEises -2P ap ouDwi9Ua) Osea LUN e “E!DUaIOIN Bp E1OpEZtudIad epupioynssoane ap e>/89] kuin wanjonuasap 9 aiuansBuo> ae8ny win opersg oF wiasajuoD anb exon ap seup9ul seu! ~10) ap oauauiBins ov odurai 9s win e anap as ¥1sq ‘OESER yona ogse eudoud 1 =p oRSeULLOJsUEA ap ounsiBas OMOWHd -nur vjdin ewn sod sessed aoaied 2 B :eIDUQ| ogbe eu seSuepnu sy “spuesaqos seypaunsas sagsury sens uo anisnjput ‘opersg op onoai o auqos esad jesaqyy 2 e351] -emenuod erojoap! Bun ap ovSisodwu 2 anb wre ‘ouss1u: ourjd ou a2uawjen8t anuas zaj as jeuomeussqu! oud ou oBSnjono vssq -(sagseauasaadai seu eSuepnuu) ose] ap so21sse|p Sopow sop cunopeinp owwewuDenbeyue wn ‘owoa uiisse “(opse eu BSuBpnu) Bouajo1n ep sn o 21gos sagssnosadau souioy wo> feuor>eUsaIL! Wop4o ep ORdEZIIG -easasap Buin nosoaoxd ouss}UNLuOD Op Bpanb y “oRSeZLe| -odiq ep wy op ooze ‘euge as onou opunus win ‘nedosna 23597 op sonod sop orssaid & qos ‘opuenb ‘gg6L sour sop (piu ou sagseanus saaueeduyy 4od nossed eiouaiois y doras de uma causa coletiva que as tornaria mais as junto & populagéo, e gozariam, assim, de um forte consentimento popular, as novas guerras, frequen- temente mais violentas e barbaras, operar-s pre pela forca e nao encontrariam nenhum apoio na parte utilizada da populagao, refém, na maioria dos casos, de violencias interminaveis. A terceira oposi¢io evoca © emprego de uma violen- cia mais “civilizada”, no caso das guerras classicas, menos crugis em seu desenrolar e mais submetidas a um conjunto de normas convencionais ou de direito que limitam a am- plitude destrutiva da violéncia, em particular sobre os civis, em nome do principio de distingao entre alvos combaten- tes € alvos no combatentes. As novas guerras, a0 con- trario, parecem caracterizar-se pelo emprego andrquico da violencia, a um sé tempo quanto ao alvo (civis, criancas, mulheres tanto quanto soldados), as finalidades (violén- cias sexuais, objetivos genocidas...) e aos meios (cerroris mo, atos de barbarie). Os conflitos dos tiltimos anos no continence afticano ou na Europa central sao ilustrados por uma violéncia gratuita crescente e inquietante. A quarta oposigao relaciona-se a finalidade do confi to. Enquanto as guerras classicas tém uma forte dimensao politica, frequentemente portadora de uma mensagem de reivindicagao popular, as novas guerras so guerras de avi- dez, de greed and grievance (Berdal e Malone, 2000], de pi- Ihagem, realizadas por senhores de guerra cujo objetivo de enriquecimento ¢ favorecido por uma mutagao da desor- dem internacional e pela presenga, nos locais de conflico, de atores que dispdem de recursos raros (empresas priva~ das, organizagées humanitérias, organismos da ONU...) ‘Tambérn nesse caso, 0 continente afficano ilustra perfeita- mente a existéncia de guerras caracterizadas pela pilhagem @ pelo roubo, que redundam em um desmoronamento das economias locais, com excegao de certos produtos prima- rios lucrativos como a droga, os metais preciosos, 0 café ou a madeira [Kaldor, 1999]. A quinta oposicao 6 destacada por Pierre Hassner num artigo do Le Monde de 2007. A nova guerra se caracteriza pela adogao de uma violéncia assimétrica, para fazer frente & su- periotidade tecnolégica do adversdrio, “Ela recusa as novas regras do jogo: busca a escalada dos conflitos e visa preci- samente 20 que a poténcia dominante gostaria de preservar quanto tenta domesticar ou civilizar a guerra: suas proprias posses e populacdes.” Mais do que se opor a um inimigo, com base no modelo das guerras industriais entre Estados, 05 novos guerreiros buscam desestabilizar a fidelidade po- pular para com este tiltimo converter a opiniao publica em beneficio proprio. A guerra se faz no meio dos povos, trans- formados no que esta em jogo, mais do que contra um Esta- do. Talvez as novas guerras, a semelhanca do que ocorre no lraque, sejam mais guerras de comunicacio e de influéncia do que guerras de aniquilagao e de rivalidade militarizada. Por fim, podemos opor as guerras de duragao limitada, nas quais a visibilidade das forcas em combate e a longe- vidade do conflito eram previsiveis ¢ preestabelecidas, e as novas guerras sem fim, cujo ritmo é flutuante. As low inten- sity wars so também guerras latentes, mais penosas ainda pelo fato de estenderem-se por longos periodos, desem- bocando em mutagées, estatais e milicianas, depois civis, em seguida mafiosas etc. As novas guerras, de temporal dade tdo particular, possuem assim sua prépria gramatica € sua propria Iigica, ¢ se distanciam da definig&o de um Clausewitz, para se libertarem da ps vivazes. © principio bellum se ipse alet (2 guerra nutre-se de si mesma) € sua caracteristica e as aproxima da Guerra dos Trinta Anos [Ganter, in Hassner e Marchal, 2003]. Os casos da Repablica Democratica do Congo, mas também do Libano, da Serra Leoa ou do Afeganistio ilustram esse caréter de inacabado das guerras latentes. ica e continuarem -wy onb ‘oanp.owiap ouaaod wn ered euiage euiond euin 3p oonyfod oxsn> op erasip epuanbasuos ‘0197 a110U4, ep BuLInOp eB wupquied 9 SeIDU9IOIA ep sopeatid soupsouduIa ap ovSezqan e a2010nej (oUNG!] OU sasv>uLy sosserey 50 no BYPWOS BU EURSYOWE eIOuEP ¥ sode sqUDUE|ND hued) apepjsuaau) exteg ap somjuos wo ‘se5i0} op S205 “ja Sep epepiiqisia eae euiN ap eDuRSne eu UMuERu! wa oueaip ap sopeasg sop aiuaose1> epugone. e ‘[g66L ‘seBaueg] sopeziigoussap sopepjos a sreuarew ap eisuep IU Ep [eULOJU! Opeausi ou opuodoid ‘easnuaureuue epuso> e a sezemyiun soquaLUeSi0 so a2uaU) -eonseup arnpas exed wequier ninquiuos orsezuejodiq ep wy © ‘euanB ap seuoz seuao wa opeye aueuodw! un ‘seupuaouow seSioy sep o1ode ou ‘wemuozua anb sou Lange BDIBq BI ~eppyjur souawsouay e oSedsa wiapan a srerersasaquy SouaUL urewioa as anb ‘somyuo> sop ezaimeu ep opSeuuossues & ona sreuoseusaiu sagsejas sep aiuazas ogSeinu & -sag7 -B4 op sauys seupa sod uresadsoud amopuos sonoU SO [s00z ‘9420y] weziuasad as anb soxajduio> somyuo> Sou soseaytu se5103 se ‘So>)yI0d $0381! So Opurznpas ‘reyU -ediioze 8 no oniauip ap sopeisg sop saosexrsay se sesuad -wod e auawijen’l esin oreyreuasiew Op oaugiodura1uo> osn os ys o1ue3seq Opoui aq “zed ap sopsore so 421A -sop 9pod eed 9 soseayjus saoSeBuuqo se sonnejas jepnay Puuois}s op soSesequie sop sedeasa ered auouyediouuid 9 foxeueuazsaui oF Wi9110201 “AX o]ND9S OU ‘sopersg 50 sop -02 ag "wesepnuy ogy asenb ojequia onou assa ered soozes sv ‘[y661 ‘uosdwuoys} oesuedxe exou ewin sod ‘sepeogp sewinjn seu ‘opuessed sm o2a1ed aja “— (souesios) sown rew sopeasy sepuesl sop oSias & eyexesid ap souaui -ouay so opueyueduuore “IAx 9 AIX $0295 50 a11u9 ‘oaUBUL -pseusy ougid we exian wa sopeisy sop o5 nies & ‘oS peu opow ap ‘edoung eu ans — onou efos ou oeyeuao.ou 0p ouauiguay © wioguig “seDIURIUG 2 SeUBIHAIUE SeS105 sep stodap ‘sanuasaad sepeunse seSuoy seseoi01 se OBS Ores -Bue2sau ap sesasduwa se ‘oueinbest ojos ou ‘aueuyemy seoijgpd sare sedioy se opuimnsqns no opueiode “erougjo1n ep o19)>2aK0 ap Sepenud se510y sep opSeaydnyjnus Ban apod as anb anbexj ou o211ju09 op og!se20 40d 104 ‘eaijqnd wiapso ep 0 ‘ousaru! janu o Sesuan3 ep 0 ‘ouarxo equ 0 :e21pd e510 Bfad euajoln ep jeuoIsIpen o1j>10x9 ap siayu stop sou jaaadacied anared onuod assy 2e9U2| -o1n ep oBSeznersasap Buin ap see apod as anb gig 210UQ]0U ep opbeanersesap y ta00z sede} enonond apepyeiodusou 2p euro eum eeusse n ep BaBg]oses @ eaBo|0d eum eu 9p oBastue ofed IOde nas seyued 9p werann ant "SeDssp0 seuon8 se eyadsos on 04 0) Ce 0} ‘gu wipquer seyndod o1ode “ape ue snes ep soy ‘soauesoduewo> -291 anb op siew 'eijesou eee} eojuco so agor eysquoUEDE 9 0p 9 essadke avaUEDBOICM! em oj aIUEWIEBUESSe Jeyo win CebedIpUNS eum sod OpEWE CEM Siu oy veins op eyeysoS seian6 — -esinew abe owea seasep sexinb se senou $e woo onLeieduny creed 0 saqeovad ‘euouew eusou eq awuenb ze0uy ogi 9 oidues weu sieu opdeoueD ap sienna @ se -oparen souju0a 59p apepyercduar — -epuny sapterep;su 1d sepeunue Jos ont eqsne — souy meg sop eon op wes. ost od wou ‘sepessedaive peweyo e rexcna upeWwe SOUELApOd sens ap reuLIMop eanpUEAG € oUNseAd 2 souy eiuy sop eveng ep eSuesy -wo-op wee oBu exequo‘enb seme -wa} y’'seougian seu sauediuedsop —sexanG sep ootoyapians oxsodse Op copbenuepul ap ou aaxequios

UAIOY ap seongid se aiuaweneiunjonuy eiuaune epepluep -ow v anb sorou aiduias sonje sodoid oF ourauiiid 3 “sopeuorsiquie soja sod so!auu so s902uajo a apepryenb euros ud ap sone soiuajow soe sodoud oF ‘erSugjom ep sagseinu seu sojdajqut somaja wor eojuDp apepiupow y “seaues -oduiniuos sapepaiccs sep so>‘8ojousaa sossauBoud sopides Sou aiuawyenf as-euasse PDUgjOIA ep opSeuNOssUED y e10U9I0In ep ogdeuvoysuen 9 oxdez60j0UI0) “yererso e1sugjoin ep oueyaqam olujuop o stew zon epeD apenut9 aiuozuoy ou eauodsap anb eugaunsas eueyuasua ap eioupiedwios ewn epor 3 [9002 {0D a1] seouaion sep ovSejnBa1 ap euprews urd So5s0ys9 snas sopesnsiulu -pe soe o1unf senoidwioa ap wy © ‘sopentad sreuorssijoad ued sede ap opSeiuar ‘s1e20) sasopeasan soainus exed ‘opuvs® 103 ‘ovseindod ep eSueunfas ap senmeivodxo sep Jeanaeu ojn2eadazax nowioa as o2tayaud o anb wa ouawout op stued y “[e20} janju ou awuauuE|noned ‘sooyqnd sope> ~19u1 sop ®>{89) 2u epe.qua ap oauatuaye win eSueunBasuy 2p ouaunuas op 783 epealid eSueinBas ep operiau 0 ‘opsez -myjod ens ap sedionued a oj-gzu0]ea oy ~s0ras assa esed Ze> -y9 wiyoduren ap jaded wn noyuaduiasap 9861 sour sou vSueunBasu; ap oauaunuas op opsuedsa & “wy 10d — [zeb “d ‘9002 ‘tetunuos a zona uy ‘wrze\g) eNEWOIg BP Wo0g Op ‘IUsWAIUIIa1 syeUN ‘NO ebueunBassoapia vp ojduiaxe e ‘somsap sop opSejniar eu saiuapy9 stew ows sopeauasside aidwias soanposd op -ua2o19o vSuvanas ap apepissez0u e eMUade 9 Jane & oy ou ‘spipe Seunsnput y “(2>I -2j) [0498 assa.oiut op opSeuseoua wa (oauauisanbuua ap jad wapio ep o1uaunis2100 ‘vosng) seisjo89 squouyeinaeu sassaio1u! srias ap ovSessnies ap e2snq e weznpen 9 seiusuI9jduo> jaded nas sewuie wages epenlid eSueinBas ep soauade so ‘jeuopeu epyjod seaneusaz]e2 OWo> waeUaseide as ap 980] “auawep ideu as-ueziueB10 ages anb 10x95 win ap orse e gos ze249 faqo] win ap eaisseiSoad opSezipeunioy @ aiusuujendl anap as esuzinas ep opeauid opeouaiu assop owsuedxe & — teppugjo1n vp ogSein Bau ap sopeaud soavawinunsu ¥ aqueisuod stew ojade win eoonoid ‘odurar owsau oF ‘® auiod ouanbad ap apepljeulwii> ewin ap ozsuedxa ¥ 22010" -by sopipasoneysap stew souiteg sou eaeme anb oauaweyy -edusooe 9 iA ap erajjod essap “Q00z souk sop O19) op atued e ‘ogssaidns y “apepiumosd ap e1sjjod & Bury -od Kyunuawios ureuruiouap sagxes-o/Bue so anb 0 urd op -unBas wa nop wiapio ep ogSuainueW ap seared sep 2 ‘eupioipnf opSeSiasaaul ep [2121100 ORSEZuOIEA B “eSUELY EN “oupainsas odures ou opentid 10105 op OBSsIUut B LuBIBIOAT anb eouoasiy-o199s wapi0 ap sojnayisqo Wi9quIer OBS — seperesuos e1sugioya B 4qgos sIUaWENSNI>xe eS -nodas apepiyiqeaua vino ‘sopeatid sasoze soe OSE ap BIA ejdwre euun adasayo sopeainsaa sassap eo1iqnd oBses nap y “onus ninuiwip opSepronya ap exea & ‘euaweauenwosu02 ‘anb ossed or (sexianb ap euios ¥ qos sopessua2sa) so3yes -se a soqnos sop aias sod opSeayjdnynuy euin e sour eULa ap souaws wa sounsisse ‘oraja Wo> “Jeuad ope3sy op eID eSuepnun esse — ‘senno seu owo> ‘ease 25s0U aial| a janppnes efsug409U09 wun ap 2 eSuEunBas ep opSez\jemenuos euin ap erap & eaa| anb 0 ‘opunsisse sou! -e1sa anb jerouazajai ap eSuepnuy eajopepan Buin & “epeU syews ap soque “9 ‘epeaud eSueingas ap euprew we — ‘eujaoueuy apepliiqeiuas ap soid)uiad anos anb soupsaiduia sod P9)sy BIDUaIOM ep OBSEZHEA isd ap voiBo] vssap eSuesy eu ogseptjosuos e [2661] Nee? -anbo0 2upppiy woo opiose ap {yue2yidxa sasoney O24 eB S o bs Ss Sg ens OR Rio eae G aeroportos ou usinas nucleares podem se tornar parti- cularmente atraentes para grupos bem organizados. Ao concentrar nos mesmos espagos os instrumentos nevrl- gicos ~-a exemplo das usinas nucleares —, a modernida- de oferece born pasto aos predadores politicos violentos. Ao oferecer uma visibilidade de todos por meio das no- vas tecnologias de informagao ¢ comunicagao, induz a possibilidade de um espetéculo universalmente acessivel de violencia, como bem demonstraram os islamicas radi cais que usam a Internet como instrumento de divulga- sao de seus atos de terror. Também no nivel da pequena delinquéncia a modernidade nutre a violéncia. A moda do telefone celular, antes de sua coral e bastante subi- ta democratizagao, provoca um grande recrudescimento dos roubos violentos, com frequéncia acompanhados de golpes, o que eleva bruscamente as estatisticas da violén- de rua. Da mesma maneira, os esforgos empreendidos pelas montadoras de automéveis quanto a inviolabilida- de do espago do veiculo tiveram por consequéncia inespe- rada a modificagao do alvo da violencia. Os predadores violentos miram 0 ponto fraco: © motorista (fenémeno crescente do car jacking). A tecnologizagao crescente favorece também, @ so- bretudo, as armas dos atores violentos. Pudemos ver, no caso do Estado e em matéria de regulagao da ordem in- terna, 0 modo como a contribuigio técnica favorece um distanciamento da violencia e reduz consideravelmente a troca de golpes em operagdes de manutengao da ordem, A invengiio dos gases, 0 uso de jatos de agua, a moderni- zacdo dos cassetetes (que se tornam menos agressivos), a modificaco dos uniformes dos agentes da manutencao da ordem etc., tudo isso permitiu uma transformagao da violencia civil do Estado em proveito de uma pacifica- 80 maior das sociedades de direito. No entanto, diante do Estado, a difusdo menos controlada dos armamentos modifica consideravelmente © nivel da violéncia contes- tatdria. Embora na Franga esse ainda seja pouco © caso no Ambito interno, a constatacao de que o armamento se modernizou e difundiu mais no ambito internacional é prova do vinculo entre técnica e violéncia. Duas inovagoes tecnolégicas (0 missil terra-ar e a espingarda metralha- dora leve), associadas a uma transformagao geop (0 fim da bipolarizagao € a disseminagao do armamento que se seguiu a ele), tiveram um efeito sobre a violéncia produzida [David, 2006; Collet, 1993]. Assim, durante a guerra do Vietna, os misseis SAM de fabricagao sovistica serviram ao vietcongue em sua empresa de resi ataques aéreos americanos. Da mesma maneira, o missil Stinger, concebido nos Estados Unidos no fim dos anos 1970 e oferecido aos mujahidin afegios, inverteu o rumo da guerra russo-afega. Ao se tornar 0 pesadelo dos pilo- tos soviéticos, os inicos capazes de intervir nessa regidio fortemente montanhosa, 0 m{ssil terra-ar leve e manipu- lavel por um Unico individuo (13,5 kg) contribuiu para © recuo de um dos exércitos mais poderosos do mundo. Ainda mais difundido, o fuzil automatico de tipo Sten {arma britanica da resisténcia na Franca) ou AK47 (tam- bém chamado kalachnikov) permite 0 uso individualizado de uma forte poténcia de fogo. Além de sua dimenso simbélica como arma do pobre, o kalachnikov, leve @ fa- cil de manejar, nao exige nenhum know-how de guerra e permite a difusdo maciga de uma arma ofensiva a uma populacao heterogénea. Foi assim que, em 2000, assina- lou-se a existéncia de mais de 300 mil criangas-soldados no mundo, boa parté das quais podia contar com a de- mocratizagao dessa arma de guerra pouco custosa. Ao se tomar acessivel 2 qualquer um, independentemente de sua idade ou posi¢o, a violencia se modifica e se torna menos controlavel ¢, poderfamos dizer, mais democrati- camente compartilhada {Munkler, 2003, p. 131]. téncia aos feyoreus ¢ edeoso opepijea1 efno eisuajo ap souawiouay e apepiiqisuasiadns euin 22 -a10nvy anb o ‘seipjus sejad opersuanyus 9 anb ‘oaueod ‘sagSvauasaidas Sep ossantun 0 o1ey ap 9 -s1UeUIWOp 9 ou woURjo!A B anb wa sazeBn| Sou a1uauesizaud ‘opess -suoUiop [oJ auUsoJuoD ‘140y O1)NWW, opoww ap Essaicixa as jenb 0 ‘epezyesoua8 eSueinBasuy ewin ap winuioD ows uas © aIUDWJaREAIADU! eApUEBUD FIDURIOIA BP OBSEZI3 -vipiu e anb seyuyjqns wo sowis-sou-sequs2U0 ‘[L6¢ “4 ‘1 g61 ‘sreuseyd) onissaudas sopod win ap soosiquie se anias ‘on}19}09 Opaus ap osny|p OUBUINIUBS Wn ap L1OINP. -oud ‘v}ougjoin ep apey ws\wuadns essa anb wajuewns ze sunBye eioqusa “[¢661 “2420y] e2uaUiNe — eoissduse apepijea) ens & aiuapuodsaiio aiduras wau — eDu9|01n ep apepijiqisia 2 anb epipaw @ 998949 anb eSueunBasul ap opezijeiouad oyuawinuas win ‘epeu syews ap sarue “9 — sspiougnbosios seupA wos “({Ly661] sojng 190 ‘sopiun sopersa sou ose2 0 9 oW02) Jeanajn> apepissaoeu euin v sapuodsoss0> wipquiea epod anb “e1su9jom ap sojnaezedse sop apepiiqisvuadns e533 ~peuo}oua jersusiod uo|pesuas ‘suaBeu sep anboyp “eongase OEsuUIp rojnaviadso op semugiye sep seudoid seonsyaisere9 wip anbiod sioysin ovs P12u9]01 ap sousuiguay sO “waSeun up eudoud ogsezuejnseiadso ap apepissazau Buin & 9 e> -ugipne ap yeros9w0> B/2u98}x@ euin e Wio29peqo anb ‘se1p sui sopueiB sep © waquira 9 eIOUBIONA Ep E>IZOl Y “TeNSIA2 -o2 ouRipnos ossou we anbeasap ap senj win squowyeanzeu wenuosua soauajoin somuana so “epeyliseduios aueIseq ‘opSeieasuo> essau aseq Wo> “apepijeau & 2ey apEpIliq’siay ‘oonyipiuy owwawepenbua umn ap orafgo 9 opuenb arsixa 95 c2uaa9 un ‘sepezneipiuuadns sapepainos sessou wy, exougjoIn ep ogSezwerpluy ep S0113}9 59 zpugjon e eed oaisseduio2,, aeyjo onou wn ejspou ‘sagSezaau! sep wapio eu eUUNIA ap oxsisod @ opynqiae auespuodaid eioge seBn| 0 no * owsiwin,, O ueBn| Nas WEUIO SOUS, 5013NG “O83}Q4 0 apiad — owisoueus 0 — wiouajo1s ep opSeumniZo] ap e218) -oap! e22pwei8 jediounid e onb ossed ov ‘saqseuuojsuesa sapueiB sod ‘sour sownjp sou ‘wessed anb eisuajoin ep ogSeaynsnf ap sosunosip so wipquiea ows ‘saseauasosd -21 sep wapio ep “jea1 Cuenb eupUBEM OFS “e1DUBIOIN g [pos apepiq’suasiadns ewn 2 — onisinajea ojnoezed -s0 op se;sugBne se wag omni zeysiTes anb 0 — eIDUa}O1n ap sousuguay ap apey -ej (““ausoauy ‘sreuo}eusaqUl 8 sieuo!>eU ugisia & odwian 9s win e wi8D9100 P90] OPS|Aa|a1 ap sieueo) opSeipau ap seauswesigy sep opSseoyjdajnu 2 opSezireipiu ep jense oauawiisjonuasop 21105 Q “WiEDy spo 3s anb eisuajoin ep saoSdooied se wipquiea ops soodequesoidos seu seSuepnw sy ‘[zsz 4 ‘9002 ‘pueal e2i8o}ou02 -5eq eure sod sejop | Bred 19 a ‘eajanu ewe sod s212|9P 008 ap ‘opeupenb onawolinb 4od sasejop nu Z ap 9 feu -o1pudauod BUUE Jod |JA}9 BURA BUN ap oAsN> O ‘ZUE}GO> ‘opunBag “eye 9 apep' ajanos as seuue simi ap opSuaigo toque ‘eIst|euOINeL aquaweruass eansodsiad wun ap ‘anb stews owe. “stay seSeoue suawjeme Wanaasuod siaxpmposdas a1uauH]!9% yeauss ens “esoasn> 2 exajduio> seoiBojouaszeq souie ap o1uawi|ajonuasap 0 ‘seDKW)nb NO saeajanu seafo ap sadoperiod so2ns)jeq si9ss}tu op ‘Seu -ed sopeasg,, 4od ‘ovSuango ® ‘sersios01 sodnu8 sod seus =v ste ap o1219uI02 0 a ogno: © “[9¥z “d ‘9007 ‘PeG] sersiforensa soounu: ednooaid anb eSsew ovSinsasap ‘ap seuue sep ogdeuuassip ep ogisanb © wequiea 3 a We Zz gy SS a consequéncia dessa supervisibflidade da violén- cia: 0 espetaculo forga os atores violentos a um trabalho de adaptagao, que modifica, assim, as praticas violentas. Como escreve Yves Michaud, “o evento se identifica a sua cobertura e assume as formas que tornam possivel essa co- bertura” [Michaud, 2002, p. 89]. Os exemplos, diversos, so abundantes. No campo dos movimentos sociais, a pre- senga sempre crescente das cameras durante as manifes- tages de agricultores, por exemplo, modificou considera~ velmente 0s repertérios de acai de protesto no sentido de uma teatralizagio maior de uma violéncia “soft” — que rompe assim com as jacqueries de outrora —, destinada a se fazer ouvir € a manter, ao mesmo tempo, 0 necessario apoio popular [Duclos, 1998]. A violéncia dos conflitos 1a periferia pode também ganhar em intensidade quando as grandes fendmenos concorrenciais entre conjuntos habitacionais populares ou a expresso de uma raiva cultivada para Fins de escuta institucional [Wieviorka, 1999}. Os grupos terroristas também cultivam com as midias uma relagio ias se interessaram por cla, o que provocou feita de ambiguidades, que serve a um s6 tempo a suas necessiclades de reconhecimento e valorizagio e as exigén- icas e sensacionalistas dos jornalistas [Mannoni, 1992]. Desse modo, a violencia praticada frequentemente se transforma e se radicaliza, a fim de satisfazer ao espetd- culo exigido, como bem demonstra a moda dos atentados Imados (Baudrillard, 2002]; —a violencia midiatizada estimula também a consticui 580 de “comunidades emocionais” [Max Weber], unidas 1na indignagao e na piedade suscitadas pela vitima da vio- lencia ou na raiva e na ira aticadas pelos autores da violén. cia [Michaud, 2002]. As imagens de atentados difundidas nos cibercafés do mundo arabe favorece a for- magao de uma consciéncia afetiva, tanto quanto 0 aniin- cio de um acidente de transito envolvendo forcas poli lamicos ise da violéncia midiatizada Teoria [Naturaza do vinculo shire nidiae violencia a camase ia de que a exposiggo an espetzeulo da volbnes pda fevocecratibracaa das pripis pulses agressive r8- ‘assim, ocomportamento agfessvo do espoctadr .o sprencizato social case, assim, a estima, a dsiibicao dia Ge qu avon, una vez vse e muito presente da intrprotogo jade qu consim associar os eles da iolncia mika- ri 0s sentiments de quem a recshe,Emboa 0 espe culo da violcia provoave pensamentes negatios, & 9 stad emonal da espctador que wersforma ou na0 em ats esses estimuos negatives, domedo zed tom por consequéaca ue lender a pecober sou io que lhe €propsto pela 's30. A epotiga0 das cons vnlnts teria, assin, o 0 da “eutvar ome" oa papa « jovens dos bairros pobres pode produzir um efeizo catar- tico artificial, mas explosivo. A violéncia midiatizada é ain- da mais adaptada aos investimentos afetivos por ser fre- quentemente uma violéncia padronizada e manipulada esteticamente, “pré-condicionada para a sensibilidade’ [Michaud, 2002, p. 94], pronta para consumo e destituida de tudo que poderia macul: excessiva...); ~ por fim, as imagens da violéncia produzem violén- cia, Essa € a contribuigao das teorias da desinibigso ou do aprendizado social (ver quadro), a de estabelecer esse vin- ia (crueldade excessiva, feiura BIDURIONA y “(onisuaJo poy) 495 ELAN CWO? OPEI2UIA 9 ‘oBu Bs] © apUOR PIOUA|OIA B JPA] OUISILI NO (OAISLAsOP poyil) 8151 op ste20] So sipyul Sop 4eBar0d 9 sarap ofn> sopeune sodnué ap & “zeaia azaueutiad easipsenduen eiap! » aquowos [e997 ‘sewWoYL] BDeDOWAP no oUSi}eII05 owiod rea *,souRW|NSnUL OBU,, $01192U09 SO vENIa1 siod ‘fejap as-esedas oauproduiauos owsipeylf 0 ‘oz5njonos eu aso epres eotup efn> ‘sepepasop saseindod sessew sep sezopuiojdxe ‘sepeisuen owo sped nas ap so1usBLp $02 Se W21apIsuoD 2 (IuésWOYD No AYeLeYS HY) EISELE oquauesued oF ovSe1y ap euuioj Eun opinjonuasop Wweyu -a3 sei|uuejs1 souea anb epury “epeuuse vany ep eINpUoD ap seyuy Se sour aiuia soWIN Sou as-wesEUI03 EPIEAD-|y O8 -uauiin0Uw op souaau! ou essaidxe 35 owo> (e3 ersipeysl ou surest 0 a (~owsyequa ‘owsioIune ‘oussifeuorzeU ap seu «40) se1499) OussHEIBUaP! O “OsN nas wEYUEdWIOD eoBE anb sesuiga sano senno ops “(70/9 720/9 “epsanbsa ewas2 2x2) ,uijapepian BIDBIDOUNap,, BUN ap [od WO EIDUA]ON EP opdeayiasn{ ap seupuoronjonas sejsugiayas Sessa ‘steuBreU sodnig sous2 ap Joli! ou ‘sowanuooua wOqUIa jayssod eisodsa. volun & 9 “epeinajes eisodsas Ruin 9 OBL B19UQ/01 ~issaidoa euinbpws, ep ‘oly onsuow op 22ueIg ‘opersy op ‘owsipbSa] op wsnoaa ap ‘suaderoqes ap ‘saosinunsap ap ‘sie -a|1 sagde ap ouuguis 9 ‘souipzi9qy| soara2e 9p BioUDpUdI ens ula ‘eaiqyjod y “oayoed opowi ep 25-122! apod opu jeoipes auenjim oruawefeBua o -e1sugjoin ep eozagad a ovdeaynsnl ewn eoone sojtuulos oaqes| ‘uy sod — fouryuies oppou op snued & ‘epeps9qn, euin op ogssaidxa ap o1uawuninsul oun ou euHOJsUEN 35 gu opuenb ‘onnnasap owstenedui op saueip sopiundo sop euinjBaj ewue v owoo epiqaziad 9 e1sua|on y “(eUIaIA By) je1wo}O9 eusaNB ep sasous0y sO ‘oeIUD ‘ejenas anb Jeuo1eusau! oL,pua> Op BDU~NYU! EU 2 e20d9 ¥P EYOS opesidsuy “ex ouaIsxa syeur o.as\e4 win — jua7 9 zumasne|D anus ogsny ewin ezyjeas anb “[go0Z ‘zajuunuos] ,2223)0d ep eonnapadoud,, euin “eonylod ep pep inunuoa ewn ap essed OBU PIDURIOIA Y “sonlazaud sassap sIeL -maeu sesopsoy as-wwei9p|suo> weaneid se anb sagseziueBi0 sy “s9ssep ap "in| vad sepiwinsas ‘euO3sIy ep sip] sep ORSED ide ap apes e imnsuo> — vspuew opSipen wand stew eu — erbugjow e jend © opunSos exsyjeuazew onsiSo4 win — IoUalols BP O8 -aidwa op opSeainsnf ap sunuio2 sosasiBas 5921 wynBunsip ‘as-wapog “e2jonai ap sordwy Sop yeanzeu 9 euanbu109 wlayueduios owo> ararede eiougjoi & 2 ‘oupUoIonjonad 3 opoyed © ‘apepiuniBa] ens ep wze2109 ejad soprausasns fepeuue ejougjol & weBosdwie seoseziueBio 2 sodnuB sojdiypus “996 L Sour so apsaq “esua|oN ep ovSeaylasnf ap eispaeur opSesdsut ap SoLpuoIInjone1 sojspoul so WD pamidnu ezepo Buin as-eyuasap ‘0861 SOUE Sop 12101 ON ejougjo1n ep sauennuy sagdeaynsn! Sy [oe61 unoyng] enneasedxe ap opeasa wis aiduras “sopersadsa op sarsoy sagSous op sapep ssanau se 2js!38s anb ‘eseaUuE) ep ersifeuso! wn 9s-3puo> -s9 opSeunojul Bp eIs\peusol Op spIr Jog “yeI0s PpURLIAP ‘ewin sazeysnes op wipye BpeU ee OBU vIPIUA Bad OpIzNp -oad eruzjons ep ojnspradss o anb wexpasoe sundye “jes 08 siews easin op ouod wn aq ‘[19z “d “6661 “EHOMAM) opap ojad sopeaucde ops anb sajonbe 2aus aqusueiexs euiBnsa o sessopua ered sinquauo2 apod ojnayiadsa wis epugjon ep oxdeunossue ejad souteq sou eplznpoud ogSeznemBnsa e “es 9UeWs ewsolu Eq] “oAUajOIA OWNSROUIIW ap sousuiguay So Ja9a10n8 ap a steUOIDENqeY SoaUNfuoD > sopueg saruaiay!p anua apepijenis & sen125ns ap epesnde 9 vipju B apuo “euajuad wu seDualoIA sep Eanata E1499 ELUM ap opSereisucs e wipquies 3 “eDugjo; a seIpju! anya o[n> aNiclaA: ORS ~ que liequentemente se associa & tradigao ~ vorna-se, em casos extremes, justificada, seja ela qual for (violencia de rapina, estupros...), pelo simples fato de ser executada por mios a servigo de Deus [Roy, 2001, p. 82]. A justificagio torna-se absoluta e perigosa quando permite, em nome de uma transcendéncia — como foi o caso na Argélia —, 's mais abjetos. € essa mesma relago a transcen- , desta vez nacionalista ou étnica, que alimenta a violencia identitaria. Também nesse caso, o assassinato é justificado em nome do “necessario impeto violento’ tinico capaz de proteger contra as agressées & terra, A me- méria, ao povo, em suma, ao que funda nossa existéncia. Assim como nas justificativas religiosas, certas justificati- vas nacionalistas da violencia sio propostas em nome de uma transcendéncia — sendo, portanto, pouco capazes de 80e5 — €, 20 mesmo tempo, adquirem um alcan- ftico: a violéncia desenha a oposi¢ao que a justifi- a, opde © puro ao impuro, o justo ao mal, © povo bom a0 povo maldito, 0 “outro” detestavel ao “nds” adorado [Crettiez, 2006, p. 56]. A postura vitiméria Novidade da percepgdo politica contemporanea, a postura da vitima afirma-se com vigor. A vitima dita a lei tanto na ordem externa como na ordem interna. Ela impoe seu sofrimento € suscita inevitavelmence um sentimento de compaixio, indignacdo e benevoléncia a seu respeito que modifica profundamente as relagdes de forga. Charles Taylor revelou muito bem a atualidade desse sentimento de benevoll das fontes do eu moderno [Taylor, 1989]. A forte midiati- zagio da violéncia e da indigéncia, sua encenagao frequen- vemente miserabilista produziram um sentimento de “so- universal, e demonstra que ele constitui uma, frimento a distancia” [Boltanski, 1993] que urit vitimas voyeurs. € essa também a forea do Estado-Providéncia, cuja, logica igualitarista coloca a vitima no centro de seu funcio- namento, a fim de the assegurar direitos e compensacées, © que alimenta a tendéncia dessa nova postura vitimaria de multiplas dimensdes. A postura vitiméria é, antes de mais nada, um recurso procurado por certos atores que tentam utilizé-la para mas- carar suas préprias manobras ou obter um reconhecimen- to que Ihes escapa. Adotar a “postura do judeu” (Bruckner, 1994] € uma constante, para os nacionalistas sérvios, diante de seus inimigos da Federagao lugostava, mas ainda mais seguramente diante da opiniao pti Trata-se de se mostrar como vitima de um complé dos mu- sulmanos, da ONU, do Ocidente ou tudo isso ao mesmo tempo. Tornar-se vitima ¢ favar-se da suspeita genocida e, melhor ainda, transferir para 0 inimigo a acusagio, A postura vitimaria contribui, a partir da‘, para o nas- ‘cimento dos novos atores no proscénio da vida publica e a transformagao das proprias formas de fazer politica. O nas- cimento do setor humanitario € realmente o de uma nova Posiséo com alto teor midiatico, a da vitima absoluta dos in teresses de poder dos grandes e menos grandes, o que deter- mina ao longo do tempo uma nova maneira de fazer politica a internacional, na qual os direitos humanos (ou 0 direito do homismo) tém papel preponderante. Esse novo ator (o setor humanitério) modifica, por sua vez, © conflituoso cenério A postura vitiméria também faz emergir violéncias até is ou camufladas, e responsaveis até entéo desconhecidos. A revelagéo das mulheres espancadas traz & tona uma nova forma de violéncia, que costumava ser pouco considerada (a violéncia conjugal), e um novo ator violento (o homem miségino), assim como a fato de le- var em consideracao o estupro faz aparecer o estuprador (Vigarello, 1998]. Da mesma maneira, os atos de deso- wternacional. ‘wa8seul @ e1DUZIOIA B 1e90]09 oy “siexopezed somaya WAI anb soaua8ixs s1e2} soB1po9 sod ‘seauasa o1uaurersoduio> ap seuuou sod eoupasip ® eppueus oauenb janysia syeus oF -urea 9 9 ‘apni soapse> nas sod epowiooul efy “epeZyousIU opSezmais euinu 9 opSeoqunuo> ep o31n2 OU uresnodas anb ‘seuopow sopepaisos sep souaiu oudgid ou 23syxo anbiod ‘ose3 9ssou “BUIDsey BIDURIOIA Y “OUINO © 492LIBNUOD no ano sazey as waed e510) vjad imnasqns 9j9 anb “esaeped ep esnoad eu (— EIDURAIAUOD ep [JA1D SUE B OWOD OPIpUar sua inbe — 021 od op opdeSau eu apepiun ens esuodua anb ovawiouay win ap sunwo> asyzue ap Seyuy se aye13)da ua 1220109 exed sopeaisiuBis sop opepiyeinid v xessedesain seiuai a1vaujead e19 Ounl| a1sop OBSiquie k ‘ossip.sesady ‘esianip apepijead eusn “wn epe> “ureuseaud anb “(out -syouar ‘seueqin sesugio1a) so2nyjod suy eed Sej>URSSo a sopeusoysuen sazan sod ‘soulus1 sopor ORs :S121208 $819 -uglO1A no esseLL ap SEIDURIOIA “SeDN]OquNIS SeIDUQIONN ‘SED! spuop Se1suajOIn ‘sesiaxsonB se!SUAIOI ‘SeIS1101s03 $B:9UD] 1A [8002 “H/>UPaNW] Seo1gnd seonyod sep eusstd ojad no (saiopesinbsad no Bipjus) sasopeniesgo sop s!tsoanop 1o5tsodoid sep s91A ojad apepiun ein weuosua os Sele onb sazip 9p ogz21 war Hfa14yaNW duane} stenb se auqos ‘seaunsip sapepijea4 ap gpninus ewin ap ‘odnu8 assap on usp ‘opunss e 9 eyuRures ‘serougiON sep, se/ey ‘omersod oyoad 3 oSOU ep eluassijad oauEND 40319} 0 48>uan _uo> ap seujunian BUOADp BDUZION B a1qos OjdwWE AEYIO 583 v OYSNTINOI “(2002 ‘Jeusz] viuaune soa soquauiuyos soaino ezyeusew anb “yeoys ep eSuesquiay =p ‘easjjeuadust owos epiqoouad 2 “PAY audwsas opSesojdxo 2 aiqos aauawyeiozed wsnodes waquier ounsajed-ojaessi euyuos 0 anb sewaye opiqeosep 9 OBN “seL9WaU a sod -nu8 soquasayip 9p SeWRIA Sep eDUgsIOIUO9 EWN PDOqUIAS -ap eja opuenb eeu eumsod essep ogdequesexs eu opnuos esugjoi ap jeusiod o sowerjpssau “uly Jog jexeasa opeife nas ap 2 Jopynasap owssifes0qy), OP SeUIIYA SeAOU ‘saiupyyus sop ogsiid g sazen seanus werd) seastjeqo/s19a -[e seasiage sod sepeuaoua seug{o1A se 9 [A19 eIDUBIPAG a © a WW es io S por meio de procediment6é disciplinares e judiciarios per- cebidos as vezes como paralisantes, a sociedade favorece seu uso por aqueles que nao tém outros recursos sendo a forga e o medo que inspiram. Torna-a também mais visivel a0 modificar nossas economias psiquicas, fascinadas pelo espeticulo violento, mas incapazes de enfrentar a realidade bruta. Porque ¢ justamente isso que faz a unidade das vio- lencias, tanto politicas como sociais, ranto domésticas como internacionais: a brusea confrontagéo com uma rea- lidade clo mundo que permaneceu selvagem, brutal; a saf- da stbita e desagradavel de nossos universos calafetados para a experiéncia de sermos confrontados, ainda que de muito longe, com o espetéculo da morte, do softimento € do medo, Ao fazer com que reviva 0 medo, esse com- panheiro de sempre do género human, a violéncia leva 0 homem de volta a sua condigao original, a seus instincos primarios; ela favorece assim um recuo tador e, por vezes, revelador da alma humana, Distinguimos trés grandes formas de violencia, corres- pondentes a trés tipos de atores: uma violéncia de célculo, praticada por atores institucionais ou organizados como 0 Estado, 05 movimentos sociais, os grupos pé violencia passional, motivada por raiva, frustragao e medo, € praticada com mais frequéncia no universo doméstico; uma violéncia identitaria que pode ser tanto a do Estado como a de outros atores sociais, preocupados em demons- trar, pel munidade, ou em fornecer um discurso de distinggo em relacao ao outro violentado. As violéncias de massa real- mente pertencem a esta Ultima categoria. Quaisquer que sejam suas formas — na pratica bastante permedveis —, a analise da violéncia nao pode se concentrar apenas em seu! desenrolar, mas também em suas raz6es. Como nos tor- namos violentos? E por qué? Uma perspectiva em termos de escolha racional ¢ aqui interessante [Nessah e Tazdait, cos; uma violéncia, uma posisiio, a existéncia de uma co- 2008] e ver completar de modo util o prisma das pesadas determinagdes destacado com frequancia pela sociologia francesa. £, por fim, uma perspectiva em termos de opor- tunidade de agiio que permite concluir sobre as transfor- magées da violéncia, submetida a tentagdes mutantes ¢ a meios de expresso diversificados. No entanto, ao fim da leitura, certas formas de violén- cia continuam a escapar & anélise. As violéncias extremas, das guerras civis, do terrorismo, da selvageria individual, por vezes desafiam de tal maneira 0 entendimento que parecem cair numa irracionalidade hostil & compreensio, © espetdculo mérbido se sobrepée ao esforso de an: se. A violéncia cai entao numa forma de pornografia sen- sorial, cuja chave ~ poderfamos nos perguntar — calvez ho seja possufda nem mesmo por aqueles que a prati- cam. “Durante a guerra ci eu era uma fera, eu ja nao me pertencia, Nesse momento, 0 pior esta sempre préximo”, confiava-nos um antigo miliciano libanés preocupado em compreender seu préprio itinerario, Nao € garantido que todas as anélises a distancia consigam penetrar 0 que a razao ch izada se recusa a aceita ‘one 7p ‘LLU S9jeuos saoue.Rs sap sjeu0H oy “wun ep Sereno, "12 INOUIS "Y "3HONVUR ‘yu 'g A “wsyeuoneN pue ney wsqevoneu wg pu kano seu sonnsoy ul adty "N\ “TEMBOWES 2661 “wos suey somvocry «3 “na}ouno8 sone “oxy oso Senpem 827 *t jave'a‘nygounog 661 ers ¢ aoveyjn0g 7°) ‘661 "vekeg ‘sueg ‘pumopsuns @ 23es Sen $3) ‘661 leu 67 u Soul S408 op axssoygor -2ueqH! ADUOIIN “S “LOHONIDAGOR LU61 “wyo pueuny suey anbyod cexdojowos 's "B2VHO “a WNWENUIA ost preleg su 4 321) 2p entity €7 "NNER a6 pp SanbGoqowsrod sopmy -o1su01 2a} uoual 2}'9 "NWI "00518 eon iyuoa 9 sovnyng sopnu esd 1 9p sosydasua 501 “0 ‘0918 ad ‘owwoyy avuky J2p\NOg FENG LAD 40 sepueBy o1100003 ceouenayg pue po -219 (6:0) "0 3NOTWIN “WW WOKE z00%, “ossey ‘suey 220010 | op seuse: 9] euey 9 29 siomusug "XDI ‘002 Piekeg ‘sueg sosnosobuep setseo sayonnou 9p asquat jas saaua}oH ‘some 18 S0U2} XN “SON 00d epineg ‘se ou -suouey np wydsa7 “P “aura ‘apevonewsowuy onbny “ayeussiou ssauisng neowou 97 ° “SVOINVE ‘6964 1 ‘SenbyEojoug]00 sopmg e13 39 owisuoue) -g “3H0VE ‘S61 ‘pew 1a} 38 avsersewNg 7961 ‘peu ‘SUES ‘suoneu enue med 18 a20n9 "Y'NOBY 206 seg ‘anenyeroy awesks 97 9st ‘He 84 vonnponp) es 153 YONA ‘m2 ‘eHy ‘suea aneawOIE siyewvosied es sapmry 1 ‘ONYOOY svolayusonala SwioNguadad Iitique dans les démocraties européen- nes occidentales. Paris, Marmatian, 1992, 9.2275 ord Pais, FSP La production de le force ues Cahiers de ta sécurité in BUCAILLE, Gaza, (a violence de la pair. Paris, Prossas do Scionees Fo, 1998, Giinration Intifada. Pais, He hatte, 2002. BURKE, E Atlexions sur fe Révolution CHANBOREDON, J-C. La detinquance iuvénile, Revue francaise de sociologie, (CHESNAIS, JC, Histoire dele violence de 18008 nos jours. Pais, IM, MALONE D. Org], Greed and Gr ‘vance: Economic Agondas of Cv War, Boulder, Lynne Renner, 2000, (CRETTIEZ, X. La Question corse, Bre: Jas, Complex, 1999. Vialonca et natianalisme, ari, (ite Jacob, 2008. cre 2, X, SOMMIER, L. Les atten tats du 11 septembre 2001. Annuaire ‘rangais des relations internationales, Bruxelas, igh La France rebele Pts, ‘Michalon, 008 DAVID, CP. La Guerre et fa pax Pars, Presses de Sciences Po, 2006, DAVIES, J. Vers une theoie dear volution. In; CHAZEL. E, BRNEAUM, P, Sociolegie pothique. Paris, Amand Colin, 1971, DELPECH, T. L'nsouvagement. Le re tour de a barbare auXXle scl Paris, Hachette, 2006, DERRIENNIC, JAP. Les Guores civil Pats, Presses de Sciences Po, 2001 DDES FORGES, A. Aucun témoin ne doit survive, Lo gbnocide au Rwanda. Paris, Karta, 1999, DESMONS, E. Philosophie sur la bari cade. In: GROS, D. Le Brot £0. Foparession Pars, S CDORRONSORO, 6. La Aévoluton afgha: no. Paris, Khartae, 2000, ‘OUBEC, M., RUDDER, C. DE. Le Pasir dl tue Pais, Soul, 2007 DOUBET, F Sur les bandes de jeunes. Cahors de fa séourite intériowe. 0. 8 1991, p. 83-94, ‘DUCLOS, D.Locomptexe cs loup-garou. Pats, La Décowwert, 1994, DUCLOS, N. Les Violences paysaanes sous Ia Ve République. Paris, Econo mica, 1998, DUFOUR, Fas resserspayholg ques de etic pubis du tor rose. Etuaespolémelogiqus, 1986, ECKSTEIN, H. The to explaining call Les Cabirs dala sécurité rsiewe, n. 47, 2002 FLAS, Nah CalmannLény, ENZENSBERGER, HM, Civil Wears from LA. to Bosnia, New York, New Press, 1994 ETIENNE, 8. Les Combatiants suii- res. ta Toor 'Aigues, édtions do 7005. FANON, F. Les Damnés dela tere. Pa- tis, Maspero, 1961. FAVRE, P. La Manifestation. Pa, se, 1990 FERON, € Mémoires vives. Les compositions du confit nord:itandais HOR, Univarsite Lilet, 2003 FICHER, G. Peychologie des violences sociales Paris, Ounod, 2003. ULE, 02, BENNAN, M. (019) ‘sistances et protestains dons les socétés musulnanes. Pats, Presses de Sciences Po, 2003 ICAULT,M, Sunveer et punt ats, Gallimard, 1975, FREUD, S, Malaise dans la culture Pa- ris, PUF, 1995. FREUND, J. CESsence du potique. Pa- sis, Dati, 2008, zone "gocer a9 omg sup spuowabuerg r-anvHON 761 ‘peueg ‘su 12g ovo UoU!J88 LOU e7 ye ‘661 ‘sannoadsied 19 sowuny Aubinoy e1paw 7 ewsvonay wowennu je90s pue vonergou ‘somoson “WN CIV "0 AHLBV OVA ‘song eZ od asuarss ap asedvey nu ouojan oun “2 10 aw "a"roWvHNN 1 phage anbyesougp vemAuiy “3 “1UOS3 ‘00 'e'U'sg ‘andy 0d saunas ap ayebuey ansoy 109 31 9) sed ajsias puumoge ‘0 ‘pee, seg romance O'NoSIvivaNVveD Hn0D3T ‘HBL sng 58 24 000} sp aous'9 "NOB TY 002 *3) vod suosey ‘vane ap oj sorb § Av 00 ‘Wl gu s9) hr sonbnig -9syeowrares ‘SUANDTOIOL J BUIMIZV uo pesto ‘sees W‘oeet INK 20:08 ap asiuey nay steros swaweenoW\ G"3INNOUART cad “3661 0 “ez u amaupay suumoys 99 ssomeg $0) “smn cms. snes sabeshey y ‘LANVONYT 1002 "04 savas ap sos sang ‘sue “suqqersonud 19 soueqsn semouy W"UL3G0 “H "JONVEOWT ‘02 "Eas ‘peg pigs ap sapuEWeG ce ‘ep a aman 21 8p seg soy sian sop 19 18 UoIssaxdpr “saUejHy ‘esi ang ‘suey eonondny @ oun e7 eseL e-U'LL Na -y100s 19 avewog “anna, ¢sinapus ‘sep woneoyoed © 1H 3ONMUOWI ‘ouissesse 2quo}og 27 a “MOAYT ‘9002 8344 Asian tun aBpuquieg Ho, MAN MA LAID _y eovojys, Jo 2607 UL 'S "SYAKWA 68 ‘sen Ansionun propuerg ‘propuers ey jeqo6 & u enOIA paques “30 ‘SIEM IO PUE MEN “WY BOOT ‘01-18 A "s0cz04 sats. ap 528 so sung suonesejod 19 soveg samoug W “1NB0 “H 3ONVUDVI 1y sexorsefen 9p 9ySI0Np YO BBu—L ria pinounansoy -N “Oar $5961 ‘oyon‘suog sane 2p masug nescuawe19 “PORTIA 002 our nmy ‘syed vabe6oas + ‘NYOOr zone ‘auann099g & ‘syoy csoayod savneeg 3 ‘CuvEOr ZUG) Auodwog wy woryon “uoys0g "unc Jo sun SINE 02 1N0 1g v oun an saauoqou 19 s99UE 2p20 SOQUO}ON,'y ‘SINVIN “d“NNWP ‘a ua seDuay04 ‘SO, “ass ‘eke speg ‘po va auer0Ng PTD SOTAMAVE 3002 Tuawanny ‘suey yny.pinofne sayy #101 °S “SiivavinoNves “NO ‘9661 ‘S894 Asian afpuquieg ‘sOpuqweg 3241 10 e1eis ou pue sey “2S e4L "X “USTOH Bt ‘Keng ‘Svea veyen@T 1 ‘S3RG0K nna ‘96's woo 19 samy “soared sop sinoasip 9 ssyepuep-puow sapeseg “V ‘AV3H 002 "Ig 21 ‘Sed ‘sonayoew ap uoses aun CTZIN 02 “seme ‘seg 9pH0H, aud 2 aide asemjon 919 spip!90s 19 savieng 4 "WHOM" UNSSVHL ‘on0z ‘S023 "W651 288 "BE AuanEND sappms jevoneweny -warshs ppom “uowou yoney vary AA 1 “BUND Lone -ynag ‘sugars oy 8g sayanxas ss0u9}0y, L3NINBND 00g ‘pew 199 ‘sues 2avo)u 9p 613 4 'S0UD ‘902 pouseu 19's nmosnery soxaay ogg “ess01g ‘su 91988 0 1 Bavepoy 27 ‘VED cowsrasey oy onb 208,90 3 "SHANI 008 ‘cunt ws-6/6/810Boyjod 1.4 Vilences et insure rsowerte, 2001 ‘meutes ubaines, Foes os de la contestation pol |ETTEZ, X, SOMMER, | Paris, Michalon, 206. ix ans dévolution de la en France. Regards sur on fen France, des 108 nos jows. Deviance et Société. 2, 2008, p. 115-146, MOHAMMED, M, Les jeunes; des blousons nivs 8 La Décowverte, 2007 H. Les Gucrres nouvelles 2008. NAHOUM.GRAPPE, V. Cusape politique ‘doa envaut in: MERITIER, F, De favo ence Pari, Odile Jacob, 1996. INESSAA, H, TAZOAIT, T. Les Thories be. du choi révelutionaires, Pa ouverte “Repres", 2008, NEVEU, E, Scioiogi des mowvements sociaux Paris, La Découverte, “Pepe: 2002 NICOLAS, J. Laébetionfranaise.Pa- is, Seui, 2002. ETZSCHE, F. Le Crépuscule des ido es. Pais, Gallimard, 1974 OBERSCHALL, A. Social Conflict and ‘Social Movemants. Englewood Cis, Prentice Hell, 1973, The iranipulation of otic metic cooperation to violence and ‘war in Yugoslavia, Ethnic and Racial ‘Studies, v.23, n. 8, 2000 COBSERVATOIRE NATIONAL DE LA DE LINQUENCE (OND). apport annve, argo 2008. COCOUETEAU, & Les Dif oo Ja sécu ‘tb privée, Protection et survailance dans a France daujouttui, Pars, (Horattan, 1997 _—~ La secusité privée on Franca tat das teuc et questions pour Fave- fir, Les Cahiers de la sécurité, n. 33, 3 timestre, 1998, ROCHE, JJ. Iaséourités publiques, sseurité privée. Essa su les nouveaux merconaires Paris, Economica, 206, ROCHE, S. Le Sentiment Pas, PUF, 1988, quéte de dalinquance evtodécarée Les Cations do Ja sécurité intériour, 1.42, 2000, p. 37-61 Le Frsson de lémoute, Pai, Seuil, 2006, AOURE, S. Apologia du cassour Pais, Michaton, 2008 ROY, 0. Généalagie de Vstamisme, Pa tis, Machete, 2001 SAUYADET, T Le Capi concurrence et solid des Gis. Paris, Armand Colin, 2006, SCHUMPETER, J. Copitatisme, sociatis- ime ot démocratie. Pris, Payot, 1998, SEMELIN, J, Analyser fo maseocre, Question de recherche, CERI, n, 7, 2002. iemonts pour une grammaira tiv massacre. Lo Debt, n. 124, mat- abr. 2003, Pui e¢detnsire Pais, Sil, 2008, SEN, A Wonité et volonce. Pats, cite taco, 208. Journal of Law and Psy 1986. SHLOMO, V, Sonderkommando, Dans er des chambres gar Paris, Albin Michel, 2007 SIMEANT, J. isos extremes. Décowverte, 2006 SOFKSY, W, Taité dea violence, Pals, silence des armes? Peri, La Documen tation frangaise, 1999.23 ‘on, 2000, Le renoweay des mouvements fataires. Paris, Flammarion, ‘one snesnee 1 ese sayoazan3azq ———————— ‘pr Sein op CsopINaUEE eI ‘SND SVN « “fesiou op un inbjenb seuo%9 oat) 7208 95 ‘to02 Ypo1g ‘seg MBH ‘avartsoqoy 'S YE 002 “32800290 #1 ‘suey ow ej 19 woneyy 7 ‘one oun ‘gw sajeu ‘oneurenuy Sanday apuy va sexenen uoosauy Semnau Se} saRUEYDRP 2129 SPIO 'S"NOSNDATIM, sano} e881 ‘op pu S$e2) ue ‘S0/puoy wwsUOr al pue AGojuxoo4 i "NOSNDATINN vou, eg “sueg “20U9}0 eT ‘6681 “sung uel uo sve}, &| 2} op eufipesed noonnou 3 ‘8864 ‘prekoy ‘seg ‘auisuouat 19 919008 WHOA ‘6961 "Uojg‘SUeg ‘onbgyod of 70 wena 07 NN H3EINN “yone uekeg sueg ‘ausyauay np 19 au0n6 ey 0g —— “LEB “S}008 2868 "YA, aN suey asnlon) pue asp Wi URZWWN ‘B66 ‘UNAS S04 70H np 2N00s1H “9 “OTUYOIA ‘2002 ‘eu ‘suey opuewnuoy9pung “S “VIZaNIA 6 ‘sarpuoy sannsodsey anneveduog ue jeans ayouny wy amuaf0¥, ‘YUN “H WHYES <0) “annoadsi05 eadosng w suai am ‘ysenup uoeouyg "voyoaung “od0.03 uppoyy Ave3 vt eUI0IA 1 pue Bupa cig sublaonos pue sojeny “sayevaa.ey ‘P "NOSAINOLLL ‘e002 “Uojeuaay “sued petal MP ok 89] weswwopuoy 87 °O ‘SVINOHHL ‘6061 ‘sso1g Aysonun obpuqueg 89ua weg 7198 249 Jo se2inas “3 "YOUNL sony aBppquuey ‘afpquieg “sano ue wanay anny ‘Siuawannyy (e9 Log quawanopy U1 saMoy 'S AROWVL ‘0661 ‘ines ‘sues ‘savajun P| ns Suapeay “9 "1AUOS ‘9002 "0g sauay9g ap sassaig ‘Sed ‘uewonnyngs eovajoiy @p Gro oso~ nova, £5 lompauinar combe + PARANA dors Vores tide, Iigoiansepseinas com br + MaRaNHo + PeRnamauco, PaRAlBa, ALAGOAS, Int@pastnoscom br 4 | ' | } +5K0 PAULO dora Loyola do Ucar Ld rirot@tcra comb ‘RIO GRANDE 90 SUL $0010273 = Pose Alege, {oF Sil, cwoweqeos oetzoidar oxbeups 1007 $2053 WE

Você também pode gostar