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Disciplina: Estruturas de Concreto Armado II

Prof. Eng. Me. Salomão Silva Neto


Introdução
COLOCAÇÃO DE UM PROBLEMA

 No cumprimento das suas funções, ao engenheiro civil, cabe:

Arquitetar, Dimensionar, Construir, Proteger e Conservar,


buscando o melhor desempenho (qualidade), a maior segurança,
economia e durabilidade.
 Para tanto, interessará ao engenheiro conhecer as propriedades
físicas, químicas e mecânicas dos materiais a serem aplicados na
obra, seu preço e trabalhabilidade.
 Deve, também, saber aproveitar esse conhecimento e aplicá-lo no
dimensionamento das peças estruturais.
Introdução
COLOCAÇÃO DE UM PROBLEMA
Introdução
COLOCAÇÃO DE UM PROBLEMA
 Em face das necessidades do engenheiro o problema consiste em:

 Escolher o material mais adequado para a materialização de


um dado tipo de construção levando em conta: segurança,
economia e durabilidade;
Observação: Não possuindo qualidade, o material será “barato ou de
baixo custo”, mas será economicamente inviável.

 Conhecer suas propriedades, isoladamente ou associados;

 Utilizar o material escolhido de forma mais eficiente e


eficaz possível (ou seja, efetuando um dimensionamento
seguro, econômico e com o melhor desempenho possível).
Observação: As estruturas devem oferecer segurança a todas as ações, por
mais desfavoráveis que sejam, ao longo de sua vida útil para o qual foi
projetada
Bases de Cálculo
Classificação dos Esforços
 Cargas ou ações são as forças externas que atuam sobre um
determinado sistema estrutural.

 Esforços são as forças desenvolvidas internamente no corpo e que


tendem a resistir às cargas.
 Deformações são as mudanças das dimensões geométricas e da forma
do corpo solicitado pelos esforços.
 As cargas ou ações atuantes sobre as estruturas, definidas por
Normas específicas, de maneira geral, podem ser classificadas em:
Permanentes (CP ou G), Acidentais ou Variáveis (CA ou Q), Vento
(CV) e Excepcionais (CE):
Bases de Cálculo
Classificação dos Esforços
 Cargas Permanentes:
 Peso próprio dos elementos constituintes da estrutura.
 Peso próprio de todos os elementos de construção permanentemente
suportados pela estrutura – pisos, paredes fixas, coberturas, forros,
revestimentos e acabamentos.
 Peso próprio de instalações, acessórios e equipamentos permanentes.

 Cargas Acidentais:
 Sobrecargas de utilização, devidas ao peso das pessoas.
 Sobrecargas devidas ao peso de objetos e materiais estocados.
 Sobrecargas provenientes de cargas de equipamentos específicos – ar
condicionado, elevadores.
 Sobrecargas provenientes de empuxos de terra e de água e de variação
de temperatura.
Bases de Cálculo
Classificação dos Esforços
 Cargas de Vento:
 As cargas provenientes da ação dos ventos nas estruturas são das mais
importantes e, suas considerações e aplicações, estão contidas em norma
específica – NBR 6123 : Forças Devidas ao Vento em Edificações.

 Cargas Excepcionais:
 Cargas ou ações, provenientes de outros fatores:
 vibrações: ressonância ou vibração senoidal contínua e transiente ou
vibração passageira.
 explosões, incêndios, choques de veículos, efeitos sísmicos,
enchentes, etc.
Bases de Cálculo
Classificação dos Esforços
 Esforços Atuantes Internos

 Força Normal (N) :


 é a componente perpendicular à seção transversal das peças, que podem
ser de tração (+) se é dirigida para fora da peça ou de compressão (-) se é
dirigida para dentro da peça.
 Essa força será equilibrada por esforços internos (esforços resistentes) e se
manifestam sob a forma de tensões normais, que serão de tração ou
compressão segundo a força N seja de tração ou de compressão.

 Força Cortante (Q) –


 é a componente que tende a fazer deslizar uma porção da peça em relação à
outra e por isso mesmo provocar corte.
 Essa força será equilibrada por esforços internos e é denominada tensão de
cisalhamento.
Bases de Cálculo
Classificação dos Esforços
 Esforços Atuantes Internos

 Momento Fletor (Mf ou M)


 é a componente que tende a curvar o eixo longitudinal da peça e será
equilibrada por esforços internos que são tensões normais.

 Momento Torsor (Mt)


 é a componente que tende a fazer girar a seção da peça em torno do seu
eixo longitudinal e será equilibrada por esforços internos denominadas
tensões de cisalhamento.
Bases de Cálculo
Classificação dos Esforços
 Deformações / Deslocamentos
 O influxo das cargas ou esforços atuantes provoca deformações /
deslocamentos em torno dos eixos transversais da seção da peça.
 As peças estruturais devem ter capacidade de se manter em
condições estáveis plásticas em relação a estas deformações e, por
conseguinte, existem valores pré-determinados que estipulam
limitações para essas deformações /deslocamentos.
 Peças sujeitas a cargas uniformemente distribuídas ou mesmo
pontuais sofrem como consequência dessas cargas, deformações em
torno do eixo solicitado.
 Dessa maneira, é sempre necessário verificar-se as deformações
ocasionadas nessas peças estruturais, de forma que elas não
ultrapassem as deformações permissíveis.
Bases de Cálculo
Critérios de Dimensionamento
 As estruturas devem oferecer segurança a todas as ações, por mais
desfavoráveis que sejam, ao longo de sua vida útil para o qual foi
projetada.
 As estruturas não devem atingir um estado limite imediato ou em
longo prazo, mesmo em condições precárias de funcionalidade.
 Além da previsão de todas as ações, do projeto adequado, é
necessário também que a estrutura tenha uma reserva de resistência,
garantida por coeficientes de segurança adequados.
 Um estado limite ocorre sempre que a estrutura deixa de satisfazer
um de seus objetivos.
 Eles podem ser divididos em Estados Limites Últimos (ELU) e
Estados Limites de Utilização, ou de Serviço (ELS).
Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
 A estrutura atinge seu estado limite quando:
 perde a estabilidade;

 em um de seus pontos o material atinge a tensão de ruptura;

 há uma deformação plástica excessiva.

 O conceito de segurança abrange o estado limite ao longo de sua vida


útil e às condições de funcionalidade.

 Por isso, existem os dois tipos de estados limites: estados limites


últimos (ELU) e estados limites de utilização (ELS).
Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
 O método dos estados limites utilizado para o dimensionamento dos
componentes de uma estrutura exige que nenhum estado limite aplicável
seja excedido quando a estrutura for submetida a todas as combinações
apropriadas de ações.
 Por ações entendem-se todas as cargas (G, Q, CV, CE) que provocam
tensões na estrutura.
 Quando a estrutura não mais atende aos objetivos para os quais foi
projetada, um ou mais estados limites foram excedidos.
 Os estados limites últimos estão relacionados ao colapso total ou
parcial da estrutura, comprometendo a segurança dos usuários; ou seja,
estão relacionados com a segurança da estrutura sujeita às combinações
mais desfavoráveis de ações previstas em toda a sua vida útil.
 Os estados limites de utilização estão relacionados com o desempenho
da estrutura sob condições normais de serviço.
Bases de Cálculo
Estados Limites Últimos
Esgotamento da capacidade resistente da estrutura

 como corpo rígido


 como um todo ou em parte
 considerando efeitos de segunda ordem

 Instabilidade dinâmica

➔ Ocorrência determina paralisação do uso


Bases de Cálculo
Estados Limites de Serviço
 Durabilidade
 Aparência
 Conforto do usuário
 Funcionalidade

“Dia-a-dia” do funcionamento da estrutura.

Evita-se, assim, a sensação de insegurança dos usuários de uma obra na


presença de deformações ou vibrações excessivas, ou ainda, prejuízo
de componentes não estruturais como alvenarias e esquadrias
Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
 O princípio fundamental deste método é que a resistência de
cálculo (Rd) de cada componente ou conjunto da estrutura deve ser
igual ou superior à solicitação de cálculo (Sd).

Rd > Sd ou seja, Sd < Rd


 A resistência de cálculo é determinada para cada estado limite, e é
o resultado da minoração da resistência nominal (Rn), adotando-
se um coeficiente de minoração para o material considerado.

Rd < Rn / gm onde:

Rd = resistência de cálculo
Rn = resistência nominal do material
gm = coeficiente de minoração do material
Bases de Cálculo
Método dos Estados Limites
 No método dos estados limites, ainda, as ações devem ser
majoradas de um coeficiente de majoração das ações (gm)

Sd = g f * S onde:

Sd = solicitação de cálculo
S = esforço nominal
gf = coeficiente de majoração das ações

 Devemos seguir as recomendações da norma NBR 8681 - Ações e


Segurança nas Estruturas, e da NBR 6118: 2014 – Projeto de
Estruturas de Concreto, combinando as cargas e os coeficientes de
majoração especificados para cada uma delas.
Estado Limite Último (ELU)
Valores Representativos
 No cálculo dos esforços solicitantes, devem ser identificadas e
quantificadas todas as ações passíveis de atuar durante a vida da
estrutura e capazes de produzir efeitos significativos no
comportamento da estrutura .
 Com vistas aos Estados limites últimos, as ações podem ser
quantificadas por seus valores representativos, que podem ser
valores característicos, valores característicos nominais, valores
reduzidos de combinação e valores convencionais excepcionais.
a) Valores característicos (Fk)

 Os valores característicos quantificam as ações cuja variabilidade no


tempo pode ser adequadamente expressa através de distribuições de
probabilidade.
Estado Limite Último (ELU)
Valores Representativos
b) Valores característicos nominais (Fn)

 Os valores característicos nominais quantificam as ações cuja


variabilidade no tempo não pode ser adequadamente expressa
através de distribuições de probabilidade.
 Para as ações com baixa variabilidade, com valores característicos
superior e inferior diferindo muito pouco entre si, adotam-se como
característicos os valores médios das respectivas distribuições.
c) Valores reduzidos de combinação
 Os valores reduzidos de combinação são empregados quando
existem ações variáveis de naturezas distintas, com possibilidade de
ocorrência simultânea.
Estado Limite Último (ELU)
Valores Representativos
c) Valores reduzidos de combinação
 A NBR 6118:2014 estabelece para o cálculo do valor reduzido de
combinação um coeficiente y0 que leva em conta o fato de que é
muito pouco provável que essas ações variáveis ocorram
simultaneamente com seus valores característicos.
 Assim, os valores reduzidos de combinação são determinados a
partir dos valores característicos através da expressão ψ0* Fk .

 Valores convencionais excepcionais


 São os valores arbitrados para as ações excepcionais. Em geral, esses
valores são estabelecidos através de acordo entre o proprietário da
construção e as autoridades governamentais que nela tenham
interesse.
Estado Limite Último (ELU)
Coeficientes de ponderação das ações (ELU)
 Os valores de cálculo Fd das ações são obtidos a partir dos valores
representativos, multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de
ponderação γf .

 No Estado Limite Último (ELU) considera-se que:

γf = γf1 ⋅ γf2 ⋅ γf3

 Os valores-base para verificação são os apresentados nas Tabelas


11.1 e 11.2, para γf1.γf3 e γf2, respectivamente.
Estado Limite Último (ELU)
Bases de Cálculo
Combinações das ações
 Entende-se combinações de ações (ou carregamento) o conjunto
das ações que têm probabilidade não desprezível de atuarem
simultaneamente sobre a estrutura, durante um determinado
período de tempo pré-estabelecido.
 Pode ser de longa duração ou transitório, conforme seu tempo de
duração.
 Em cada tipo de carregamento, as ações devem ser combinadas de
diferentes maneiras, a fim de que possam ser determinados os
efeitos mais desfavoráveis para a estrutura.
 Devem ser estabelecidas tantas combinações quantas forem
necessárias para que a segurança seja verificada em relação a todos
os possíveis estados limites (últimos e de serviço).
Estado Limite Último (ELU)
Combinações das ações
No Estado Limite Último, pode-se distinguir os seguintes tipos de
carregamento, passíveis de ocorrer durante a vida da construção:
a) Carregamento Normal
 O carregamento normal decorre do uso previsto para a construção,
podendo-se admitir que tenha duração igual à vida da estrutura.

b) Carregamento Especial
 O carregamento especial é transitório e de duração muito pequena
em relação à vida da estrutura. Este tipo de carregamento decorre de
ações variáveis de natureza ou intensidade especiais, cujos efeitos
superam os do carregamento normal. O vento é um exemplo de
carregamento especial.
Estado Limite Último (ELU)
Combinações das ações
c) Carregamento Excepcional
 O carregamento excepcional decorre da atuação de ações
excepcionais, sendo, portanto, de duração extremamente curta e
capaz de produzir efeitos catastróficos. Por exemplo, um terremoto.
d) Carregamento de Construção
 O carregamento de construção é transitório, pois, como a própria
denominação indica, refere-se à fase de construção, sendo
considerado apenas nas estruturas em que haja risco de ocorrência
de estados limites já na fase executiva.
 Este tipo de carregamento deve ser considerado apenas para
determinados tipos de construção, para as quais não possam ser
tomadas, ainda na fase de concepção estrutural, medidas que
anulem ou atenuem os efeitos.
Estado Limite Último (ELU)
Combinações das ações
d) Carregamento de Construção
 Devem ser estabelecidas tantas combinações quantas forem
necessárias para a verificação das condições de segurança em relação
a todos os estados limites que são de se temer durante a fase de
construção.
 Como exemplo, tem-se: cimbramento e descimbramento.

 A NBR 6118: 2014 em seu item 11.8.2 para facilitar o calculista,


elaborou uma tabela (11,3), baseada na NBR 8681, das combinações
últimas usuais, utilizando, ainda as tabelas 11.1 e 11.2 da
NBR 6118:2014.
Estado Limite de Serviço (ELS)
Coeficientes de ponderação das ações
 Os valores de cálculo Fd das ações são obtidos a partir dos valores
representativos, multiplicando-os pelos respectivos coeficientes de
ponderação γf . Em geral, o coeficiente de ponderação das ações
para Estados Limites de Serviço é dado pela expressão:

γf = γf2
Onde:
γf2 tem valor variável conforme a verificação que se deseja fazer
(ver Tabela 11.2):
γf2 = 1 para combinações raras;
γf2 = y1 para combinações frequentes;
γf2 = y2 para combinações quase permanentes.
Estado Limite de Serviço (ELS)
Combinações de Serviço
 A NBR 6118:2014, no item 11.8.3, estabelece quais as ações que
devem ser consideradas para a verificação dos Estados limites de
utilização ou serviço.
 quase permanentes: podem atuar durante grande parte do período
de vida da estrutura, e sua consideração pode ser necessária na
verificação do estado-limite de deformações excessivas;
 frequentes: repetem-se muitas vezes durante o período de vida da
estrutura, e sua consideração pode ser necessária na verificação dos
estados-limites de formação de fissuras, de abertura de fissuras e de
vibrações excessivas. Podem também ser consideradas para
verificações de estados-limites de deformações excessivas
decorrentes de vento ou temperatura que podem comprometer as
vedações;
Estado Limite de Serviço (ELS)
Combinações de Serviço
 A NBR 6118:2014, no item 11.8.3, estabelece quais as ações que
devem ser consideradas para a verificação dos Estados limites de
utilização ou serviço :
 raras: ocorrem algumas vezes durante o período de vida da
estrutura, e sua consideração pode ser necessária na verificação do
estado-limite de formação de fissuras.
 Com isso, a NBR 6118:2014 dispôs em uma tabela (11.4) as
combinações possíveis para cada situação, sendo atribuídos fatores
de redução para a combinações(contidos na tabela 11.2):
 y1 → fator de redução combinação frequente.
 y2 → fator de redução quase permanente.
MÉTODO DOS ESTADOS LIMITES
Segurança
 Como já vimos, uma estrutura pode ser considerada segura se
possuir, pelo menos:

➢ Resistência
➢ Estabilidade
➢ Durabilidade
 Muitos fatores influenciam a segurança:

 Variabilidade das ações e das resistências


 Importância da estrutura ➔ Custo dos danos
 Imprecisões geométricas
 Imprecisões / Incertezas dos métodos de cálculo
MÉTODO DOS ESTADOS LIMITES
Segurança
 Em outra palavras, um estrutura é segura se tiver condições de
suportar todas as ações possíveis de ocorrer, durante sua vida útil,
sem atingir um estado de insegurança ou inadequação para o uso.
A idéia básica do método dos estados limites é:
a) Majorar ações e esforços solicitantes (valores representativos
das ações), resultando nas ações e solicitações de cálculo, de forma
que a probabilidade desses valores serem ultrapassados é pequena;
b) Reduzir os valores característicos das resistências dos
materiais, resultando nas resistências de cálculo, com pequena
probabilidade dos valores reais atingirem esse patamar;
c) Equacionar a situação de ruína, fazendo com que o esforço
solicitante de cálculo seja igual à resistência de cálculo.
MÉTODO DOS ESTADOS LIMITES
Coeficientes de ponderação das resistências
 Os coeficientes de minoração das resistências são indicados por
γm, sendo γc para o concreto e γs para o aço.
Estados Limites Últimos (ELU)
Concreto: γc = 1,4 fcd = fck / 1,4

Aço: γs = 1,15 f yd = f yk / 1,15

Estados Limites de Serviço (ELS)


Concreto: γc = 1,0

Aço: γs = 1,0
Até a próxima aula!

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