Aula Radiobiologia

Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes
Prof. Dr. Marcelo Schwarcke
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Semestre 2/2017
Prof. Dr. Marcelo Schwarcke (UFCSPA) Semestre 2/2017 1 / 81

1 Noções de Radiobiologia
Introdução
Efeitos Fı́sicos
Absorção de Fótons
Processo de Espalhamento
Produção de Par
Energia Transferida e Energia Absorvida
Coeficiente de Espalhamento
Efeitos Quı́micos
Radioquı́mica da água
Valor G
Dosimetro Fricke
Ação Direta e Indireta
2 Referências Utilizadas

Noções de Radiobiologia
Noções de Radiobiologia: efeitos

fı́sicos, quı́micos e biológicos

Noções de Radiobiologia Introdução
Introdução
A radiação ionizante pode ter origem do processo de

desintegração nuclear, decaimento alfa, beta ou pósitron ou pela
processo de excitação de um átomo, obtido através do uso de
equipamentos como Raios X, Aceleradores Lineares, Ciclotrons e
outros.
Não apenas a radiação emitida por estes processos que pode
ocasionar dano celular, mas a radiação solar proveniente dos
processo de fissão que ocorrem no sol também possuem energia
suficiente para ocasionar um dano celular. Este tipo de radiação é
conhecido como radiação de fundo, ou Background Radiation

Introdução
Os organismos vivos são continuamente expostos a radiação

ionizante natural. Sendo que no caso dos humanos, existe um
aumento na exposição devido as práticas médicas.
Em torno de 80% da energia ionizante que o corpo humano
recebe é proveniente de fontes naturas, apenas 20% é decorrente
da realização de exames médicos.

Introdução
Figura: Figura retirada de [IAEA, 2010].

Introdução

Introdução

Introdução
Os tipos de radiações ionizantes podem ser separados de acordo

com o efeito que provocam, que pode ser direto ou indireto.
A maior parte da radiação ocasiona efeitos diretos, uma vez que
possui uma elevada energia cinética.
A pequena porção da radiação que ocasiona efeitos indiretos é
proveniente de feixes de energia com baixa energia cinética.
De uma forma ampla, podemos dizer que os efeitos fı́sicos são
provocados de forma direta e o efeitos quı́micos são provocados
de forma indireta, lembrando que ambos os efeitos irão ocasior
dano a estrutura celular.

Introdução
Figura: Figura retirada de [Alpen, 1990].

Noções de Radiobiologia Efeitos Fı́sicos
Efeitos Fı́sicos

Radiação Eletromagnética

O espectro eletromagnético inclui as faixas de radiação que foram

apresentadas na figura anterior e outras que não estaremos
discutindo neste disciplina.
Devemos lembrar que as ondas eletromagnéticas são
caracterizadas por um comportamento ondulatório e corpuscular,
desta forma, o seu comportamento é estudado de acordo com o
seu efeito.

A energia eletromagnética pode ser descrita quanticamente

através do chamado Quantum. Que é calculado pela relação:
1

E = n+ hν
2
Onde h = 6, 63 × 10−34 J.s = 4, 14 × 10−15 eV .s, conhecida como
Constante de Planck.
Como a radiação eletromagnética pode ser estudada com base
em seu comportamento ondulatório, podemos obter a energia de
um fóton com base em sua frequência de oscilação, utilizando a
equação acima.

Uma vez que a radiação eletromagnética possui uma
determinada energia cinética, está terá uma relação direta com a
penetrabilidade da radiação no tecido biológico e sua relativa
perda durante o seu caminho no tecido
Figura: Figura retirada de [Herskind and Wenz, 2014].

Na passagem radiação pode ocorrer a transmitição de energia

para o meio, como pode não ocorrer interação alguma com o meio
e desta forma, não existirá perda de energia cinética do fóton.
A perda de energia cinética do fóton durante sua passagem pela
matéria pode ser ocasionada devido a absorção fotoelétrica,
espalhamento compton ou produção de pares.


Absorção Fotoelétrico
No processo de absorção fotoelétrica, o fóton interage com o

elétron da camada externa do átomo.
Ocasionando a ejeção do elétron da eletrosfera, a energia do
fóton é inteiramente absorvida pelo elétron.
Desta forma, a energia cinética do elétron ejetado é dado pela
relação:
Ee = hν − Eb
Onde: Eb é a energia necessária para retirar o elétron da camada de
valência e hν é a energia do fóton incidente.

Figura: Figura retirada de [BL et al., 2012].

Um vez que o elétron ejetado possui baixa energia, sua trajetória

é curta, provocando processos de ionização até sua total
absorção.
A vacância criada no átomo é rapidamente preenchida por um
elétron de uma camada mair energética que para alterar seu nı́vel
de energia, irá emitir uma radiação gama, este processo é
conhecido como radiação caracterı́stica.
O efeito fotoelétrico é predominante até as energias de interação
de 50 keV em tecidos biológicos.

Devemos lembra que este evento respeita alguns limites da fı́sica

quântica:
É predito que a energia cinética máxima do elétron ejetado é
diretamente proporcional a energia do fóton que incide sobre o
material.
A energia cinética desta forma é diretamente proporcional a
frequência da luz incidente, mas observa-se que existe um limiar
na frequência da luz incidente para que ocorra a ejeção do elétron.
Existe um tempo de decaimento do fotoelétron que pode ser obtido
teóricamente, mas não é possı́vel a sua detecção, desta forma não
é observado este efeito.
hν = E0 + Kmax


Processo de Espalhamento
Um fóton é espalhado quando ao interagir com os elétrons do

material formador do tecido, o mesmo provoca a alteração de sua
trajetória original.
Espalhamento Rayleigh (Coherent scattering)
Espalhamento Compton (Incoherente scattering)

Espalhamento Rayleight
O Espalhamento Rayleight é um processo onde a energia do

fóton incidente ocasiona apena uma oscilação no elétron que está
orbitando, ocasionando apenas uma alteração em sua frequência
de oscilação, que posteriormente será emitida na forma de um
fóton de baixa energia e em sentido diferente ao do fóton
incidente.

Espalhamento Rayleight

Espalhamento Compton
O espalhamento Compton ocorre quando um fóton incidente

possui energia suficiente para arrancar um elétron de sua
camada de valência e ainda possuir energia para continuar
interagindo com a matéria.
Na interação o fóton é espalhado, tem sua direção alterada e
perde parte de sua energia na interação.
As maiores probabilidades de ocorrência de espalhamento
Compton ocorre com fótons entre energias de 100 keV até
10 MeV.

Espalhamento Compton

Produção de Par
A produção de par ocorre quando um fóton com energia superior

a 1,02 MeV interage com um átomo. A incidência provoca a
conversão da energia do fóton em uma massa de um par elétron
e pósitron.
O pósitron irá interagir com elétron e formar um par oposto de
fótons com energia aproximada de 511 keV.

Produção de Par

Energia Absorvida no Fotoelétrico
A perda de energia devido ao efeito fotoelétrico é local de poucos

centrı́metros.
Sua contribuição para a energia absorvida do fóton é pequena ou
quase inexistente para fótons com energia superior a 20keV
No processo Compton a energia absorvida varia ao inverso da
energia transferida.


A perda de energia por parte do fóton incidente é transferida para
o corpo irradiado, sendo desta forma, considerada como uma
energia transferida, que segundo a geometria de irradiação, é o
processo conhecido como espalhamento (Scattering).

O coeficiente de espalhamento pode ser desenvolvido utilizando

os principios da dinâmica Quântica, desenvolvida por Dirac e
Klein and Nishina.
Seus trabalhos permitiram determinar teoricamente através de
processo computacionais o valor da seção de choque para o
processo de espalhamento Compton.
Onde a seção de choque foi determinada pela relação entre o
número de fótons espalhados em um ângulo sólido por elétron
espalhado, que acaba sendo a descrição da equação abaixo.
2 " #
de σt e4 1 α2 (1 − cosθ)

= 2 4
× 1 + cos2 θ +
d 2m0 c 1 + α(1 − cosθ) 1 + α(1 − cosθ)

Na situação onde o ângulo de espalhamento do fóton é de zero

graus, não existirá transferência de energia para o elétron, desta
forma a equação apresentada anteriormente ficará escrita como:
de σt e4
= (1 + cosθ)
d 2m02 c 4
Uma vez que a energia do fóton é pequena, o valor de α tende a

zero.
e4 r02
O termo 2m02 c 4
pode ser substituido por 2, onde r0 é o valor
clássico do raio do elétron.

Desta forma a seção de choque total para todo o espalhamento

será dada por:
de σt r 2
= (1 + cosθ)
d 2
Consederamos que o espalhamento ocorre em ângulo de
espalhamento de zero até 2π, podemos integrar a equação
acima, obtendo
8 2
e σ0 = πr0
3

Por exemplo: quando um fóton com energia cinética de 10 MeV

interagem com um bloco feito de carbono. Ele transfere para o
bloco durante o processo de interação, 7,30 MeV de sua energia,
conhecida como energia transferida. Desta energia transferida,
7,04 MeV é absorvida pelo corpo, a fração transferida que não foi
absorvida é enviada para o meio novamente devido ao efeito de
breamsstrahlung. Desta forma, apenas 70,4% da energia incial
do fóton é absorvida.
A questão da absorção da energia é calculada através do
conhecimento do energy transfer attenuation coefficient e do
energy absorbed attenuation coefficient.

O coeficiente tanto de absorção como de transferência podem ser

calculados por:
O número de eventos espalhados pode ser obtido pela relação
abaixo,
n = µN4x
onde n é o número de eventos espalhados que ocorrem no elemento
4x. Desta forma a energia média transferida será dada por:
4Etr = Etr µN4x (1)

Se ambos os lados da Equação 3 foram multiplicados por hν, é

possivel obter a variação a energia tranferida em função da
energia transferida por fóton, como mostra a Equação 2.
Etr

4Etr = µ hνN4x (2)
hν
A quantidade interna no parênteses é conhecida como coeficiente

de transferência de energia, dado desta forma por:
Etr

µtr = µ
hν

Desta forma a Equação 2 passa a ser escrita como:
4Etr = µtr hνN4x
A mesma analogia pode ser usada para a energia absorvida,

obtendo assim:
Eab

µab = µ
hν
4Eab = µab hνN4x
Ambos os coeficientes acabam sendo utilizados e tabelados em
função da densidade do material: µtr /σ e µab /σ.

Coeficiente de Absorção Mássico
A deposição de energia depende do número atômico do material

com o qual a radiação irá interagir. Quando realizamos a
interação com elementos puros, podemos relacionar com o Z do
elemento formador do material, mas quando tratar-se de uma
mistura, utilizamos como base o número atômico efetivo para o
cálculo da interação.
Por exemplo: o número atômico efetivo do tecido ósseo é duas
vezes maior do que o número atômico efetivo do tecido mole,
quando ocorre a interação do mesmo tipo de radiação com os
respectivos materias, o osso absorve 6x mais do que o tecido
mole.

Coeficiente de Absorção Mássico
(a) Tecido Ósseo (b) Tecido Mole

Cálculo da Atenuação
A energia eletromagnética ao passar pela matéria irá perder sua

intensidade gradualmente devido ao processo de atenuação.
I(x) = I0 e−µx
Onde: I(x) é a intensidade do feixe, x é a espessura do tecido, I0 é a
intensidade inicial, µ é o coeficiente de absorção mássico, dado por:
µ = n · σ, n é o número de átomos por cm3 e σ é o coeficiente de
absorção cm2 .

Transferência de Energia Linear
Processo conhecido como LET (Linear Energy Transfer). Sua

determinação é determinada pelo nı́vel de energia e pela
densidade do tecido em que esta interagindo.
O seu valor é determinado pela energia média depositada por
unidade de complimento em que a radiação percorre no material,
por este motivo que sua unidade é dada por keV/µm.
Por este motivo que o valor do LET irá modificar de acordo com a
passagem da partı́cula pelo material.

Tipo de Radiação LET (keV /µm)

Co-60 0,2
Raios X 250 kVp 2,0
Fóton com 10 MeV 4,7
Fóton com 150 MeV 0,5
Fóton com 14 MeV 12
Partı́cula Alfa com 2,5 MeV 166


RBE - Relative Biological Effectiveness
Nas normar regulatória que existem, o valor de RBE pode ser

representado por:
Radiation Weighting Factor (WR )
Quality Factor (Q)
A utilização do fator de peso é a forma encontrada para converter
as medidas de dose absorvida em gray para a dose equivalente
biológica, sievert

É definido pela razão entre a dose absorvida devido a uma

irradiação padrão (raios gama do 60 Co), DR em relação a dose
absorvida devido a um tipo qualquer de irradiação, Dx .
DR
RBE =
Dx
Este termo possui maior aplicação em radiobiologia do que o
termo LET, pois ele relaciona o efeito que um determinado tipo de
irradiação ocasiona nas célular em relação ao mesmo processo
com um tipo conhecido.

Pergunta Teste
Por que se utiliza a energia gama do 60 Co como irradiação

padrão?

A obtenção do valor de RBE de forma experimental segue três

etapas básica:
Etapa 1: Escolha do tecido biológico que será irradiado: célular
procariontes, bactérias, célular eucariontes ambas em cultura e
em alguns casos animais vivos como ratos e camundongos.
(a) [Nenoi, 2015]. (b)

[Facoetti et al., 2015].

Etapa 2: Escolha do tipo de fonte radioativa em que os tecidos

biológicos serão irradiados: raios X, gama, partı́culas beta,
partı́culas alfa, nêutrons.
(c) Irradiação Externo (d) Irradiação Interna

Etapa 3: Observar em qual tempo de irradiação obtemos a morte

de metade das células presentes na cultura irradiada, ponto
conhecido em um curva de calibração como: LD-50.
(e) [Kase et al., 2007] (f) [Kase et al., 2007]

Noções de Radiobiologia Efeitos Quı́micos
Efeitos Quı́micos

Introdução
No processo indireto, a reação ocorre normalmente envolvendo

um elétron, a energia absorvida pode ser total. Processo que
ocorre com elétrons de baixa energia.
Na maior parte dos eventos, os elétrons de alta energia ocasiona
um excitação dos elétrons presentes na molécula.
Quem de acordo com a energia inicial, ocasionará a ejeção do
elétron e consequente ionização da molécula, processo este
conhecido como superexcitação.

Introdução
Por exemplo: um elétron que tenha uma energia de 1 MeV,

ocasiona em seu processo a deposição de 65% de sua energia
em eventos de curta distância com baixa perda de energia (Spur),
15% do evento com perda média de energia (Blob) e 20%
corresponde a maior perda de energia no processo de interação
desta partı́cula (Short Track).

Introdução
A energia depositada é resultado da interação do elétron

secundário que estará concentrada em um volume menor (spur,
blob ou short track).
Por exemplo, se tivermos um elétron secundário de alta energia
que venha a depositar sua energia em um evento spur terá um
range de 400 nm. Agora supomos que o meio onde ocorreu a
interação é água e ocorreu a formação de um radiacal H + , o seu
coeficiente de difusão é de 8 × 10−5 cm2 s−1 e sua vida média é
de 1 µs, desta forma sabemos que este radical irá percorrer uma
distância de 180 nm até interagir com o meio.
O que mostra o exemplo é que dependendo do evento que está
se esutudando, o seu efeito pode ocorrer muito longe do trajeto
principal da partı́cula precursora.


A molécula de água está presente em mais de 80% da estrutura
formadora do corpo humano.
Os principais produtos da ionização da água é mostrado abaixo.


Figura: Figura retirada de [Ballarini et al., 2008].


Valor G

Valor G
O chamado valor G é uma aproximação matemática para a

reações que ocorrem com os radicais livres formados pela água.
Permitindo assim uma comparação entre os efeitos que ocorrem
para cada radiacal formado.
Produto Valor G
e−
aq 2,6
H+ 0,6
OH+ 2,6
H2 0,45
H2 O2 0,75

Valor G
O valor G é definido como o número de molécular formadas ou

destruidas como resultado da deposição de 100 eV de energia da
radiação do elétron secundário.
O valor G diferencial é relacionado ao valor G, por:
dG(E)
G‘ (E) =
dE
Onde: G(E) é a integral do campo de irradiação para a energia E. O
que é raramente possı́vel determinar matematicamente. Desta forma,
opta-se por utilizar uma valor aproximada, valor G diferencial.
Z E
G‘ dE
0

Valor G
Como qualquer reação quı́mica, podemos considerar que os

radicais livres formados pela ionização da molécula de água pode
interagir com elementos capturadores, que neste momento irão
formar uma molécula passiva para o corpo humano.
São basicamente, moléculas antioxidantes: glutation, vitamina C,
indóis, catecóis, bioflavonas, Vitamina A, vitamina E e outros de
menor importância.
Na literatura iremos encontrar este elementos classificados com
scavenger.

Valor G

Dosimetro Fricke

Dosimetro Fricke
O dosimetro Fricke tem seu funcionamento determinado pela
ionização do Fe2+ em Fe3+ . Quem em um solução aquosa
ocasiona a mudança de cor da região onde ocorre o evento, ou
seja, a oxidação do ferro é ocasionada pela reação com um radial
livre produzido pela radiolise da água.
Seu funcionamento passa desta forma a ter uma profunda
relação com o valor de G, ateriormente descrito.

Dosimetro Fricke
No dosimetro Fricke o Fe atua como elemento scavenger, sendo
assim ele será responsável pela captura dos radiacais livres
formados na reação de ionização da solução.
Desta forma podemos calcular o Valor G para a produção do
Fe3+ , através da seguinte equação:
G(Fe3+ ) = 2G(H2 O2 ) + 3G(H) + G(OH)
Figura: Figura retirada de [Liosi et al., 2015].

Dosimetro Fricke
Por exemplo se pegarmos para a equação da formação do Fe3+ ,

um processo de irradiação em uma fonte de 60 Co, obteremos os
seguintes valores:
G(H) = 3,65
G(H2 O2 ) = 0,75
G(OH) = 3,15
Obtendo desta forma o Valor G para a reação de Fe3+ = 15,6.
Este valor obtido, contribui para determinar que o Fe3+ é um
elemento altamente reativo na reação e por isso que ele atua
como um elemento scavenge.

Dosimetro Fricke
Desta forma podemos perguntar: Qual a relevância biológica do

dosimetro Fricke?
1 O dosimetro infere que no processo biológico o ferro presente no
sangue atuará como elemento scavenge, oxidando sua estrutura
2 Outras espécies de molécular que estão presente no ambiente da
célula podem modificar sua estrutura devido ao processo oxidativo
que ocorre próximo de suas estruturas.
3 O dosimetro consegue demonstrar que nem toda a energia
depositada ocasioná processo de excitação ou ionização.

Dosimetro Fricke
Com base nos estudos utilizando este tipo de dosimetro é

possı́vel inferir que um energia depositada de aproximadamente
17 eV é capaz de produzir um par radiacal de H+ e OH− .
Desta forma para um interação com um elétron com energia de
100 eV, de acordo com o Valor G da reação, esperamos a
produção de 5,88 pares (H+ e OH− ).

Ação Direta e Indireta

Introdução
Até o momento falamos da ação indireta da radioólise da água,

mas a interação deste elétron secundário de alta energia pode
ocasionar a interação de forma direta na célula/organela,
iniciando um processo fı́sico-quı́mico na estrutura afetada.
O processo provocará a ionização de algum radical na própria
molécula, por exemplo a molécula de DNA.

Ação Direta
Neste processo a energia é diretamente depositada na molécula

alvo, ou seja, na molécula de interesse, sem que ocorra a
intervenção de qualquer espécie de radical livre proveniente da
radiólise da água.
A resposta para o efeito biológico em relação a deposição de
energia local é expresso por:
E = E0 e−kD (3)
Onde E0 é o número de moléculas iniciais que não sofreram o

processo de ionização, E é o número de moléculas que sofreu o
processo de ionização devido a ação de D, dose absorvida de
radiação e k é a contante de inatividade, calculado em unidade
de Gy −1 .

Ação Direta
A relação que foi mostrada na Equação 3, é determinada para um

processo de ionização direta, onde ocorre a ionização ou
excitação de apenas uma molécula, ocasionando a perda das
atividade biológicas da célula e sua conseguente morte celular.
Desta forma, devemos assumir que existe um peso molecular
para a ação direta, uma proporcionalidade para cada tipo de
evento válido que ocorre nas organelas celulares.
A relação existem ocorre entre o peso molecular da molécula e o
tamanho do alvo, ou seja, o tamanho de sua estrutura molecular.

Ação Direta
Por exemplo: Vamos assumir que ocorre a interação de um

elétron com energia de 75 eV. O tamanho do alvo em grama é
relacionado a contante de inativação pela relação:
75 eV /event
target size (g) = k ×
6, 2 × 1015 eV .g −1 .Gy −1
Iremos determinar o tamanho do alvo pela seguinte relação:
target mol. wt. = Na × (target size (g))
Onde Na = 6, 02 × 1023 molecules/mol

Ação Direta
A compilação dos dados obtidos nas equações anteriomente

apresentadas permite concluir que existe um elevado
deslocamento da perda da atividade molecular como resultado de
uma interação simples.
Dando suporte que a interação de um elétron com 75 eV de
energia irá ocasionar eventos de acordo com o tamanho
molecular do alvo e o seu espaço de ionização próximo da região
da interação, demonstrado na figura abaixo.

Ação Direta

Ação Indireta
No processo de açãos indireta, relacionamos o processo onde os

radicais livres formados pela radiólise da água irão interagir com
as moléculas formadoras das organelas celulares.
Neste processo a resposta do efeito biológico com a dose é de
dificil estimativa.

Referências Utilizadas
Referências Utilizadas I
Alpen, E. L. (1990).
Radiation Biophysics.
Academic Press, 2 edition.
Ballarini, F., Alloni, D., Facoetti, A., and Ottolenghi, A. (2008).
Heavy-ion effects: from track structure to dna and chromosome
damage.
New Journal of Physics, 10:075008.
BL, H., JO, S., JI, S., LM, H., KD, B., and FG, C. (2012).
Williams Gynecology.
McGraw-Hill Companies.

Referências Utilizadas II
Facoetti, A., Vischioni, B., Ciocca, M., Ferrarini, M., Furusawa, Y.,
Mairani, A., Matsumoto, Y., Mirandola, A., Molinelli, S., Uzawa, A.,
Vilches, F. G., and Orecchia, R. (2015).
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Radiat Prot Dosimetry, 166((1-4)):379–382.
Herskind, C. and Wenz, F. (2014).
Radiobiological aspects of intraoperative tumor-bed irradiation with
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Transl. Cancer Res, 3(1):3–17.
IAEA (2010).
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Technical report, International Atomic Energy Agency.

Referências Utilizadas III
Kase, Y., Kanai, T., Matsufuji, N., Furusawa, Y., Elsasser, T., and
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Biophysical calculation of cell survival probabilities using
amorphous track structure models for heavy-ion irradiation.
Physics in Medicine & Biology, 53(1):37–59.
Liosi, G. M., Gambarini, G., Artuso, E., Benedini, S., Giacobbo, E.
M. F., Gargano, M., Ludwig, N., Carrara, M., Pignoli, E., and
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Study of fricke-gel dosimeter calibration for attaining precise
measurements of the absorbed dose.
Nenoi, M., editor (2015).
Evolution of Ionizing Radiation Research.
InTech.

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Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes

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A radiação ionizante pode ter origem do processo de

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Os organismos vivos são continuamente expostos a radiação

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Figura: Figura retirada de [IAEA, 2010].

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Figura: Figura retirada de [IAEA, 2010].

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Figura: Figura retirada de [IAEA, 2010].

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Os tipos de radiações ionizantes podem ser separados de acordo

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Figura: Figura retirada de [Alpen, 1990].

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Figura: Figura retirada de [IAEA, 2010].

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O espectro eletromagnético inclui as faixas de radiação que foram

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A energia eletromagnética pode ser descrita quanticamente

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Figura: Figura retirada de [Herskind and Wenz, 2014].

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Na passagem radiação pode ocorrer a transmitição de energia

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Figura: Figura retirada de [IAEA, 2010].

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No processo de absorção fotoelétrica, o fóton interage com o

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Figura: Figura retirada de [BL et al., 2012].

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Um vez que o elétron ejetado possui baixa energia, sua trajetória

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Devemos lembra que este evento respeita alguns limites da fı́sica

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Figura: Figura retirada de [Alpen, 1990].

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Um fóton é espalhado quando ao interagir com os elétrons do

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O Espalhamento Rayleight é um processo onde a energia do

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O espalhamento Compton ocorre quando um fóton incidente

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Figura: Figura retirada de [BL et al., 2012].

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A produção de par ocorre quando um fóton com energia superior

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Figura: Figura retirada de [BL et al., 2012].

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Energia Absorvida no Fotoelétrico

A perda de energia devido ao efeito fotoelétrico é local de poucos

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Energia Transferida e Energia Absorvida

Figura: Figura retirada de [Alpen, 1990].

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O coeficiente de espalhamento pode ser desenvolvido utilizando