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Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE

Curso Formação Profissional Para Delegado de 1ª Classe da Polícia Civil do Ceará


SEMINÁRIO TEMÁTICO III - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS

DELCI Carlos TEIXEIRA


SECRETÁRIO DA SSPDS

POLÍCIA CIVIL DO CEARÁ

Raimundo de Sousa ANDRADE JÚNIOR - DPC


DELEGADO GERAL DA POLÍCIA CIVIL

ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE

José Herlínio DUTRA – Cel PM


DIRETOR-GERAL DA AESP|CE

ELIANA Maria Torres Gondim - DPC


SECRETÁRIA EXECUTIVA DA AESP|CE

DOUGLAS Afonso Rodrigues da Silva – Ten Cel PM


COORDENADOR GERAL DE ENSINO DA AESP|CE

Amarílio LOPES Rebouças – TC BM


COORDENADOR PEDAGÓGICO

Francisca ADEIRLA Freitas da Silva – Ten PM


SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE

CURSO FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA DELEGADO DE 1ª CLASSE DA POLÍCIA CIVIL DO CEARÁ

DISCIPLINAS
SEMINÁRIO TEMÁTICO III - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

CONTEUDISTA
Eduardo Tomé Santos Gomes – DPC

REVISÃO DE COERÊNCIA DIDÁTICA


Erika Maria da Silva Pereira
Francisco José Amaral Lima
Jorgeana Reis da Silva
Luciana Canito Austregésilo de Amorim
Luciana Moreira da Silva
Renata Teixeira de Azevedo

FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva – Sd PM

• 2015 •
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP|CE
Curso Formação Profissional Para Delegado de 1ª Classe da Polícia Civil do Ceará
SEMINÁRIO TEMÁTICO III - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................7
1. EVOLUÇÃO LEGAL DO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE...........................................................................7
1.1 No plano internacional .......................................................................................................................................7
1.2 No plano nacional...............................................................................................................................................7
2. CONCEITOS, PRINCÍPIOS E DIREITOS ELENCADOS NO ECA ......................................................................................8
2.2 Princípios norteadores do ECA ...........................................................................................................................8
2.3 Direitos da criança e do adolescente..................................................................................................................9
3. DOS CRIMES COMETIDOS CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE (MENORES VÍTIMAS) ......................................9
3.1 Competência para apuração e julgamento ........................................................................................................9
3.2 Dos crimes e das infrações administrativas dispostos no ECA - Aspectos Gerais ............................................10
4. O ATO INFRACIONAL E AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS (ADOLESCENTE INFRATOR) ..........................................10
4.1 Conceito e apuração do ato infracional............................................................................................................10
4.2 As medidas socioeducativas .............................................................................................................................11
4.3 Do Regime de Internação e os Centros Educacionais ......................................................................................12
5. DA DELEGACIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (DCA) E O PROJETO JUSTIÇA JÁ ...............................................12
5.1 Atribuições e circunscrição da DCA ..................................................................................................................12
5.2 O Projeto Justiça Já...........................................................................................................................................13
6. O CONSELHO TUTELAR ...........................................................................................................................................13
7. A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL .....................................................................................................................14
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................14
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INTRODUÇÃO - Código Penal Brasileiro de 1940:


Responsabilidade penal aos 18 anos de idade, de
O presente trabalho tem por finalidade o estudo acordo com o artigo 27: “Os menores de 18 (dezoito)
de pontos importantes do Estatuto da Criança e do anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às
Adolescente (Lei 8069/90), auxiliando no aprendizado normas estabelecidas na legislação especial.”
e na formação dos discentes do Curso de formação de - Novo Código de menores de 1979: “Doutrina
profissionais da Polícia Civil do Estado do Ceará. da Situação Irregular”- Abrangia as crianças e
O estudo parte da visão geral dos direitos das adolescentes, de até dezoito anos, que praticassem
crianças e dos adolescentes, em sua evolução legal ao atos infracionais e as que estivessem sob a condição de
longo do tempo, até chegarmos à promulgação da Lei maus-tratos familiar ou em estado de abandono pela
8069/90 (ECA), que foi um divisor de águas no que toca sociedade;
a legislação pátria em defesa desses direitos, - Constituição da República Federativa do Brasil
elencando os princípios e direitos dispostos no referido de 1988: Proteção especial dada à infância e
Estatuto. juventude, de acordo com o artigo 227:
Abordaremos também a visão prática da Art. 227. É dever da família, da sociedade e do
lei, discorrendo sobretudo a questão do adolescente Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem,
infrator e a apuração do ato infracional, bem como as com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
atribuições da Delegacia da Criança e do Adolescente alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização,
(DCA), onde poderemos lidar com questões práticas no à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
nosso mister diário. convivência familiar e comunitária, além de colocá-los
a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
1. EVOLUÇÃO LEGAL DO DIREITO DA CRIANÇA E DO exploração, violência, crueldade e opressão. (Redação
ADOLESCENTE dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
§ 1º O Estado promoverá programas de
1.1 No plano internacional assistência integral à saúde da criança, do adolescente
e do jovem, admitida a participação de entidades não
- Regras mínimas das Nações Unidas para a governamentais, mediante políticas específicas e
Administração da Justiça dos menores de 1984 (Regras obedecendo aos seguintes preceitos: (Redação dada
de Beijing): Tais regras prescrevem e orientam aos Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
Estados signatários a lidar com os jovens delinquentes, I - aplicação de percentual dos recursos públicos
conferindo e resguardando os direitos que lhes destinados à saúde na assistência materno-infantil;
assistem, assegurando as garantias básicas II - criação de programas de prevenção e
processuais, pautando pela proporcionalidade quanto atendimento especializado para as pessoas portadoras
as medidas adotadas; de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
- Convenção Internacional sobre Direitos da integração social do adolescente e do jovem portador
Criança pela ONU de 1989: Proteção integral para a de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho
família como grupo fundamental da sociedade, meio e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e
natural para o crescimento e bem estar de todos os serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
seus membros e em particular as crianças. arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de
1.2 No plano nacional 2010)
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção
- Código Criminal do Império de 1830: dos logradouros e dos edifícios de uso público e de
Discernimento das crianças e adolescentes em conflito fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de
com a lei em relação ao ato por elas cometido – Estado garantir acesso adequado às pessoas portadoras de
decidia quem ia ficar internado nas chamadas casas de deficiência.
correção; § 3º O direito a proteção especial abrangerá os
- Código de menores de 1927: “Menor” – esse seguintes aspectos:
termo foi utilizado para designar aquele que se I - idade mínima de quatorze anos para admissão
encontrava em situações de carência material ou ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
moral, além do infrator – Estado era responsável pela II - garantia de direitos previdenciários e
situação de abandono e aplicando corretivos para trabalhistas;
impedir a deliquência;

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III - garantia de acesso do trabalhador 2. CONCEITOS, PRINCÍPIOS E DIREITOS ELENCADOS NO


adolescente e jovem à escola; (Redação dada Pela ECA
Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da 2.1 Conceitos
atribuição de ato infracional, igualdade na relação
processual e defesa técnica por profissional habilitado, A lei 8069/90 tem por objeto a proteção integral
segundo dispuser a legislação tutelar específica; das crianças e dos adolescentes, em contrapartida ao
V - obediência aos princípios de brevidade, antigo código de menores de 1979, que se dirigia
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de apenas aos menores em situação irregular, o ECA, se
pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de estende a toda criança e a todo adolescente em
qualquer medida privativa da liberdade; qualquer situação jurídica.
VI - estímulo do Poder Público, através de De acordo com o artigo 2º do referente
assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos estatuto, criança é a pessoa até doze anos de idade
termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, incompletos, e adolescente aquela pessoa entre doze e
de criança ou adolescente órfão ou abandonado; dezoito anos incompletos. Porém, a presente lei ainda
VII - programas de prevenção e atendimento salvaguarda direitos das pessoas maiores de 18 anos e
especializado à criança, ao adolescente e ao jovem até os 21 anos de idade.
dependente de entorpecentes e drogas afins. (Redação
dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010) 2.2 Princípios norteadores do ECA
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a
violência e a exploração sexual da criança e do Em obediência à doutrina da proteção integral,
adolescente. elencada no artigo 227, CF, os princípios norteadores
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, desse estatuto podem ser:
na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de
sua efetivação por parte de estrangeiros. 2.2.1 Princípio da Prioridade Absoluta
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e Princípio elencado no artigo 4º, do ECA onde
qualificações, proibidas quaisquer designações afirma que é dever da família, da comunidade, da
discriminatórias relativas à filiação. sociedade em geral e do Poder Público assegurar, COM
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do ABSOLUTA PRIORIDADE, a efetivação de diversos
adolescente levar-se- á em consideração o disposto no direitos, os quais serão elencados no próximo tópico.
art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá: (Incluído Pela Emenda 2.2.2 Princípio da Prevalência dos Interesses
Constitucional nº 65, de 2010)
I - o estatuto da juventude, destinado a regular A norma não poderá ser interpretada, tampouco
os direitos dos jovens; (Incluído Pela Emenda aplicada, de maneira prejudicial às crianças e aos
Constitucional nº 65, de 2010) adolescentes.
II - o plano nacional de juventude, de duração Como reza o artigo 6º, ECA: "Na interpretação
decenal, visando à articulação das várias esferas do desta lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela
poder público para a execução de políticas públicas se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e
- Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar
8069 de 13 de julho de 1990): “Doutrina da Proteção da criança e do adolescente como pessoas em
Integral” em consonância à Convenção da ONU sobre desenvolvimento".
direitos das crianças e ao artigo 227 da CF – Direitos da
criança e adolescente como prioridade absoluta da 2.2.3 Princípio da Brevidade e Excepcionalidade
família, da sociedade e do Estado.
Esses princípios devem ser observados no
tocante à internação dos menores infratores.
O princípio da brevidade, como dispõe no artigo
121, mais precisamente no seu parágrafo 5º, impõe
que o período de internação o qual o adolescente ou
jovem será submetido seja o mais breve possível,
observando o prazo máximo de três anos.

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Já o princípio da excepcionalidade consiste no - Direito à educação, à cultura, ao esporte e ao


fato de que a medida de internação só será aplicada lazer (Arts. 53 a 59): Além da preocupação com a
subsidiariamente, isto é, quando não houver educação, que tem por finalidade, o pleno
cabimento para nenhuma outra medida desenvolvimento da criança e do adolescente e o
socioeducativa. preparo para o exercício da cidadania e qualificação
Como o Artigo 122, parágrafo 2º: "Em nenhuma para o trabalho, há também a preocupação com a
hipótese será aplicada a internação, havendo outra cultura, o esporte e o lazer para que as crianças e
medida adequada". adolescentes desenvolvam outras potencialidades e
melhor relacionamento social;
2.2.4 Princípio da Sigilosidade - Direito à profissionalização e à proteção no
trabalho (Arts. 60 a 69): Preocupação da Constituição
Esse princípio garante a privacidade dos da República e também do presente estatuto com a
registros referentes aos jovens infratores, isto é, terá profissionalização da criança e do adolescente que
acesso a tais arquivos/documentos, pessoas necessitam desenvolver todas as suas habilidades e
devidamente autorizadas. Eles encontram-se delineado estarem, assim, preparados para a vida adulta. No
nos artigos 143 e 144 do ECA. tocante ao trabalho, esses mesmos instrumentos
"É norma de fundo psicológico que visa a poupar normativos proíbem que menores de 16 anos
a criança e o adolescente da curiosidade mórbida e do trabalhem, salvo como menores aprendizes, a partir
estigma da rejeição social, fator altamente negativo dos 14 anos de idade.
para a reeducação da pessoa em fase de
desenvolvimento" (TAVARES, 2012). 3. DOS CRIMES COMETIDOS CONTRA A CRIANÇA E O
ADOLESCENTE (MENORES VÍTIMAS)
2.2.5 Princípio da Gratuidade
3.1 Competência para apuração e julgamento
De acordo com o artigo 141, e parágrafos é
garantindo o acesso de toda criança ou adolescente de Primeiramente, a competência para conhecer e
ser amparado e assistido por órgãos da Defensoria investigar esse tipo de crime no Estado do Ceará é da
Pública, do Ministério Público e do Poder Judiciário, e Delegacia de Combate à exploração da criança e do
essa assistência deverá ser GRATUITA, aos que dela adolescente (DECECA). O Juízo competente para julgar
necessitarem, através de defensor público ou tais crimes é o Juízo comum, no caso os Juizados
advogado nomeado. Criminais especiais, já que não encontra-se previsto
nas hipóteses do artigo 148 do ECA. No caso específico
2.3 Direitos da criança e do adolescente dos crimes contra a dignidade sexual, o procedimento
é encaminhado para a 12 ª Vara Criminal da comarca
O artigo 4º do ECA, em consonância como artigo de Fortaleza.
227 da Constituição Federal, traz os direitos e garantias A DECECA, de acordo com as Portarias nº
das crianças e dos adolescentes, como veremos a 288/2002 e 506/2009 é a Delegacia responsável por
partir de agora: investigar, dentre outros fatos típicos, todos os crimes
- Direito à vida e à saúde (Arts. 7º a 14): Esses cometidos contra crianças e adolescentes inseridos na
direitos serão efetivados através de políticas públicas Lei 8069/90, bem como os crimes elencados no Título
que permitam o nascimento e desenvolvimento sadio VI - Crimes contra a dignidade sexual do Código Penal.
e harmonioso, em condições dignas de existência; É de se ressaltar, que o DISQUE 100 é uma
- Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade ferramenta bastante utilizada em casos de crianças e
(Arts. 15 a 18): Direitos inerentes a qualquer ser adolescentes vítimas de abusos em geral, onde a
humano e em especial, às crianças e adolescentes, denúncia é anônima e é imediatamente repassada aos
pessoas em desenvolvimento e/ou em situação de órgãos competentes para conhecê-las e tomar as
vulnerabilidade; medidas cabíveis, no caso do Ceará, o Conselho Tutelar
- Direito à convivência familiar e comunitária e a DECECA. É de se ressaltar também que o Conselho
(Arts. 19 a 52-D): Não há dúvida de que a convivência Tutelar é responsável por fazer o acolhimento das
familiar, pautada no princípio da dignidade humana, crianças e adolescentes vítimas de abusos.
assegura à criança e ao jovem um crescimento
saudável, afastando-os assim da marginalidade social.
O artigo 19 do ECA também prevê a figura das famílias
substitutas, em caráter excepcional.

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3.2 Dos crimes e das infrações administrativas São definidas como medidas socioeducativas:
dispostos no ECA - Aspectos Gerais advertência; obrigação de reparar o dano;
prestação de serviços à comunidade; liberdade
O Estatuto da Criança e do Adolescente, no seu assistida; inserção em regime de
semiliberdade; internação em
Título VII, enumera primeiramente, os diversos fatos
estabelecimento educacional; qualquer uma
tipificados como crimes contra crianças e adolescentes das previstas no artigo 101, I a VI
por violação das normas presentes no referido
Estatuto. Estão dispostos nos artigos 228 a 244-B e No tocante à apuração do ato infracional, esta
preveem penas de detenção ou reclusão. ocorre em duas fases. Inicialmente quando há a prática
O artigo 226 do ECA, estabelece sistema híbrido, do ato infracional, via de regra, a Polícia Militar,
pois reza que aplicam-se a esses crimes as normas da responsável pelo policiamento ostensivo, é acionada e
Parte Geral do Código Penal (no tocante à ao tomar conhecimento do fato, conduz as pessoas
conceituação do fato, a culpabilidade do autor e as envolvidas na ocorrência à delegacia especializada no
consequências jurídicas); normas do Estatuto da atendimento de menores infratores, no caso do Estado
Criança e do Adolescente (quanto à especificação dos do Ceará, a Delegacia da Criança e do Adolescente -
crimes cometidos contra crianças e adolescentes e DCA, onde a autoridade policial, analisando a conduta
cominação das respectivas penas - Arts. 228 a 244); e praticada e ouvindo vítimas e testemunhas do fato,
finalmente, normas do Código de Processo Penal determina a instauração do procedimento policial
(quanto à persecução criminal, através da Justiça da cabível, que podem ser, no caso de flagrante, o Auto
Infância e da Adolescência). de Apreensão em Flagrante (AAF) para as condutas em
É importante destacar os artigo 227 do ECA: "Os que tenham sido praticadas com violência ou ameaça;
crimes definidos nesta lei são de AÇÃO PÚBLICA ou o Boletim de Ocorrência Circunstanciado (BOC),
INCONDICIONADA" (Grifo Nosso). Ou seja, para as infrações sem o emprego de violência ou
independem de representação do ofendido, e sendo a ameaça. Ambos tratam-se de flagrante infracional.
titularidade para a respectiva ação penal do Ministério No caso de não autuação em flagrante, será
Público. instaurado para investigações, o procedimento
As infrações administrativas estão elencadas nos chamado Relatório Policial, que se assemelha ao
artigos 245 a 258-B e diferem dos crimes, pois as penas Inquérito Policial por portaria usado pelo Código Penal
impostas serão de multa. Brasileiro. Após a instauração do procedimento
flagrancial, a autoridade policial poderá manter o
4. O ATO INFRACIONAL E AS MEDIDAS adolescente em entidade destinada a acomodação do
SOCIOEDUCATIVAS (ADOLESCENTE INFRATOR) mesmo para este possa ser apresentado ao membro
do Ministério Público no prazo de 24 horas, ou poderá
4.1 Conceito e apuração do ato infracional proceder a entrega do adolescente ao responsável,
que se comprometerá a apresentá-lo ao Ministério
Ao adolescente infrator, o ECA dedica o Titulo III público no primeiro dia útil seguinte, mediante um
- Da prática do Ato Infracional. Inicialmente, temos que termo de entrega sob responsabilidade. Tal liberação
entender o que é o ato infracional, explicitado no ECA poderá ser feita se o ato infracional foi de leve
em seu artigo 103: " Art. 103. Considera-se ato proporção ou quando o adolescente não sofre riscos
infracional a conduta descrita como crime ou quanto a sua segurança ou à ordem pública, conforme
contravenção penal". previsto nos artigos 174 e 175 do ECA.
Prevê o Estatuto da criança e adolescente certas Encerrada a fase policial, inicia-se a fase judicial,
"penalidades" para as condutas infracionais de onde o Ministério Público, ao receber o procedimento
adolescentes, conforme podemos observar no art. 104: instaurado em desfavor do adolescente, poderá
"São penalmente inimputáveis os menores de dezoito proceder ao arquivamento, conceder a remissão ou
anos, sujeitos às medidas previstas nesta lei", ou seja, a ainda representar junto à autoridade judiciária a
conduta de desvalor social praticada pelo menor de aplicação de uma das medidas socioeducativas, na qual
idade corresponderá a uma espécie de penalidade para discorreremos a seguir.
cada caso concreto que são chamadas medidas
socioeducativas. Estas foram definidas no artigo 112 do
ECA:

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4.2 As medidas socioeducativas a submissão de um adolescente à prestação de


serviços à comunidade tem um sentido altamente
educativo, particularmente orientado a obrigar o
4.2.1 Advertência adolescente a tomar consciência dos valores que
supõem a solidariedade social praticada em níveis
A primeira medida prevista pelo ECA é a de mais expressivos.
advertência, a qual, segundo o artigo 115: "A
advertência consistirá em admoestação verbal, que 4.2.4 Liberdade assistida
será reduzida a termo e assinada".
Caberá a aplicação dessa medida a adolescentes Conforme o artigo 118: " A liberdade assistida
que não registrem antecedentes infracionais e que será adotada sempre que se afigurar a medida mais
tenha praticado infrações mais leves. É uma medida adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e
mais tendente a prevenção da prática de novos atos orientar o adolescente". Esta medida é alvo de vários
infracionais. elogios e críticas, mas é considerada a melhor medida
para recuperação de adolescentes. Teve sua natureza
4.2.2 Obrigação de reparar o dano socioeducativa enfatizada com o Estatuto da Criança e
do Adolescente.
A medida de reparação do dano está Sua finalidade principal é de acompanhar,
especificada no artigo 116: "Em se tratando de ato auxiliar e orientar o adolescente, tratando como
infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade pessoa em desenvolvimento, através de um orientador
poderá determinar, se for o caso, que o adolescente que deverá ser nomeado para realizar as
restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, determinações previstas no Estatuto da Criança e do
por outra forma, compense o prejuízo da vítima." Adolescente.
Tal medida consiste em punir o adolescente A liberdade assistida é a medida mais aplicada
dando-lhe oportunidade de refletir sobre o dano aos adolescentes que praticaram delitos mais leves,
causado, ou seja, fazendo com que o mesmo substitua bem como aos que já estiveram em medidas de
ou pague o bem danificado ou perdido pela vítima. Tal privação de liberdade e passam à liberdade assistida
medida tem também efeito mais pedagógico, uma vez como forma de progressão de regime.
que tenta fazer a correção do erro praticado. O atendimento da liberdade assistida ao
Nos casos em que o adolescente não tenha adolescente infrator pode durar de seis meses a um
condições de cumprimento de tal medida, poderá o ano e meio. De acordo com o programa de liberdade
Juiz determinar outra medida adequada ao caso, de assistida comunitária, dados de 2010, a taxa de
acordo com a potencialidade do ato infracional, como reincidência é de cerca de 4% dos adolescentes
exposto no parágrafo único do artigo 116. assistidos, ou seja, este percentual é dos que voltam a
praticar infrações após saírem do programa, porém
4.2.3 Prestação de serviços à comunidade 25% dos assistidos descumprem a medida enquanto
ainda estão sendo acompanhados. O tipo de
Está disposta no artigo 117 do ECA. É também acompanhamento destinado a cada adolescente vai
considerada medida de cunho pedagógico, onde seu variar de acordo com a situação familiar,
maior objetivo é socializar o adolescente dando como comportamento do adolescente, entre outros fatores
forma de punição o trabalho gratuito, adequando suas de relevância.
habilidades e desenvolvimento profissional, tem como
característica básica uma medida alternativa à 4.2.5 Semiliberdade
internação, ou seja, deve ser aplicada quando não
couber outra medida mais adequada. Tal medida ocorre de forma que o adolescente
Objetiva ainda incluir o adolescente em permanece em estabelecimento determinado pelo
atividades construtivas, desenvolvendo consciência Judiciário, havendo possibilidade de o adolescente
social e solidariedade, bem como senso de realizar atividades externas, tendo como
responsabilidade. Nesse caso, pode ser aplicada a obrigatoriedade a profissionalização e/ou educação.
adolescentes autores de atos infracionais diversos, Na aplicação de tal medida há certa privação da
dependendo aí da análise do caso concreto. Roberto liberdade e cerceamento do direito de ir e vir. A
Bergalli (1992), em seus comentários ao art. 117 do diferença principal entre a semiliberdade e a privação
ECA, defende: de liberdade é a questão da realização de atividades
externas ao Centro Educacional e aplica-se
adequadamente aos adolescentes cujas famílias não

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são capazes de realizar o controle durante o período A internação é a medida socioeducativa mais
em que os adolescentes não estão sob a supervisão do aceita pela população, porém ainda alvo de muitas
agente técnico responsável pela liberdade assistida. críticas e discussões na tentativa de aumento do
No Ceará, existem cinco Centros Educacionais de tempo de internação de um adolescente infrator,
Semiliberdade, os quais funcionam nas cidades de inclusive podemos destacar projetos de lei e propostas
Sobral, Juazeiro do Norte, Crateús, Iguatu e Fortaleza. de emendas à Constituição já em tramitação no
Em Fortaleza, existe apenas um centro educacional de Congresso Nacional.
semiliberdade, no caso o CENTRO EDUCACIONAL
MÁRTIR FRANCISCA, onde os adolescentes cumprem VIDEO 2 – Os centros educacionais e a ressocialização
tal medida socioeducativa ou quando recebem o – 5mins https://www.youtube.com/watch?v=XyE-
benefício da progressão, ou seja, após um tempo na __dMyWg
privação de liberdade se beneficiam com a
semiliberdade, no qual funciona com a privação da 5. DA DELEGACIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
liberdade durante a semana e a liberação para o final (DCA) E O PROJETO JUSTIÇA JÁ
de semana com a família. Atualmente a Unidade de
Fortaleza tem capacidade para quarenta adolescentes , 5.1 Atribuições e circunscrição da DCA
encontrando-se atualmente com 38 menores em
atendimento. A Delegacia da Criança e do Adolescente, no
nosso Estado, funciona 24 horas e é responsável pelo
VÍDEO 1 – Ressocialização e os centros educacionais – conhecimento e investigação dos atos infracionais
Centro Educacional Mártir Francisca e Aldaci Barbosa cometidos por adolescentes, leia-se aqueles com faixa
Mota (CETV 2 Edição – 24/04/2015) etária entre 12 anos completos e 18 anos incompletos.
http://g1.globo.com/ceara/cetv- Qualquer ato que se assemelha a crime ou
2dicao/videos/t/edicoes/v/centros-educacionais-se- contravenção cometido por adolescente é um ato
destacam-com-projetos-de-ressocializacao/4134278/- infracional e por tal, será investigado pela delegacia
especializada, no caso do Ceará, a Delegacia da Criança
4.3 Do Regime de Internação e os Centros e do Adolescente (DCA).
Educacionais Como já exposto anteriormente, existem três
procedimentos que por excelência são realizados nesta
Está prevista e explicitada no artigo 121 e seus Delegacia, quais sejam: - No caso de flagrante: Auto de
parágrafos do ECA, onde podemos observar que tal Apreensão em Flagrante (AAF), para atos cometidos
medida é a mais severa, uma vez que priva o com violência ou ameaça; e o Boletim de Ocorrência
adolescente de sua liberdade, porém o próprio Circunstanciado (BOC), naqueles cometidos sem
estatuto prevê condições e sujeita tal medida a violência ou ameaça. Ainda existe um outro
princípios e garantias respeitados em relação ao procedimento, que é o Relatório Policial, nos casos em
adolescente infrator. que não há flagrante, se assemelhando ao inquérito
No nosso Estado, tal medida é cumprida em por portaria, onde a investigação, na sua maioria,
Centros Educacionais, para onde os adolescentes são começa com um registro de Boletim de Ocorrência
encaminhados conforme situação específica, a saber os (B.O).
atualmente existentes: CENTRO EDUCACIONAL ALDACI Existe em alguns casos a possibilidade da
BARBOSA MOTA, onde estão internas as adolescentes autoridade policial, proceder a entrega do adolescente,
do sexo feminino; CENTRO EDUCACIONAL SÃO mediante termo de entrega e responsabilidade, à
MIGUEL, CENTRO EDUCACIONAL SÃO FRANCISCO e família. De acordo com artigo 174 do ECA, o
CENTRO SOCIOEDUCATIVO DO PASSARÉ, os quais são adolescente infrator não deverá ser liberado à família
destinados a internos provisórios; existem ainda o nos casos de ato infracional grave ou atos em que sua
CENTRO EDUCACIONAL DOM BOSCO, CENTRO repercussão social, deva o adolescente permanecer
EDUCACIONAL PATATIVA DO ASSARÉ (CEPA) e CENTRO sob internação para garantia de sua segurança pessoal
EDUCACIONAL CARDEAL ALOÍSIO LORSCHEIDER ou manutenção da ordem pública. No caso de
(CECAL), estes destinados a internos definitivos e que Fortaleza, esse adolescente ficará apreendido na
hoje encontram-se interditados devido à superlotação. UNIDADE DE RECEPÇÃO LUIZ BARROS
Existem outros centros educacionais distribuídos no MONTENEGRO(TRIAGEM), onde ficará aguardando a
interior do Estado, em Iguatu, Crateús, Sobral e audiência com o membro do Ministério Público.
Juazeiro do Norte.

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Caso seja feita a condução de criança, menor de No caso do Projeto Justiça Já, da quinta vara da
12 anos, que tenha cometido algum ato infracional, a infância e da juventude da comarca de Fortaleza, o
autoridade policial, depois de ouvir em declarações a adolescente, logo em seguida a audiência prévia com o
criança, deverá encaminhá-la imediatamente ao promotor, será apresentado à autoridade judiciária e
membro do Ministério Público, ou caso não seja essa irá decidir sobre a decretação ou manutenção da
possível, deverá fazer a entrega da mesma ao seu internação, nos termos do artigo 184. Irá ainda,
responsável ou por fim, encaminhá-lo ao Conselho ordenar que a medida de internação, caso essa seja a
tutelar. proferida, deverá ser cumprida em estabelecimento
A circunscrição da Delegacia da Criança e do próprio para adolescentes infratores, caso seja
Adolescente muitas vezes gera dúvidas, já que na impossível a pronta transferência deste, e isso
teoria a circunscrição seria de todo o Estado, porém acontece principalmente no interior do nosso Estado, o
para melhor adequar e não ter conflito com a adolescente poderá, excepcionalmente aguardar sua
jurisdição, e por uma questão de logística e melhor remoção em repartição policial, desde que separados
funcionamento da mesma, já que o adolescente dos adultos, e no prazo máximo de cinco dias.
autuado deve ser apresentado em até 24 horas ao
membro do parquet, segue-se a disposição do artigo 6. O CONSELHO TUTELAR
147 e seu parágrafo primeiro, em que a competência
se fixa pelo lugar da ação ou omissão. Desse modo, e O Estatuto da Criança e do Adolescente reservou
segunda tal disposição, a DCA é responsável por toda e um título exclusivo (TÍTULO V) para tratar do Conselho
qualquer ocorrência ocorrida na grande Fortaleza. Nos Tutelar, tamanha importância que esse órgão
casos ocorridos na região metropolitana e no interior permanente e autônomo possui para a defesa dos
do Estado, será responsável pela autuação do menor direitos das crianças e dos adolescentes. Ele é órgão da
infrator, a Delegacia plantonista respectiva. administração municipal e seus conselheiros,
Importante ressaltar, por fim, a diferença entre escolhidos mediante votação, exercerão suas
DCA e DECECA, pois muitas pessoas tem a ideia de que atividades dentro da circunscrição de cada município.
se trata de uma mesma coisa, porém são distintas e No caso de Fortaleza, os Conselhos Tutelares estão
apesar de lidarem com casos envolvendo menores, a distribuídos entres as seis regionais existentes. Haverá
primeira, trata da questão do menor infrator e a sempre uma unidade pelo menos em regime de
segunda, do menor (criança e adolescente) vítima. plantão 24 horas.
As atribuições deste órgão estão dispostas no
5.2 O Projeto Justiça Já artigo 136 do ECA e dentre estas, podemos destacar o
atendimento à criança e ao adolescente que estão com
Encerrada a fase policial, inicia-se a fase judicial seus direitos ameaçados ou mesmo violados, onde
com a apresentação do adolescente infrator ao estas serão apresentadas à autoridade competente
representante do Ministério Público, no prazo de 24 para as medidas cabíveis, como as enumeradas no
horas, juntamente com a cópia do procedimento artigo 100 do ECA e também, de acordo com artigo
respectivo. De acordo com os Artigos 179 e 180 do 105, para acompanhar crianças (menores de 12 anos)
ECA, depois de ouvir todos os envolvidos, e juntar os que tenham cometido algum fato típico e antijurídico
antecedentes do adolescente, o Ministério Público (ato infracional) e que por razão da idade não podem
poderá: 1- Promover o arquivamento dos autos (na ficar apreendidos.
realidade a expressão seria requerer); 2-Conceder a O Conselho Tutelar é órgão de fundamental
remissão (também é requerer, representar); 3- importância, como já dito, e que trabalha diretamente
Representar à autoridade judiciária para aplicação de com órgãos que trabalham com menores, e assim
medida socioeducativa. No caso em que o adolescente atuam na efetivação, bem como na prevenção e
infrator encontre-se internado provisoriamente, o repressão de abusos ou lesões aos direitos da criança e
prazo máximo e improrrogável para a conclusão do do adolescente.
procedimento é de 45 dias (Art. 183 do ECA).
Dentro desses quarenta e cinco dias, o Juiz
deverá proferir a sua sentença definitiva, caso não o
faça dentro desse prazo e o adolescente esteja
internado, deverá o mesmo ser imediatamente
liberado.

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7. A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL REFERÊNCIAS

Questão que gera polêmica e controvérsias,


DE PAULA, Paulo Afonso Garrido. “Ato infracional e
principalmente no cenário atual é a questão da
natureza do sistema de responsabilização de
redução da maioridade penal. Os que são contrários à
responsabilização”. In: Justiça, Adolescente e Ato
redução, na sua maioria dizem que o problema seria
Infracional: Socioeducação e responsabilização. São
social e não legal, sustentando que a redução da
Paulo: Ilanud. 2006.
maioridade penal não trará à criança e ao adolescente
uma família estruturada com melhores condições de SPOSATO, Karyna Batista. “Princípios e garantias para
vida, trabalho digno e lazer para que o menor tenha um direito penal juvenil mínimo”. In: Justiça,
um desenvolvimento considerado completo. E mais, a Adolescente e Ato Infracional: Socioeducação e
prisão de um adolescente em estabelecimentos Responsabilização. São Paulo: Ilanud. 2006.
prisionais junto com maiores de idade, seria um erro, CURY, Munir, SILVA, Antonio Fernando do Amaral e
já que como sendo pessoa em desenvolvimento, o MENDEZ, Emilio Garcia, organizadores. Estatuto da
adolescente menor de 18 anos seria prejudicado em Criança e do Adolescente Comentado. São Paulo:
sua formação e desenvolvimento de sua Malheiros Editores. 2000.
personalidade.
De outro lado, os que são favoráveis à redução VOLPI, Mário. “O adolescente e o ato infracional”. São
da maioridade penal, informam que a mesma trará Paulo: Cortez, 2005.
acentuada diminuição à criminalidade presente em ISHIDA, Valter Kenji. “Estatuto da Criança e do
nosso país, tendo em vista que o tráfico de drogas e o Adolescente”. São Paulo: Atlas. 2009.
crime organizado utilizam os menores como
verdadeiros parceiros do crime, uma vez que eles TAVARES, José de Farias. “Comentários ao Estatuto da
acreditam que os adolescentes são imunes a qualquer Criança e do Adolescente”. Rio de Janeiro: Forense.
tipo de pena. Defendem ainda que, no mundo atual, 2012.
moderno e globalizado, onde cada vez mais cedo os VERONESE, Josiane Rose Petry. “Os direitos da Criança
adolescentes estão em contato com todo tipo de e do Adolescente”. São Paulo: LTR. 1999.
informações, não há que se falar em hipossuficiência.
ALVES, Roberto Barbosa. “Direito da Infância e da
Existe um Projeto de Emenda à Constituição
Juventude”. São Paulo: Saraiva. 2007.
Federal (PEC 171-93) do Deputado federal Benedito
Domingos, que visa alterar o artigo 228 da CF, onde os CHAVES, Antonio. “Comentários ao Estatuto da Criança
adolescentes passariam a ser imputáveis penalmente a e do Adolescente”. São Paulo: LTR. 1997.
partir dos 16 anos de idade. A admissibilidade da
PEREIRA, Tânia da Silva. “Direito da criança e do
presente PEC da maioridade já foi votada e aprovada
adolescente – Uma proposta interdisciplinar”. Rio de
em março do presente ano na Câmara de Constituição
Janeiro: Renovar. 1996.
e Justiça e Cidadania (CCJC) e agora segue para votação
na Câmara do Deputados e Senado Federal, onde Princípios norteadores do ECA. Disponível em
restará aprovada em votação de 3-5 dos membros de http://juliabr.jusbrasil.com.br/artigos. Acesso em:
cada casa legislativa. 05.maio.2015

Vídeo 3 – Tema: Redução da maioridade penal


(Profissão Repórter – 14/04/2015).
https://youtu.be/JuS0A05rpA4
(https://www.youtube.com/watch?v=JuS0A05rpA4)

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