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A INTEGRIDADE DA DECISÃO JUDICIAL EM RONALD DWORKIN

Bruno Palozi Andreotti1

INTRODUÇÃO

O trabalho que se projeta a seguir tem a pretensão de auxílio ao entendimento acerca da teoria de
integridade atribuída a matéria jurídica por Ronald Dworkin.
É bem verdade que se historicamente avaliarmos o direito encontraremos com certa facilidade
momentos e/ou fatos no direito aos quais não se atribuem tal adjetivo tão perfeito, ainda que
observemos a atualidade também é fato que muitas decisões, sentenças ou permissões jurídicas
são bastante questionáveis e conflituosas, neste sentido a teoria a ser estudada vem para garantir a
integridade da aplicação do direito.

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia de pesquisa a ser adotada será a pesquisa textual, principalmente no capitulo VII
Integridade no direito, da obra o império do Direito, e buscará apoio em comentadores do autor e
de suas publicações, buscado com bases nas bibliografias explicar e elucidar conceitos que
possam vir a ser úteis no caminho a ser explorado para a compreensão da teoria de Ronald
Dworkin.
Buscar-se-á o raciocínio por meio dos métodos dedutivo e indutivo, para que haja possibilidade
de formação de uma linha de raciocínio coerente, que culmine na produção do artigo pretendido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao logo dos séculos os filósofos buscam fundamentar a origem da sociedade, a explicação das
formas de organização da vida, o estabelecimento de normas e princípios de convencia, a
política2. Tão antigas como os registros de vida em comunidade são a presença de normas, não
obstante a elas subentende-se a necessidade de que sejam postas, muitas são as justificações, mas
o consenso é que de alguma forma aquele que põe a norma tem o poder para tal, eis a
legitimidade. Para Ronald Dworkin a integridade do poder judiciário, demandada ao magistrado,
é atribuída ao fato deste ser o examinador dos casos e que fazendo as devidas análises construirá
o juízo fundamentado em regras as quais toda a comunidade participou de sua elaboração, pelas
mãos do poder legislativo. Ainda, dando sequência ao raciocínio anterior o autor pontua que
devem ser aceitas através do prisma da integridade a decisões judicialmente proferidas que

1
Bruno Palozi Andreotti, graduando no curso de Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Cidade verde. E-
mail: brunopaloziandreotti@gmail.com.
2
A diferença primordial entre regras e princípios é a sua natureza lógica, pois as regras são aplicadas segundo a
lógica do tudo ou nada, ao passo que os princípios podem ter uma aplicação gradativa, dependendo do caso
concreto. SAAVEDRA, Giovani Agostini. Jurisdição e democracia. Uma análise a partir das teorias de Jürgen
Habermas, Robert Alexy, Ronald Dworkin e Niklas Luhmann. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 71.
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puderem ser submetidas ao crivo “principiológico” da justiça e equidade, a da formalidade do
processo.

O princípio judiciário de integridade instrui os juízes a identificar direitos


e deveres legais, até onde for possível, a partir do pressuposto de que
foram todos criados por um único autor – a comunidade personificada -,
expressando uma concepção coerente de justiça e equidade. Elaboramos
nossa terceira concepção do direito, nossa terceira perspectiva sobre quais
são os direitos e deveres que decorrem de decisões políticas anteriores, ao
reafirmarmos essa orientação como uma tese sobre os fundamentos do
direito. Segundo o direito como integridade, as proposições jurídicas são
verdadeiras se constam, ou se derivam, dos princípios de justiça, equidade
e derivam do processo legal que oferecem a melhor interpretação
construtiva da pratica jurídica da comunidade. (DWORKIN, 2007)

Dworkin, alerta ainda quanto a necessidade de o magistrado observar a universalidade do


ordenamento jurídico par a tomada de decisões, enfaticamente na análise de casos complexos,
pois a integridade do exercício do direito é conhecida na prática interpretativa, mas isolada da
origem da norma que se observa, ou seja do princípio que fundamenta tal norma, e que se deve
proceder tal interpretação reiteradamente ainda que se tenha convicção de que nada mais há que
observar.
O direito como integridade é diferente: é tanto o produto da interpretação
abrangente da prática jurídica quanto sua fonte de inspiração. O programa
que se apresenta aos juízes que decidem casos difíceis é essencialmente,
não apenas contingentemente, interpretativo; o direito como integridade
pede-lhes que continuem interpretando o mesmo material que ele próprio
afirma ter interpretado com sucesso. (DWORKIN, 2007)

A integridade jurídica pode ser atingida na medida em que as autoridades governamentais atuem
estritamente dentro do ideal justo e sem tendenciosidade. Assim, como fora da teoria se trata de
um cenário distante, justifica-se que se adote um conjunto de leis e princípios coerentes a pontos
de se aproximar a realidade da teoria.

A integridade na atividade de aplicação do direito (visto que a integridade


também deve existir na atividade de produção legislativa), portanto, passa
a ser um elemento necessário, e não uma opção, no estado democrático de
direito que se apresenta dotado de legitimidade, permitindo, assim, que as
decisões judiciais sejam tomadas por magistrados membros (inseridos) de
um mesmo “corpo coletivo”, ou seja, de uma “comunidade de
princípios”. (FERNANDES, 2013)

Para Bernardo Gonçalves Fernandes, Dworkin defende ser necessária a aplicação da integridade
no direito, visto que no estado democrático de direito não apenas a decisão judicialmente
proferida deve ser integra mas também a atividade legislativa, já que todos estes são parte do
corpo coletivo.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde o conhecimento do homem que ele se organiza em sociedades, de inúmeras teorias


algumas se consolidaram e fizeram escola, e por eras de convicções teóricas sobrepostas se
fundamentou o exercício do poder de uns em detrimento de outros, sempre palpado na
manutenção da sociedade, da espécie, e da melhor forma de vida, independente de qual fosse a
utopia. A contemporaneidade em revolução aos tempos predecessores se desfez do elemento
metafisico primordial até então, possibilitando assim o questionamento da legitimidade atribuída
ao direito, abundantes são os teóricos que se aventuram em fundamentar a origem do exercício de
poder para a atual organização de pensamento, no entanto será inevitável chegar ao direito
legítimo se este não for integro.
Integridade, uma vez que o magistrado traz consigo a vivência que o formou até então e que as
próprias decisões projetam em si acumulo de novas experiências, não seria por menos esperar os
desapontamentos observados, para Ronald Dworkin a ciência jurídica busca nas regras morais os
princípios legais, e com esse raciocínio tendo como princípio as garantias objetivadas, a
integridade no direito é a reconstrução insistente de um direito perfeito.

REFERÊNCIAS

DWORKIN, Ronald. O império do direito, Martins fontes, São Paulo, 2ª ed. 2007.
FERNANDES, Bernardo G. Curso de direito constitucional, Lumen Juris, 3ª ed. 2013.
SAAVEDRA, Giovani Agostini. Jurisdição e democracia. Uma análise a partir das teorias de
Jürgen Habermas, Robert Alexy, Ronald Dworkin e Niklas Luhmann. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2006.

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