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Pais de influência ensinam os filhos a amar e perdoar seus inimigos.
George H. W. Bush
1924–
George W. Bush. Por viver uma vida de fé e sendo padrão de excelência
profissional, George Herbert Walker Bush tornou-se o primeiro presidente,
depois de John Adams, a criar um filho que também ocuparia o cargo de
presidente.
Nos dias que se seguiram à morte, por leucemia, de Robin Bush, de 4 anos de
idade, George H. W. Bush e sua família lutavam para recomeçar a vida. Numa
noite de sexta-feira, decidiram assistir a um jogo de futebol de ginasianos, para
esquecer as tristezas. George W. Bush, então com 7 anos, se mantinha na ponta
dos pés nas arquibancadas e deixou escapar: “Pai, eu queria ter sido a Robin”.
Visivelmente perturbado, o velho Bush perguntou: “Por que você está dizendo
isso, George? ”.
George explicou: “Porque a Robin está no céu. Com certeza, ela pode ver melhor
o jogo, de lá de cima, do que eu aqui embaixo”. Ao dar um sorriso e um abraço
no filho, o pai se sentiu consolado ao pensar que ele e Barbara haviam
transmitido conceitos a George. Conceitos espirituais como os do céu e do
cuidado amorável do Pai celestial, que lhe permiti- ram aceitar a morte da irmã
com esperança e serenidade.
George H. W. Bush decidiu não frequentar a faculdade logo após o ensino
médio; em vez disso, entrou para a Marinha a fim de servir, junto com seus
compatriotas, durante a Segunda Guerra Mundial. Alistou-se no seu aniversário
de 18 anos, e dez meses depois tornou-se o mais jovem piloto naval.
Depois da guerra, Bush [pai] se matriculou na Universidade de Yale e
sobressaiu-se em todas as atividades que escolheu. Associou-se à fraternidade
Delta Kappa Epsilon, e foi eleito presidente. Foi capitão do time de beisebol da
universidade, jogando na primeira base, e participou do 1º Campeonato Mundial
Universitário de Beisebol.
Ainda estudando em Yale, George conheceu Barbara Pierce, e se casa- ram em
Connecticut. Um ano depois, em 6 de julho de 1946, George Walker Bush
nasceu. De acordo com Barbara, seu marido é o único homem a quem beijou na
vida. Durante sua extensa carreira política, não importava onde estivesse, ele
sempre telefonava para a esposa, e oravam juntos antes de dormir. Ao todo, Bush
e Barbara criaram seis filhos.
Os amigos da vizinhança de Bush [filho] se admiravam de como seu pai era
capaz de pegar a bola de beisebol por trás das costas. Todos tentavam imitar o
feito com diferentes níveis de sucesso. Pai e filho brincavam de lançar e pegar a
bola, e o filho Bush lembra-se claramente da vez em que o pai lhe disse: “Meu
filho, você conseguiu. Posso jogar a bola para você com toda a minha força”.
Com o passar dos anos, acompanhou o gosto do pai pelo beisebol e veio a se
tornar co-proprietário de um time da liga principal, o Texas Rangers.
Após a universidade, Bush mudou-se com a família para Midland, Texas, onde
se lançou, com muito sucesso, no negócio altamente especulativo da exploração
de petróleo. Fundou a Zapata Oil, em 1953, e conseguiu um cargo nas Indústrias
Dresser.
Em Midland, a família Bush frequentava a Primeira Igreja Presbiteriana, apesar
de H. W. ter crescido numa igreja episcopal. Para ele, era importante que a
família fosse junta aos cultos, e isso significava cruzar fronteiras
denominacionais. Fez a mudança, mas não se limitou a sentar-se nos bancos da
igreja. Talvez inspirado pelo costume dos pais, que liam histórias da Bíblia todas
as noites na cozinha após o jantar, tornou-se um professor da Escola Bíblica
Dominical.
Em 1959, a família mudou-se para Houston, onde Bush estaria mais perto das
suas torres de petróleo. Essa mudança entristeceu George e seus irmãos, mas, por
outro lado, abriu novos horizontes. Novos amigos, perspectivas e desafios o
aguardavam, sendo o maior deles a nova escola.
Entre 1960 e 1970, Bush [pai] devotou grande parte de seu tempo buscando
cargos públicos e trabalhando em diversas posições governamentais. Em 1964,
aventurou-se a concorrer ao Senado dos Estados Unidos. Após uma disputa
difícil, conseguiu a indicação dos republicanos para o cargo e concorreu contra o
senador democrata Ralph Yarborough. Bush perdeu numa avalancha democrata,
mas foi muito mais votado do que o candidato republicano à presidência,
senador Barry Goldwater, do Arizona.
Não desistiu da política, e foi eleito e reeleito em 1966 e 1968 para a Câmara dos
Deputados pelo 7o distrito eleitoral do Texas. Renunciou ao mandato da Câmara
para disputar a candidatura republicana ao Senado, mas perdeu a eleição.
Durante esse tempo de vitórias e derrotas, Bush ensinou a seus filhos a grandeza
da perseverança e a habilidade de enfrentar os infortúnios, uma visão que
provaria ser muito valiosa para o jovem George nos anos vindouros.
Na década de 1970, Bush [pai] ocupou uma série de cargos que o tornaram
elegível à Casa Branca. Os cargos foram de embaixador dos Esta- dos Unidos
nas Nações Unidas, presidente do Partido Republicano, chefe da Delegação
Americana na China e diretor da Central de Inteligência (CIA). Bush comentou
que essa sucessão de cargos não foi inteiramente prazerosa, pois nunca desejou
ser um burocrata de carreira. Entretanto, se não tivesse ocupado esses cargos
após a derrota para o Senado em 1970, dificilmente teria atingido o topo da
política nacional.
Nessa época, Bush [filho] andava muito ocupado em explorar todas as liberdades
oferecidas a um jovem. Frequentou a Universidade de Yale, mas não foi tão
bem-sucedido como o pai. Ao contrário, era conhecido como um festeiro e
bebedor inveterado. Hoje, ele rotula esses anos como a sua era “nômade”.
Apesar disso, estava prestes a se graduar na Escola de Administração de
Harvard, em 1975.
Seguindo o exemplo do pai, decidiu tentar a sorte nos negócios de petróleo.
Voltou a Midland e fundou uma companhia independente de exploração de
petróleo e gás, chamada de Arbusto (bush em espanhol). Então, em 1977,
George se casou com Laura Welch, uma ex-professora e bibliotecária. Ele
costuma dizer que essa foi a melhor decisão que tomou na vida. Em 1981, Laura
deu à luz as gêmeas Barbara e Jenna.
Durante esses anos, o amor de Bush pelo filho nunca feneceu. No início da
década de 1980, George continuava bebendo, mas sabia que teria de mudar de
vida se quisesse se tornar um bom cidadão, filho e pai. Um dia, a convite do seu
pai, Billy Graham visitou-os na casa de férias da família, em Kennebunkport, no
Maine. Billy e George faziam uma caminhada na praia quando o pastor Graham
lhe perguntou se estava “em paz com Deus”. George respondeu: “Não, mas
quero estar”. Ali, na praia, ele entregou novamente sua vida a Cristo.
Logo depois do seu 40o aniversário, em julho de 1986, George abandonou
inteiramente a bebida e se tornou metodista, a fé de sua esposa. Tornou-se um
homem sério e mais voltado para o trabalho – em parte para ajudar na campanha
do seu pai para presidente em 1988. Absorvido pela política no outono de 1987,
mudou-se com a família para Washington DC, a fim de trabalhar na campanha
bem-sucedida do pai. A despeito de não ter um cargo oficial na corrida
presidencial, foi um confidente de valor e assessor para contatos políticos. Ficou
também conhecido como um ora- dor bem aceito entre os cristãos
conservadores.
O velho Bush devolveu ao filho a sua dedicação e, durante os doze anos como
vice e depois como presidente, nunca esteve ocupado demais para deixar de
atender a um telefonema seu ou escrever-lhe longas cartas.
Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se
desviará deles. Provérbios 22.6
Esse respeito entre pai e filho continuou através dos anos até George W. também
concorrer à presidência. No início da convenção republicana, em agosto de 2000,
em resposta à alegada alusão do presidente Clinton de que era um “filhinho de
papai”, o jovem Bush olhou para onde estava sentado o seu pai e disse diante de
uma audiência nacional: “Tenho orgulho de ser seu filho”. Na inauguração da
Biblioteca Presidencial, chamou-o de “o maior pai do mundo”.
Em 2001, George H. W. Bush tornou-se o primeiro presidente depois de John
Adams a ser pai de outro presidente, um apropriado tributo a um homem que
sempre foi um exemplo para os filhos, enfatizando o trabalho árduo, a
determinação e a fé. Oração, estudo da Bíblia e amor sempre estiveram presentes
no ambiente doméstico dos Bush. Mesmo quando o jovem Bush deixou
temporariamente a sua fé em Deus, os ensinamentos do pai ecoavam no seu
coração, chamando-o a voltar ao lar da fé. Por representar Cristo diante do filho
e de outros familiares, George retornou, se firmou na fé do seu pai e passou a
proclamá-la intrepidamente, mesmo servindo no mais alto cargo da sua terra.
*
Pais de influência deixam um legado de fé para os filhos.
Martin Luther King Sr.
1897–1984
Martin Luther King Jr. Pastor da Igreja Batista Ebenézer, Martin Luther King Sr.
liderava firmemente a sua congregação e os filhos por meio do exemplo ao
enfrentar a desigualdade racial. O seu sonho foi tão poderosamente plantado no
coração do filho, Martin Jr., que isso literalmente mudou uma nação.
Martin Luther King Sr. sempre foi de falar a verdade, sem rodeios.
Certa ocasião, o velho King foi parado por um policial de trânsito que o chamou
de “menino”. Ele apontou para o filho, Martin Jr., e retrucou: “Este é um
menino. Eu sou um homem! ”.
Em outra ocasião, pai e filho entraram numa sapataria, onde o vendedor insistiu
em que fossem para o fundo da loja para serem atendidos. Martin, o pai, não se
moveu e disse: “Ou nos atende sentados aqui, ou não compraremos sapato
algum”. O jovem Martin notou esses fortes traços de caráter em seu pai, e
eventualmente eles também se tornaram parte do seu caráter e do seu ministério.
Quando estudava no Crozer Theological Seminary, Martin Jr. escreveu o que
está registrado no livro A Testament of Hope: The Essential Writings and
Speeches of Martin Luther King Jr.: “O que mais admiro em meu pai é o seu
caráter cristão genuíno. É um homem de real integridade, profundamente
comprometido com princípios morais e éticos. É consciencioso em todos os seus
empreendimentos. Mesmo as pessoas que discordam da sua franqueza admitem
que seus motivos e ações são sinceros”.
Criado como um filho de lavrador no sul da Geórgia, Martin Luther King, ou
Mike, como era chamado então, era suficientemente forte para impedir que o pai
bêbado espancasse sua mãe. Essa disposição e força assustaram sua mãe, que o
fez ir para Atlanta, a fim de fugir do pai. Chegando a essa cidade, Mike, com
apenas 20 anos, arranjou trabalho como pregador em duas igrejas do interior.
Por fim, Mike começou a frequentar a Igreja Batista Ebenézer, onde se casou
com a filha do pastor, Alberta Williams. Em 15 de janeiro de 1929, nasceu o
“pequeno Mike”. Quando o menino Mike tinha 5 anos de idade, o pai mudou o
nome de ambos para homenagear o grande líder da Reforma Protestante na
Alemanha, Martinho Lutero, numa previsão do papel libertador e modelo de
reformador de costumes que seu filho assumiria um dia.
Martin criou o filho em um ambiente confortável de classe média, mas também
com uma proteção estrita e autoritária. Atlanta conhecia tanto as hostilidades
entre as raças quanto a burguesia negra. Martin tinha especial carinho pelo filho
primogênito e permitia certos luxos, como aulas de piano, porções abundantes da
comida local, ópera e longas sessões de luta livre. Mas esse favoritismo incluía
muitas cobranças, e Martin Jr. rapidamente aprendeu disciplina e compostura.
Ecoando as humilhações que Rosa Parks suportou antes do seu ato de desafio,
Martin Jr. e seus colegas negros do ensino médio tinham de aguentar uma
viagem de 120 quilômetros para Atlanta em que os brancos que entravam no
ônibus exigiam viajar sentados. Essas indignidades levaram-no a dizer: “Eu
estava decidido a odiar todas as pessoas da raça branca”.
Martin Jr. graduou-se no ensino médio aos 15 anos. Depois matriculou-se no
Morehouse College, em Atlanta. Essa instituição de ensino era especialmente
procurada pela alta sociedade da comunidade negra da cidade. Pensando em não
seguir a carreira de pastor do pai, cogitou fazer medicina, mas, em vez disso, se
formou em sociologia para preparar-se para a advocacia.
O coração de Martin Jr. se abrandou com respeito aos brancos quando começou
a frequentar vários estabelecimentos integrados durante os anos na faculdade.
Escreveu então que os seus pais sempre diziam que não deveria odiar os brancos,
mas que era seu dever, como cristão, amá-los. Esse amor cristão contribuiu para
que mais tarde Martin suportasse a opressão dos brancos e respondesse sem
violência a ela.
A carreira de advogado nunca se concretizou. Em vez disso, uma posição no
ministério pastoral parecia certa. Ele havia crescido na igreja. Seu único irmão,
seu tio, seu pai, seu avô e bisavô, todos haviam sido prega- dores. Martin Jr.
parecia não ter alternativa. Entrou no Crozer Theological Seminary, na
Pensilvânia, e graduou-se como o primeiro de sua turma em 1951.
Martin Jr. lutava com a ideia de dedicar-se ao ministério. A despeito de o jovem
King ser diferente do pai quanto à teologia, continuava a admirá-lo. Sentia que o
pai lhe dera um exemplo nobre ao qual não se recusaria a seguir. E, no fim, esse
respeito compeliu-o a trilhar os caminhos da obra de Deus.
Martin Jr. perseverou, e recebeu o título de Doutor em Teologia Sistemática
enquanto servia como pastor da Igreja Batista da Avenida Dexter, em
Montgomery, no Alabama. Queria ser um intelectual, ensinando teologia na
universidade, mas Deus tinha outros planos.
Em vez disso, Martin Luther King Jr. assumiu o papel de porta-voz e líder no
crescente movimento dos Direitos Civis, quando os negros começaram a exigir
direitos iguais e igual proteção perante as leis.
[Jesus disse: ] Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz. João 13.15
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Pais de influência ensinam os filhos a amar e proteger os inocentes.
Henry Churchill DeMille
1853–1893
Cecil B. DeMille. Teólogo e dramaturgo, Henry Churchill DeMille transmitiu seu
amor por Deus e pelo teatro ao filho, Cecil, que dirigiu O Rei dos reis, Os Dez
Mandamentos e muitos outros filmes clássicos da primeira metade do século 20.
Após o lançamento, em 1922, de A costela de Adão, Cecil B. DeMille deixou
que o público escolhesse o assunto do seu próximo filme. Para organizar o
concurso, o propagandista de DeMille procurou o Los Angeles Times. O prêmio
pela melhor ideia era de mil dólares, com prêmios menores somando outros mil.
Outros jornais começaram a se interessar pela história, e o que deveria ser uma
disputa local atraiu milhares de cartas de quase todas as partes do mundo.
Abrangiam assuntos dos mais sagra- dos aos mais profanos. DeMille ficou
surpreso com a quantidade de sugestões com temas religiosos. Um participante
de Michigan começou sua carta com a frase: “Você não pode quebrar os Dez
Mandamentos – eles vão quebrar você”.
A carta surpreendeu C. B. DeMille. Era uma ideia maior do que qualquer outra
jamais levada à tela. Era também um assunto que fazia recordar seu pai, que com
regularidade lia a Bíblia para ele. Henry DeMille tinha ensinado a seu filho as
leis de Deus não como simples regras, mas como normas definitivas.
Oito participantes sugeriram os Dez Mandamentos como tema. Cecil premiou
cada um deles com mil dólares e rapidamente foi em frente com o filme.
Posteriormente na vida, Cecil B. DeMille descreveu seu pai como democrata,
bom cristão, um cavalheiro sulista, leitor assíduo, uma dessas mentes que não
somente devorava, mas gravava informações.
O famoso diretor de filmes escreveu que a busca pela religião remontava à
história da sua família. Houve DeMilles que abraçaram a velha igreja do abade
Anthony, outros que foram padres e freiras, DeMilles que deixaram doações nos
seus testamentos para a igreja. De fato, pensamentos bíblicos e religiosos nunca
estiveram distantes da sua mente.
A respeito do seu sobrenome, DeMille disse que havia dúzias de maneiras
diferentes de escrevê-lo nos anais da família. O mais antigo é DeMil. DeMille
com um e aparece pela primeira vez em 1747, mas Demill, Demill e várias
outras maneiras apareceram até a época do seu pai. Henry deixou bem claro para
o meio teatral que a sua escolha era DeMille.
Henry DeMille teve seu maior momento de felicidade em 1866, quando fez a
primeira aparição no palco de uma produção amadora de Nan Good- for-
Nothing. Cecil se impressionava com os sulistas, que, apesar de der- rotados e
quebrados, ainda assim tinham tempo e vontade para apresentações teatrais
amadoras. Cecil admitiu que nunca lera a peça, mas tinha especial admiração
pela velha farsa, que, em sua opinião, era péssima, por ter sido a razão do amor
do seu pai pelo teatro.
Depois de viajar para Nova York a fim de visitar o avô, Henry entrou para a
Adelphi Academy, no Brooklyn. Corria o mês de setembro de 1867, e a
academia era dirigida por John Lockwood, um colega de classe do seu tio
Richard. Henry tinha apenas 14 anos.
Henry DeMille conta que Lockwood ensinou a respeito da união entre a religião,
o aprendizado e a fraternidade humana. Dizia que esse era um programa sadio e
equilibrado que não negligenciava o corpo, a mente ou a alma. Foi sob essa
influência que Henry começou a crer num Deus de misericórdia, talvez a força
motivadora mais forte na vida do velho DeMille.
Em 1871, Henry DeMille entrou no Columbia College, ajudado por uma bolsa
de 175 dólares da Sociedade Nova-Iorquina para a Promoção da Religião e da
Cultura. Cecil lembrou-se desses 175 dólares ao assinar contratos envolvendo
milhões de dólares para filmes como O Rei dos reis ou Os Dez Mandamentos;
ou ainda mais quando recebeu cartas do mundo todo enaltecendo os valores
religiosos desses filmes. Mais tarde, Cecil tentou prestigiar essa sociedade pelo
investimento que havia feito na vida do seu pai, mas ela não mais existia. Apesar
de nunca ter devolvido esse dinheiro, pôde doar de outras maneiras, mantendo os
princípios originais da sociedade.
Henry DeMille não tinha dinheiro para divertimentos caros, mas juntava os
centavos para ir às matinês de sábado no Barnum’s Museum. Seu sonho era ser
ator, mas isso parecia impossível. Achava, em 1870, que um rapaz de uma boa
família de sulistas com forte inclinação religiosa não poderia ir para o palco.
Certa vez, perguntou, em tom de brincadeira, à mãe o que ela pensaria se ele se
tornasse um ator. Ela respondeu que isso dilaceraria o seu coração. Essa reação
da mãe impactou-o para sempre, apesar de a fascinação pelos palcos nunca tê-lo
abandonado.
Henry DeMille foi muito influenciado pelo pregador e teólogo Charles Kingsley.
Comprou os seus livros e estudou-os com afinco. Em 27 de maio de 1878, a
Comissão da Diocese Episcopal de Long Island aceitou Henry como candidato
às Santas Ordens, mas ele nunca foi ordenado. Por volta de 1886, se tornara um
dramaturgo dedicado que podia alcançar mais pessoas do que de um púlpito.
Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se
assenta na roda dos zombadores! Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia
e noite. Salmos 1.1,2
Depois do funeral do pai, James visitou uma vez mais a loja de ferragens que
conhecia tão bem da sua juventude. Entrou na loja com a chave em que não
havia tocado por mais de trinta anos. Lá dentro, sentiu o cheiro de metal, couro,
graxa e fertilizantes – odores da sua infância. Olhou a sua velha e arranhada
escrivaninha e abriu a gaveta do meio. Dentro, havia lápis, prendedores de papel,
parafusos e amostras de tinta. Saiu da loja, fechou a porta e decidiu que não
poderia imaginar ninguém atrás do balcão que não fosse o seu pai. Então,
ignorando as ofertas que haviam sido feitas para a compra da loja, optou por
fechá-la e deu o dinheiro da venda das mercadorias às suas duas irmãs.
Alexander Stewart modelou uma forte e leal hombridade em seu filho e
aproveitou cada oportunidade de servir a seu país na guerra. Essa bravura,
coragem e idealismo tornaram-se a marca pessoal de James “Jimmy” Stewart,
um dos melhores e mais amados artistas americanos.
Quando o Museu James Stewart foi inaugurado em Indiana, na Pensilvânia, em
1995, a cidade homenageou o seu mais famoso cidadão, mas não o mais popular.
Trinta e cinco anos após a sua morte e vinte e cinco anos depois do fechamento
da sua loja de ferragens, Alexander Stewart, o pai do ator, ainda fez parte das
solenidades de abertura como um convidado especial, tanto no coração do seu
filho quanto no dos moradores da cidade, que ainda se recordavam dele com
carinho. Jimmy expressou sua devoção para com um pai exemplar, lojista,
excêntrico, presbiteriano, sonhador, aventureiro, psicólogo infantil, crítico de
cinema e patriota. Aqueles que o conheciam tinham as suas próprias histórias
sobre “Alex”, “Al” ou “Eck”, e a maioria deles dizia que não haveria um ator em
Hollywood se aquela figura na loja de ferragens não tivesse existido.
*
Pais de influência ensinam aos filhos a integridade e a ser corajosos.
Lee Petty
1914–2000
Richard Petty. Um pioneiro da NASCAR e uma das primeiras superestrelas, Lee
Petty tornou-se o patriarca da família de uma dinastia de pilotos de corrida,
sendo o pai do sete vezes campeão Richard Petty.
O grande campeão da NASCAR (National Association for Stock Car Auto
Racing [Associação Nacional de Corridas Stock Car]), Richard Petty recorda-se
de como o pai, Lee, instilou nele o gosto inicial pela velocidade. Na sua
autobiografia, King Richard I, ele escreve: “Nunca me esquecerei da primeira
corrida com o papai e o tio Julie. Era apenas uma pequena pista oval de terra,
improvisada em uma pastagem com uma superfície rudimentar, mas foi
suficiente para me emocionar. Havia 25 ou 30 corredores, talvez até mais. Os
carros de corrida eram apenas automóveis com as grades dianteiras retiradas e
para-choques soldados diretamente no chassi. Quando o cara acenou a bandeira
verde para começar a corrida, eu não podia acreditar”.
Encantado, Richard perguntou se poderia voltar imediatamente, mas seu pai
disse que o divertimento não havia acabado, pois haveria mais quatro corridas
naquela noite. Extasiado, falou a seu pai que nunca havia estado em um lugar tão
bom como aquele.
A despeito de adorar correr, Lee não começou como piloto profissional até os 35
anos de idade. O seu início foi na Autopista de Charlotte e terminou nos
primeiros cinco lugares nas 11 temporadas seguintes da NASCAR.
Em 1959, ele venceu a primeira corrida das 500 milhas de Daytona e venceu por
três vezes o campeonato da NASCAR.
Lee criou Richard em Level Cross, na Carolina do Norte, a seis quilômetros ao
norte de Randleman e a dezesseis quilômetros ao sul de Greens-boro.
Surpreendentemente nunca sonhou com a possibilidade de tornar-se piloto de
corridas quando era jovem. Ele se contentava em ser um garoto e pouco pensava
no seu futuro. As corridas eram coisas da sua família.
As primeiras competições com carrinhos começaram quando Richard era ainda
pequeno. Ele e seus amigos construíam pistas de terra e davam voltas
empurrando carrinhos. À medida que cresceram, cansaram dessa brincadeira.
Procurando mais emoção, Richard foi a um galpão e pegou uma lata de graxa,
tirou cada roda, lubrificou bem os eixos e desafiou seus irmãos a uma nova
corrida. Richard sabia que o seu carro era mais rápido e venceu os dois.
De carrinhos, Richard, seu irmão Maurice e Dale Inman passaram para bicicletas
de corrida. No começo, Lee Petty não estava impressionado com a precocidade
do filho. O período de corridas de bicicleta durou todo o verão e teria entrado
pelo outono, mas Lee pensou que alguém poderia se machucar. Por isso, acabou
com as corridas e reduziu o tempo livre dos meninos dando-lhes mais
obrigações.
Lee Petty era um apaixonado por carros e corridas. Quando lhe perguntavam por
que sempre vivia mexendo no carro, respondia que estava aperfeiçoando-o.
Quando Richard pegava uma carona num desses carros aperfeiçoados pelo pai,
percebia que isso era verdade. Ele podia sentir o aumento de força e
desempenho.
À medida que seus carros melhoravam, a reputação de Lee crescia. Ele vencia
quase todo mundo na área de Randleman. Durante algum tempo, não havia
ninguém com quem disputar. O barulho dos carros de Lee também era diferente.
As mudanças eram mais suaves e engatavam muito mais força. Os novos
corredores vinham de longe, como Raleigh e Charlotte, e depois de Atlanta.
Após a temporada de 1946, Lee comprou um Coupe Plymouth 1937. Com seu
irmão Julie, retirou de um carro velho nos fundos da garagem um motor de oito
cilindros em linha da Chrysler e instalou nesse carro. Eles desmontaram o motor
peça por peça e, depois de reconstruí-lo completa- mente, e tornaram-no muito
mais potente. Ao terminarem, perceberam que haviam gastado muito dinheiro
com isso.
Concluíram que teriam de vencer muitas corridas para conseguir pagar as
despesas. Mas Lee tinha certeza de que poderia vencer. Para começar, venceu em
Danville, no Estado da Virgínia. O jovem Richard estava radiante, mas Lee
fingiu estar desinteressado. Secretamente ele sabia que era um vencedor.
Três anos depois, em 1949, Lee entrou na primeira corrida da NASCAR na
Autopista de Charlotte, começando assim sua vitoriosa carreira e gerando a
dinastia da família Petty de pilotos de corrida.
Lee começou a correr em 1928, com a idade de 16 anos, quando trocou sua
bicicleta por um Ford Modelo T. De acordo com Richard, naquela época as
bicicletas valiam mais do que muitos carros, de modo que uma troca era
vantajosa. As bicicletas eram uma extravagância, enquanto a maioria dos carros
não. Lee despojou o Modelo T de tudo que era supérfluo e entrou em todas as
corridas que pôde. Esse carro iniciou o amor pela velocidade que inflamou todos
os Petty que o sucederam.
Lee Petty morreu em 5 de abril de 2000 e está sepultado no Cemitério da Igreja
Metodista Unida de Level Cross, em Randleman, na Carolina do Norte. A
empresa Empreendimentos Petty existe até hoje, e enquanto Richard (que
venceu 200 das 1.184 corridas da NASCAR de que participou, em mais de trinta
e cinco anos) se aposentou desse esporte, seu filho Kyle continua a representar o
nome da família, vencendo muitos prêmios e corridas nos circuitos da
NASCAR.
Vocês não sabem que de todos que correm no estádio, apenas um ganha o
prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. 1Coríntios 9.24
Richard resume o legado da família no livro King Richard: “Acho que as minhas
primeiras recordações incluem carros de corrida. Sempre havia um carro na
frente da casa, ou em qualquer lugar que houvesse a sombra de uma árvore para
trabalhar. Carros desmontados em vários estágios a fim de serem modificados
para correr mais rápido. Não importava que fosse um carro novo ou um usado.
Papai nunca estava satisfeito com a velocidade que atingiam. Certamente está na
essência dos Petty”.
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Pais de influência ensinam aos filhos sua paixão de correr e vencer.
Charles Henry Cooper
1865–1946
Gary Cooper. Filho de um fazendeiro de Montana, Gary Cooper personalizou a
masculinidade rude e o heroísmo americano com a sua grande habilidade como
ator.
No verão de 1906, quando Gary Cooper tinha apenas 5 anos de idade, seu pai
comprou a Seven-Bar-Nine, uma fazenda de gado falida com 600 acres, a oito
quilômetros ao norte do lugar onde moravam em Helena, no Estado de Montana.
(Em entrevistas, Gary disse que essa mudança foi a primeira e mais vívida
lembrança na sua movimentada juventude.) Lá, longe da agitação da cidade,
Gary (ou Frank como era então conhecido) deleitava-se com o vasto panorama
americano.
A despeito de sua mãe, Alice, se preocupar muito com suas ausências, Frank
agia com a mesma coragem que levou o pai, Charles, a abandonar sua pátria, a
Inglaterra, e viajar para os Estados Unidos. Charles Cooper nasceu em
Bedfordshire, na Inglaterra, de uma família de fazendeiros da classe média. Um
intelectual exemplar, estudou em escolas públicas, e foi estimulado a seguir a
carreira de advogado. Charles, entretanto, sonhava com os encantos da América.
Pediu a seus pais que o deixassem ir para os Estados Unidos com Walter, seu
irmão mais velho. Os dois irmãos desembarcaram em Boston em 1885, quando
Charles tinha 19 anos. Logo depois, ele deixou seu irmão e rumou para o Oeste.
De natureza solitária, Charles amava a vastidão. Foi primeiro um lavrador de
trigo em Nebraska, mas mudou-se posteriormente ainda mais para o Oeste e
tornou-se criador de gado. No entanto, o gosto pela advocacia não o havia
abandonado, e aceitou um emprego como escriturário da estrada de ferro
Northern Pacific, onde se tornou um consultor jurídico. No início da década de
1890, ele já era um especialista em legislação e, foi nessa mesma época, que
conheceu Alice Brazier, que o havia procurado para uma assessoria jurídica.
Alice viu em Charles um grau de requinte e dignidade que não era comum em
jovens naquela época. Logo se casaram. Embora ela sempre fomentasse o desejo
de voltar para a Inglaterra e não ficar nas vastidões do Oeste que Charles tanto
amava, Gary disse que seus pais eram o maior exemplo de um casal feliz.
Charles e Alice tiveram Frank James Cooper em Helena, Montana, durante uma
rara onda de calor em 7 de maio de 1901. (Charles havia se tornado cidadão
americano apenas poucos meses antes do nascimento de Frank.) Nessa época, o
filho mais velho do casal Cooper tinha 6 anos de idade. Os médicos temeram
que a gravidez pudesse ser fatal para Alice. Certamente não poderia ter outros
filhos. Por isso, ela desejava que essa sua última criança fosse uma menina, o
que não aconteceu.
Frank foi uma criança de temperamento agradável e fácil de contentar. Chorava
às vezes quando estava com a mãe, mas se calava quando na presença do seu
severo e taciturno pai. Quando pequeno, sua mãe o vestia com roupas enfeitadas
de babados, ao estilo de um pequeno lorde inglês. Mas essa maneira feminina de
vestir nunca pegou, e, à medida que ele cresceu e pôde decidir por si mesmo,
mudou aquele hábito. Ele gostava de brincar com seus amiguinhos índios
maltrapilhos que moravam em acampamentos na fazenda e era amigo dos rudes
vaqueiros que também trabalhavam no lugar. Muitas vezes, o menino
desaparecia por horas explorando o campo, à procura de ursos e águias. A
fazenda era um convite à independência e à aventura.
A despeito do divertimento que Frank desfrutava, a fazenda não era de todo
bem-sucedida para Charles, e ele aceitou o cargo de juiz em Helena.
Lá, comprou uma bonita casa de alvenaria. De acordo com o livro The Last
Hero: A Biography of Gary Cooper, ele dizia: “Meu pai dedicou seu coração e
todo o seu dinheiro na fazenda, mas nunca teve retorno porque não tinha jeito
para negócios”.
Alice tirou vantagem desses acontecimentos e insistiu em que os meninos
tivessem boa escola em Helena. Ela convenceu Charles de que teria de levar os
meninos para a cidade durante o inverno e matriculá-los numa escola. Temia que
a escola da fazenda, construída de troncos, onde Frank, Arthur e os meninos
índios do local estudavam, não era suficiente.
Quando Charles matriculou os meninos em Helena para o período de inverno de
1909–1910, Frank ficou arrasado. Não gostou da escola da cidade grande e
começou a matar as aulas e não voltar para a classe depois do recreio. Frank
definitivamente tinha o gosto pela aventura e amava e sentia falta da vida no
campo.
No verão de 1910, Charles mandou sua esposa e os filhos para umas longas
férias na Inglaterra. Uma vez lá, Alice decidiu que Frank e Arthur deveriam
frequentar a Dunstable School, onde seu pai e seu avô haviam estudado.
Surpreendentemente Charles concordou. Assim, em 1911 toda a família Cooper
foi para a Inglaterra, e Charles e Alice voltaram sozinhos para os Estados
Unidos. Frank e Arthur ficaram lá estudando por dois anos antes de voltarem
para casa.
Quando Frank tinha 13 anos, ele se feriu num acidente de carro. Pediu ao pai, e
foi atendido, para se recuperar na fazenda. Quando se recuperou o suficiente, os
vaqueiros da fazenda ensinaram Frank a cavalgar, o que o divertiu muito.
Desejando ampliar a educação do filho, Charles tentou entusiasmá-lo com o jogo
de beisebol. Charles e seus companheiros juízes acompanhavam os jogos na
Liga do Noroeste, que aconteciam em Butte e Great Falls. Frequentemente os
juízes levavam os filhos para assistir aos jogos nessas cidades. Apesar de Frank
nunca ter gostado do jogo, ele tornou-se muito amigo dos adolescentes, filhos
dos colegas e amigos de seu pai. (Ironicamente uma de suas melhores
interpretações foi no filme de 1942, Ídolo, amante e herói.)
Em vez do beisebol, Frank optava por caçar e pescar, de preferência na fazenda.
Charles raramente compartilhava dos passatempos do filho, mas o encorajava
nos seus interesses.
Em 1924, Frank Cooper mudou-se para Los Angeles esperando tornar-se um
ator de comerciais, mas, em vez disso, virou um figurante na indústria
cinematográfica. Um ano depois, teve a oportunidade de desempenhar um papel
num curta-metragem contracenando com a artista Eileen Sedgewick. Depois do
lançamento desse filme curto, foi chamado pela Paramount Studios, onde lhe
ofereceram um contrato per- manente, o que ele aceitou. Em 1925, trocou o seu
nome para Gary por- que seu agente sentia que a sua figura lembrava a rude e
dura natureza da cidade de Gary, em Indiana.
“Coop”, como era chamado pelos seus amigos e colegas, apareceu em mais de
cem filmes. Em 1941, ganhou o seu primeiro prêmio da Academia, como
Melhor Ator, pelo seu papel principal no filme Sargento York, um soldado
pacifista que capturou um batalhão alemão inteiro na Primeira Guerra Mundial.
Pare e reflita nas maravilhas de Deus. Acaso você sabe como Deus comanda as
nuvens e faz brilhar os seus relâmpagos? Você sabe como ficam suspensas as
nuvens, essas maravilhas daquele que tem perfeito conheci- mento? Jó 37.14-16
Em 1952, Gary ganhou seu segundo prêmio de Melhor Ator pelo seu trabalho
como o xerife Will Kane em Matar ou morrer, considerado pelos críticos de
cinema e historiadores como a sua melhor atuação. Após sua morte em 1961,
Gary foi colocado na Gale- ria dos Grandes Atores de westerns do Hall of Great
Western Performers of the National Cowboy and Western Heritage Museum. Ele
foi também considerado o 11º maior ator de todos os tempos na lista “As 50
Maiores Figuras da Tela” do Instituto Americano de Cinema.
Frequentemente os jornalistas e apreciadores perguntavam a Gary sobre a sua
vida antes de Hollywood. Ele respondia que seguira o seu pai, que foi um
verdadeiro homem do Oeste. Realmente Gary Cooper tornou-se a personificação
do herói do Oeste: forte, independente, frio diante das dificuldades, gentil e bom.
Charles Cooper deu a seu filho uma fazenda e a liberdade de explorar os
campos, o que o tornou um ícone americano, ainda hoje reverenciado.
*
Pais de influência ensinam os filhos a explorar o mundo à sua volta.
Cel. Rick D. Husband
1957–2003
Laura Husband. Embora tenha morrido no desastre do ônibus espacial Columbia,
o coronel da Força Aérea Americana Rick Husband ensinou a sua filha Laura as
prioridades da vida de acordo com Deus.
O comandante do ônibus espacial Rick Husband e outros seis tripulantes da
missão STS-107 já estavam há 16 dias a bordo do Columbia. De acordo com o
livro escrito por sua esposa, Evelyn, High Calling: The Courageous Life and
Faith of Space Shuttle Columbia Comander Rick Husband, ele gravava fitas de
vídeo antes do lançamento ao espaço para sua filha, Laura, e seu filhinho,
Matthew. Ele lhe disse: “Quero fazer um vídeo para Laura e Matthew, a fim de
que eles possam assistir durante os dias em que eu estiver em órbita. Quero que
saibam quanto os amo e que estarei pensando neles todos os dias”. O valor por
sua família ficava atrás apenas da sua fé.
Não havia nada que Rick adorasse mais do que falar a seus filhos sobre Deus.
Para ele, Deus não era um conceito vago, mas uma pessoa viva e real. Jesus não
era uma personagem boazinha de uma historinha qual- quer, mas o Senhor, o
Filho de Deus. Acreditava literalmente que Jesus vivera, morrera e ressuscitara,
e queria que todos no mundo tivessem um relacionamento verdadeiro com ele.
Rick Husband fez sua primeira menção de querer se tornar um astro- nauta
quando assistiu a John Glenn orbitar a Terra. Na época, tinha apenas 4 anos, mas
nunca mais pensou em outra coisa. Seu pai comprou-lhe um telescópio, e ele
ganhou de sua mãe um capacete de astronauta de brinquedo. Ao completar 13
anos, pediu aos pais para ter instruções de voo. E continuou pedindo a cada ano,
até que finalmente eles lhe concederam o desejo quando tinha 17 anos. Embora
custassem entre 1.200 e 1.500 dólares, Jane e Doug ficaram felizes em poder lhe
dar o dinheiro para as aulas. Ele provou ser um voador nato e rapidamente
conseguiu sua licença de piloto.
Em 1975, Rick se formou com honras na Amarillo High School e foi para a
Texas Tech, em Lubbock, a fim de estudar engenharia mecânica. Lá, conheceu
Evelyn Neely, sua futura esposa, e teve coragem suficiente para convidá-la a sair
com ele. Naquele primeiro encontro, ele lhe contou que queria entrar para a
Força Aérea a fim de perseguir seu sonho de se tornar um astronauta. Logo após
se formar, Rick entrou para a Força Aérea como piloto e, após cursar a Land
Survival School e a Fighter Lead-in School, casou-se com Evelyn em 1982.
Enquanto trabalhava como piloto de testes para a Força Aérea e terminava a sua
pós-graduação em engenharia mecânica na Universidade do Estado da
Califórnia, Rick fez um teste para a NASA a fim de participar do programa de
treinamento para astronautas – três vezes! –, mas não foi bem-sucedido em seu
intento. Ficou desapontado por não conseguir se alistar no programa espacial,
mas deixou a questão nas mãos de Deus.
Em seu diário, escreveu: “Finalmente cheguei a um ponto em que coloquei a
vontade de Deus acima do meu desejo de me tornar um astro- nauta. Não se
engane, ainda quero muito ser um astronauta, mas apenas se for da vontade de
Deus. Quisera ter chegado a essa conclusão antes, mas melhor tarde do que
nunca”.
Rick foi aceito pela Real Força Aérea Britânica para um programa denominado
Estabelecimento de Avaliação de Aeronaves e Armamentos, em Boscombe
Down, Wiltshire, Inglaterra. Lá, sua fé cristã floresceu.
Durante sua permanência na Inglaterra, seu pai, Doug, foi diagnosticado com
câncer renal em estágio terminal. Rick voltou para o Texas com a família para
encontrar-se com o pai moribundo pela última vez. Ao se deparar com a
brevidade da vida, sentiu uma necessidade premente de fazer seus filhos saberem
que com a ajuda de Deus poderiam alcançar tudo o que quisessem. Acreditava
neles e queria que eles soubessem disso.
Embora tivesse entregado seu sonho a Deus, Rick continuou sua bata- lha com o
desejo de se tornar um astronauta. Leu o salmo 37.4, que diz: “Deleite-se no
Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração”. Esse versículo tocou-o
profundamente. Soube, então, que o que realmente importava era ser um bom
marido e um bom pai. Se para se tornar um astronauta significava o
comprometimento dessa tarefa, estaria não apenas ferindo sua família como
também a si mesmo. Sabia que o melhor que poderia fazer era ser um
representante de Cristo perante aqueles que ele mais amava. Queria que tivessem
todas as oportunidades de conhecer Jesus. A corrida pelo espaço era um fator
meramente incidental.
Rick fez a quarta prova para a Astronaut Training School, e finalmente foi
aceito. Em 1995, no Centro Espacial Johnson, entrou para a escola de
candidatos. Após se formar, assumiu o cargo de representante para Projetos
Avançados, trabalhando nas melhorias do ônibus espacial e no desenvolvimento
do Crew Return Vehicle (CRV). Fez pesquisas sobre viagens de volta à Lua e
expedições para Marte. Finalmente, em 1999, fez o seu primeiro voo como
piloto para a missão STS-96, mais conhecida como Discovery. Completou 235
horas de voo, por fim realizando o seu sonho de viajar pelo espaço.
Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças.
Deuteronômio 6.5
Chuck Heaton
1918–
Patrícia Heaton. O comentarista esportivo de Cleveland, Chuck Heaton, abriu
portas para os seus cinco filhos – incluindo a atriz Patrícia Heaton, duas vezes
ganhadora do Prêmio Emmy –, por meio da sua rede de amigos e colegas.
A atriz Patrícia Heaton nem sempre foi bem-sucedida no trabalho.
Como muitos antes dela, pagava suas contas com o salário de garçonete em
Nova York. Seu pai preocupado, o comentarista esportivo Chuck Heaton, fez uso
dos seus contatos para que ela conseguisse outro emprego. Preocupado com a
filha trabalhando no setor de restaurantes, ligou para o seu velho amigo George
Steinbrenner (dono do New York Yankees), que também nascera em Cleveland.
Chuck disse a George que sua filha estava em Nova York e perguntou-lhe se
havia algo que ele poderia fazer para arranjar-lhe um emprego. Patricia se dirigiu
ao estádio do Yankees a fim de se encontrar com George e, chegando lá, lhe
disse que era uma aspirante a atriz. Ele lhe falou sobre James Nerlander, um
grande produtor da Broadway. Uma semana depois, ela estava almoçando no
Plaza com os dois homens.
Finalmente Heaton estrelou num musical da Broadway intitulado Don’t Get God
Started e, depois disso, juntamente com alguns colegas de palco, fundou a Stage
Three, uma companhia teatral do circuito alternativo. Ela e a sua equipe levaram
uma de suas produções para Los Angeles, onde chamou a atenção de um diretor
de elenco para o drama Thirtyso-mething, da rede de televisão ABC. Daí, foi
apenas uma questão de tempo até que conseguisse o papel de Debra Barone na
série Everybody Loves Raymond.
Chuck Heaton faz pouco caso da sua contribuição para o sucesso da filha, como
escreveu na revista Cleveland: “Minha filha, Patty, certa- mente conseguiu
realizar muitas coisas com o seu talento, e podem ter certeza de que me orgulho
muito dela. E não é crédito meu. Provavelmente a melhor coisa que fiz, além de
pôr a comida na mesa, pagar pelos seus estudos e fazê-la ir à igreja aos
domingos, foi sair do seu caminho. A série Everybody Loves Raymond é um
sucesso, e ninguém sente tanto orgulho de Patty quanto a família Heaton. E
ninguém da família sente isso mais do que o velho pai de Patty”.
Um membro da geração da Segunda Guerra Mundial, Chuck Heaton escreveu,
durante cinquenta e um anos, três artigos por dia (uma história beat, uma coluna
e comentários) para o jornal The Plain Dealer. Como um colaborador da Sports
Illustrated e do Pro Football Digest, ele agora tem um lugar no Hall da Fama do
Futebol Profissional, em Canton, Ohio, como ganhador do prêmio memorial
Dick McCann, concedido a comentaristas de esportes com carreira excepcional.
Quando criança, Patricia sempre se sentiu privilegiada por ser filha de Chuck
Heaton. Sabia que ser um de seus filhos tinha o seu preço. Muitas vezes, ouvia
os cochichos quando as pessoas descobriam quem ela era. Com o passar dos
anos, seu pai a levava para o seu escritório no jornal. Lá, ela se entretia enquanto
o pai tratava de negócios. Ela gostava até da viagem para a grande cidade de
Cleveland, já que muitos dos garotos do subúrbio raramente iam à cidade. Ele
também a levava ao Estádio Municipal de Cleveland, que era a arena enorme e
majestosa onde muitos dos grandes eventos esportivos da cidade aconteciam.
Todos lá conheciam Chuck Heaton. Ele não apenas a levava ao seu escritório no
estádio, mas também ao clube de lá, à cabina da imprensa e até, em ocasiões
especiais, à tribuna de honra. Ela se sentia especial e importante.
A fé e o comprometimento de Chuck Heaton com organizações de caridade
católicas eram tão grandes quanto sua ética no trabalho. Fez doações para as
Missões Maryknoll, a Cidade dos Meninos do padre Flanagan, e para
virtualmente todas as organizações católicas que solicitaram o seu auxílio. Seu
coração reservava um lugar especial para as pessoas com problemas.
Na casa de Chuck, em Bay Village, o que mais se enfatizava era a fé e a família.
Também adoravam ler, escrever e as artes. Chuck sabe que Patricia vivencia,
pratica e é motivada por sua fé, algo do qual se orgulha mais do que da sua fama
e celebridade.
Em seu livro Motherhood and Hollywood, Patricia escreveu sobre a sua
experiência de deixar o catolicismo para tornar-se membro da Igreja
Presbiteriana: “O que sei é que não somos perfeitos. Aparentemente Deus sabe
disso também, ou não teria se dado ao trabalho de vir até aqui e ser crucificado
para consertar toda essa bagunça. Tantas coisas no mundo servem para nos
afastar da realidade de Deus, nosso Pai [...]. Ele nos ama. Precisamos amá-lo e
amar uns aos outros. Quero apenas me manter firme no meu amor por Deus e
por todas as pessoas”.
Depois de se mudar de Nova York para Los Angeles, Patricia continuou a
batalhar para conseguir trabalhos regulares como atriz. Entre um trabalho e
outro, foi com a sua igreja, a Presbiteriana de Hollywood, em uma viagem
missionária a um orfanato mexicano. A própria viagem ao México, o
afastamento da mídia, o trabalho braçal e a franqueza e simplicidade das
crianças mexicanas a transformaram. Não sentia mais a urgência de se tornar
uma atriz. Se fosse necessário, estava disposta a abandonar aquilo tudo. Quando
regressou, os trabalhos começaram a aparecer com mais frequência, mas ela
nunca se esqueceu das lições que aprendeu no México sobre se relacionar com
os outros, seja no divertimento, seja no trabalho, seja na comunhão com Deus.
Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé.
Gálatas 6.10
J. R. R. Tolkien
1892–1973
John, Michael, Christopher e Priscilla Tolkien. O autor e professor de literatura
inglesa J. R. R. Tolkien dependia dos seus filhos para ajudá-lo e inspirá-lo,
permitindo-lhe criar uma das maiores obras do século 20, a trilogia O senhor dos
anéis.
O que J. R. R. Tolkien mais desejava era que seus filhos logo pudessem ler e
participar das suas histórias. Queria um público disponível para os mundos que
criara. Certa vez, quando Michael, seu filho de 5 anos, perdeu um cãozinho de
brinquedo, o autor, ainda não publicado, escreveu uma história para alegrá-lo.
Tolkien escreveu sobre um cachorro chamado Rover que foi transformado por
um mago em um cão de brinquedo chamado Roverandom. O cãozinho passou
por várias aventuras, inclusive um encontro com um feiticeiro de areia, e uma
viagem à Lua. De outra feita, Roverandom pegou carona em uma gaivota. Ao
contar a história para o filho Michael, sua tristeza se transformou em alegria. E
essa se tornou a primeira história colocada no papel pelo escritor de O Hobbit e
O senhor dos anéis.
Para ficar mais tempo com sua família, Tolkien, um professor de literatura
inglesa em Oxford, frequentemente encontrava-se com os seus alunos em sua
casa. Sempre voltava para almoçar e para o chá das 17 horas. Encarava sua
tarefa como chefe de família muito seriamente. Permitia que seus filhos
entrassem e saíssem do seu escritório a qualquer hora, exceto quando estava
reunido com seus alunos. Muitas vezes, Tolkien fazia várias viagens entre o
campus da faculdade e a sua casa pedalando a sua bicicleta, usando roupas pretas
longas e esvoaçantes.
Não foi o seu amor pela linguagem nem a sua fascinação com o passado que o
levaram a escrever ficção. Foram os seus filhos que o inspiraram a inventar
aquelas narrativas. Cada noite, eles pediam que lhes contasse uma história
diferente. Cada noite, uma das crianças perguntava por detalhes a respeito de
personagens específicas. Queriam saber sobre elfos, anões e criaturas arbóreas
mágicas chamadas “ents”.
Seu filho, Michael, em uma entrevista de 1973, para o The Sunday Telegraph, ao
comentar as histórias para dormir de Tolkien, disse: “Elas eram infinitamente
mais empolgantes e mais engraçadas” do que qualquer outro livro já publicado
para crianças. Michael acreditava que os contos do pai tinham tal qualidade por
causa “da realidade de ser transportado para dentro da história e fazer parte
dela”. Infelizmente essas primeiras narrativas nunca foram escritas, até surgir o
conto sobre Roverandom.
Os filhos de Tolkien ouviram as primeiras histórias sobre “hobbits” no final da
década de 1920, mas não foi antes de 1930 que Tolkien escreveu as primeiras
palavras para O Hobbit, na página em branco da prova de um aluno seu. O autor
sempre insistiu em que nunca escreveu as suas histórias; simplesmente as
colocava no papel. Acreditava que apenas descrevia um mundo que já existia. A
princípio, Tolkien datilografava sozinho, mas logo seus filhos, Michael e
Christopher, passaram a ajudá-lo.
Após oito anos de trabalho, o autor terminou O Hobbit e dedicou-o a seus quatro
filhos, pela sua ajuda e inspiração. Tolkien queria que o original fosse perfeito,
portanto ofereceu a Christopher 2 centavos para cada erro que encontrasse.
Escrevendo o livro nas primeiras horas da manhã, à noite, antes de dormir, lia os
capítulos para as crianças. Conforme seus filhos cresciam, o autor passou a
trabalhar cada vez menos no manuscrito. Foi preciso que o seu amigo, C. S.
Lewis, autor das Crônicas de Nárnia, o motivasse a terminá-lo. Quando
finalmente o fez, a notícia logo se espalhou por Oxford. O editor sir Stanley
Unwin mostrou o manuscrito a seu filho pequeno, Rayner, que o leu e adorou. O
Hobbit foi publicado em setembro de 1937, e no Natal daquele ano a primeira
edição já estava esgotada.
Unwin pediu a Tolkien que escrevesse uma sequência ou continuação do livro, e
o autor concordou. Primeiramente, Tolkien ofereceu uma obra ainda não
terminada, O livro dos contos perdidos, intitulado depois de O Silmarillion. Ele
começara esse livro enquanto estivera enfermo em uma cama de hospital,
durante a Primeira Guerra Mundial, por causa de febre das trincheiras. No
entanto, o filho de sir Stanley, Rayner Unwin, comparou-o a um colar de pérolas
sem o fio, e a obra foi arquivada. Na verdade, O Silmarillion levou mais de
cinquenta anos para ser terminado.
Antes de morrer, Tolkien pediu que o seu filho Christopher terminasse O
Silmarillion. Sabia que poderia fazê-lo porque Christopher também se formara
em letras, em Oxford. Christopher conhecia e compreendia melhor que qualquer
outro o universo da Terra-Média. E mais tarde ele se tornaria um membro
graduado da Universidade de Oxford, como o pai.
Sir Stanley Unwin jamais poderia prever que levaria dezessete anos até que O
senhor dos anéis, a sequência que requisitara, chegasse às suas mãos. Quando a
Segunda Guerra Mundial irrompeu em 1939, todos os filhos de Tolkien, com
exceção de Priscilla, já estavam crescidos. John, o mais velho, se tornara um
sacerdote católico. Michael e Christopher foram convocados para a guerra. Com
frequência, Tolkien escrevia para Christopher, que estava em uma base da Real
Força Aérea Britânica, na África do Sul, e descrevia novas personagens que
criara para a Terra-Média.
O pai do justo exultará de júbilo; quem tem filho sábio nele se alegra. Bom será
que se alegrem seu pai e sua mãe. Provérbios 23.24,25
Quando O senhor dos anéis foi concluído, Rayner Unwin já era um adulto, se
formara em Oxford, e trabalhava na editora do pai. Ele leu o manuscrito e
adorou, mas achou que a editora poderia perder dinheiro com a sua publicação.
Rayner decidiu que o livro deveria ser dividido e publicado como uma trilogia.
Os três volumes foram lança- dos entre 1954 e 1955, tornando-se
instantaneamente um clássico e inspirando a imaginação de gerações de
estudantes, jovens e de todos que os leram.
Uma aluna de Tolkien, S. R. T. O. d’Ardenne, disse que o que mais se lembrava
sobre ele era o seu grande amor pela família. Muitas vezes, ele lhe escreveu
contando sobre suas preocupações com os filhos. A saúde, o bem-estar, o futuro,
o sucesso e o desenvolvimento de cada um deles, para Tolkien, eram muito
importantes.
Após a morte de Tolkien, seu filho Michael escreveu um artigo para o Sunday
Telegraph: “Eu, juntamente com meus irmãos e minha irmã, per- demos não
apenas um pai que cultivava um grande interesse pelos detalhes de nossa vida
[...] mas também um amigo de meio século, porque ele tinha o raro talento de
combinar a paternidade com a amizade”. Talvez a melhor descrição do autor seja
a do seu filho Michael, que resumiu o pai em uma simples palavra. Quando
entrou para o Exército, Michael teve de preencher um formulário. Quando teve
de responder sobre qual era sua ocupação, o jovem Tolkien escreveu: “Mago”.
*
Pais de influência compartilham sua visão com os filhos.
Dr. James Dobson
1936–
James Ryan Dobson. Por meio do seu popular ministério Focus on the Family, o
dr. James Dobson ensina aos pais americanos como criar filhos para Deus. O dr.
Dobson viu as suas próprias habilidades paternas serem testadas quando a
deficiência de aprendizado não diagnosticada do seu filho, Ryan, causou um
estresse no relacionamento dos dois. Atualmente Ryan é um cristão fervoroso,
com o seu próprio ministério.
Desde a criação de Focus on the Family, em 1977, cristãos do mundo todo
aprenderam a confiar nos conselhos firmes, mas amorosos do seu fundador e
principal porta-voz, o dr. James Dobson. Ouvido em mais de 3 mil emissoras de
rádio na América do Norte e em 27 línguas mundo afora, o dr. Dobson oferece
conselhos práticos sobre como criar, disciplinar e amar meninos e meninas. Seria
fácil presumir que ele conduz a sua própria família com facilidade e que não lhe
são estranhos os esforços “entrincheirados”, necessários para criar os filhos nos
dias de hoje. A convicção e a segurança que Ryan demonstra atualmente são um
testemunho da habilidade do dr. Dobson de pôr em prática suas palavras sobre o
que é necessário para fazer de um menino um homem.
Após o nascimento da sua filha, Danae, os médicos comunicaram ao dr. James e
à sua mulher, Shirley, que ela não poderia mais ter filhos. No entanto, querendo
completar a família com mais um membro, o casal adotou James Ryan, no
mesmo dia em que James Dobson lançou o seu primeiro (e provavelmente mais
controverso) livro, Ouse disciplinar. Os dois eventos mudaram a sua vida
completamente.
Logo ficou evidente que Ryan sofria de transtorno do déficit de atenção com
hiperatividade (TDAH). Ele era tão inquieto que acordava faminto após uma
noite de sono. Dobson percebeu que seu filho tinha um problema, mas na década
de 1970 os únicos medicamentos disponíveis eram sedativos. E, como era de
consenso para a medicina da época, Dobson acreditava que aquela inquietação
desapareceria quando o filho chegasse à puberdade.
Dobson permitiu que o filho gastasse sua enorme energia nos esportes. Quando
Ryan completou 14 anos de idade, os dois desceram de rapel as altas encostas de
Sierra Nevada. Enquanto Ryan completou com facilidade sua descida, Dobson
orou e teve de se esforçar ao máximo para descer.
Embora Ryan não fosse um aluno muito bom e não expressasse grande interesse
em ir para a faculdade, Dobson insistiu em que ele cursasse a Olivet Nazarene
University, em Bourbonnais, no Estado de Illinois. Para ajudá-lo a se ajustar, ele
também se ofereceu para custear os estudos do melhor amigo do filho na mesma
universidade. Conseguiu até que o garoto fosse dispensado do alistamento de
quatro anos na Marinha americana que fizera uma semana antes.
Proveniente da área metropolitana da Carolina do Sul, Ryan se sentiu deslocado
no interior do Illinois, e a Olivet para ele não foi fácil. Dobson tirou o filho da
universidade e ajudou-o a se mudar para o Colorado, arranjou-lhe um
apartamento, com o aluguel pago por um mês, e disse que ele teria de se virar.
Quando Ryan provou ser capaz de se sustentar com uma variedade de trabalhos
não acadêmicos, pediu aos pais que lhe dessem mais uma oportunidade para que
pudesse cursar uma universidade. Eles concordaram, e Ryan se matriculou na
Universidade de Biola, nos subúrbios de Los Angeles. Sabia que essa seria sua
última oportunidade.
A princípio, Biola também não deu muito certo, e Ryan começou a se desesperar.
Ryan se lembra de que no Dia de Ação de Graças “minha vida estava mais
estressada e angustiada do que nunca”. Ryan perguntou ao pai se poderia
procurar um conselheiro, e o dr. Dobson sugeriu que se encontrasse com o reitor
da Rosemead School of Psychology, afiliada à Universidade de Biola, fundada
por um dos mentores de Dobson. Após inúmeros testes que revelaram um QI de
gênio, mas também graves deficiências em matemática e línguas, os psicólogos
disseram a Ryan que ele sofria de TDAH. Finalmente Ryan compreendia a razão
das suas dificuldades.
Sobre a reação do pai a respeito da notícia, Ryan diz: “Aquela descoberta mudou
muitas coisas em nosso relacionamento. Aquilo aliviou a pressão e significou
que ‘o que for para acontecer, acontecerá’, e isso foi muito importante”. Ryan
começou a tomar Ritalina, suas notas melhora- ram, e ele se formou em 1995.
De acordo com Family Man: The Biography of James Dobson, escrito por Dale
Russ, Ryan disse: “Não pude acreditar em quão compreensivos meus pais foram
durante uma época que deve ter sido muito difícil. Não era um aluno muito bom,
mas os meus pais me aceitaram, sem se importar com as minhas notas”.
Depois da faculdade, Ryan procurou pelo seu caminho no mundo. Não
conseguiu se decidir por uma profissão, embora o seu dom de falar em público já
fosse aparente. “Passei por uma grande crise existencial quando voltei para a
Califórnia. Na época, larguei meu emprego e simplesmente não me importei em
arranjar outro”.
Em 2002, Dobson pediu ao filho que o ajudasse em um evento da Focus on the
Family, o Passeio Nacional para a Família. A tarefa não apenas absorveu Ryan
em uma atividade prazerosa, mas também lhe deu uma nova perspectiva sobre o
ministério do pai. Ryan se livrou de toda a raiva durante os passeios de bicicleta,
quando as pessoas lhe diziam quão importante o seu pai era para elas. Mas o que
realmente o resgatou foi o amor e o apoio dos seus pais. Nos seus piores
momentos, ficaram do seu lado. Estavam determinados a mostrar ao filho que
queriam o melhor para ele. Ryan sabe que seu pai considera o sucesso do filho
como a maior prioridade. Não necessariamente prosperidade nos negócios ou
financeira, mas o bem-estar espiritual. Tudo mudou quando James e Shirley
deixaram muito claro que fariam qualquer coisa para ajudá-lo.
Esse apoio incondicional ajudou a fazer de Ryan um orador e escritor de sucesso.
Seus pais nunca o forçaram ou o empurraram para o trabalho cristão.
Simplesmente o estimularam a fazer o que acreditava ser a vontade de Deus para
ele.
Em 2003, Ryan ingressou na Ambassador Agency, em Nashville, e surgiram
várias oportunidades para palestras. Naquele mesmo ano, antes de um evento,
em um centro de orientação para grávidas em crise, em Tampa, Ryan sentiu que
a plateia esperava que ele fosse tão bom orador quanto seu pai. Percebendo a
diferença etária, ele se contentou em fazer o seu melhor para Deus e se deu conta
de que durante os últimos três anos se tornara um orador bem razoável. No final
de 2003, Ryan Dobson se tornara um dos maiores oradores para jovens cristãos
nos Estados Uni- dos.
Ryan dedicou o seu livro de 2003, Be Intolerant: Because Some Things Are Just
Stupid, a seu pai. No livro, ele fala sobre como o pai sempre defendeu o que é
certo. Quanto às suas opiniões, Ryan diz que é completamente intolerante com o
pecado. Embora saiba que alguns o considerem radical e intransigente, ele não se
importa. Como o pai, faz questão de se levantar e dizer o que acha que é certo,
como o amor incondicional por Jesus Cristo.
No livro Be Intolerant, Ryan explica: “Vejo intolerância no meu pai, que mantém
a sua conduta dia após dia, sem se importar com o que os outros possam dizer.
Ele faz o que Deus deseja que faça, mesmo que os outros não gostem, e muita
gente não gosta. Tentam denegri-lo e tiram o seu programa do ar porque ele
permanece firme em Cristo. E ele simples- mente continua. Poderia optar pela
saída fácil. Quando trabalhou na comissão contra a jogatina e a pornografia,
recebemos ameaças da máfia. Ele poderia ter dito: ‘Quer saber de uma coisa?
Chega disso’, mas ele fez o que Deus queria que fizesse”. Dois anos depois,
Ryan lançou seu segundo livro, 2Die4, e continua a influenciar a cultura jovem
com sua mensagem honesta e sem firulas.
O amor é paciente. 1Coríntios 13.4
No começo de 1903, Albert e Mileva se casaram. Era uma parceria tanto pessoal
quanto intelectual. Ele a definiu como “uma criatura que é igual a mim, tão forte
e independente quanto eu”. Ela também lhe proporcionava a solidão necessária
para realizar seu trabalho. Na verdade, já se conjeturou que ela foi uma
contribuinte silenciosa para a tese de Ph.D. premiada de Einstein, em 1905, que
detalha a composição e os movimentos moleculares.
Naquele mesmo ano, quando não estava trabalhando para cuidar da sua nova
família, Albert escreveu quatro artigos que ajudaram a criar os fundamentos da
física moderna. Surpreendentemente ele os completou com muito poucas fontes
de consulta científicas e poucos colegas de profissão com os quais pudesse
discutir suas teorias. Ainda assim, muitos físicos concordam que três desses
artigos (sobre a movimentação browniana, sobre o efeito fotoelétrico e sobre a
relatividade especial) são merecedores do Prêmio Nobel. O quarto artigo,
intitulado “A inércia de um corpo depende do seu conteúdo de energia? ”,
continha a famosa fórmula demonstrando a equivalência entre matéria e energia.
A energia (E) de uma quantidade de massa (m) é igual à massa multiplicada pela
velocidade da luz (c) ao quadrado: E = mc2. Foi essa equação que chocou o
mundo científico e estabeleceu a reputação de Einstein como um gênio.
Embora Albert Einstein tenha se tornado um professor na Universidade de
Berna, na Suíça, um membro da Academia de Ciências Prussiana, um autor
publicado de muitas outras obras importantes e ocupante de cargos renomados
em várias universidades, foi somente em 1921 que lhe foi concedido o Prêmio
Nobel de Física. Ironicamente, embora o seu trabalho mais famoso fosse a sua
teoria da relatividade, foi o seu trabalho anterior, sobre o efeito fotoelétrico, que
lhe rendeu o prêmio. Seu trabalho sobre a relatividade ainda estava sendo
discutido pelos físicos, e o comitê do Nobel decidiu que a teoria menos
controversa seria mais bem aceita pela comunidade científica.
Hermann Einstein adorava a matemática e o eletromagnetismo. Embora nunca
tenha obtido sucesso financeiro nessa área, conseguiu estimular o filho Albert a
se tornar um físico ganhador do Prêmio Nobel e um dos maiores pensadores do
seu tempo.
*
Pais de influência encorajam os filhos a desenvolver a mente e atingir o seu
potencial.
James Earl Carter
1894–1953
Jimmy Carter. O jovem James [Jimmy] Carter sempre buscou a aprovação do pai
e sempre a obteve. Após uma carreira na juventude como oficial da Marinha,
Jimmy entrou para a política, primeiro como governador da Geórgia, seu Estado
natal, e depois como o trigésimo nono presidente dos Estados Unidos.
O jovem Jimmy Carter tinha uma predileção especial pelo pai, de quem buscava
sempre a aprovação. Certo dia, quando tinha apenas 4 anos de idade, seu pai o
levou, juntamente com sua mãe e sua irmã mais nova, Gloria, para conhecer sua
recém-comprada casa de fazenda. A porta, trancada, não podia ser aberta, porque
Earl Carter esquecera a chave. Earl forçou uma das janelas e pediu a Jimmy que
entrasse pela pequena abertura, o que ele fez, abrindo a porta pelo lado de
dentro. Foi um feito insignificante, mas ele ficou orgulhoso por ter podido ajudar
o pai.
Em outra ocasião, Jimmy desapontou o pai, e o remorso o corroeu durante anos.
Todo domingo, Earl dava ao filho uma moeda para depositar como dízimo na
coleta da igreja. Naquela tarde, Earl encontrou duas moedas na cômoda do
quarto de Jimmy, o que significava que, em vez de ter depositado uma moeda na
cesta de dízimos, Jimmy subtraíra uma. O menino levou uma bela surra, mas a
dor por ter desapontado o pai foi muito maior. Daquele dia em diante, Jimmy
nunca mais furtou.
Earl Carter ensinou o filho a pescar, caçar e jogar beisebol. Mas, acima de tudo,
Earl amava o filho e lhe ensinou o valor do trabalho. Ele não enchia o filho de
elogios, mas, quando o chamava de “bambambã”, Jimmy sabia que tinha
agradado o pai.
Aos 12 anos de idade, Jimmy, ao tentar apanhar uma galinha para o jantar da
família, se machucou com uma lasca de madeira, que perfurou o seu pulso.
Durante dias, não pôde dobrar o pulso ou mover os dedos sem sentir fortes
dores. Era o meio do verão, e toda a família precisava ajudar na colheita do
algodão, mas o ferimento de Jimmy o impossibilitou de trabalhar. Earl não ficou
muito satisfeito ao ver todos trabalhando enquanto o filho ficara em casa,
deitado, lendo um livro. Jimmy percebeu a insatisfação do pai; por isso, quando
todos haviam saído para trabalhar, cerrou os dentes, aguentou a dor e arrancou a
farpa que o incapacitava. Então, pegou sua bicicleta e foi encontrar-se com os
outros na colheita. Feliz em vê-lo, o pai lhe deu as boas-vindas com um aceno e
uma brincadeira. Jimmy sorriu satisfeito.
Os pais de Jimmy, Earl e Lillian Gordy Carter, eram donos de 350 acres de terra,
onde plantavam algodão, noz-pecã e amendoim, situados nas proximidades de
um povoado chamado Archery, a uns sete quilômetros da cidade de Plains, no
sudoeste da Geórgia. Jimmy trabalhava arduamente na fazenda, mas não
considerava o trabalho um sacrifício. Para ele, a infância foi feliz, cheia de
tarefas, brincadeiras e uma família amorosa. Depois do almoço, Jimmy adorava
deitar-se no chão com o pai para um breve descanso.
Jimmy e seus irmãos, Gloria, Ruth e Billy, cresceram em uma casa sem
encanamento interno e eletricidade. Usavam um banheiro que ficava nos fundos
do terreno da casa e lamparinas de querosene para iluminação. Para ouvir seus
programas favoritos no rádio, contavam com um radinho de pilha. Quando
Jimmy tinha 11 anos, seu pai instalou um moinho de vento para fornecer água
corrente para a cozinha e o banheiro e, depois, fez uma instalação elétrica para
iluminação e aquecimento.
Jimmy se formou na Plains High School em 1941, e teria sido o orador da turma
se não tivesse faltado à aula no dia em que foi feita a escolha. Como resultado,
não obteve as melhores notas. Anos mais tarde, seu pai escreveu a um deputado
da Geórgia esperando que este ajudasse Jimmy a ingressar na Academia Naval.
Infelizmente o deputado já tinha um candidato para a admissão. Sem se deixar
abater, Jimmy se matriculou para o curso de dois anos no Georgia Southwestern
College, em Americus.
Quando o império japonês atacou Pearl Harbor naquele dezembro, Jimmy ficou
ainda mais determinado a entrar para a Marinha. Esperava ocupar um posto
como o de comandante de submarinos. No verão seguinte, o mesmo deputado
recomendou Jimmy para ser admitido no ano seguinte na Academia Naval.
Quando voltou para casa de licença durante o verão de 1945, sua irmã, Ruth,
convidou Rosalynn Smith para ajudar na limpeza da Pond House, um chalé da
família que Earl construíra próximo a um lago. Durante aquele dia, Jimmy fez
várias gracinhas para Rosalynn e, enquanto trabalhavam, criou coragem para
convidá-la a sair com ele. Depois de apenas um encontro, voltou para casa e
disse a seus pais: “É com ela que eu quero me casar”. Os dois se corresponderam
enquanto Jimmy estava em Annapolis, e, quando ele regressou, a pediu em
casamento. Para sua surpresa, ela recusou. Rosalynn amava a Jimmy, mas
prometera a seu pai antes de ele morrer que terminaria a faculdade. Os dois
continuaram a se corresponder e a namorar, e, quando surgiu o momento certo,
ele lhe fez nova proposta. Dessa vez, ela aceitou. Um mês após Jimmy se formar,
eles se casaram em Plains.
Os recém-casados se estabeleceram em Norfolk, no Estado da Virgínia, onde
Jimmy esperava se tornar chefe de operações navais. Para alcançar o objetivo,
ele se inscreveu para a escola de submarinos e logo estava servindo a bordo de
um. A vida na Marinha parecia ser promissora para o jovem casal, e começaram
a planejar sua família.
Entretanto, no começo de 1953, Jimmy recebeu uma notícia terrível. Earl estava
morrendo de câncer no pâncreas. Jimmy ficou arrasado. A moralidade, o ímpeto
pelo trabalho e a recente incursão na política eram qualidades paternas que ele
admirava muito. Abandonou todos os seus planos promissores e foi para a
Geórgia a fim de ficar com o pai. Conversavam durante horas a fio sobre a
história da família, sobre negócios e sobre a vida. Jimmy sempre contava aos
outros sobre as incríveis conquistas e os interesses variados do pai.
Depois do sepultamento, Jimmy disse a Rosalynn que queria abandonar a
Marinha e voltar para Plains a fim de administrar a fazenda da família. Queria
ser um membro influente de uma comunidade e, talvez, ingressar na política,
como fizera seu pai. Foi o que fizeram, e logo Jimmy se viu trabalhando de
dezesseis a dezoito horas por dia, dedicando-se ao trabalho na fazenda com a
mesma determinação que demonstrara durante o seu tempo na Marinha.
Jimmy também ingressou no Lions Club e liderou o Comitê de Desenvolvimento
Comunitário. Também ajudou a implementar uma nova clínica médica em Plains
e conseguiu recursos para a construção de uma piscina pública.
Em 1962, foi eleito para o seu primeiro cargo público como membro do Senado
pelo Estado da Geórgia, exercendo o cargo de 1963 a 1967. Foi eleito
governador da Geórgia e serviu nesse cargo de 1971 a 1975. Após a renúncia do
presidente Nixon, em 1974, o vice-presidente, Gerald Ford, assumiu o cargo,
mas nunca conseguiu se livrar da vergonha do escândalo Watergate, e, em 1976,
Jimmy Carter se candidatou à Casa Branca, e foi eleito presidente dos Estados
Unidos.
Como presidente, Jimmy anistiou os americanos que haviam se recusado a servir
no Exército durante a Guerra do Vietnã, estabeleceu um novo Ministério de
Energias e intermediou o Acordo de Camp David, entre Israel e o Egito.
Também concluiu com sucesso as negociações para libertar reféns americanos
no Irã.
E consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Hebreus 10.24
Atualmente Lucas diz ter ambições modestas. Tudo que realmente quer é fazer
filmes e criar a sua família. Sempre que seus filmes ou a venda de produtos lhe
rendem dividendos, ele reinveste na companhia. Diz que não sente a necessidade
de bens materiais, não quer viver de forma extravagante nem desregrada, e não
tem o menor desejo de impor sua vontade aos outros.
George Lucas Jr. nunca quis se juntar ao pai nos negócios da família, mas, ao
refletir sobre sua vida e sua carreira, pode-se ver claramente a influência do pai
sobre o filho. Ao dar um exemplo ético sereno, sólido e despretensioso, ele
mostrou ao filho como amealhar seguidores fiéis, tanto com seus empregados
quanto com os seus clientes. Graças em grande parte à influência do pai, George
Lucas Jr. se tornou um dos mais bem-sucedidos e inovadores cineastas do nosso
tempo.
*
Pais de influência mostram aos filhos como podem alcançar o sucesso nos
negócios sem comprometer seus valores.
Herbert Aaron
Data desconhecida
Henry Aaron. Herbert Aaron ensinou a seu filho, Henry “Hank” Aaron, a
importância da excelência, da educação e da paciência. Durante a sua carreira de
vinte e três anos, Henry iria se tornar o recordista de todos os tempos na liga
profissional de beisebol, com 755 home runs.
Ficou aparente desde o começo que Henry Louis Aaron estava destinado a se
tornar um astro do beisebol. Nasceu em Mobile, no Alabama, a cidade de um
outro grande astro do jogo, Satchel Paige, no dia 5 de fevereiro de 1934,
exatamente um dia antes do aniversário de 39 anos de Babe Ruth.
O pai de Henry, Herbert Aaron, adorava esportes, mas sabia que as
oportunidades para negros e brancos variavam muito nos Estados sulistas
segregacionistas. Herbert disse ao filho que não havia “homens de cor” jogando
beisebol profissional, e, na época, ele estava certo. Seu ofício era o de construtor
de navios. Herbert encorajava todos os filhos a jogarem beisebol começando no
time Toulminville Whippet, que praticava em um terreno baldio.
No livro Chasing the Dream, Henry conta que os anos que passou observando o
pai trabalhar duramente e por longas horas pela família lhe ensinaram o valor da
paciência e do respeito. Virtudes que o jovem Henry iria imitar, especialmente
mais tarde na sua carreira, quando sofreu perseguições e ódio racial por se
aproximar do recorde de home runs de Babe Ruth.
No começo da década de 1940, a família Aaron se mudou do congestionamento
dos bairros miseráveis do distrito Down the Bay de Mobile para as cercanias
mais habitáveis da comunidade de Toulminville. Herbert comprou dois terrenos
vazios e contratou uma equipe de carpinteiros para construir uma casa de seis
cômodos ao custo de apenas 200 dólares.
Assim que as paredes e o teto foram erguidos, eles se mudaram, livres de aluguel
e de hipotecas. Uma família orgulhosa, achavam que as únicas pessoas que
tinham casa própria eram os ricos. Mas eram donos da sua.
Diferente de Babe Ruth, que teve uma infância turbulenta, Henry cresceu em
uma família unida e amorosa, e esperava-se dele e dos irmãos que fossem bem-
comportados, que respeitassem os mais velhos, que cortassem lenha e que
fossem à igreja aos domingos. Herbert e sua mulher criaram os filhos em um lar
cheio de carinho e sempre desejando o melhor para eles.
Quando Henry tinha 11 anos de idade, Jackie Robinson foi contratado pelo time
Brooklyn Dodgers, quebrando assim a barreira racial nos jogos da liga
profissional. Isso despertou um grande sonho no coração de Henry. O sonho de
que ele também poderia, um dia, jogar na liga profissional.
Herbert Aaron dizia que seu filho sempre fora louco por beisebol. Nunca pensou
na possibilidade de ele se tornar um jogador profissional até que o Brooklyn
Dodgers visitou Mobile para um jogo de exibição. Ele levou Henry para assistir
ao jogo, e naquela mesma noite o filho lhe disse que se tornaria um jogador
profissional antes que Jackie Robinson se aposentasse.
Henry já estava na adolescência quando se envolveu com o beisebol organizado,
simplesmente porque as escolas que frequentou e as cidades em que morou não
tinham um time amador ao qual pudesse se juntar. Sua primeira oportunidade
surgiu quando entrou para um time só de negros, da liga de fast-pitch softball,
patrocinado pelo departamento recreativo da cidade.
Frequentemente Henry saía mais cedo da aula e ia para o salão de sinuca local a
fim de ouvir os jogos do Dodgers no rádio. Quando Herbert soube das
escapadelas do filho, ficou furioso. Mas, em vez de confrontá-lo com raiva,
simplesmente lembrou-o dos sacrifícios que fazia todos os dias pela família.
Explicou-lhe que, enquanto ele dava dinheiro para que cada um dos filhos
pudesse comer na escola, 50 centavos para cada um, para si guardava apenas 25.
Achava que, se ele podia fazer esse sacrifício, seus filhos poderiam ser-lhe
gratos se formando no colégio. Henry concordou.
Naquele mesmo dia, Bobby Thomson acertou uma bola em uma jogada que
colocou o New York Giants à frente do Brooklyn Dodgers na disputa pelo
campeonato da liga nacional. Aquele jogo dramático reforçou ainda mais a
vontade de Henry de jogar profissionalmente. Em virtude do fato de que, na
época, os olheiros não estavam exatamente procurando por jogadores negros
vindos do Sul, Henry concluiu que a forma mais rápida de entrar para a liga
profissional seria por meio da liga dos negros.
Certo dia, quando Henry tinha apenas 16 anos, um homem o abordou e lhe
perguntou se gostaria de fazer parte do time semiprofissional local, o Black
Bears, de Mobile. A princípio, ele recusou a oferta porque o time jogava aos
domingos, mas por fim aceitou, e teve início sua carreira profissional.
Henry foi, então, chamado para jogar na liga negra, com o Indianapolis Clowns.
Seus pais ficaram empolgados, mas insistiram em que o filho esperasse mais um
ano para terminar os estudos no colégio. Henry achou que não teria mais notícias
do olheiro, mas, um ano mais tarde, ele foi contratado pelo time.
No ano seguinte, foi comprado pelo Boston Braves e jogou na liga júnior do
time, o Eau Claire Bears. Em 1954, Henry Aaron finalmente foi aceito pela liga
profissional, no Milwaukee Braves, depois que Bobby Thomson quebrou o
tornozelo tentando chegar à segunda base. No primeiro jogo de treinamento da
primavera, ele fez um home run. Em 1957, com 23 anos, Aaron ganhou o prêmio
MVP (Most Valuable Player [Jogador Mais Valioso]) ao completar um home run
que determinou o jogo e levou o time de Mil- waukee a conquistar o seu
primeiro campeonato mundial.
Enquanto jogou com o Braves, Henry começou a alcançar e bater vários
recordes de home runs. Em 1960, ele rebateu o seu home run de número 200; em
1963, completou 300. Em 1966, o Milwaukee Braves se mudou para o Sul e se
tornou o Atlanta Braves, e foi lá que Henry atingiu a marca de 400 home runs.
Ainda em Atlanta, em 1968 ele completou a marca dos 500. No dia 30 de julho
de 1969, Aaron fez o seu home run de número 537 e se tornou o terceiro
colocado no ranking dos maiores rebatedores de home runs, deixando para trás
Mickey Mantle. Apenas Willie Mays e Babe Ruth permaneciam na sua frente.
Aaron era agora conhecido. Os fãs e a mídia o cortejavam como o rei dos home
runs.
Em 1971, Henry Aaron fez o seu home run de número 600 e, um ano depois,
superou a marca de Willie Mays, tornando-se o segundo colocado na lista de
rebatedores de todos os tempos.
Entretanto, nem todos apreciavam suas conquistas. Recebia uma torrente de
cartas de conteúdo racista. Das arquibancadas, os intolerantes gritavam e o
xingavam. Alguns comentaristas de esporte chegaram a escrever obituários para
o caso de alguma fatalidade. A viúva de Babe Ruth, Claire, condenou todo
aquele ódio e disse que o marido teria ficado orgulhoso por saber que Aaron
tentaria quebrar o seu recorde. Aaron suportou o desprezo com galhardia e em
silêncio. Apesar da perseguição diária dos fãs e dos jornalistas, ele dizia não se
sentir pressionado na busca pelo recorde.
Mas aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam alto como águias; correm e não ficam
exaustos, andam e não se cansam. Isaías 40.31
Moses Carver
1812–1910
George Washington Carver. No final da Guerra de Secessão, Moses Carver, um
branco, com um amor incondicional, adotou o negro George Washington Carver
como seu filho. Ele o fez apreciar a botânica e influenciou George a se tornar um
benfeitor na vida de milhares de pessoas ao encontrar as inúmeras utilidades do
amendoim.
Nascido no cativeiro no final da Guerra de Secessão, em Diamond, no Missouri,
George Washington Carver e sua mãe, Mary, pertenciam a Moses Carver, um
imigrante alemão recluso e dono de terras. Moses era contra a escravidão, mas
contratar trabalhadores para a sua fazenda em Newton County provou ser muito
difícil. Portanto, em 1855, ele comprou Mary de um dos seus vizinhos para que
o ajudasse na fazenda. Na época, Mary tinha 13 anos de idade e, na década
seguinte, ela teve no mínimo quatro filhos.
A identidade do pai biológico de George não é conhecida, mas provavelmente
era um escravo de uma fazenda vizinha e morreu mais ou menos na mesma
época do nascimento de George. Foi morto enquanto carregava lenha em uma
carroça. De algum modo, ele caiu e foi esmagado pelas rodas que transportavam
a pesada carga.
Infelizmente George também não chegou a conhecer sua mãe. Foram separados
logo depois que ele nasceu. Moses Carver e sua mulher, Susan, eram
simpatizantes da União. Por causa disso, sua fazenda era frequentemente
saqueada por guerrilhas de confederados.
Em certa ocasião, os milicianos amarraram Moses, pelos polegares, a uma
árvore, queimaram-lhe os pés com brasas e exigiram que ele dissesse onde
escondia seu dinheiro. Apesar da tortura, Moses nada confessou, e eles partiram.
Quando os guerrilheiros atacaram novamente, eles raptaram Mary e o pequeno
George e os levaram para o Arkansas, um Estado confederado a cerca de trinta e
dois quilômetros ao sul. Um bondoso patrulheiro unionista concordou em
encontrar e reaver os escravos raptados. Ele encontrou George, mas nunca
conseguiu encontrar Mary. Jamais se soube o que aconteceu com ela. Feliz por
ter o menino de volta em casa, Moses recompensou o patrulheiro com um cavalo
de corrida.
Quando a guerra estava no fim, o presidente Lincoln sancionou a Proclamação
de Emancipação, libertando todos os escravos. Por não terem filhos, Moses e
Susan criaram George como se fosse deles. Sob a proteção e os cuidados do
casal branco, o menino recebeu um bom lar e oportunidades que não eram
concedidas à maioria das crianças negras.
O pequeno George era afligido constantemente por dificuldades respiratórias, e
por isso era liberado de fazer os trabalhos mais extenuantes da fazenda. Quando
não tinha de ficar em casa fazendo serviços leves, passava o tempo explorando
os arredores, as florestas e a vida selvagem do lugar. Mais tarde, George
escreveu: “Queria conhecer cada pedra estranha, cada flor, inseto, passarinho e
animal”. Com o tempo, Susan e Moses Carver perceberam que a curiosidade
tornava George especial. Uma criança ansiosa por aprender.
George gostava particularmente de plantas e passava longas horas no jardim dos
seus pais adotivos. Com a ajuda deles, plantou uma horta. Fazia anotações
cuidadosas sobre as condições que permitiam que suas plantas crescessem e se
desenvolvessem, e ficou conhecido nas vizinhanças como o “doutor das
plantas”. Frequentemente era chamado para cuidar de flores ou plantas que
estivessem em más condições.
George também aprendeu a amar e louvar o Deus da criação. Considerava cada
planta e cada animal evidências de que Deus era um magnífico artesão, e George
via o belo trabalho de Deus em todos os lugares. Quando adulto, George creditou
ao “Criador” todos os sucessos que obteve em seu laboratório. Aos 10 anos de
idade, George já era um cristão.
George ansiava por uma educação mais formal e implorou que Moses e Susan
encontrassem uma escola onde pudesse estudar. Embora nessa época já fosse
permitido que negros estudassem, a família Carver encontrou muitas
dificuldades para achar uma escola que o aceitasse. Por fim, contrataram um
tutor particular para George, e logo ele estava fazendo mais perguntas do que o
professor conseguia responder. No ano seguinte, foi aceito em uma escola para
negros em Neosho, o centro do condado.
Um ano depois, George viajou para Fort Scott, no Kansas, na esperança de
encontrar uma escola que atendesse às suas expectativas. Uma que o desafiasse e
saciasse sua sede de conhecimento. Isso também durou apenas um ano. O
menino ficou horrorizado quando presenciou o lincha- mento de um homem
negro por uma turba de brancos e se recusou a ficar em Fort Scott. Finalmente
encontrou uma boa escola e pessoas acolhedoras em uma outra cidadezinha do
Kansas. Lá, aprendeu mais sobre botânica e também teve aulas de música e
pintura.
George tentou se matricular em uma universidade, mas foi recusado quando
viram que ele era negro. Por isso, George resolveu exercer a pro- fissão do pai:
fazendeiro. George comprou um pedaço de terra em Beeler, no Kansas, e foi
aceito na comunidade. Mais tarde, iria agradecer ao povo do condado de Ness
por suas contribuições para o seu trabalho. Achava que os moradores lhe
ofereceram todas as oportunidades para que desenvolvesse plenamente suas
habilidades e seus interesses.
Trabalhou na fazenda por dois anos, até que o desejo por uma educação voltou a
assombrá-lo. Matriculou-se no Simpson College, em Indianápolis, uma
instituição que não dava importância à raça dos seus estudantes. Lá, ele se
tornou o único bolsista do sexo masculino da faculdade de belas artes. Mas
George se preocupava com o futuro que poderia ter como artista. Uma colega
notou que ele frequentemente pintava flores e conversava sobre plantas, e o
encorajou a se transferir para a Universidade do Estado de Iowa, onde o pai dela
ensinava agricultura. Após muitas orações, George percebeu que Deus tinha um
trabalho especial para ele realizar. Assim, deixou o Simpson College e foi para a
Universidade de Iowa.
Apesar da intolerância racial na Universidade de Iowa, sua carreira como
botânico e biólogo de plantas floresceu. Seus professores o estimavam muito por
sua habilidade de fazer enxertos em plantas e realizar polinizações cruzadas. Um
professor o descreveu como o melhor estudante da faculdade. George recebeu
seu diploma e, mais tarde, um mestrado em agricultura antes de se tornar diretor
de agricultura no Instituto Tuskegee, no Alabama. Lá, recebeu o apelido de o
“Mago de Tuskegee”.
Entre os seus muitos feitos, George Washington Carver administrou as duas
fazendas do Instituto, coordenou a estação de agricultura experimental e
expandiu o programa de pesquisa de Tuskegee para ajudar fazendeiros negros
pobres do Sul. Na verdade, ele se tornou uma lenda viva na sua busca por
melhorias de vida para os negros. Químico criativo, ele encontrou novas
utilizações para o amendoim e fez demonstrações dessas pesquisas perante o
U.S. House Ways and Means Committee. Um filme intitulado The Story of Dr.
Carver foi feito em sua homenagem, e um museu em Tuskegee documenta todas
as suas conquistas.
Carver foi mais do que um herói e um exemplo para as crianças da sua raça. Foi
uma inspiração para pessoas de todas as idades e de todas as raças,
especialmente para os órfãos, os humildes e os pobres. George Washington
Carver disse certa vez que o seu desejo era “ajudar o homem que estiver mais
por baixo”. Seu pai, Moses, o salvou duas vezes e lhe deu a melhor educação
que pôde. Além disso, ele reconheceu o talento e a genialidade conferidos por
Deus a seu filho e o ajudou a aprender mais sobre o seu principal interesse: o
mundo das plantas.
Mas cada um tem o seu próprio talento da parte de Deus; um de um modo, outro de outro. 1 Coríntios 7.7
*
Pais de influência ensinam os filhos a reconhecer os talentos que Deus lhes deu e
a usá-los para o bem comum.
Bob Hewson
1925–2001
Paul David Hewson, também conhecido como Bono, Do u2. Bob Hewson
financiou as ambições musicais do filho e lhe deu o dom de cantar.
Antes de serem contratados por uma gravadora, bem no começo da banda de
rock irlandesa U2, o vocalista Bono convidou um representante de uma
gravadora para um dos ensaios. No livro Bono: In Conversation with Michka
Assayas, Bono escreveu: “Esse figurão veio ver a banda tocar e nos ofereceu um
contrato. Foi um grande momento para nós, por- que estávamos completamente
duros. E com o dinheiro que ele ofereceu marcamos uma turnê pelo Reino
Unido. Mas, na véspera da turnê, a gravadora ligou oferecendo metade do
dinheiro que havia sido combinado, sabendo que não poderíamos recusar.
Recorremos às nossas famílias, e cada um de nós pediu 500 libras. Meu pai deu,
o pai do Edge deu, e acho que o pai do Larry também”.
O pai de Bono, Bob Hewson, vinha de uma família da classe operária irlandesa,
que incluía um irmão mais velho, dois irmãos mais novos e uma irmã. Quando
não estavam trabalhando, os membros da família se divertiam jogando críquete e
ouvindo óperas. Por um tempo, Bob pensou em se tornar um cantor lírico, mas,
em vez disso, trabalhou a vida inteira como um funcionário do correio.
Bob Hewson teve de abandonar os estudos quando tinha 14 anos. Seus
professores imploraram à sua mãe que não o tirassem da escola, porque era um
bom aluno, e queriam que ele continuasse a estudar. Mas Bob foi forçado a
aceitar um emprego público aos 15 anos de idade, para ajudar com o seu salário
na renda familiar. E lá trabalhou até o dia em que se aposentou.
Bob era católico, mas a mãe de Bono, Iris Hewson, protestante. Haviam crescido
juntos na mesma rua, Cowper Street, que ficava em um bairro de operários em
um distrito chamado Cowtown. Tiveram seu primeiro filho, Norman, e em 1960
nasceu Bono, que recebeu o nome de batismo Paul David.
Quando Paul tinha 3 anos, seus pais o viram brincando no jardim dos fundos da
casa. O casal assistiu horrorizado enquanto seu filho pequeno pegava abelhas das
flores com os dedos, falava com elas e então as colocava de volta nas pétalas
sem nunca ser picado.
O jovem Paul formou as suas opiniões abrangentes e pouco ortodoxas sobre fé e
religião ao observar os pais. Ele via como os pais se davam bem, mesmo tendo
diferentes pontos de vista a respeito de religião e Deus.
Atualmente Bono não tem do que se desculpar pela sua fé em Cristo. As letras
espiritualizadas de suas canções e o seu trabalho humanitário são produtos
diretos da sua compreensão das Escrituras. No seu livro, ele diz: “Tenho a
esperança de que Jesus lavou os meus pecados na cruz, porque sei quem sou e
espero não ter de depender da minha religiosidade. A finalidade da morte de
Cristo é que ele arcou com os pecados do mundo, para que os pecados que
cometemos não voltem e para que a nossa natureza pecaminosa não acarrete a
morte certa. É essa a questão. Isso deveria nos manter humildes. Não seremos
salvos pelas nossas boas obras”.
Quando Paul tinha 15 anos, sua mãe morreu repentinamente, quatro dias depois
do funeral do pai dela. Os três homens da família Hewson permaneceram juntos,
procurando aplacar o luto e partilhar o sofrimento. No entanto, o resultado,
muitas vezes, era frustração e raiva. A vida sem a mãe na casa dos Hewson não
foi fácil. Sua morte afetou a confiança de Bono, e ele se sentiu abandonado.
Depois das aulas no colégio, voltava para a casa que, sem ela, não era mais um
lar.
Paul ganhou o apelido de “Bono Vox” de um colega do colégio chamado Guggi,
que teve a ideia para o apelido ao ver um aparelho para surdez na O’Connel
Street, em Dublin. Apropriadamente, Bono Vox, em latim torto, quer dizer “boa
voz”. Mais tarde, Paul encurtou o apelido para Bono, que permanece até hoje.
No colégio, a natureza falante de Paul e a sua personalidade dramática lhe
permitiam relacionar-se com praticamente todos os círculos sociais e
experimentar uma variedade de meios artísticos. Bob pagou pelas aulas de
guitarra do filho, mas ele teve dificuldades com o instrumento. Mais tarde, Bono
veio a saber que o pai se arrependia de não ter se tornado um músico e um
cantor.
Em 1983, Bono se casou com a namorada de cabelos escuros e personalidade
forte, Alison Stewart. O casal tem duas filhas, Jordan e Memphis Eve, e dois
filhos, Elijah e John Abraham.
A banda U2 foi formada em 1976, quando Bono respondeu a um anúncio em um
quadro de avisos da Mount Temple Comprehensive School, em Dublin. O cartaz
dizia que os interessados deveriam se encontrar na casa de Larry Mullen Jr. para
fazerem testes para participar da banda.
Larry é o baterista talentoso e o catalista para a formação do grupo. Os outros
integrantes eram o guitarrista e fabricante de guitarras Dave Evans, apelidado de
“The Edge”; o baixista amador Adam Clayton; e, finalmente, Bono, que não
tocava guitarra e não cantava grande coisa (na época), mas que, com seu charme
sincero, suas letras intensamente poéticas e sua personalidade teatral, acabou
conseguindo o cargo de vocalista e letrista da banda.
Enquanto a banda lutava para alcançar o sucesso, Bob Hewson deu a seu filho
um ano de casa e comida grátis. Se, ao final daquele ano, as coisas não
estivessem dando certo para a banda, Bob queria que o filho arranjasse um
emprego. Bono concordou com os termos do pai, considerando-os mais do que
generosos. Mas o sucesso veio rápido para o U2. Seu primeiro disco, Boy, foi
lançado em 1981.
Certa vez, na década de 1980, Bono levou o pai a Nova York para assistir a um
show do U2. Enquanto Bob Hewson assistia ao evento, Bono pensava no que o
pai estaria achando de tudo aquilo. No final do show, Bono se virou e viu o pai
nos bastidores do palco, o qual, ao se aproximar, lhe estendeu a mão em
cumprimento. Bono ficou satisfeito.
O sucesso gerado por longas turnês, músicas no rádio e pelas suas apresentações
apaixonadas e precisas levou o U2 ao estrelato. Álbuns como War, The
Unforgettable Fire, The Joshua Tree e Rattle and Hum demonstram a inclinação
da banda pela espiritualidade, intensidade e a sua habilidade de emocionar o
público. A década de 1990 foi marcada pelos experimentalismos com a música
eletrônica e novas influências, como demonstram os discos Achtung Baby e Pop.
Atualmente Bono é tão conhecido pelo seu ativismo humanitário quanto por sua
música.
Em 2001, Bob Hewson foi diagnosticado com câncer e não se recuperou. De
acordo com o seu livro, Bono disse em seu funeral: “Obrigado por me dar a
minha voz. Nossa casa tinha sempre música. Éramos nós, os filhos, que
tínhamos de pedir a nosso pai que abaixasse o som”.
Bono escreveu sobre ele na música “Sometimes You Can’t Make It on Your
Own”, do álbum How to Dismantle an Atomic Bomb. A letra fala sobre como o
pai lhe deu uma razão para cantar.
Bono passou por um período difícil lidando com a morte do pai. Em uma manhã
de Páscoa, ele foi a uma pequena igreja, se ajoelhou e liberou todo o
ressentimento que guardava contra o pai por causa dos anos posteriores à morte
de sua mãe. Hoje, ele agradece a Deus o pai que teve e os dons que recebeu dele.
Pôs um novo cântico na minha boca, um hino de louvor ao nosso Deus. Muito verão isso e temerão, e
confiarão no Senhor. Salmos 40.3
John Carter partilha da fé cristã de seu pai. Eram companheiros espirituais muito
próximos e passavam muitas horas juntos orando e discutindo as Escrituras.
Sobre o legado e a fé do seu pai, John disse que ele era como o discípulo Pedro,
uma alma torturada, que estava na miséria e no sofrimento, mas que possuía algo
que o aproximava de Cristo.
Johnny Cash teve muitos filhos. Teve quatro meninas com a sua primeira
mulher, Vivian Liberto, e um menino com sua segunda esposa, June Carter Cash.
June trouxe para a família as duas filhas do seu primeiro casamento. Com todos
eles, Johnny evitava o castigo, mas os elogiava sempre e não raro dizia quanto os
amava. Preferia corrigir qualquer falta com conversas ou escrevendo cartas.
Em sua autobiografia, Cash, ele escreveu: “Sou grato pela minha família. Grato
pelas minhas filhas e pelos meus netos, pelo meu filho, e grato pelo amor
incondicional de todos. E, finalmente, sou grato a Deus por me inspirar a compor
e talvez, assim, poder influenciar alguém para o bem”.
Perguntado sobre como gostaria de ser lembrado daqui a cem anos, Johnny
respondeu: “Gostaria de ser lembrado como um bom pai”.
*
Pais de influência são uma presença amável e repleta de fé na vida de seus
filhos.
Reverendo Denzel Washington
1911–1992
Denzel Washington Jr. O reverendo Denzel Washington limitava o número de
filmes que os seus filhos podiam ver, no entanto ele lhes deu o dom de contar
histórias, inspirando seu filho Denzel Jr. em sua carreira premiada de ator.
Nas décadas de 1950 e 1960, o reverendo Denzel Washington fez questão de não
expor seus três filhos às vulgaridades de muitos dos filmes de Hollywood. Isso
significou que o seu filho do meio, Denzel Jr., viu poucos filmes – na maioria,
filmes da Disney ou épicos bíblicos.
Por outro lado, o jovem Denzel aprendeu desde cedo a amar a Deus e a valorizar
o trabalho. Aos 12 anos, ele já trabalhava em regime de meio expediente em uma
barbearia local e gostava de ganhar o seu próprio dinheiro. Também passava
longas horas na igreja do seu pai.
Nem tudo era trabalho e brincadeiras. Criado em Mount Vernon, em Nova York,
Denzel Washington vivia cercado de crianças de diferentes origens étnicas e
raciais. Tinha amigos que eram indianos, negros, irlandeses e italianos.
Aprendeu sobre várias culturas.
Como o chefe da casa e líder de uma igreja pentecostal, o reverendo Denzel
trazia um espírito tranquilo e reverente para o seu lar. Um homem muito
esforçado, ele também prestava serviços no departamento de água e em uma loja
de departamentos local, para que sua família tivesse segurança financeira.
Aos 14 anos, uma tragédia abalou o mundo do jovem Denzel. Seus pais se
separaram e depois se divorciaram. Seis anos passariam até Denzel se encontrar
com o pai novamente, em uma reconciliação emotiva, mas restauradora. Apesar
do choque, a forma em que fora criado e sua auto- estima evitaram que ele se
metesse em sérias encrencas.
Mesmo assim, sua mãe decidiu matriculá-lo na Oakland Academy, uma escola
de prestígio só para meninos, em Nova York. Foi um estudante mediano, mas
brilhava nas atividades extracurriculares, como música e esportes, e
especialmente no futebol americano.
Após terminar o ensino médio, Denzel sabia que queria ir para a faculdade.
Escolheu a Fordham University, no Bronx. Formou-se em jorna- lismo, por
achar que tinha um dom para contar histórias, adquirido depois de tantos anos
ouvindo os sermões do pai.
Durante o verão, Denzel arrumou um emprego num acampamento da YMCA
[Associação Cristã de Moços] em Lakeville, Connecticut, como treinador
esportivo. Também era o encarregado de organizar os shows de talentos do
acampamento. Foi ali, provavelmente, que primeiro se deu conta de seu real
interesse em atuar.
Quando voltou a Fordham, no verão seguinte, ele se inscreveu para as aulas de
teatro ministradas por Robinson Stone, um ator profissional que atuara no filme
Stalag 17, de 1953. Certa vez, durante uma das aulas, Denzel disse a Stone que
queria se tornar o melhor ator do mundo.
Denzel atuou em várias peças em Fordham, e Stone convenceu vários
empresários do mundo do cinema a irem assistir a suas apresentações.
Espantosamente lhe ofereceram um papel na TV antes mesmo de ele se formar
na universidade, uma ponta em Wilma, interpretando o namorado da corredora
olímpica Wilma Rudolph.
Sua grande chance surgiu quando estrelou no popular drama médico da TV, St.
Elsewhere. O que pensou que seria um trabalho de treze sema- nas, acabou
sendo o seu emprego durante seis anos. Embora fosse uma das personagens
principais do seriado, ele ainda tinha a oportunidade de atuar em alguns filmes e
peças de teatro. Seu grande papel no cinema surgiu quando interpretou o ativista
contra o apartheid sul-africano Steve Biko, no filme de Richard Attenborough,
Um grito de liberdade. Com esse papel, recebeu a sua primeira nomeação para o
Oscar como Melhor Ator Coadjuvante.
Com essa interpretação brilhante, Denzel prosseguiu em sua carreira bem-
sucedida como protagonista principal em vários filmes, como A história de um
soldado, Filadélfia, Coragem sob fogo, Um anjo em minha vida, Jogada
ensaiada, O furacão, Voltando a viver e Chamas da vingança.
Um dos mais notáveis foi o seu papel em Malcolm X. Ele reconhece os sermões
de seu pai como uma das maiores influências para tornar sua atuação autêntica
quando tinha de adotar uma cadência em suas falas. De acordo com a biografia
Denzel Washington, sua irmã, Lorice, depois de assistir ao filme, disse: “Os
movimentos das mãos e o ritmo da voz de Denzel eram os mesmos do nosso
pai”. Infelizmente o reverendo Denzel não chegou a ver a atuação do filho nesse
papel porque durante as filmagens ele faleceu, aos 81 anos.
Embora o pai do ator Denzel Washington tenha ficado por muito tempo ausente
da vida do filho depois do divórcio, o relacionamento entre os dois vinha, já há
algum tempo, melhorando. O ator ficou arrasado com a perda e canalizou essa
energia emocional para o papel. Sua atuação chamou a atenção da Academia de
Cinema e ele foi nomeado Melhor Ator.
Embora seja um protagonista muito vistoso, Denzel não gosta de fazer cenas de
amor. Certo dia, enquanto filmava Mais e melhores blues, ele se sentiu tenso e
irritado. Dirigiu-se ao diretor Spike Lee e se recusou a tirar a camisa na cena.
Denzel disse a Spike: “Sou um homem de família. Não quero fazer isso”. Desde
então, Denzel diz que cenas de amor o deixam desconfortável e que prefere não
fazê-las.
Denzel também se incomoda com a violência em muitos dos filmes de ação. Até
se arrepende de ter participado do violento filme Sem limite para vingar. Ele não
gosta de atuar ou aparecer em filmes com violência sem sentido ou gratuita. O
ator já disse que não aprecia filmes de ação porque há correria e pulos demais e
diálogos de menos. Não considera isso atuar. Entretanto, já participou de filmes
desse tipo, como Maré vermelha e O plano perfeito alegando que tinham mais
conteúdo do que a maioria dos filmes de ação.
Denzel foi o ganhador do Oscar como Melhor Ator Coadjuvante representando o
soldado Tripp no filme Tempo de glória, de 1989, e como Melhor Ator
interpretando o detetive Alonzo Harris em Dia de treina- mento, de 2001. Ele é o
único ator negro americano a ganhar o Oscar nas duas categorias.
De acordo com a sua biografia, Denzel já disse: “Tenho muito orgulho de ser
negro, mas ser um negro não representa tudo o que sou. Faz parte da minha
formação histórica e cultural, dos meus genes, mas não sou apenas isso nem é o
fundamento que rege todas as minhas respostas”.
Não obstante, quando se trata de questões raciais, Denzel luta pela dignidade. De
acordo com um artigo de 1995 da Premiere Magazine, Denzel teve uma
discussão acalorada com o roteirista/diretor Quentin Tarantino durante as
filmagens de Maré vermelha. Tarantino reescrevera partes do roteiro, e Denzel o
criticou severamente pelo uso do linguajar extremamente racial de seus filmes.
Tarantino ficou sem graça e quis conversar em um ambiente mais reservado, mas
Denzel recusou. Embora admirasse Tarantino, não podia ignorar o que havia
feito.
Denzel é um dos raros atores de Hollywood que já disse que Deus é o seu herói.
Quando perguntado sobre quais eram as prioridades na sua vida, respondeu
simplesmente: “Deus, família, trabalho e futebol”. Denzel e sua mulher, Pauletta,
são frequentadores assíduos e contribuem com muitas doações para a sua igreja,
a West Los Angeles Church of God in Christ.
Ele entrou num barco e assentou-se. Ao povo reunido na praia Jesus falou muitas coisas por parábolas.
Mateus 13.2,3
*
Pais de influência trazem aos filhos a alegria e o entusiasmo pela vida.
John Wooden
1910 –
Seus jogadores e crianças do mundo todo. John Wooden, escolhido o “Treinador
do Século” pela ESPN, seguiu o credo de sete pontos de seu pai, conquistando
admiração, respeito e mais títulos nacionais de basquete universitário do que
qualquer outro treinador na História.
Ao exemplificar o carinho por seus jogadores de basquete como se fossem seus
próprios filhos, John Wooden, o lendário treinador da UCLA
[Universidade da Califórnia, Los Angeles], contou em sua autobiografia They
Call Me Coach sobre um astro do basquete que ele teve de substituir por má
atuação durante um jogo final. “Ao abrir a porta do vestiário, fui direto até Fred
Slaughter. Ele obviamente estava me esperando. ‘Treina- dor’, disse ele, ‘antes
que alguém fique com a impressão errada, quero que entenda. Você tinha de
deixar o Doug em quadra porque ele estava jogando muito bem, e eu não. Eu
queria muito jogar, mas, se alguém dissesse que eu estava com raiva, não seria
verdade. Desapontado, sim. Com raiva, não. E fiquei muito feliz pelo Doug. ’ ”
Wooden percebeu que há muitos altos e baixos na vida de qualquer treinador.
Mas, para ele, aquele momento foi decisivo. Ele e o time haviam conquistado o
primeiro título da NCAA [Associação Atlética Universitária Nacional] ao
derrotar a equipe da Duke por 98 a 83 e terminaram a temporada de 1964 com o
recorde de 30 vitórias e nenhuma derrota. Qualquer preocupação que pudesse ter
com Fred dissolvera-se naquele momento.
Fred Slaughter não tinha a altura ideal para um pivô, mas tinha outros atributos
que faziam dele um líder. Era muito rápido, e muitas vezes surpreendia os outros
com arremessos excelentes e grande habilidade no rebote. Por ter sido corredor
de pista no colégio, era muito rápido na antecipação. Mas, principalmente, era
muito inteligente em quadra.
O pai de John Wooden era de Hall, Indiana, onde tivera vários trabalhos, tais
como arrendatário agrícola e carteiro em áreas rurais. Trabalhava com afinco e
cuidava para que os filhos estivessem sempre ocupados. Esse comportamento
ético teve profunda influência sobre John, que disse que o pai foi muito
importante em sua vida e na sua filosofia como treinador. John tinha muito
respeito por ele desde pequeno, porque sempre fora justo e mostrara querer o
melhor para os filhos.
Um exemplo dessa justiça foi o momento em que o pai pegou John e seu irmão
Cat brigando no celeiro. Não havia favoritos na casa dos Wooden. Como um
verdadeiro cavalheiro, o pai de John Wooden lia a Bíblia diariamente e esperava
que os filhos fizessem o mesmo. E assim acontecia, ou, pelo menos, John
sempre acreditou nisso. Até hoje, o treinador Wooden mantém um exemplar da
Bíblia bem marcado e bem lido em sua mesa.
Pouco depois de John se formar no ensino fundamental, o pai deu a ele um papel
em que escrevera um credo e sugeria que o filho vivesse segundo aqueles
preceitos. De acordo com a autobiografia de John, no papel estava escrito:
1) Seja verdadeiro consigo mesmo.
2) Faça de cada dia a sua obra-prima.
3) Ajude os outros.
4) Sorva profundamente dos bons livros, especialmente da Bíblia.
5) Faça da amizade uma arte refinada.
6) Construa um abrigo para os dias chuvosos.
7) Ore pedindo orientação, conte as suas bênçãos e dê graças por elas todos os dias.
O treinador Wooden carregou esse papel escrito à mão na carteira durante muitos
anos. Quando ele se rasgou, mandou fazer cópias. Uma delas ainda está em sua
carteira.
O treinador também aprendeu basquete com o pai, que sempre diligenciava para
que tivessem algum jogo a fim de alternar com os horários de trabalho. Na
fazenda, quando criança, John tomou gosto pelos esportes. Seu primeiro contato
com o basquete foi aos 8 anos de idade. Seu pai improvisara uma cesta de
basquete com o que sobrara de uma velha cesta de frutas. Tirou o fundo e
amarrou-a numa parede próxima ao palheiro do celeiro. Quando John estava na
quinta ou sexta série, seu pai forjou um anel de ferro para servir de cesta de
basquete.
Antes de entrar no colégio, o treinador Wooden gostava mais de beisebol do que
de basquete. Mas, ao chegar ao colégio, levou a Martinsville High School à final
do campeonato estadual durante três anos consecutivos, conquistando o torneio
em 1927. Na Purdue University, foi três vezes o melhor armador americano e um
dos jogadores do time campeão nacional em 1932. De brincadeira, Wooden era
chamado de “O homem de borracha de Indiana”, porque mergulhava sem medo
atrás das bolas nas quadras de piso duro. Ele se formou em Letras em Purdue e
fez o mestrado no Indiana State Teacher’s College. Depois de uma breve
carreira no Indianapolis Kautsky’s, John alistou-se na Marinha, onde chegou ao
posto de tenente durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois da guerra, Wooden se tornou técnico da Universidade Estadual de
Indiana, em Terre Haute, Indiana, de 1946 a 1948. Em 1947, o time de basquete
ganhou a título da conferência e recebeu um convite para participar do torneio
nacional da NAIB [Associação Nacional de Basquete Interuniversitário], em
Kansas City. O treinador Wooden recusou o convite, dizendo que a política da
NAIB bania jogadores negros. Um ano depois, a NAIB mudou sua política, e
Wooden levou seu time até a final, perdendo para Louisville. John Wooden foi
incluído no Hall da Fama da Universidade Estadual de Indiana, na categoria
esportiva, em 3 de fevereiro de 1984.
Em 1948, Wooden começou sua lendária carreira na UCLA, onde conquistou
fama eterna, vencendo 665 jogos e dez títulos da NCAA em 12 temporadas,
incluindo o heptacampeonato, de 1967 a 1973. Seus times na UCLA venceram
88 partidas seguidas, tiveram quatro temporadas perfeitas com 30 vitórias e
nenhuma derrota, e também venceram 38 jogos seguidos no torneio da NCAA.
Com o apelido de “Mago de Westwood”, Wooden se aposentou logo após o
décimo título, em 1975.
A UCLA era, na verdade, a segunda opção de Wooden para o cargo de treinador
em 1948. Ele pretendia treinar a Universidade de Minnesota, porque era seu
desejo, e de sua mulher, Nellie, permanecer no Meio-Oeste. No entanto, uma
tempestade terrível não permitiu que Wooden recebesse o telefonema
programado e, ao pensar que a Universidade de Minnesota havia perdido o
interesse, resolveu aceitar a vaga na UCLA. John foi casado com Nellie durante
cinquenta e três anos, até a morte dela em 1985.
Um dos melhores jogadores de Wooden, Bill Walton, formado na UCLA em
1974 e desde 1993 no Hall da Fama, escreveu no prefácio de They Call Me
Coach: “Em 1992, John Wooden estava mais feliz, mais seguro e mais otimista
do que nunca. Digo isso sem nenhum cinismo e sem uma gota sequer de
ressentimento, absolutamente nenhum ciúme ou inveja. Ele ainda é o mesmo
professor, a mesma força positiva, aquele que um dia gostaríamos de ser, só que
cada vez melhor”.
Escolhido “Treinador do Século” pela ESPN, o treinador Wooden aparece como
jogador e técnico no Hall da Fama do basquete. Também é escritor, tendo escrito
sua autobiografia, alguns livros de autoajuda, incluindo A Life- time of
Observations and Reflections On and Of the Court, e o livro infantil Inch and
Miles: The Journey to Success. Uma figura paterna para muitos, Wooden foi
escolhido “Pai do Ano da Califórnia” e “Avô do Ano da Califórnia” pelo Comitê
Nacional do Dia dos Pais. No ano seguinte, foi escolhido “Pai Esportista do Ano
da Califórnia”. Um verdadeiro herói nacional, John Wooden é um exemplo de
sucesso e conquistas.
Meditarei nos teus preceitos e darei atenção às tuas veredas. Salmos 119.15
*
Pais de influência dão aos filhos preceitos a serem seguidos.
Martinho Lutero
1483–1546
Pai De todos os Protestantes. Apesar de ser originariamente estudante de direito,
Martinho Lutero tornou-se monge, estudou as Escrituras e começou a pregar a
salvação por meio da fé em Cristo, inspirando a Reforma Protestante.
Martinho Lutero, nascido e criado na Alemanha, aprendeu desde cedo, com a
estrutura religiosa, que era observado por um Deus grande e justo, poderoso o
suficiente para fazer um raio atingir um menininho por causa de um pecado.
Lutero acreditava que, não importava quão reta fosse sua vida, aos olhos de
Deus ele seria sempre um pecador. Aprendeu cedo que a Virgem Maria e os
santos poderiam perdoar seus pecados.
Anos depois, esse fardo ainda pesava sobre sua alma. A Peste Negra devastava a
Europa. Milhões haviam morrido, e os vivos se perguntavam o que Deus estava
fazendo e em que estaria pensando. Certo dia, na época que cursava a
Universidade de Erfurt, Lutero caminhava próximo à vila de Stotternheim,
durante uma tempestade, quando foi atirado ao chão pelo estouro de um trovão e
a queda de um raio. Temendo por sua vida, gritou: “Ajude-me, Santa Ana, e eu
me tornarei monge imediatamente! ”. Enquanto a chuva ainda caía, Lutero
ergueu-se e descobriu que não estava ferido. Quando chegou à casa de seus
amigos, contou-lhes da promessa feita a Santa Ana. Os amigos pensaram que
estivesse brincando. Mas Lutero não hesitou. “Fiz a minha escolha. Vou para um
monastério”.
O pai de Lutero, Hans, percebeu que o filho tinha talento e queria que ele
recebesse uma boa educação. Hans trabalhou arduamente, primeiro como
agricultor, depois como mineiro de carvão. Lutero começou a estudar na escola
da catedral quando tinha 7 anos. Era um lugar triste, em que os meninos se
sentavam em salas escuras, frias e sujas, fazendo as tarefas de um professor que
não se importava se aprendiam ou não. Às vezes, os professores aplicavam
corretivos físicos nos meninos por pequenas infrações. Enquanto Lutero lutava
para aprender latim, matemática e grego, o trabalho de seu pai nas minas
começava a dar frutos. Hans começou a fazer planos. Queria ter o seu próprio
forno de fundição e planejava um futuro brilhante para o filho Martinho.
Lutero familiarizou-se com a vida monástica quando entrou para uma escola de
nível razoável, dirigida por monges franciscanos. Foi um tempo feliz. John
Reinicke, um bom amigo de Lutero, ali se juntou a ele. Quando Lutero fez 18
anos, matriculou-se na Universidade de Erfurt. O pai estava orgulhoso do filho e
feliz por poder dar-lhe apoio. Os fornos estavam dando bons lucros, e parecia
cada vez mais possível que Lutero segue uma carreira em direito. Durante o
primeiro ano, Lutero esmerou-se em tocar alaúde e estudou literatura e filosofia
romana. Ganhou o apelido de “o filósofo”.
A primeira inclinação de Lutero de seguir uma vida de pregações veio durante
esses anos na faculdade. Ele caiu e machucou o pé. Apesar de um médico cuidar
da ferida, Lutero ficou gravemente doente e esteve à beira da morte. Enquanto
tremia por causa da febre alta, um pastor veio e sentou-se em silêncio a seu lado.
Lutero abriu os olhos, e o pastor disse que se alegrasse, pois não iria morrer. O
pastor também lhe disse que Deus faria dele um grande homem, que traria
conforto a muitas pessoas. Lutero se recuperou, estudou com afinco e, no final
do primeiro ano, obteve o título de bacharel.
Ao continuar os estudos em um nível mais avançado, Lutero descobriu a Bíblia.
Acorrentado ao púlpito, o livro estava quase intocado. Mesmo os estudantes de
religião não eram encorajados a lê-lo. Lutero, porém, abriu-o e ficou fascinado
com o que leu, mesmo estando em latim.
Lutero concluiu o mestrado, mas seu pai ainda queria que ele estudasse direito.
De fato, durante a graduação, o pai lhe deu de presente uma coleção cara de
livros de direito, incluindo o Corpus Juris, ou “Corpo da Lei”. Contudo, os
objetivos de Lutero eram outros. Ele abandonou os estudos de direito e entrou
em um monastério agostiniano em Erfurt.
Durante um ano inteiro, estudou e orou até que estivesse pronto para celebrar sua
primeira comunhão. Lutero convidou o pai e ficou felicíssimo quando Hans
disse que iria. Naquele tempo, Hans havia se tornado um homem importante na
vila, um dos Vierherren, os Quatro Cidadãos, que representavam seus
concidadãos no conselho da cidade. Os fornos estavam indo bem. Hans possuía
então pelo menos seis minas e duas fundições. Seguiu para o monastério como
um homem de posses, em companhia de 20 cavaleiros. Fez, inclusive, uma
contribuição financeira para o monastério.
Lutero tentava desesperadamente alcançar a simpatia de Deus no monastério,
por meio de jejum, boas obras, autoflagelações, orações e peregrinações.
Tornou-se um homem emaciado e deprimido. Quanto mais tentava agradar a
Deus, mais se tornava consciente de sua condição de pecador. Os outros monges
odiavam vê-lo tão angustiado, de modo que recomendaram-lhe buscar uma
carreira acadêmica que o distraísse de tantas ruminações. Lutero foi ordenado
padre e começou a ensinar teologia na Universidade de Wittenberg, até receber o
doutorado em teologia.
No monastério, Lutero finalmente recebeu sua própria Bíblia, encadernada em
couro vermelho. Nada que tivera recebido antes na vida havia significado tanto
para ele. Lutero considerava a vida do apóstolo Paulo cheia de sentido. Ficava
maravilhado por um homem tão orgulhoso e letrado ter se aproximado de Cristo
apenas por causa de sua fé. Usando seus conhecimentos de direito, Lutero
percebeu que ninguém poderia comprar sua entrada para o paraíso. Em vez
disso, o perdão e a aceitação de Cristo só viriam por meio da fé.
Ao estudar e pesquisar a Bíblia, começou a questionar o uso de termos como
penitência, retidão e indulgência, usados pela Igreja Católica Apostólica
Romana. Convenceu-se de que a Igreja havia perdido a verdade primordial da
justificação apenas pela fé. Com base em seu conheci- mento de direito, Lutero
começou a fazer a distinção entre a Lei e o Evangelho, uma distinção que,
segundo cria, a Igreja de seus dias não reconhecia, e que era a raiz de seus
muitos erros teológicos.
Os escritos e ensinamentos de Lutero tornaram-se tão controvertidos que o papa
expediu-lhe uma bula papal, um documento oficial da Igreja, informando que
corria o risco de excomunhão se não fizesse uma retratação formal. Em 3 de
janeiro de 1521, o papa Leão x excomungou Martinho Lutero. Entretanto, seus
amigos evitaram a execução do banimento. Lutero foi convocado a renunciar a
seus pontos de vista ou reafirmá-los e obter a garantia de uma salvaguarda pelo
imperador Carlos V na Dieta de Worms (uma assembléia ou “dieta” de membros
da nobreza, do clero e de plebeus na pequena cidade de Worms). O livro Martin
Luther diz que a Lutero foi perguntado claramente: “Vais rejeitar os seus livros e
os erros que eles contêm? ”. Ele respondeu: “A menos que eu seja convencido
pelas Escrituras e a razão pura – não aceitarei a autoridade de papas ou concílios,
pois contradizem um ao outro –, minha consciência é escrava da Palavra de
Deus. Eu não posso e não vou me retratar, porque ir contra sua própria
consciência não é nem certo nem seguro”. Ele manteve sua posição, convencido
de que não dispunha de nenhum outro recurso e de que nada mais havia a ser
dito. Em seu pronunciamento, Lutero entregou-se à misericórdia de Deus.
Surpreendentemente Lutero escapou de Worms, mas foi declarado fora-da-lei, e
todos os seus livros foram banidos.
Ao longo de sua vida e de seu trabalho, Lutero enfatizou que uma pessoa é salva
pela misericordiosa bondade de Deus por meio da obra de Cristo, e não por
nenhum esforço humano. Foi ele quem escreveu o amado hino “Castelo Forte É
Nosso Deus”, inspirando cânticos congregacionais praticados por igrejas de
todas as partes nos dias de hoje. Além disso, o seu casamento, que gerou filhos,
reintroduziu a prática do casamento clerical. (O casamento ainda é proibido aos
padres católicos.) Tradutor da Bíblia, Lutero encorajou o homem comum a ler
as Escrituras e a descobrir por si mesmo a mensagem de vida e fé em suas
páginas. Hoje, cerca de milhões de cristãos afirmam pertencer a igrejas luteranas
de todo o mundo, e outros milhões e milhões de protestantes e evangélicos
remontam sua história à obra reformadora de Lutero.
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom
de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2.8,9
*
Pais de influência ensinam aos filhos que a salvação só vem por meio da fé em
Cristo.
Thomas Lincoln
1778–1851
Abraham Lincoln. Thomas Lincoln mudou-se com toda a família para outro
Estado porque se opunha à escravidão, ensinando a seu filho, Abraham, décimo
sexto presidente dos Estados Unidos, a valorizar a liberdade para todos acima de
tudo.
Nos campos do condado de Hardin, no Kentucky, Thomas Lincoln cuidava de
sua fazenda. Nascido na Virgínia, Thomas mudou-se, ainda criança, com a
família para o Kentucky (então parte integrante da Virgínia). Ali, em uma
pequena cabana da fazenda próxima a Hodgenville, Nancy, sua mulher, deu à luz
um filho, a quem o casal deu o nome de Abraham, em homenagem ao avô.
Antes que Abraham completasse 2 anos de idade, a família se mudou para outra
fazenda no Kentucky. As mudanças, entretanto, ainda não haviam acabado.
Abraham, aos 7 anos, já mostrava ser uma criança inquisitiva, com sede de
conhecimento, quando a família atravessou o rio Ohio em direção a Indiana.
Thomas era abertamente contrário à escravidão e sentiu que teria melhores
oportunidades de ser bem-sucedido em um Estado que proibisse essa prática.
O jovem Abraham aprendeu com o pai sobre a escravidão e suas implicações e
observava-o com atenção enquanto este permanecia firme em sua convicção de
que todos os homens eram criados iguais. O sentimento de liberdade para todos
foi incutido em Abraham desde a tenra idade, e ele o manteve por toda a vida.
Apenas um ano após a mudança, a mãe de Abraham morreu por envenenamento
acidental, e a perda foi terrível para a família Lincoln. Tho- mas voltou para o
Kentucky em busca de uma nova mulher, e lá encontrou Sarah Bush Johnston,
uma viúva a quem conhecia desde antes do casamento com a primeira esposa.
Thomas e Sarah se casaram, e o jovem Abraham ganhou uma nova mãe.
Abraham trabalhava na fazenda do pai, o que lhe deixava pouco tempo para a
escola. Ainda assim, adorava ler e, encorajado pela madrasta, caminhava muitos
quilômetros para pegar livros emprestados.
Em 1828, aos 19 anos, Lincoln deixou a fazenda da família e foi vender artigos
para agricultura em Nova Orleans. Voltou por um tempo antes de partir
novamente, para explorar o mundo.
Residente em New Salem, depois de perder sua primeira eleição para a
Assembléia Legislativa de Illinois, e fracassar como dono de mercearia, passou
por tempos ainda piores quando se apaixonou por Ann Rutledge, que morreu
antes que um relacionamento sério pudesse ser construído. Lincoln foi
finalmente eleito para a Assembléia Legislativa, e, depois de muito estudo,
recebeu uma licença para advogar. Trabalhou como advogado dentro e fora de
Illinois, até ser eleito presidente em 1861.
O serviço público chamou-o novamente, e em 1846 Lincoln foi eleito pelo
Partido Whig para a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. A princípio,
Lincoln escondeu suas ideias sobre liberdade e busca da felicidade para todos
quando se opôs ao ataque do presidente Polk ao México, durante a Guerra do
México.
Em 1854, Lincoln enfrentou Stephen Douglas e começou uma discussão política
que duraria seis anos. Em seu discurso, Lincoln moldou e articulou suas opiniões
sobre escravidão e liberdade ao falar sobre a dúvida de se um negro era ou não
um homem. Se os negros fossem homens, então a redação da Declaração de
Independência, que diz que todos os homens foram criados iguais e têm direito à
vida, à liberdade e à busca da felicidade, se aplicava a eles. Esse discurso atraiu a
atenção do Partido Republicano, que percebeu que Lincoln poderia ser um de
seus políticos mais poderosos.
Em 1858, Stephen Douglas tentou a reeleição para o Senado, e o Partido
Republicano indicou Abraham Lincoln para enfrentá-lo. Lincoln deixou sua
posição contra a escravidão ainda mais clara quando citou as Escrituras. Disse
ele: “Uma casa dividida contra si mesma não pode continuar de pé. Acredito que
este governo não pode continuar permanentemente meio escravo e meio livre.
Eu não espero que a União seja dissolvida – eu não espero que a casa caia –, mas
espero, sim, que ela não mais se dívida. Ela vai se tornar uma só coisa, ou todas
as outras”. Milhares de pessoas acorreram aos debates, que duravam três horas
ou mais. Os debates tinham um foco: a escravidão. Lincoln perdeu a eleição,
mas selou sua posição como porta-voz do Partido Republicano e tomou gosto
pela política nas altas esferas.
Em 1860, Lincoln venceu a eleição para presidente, semeando medo nos Estados
do Sul. Eles temiam que Lincoln tentasse acabar com a escravidão.
Antecipando-se a isso, os Estados do Sul começaram a secessão da União para
formar os Estados Confederados da América. Mesmo antes de assumir o cargo,
Lincoln enfrentou uma crise nacional – a dissolução do país para o qual ele fora
eleito para governar. Em seu discurso de posse, citado na biografia Abraham
Lincoln: America’s 16th President, o presidente disse aos Estados do Sul: “Não
somos inimigos, mas, sim, amigos. Não devemos ser inimigos. Por mais que a
paixão tenha aflorado, não devemos romper nossos laços de afeto”.
Quando as tropas confederadas atacaram o forte Sumter, controlado pela União,
em Charleston, na Carolina do Sul, a Guerra de Secessão começou. O Norte
pensava que o Sul deveria receber uma lição e, com sua superioridade industrial
e em homens, também pensou que a guerra acabaria em poucas semanas. Como
se sabe, a guerra durou quatro anos, com um número indizível de mortos e
feridos. Grandes batalhas ocorreram em Vicksburg, no Mississippi; em Atlanta,
na Geórgia; em Petersburg e Richmond, na Virgínia; e em Gettysburg, na
Pensilvânia.
Lincoln tomou sua medida mais concreta pela liberdade e contra a escravidão ao
expedir a Proclamação de Emancipação em 1o de janeiro de 1863. O documento
declarava que os escravos na Confederação estavam “livres para sempre”.
Ironizando a ação, os Estados do Sul pouco fizeram para pôr a lei em vigor.
Em Gettysburg, Lincoln aceitou um convite para participar da inauguração do
cemitério da cidade. Em dois minutos, descreveu de forma sucinta e brilhante a
luta que os Estados Unidos enfrentavam e a luta que ele liderava. Proferiu o que
é conhecido hoje como o “Discurso de Gettysburg”: “Que todos nós aqui
presentes solenemente admitamos que esses homens não morreram em vão; que
esta nação, com a graça de Deus, venha a gerar uma nova liberdade; e que o
governo do povo, pelo povo e para o povo jamais desaparecerá da face da
Terra”.
Na eleição seguinte, a nação estava vergada sob o peso da guerra. Os
republicanos não acreditavam que Lincoln conseguiria se reeleger. Apesar de seu
adversário ter recebido 45% dos votos populares, Lincoln conseguiu o segundo
mandato.
Em janeiro de 1865, Lincoln introduziu a décima terceira emenda à
Constituição, que oficialmente abolia a escravidão nos Estados Unidos. A
emenda foi aprovada na Câmara e no Senado, ainda que não tivesse entrado em
vigor até ser ratificada, em dezembro de 1865, mais de sete meses após o
assassinato de Lincoln.
Durante o seu segundo discurso de posse, em março daquele ano, Lincoln
novamente proferiu um bálsamo verbal, em um esforço para curar as feridas da
nação. Disse ele: “Sem ódio contra ninguém, mas com benevolência para com
todos, apoiando-nos firmemente sobre o direito que Deus nos deu de
compreender o que é justo, esforcemo-nos por prosseguir a tarefa que nos foi
atribuída de limpar as feri- das da nação, de cuidar daqueles que sofreram os
rigores do combate, das viúvas e dos órfãos, para fazer tudo o que possa apressar
a vinda de uma paz justa e duradoura na nossa terra e nas outras nações”.
Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade. 2Coríntios 3.17
Dois mecânicos simples e modestos, com não mais que o diploma do ensino
médio, receberam apoio, força, inspiração, encorajamento, fé e domínio próprio
do pai, o bispo Milton Wright. Graças às qualidades dele, a juventude ideal
permitiu aos irmãos que se despissem de qual- quer pretensão que pudesse
dispersá-los de sua busca do voo controlado. O bispo Milton Wright criou os
filhos de maneira correta, escreveu-lhes sempre e os encorajou a voar a grandes
alturas.
*
Pais de influência sempre se comunicam com os filhos.
John Osteen
1921–1999
Joel Scott Osteen. John Osteen saiu da pobreza para ser pastor da Igreja
Lakewood, em Houston, no Texas. Depois da morte de John, e sob a liderança de
seu filho Joel, Lakewood se tornou a maior igreja dos Estados Unidos e a
congregação que mais cresce, com uma média de 46 mil fiéis adultos a cada fim
de semana.
Pastor da Igreja Lakewood, em Houston, no Texas, Joel Osteen pode estar
vivendo agora a melhor fase de sua vida, mas durante sua infância os tempos
foram difíceis. Seu próprio pai, John, também pastor, mal tinha comida para se
sustentar, mas, ainda assim, durante os cultos especiais recebia os ministros
convidados em sua casa por até uma semana. Em certo domingo, durante uma
dessas semanas, um homem de negócios da igreja aproximou-se do pastor John
Osteen e deu a ele algum dinheiro para despesas pessoais, a título de ajuda.
Estendeu-lhe um cheque de mil dólares, o que deve significar quase 10 mil
dólares nos dias de hoje.
John ficou perplexo com o gesto de generosidade do homem, mas era tão
limitado em seu pensamento, na época, que ficou segurando o cheque pela
borda, como se pudesse ficar contaminado se o apertasse com mais força. Disse
ao homem que não poderia jamais aceitar aquele dinheiro e insistiu em que
aquele valor fosse doado à igreja.
Deus estava tentando dizer ao pastor Osteen que queria algo melhor para ele. Por
mais que Deus não tenha a intenção de que seus servos sejam controlados pelo
dinheiro, ele deseja conceder bênçãos e prosperidade àqueles que vivem na fé e
em obediência.
Esta era a lição que John ainda aprenderia e depois ensinaria ao filho Joel. Este é
o tipo de pensamento positivo e próspero que ele deixou para o filho, que agora
lidera a maior igreja dos Estados Unidos e a que mais cresce.
Em seu livro Your Best Life Now, Joel Osteen escreve sobre o começo humilde
de seu pai. John Osteen foi criado em uma família pobre de colhedores de
algodão no Sul, durante a Grande Depressão. Aos 17 anos, John entregou seu
coração a Cristo.
Depois de ser ordenado, inicialmente, como pastor batista do Sul, John Osteen
recebeu o que descreveu como o batismo no Espírito Santo em 1958. Essa
experiência deu energia à sua pregação e o transformou em uma voz sem
fronteiras para Jesus Cristo. Ele começou a viajar por todo o mundo, levando
uma mensagem positiva sobre o amor, a cura e o poder de Deus a pessoas de
todas as nações. No Dia das Mães de 1959, John Osteen organizou a Igreja
Lakewood, em Houston, Texas, amplamente conhecida como “O oásis do amor
em um mundo turbulento”.
Quando John Osteen começou a pregar, não era um estudioso experiente da
Bíblia. Na verdade, ninguém em sua família havia sido um líder da igreja ou
professor da Bíblia. Este déficit assumiu um tom bem-humorado quando John
pregou um sermão inteiro sobre Sansão, para só depois perceber que havia
chamado o herói da história de “Tarzan”.
Ao longo dos anos, John Osteen melhorou suas pregações e foi capaz de
transformar a Igreja Lakewood em uma instituição com cerca de 6 mil membros.
A igreja administrava uma pregação ativa pela televisão, cruzadas, conferências,
apoio missionário e distribuição de alimentos. Ele cunhou o lema de sua
congregação: “Sem limites”.
O sucesso de John muitas vezes se traduzia em benesses para seu filho Joel. Em
seu livro, Joel escreveu: “John Osteen, meu pai, era respeitado e tinha muita
influência em nossa comunidade. Muitas vezes, as pessoas me faziam o bem
simplesmente porque amavam o meu pai. Uma vez, quando eu ainda era
adolescente, fui parado por um policial por dirigir rápido demais. Tinha acabado
de tirar a carteira de motorista e fiquei extremamente nervoso quando vi aquelas
luzes piscando atrás de mim, e depois o policial de aparência ameaçadora me
olhando pela janela do carro. Entretanto, quando viu minha carteira e percebeu
que eu era filho de John Osteen, ele sorriu para mim, como se fôssemos velhos
amigos, e me deixou ir apenas com uma advertência. A questão é, como se pode
ver, que recebi tratamento preferencial não por minha causa, mas por causa de
meu pai”.
Em 1999, Joel subitamente se viu face a face com o favorecimento e a
responsabilidade. Seu pai desenvolveu pedras nos rins e teve de passar por
sessões de hemodiálise. Em seguida, um marca-passo foi implantado em seu
peito. Pouco tempo depois, Joel e cristãos de todo o mundo sofreram ao ver John
enfrentar outras complicações até morrer de ataque cardíaco. Foi um tempo
difícil, mas Joel, apesar de só ter feito um sermão em toda a sua vida até uma
semana antes da morte do pai, sucedeu-o como pastor da Igreja Lakewood em 3
de outubro de 1999.
Joel escreveu em Your Best Life Now: “Quando papai faleceu em 1999, e eu o
substituí como pastor da Igreja Lakewood, em Houston, as pessoas se
achegavam a mim e perguntavam: ‘Joel, você realmente acha que pode
continuar? Você acha que pode manter a chama acesa? Você tem uma
responsabilidade imensa pela frente’. Eu sabia que Deus não queria que uma
geração brilhasse e a seguinte caísse na obscuridade. Eu sabia que não precisava
substituir meu pai. Apenas tinha de ser eu mesmo. Ser aquele que Deus me fez
ser. Eu acredito que posso fazer ainda mais do que meu pai”.
Tudo posso naquele que me fortalece. Filipenses 4.13
O próprio Lewis era um jovem com força e clareza de visão, que herdou do pai o
foco e o ímpeto. Lewis era um observador astuto, e o pai o convidou a falar com
o presidente porque o filho foi testemunha ocular da dificuldade que os negros
tiveram nos meses que se seguiram ao final da guerra. Como soldado da União,
Lewis foi para o Norte, ao terminar o seu tempo de serviço, e escreveu estas
palavras para o pai, como consta na biografia Frederick Douglass, de Wil- liam
S. McFeely: “Os brancos farão tudo o que puderem para evitar que os negros
avancem. Parece haver um acordo entre os brancos para evitar que os negros
comprem terras. Longos trechos de bosques que os brancos nunca vão usar ou
vender para os negros estão improdutivos e sendo desperdiçados. Existem
muitas pessoas de cor que comprariam terras se os brancos vendessem”.
Frederick apoiou a decisão do filho de procurar um emprego que pagasse pouco,
fora da jurisdição das uniões negras. Com o final da guerra, Lewis procurou
trabalho meses a fio e não encontrou nenhum.
Lewis teve de aceitar um trabalho que pagasse pouco para poder sobre- viver.
Frederick, por sua vez, denunciou empresas que pagavam bem, mas que se
recusavam a dar emprego a jovens de bom caráter simples- mente porque eram
negros. Disse aos acusadores de seu filho que não é crime permanecer vivo. Os
dois Douglass aprenderam que a ascensão social viria muito lentamente.
Também sabiam que o isolacionismo de instituições sociais americanas
advogado pela união negra não seria produtivo para a causa da igualdade dos
negros.
No total, Frederick Douglass e Anna Murray, sua mulher livre, tiveram cinco
filhos: Rosetta, Lewis, Frederick, Charles e Annie. Toda a família Douglass
sabia o que estava em risco naquele momento precário da história americana. Ao
morrer, aos 77 anos, Frederick Douglass havia testemunhado enormes mudanças
para os negros ao longo da vida. E, ao levar Lewis consigo em importantes
reuniões e defendê-lo durante as lutas, reforçou as poderosas crenças do filho e
deu a todos um exemplo cristalino sobre como viver, não em servidão, mas
como pessoas livres.
*
Pais de influência ensinam os filhos a viver como homens e mulheres livres.
Harry S. Truman
1884–1972
Margaret Truman. O 33º presidente dos Estados Unidos mostrava-se como uma
figura tranquila, calma e protetora, dando confiança à nação no final da Segunda
Guerra Mundial e no começo da guerra fria. O mesmo comportamento garantiu
um ambiente estável para sua única filha, Margaret.
Em setembro de 1948, Harry S. Truman, sua mulher, Bess, e a filha, Margaret,
cruzavam a planície do Kansas a bordo do último vagão do trem presidencial, o
Ferdinand Magellan. No dia seguinte, Harry faria um pronunciamento
importante em Denver, lutando para manter a posição de candidato democrata à
presidência na eleição presidencial vindoura. Apesar de politicamente o papel de
Truman ter sido tenso e precário, domesticamente tudo estava muito sereno.
Ao longo do caminho, o maquinista fazia o trem andar a toda. Talvez alguém
tivesse dito ao maquinista que não corresse o risco de se atrasar, mas, sob todos
os aspectos, os Truman estavam viajando numa velocidade alta demais. Harry
olhou para o velocímetro na parede e disse a Margaret: “Olhe aquilo”. O
marcador mostrava 170 quilômetros por hora. Apesar de Margaret ter corrido
para a janela a fim de ver o campo borrado pela velocidade, Harry franziu o
cenho. Perguntou à filha: “Você sabe o que vai acontecer se o maquinista tiver de
frear de repente? ”. Truman continuou: “Vai transformar os 16 vagões entre nós e
a locomotiva num monte de ferro retorcido”. E finalizou: “Não diga nada a sua
mãe. Não quero que ela se preocupe”.
Truman chamou o secretário de imprensa e pediu-lhe que dissesse ao maquinista
que fosse mais devagar. Disse que não precisavam chegar a Denver tão rápido e
que viajar a 130 quilômetros por hora já seria sufi- ciente.
Essa liderança calma, quase inabalável, mostra quem era Harry S. Truman dentro
e fora da Casa Branca. Seus ajudantes, o povo americano e, especialmente, sua
família se beneficiavam desse estilo confiante.
Margaret mostra o temperamento do pai na biografia Harry S. Truman. “Em
casa, ele raramente levantava a voz, nunca usava linguagem chula ou profana, e
evitava discussões a todo custo. Não estou dizendo que papai nunca tenha
perdido a paciência, ou que nunca tenha falado dura- mente com um homem.
Mas era muito, muito incomum que ele pensasse que as circunstâncias o
obrigavam a isso. Noventa e nove por cento das vezes, ele preferia o papel do
calmo pacificador. A consideração constante pelos outros e a total falta de
egoísmo com a qual papai conduzia os assuntos diários da Casa Branca eram a
verdadeira fonte da enorme lealdade de todos à sua volta. Para ele, humildade
significava nunca dourar a própria pílula, nunca pedir crédito em público por
algo que tivesse dito ou feito e, acima de tudo, nunca se considerar melhor, mais
esperto ou mais forte que os outros”.
Na mesma parada, Margaret tomou para si a tarefa de puxar o freio de
emergência localizado na plataforma externa nos fundos do último vagão para
evitar um engavetamento quando o trem tivesse de parar na estação. Truman
deu-lhe uma reprimenda em voz baixa e disse-lhe que ela pode- ria ter causado
pânico à multidão.
Truman mostrou sua preocupação com as pessoas quando o Ferdinand Magellan
assustou um cavalo que estava sendo conduzido em meio à multidão. O
cavaleiro não estava conseguindo controlar o animal, deixando em perigo
aqueles que estavam a pé. Enquanto os funcionários da Casa Branca e os agentes
do serviço secreto imaginavam o que fazer, Truman desceu da plataforma
traseira do trem, caminhou até o animal agitado e segurou as rédeas. Truman
disse ao homem que ele tinha um belo cavalo. Então, calmamente, entregou o
animal a um dos agentes do ser- viço secreto, que o levou para longe da
multidão.
Truman também mostrou grande preocupação com as pessoas que trabalhavam
com ele. Disse à sua equipe que planejava viajar por todo o país em campanha,
parando em todas as estações ao longo do caminho. Acreditava que aquilo seria
um trabalho árduo para todos, mas não conseguia ver outra maneira de fazê-lo.
Ele sabia que aguentaria, mas temia que a jornada pudesse ser muito cruel para
os trabalhadores.
Depois de discursar em cada estação, Truman apresentava a mulher e a filha.
Bess era apresentada como “a chefe”, e Margaret, como “aquela que manda na
chefe. ” Essa maneira bonita, porém duvidosa, de Truman honrar as mulheres de
sua vida não agradava a Bess e Margaret, e elas tentaram fazer que ele parasse
com isso, mas não lograram êxito.
A maior preocupação de um pai é que algo aconteça a seus filhos, e a
preocupação que mais assombrava Truman era o temor de que sua filha fosse
sequestrada. Na década de 1930, quando era juiz, ele enfrentou a Ku Klux Klan
mais de uma vez, e a animosidade do grupo em relação ao juiz Truman era
grande no Missouri. Um dia, quando Margaret estava na primeira série, um
sujeito estranho apareceu na escola e disse à professora que estava ali para levar
Mary Truman para casa. Mary era o primeiro nome de batismo de Margaret, mas
todos que conheciam os Truman sabiam que ninguém a chamava desse jeito.
Sendo assim, a professora ligou para os Truman, e Harry mandou a polícia ao
local. Margaret não soube do incidente até ficar mais velha, mas, daquele dia em
diante, era o senhor ou a senhora Truman, ou algum tio ou tia disponível, quem
levava Margaret à escola e a trazia de volta.
Alegrem-se, porém, todos os que se refugiam em ti; cantem sempre de alegria! Estende sobre eles a tua
proteção. Em ti exultem os que amam o teu nome. Salmos 5.11
Esse jeito reservado e calmo de proteger os seus também ficou evidente em uma
das mais importantes decisões que o presidente Truman teve de tomar – a
angustiante decisão de lançar a bomba atômica no Japão para pôr fim à Segunda
Guerra Mundial. Durante uma palestra em 1965, Truman explicou as suas
razões: “Era uma questão de salvar centenas de milhares de vidas de americanos.
Eu não me importo de dizer a vocês que não me sentia nada bem ao ver garotos
americanos vivos, brincando e se divertindo enquanto eu estava fazendo o
planejamento de guerra. Isso partia meu coração, enquanto quebrava a cabeça
tentando achar uma maneira de salvar uma vida. Eu não poderia me importar
com o que a História diria sobre minha moral. Tomei a única decisão que poderia
tomar. Fiz o que achava certo”.
Harry S. Truman venceu as eleições presidenciais de 1948 pela menor margem
de votos de todos os tempos. Também serviu ao presidente Roosevelt durante
três anos, até sua morte em 1945.
Seus muitos feitos incluem o serviço como capitão durante a Primeira Guerra
Mundial, a manutenção de um orçamento militar justo e eficiente durante a
Segunda Guerra, a assinatura da participação dos Estados Uni- dos como
membro da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte], e a defesa da
Coreia do Sul durante a Guerra da Coreia. Foi um dos maiores defensores e
protetores dos Estados Unidos. Com seu charme simples e sua vontade de aço,
Truman sempre mostrou à sua equipe, ao povo americano e, especialmente, à sua
filha uma liderança cheia de confiança, trazendo a ela segurança durante tempos
de incerteza.
*
Pais de influência calmamente protegem os seus filhos.
James Alfred Wight
(James Herriot) 1916–1995
Jim Wight. James Herriot, veterinário escocês e escritor de sucesso, também
conhecido como Alf Wight, levava o filho, Jim, consigo nos atendimentos
domiciliares, incutindo nele o amor pelos animais e impelindo-o para sua própria
carreira também como veterinário.
Muito antes da publicação de All Creatures Great and Small e a sequência All
Things Bright and Beautiful, James Alfred “Alf ” Wight era um veterinário do
campo, simples e pobre. Costumava levar consigo os dois filhos, Rosemary e
James, e o cachorro, Danny, em atendimentos domiciliares, quando precisava
visitar uma fazenda com um animal doente. Não era só para ter esse tempo em
família entre pai e filhos, mas também porque as crianças tinham um papel
fundamental no trabalho. Eram muitas chamadas. As crianças abriam os portões,
carregavam equipamentos e, se estava escuro, carregavam o lampião enquanto
abriam caminho em meio à lama e à sujeira, subindo morros para chegar até os
animais que precisavam de cuidados. O grande amor que Alf tinha pelos animais
e seu entusiasmo pelo trabalho foram transferidos aos filhos, especialmente ao
jovem Jim.
Jim podia estudar o pai enquanto trabalhava e aprender todos os meandros da
medicina veterinária. O menino via como o pai era consciencioso e carinhoso no
atendimento a cada paciente. Jim gostava especialmente de olhar o pai cuidando
do nascimento de bezerros e ovelhas, procedimentos que o velho Wight
executava com extrema delicadeza. Alf Wight disse várias vezes ao filho que
fazer o parto de ove- lhas era o que mais gostava no trabalho. Em uma tarde, Alf
fez o parto de 16 ovelhas em três horas.
Na biografia do pai, The Real James Herriot, Jim Wight escreveu: “Meu pai
ficou muito feliz por eu ter demonstrado interesse em seu trabalho desde cedo,
mas ele tinha de ser muito paciente comigo. Grande parte da minha ajuda no
carro tinha valor duvidoso. Eu não parava de falar de fantasias, perguntando
coisas profundas, como: ‘Pai, o que é mais rápido: um trem mágico ou um carro
fantasma? ... Pai? ... PAI! ’ ”.
Se as crianças não se juntassem a ele, Alf tentava voltar para casa cedo, antes
que fossem para a cama. Gostava de contar, perto da lareira, histórias para
dormir, mesmo que tivesse enfrentado um dia longo e exaustivo. Os filhos
adoravam pregar peças no pai e, se ele ficasse agitado, ficavam cacarejando em
torno dele como galinhas velhas. Os três saíam para pescar, ou em longas
caminhadas com os cães, ou em passeios sem destino em busca de uma bela
vista. No verão, iam à praia. Quando o jovem Jim era adolescente, pai e filho
saíam para passear e “procurar hospedagem”, passando a noite em hospedarias
baratas para jovens. Os filhos de Wight sempre sentiram que o pai achava tempo
para eles.
James Alfred “Alf ” Wight tornou-se James Herriot ao começar a carreira de
escritor, já no fim da vida. Ele nunca se sentia confortável fazendo propaganda
de si mesmo por meio de suas histórias. Estas, apesar de baseadas em suas
próprias experiências, são pura ficção.
Então disse Deus: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança. Domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os
grandes animais de toda a terra e sobre todos os pequenos animais que se movem
rente ao chão”. Gênesis 1.26
Um amante do futebol, Alf Wight escolheu o pseudônimo James Herriot por
causa de um craque que ele gostava de ver jogar.
Jim quase perdeu o desejo de cursar veterinária aos 15 anos de idade. O pai
pediu ao adolescente que desse uma injeção em uma porca. Aterrorizado, Jim
enfiou a agulha na perna da porca, e o animal pulou de sua cama de palha
guinchando. Jim puxou a seringa, enquanto a agulha ainda estava encravada na
coxa da porca. O velho Wight reprimiu o filho por ter ficado com medo. Jim
rapidamente aprendeu a enfrentar feras ameaçadoras.
Rosie tornou-se médica, mas Jim Wight, nascido em 1943, seguiu os passos do
pai na Faculdade de Veterinária de Glasgow. Depois de ser for- mar em 1966,
começou a prática na clínica Sinclair e Wight, em Thirsk, trabalhando ao lado do
pai e de Donald Sinclair durante os vinte anos seguintes. Ao longo desse tempo,
a ajuda de Jim na prática permitiu que Alf tivesse tempo para escrever seus
romances.
Ainda que tecnicamente faça parte da clínica Sinclair e Wight, Jim Wight
também parou de atender para escrever, exatamente como seu pai. Mas nunca
perdeu o amor pelos animais, um amor nutrido e sustentado ao observar o pai e
juntar-se a ele no trabalho muitos anos atrás.
*
Pais de influência ensinam os filhos a cuidar dos animais.
Forrest Dale Bright
Data desconhecida
Dr. William “Bill” Bright. Fundador da Cruzada Estudantil e Profissional para
Cristo e produtor do filme Jesus, Bill Bright conseguiu organizar um dos maiores
empreendimentos evangelísticos do mundo por meio de trabalho dedicado e das
habilidades de liderança herdadas de seu pai, Dale.
Bill Bright e seus seis irmãos tiveram uma infância ocupada. Ele trabalhou
arduamente no rancho de 5 mil acres da família, próximo à cidade de Coweta, no
nordeste de Oklahoma. Duas gerações antes, o avô de Bill, Samuel Bright,
demarcara a terra durante a divisão dos territórios indígenas de Oklahoma.
Forrest, conhecido como Dale, manteve, com consciência e diligência, a
fazenda.
Conquanto Dale fosse um pai justo e fiel, foi a mãe de Bill, Mary Lee, quem
proporcionou ao filho a primeira educação religiosa. Ela dava o exemplo e
sempre lia a Bíblia e orava muito depois de os filhos irem para a cama. Aos
domingos, Mary Lee levava os filhos à igreja, enquanto Dale ficava discutindo
negócios e política com vários homens da cidade.
Ainda assim, Bill amava o pai e admirava suas habilidades. Dale domava os
cavalos e bois mais selvagens e tinha um grande talento para lidar com gado.
Dale também era capaz de entrar no curral e controlar uma horda de cavalos
selvagens.
Bill também admirava o avô Samuel, fundador do rancho e eleito prefeito de
Beggs, em Oklahoma. Samuel era destemido e popular. Era dono de uma casa
nova e impecável, que impressionou o jovem Bill (embora não fosse nenhuma
mansão para os padrões de hoje). Samuel era caloroso, divertido e simpático. Ele
comprava sorvete para Bill, um grande deleite naqueles tempos.
Juntos, Dale e Samuel conduziam os negócios com nada mais de concreto que a
palavra empenhada e um aperto de mão. Dale e Samuel eram muito prósperos.
Certa vez, Samuel tirou dinheiro do próprio bolso para ajudar alguns parceiros
cujo poço de petróleo havia secado. Em outra ocasião, Samuel recusou um
grande pagamento e optou por um valor que era apenas um terço da oferta
original. Com tanta integridade e honestidade, Bill sabia que tinha padrões muito
altos a seguir.
Bill também aprendeu sobre generosidade e compartilhamento com seu pai,
Dale. Durante a Depressão, quando a vida estava difícil para muitos, Dale
permitiu que outros fazendeiros e rancheiros usassem sua nova máquina
debulhadeira sempre que precisassem.
Na escola, Bill não era exatamente um bom aluno, mas amava os esportes acima
de tudo. Não demorou muito até que ele se contundisse. Quando ainda era
calouro do time de futebol americano, Bill perfurou o tímpano esquerdo quando
tentava bloquear um atacante gigantesco. Preocupado com o filho, Dale proibiu
que ele continuasse a praticar esportes. Isso deixou o menino desapontado, mas
deu a ele uma oportunidade de explorar novos interesses. Ele ajudou a organizar
um clube 4-H* em Coweta, e foi eleito presidente. Isso deu a Bill confiança para
assumir outras funções de liderança. Ele estudou teatro e oratória, conquistando
o primeiro lugar em oratória no Encontro Interestudantil de Tahlequah, em
Oklahoma. A liderança em outras organizações estudantis logo se seguiu.
Quando Bill formou-se no colégio, foi considerado o melhor aluno da região em
sua classe de 33 alunos.
Enquanto isso, Dale Bright trabalhou como presidente do Partido Republicano
no condado de Waggoner e fez arranjos para que os candidatos discursassem
enquanto visitavam a região. Bill atuou algumas vezes como mestre de
cerimônias desses eventos, nos quais teve a oportunidade de conhecer muitas
pessoas influentes.
Bill começou seus estudos na Northeastern State University, que ficava a seis
quilômetros e meio de sua casa. Ele tinha muitos objetivos: ser eleito presidente
de sua turma, tornar-se editor do livro anual da faculdade, e ser selecionado
como um dos estudantes de maior destaque da universidade. Conseguiu atingir
todas as metas. Depois de ter iniciado o curso preparatório para medicina, Bill
mudou de ideia e decidiu ser fazendeiro, obter o diploma de direito, comprar um
jornal e depois candidatar-se a deputado. Ele tinha um profundo desejo de ajudar
o próximo. Durante todo esse tempo, Bill continuava como o pai: um homem
humanista, materialista e autossuficiente.
No meio de seu primeiro ano de faculdade, os japoneses atacaram Pearl Harbor.
Bill queria juntar-se ao esforço de guerra, mas, sempre que tentava se alistar, era
recusado por causa de sua perfuração de tímpano. Com a ajuda do pai, tentou
apelar a Washington, mas não obteve sucesso. Desencorajado, Bill voltou para
casa a fim de ajudar o pai, assumindo muitas das funções ligadas à fazenda e ao
rancho. Final- mente, Bill imaginou que, se tentasse ir para a guerra por meio de
um escritório de recrutamento com muito movimento, talvez não percebes- sem
o seu problema. Assim, juntou suas coisas e rumou para o Oeste, para Los
Angeles.
Em sua primeira noite na cidade, Bill deu carona a um jovem. O rapaz
perguntou-lhe aonde pretendia ficar, e Bill respondeu que ainda não sabia. O
rapaz convidou-o para passar a noite onde morava, na casa dos Navegadores
[Navigators], um ministério evangélico. Naquela noite, Bill jantou na casa de
Dawson Trotman e travou contato com muitos cristãos inteligentes e bem
articulados. Bill participou da festa de aniversário de Dan Fuller, cujo pai,
Charles E. Fuller, era o fundador do Seminário Teológico Fuller. Depois da festa,
Bill passou a noite na casa dos Trotman e, na manhã seguinte, partiu para o
comitê de seleção de Los Angeles.
Novamente, foi reprovado no exame físico. Deprimido, rodou pela cidade em
busca de qualquer emprego e então começou a trabalhar no ramo de
alimentação. Apesar de às vezes trabalhar de dezoito a vinte horas por dia, Bill
ainda encontrou tempo para estudar teatro, fazer rádio amador nas manhãs de
domingo e andar a cavalo pelas colinas de Hollywood nas tardes dominicais.
Ainda assim, não havia percebido sua necessidade de encontrar Cristo.
Isso finalmente mudou quando os senhorios de Bill o convidaram a conhecer a
Primeira Igreja Presbiteriana de Hollywood. Ali, ele conheceu a Dra. Henrietta
Mears, e os dois tornaram-se amigos. Ela o apresentou a muitas pessoas
articuladas, de sucesso, que amavam Cristo. A personalidade dinâmica e o amor
dela por Deus eram contagiantes, e, um dia, Bill voltou para o seu apartamento
pronto para entregar sua vida a Cristo. Rapidamente foi eleito diretor da Escola
Dominical Presbiteriana de Hollywood para estudantes universitários e jovens
profissionais.
Bill orava para a salvação de seu pai desde o dia de sua própria conversão.
Convenceu os pais a participar de um encontro de reavivamento na Igreja
Metodista de Oklahoma e foi para casa a fim de participar dos encontros com
eles. Na terceira noite, Dale finalmente disse ao filho que estava pronto para
aceitar Cristo. Bill guiou o pai durante a oração do pecador, e, daquele dia em
diante, Dale tornou-se um homem completamente diferente.
Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada [...] se é exercer liderança, que a exerça
com zelo. Romanos 12.6,8
Depois da morte de Rabin, a CNN perguntou a Noa: “Como pro- mover a paz
em uma região que passa por guerras há séculos? ”. Noa respondeu: “Antes de
qualquer coisa, nunca deixando de ter esperanças e de sonhar com a paz. Em
segundo lugar, se fosse da maneira que você descreveu, como um país que
provavelmente nunca conhecerá a paz, então não haveria nada que esperar, não
faria sentido viver, não haveria amanhã. Acho que a função do Acordo de Oslo é
conduzir o processo de paz passo a passo, para construir uma confiança mútua –
primeiro entre os líderes, depois entre os povos, e, só depois disso, alcançar a
reconciliação. Acho que essa é a maneira correta de agir. Não se pode esperar
que a reconciliação aconteça do dia para a noite”. Noa continua a falar em nome
de sua geração, que está nas universidades promovendo a paz, inspirada pelo seu
avô, o pacificador Yitzhak Rabin.
*
Pais de influência ensinam os filhos a promover a paz.
Gadia Henry Mphakanyiswa
Data desconhecida–1930
Nelson Mande-la. Filho de um chefe tribal, Nelson Mandela nasceu de “sangue
real”. Depois de sofrer na prisão durante anos por causa das leis injustas do
apartheid, Mandela foi solto para se tornar presidente de toda a África do Sul.
O tataravô de Mandela foi o rei Ngubengcuka, chefe de todos os thembus,
quando a terra pertencia a eles e todos estavam livres da opressão chamada
apartheid. Seu pai, Gadla Henry Mphakanyiswa, era chefe por sangue e por
tradição, e foi confirmado como líder de Mvezo pelo rei da tribo thembu, que
fazia parte do clã Madiba. Como chefe, Henry tinha autoridade para aconselhar
os reis. Após a morte de Jongilizwe, na década de 1920, Henry foi consultado e
sugeriu que Jongintaba fosse proclamado rei com base no fato de que este havia
tido a melhor educação. Nelson Mandela traz a liderança no sangue.
Em 1918, quando o filho de Henry, Nelson, nasceu, recebeu o nome de
Rolihlahla, que em xhosa significa literalmente “arrancar o galho da árvore”,
mas cujo sentido coloquial é “encrenqueiro”. Henry tinha 13 filhos no total –
quatro meninos e nove meninas –, dos quais Mandela é o mais novo. Ele não
estava na linhagem para assumir o papel do pai como líder. Esse papel cabia a
seu irmão Daligqili, que morreu na década de 1930.
O nome “encrenqueiro” parecia também se aplicar a Henry, porque uma
contenda acabou tirando-o de seu papel de chefia. Como chefe, ele tinha de
prestar contas não só ao rei Jongintaba, mas também ao juiz local. Um dia,
Henry desafiou o juiz por causa de uma questão tribal relativamente trivial, um
comportamento considerado a maior das insolências. O juiz depôs Henry,
acabando com a liderança da família Mandela. Mandela escreveu em sua
autobiografia, A Long Walk to Freedom: “Meu pai tinha uma rebeldia orgulhosa,
um senso obstinado de justiça que reconheço em mim mesmo”.
Henry sempre contava aos filhos histórias sobre batalhas históricas e guerreiros
heroicos, lendas que passavam de geração a geração. Essas lendas aguçavam a
imaginação infantil de Mandela e geralmente traziam alguma lição moral.
Henry era amigo de dois irmãos do clã amaMfengu, de educação cristã. A
influência deles sobre a família fez Mandela ser batizado na igreja metodista e
frequentar a escola. Um dos irmãos chegou-se a Henry e disse a ele que seu filho
mais nova era brilhante e deveria ir para a escola. Henry, apesar de sua própria
falta de educação formal, concordou imediatamente. Deu então ao filho o
primeiro par de calças, para que Mandela fosse à escola. A essa altura do
aprendizado, orientado por professores britânicos, o jovem Rolihlahla recebeu o
nome cristão de Nelson.
Tempos depois, quando Mandela tinha 9 anos, Henry morreu subitamente por
causa de problemas no pulmão. Como Mandela se espelhava no pai em tudo, a
morte de Henry mudou sua vida em inúmeros aspectos. O chefe supremo
Jongintaba passou a cuidar de Mandela como se fosse um de seus próprios
filhos.
Mandela, porém, ainda guardava dentro de si muito do antigo nome,
“encrenqueiro”. O primeiro problema que criou foi desafiar boxeadores para
lutar com ele no ringue do Colégio Missionário de Fort Hare, um prestigioso
educandário em regime de internato para negros sul-africanos. Ali também se
envolveu em protestos estudantis contra a direção da instituição pelos brancos
colonizadores. Esse foi o começo de uma longa trajetória para a libertação
pessoal e nacional.
Mandela também enfrentou o establishment quando fugiu de um casamento
arranjado e, em vez disso, passou a trabalhar em um escritório de advocacia em
Johannesburgo. Ali, era exposto diariamente aos horrores e injustiças do
apartheid. Revolucionar o sistema mostraria ser uma bata- lha crescente. As
massas oprimidas estavam humilhadas pela submissão. A extensão geográfica do
país atrapalhava a comunicação e a mobilidade. As possibilidades de uma guerra
racial eram irreais e pavorosas. A não- violência tornou-se a arma de Mandela.
Ele se alistou na Liga Jovem do Congresso Nacional Africano (CNA) e se juntou
a programas de resistência passiva contra as leis que forçavam os negros a portar
passes e viver em uma posição de permanente servidão. O governo baniu todos
os movimentos de resistência, e Mandela foi preso e condenado a cinco anos de
prisão no presídio da ilha Robben, por causa de seu papel de liderança no
Congresso Nacional Africano. Na prisão, um guarda tentou obrigar Mandela a
correr. Mandela recusou-se e disse que, se o guarda encostasse um dedo nele, o
levaria à suprema corte, e o pro- cesso o atiraria na pobreza. O guarda desistiu.
Ainda na prisão, Mandela recusou a assumir o papel de vítima e continuou
estudando, lendo qualquer livro que lhe caísse nas mãos. Os cinco anos de prisão
se tornaram 27, mas a pressão internacional acabou levando à soltura de
Mandela. Em 2 de fevereiro de 1990, o presidente F. W. de Klerk revogou o
banimento do Congresso Nacional Africano e ordenou que Mandela fosse
libertado.
Fazendo o que é justo, direito e correto. Provérbios 1.3
*
Pais de influência dão aos filhos tempo e apoio financeiro para que possam
desenvolver seus talentos.
Increase Mather
1639–1723
Cotton Mather. O filho de Richard Mather e o pai de Cotton Mather, Increase
Mather deu a seu filho um nome de família cujo objetivo era torná-lo um
importante líder colonial, um escritor, um pastor e um erudito.
Na Nova Inglaterra dos séculos 17 e 18, o nome Mather era sinônimo de
extraordinária liderança espiritual e cívica. Cotton Mather era herdeiro da
nobreza e tinha uma árvore genealógica impressionante. Estava predestinado à
grandeza. Seu pai, Increase Mather, era um pastor reconhecido e um erudito
respeitado, profundamente religioso e extrema- mente inteligente. Foi dele o
primeiro doutorado em teologia na América. O pai de Increase, Richard, também
fora pastor no Novo Mundo e autor do primeiro livro publicado na América.
Quando seu filho nasceu, Richard deu-lhe o nome de Increase (que em inglês
significa “aumento”) por causa do grande aumento da liberdade e da boa sorte
que tivera na América. O avô materno de Cotton Mather, John Cotton, ajudou a
fundar a Igreja Puritana da Nova Inglaterra e foi o líder da igreja de Boston.
Juntos, os puritanos devotos e não-conformistas acreditavam que cada um
deveria buscar a Deus pessoalmente, sem a necessidade de um pastor. Por causa
disso, muitos puritanos foram presos e colocados em prisões por líderes
inquietos da Igreja da Inglaterra.
Portanto, quando Increase Mather e Maria Cotton, filha de John Cotton, tiveram
um filho, eles lhe deram o nome das duas famílias: Cotton Mather.
Durante toda a sua vida, Cotton Mather sentiria o peso da sua herança e da
responsabilidade de fazer jus ao nome, um encargo que cumpriu admiravelmente
bem.
Durante a sua infância, Cotton viveu na casa onde sua mãe nasceu, o lar original
de John Cotton. Ele lia os livros escritos pelos seus dois avós. A vida caseira era
repleta de amor, carinho, livros, orações, estudo e muitas histórias sobre a
família. Cotton frequentemente via seu pai passar até dezesseis horas por dia
trancado no seu escritório preparando os seus sermões, que pregava de forma
poderosa e persuasiva. Cotton também ouvia as discussões do pai e de outros
ministros puritanos sobre as questões governamentais da colônia.
Aos 12 anos, Cotton já conseguia ler o Novo Testamento em grego. Naquele
mesmo ano, ele se matriculou no Harvard College. Pensando em se tornar um
médico, se inscreveu em aulas de ciência e medicina. Cotton tinha apenas 15
anos de idade quando se formou em Harvard. Quase que pressentindo, o
presidente de Harvard, Urian Oakes, predisse a importância de Cotton e suas
contribuições para a sociedade.
Dois anos após se graduar, Cotton pregou naquela que fora a igreja do seu avô
materno. Na semana seguinte, também pregou na Second Church de Boston, ou
North Church, como era chamada, no púlpito de Richard Mather, seu avô
paterno. Cotton fez todos esses sermões apesar do fato de ter se livrado do seu
problema de gagueira pouco tempo antes.
Embora lhe tenha sido oferecida uma posição na igreja de New Haven, em
Connecticut, Cotton decidiu aceitar uma posição como assistente na igreja de seu
pai. Durante muitos anos, os dois tiveram uma forte relação de trabalho. Mais
tarde, Cotton se inscreveu para um mestrado em Harvard, enquanto seu pai,
Increase, aceitou o convite para se tornar presidente dessa instituição.
Tenham muito cuidado para que vocês nunca se esqueçam das coisas que os seus olhos viram [...]. Contem-
nas a seus filhos e netos. Deuteronômio 4.9
Atualmente tanto Dot como Jimmy se graduaram para o céu, mas o seu legado
permanece na vida de um dos mais influentes e respeitados líderes cristãos dos
Estados Unidos. No seu leito de morte, Jimmy repetiu incessantemente: “Tenho
de salvar mais um para Jesus. Tenho de salvar mais um para Jesus”. Rick diz que
essa cena ainda é vívida em sua mente e que as palavras do seu pai o motivam
todos os dias.
*
Pais de influência encorajam os filhos a promover, inspirar e motivar a
comunidade cristã.
John Eareckson
Data desconhecida
Joni Eareckson Tada. Apesar de ter ficado quadriplégica por causa de um
acidente de mergulho em 1967, Joni Eareckson Tada foi capaz de encontrar a
alegria e um objetivo, graças ao exemplo do seu pai, Johnny.
Com o mesmo nome do pai, mas soletrado no feminino o-n-i, Joni Eareckson
nunca teve a intenção de se tornar uma defensora de Cristo perante a
comunidade dos deficientes. Mas, no dia 30 de julho de 1967, sua vida deu uma
virada drástica e inesperada. Em um passeio com a irmã à baía de Chesapeake,
ela mergulhou em um local raso e sofreu uma fratura quase fatal na coluna.
Subitamente se viu lançada sem cerimônia em um universo difícil e
amedrontador.
Durante os primeiros meses de crise após o acidente, sua família ficou a seu
lado. Seu pai lia para ela enquanto permanecia deitada na cama de tração, e,
quando ela decidiu que queria ler por conta própria, ele construiu uma pequena
bancada fixada na cama, onde ela podia ler e virar as páginas com uma varinha
na boca.
O primeiro livro que Joni pediu a seu pai que lhe trouxesse foi a Bíblia. Estava
desesperada para compreender por que aquilo havia acontecido com ela e como
sua vida poderia ter algum significado sob tais circunstâncias.
Durante os momentos de ócio, ela passava o tempo relembrando os dias felizes
antes do acidente. Pensava especialmente no seu pai, que tivera de superar sua
própria deficiência. Ele fora um campeão nacional de luta romana e ganhara,
com honras, cinco vezes o campeonato da YMCA [Associação Cristã de
Moços]. Ele chegou a ser indicado para a equipe olímpica americana de 1932.
Durante uma de suas lutas, seu adversário agarrou e torceu sua perna de tal
forma que fez Johnny mancar pelo resto da vida. Mas isso nunca o desanimou
nem o desencorajou a se casar, trabalhar, criar uma família e ser atuante na
igreja.
Joni também sabia que seu pai, Johnny Eareckson, era um romântico incurável e
um artista criativo, mas também o tipo de pessoa que estava sempre atualizado
em relação aos novos avanços tecnológicos. Ele não tinha receio de trabalhos
fora do comum ou cansativos, e até buscava esse tipo de serviço para aprender
coisas novas. Johnny adorava cavalos, esculpir, pintar e reformar casas. Joni
também iria desenvolver um amor por cavalos e pela arte. Johnny foi um
marinheiro e mais tarde dono e gerente de um rodeio. Ele dava valor ao caráter
das pessoas, à alegria pessoal e ao crescimento espiritual. Era um homem que
amava a vida.
Johnny amava tanto a sua família que construiu a sua própria casa e começou o
seu próprio negócio de forração de assoalhos para que pudesse passar mais
tempo com eles. Gostava de levá-los para passeios a cavalo e viagens para o
litoral. Seus filhos aprenderam a esperar por uma aula de geografia, geologia e
sobre a fauna de todos os lugares novos que visitavam.
Joni não conseguia se lembrar de uma vez sequer que o pai tivesse perdido a
paciência. Ele era sempre afável. Nada e ninguém jamais o tiraram do sério.
Durante a infância, os filhos de Eareckson evitavam “magoar o papai”.
Deixavam de fazer certas coisas não porque fosse errado ou questionável, mas
sim para não ferir o pai.
Mesmo com uma pessoa como essa a seu lado, Joni sentia dificuldade em lidar
com a dura realidade da sua situação. Alguns meses após o seu acidente,
submeteu-se a uma cirurgia na coluna. Talvez tenha sido nesse momento que ela
percebeu a natureza permanente da sua lesão. Logo depois da cirurgia, ela pediu
a uma amiga que colocasse um espelho na sua frente. Então, pela primeira vez
após o acidente, viu os efeitos devastadores da lesão sobre o seu corpo. Viu dois
olhos escuros e vidrados. Viu seu corpo emagrecido que uma vez pesara 65
quilos e agora pesava apenas 40. Viu sua pela amarelada e sua cabeça raspada. E,
por fim, viu os seus dentes, enegrecidos por causa dos medicamentos. Sentiu
ânsias de vômito. Queria morrer. Chegou a implorar a seus amigos que a
ajudassem a cometer o suicídio. Mas eles não o fizeram. Não podiam.
Johnny trouxe um pouco de esperança para a sua filha quando insistiu em tirá-la
do hospital e levá-la para casa no Natal. Então, ele a levou para o Rancho Los
Amigos, um centro de reabilitação em Los Angeles especializado em
tratamentos fisioterápicos de ponta. Joni ficou animada. Sentia, afinal, que talvez
pudesse melhorar um pouco. Ela conseguiu aprender a mover os ombros e os
braços, mas nunca recobrou o movi- mento das mãos ou das pernas.
A cada passo para a frente, seguia-se um duro revés. Mas Johnny continuamente
reiterava à sua filha, com um brilho nos olhos e o rosto cheio de amor, que ele
faria de tudo para ajudá-la. Ele lhe disse que o seu legado não era aquilo que
fazia com as mãos, as casas e os móveis que construía, mas sim sua família,
especialmente sua filha. Ele a fez lembrar de que Deus sabia o que estava
fazendo. Lentamente, com o passar do tempo, ela foi ganhando a força e a
coragem para seguir em frente.
No final, Joni encontrou a alegria de viver e também um objetivo. Ela percebeu
que poderia ajudar pessoas que estavam passando pelas mesmas dificuldades que
tivera de encarar. Em 1979, Joni criou o ministério
Joni and Friends para propagar o evangelho e equipar igrejas pelo mundo todo a
evangelizar e fazer discípulos entre pessoas portadoras de deficiência. Ao longo
dos anos, ela tem pregado sobre a vida e a sua plenitude, fazendo-se ouvir e
oferecendo respostas cristãs para questões controversas que afetam os
deficientes. O amor e o encorajamento de Johnny Eareckson não apenas
ajudaram sua filha a tomar as rédeas da sua vida, mas também tocaram a vida de
inúmeras outras pessoas que foram auxiliadas pelo ministério dela.
Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável, tuas obras são maravilhosas! Digo isso com
convicção. Salmos 139.14
*
Pais de influência dão aos filhos um senso de valor e um propósito que lhes
serão úteis na adversidade e nos seus momentos mais difíceis.
Wendell Ball Colson
1899–1974
Charles W. Colson. Wendell Colson teve apenas um filho, Chuck, mas ele lhe
ensinou a trabalhar com afinco e saber a diferença entre o certo e o errado,
características que o ajudaram a superar o período mais sombrio da sua vida
para, então, escrever mais de 20 livros enquanto liderava o Prison Fellowship,
um ministério para presidiários e suas famílias.
Quando Chuck Colson era uma criança, sua família, que morava em
Massachusetts, se mudou temporariamente para um estábulo reformado, de pé-
direito muito alto. Os beirais estavam repletos de morcegos; por isso, Chuck e
seu pai se posicionaram nos caibros do telhado, desligaram as luzes e abriram
fogo com suas espingardas calibre 22. Acertaram muitos morcegos, mas alguns
caíram por entre as vigas do teto e foram parar nos aposentos abaixo, alarmando
os outros hóspedes do estábulo. Após escrever sobre o assunto em uma redação
na escola, o professor lhe deu um A e disse que ele deveria se tornar um escritor.
Chuck Colson só iria escrever um livro trinta anos mais tarde, quando estava na
prisão.
Escritor, adido presidencial de Richard Nixon, pensador cristão e fundador do
Prison Fellowship, Chuck Colson amava e valorizava o seu pai, que considerava
ser o seu melhor amigo e a maior influência em sua vida. Chuck daria crédito a
seu pai pela sua ética exemplar no trabalho e pelo seu senso do que era certo e
errado.
Quando Chuck Colson nasceu, em 1931, a Grande Depressão assolava a
América. Entretanto, a família Colson nunca passou fome porque Wendell
conseguiu manter o seu emprego em uma indústria alimentícia durante toda
aquela década. No começo da década de 1940, durante a Segunda Guerra
Mundial, Wendell se tornou um supervisor contra ataques aéreos. Ele era
responsável por lembrar os moradores do bairro de que deveriam fechar as
cortinas de suas casas para que os aviões inimigos não pudessem ver as luzes do
alto. O próprio Charlie foi de casa em casa a fim de coletar dinheiro para a
compra de um jipe para o Exército dos Estados Unidos.
Huck, como seu pai preferia chamá-lo, já disse que foi o seu pai que lhe
transmitiu todos os valores básicos e que ele era o exemplo de diligência,
dedicação ao trabalho e patriotismo. No livro Charles W. Colson: A Life
Redeemed, um dos contemporâneos de Wendell o definiu como “uma das
pessoas mais corretas que já conheci [...] um homem que se parecia com um
urso, adorável, e com uma paciência e uma calma maravilhosas”.
Wendell também tinha um grande senso de humor. Adorava pregar peças na
família. Chuck herdou essa característica e, na adolescência, se meteu em
enrascadas por colocar barbantinho cheiroso dentro de salas de cinema, ou
esconder bolas de neve dentro dos bonés dos condutores de trem.
Chuck também se maravilha com as conquistas acadêmicas do pai. No começo,
Wendell abandonara o ensino médio para sustentar sua mãe viúva, mas mais
tarde ele fez um curso à noite para se tornar um CPA [Certified Public
Accountant – um contador público certificado pelo governo). Levou doze anos
para ser credenciado. Quando Chuck tinha 8 anos de idade, viu o pai, trajando a
roupa de formatura, receber o seu diploma da Northeastern Law Scholl. Mais
tarde, Wendell matriculou seu filho na Browne & Nicols, uma reconhecida
escola particular em Cambridge, Massachusetts.
Embora tenha sido aceito em Harvard, Chuck optou por estudar na Brown
University e conseguiu o seu diploma pela George Washington University, indo,
logo em seguida, servir na Marinha dos Estados Unidos. No final da década de
1960, ele se tornou um valioso ajudante do presidente Richard Nixon – leal até a
morte. Com sua feroz fidelidade ao presidente, ele diria ou faria qualquer coisa
para proteger seu chefe.
Colson era o braço direito de Nixon, e, quando a administração começou a
afundar na paranoia e em táticas questionáveis, ele seguiu o mesmo caminho.
Logo estava passando seu tempo a sós com Nixon, planejando as tramoias.
Colson se viu moralmente comprometido por suas conexões com o escândalo
Watergate.
A crescente pressão política e pessoal sobre a família Colson agravou os
problemas coronarianos do seu pai. Chuck visitou seu pai doente no hospital e
lhe disse que iria se livrar de todas as acusações, mas isso não aconteceu. Chuck
Colson foi preso em julho de 1974, e o choque foi grande demais para o velho
Colson. Wendell Ball Colson faleceu enquanto Charles cumpria sua pena na
prisão.
Pouco antes de ser preso, Chuck Colson havia entregado sua vida a Cristo,
instigado pelo seu amigo Tom Phillips, que lhe dera uma cópia do livro de C. S.
Lewis, Mere Christianity [Cristianismo puro e simples]. A conversão de Colson
foi verdadeira, mas ele havia ferido tanta gente que até os republicanos cristãos
duvidaram da sua sinceridade.
Na prisão, Colson viu a humanidade e a irmandade dos outros prisioneiros.
Achava que a filosofia de “tranque-os e jogue a chave fora” não era algo cristão.
Entendia que o objetivo deveria ser a reabilitação deles.
Em 1976, após cumprir oito meses de sua sentença de um a três anos, Colson
fundou o Prison Fellowship.
Atualmente a organização atua em 600 prisões espalhadas por 88 países. O
ministério com sede em Washington também oferece bolsas de estudo para ex-
presidiários, presta auxílio às famílias dos presos por meio do projeto Angel
Tree, e homenageia todos os anos cristãos socialmente ativos com o Prêmio Wil-
berforce.
Repreenda o homem de discernimento, e ele obterá conhecimento. Provérbios 19.25
John Rice lhe deu quase tanta educação quanto ela recebeu nas salas de aula. O
pai de Condi Rice se assegurou de que ela não apenas se encaixasse na cultura
moderna, como também se tornasse uma de suas maiores influências. Pai
intelectual sem limites, ele ensinou à sua filha que ela poderia realizar qualquer
coisa que quisesse.
*
Pais de influência dizem aos filhos que eles podem realizar tudo aquilo que se
dedicarem a fazer.
Ettiénne Pascal
1588–1651
Blaise Pascal. Educado em casa por seu pai, Étienne, Blaise Pascal foi um dos
maiores matemáticos do mundo, que no fim da vida se tornou um cristão e um
renomado erudito religioso.
Nascido em Clermont-Ferrand, na região de Auvergne, na França, Blaise Pascal,
seu irmão e suas duas irmãs perderam a mãe, Antoinette Begon, quando Blaise
tinha apenas 3 anos de idade. Na época, Étienne Pascal era um juiz local e
membro da petite noblesse. Era também um cientista e um matemático que
contribuiu substancialmente para essas disciplinas ao decidir, enquanto servia em
um comitê científico oficial, se o esquema de Jean-Baptiste Morin para
determinar a longitude mediante o movimento da Lua era prático.
Quando Blaise completou 8 anos, a família se mudou para Paris. Lá, o patriarca
decidiu que ele próprio educaria o filho, que já naquela época demonstrava
habilidades intelectuais extraordinárias. Como o pai, o jovem Pascal demonstrou
grande aptidão para a matemática e para a ciência. Afinal, o jovem presenciava
as conversas frequentes de seu pai com os maiores matemáticos de Paris, como
Roberval, Desargues, Gassendi e Descartes.
Quando Blaise tinha 11 anos, escreveu um breve tratado sobre o som em objetos
vibratórios. Em vez de encorajar o filho, Étienne o proibiu de fazer outras
pesquisas matemáticas até que completasse 15 anos, para que pudesse se
concentrar nos estudos de latim e grego, matérias consideradas mais importantes
para os fundamentos da educação. Não obstante, o interesse de Blaise não pôde
ser sufocado, e um ano depois Étienne o surpreendeu escrevendo na parede, com
um pedaço de carvão, uma fórmula matemática – a soma dos ângulos de um
triângulo é igual a dois ângulos retos. Sabendo que não poderia e não deveria
controlar as inclinações naturais do aprendizado do filho, Étienne permitiu a
Blaise estudar Euclides, o pai da geometria.
Blaise mergulhou na matéria e considerou o trabalho de Desargues
especialmente interessante. Aos 16 anos, Pascal escreveu um ensaio sobre
cônicos, que foi o precursor do teorema de Pascal que é estudado até hoje por
eruditos da matemática. O trabalho era tão inteligente que Descartes, ao ver o
manuscrito, achou que ele fora produzido por Étienne, e não por seu filho.
Quando Blaise tinha 19 anos, Étienne trabalhava como um comissário de
impostos. Para demonstrar sua gratidão e apreciação pelo pai ter-lhe educado,
Blaise decidiu construir uma calculadora mecânica – atual- mente chamada de a
calculadora de Pascal ou Pascalina – capaz de somar e subtrair. O primeiro
protótipo tinha cinco discos que, quando girados para os números apropriados,
permitia a máquina fazer o cálculo, e a res- posta aparecia em pequenas caixas
no topo da calculadora. Blaise fez diversas melhorias em seu projeto durante a
década seguinte e construiu um total de 50 máquinas.
Em 1645, quando Blaise estava com 22 anos, Étienne foi ferido na coxa, e um
médico jansenista tratou dele. Jansenismo era uma forma de catolicismo que
enfatizava o pecado original, a depravação humana e a necessidade da graça
divina. Blaise teve longas conversas com o médico, e, como seu pai foi curado,
achou que o homem era digno de confiança. Blaise pediu emprestado ao médico
vários livros de autores jansenistas e passou pela sua “primeira conversão” a
Cristo.
Entretanto, Blaise não demonstrou imediatamente uma mudança duradoura na
sua vida e deixou de lado o seu interesse inicial pela religião. Durante essa
época, Étienne faleceu, e Blaise, recebendo a sua herança, passou a gastar
prodigamente e a levar uma vida desregrada.
Jacqueline, a irmã de Blaise, o repreendeu por suas atitudes libertinas e orou
para que se regenerasse. Depois disso, ele se afastou de sua vida mundana, mas
não se voltou para Deus até o final de 1654, quando sofreu um acidente na ponte
Neuilly. Os cavalos que puxavam sua carruagem caíram sobre o parapeito.
Felizmente as rédeas se partiram, deixando a carruagem pendurada pela metade
sobre a beirada da ponte. Embora sua vida tenha sido poupada, Blaise ficou tão
aterrorizado com a experiência que desmaiou, permanecendo inconsciente
durante quinze dias. Ao acordar, Blaise teve uma visão intensa. Ele descreveu as
cenas por escrito, que incluíam imagens de fogo e palavras fazendo referências
ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Concluiu citando um salmo sobre não se
esquecer da Palavra de Deus. Mais tarde, após sua morte, descobriu-se que ele
havia costurado o registro daquela visão dentro do seu casaco.
Com o fervor religioso revitalizado, Blaise passou a escrever. Sua primeira
grande obra literária sobre religião, Provincial Letters, foi escrita como uma série
de cartas a um amigo. O livro criticava a ética da época baseado em argumentos
dignos. O rei Luís XIV ficou exasperado e ordenou que todos os livros fossem
rasgados e queimados. Mas o uso do humor e da sátira pelo autor em seus
argumentos agradou ao público e mais tarde influenciou outros escritores
franceses, como Voltaire e Jean- Jacques Rousseau.
Blaise Pascal não conseguiu terminar a sua obra teológica mais influente, o
Pensées (Pensamentos), antes de morrer. O título original era
Ouçam, meus filhos, a instrução de um pai; estejam atentos, e obterão discernimento. Provérbios 4.1
*
Pais de influência aliviam os receios dos filhos.
Tim Russert
Data desconhecida
Tim Russert Jr. Jornalista veterano e apresentador do programa da NBC Meet the
Press, Tim Russert admirava tanto seu pai que escreveu dois livros sobre a
sabedoria e as lições paternas.
O comentarista político da TV Tim Russert Jr. e seu pai sempre foram muito
ligados, mas nem sempre demonstravam sua afeição abertamente.
Há vários anos, tudo isso mudou com um seriado da rede de TV americana NBC
chamado Going Home. O programa era sobre os novos âncoras da rede
televisiva e sobre suas experiências e pessoas que moldaram suas vidas nas suas
cidades natais. Tim Jr. viajou para a American Legion Post 721 [Associação de
Veteranos de Guerra Americanos], no sul de Buffalo, e lá participou de um
encontro com o seu pai e os companheiros de guerra dele. Conversaram sobre a
vida em família e sobre a Segunda Guerra Mundial. Com as câmeras girando,
Tim Jr. espontaneamente colocou sua mão sobre o ombro do pai e lhe disse
quanto o admirava. O público telespectador ficou tão emocionado que a NBC foi
inundada com cartas e telefonemas. Ao ler as cartas e atender às ligações, o
relacionamento de Tim Jr. com o pai se fortaleceu mais ainda.
Um paraquedista durante a guerra, Tim Russert Sr. quase não teve filhos. Em
outubro de 1944, perto de Insdale, na Inglaterra, o bombardeiro em que estava
viajando caiu. A aeronave estava circulando, preparando-se para aterrissar em
meio a uma chuva torrencial e ventos uivantes. Ansioso para pousar o avião, o
piloto se aproximou demais do solo, e uma das asas bateu no chão, fazendo a
aeronave capotar e pegar fogo. Alguns homens foram lançados para fora,
incluindo Tim, mas oito tripulantes morreram instantaneamente e mais três no
dia seguinte.
Mais tarde, Tim Sr. iria fixar residência no sul de Buffalo, Nova York, em um
bairro ocupado principalmente por católicos irlandeses. Ele e sua mulher se
tornaram os pais de três meninas e um garoto, Tim Jr., o segundo a nascer. Tendo
os dois homens da família o mesmo nome, as pessoas os distinguiam chamando-
os de Tim e Timmy, mas, quando o filho completou 10 anos, começaram a
chamá-los de Big Tim e Little Tim. Mais tarde, quando Little Tim estava com
1,90 m, na faculdade, os apelidos passaram a ser Big Russ e Tim.
Little Tim foi um menino sempre à procura de aventuras e tentado pelas
travessuras. Entretanto, quando acontecia algum problema, Big Tim estava
sempre lá para ensinar ao filho uma lição – como, por exemplo, o modo correto
de usar um bambolê, ou qual o comportamento adequado quando se quebra a
janela do vizinho com uma bola de beisebol, e como se livrar de forma
apropriada dos cacos de vidro.
Big Tim também ensinou o filho a atirar em ratos e manusear fogos de artifício
com segurança. Insistia em que o garoto se dirigisse aos mais velhos com
respeito – nunca pelo primeiro nome. Ensinou-lhe como dar um aperto de mão
firme ao cumprimentar as pessoas e a importância das boas maneiras. Além
disso, também lhe ensinou a respeitar e honrar os veteranos, não apenas no Dia
do Soldado, mas durante o ano todo.
O patriarca Russert tinha dois empregos e esperava de seus filhos o mesmo
empenho no trabalho. Todas as noites, eles faziam os seus deveres de casa e em
geral tiravam boas notas. Quando ficavam entre os primeiros da turma, coisa que
Tim Jr. frequentemente fazia, Big Tim lhes dizia que não contassem vantagem
nem humilhassem os outros.
Tim Jr. estudou na John Carol University, em Cleveland, e depois cursou direito
no Cleveland-Marshall College of Law, na Cleveland State University. Admitido
pela Ordem dos Advogados em Nova York para o distrito de Colúmbia, Tim Jr.
foi chefe de gabinete do senador democrata Daniel Patrick Moynihan de 1977 a
1982, e mais tarde foi conselheiro do governador de Nova York, Mario Cuomo,
de 1983 a 1984.
Naquela época, Tim conheceu Larry Grossman, presidente do jornalismo da
NBC, e foi contratado pela rede de TV. Sua primeira grande tarefa foi convencer
o papa a aparecer no programa Today. Big Tim insistiu em que o filho escrevesse
uma carta em polonês, língua natal do papa. A estratégia deu certo, e o papa
concordou em aparecer no programa, o que deu grande prestígio a Tim dentro da
emissora.
Um bom exemplo da influência de Tim Sr. sobre o filho é o que aconteceu na
noite das eleições de 2000. Tim Russert Jr. estava com Tom Bro- kaw nos
estúdios da NBC conversando sobre os resultados estaduais da corrida
presidencial entre George W. Bush e Al Gore. Conforme os resultados iam
chegando, Tim anotava os nomes dos Estados em um bloco de papel. Depois
mostrava o bloco às câmeras e explicava ao público o que estava acontecendo.
Tim estava pensando em seu pai, que sempre usava um bloco para fazer as suas
contas e o orçamento do mês. Nos dias seguintes, a NBC foi muito elogiada
pelos telespectadores, que gostaram da forma simples utilizada por Tim para
mostrar os resultados de uma eleição muito complicada.
Em 2004, Tim Jr. escreveu Big Russ and Me, uma biografia best-seller sobre sua
infância e a vida com o seu pai. Na introdução, ele diz: “Aprendi tanto com Big
Russ e sou tão grato a ele que resolvi escrever este livro sobre nós dois, bem
como sobre outros professores importantes na minha vida que reforçaram os
ensinamentos do meu pai e também me mostraram algumas coisas novas [...].
Espero que este livro seja um estímulo para que os leitores pensem sobre o que
aprenderam com os seus pais. Tudo que realizamos e tudo em que nos tornamos
é por causa deles”.
Eles responderam: “Teu servo, nosso pai, ainda vive e passa bem”. E se curvaram para prestar-lhe honra.
Gênesis 43.28
Com a grande venda do livro para o público americano, Tim Jr. recebeu mais de
60 mil cartas dos leitores. Queriam partilhar as suas histórias, as experiências e
as lições que receberam dos seus pais. Tim Jr. ficou tão comovido com o que leu
que lançou uma compilação de algumas das cartas que recebeu no livro Wisdom
of Our Fathers: Lessons and Letters from Daughters and Sons. O jornalista deu a
essas vozes a oportunidade de se expressarem publicamente e,
consequentemente, criou um fórum de amor, respeito e apreciação pelos homens
que, como Big Russ, não apenas colocaram filhos no mundo, mas lhes deram as
ferramentas para viver nele.
*
Pais de influência ensinam os filhos a honrá-los.
Ellis Roberts
1881–Data desconhecida
Oral Roberts. Ele próprio um evangelista plantador de igrejas, Ellis Roberts
ensinou ao filho, que na adolescência teve tuberculose, a crer em Cristo e em seu
poder de cura. Após uma recuperação miraculosa do que parecia ser uma doença
fatal, Oral tornou-se um conhecido pregador mundial e fundou uma universidade
e um hospital cristãos.
O último de cinco filhos, em 1918 nasceu Oral Roberts, filho de Ellis, um galês
nascido na América, e Claudius, uma índia cheroqui. Na época, a Primeira
Grande Guerra estava terminando, e uma epidemia de gripe matava milhares em
várias partes da América, embora não tivesse afligido a família Roberts em Ada,
Oklahoma.
Ellis construíra uma nova igreja e tinha uma pequena congregação em Ada. Foi
lá que Oral conheceu Jesus pela primeira vez. Para a família Roberts, Jesus não
era apenas uma personagem histórica, mas uma pessoa viva e real que queria se
relacionar com todos. Oral e seu irmão, Vaden, frequentemente acordavam às 5
horas da manhã por causa das orações de seus pais vindas do outro quarto. Certa
manhã, Oral ouviu seus pais orarem especificamente por ele. Nunca se esqueceu
disso.
Ellis Roberts recebera uma educação limitada, mas tinha um desejo ardente de
pregar o evangelho, organizar igrejas e ganhar almas. Ele decorava grandes
partes da Bíblia. Passava horas todos os dias estudando a Palavra de Deus. Sua
aptidão natural para a oratória, sua unção espiritual e sua vida fervorosa de
oração contribuíram para as suas habilidades como pastor. Era muito requisitado.
Com um legado como esse, nada mais natural do que Oral se tornar um grande
orador também. Mas na infância teve problemas de fala. Ele gaguejava.
Ellis Roberts também acreditava em curas. Orava por elas e pregava sobre elas.
Ele e a mulher frequentemente dedicavam-se a um ministério de cura. Após as
pregações de Ellis, Claudius colocava as mãos sobre os doentes e acreditava que
Deus as estava curando. Se a cura não acontecesse, Ellis recomendava que
consultassem um médico ou tomassem remédios. Para a família Roberts, tanto a
ciência médica quanto as curas sobrenaturais eram dádivas de Deus.
Quando Oral era jovem, seu pai construía caramanchões feitos de folhagens.
Eles cortavam árvores novas e delas faziam varas de suporte, e criavam uma
treliça de galhos para servir de teto. Ao anoitecer, eles estavam prontos para
fazer seus cultos sob essas estruturas. Oral sempre comparecia, junto com os
irmãos, a essas reuniões da igreja.
Aos 16 anos, Oral fugiu de casa. Estava cansado da pobreza por ser filho de um
pastor. Entretanto, mesmo estando longe de casa, vivendo em pecado e
arrumando confusões, ele ainda se lembrava de coisas que o pai falava durante
os sermões. Ainda assim, Oral continuou com sua vida desregrada e libertina,
arranjando encrenca e dormindo apenas quatro horas por noite.
Durante o período em que Oral esteve perdido, ele contraiu tuberculose. Muitos
dos parentes índios de sua mãe haviam sucumbido a essa doença, incluindo o seu
avô materno, aos 52 anos, e as suas tias quando ainda eram adolescentes. Sua
mãe sempre se preocupara porque, por ser pequeno e frágil, ele poderia estar
vulnerável à doença.
Em um jogo de basquete, Oral desmaiou, e o treinador do time o levou para casa.
Na sua chegada, Ellis pegou o filho no colo e o levou para dentro de casa. Oral
estava praticamente inconsciente e com hemorragia nos dois pulmões. Na cama,
Oral tossiu e cuspiu sangue a noite inteira. Ellis chamou o médico, que veio
correndo e examinou o jovem doente. Então, Ellis e Claudius oraram
fervorosamente por seu filho.
Os pais não tentaram enganar Oral. Explicaram-lhe que estava no estágio final
da temida doença – sua única esperança era o poder de cura de Cristo. Dia após
dia, durante o seu sofrimento, Oral se lembrava de uma passagem das Escrituras
sobre a qual seu pai pregara. Tratava-se de Romanos 2.4: “A bondade de Deus o
leva ao arrependimento”.
Certa manhã, Ellis se ajoelhou ao lado da cama de Oral, disse-lhe que iria orar
por ele e que não pararia até que tivesse entregado seu coração a Jesus. Oral não
suportou ver seu pai tão transtornado e clamou para que Jesus o salvasse. Então,
Oral sentiu a presença de Deus, e, com ela, a força retornou a seu corpo
combalido. Ele começou a melhorar. Com o passar do tempo, sua saúde foi
restaurada completamente – até sua gagueira sumiu.
Anos mais tarde, Oral iria fundar a Associação Evangélica Oral Roberts. Com
esse grupo, ele realizou mais de 300 cruzadas evangelísticas e de cura por todo o
mundo. Também participou como orador convidado em centenas de reuniões e
convenções internacionais. Em 1963, ele sentiu que Deus o estava chamando
para fundar a Universidade Oral Roberts. No centro do campus da universidade,
ele mandou construir uma torre de oração, e até hoje um grupo de voluntários
faz orações ininterruptas para atender a milhares de pedidos recebidos pela
universidade.
Em sua autobiografia, Expect a Miracle, Oral escreveu: “A bondade infatigável
do meu pai significou muito para mim. Seu ódio por dívidas, sua palavra de
honra, sua integridade intocável e o seu amor por Deus e pela Bíblia ocupavam
um lugar mais importante na minha mente do que poderia imaginar”.
Jesus ia passando por todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando as boas novas do
Reino e curando todas as enfermidades e doenças. Mateus 9.35
Jarrett Payton perdeu o pai cedo demais, mas terá sempre a herança que ele lhe
deixou – encarar as circunstâncias da vida, e da morte, com decoro e estilo, do
jeito que ele viveu dentro e fora dos campos de futebol.
*
Pais de influência ensinam os filhos a terminar bem.
Charles Phillip “PA” Ingalls
1836–1902
Laura Ingalls Wilder. Charles “Pa” Ingalls ensinou sua família, inclusive sua
filha, a escritora Laura Ingalls Wilder, a embarcar em novas aventuras, brava e
corajosamente.
Apesar dos horrores da Guerra de Secessão, o presidente Abraham Lincoln ainda
levava em consideração a esperança de muitos americanos – uma casa e terras
próprias. Em 1862, ele assinou a lei denominada Homestead Act. Era uma
oportunidade de reivindicar terras desocupa- das pertencentes ao governo dos
Estados Unidos – de graça! Além do rio Mississippi para o oeste, havia milhares
de acres. Nas planícies, o solo era negro e fértil. Qualquer americano com mais
de 21 anos podia reivindicar terras do governo. Cinco anos após a assinatura
dessa lei, Laura Ingalls nasceu nas florestas de Wisconsin. Seu pai, Charles (ou
“Pa”, como era chamado pelas crianças), queria se mudar com a sua jovem
família para o Oeste e conseguir o seu pedaço do sonho americano.
Charles não era originário de Wisconsin. Viera de Nova York e se mudara para o
Oeste com a sua família de oito irmãos quando ele tinha 9 anos. A princípio, eles
se estabeleceram em Illinois, mas depois segui- ram para o norte, até Wisconsin.
Lá, os meninos da família trabalhavam em uma fazenda, enfrentando novos
desafios e novas dificuldades com engenhosidade. Durante os momentos de
lazer, Charles gostava de contar histórias e tocar o seu violino.
Em 1868, quando Laura era apenas um bebê, Charles e sua mulher, Caroline,
venderam sua casa na floresta e rumaram para o Kansas, para as planícies. Eles
viajaram em carroças puxadas por cavalos, cheias com tudo que podiam
carregar, e com Jack, o cão buldogue da família, cor- rendo ao lado da caravana.
No caminho, a família enfrentou muitas dificuldades. Tiveram de fazer travessias
precárias em rios perigosos e, muitas vezes, viajavam por muitos quilômetros
sem encontrar nenhum outro ser humano. Outras vezes, chovia tanto ou o calor
era tão forte que a viagem se tornava quase insuportável. Mas a mãe cozinhava
boas refeições quando acampavam à noite, e Pa tocava alegremente seu violino.
Quando finalmente chegaram ao Kansas, os Ingalls escolheram um pedaço de
terra que pensavam estar disponível para assentamento, e Charles imediatamente
começou a tarefa de trazer toras de madeira das encostas de um córrego
próximo. A cabana já estava construída quando se deram conta de que aquela
terra jamais seria deles – pertencia aos índios osages. Sem saber, eles haviam
avançado sete quilômetros para dentro da reserva indígena daquela tribo.
Certo dia, um índio osage chegou à cabana dos Ingalls. Inicialmente não sabiam
se ele era amistoso ou não. Apesar da barreira linguística, a família
corajosamente travou contato com o osage e descobriu que ele era muito curioso.
A mãe lhe deu uma broa de milho, e o índio foi embora, alimentado e feliz.
Entretanto, esse novo lar não duraria muito. Não lhes foi permitido permanecer
em terras indígenas, e um outro fator também complicava a situação. O
comprador da casa da família em Wisconsin escreveu para dizer que queria
desfazer o negócio. Portanto, quando Laura tinha 4 anos, a família Ingalls fez as
malas e se mudou de volta para Wisconsin – apenas temporariamente.
Passados dois anos, Pa queria novamente ir em direção ao Oeste. Pela segunda
vez, vendeu sua fazenda em Wisconsin, e dessa vez a família se dirigiu para o
oeste de Minnesota. Eles compraram uma propriedade pró- xima a Walnut
Creek, em uma cidadezinha chamada Plum Creek. A primeira casa foi construída
na terra, apenas um buraco no solo, com paredes revestidas de relva e um teto
feito de palha. Precisavam construir uma casa de verdade, mas, ao contrário das
suas terras em Wisconsin e no Kansas, a propriedade de Minnesota não tinha
árvores.
Charles conseguiu crédito para comprar madeira, que chegou por ferrovia, mas,
antes que a família pudesse se assentar em seu novo lar, ocorreu outra catástrofe.
Uma nuvem espessa de gafanhotos baixou na pradaria e devorou tudo que fora
plantado. Quando um novo colono fez uma oferta pela casa, Charles aceitou.
Por fim, a família se estabeleceu em De Smet, território de Dacota do Sul, e
tiveram muitas outras aventuras juntas. Laura se educou e trabalhava como
costureira e professora, mas deixou de lecionar em 1885 para se casar com o
fazendeiro Almanzo Wilder. Logo tiveram uma filha, Rose. Embora Laura ainda
viesse a viajar bastante e publicar alguns artigos uns vinte e cinco anos mais
tarde, foi somente na década de 1930 que ela escreveu a sua adorável série
intitulada Little House.
Ao longo de sua vida, Laura Ingalls Wilder morou em Wisconsin, Minnesota,
Dacota do Sul, Iowa, Missouri, Kansas, Califórnia e Flórida. Ela percebeu que as
viagens e o estilo de vida pioneiro de sua juventude eram algo único e especial.
Poucos haviam visto tantos lugares diferentes e presenciado tamanhas mudanças
no curso de uma vida. Percebendo que os jovens e gerações futuras poderiam
apreciar as histórias da sua juventude, Laura, já uma senhora de idade, escreveu
nove romances, incluindo os aclamados livros Little
House in the Big Woods e Little House on the Prairie. Até hoje, encantando e
divertindo os leitores, as histórias também foram adaptadas para uma série de
televisão, que ainda é reprisada.
Então o Senhor disse a Abrão: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá
para a terra que eu lhe mostrarei”. Gênesis 12.1