Você está na página 1de 31

3/7/2013

AÇOS INOXIDÁVEIS
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Prof. Valtair Antonio Ferraresi


FEMEC/UFU
LAPROSOLDA

Sumário
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Introdução
Principais aplicações dos aços
inoxidáveis
Elementos de liga
Aços inoxidáveis martensíticos
Aços inoxidáveis ferríticos
Aços inoxidáveis austeníticos
Diagramas de Schaeffler
Aços inoxidáveis duplex
Aços inoxidáveis endurecidos por
precipitações

1
3/7/2013

Fundamentos de metalurgia da soldagem

INTRODUÇÃO

Aço inoxidável é o nome dado à família de aços resistentes à


corrosão contendo no mínimo 10,5% de cromo.
Existem uma grande variedade de aços inoxidáveis com alto
Fundamentos de metalurgia da soldagem

níveis de resistência à corrosão e resistência mecânica.

2
3/7/2013

Características importantes

-Alta resistência a corrosão.


- Resistência mecânica elevada.
Fundamentos de metalurgia da soldagem

- Facilidade de limpeza – baixa rugosidade superficial.


- Aparência higiênica.
- Facilidade de conformação.
- Boa soldabilidade.
- Boas propriedade a alta e a baixa temperatura.
- Relação custo/benefício favorável.
- Baixo custo de manutenção.
- Material reciclável

PRINCIPAIS APLICAÇÕES DO AÇO INOXIDÁVEL

Desenvolvido originalmente para aplicações onde o requisito principal é


a resistência à corrosão, o aço inox também vem sendo largamente
utilizado por seu apelo estético e por suas condições de higiene.
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Cutelaria: aplicado na fabricação de talheres, baixelas e panelas.

3
3/7/2013

PRINCIPAIS APLICAÇÕES DO AÇO INOXIDÁVEL

Indústria química: mantendo suas propriedades mesmo quando há


mudanças bruscas de temperatura ou quando é exposto à corrosão, o
inox é muito utilizado na indústria química, seja em tanques de
armazenamento de produtos, em tubulações de circulação de líquidos e
Fundamentos de metalurgia da soldagem

gases ou nas demais peças e equipamentos.

PRINCIPAIS APLICAÇÕES DO AÇO INOXIDÁVEL

Indústria alimentícia: de fácil limpeza, o aço inox assegura melhores


condições higiênicas, o que garante a sua larga utilização nas
indústrias de bebidas e alimentos. As exigências de qualidade na
Fundamentos de metalurgia da soldagem

prestação de serviços vêm ampliando o espaço do inox também em


lanchonetes, bares e restaurantes. O material deixa de ser visto
apenas em panelas, pias e fogões para ganhar também as paredes e
balcões.

Móveis: Os procedimentos de desinfecção utilizados em ambientes


hospitalares são determinantes para a utilização do inox. Porém, cada
vez mais, o material ganha espaço no mobiliário das residências
brasileiras, onde traduz requinte e sofisticação.

Bens de Consumo Duráveis: a beleza, aliada à resistência, garante


a presença do inox em produtos como geladeiras, fogões, máquinas
de lavar roupas, lava-louças, fornos de microondas, fornos elétricos e
outros bens de consumo duráveis.

4
3/7/2013

PRINCIPAIS APLICAÇÕES DO AÇO INOXIDÁVEL

Construção Civil:
utilizado em projetos arquitetônicos que vão desde um simples corrimão ou guarda-
corpo até o revestimento de fachadas, o inox permite versatilidade na decoração de
ambientes. Utilizado largamente em pias e cubas, também é aplicado em esquadrias.
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Bonito, resistente, fácil de instalar e com baixo custo de manutenção, o inox é o


material mais indicado no detalhamento de projetos que buscam versatilidade,
estética e praticidade.

Efeitos dos elementos de liga


Fundamentos de metalurgia da soldagem

Carbono (C): formador de austenita, aumenta a resistência mecânica e


dureza nos aços martensíticos e afeta negativamente a resistência à
corrosão e tenacidade a baixa temperatura;
Cromo (Cr): formador de ferrita e carboneto, elemento principal
responsável pela resistência à corrosão;
Níquel (Ni): formador de austenita, aumenta a resistência a corrosão
geral em meios não oxidantes, em pequenas quantidades aumenta a
soldabilidade e tenacidade de ligas ferríticas e martensíticas;

5
3/7/2013

Efeitos que os elementos de liga no aço inoxidável

Cobre (Cu): aumenta a resistência em meios líquidos redutores;


Manganês (Mn): formador de austenita e aumenta a resistência à fissuração da
solda com estrutura totalmente austenítica;
Fundamentos de metalurgia da soldagem

· Molibdênio (Mo): formador de ferrita e carboneto, aumenta a resistência


mecânica e fluência em temperatura elevada, e melhora a resistência à corrosão
geral em meios não oxidantes;
· Nióbio (Nb): forte formador de carboneto, formador de ferrita de intensidade
moderada, pode causar endurecimento por precipitação (aços inoxidáveis
endurecíveis por precipitação);
· · Fósforo (P): aumenta a sensibilidade à fissuração, melhora a usinabilidade;
· Enxofre (S): possui as mesmas características do P;
· Silício (Si): formador de ferrita, melhora a resistência à formação de carepa e à
carburização a alta temperatura;
· Titânio (Ti): forte formador de carboneto, nitreto e ferrita e melhora a resistência
mecânica à alta temperatura;
· Tungstênio (W): aumenta a resistência mecânica e a fluência a temperatura
elevada e é um forte formador de ferrita.

· Cobalto (Co): aumenta a resistência mecânica e a fluência a temperatura


elevada;

Tipo de aço inoxidável

Os tipos de aço inoxidável podem ser classificados em cinco


famílias básica:
- ferritico,
- martensitico,
Fundamentos de metalurgia da soldagem

- austenitico,
- dúplex,
- endurecivel por precipitação.

6
3/7/2013

Aços inoxidáveis martensíticos

São essencialmente ligas Fe-Cr-C que contêm entre 12 e 18% de cromo e entre
0,1 e 0,5% de carbono.
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Eles tem uma estrutura similar aos ferríticos - Tetragonal de corpo centrado.

Devido a adição de carbono, podem ser endurecido e a resistência aumentada


pelo tratamento térmico, da mesma forma que os aços carbono.

A resistência mecânica obtida pelo tratamento térmico depende do teor de


carbono da liga. Aumentando o teor de carbono aumenta o potencial da
resistência e dureza mas diminui a ductilidade e tenacidade. Os aços com teores
de carbono mais elevados são capazes de serem tratados na dureza de 60
HRC.

A melhor resistência a corrosão é obtida no tratamento térmico, ou seja, na


condição temperado e revenido. Foram desenvolvidos martensíticos com
adições de nitrogênio e níquel mas com teores de carbono mais baixos que os
tipos tradicionais. Estes aços tem melhor tenacidade, soldabilidade e resistência
à corrosão.

Composição química – aços martensíticos


Fundamentos de metalurgia da soldagem

7
Fundamentos de metalurgia da soldagem Fundamentos de metalurgia da soldagem
Aços martensíticos

Aços inoxidáveis martensíticos

8
3/7/2013
3/7/2013

Condições de Soldagem

Metal de adição:
Austeníticos – E308, E309, E312
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Mesma liga 410, 410 NiMo, 420.


Preaquecimento:
Recomendado para ligas com C>0,1%p
Temperatura – 200 a 3150C

Fissuração Devida à Formação de Martensita


Presença de hidrogênio

Diagrama Ferrita - Martensita


Fundamentos de metalurgia da soldagem

9
3/7/2013

Tratamento Térmico Pós-Soldagem

As funções do tratamento térmico pós-soldagem são: (a) revenir ou


recozer a zona fundida e a ZTA para diminuir a dureza ou melhorar a
tenacidade e (b) diminuir as tensões residuais associadas com a
Fundamentos de metalurgia da soldagem

soldagem.

Aços inoxidáveis ferríticos

São ligas Fe-Cr predominantemente ferríticas em qualquer temperatura até a


sua fusão.
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Estrutura cristalina cubico de corpo centrado, que é o mesmo do ferro puro a


temperatura ambiente.

O principal elemento de liga é o cromo com teores tipicamente entre 11 e 17%.


O teor de carbono é mantido baixo.

Não são endurecíveis pelo tratamento térmico e no estado recozido o limite de


escoamento é de 275 a 350 MPa. .

Os aços ferríticos são do tipo de baixo custo mas tem limitada resistência à
corrosão comparado com os austeníticos mais comuns. Da mesma forma são
limitados na tenacidade, conformabilidade e soldabilidade em comparação aos
austeníticos.

10
Fundamentos de metalurgia da soldagem Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços inoxidáveis Ferríticos


Aços martensíticos e Ferríticos

11
3/7/2013
Fundamentos de metalurgia da soldagem Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços inoxidáveis ferríticos


Aços inoxidáveis ferríticos

12
3/7/2013
3/7/2013

Aços inoxidáveis ferríticos


Fundamentos de metalurgia da soldagem

Condições de soldagem

Aços inoxidáveis ferríticos

Metal de adição
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aço inoxidável não estabilizado – 430 - ZF

A fragilização da região da solda é atribuída a três fatores principais:


- Formação de uma rede de martensita ao longo dos contornos de grão ferríticos (no caso de ligas
com maiores teores de intersticiais).
- Granulação grosseira nas regiões de crescimento de grão da ZTA e na zona fundida (quando a
ZF for também aço inoxidável ferrítico).
- Ocorrência de "fragilização a alta temperatura", proposta por Thielsch em 1951 e relacionada
com a reprecipitação de carbonitretos em uma forma muito fina após soldagem.

Os aços inoxidáveis ferríticos podem sofrer problemas de corrosão intergranular.

Os aços inoxidáveis ferríticos podem apresentar ainda tendência à formação de trincas durante a
solidificação. Segundo Kahe Dickinson, o enxofre seria o elemento mais prejudicial para a
resistência à fissuração em um aço tipo AIS1430

13
3/7/2013

Aços inoxidáveis austeníticos

Os aços inoxidáveis austeníticos são os maiores, em termos de número de


ligas e de utilização. Ligas Fe-Cr-Ni.
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Contêm entre cerca de 16 e 30% de Cr, entre 6 e 26% de Ni e menos de


0,3% de carbono.

Não podem ser endurecidos por tratamento térmico, arranjo atômico CFC e
não magnético.

Dependendo do teor de níquel os aços austeníticos respondem a trabalho a


frio com aumento da resistência mecânica, podendo ser utilizado em
operações severas de conformação.

Os aços mais usados tipo 304 tem 17% de cromo e 8% de níquel com
excelente ductilidade, conformabilidade e tenacidade e até em temperaturas
criogênicas.
Fundamentos de metalurgia da soldagem

14
Fundamentos de metalurgia da soldagem Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços inoxidáveis austeníticos


Aços inoxidáveis austeníticos

15
3/7/2013
Fundamentos de metalurgia da soldagem Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços inoxidáveis austeníticos


Aços inoxidáveis austeníticos

16
3/7/2013
3/7/2013

Aços inoxidáveis austeníticos

Aplicações industriais
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços inoxidáveis austeníticos


Fundamentos de metalurgia da soldagem

17
3/7/2013

Aços inoxidáveis austeníticos


Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços inoxidáveis austeníticos

Problemas de soldabilidade:
Fundamentos de metalurgia da soldagem

A estrutura da solda não depende somente da velocidade de resfriamento e da razão


Cr/Ni. Em particular, os outros elementos de liga adicionados ao aço também afetam a
estabilidade relativa das fases. Para classificar o efeito destes elementos, estes foram
divididos em formadores de ferrita (por exemplo, Cr Mo, Si, Nb e AI) e de austenita (por
exemplo, Ni, C, N e Mn).
O seu efeito relativo na formação de uma fase ou outra é, em geral, expresso em
termos de equivalente de cromo e equivalente de níquel e a sua influência combinada
pode ser apresentada em diagramas constitucionais empíricos. Destes, o mais
conhecido e muito utilizado até hoje, é o levantado por Schaeffler na década de 40.

18
3/7/2013

Diagrama de Schaeffler
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Cromo e Níquel equivalente

O diagrama de Schaeffler permite prever a microestrutura da ZF com base na sua


composição química e não é restrito aos aços inoxidáveis austeniticos
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Para utilizá-lo, os equivalentes de Cr e Ni devem ser calculados pela composição


química da solda e a microestrutura é determinada pela leitura direta no diagrama do
campo onde o ponto (Creq, Nieq) se localiza. Quando as composições dos metais
base e de adição são diferentes, o ponto que representa a solda no diagrama estará
sobre o segmento de reta entre o metal base e o metal de adição. A posição desse
ponto no segmento dependerá da diluição da solda, ficando mais próximo do metal
de adição para soldas de pequena diluição.

19
3/7/2013

Cromo e Níquel equivalente

Regiões problemáticas típicos na soldagem de aços inoxidáveis: (1) Fissuração


de solidificação ou por perda de dutilidade acima de 1250ºC; (2) formação de
fases intermetálicas após aquecimento entre cerca de 450 e 900ºC; (3)
crescimento de grão na ZTA; e (4) fragilização e fissuração por formação de
Fundamentos de metalurgia da soldagem

martensita.

Cromo e Níquel equivalente

Suponha-se que um aço inoxidável ferrítico ABNT430 (0,03%C, 0,9%Mn,


0,4%Si e 17,3%Cr) tenha sido soldado com um eletrodo AWS E309 (0,06%C,
0,7%Mn, 0,7%Si, 22,1%Cr e12,5%Ni). Os valores dos equivalentes de Cr e Ní
seriam:
Fundamentos de metalurgia da soldagem

- Metal base: Creq = 17,9 e Nieq = 1,4%


-Metal de adição: Creq = 23,2 e Nieq = 14,7
- diluição de 30%.

20
3/7/2013

Cromo e Níquel equivalente

Diagrama de De Long - diagrama de constituição modificado


para metais de solda de aço inoxidável
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Cromo e Níquel equivalente


Fundamentos de metalurgia da soldagem

21
3/7/2013

Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços ferrítico-austeníticos (Duplex)

Os aços inoxidáveis dúplex tem uma estrutura mista de austenita e ferrita.


Uma composição química típica tem 22% de cromo, 5% de níquel e 3%
molibdênio com pequena adição de nitrogênio.
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Os aços dúplex são endurecíveis por tratamento térmico e tem limite de


escoamento médio em torno de 450 MPa.

Tem boa conformabilidade e soldabilidade. (Entretanto são necessários


maiores esforços na conformação devido a sua maior resistência).

Estes aços podem ser utilizados em projeto com secções mais finas que os
aços austeníticos mas sua grande vantagem é sua maior resistência a
corrosão sob tensão. O molibdênio é normalmente adicionado para
aumentar a resistência a corrosão galvânica e por pite.

22
3/7/2013

Aços ferrítico-austeníticos (Duplex)


Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços ferrítico-austeníticos (Duplex)


Fundamentos de metalurgia da soldagem

23
3/7/2013

Aços ferrítico-austeníticos (Duplex)


Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços ferrítico-austeníticos (Duplex)


Fundamentos de metalurgia da soldagem

24
3/7/2013

Aços ferrítico-austeníticos (Duplex)

Problemas de soldabilidade
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços Inoxidáveis Duplex

Aspecto Geral de Soldabilidade


Fundamentos de metalurgia da soldagem

Estes aços tendem a ser facilmente soldáveis desde que cuidados necessários
sejam tomados.Em particular, um resfriamento muito rápido potencializa um
teor muito elevado de ferrita e a precipitação de nitretos de cromo na ZTA e ZF,
o que prejudica a tenacidade e a resistência à corrosão da solda.

Por outro lado, um resfriamento muito lento e a manutenção por tempos longos
a temperaturas entre cerca de 1000 e 600oC pode levar a precipitação de
compostos intermetálicos que também prejudicam as propriedades mecânicas e
químicas da solda. Assim, o controle da energia de soldagem e da temperatura
de pré-aquecimento é muito importante para estes materiais.

Para reduzir a quantidade de ferrita na ZF, o uso de uma mistura Ar-N2 como
gás de proteção é comum.

25
3/7/2013

Aços Inoxidáveis Endurecíveis Por Precipitação

Os aços inoxidáveis endureciveis por precipitação (PH) são endurecíveis por


Fundamentos de metalurgia da soldagem

tratamento de envelhecimento e assim tem algumas similaridades com os


aços martensíticos, entretanto o processo metalúrgico para endurecimento é
diferente. Estes aços são capazes de atingir a resistência a tração até 1700
MPa. Normalmente tem estrutura martensítica e assim são ferro magnéticos.

Os aços endurecíveis por precipitação (PH) tem boa ductilidade e


tenacidade, dependendo do tratamento térmico. Sua resistência à corrosão
é comparável ao aço austenítico 304 (1.4301). Podem ser soldados mais
facilmente que os aços martensíticos comuns, estão desenvolvidos e
usados de forma ampla tanto nos Estados Unidos como no Reino Unido por
exemplo nas aplicações aeroespaciais.

Aços Inoxidáveis Endurecíveis Por Precipitação


Fundamentos de metalurgia da soldagem

26
3/7/2013

Aços Inoxidáveis Endurecíveis Por Precipitação


Fundamentos de metalurgia da soldagem

Aços Inoxidáveis Endurecíveis Por Precipitação


Fundamentos de metalurgia da soldagem

27
3/7/2013

Aços Inoxidáveis Endurecíveis Por Precipitação

Condições de soldagem
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Problemas de soldabilidade

Novos Desafios em
Aplicações de Aços
inoxidáveis
Fundamentos de metalurgia da soldagem

28
3/7/2013

AS LRCs
A Tabela 1 apresenta as principais famílias de LRCs usadas em revestimentos de
poços. O primeiro grupo é formado pelas ligas baseadas nos aços inoxidáveis com 13%
Cr. O segundo grupo, mais ligado, é formado pelos aços inoxidáveis duplex e
superduplex, os quais podem ser usados em limitadas condições de H2S e apresentam
Fundamentos de metalurgia da soldagem

resistência mecânica superior às ligas austeníticas. Para crescentes temperaturas de


operação e agressividade corrosiva surgem os aços inoxidáveis de alto níquel (20 a
40%) e alto cromo (20 a 27%) com alto Mo (até 4%) desde que o enxofre livre não
esteja presente e para temperaturas abaixo de 200 C. Neste grupo se destacam as
ligas 904 e 825. Nas condições mais severas do poço surge o último grupo de ligas de
alto teor de níquel (acima de 50%), como as ligas 625 (9%Mo) e até C276 (16%Mo).

A Figura 1 mostra o relacionamento estabelecido da adequação de cada família de


LRC em termos de pressões parciais de CO2 e H2S. O aumento da corrosividade
causada por crescentes teores de CO2 e H2S e a agressividade do sal nos levam às
LRCs do quadrante superior direito da Figura 1.
Fundamentos de metalurgia da soldagem

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO EM FUNÇÃO DA AGRESSIVIDADE AMBIENTAL


As LRCs posuem uma baixíssima taxa de corrosão generalizada. Entretanto, o grande desafio imposto
pelos meios produtivos é a corrosão localizada, tal como a corrosão por pites e corrosão por frestas e o
trincamento causado por condições ambientais tal como a causada pelo trincamento por corrosão por
sulfetos sob tensão (SSCC). Especial consideração deve ser dada também à inerente resistência à
corrosão das LRCs durante e após a acidificação dos poços e o efeito sinérgico de ácidos e gases por
eles gerados (H2S e CO2).

29
3/7/2013

CONCLUSÕES

As LRCs devem ser selecionadas diante das reais condições de cada poço e da vida
Fundamentos de metalurgia da soldagem

esperada de operação. Os principais aspectos de corrosividade do poço, como


pressão, velocidade de fluxo e temperatura devem ser considerados como pontos
de partida na seleção. A disponibilidade do material também é fator crítico da
escolha.
A grande profundidade de exploração à redução de peso, garantida pelas ligas de
mais alta resistência mecânica, tornam-nas também mais atrativas. Novos
desenvolvimentos, como os aços hiperduplex, visando aumentar não só a
resistência mecânica dessas ligas bem como a sua resistência à corrosão devem
ajudar os produtores de óleo offshore a vencer o desafio. Os tubos bimetálicos
(obtidos por clad mecânico ou metalúrgico) também se apresentam como uma
excelente solução para reduzir os custos na utilização das LRCs.

Referências

Modenesi, P.J. Soldabilidade dos aços inoxidáveis, São Paulo, SENAI –


SP, 110p., 2001.
Costa e Silva, A. L.V. e MEI, P. R. Aços e Ligas especiais, Ed Edgard
Fundamentos de metalurgia da soldagem

Blucher, São Paulo, 2ª edição, 646p., 2006.


Quites, A. M. Metalurgia na Soldagem dos aços, Editora Soldasoft,
Florianópolis, SC, 256p., 2008.
ASM – Handbook - Properties and Selection: Irons, Steels, and High-
Performance Alloy. Volume 1 of the 10th, Edition Metals Handbook. 1990.
KOU, S. Welding Metallurgy, John Wiley & Sons, Inc. Canadá, 410p.
1987.
Lippold, J. C. e Kotecki, D.J. Welding metallurgy and weldability of
stainless steels. John Wiley &Sons, Inc., Hoboken, new Jersey, 2005.

30
Fundamentos de metalurgia da soldagem
FIM

31
3/7/2013

Você também pode gostar