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No governo Cotegipe confluíram dois processos: abolicionistas, expulsos do espaço

público, penderam para ações clandestinas, e os escravos, percebendo a existência de


uma rede de sustentação, ganharam incentivo para fugir. Essa convergência gerou a
estratégia das fugas coletivas orientadas.

Conexões interprovinciais e apoio social difuso solidificavam as fugas orientadas e


atazanavam a ordem escravista. Se Cotegipe encompridara a escravidão com a lei, os
abolicionistas a extinguiam pelas vias de fato.

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Revoluções são fenômenos raros; situações revolucionárias na beira de transbordar o


copo, são mais frequentes. Segundoo Charles Tilly, nas revoluções há derrubada e troca
de mandatários, com a substiuição de elites, enquanto nas situações revolucionárias
ocorrem múltipla soberania: competição entre diferentes grupos pelo poder do Estado,
sem que nenhum consiga monopólio ou controle, nem pela força. Essa era a cena do
Brasil em fins de 1887, quando a desobediência civil abolicionista, revolta de escravos,
ações de milícias escravistas, comícios Republicanos e insubordinação das Forças
Armadas puseram em xeque a capacidade do gabinete de governar. A crise de governo
caminhou para uma crise do regime quando a ela se somou a sucessão dinástica.

O conflito gabinete-Exército abriu oportunidade de aliança para o movimento dentro das


instituições imperiais. Nabuco decidiu: "Vou ao Rio somente para conseguir dos militares
não capturarem escravos". No retorno triunfal à tribuina parlamentar, a partir de setembro
de 1887, assim discursou. Cotegipe tomara o caminho da força, os abolicionistas
investiram em lhe subtrair as armas.

"Embora os brasileiros tenham ficado a léguas da sanguinolência estadunidense, a


violência marcou a última fase de mobilização abolicionista".

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