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Ciência dos Materiais

Profa. Dra. Sara Silva Ferreira de Dafé


PROPRIEDADES DOS METAIS
DEFORMADOS PLASTICAMENTE

A capacidade de um material se deformar plasticamente está


relacionado com a habilidade das discordâncias se movimentarem

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Discordâncias e Mecanismos
de Aumento de Resistência

- Conceitos básicos: características das


discordâncias, sistemas de
escorregamento
- Aumento da resistência por diminuição
do tamanho de grão
- Aumento da resistência por solução
sólida
- Encruamento, recuperação,
recristalização e crescimento de grão 3
DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
• Os materiais podem ser solicitados por tensões de
compressão, tração ou de cisalhamento.
• Como a maioria dos metais são menos resistentes ao
cisalhamento que à tração e compressão e como estes
últimos podem ser decompostos em componentes de
cisalhamento, pode-se dizer que os metais se deformam
pelo cisalhamento plástico ou pelo escorregamento de um
plano cristalino em relação ao outro.
• O escorregamento de planos atômicos envolve o movimento
de discordâncias

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DISCORDÂNCIAS E DEFORMAÇÃO
PLÁSTICA
• Em uma escala microscópica a deformação plástica é o resultado do
movimento dos átomos devido à tensão aplicada. Durante este processo
ligações são quebradas e outras refeitas.
• Nos sólidos cristalinos a deformação plástica geralmente envolve o
escorregamento de planos atômicos, o movimento de discordâncias e a
formação de maclas
• Então, a formação e movimento das discordâncias têm papel
fundamental para o aumento da resistência mecânica em muitos
materiais.
A resistência Mecânica pode ser aumentada restringindo-se o movimento
das discordâncias

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MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS E A
DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
• Discordâncias em cunha movem-se
devido à aplicação de uma tensão de
cisalhamento perpendicular à linha
de discordância
• O movimento das discordâncias pode
parar na superfície do material, no
contorno de grão ou num
precipitado ou outro defeito
• A deformação plástica corresponde à
deformação permanente que resulta
principalmente do movimento de
discordâncias (em cunha ou em
hélice)

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MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS

Direção de escorregamento

Plano de escorregamento
Uma distância
interatômica
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MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS EM
CUNHA E EM HÉLICE

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DENSIDADES DE DISCORDÂNCIAS TÍPICAS

• Materiais solidificados lentamente = 103


discord./mm2
• Materiais deformados= 109 -1010 discord./mm2

• Materiais deformados e tratados termicamente= 105 -106


discord./mm2

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CARACTERÍSTICAS DAS DISCORDÂNCIAS
IMPORTANTES PARA AS PROP. MECÂNICAS

• Quando os metais são deformados


plasticamente cerca de 5% da energia é
retida internamente, o restante é
dissipado na forma de calor.
• A maior parte desta energia
armazenada está associada com as
tensões associadas às discordâncias
• A presença de discordâncias promove
uma distorção da rede cristalina de
modo que certas regiões sofrem
tensões compressivas e outras tensões
de tração.

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INTERAÇÃO DE DISCORDÂNCIAS
• ATRAÇÃO • REPULSÃO

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MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS EM
MONOCRISTAIS
• Durante a deformação plástica o
número de discordâncias
aumenta drasticamente
• As discordâncias movem-se mais
facilmente nos planos de maior
densidade atômica (chamados
planos de escorregamento). Neste
caso, a energia necessária para
mover uma discordância é
mínima
• Então, o número de planos nos
quais pode ocorrer o
escorregamento depende da
estrutura cristalina

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Planos e direções de deslizamento das
discordâncias
• Sistemas de delizamento:conjunto de planos e direções de
maior densidade atômica

• CFC: {111}<110> (mínimo 12 sistemas)


• CCC: {110}<111> (mínimo 12 sistemas)
• HC: apresenta poucos sistemas de deslizamento (3
ou 6) por isso os metais que cristalizam nesta
estrutura são frágeis

PARA ALGUNS MATERIAIS COM ESTRUTURAS CCC E HC O


ESCORREGAMENTO DE ALGUNS PLANOS SÓ SE TORNAM 13
OPERATIVOS A ALTAS TEMPERATURAS
CFC: {111}<110>
(mínimo 12 sistemas de
escorregamento)
Planos: {111}= 4
Direções: 3 para cada plano

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Maclas

• Discordâncias não é o único defeito cristalino


responsável pela deformação plástica, maclas
também contribuem.
• Deformação em materiais cfc, como o cobre, é
comum ocorrer por maclação

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Mecanismos de aumento de
resistência dos metais
• Aumento da resistência por adição de elemento de liga
(formação de solução sólida ou precipitação de fases)
• Aumento da resistência por redução do tamanho de grão
• Aumento da resistência por encruamento
• Aumento da resistência por tratamento térmico
(transformação de fase): será visto posteriormente

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INTERAÇÃO DE DISCORDÂNCIAS EM
SOLUÇÕES SÓLIDAS

Quando um átomo de uma impureza esta presente,


o movimento da discordância fica restringido, ou seja,
deve-se fornecer energia adicional para que continue
havendo escorregamento. Por isso soluções sólidas
de metais são sempre mais resistentes que seus
metais puros constituintes 17
DEFORMAÇÃO PLÁSTICA EM
MATERIAIS POLICRISTALINOS
O contorno de grão interfere
no movimento das
discordâncias
• Devido as diferentes
orientações cristalinas
presentes, resultantes do
grande número de grãos, as
direções de
escorregamento das
discordâncias variam de
grão para grão

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Aumento da resistência por diminuição do
tamanho de grão
• O contorno de grão funciona como um
barreira para a continuação do movimento
das discordâncias devido as diferentes
orientações presentes e também devido às
inúmeras descontinuidades presentes no
contorno de grão.

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Dependência da tensão de escoamento com o
tamanho de grão
• esc= o + Ke (d)-1/2

• o e Ke são constantes
• d= tamanho de grão
• Essa equação não é válida para grãos muito
grosseiros ou muito pequenos

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ENCRUAMENTO OU ENDURECIMENTO PELA
DEFORMAÇÃO À FRIO
• É o fenômeno no qual um material endurece devido à
deformação plástica (realizado pelo trabalho à frio)
• Esse endurecimento dá-se devido ao aumento de
discordâncias e imperfeições promovidas pela deformação,
que impedem o escorregamento dos planos atômicos
• A medida que se aumenta o encruamento maior é a força
necessária para produzir uma maior deformação
• O encruamento pode ser removido por tratamento térmico
(recristalização)

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VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS EM
FUNÇÃO DO ENCRUAMENTO

O encruamento aumenta a
resistência mecânica

O encruamento aumenta o
limite de escoamento

O encruamento diminui a
ductilidade

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ENCRUAMENTO E
MICROESTRUTURA
• Antes da deformação • Depois da deformação

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RECRISTALIZAÇÃO
(Processo de Recozimento para Recristalização)

• Se os metais deformados plasticamente forem


submetidos ao um aquecimento controlado,
este aquecimento fará com que haja um
rearranjo dos cristais deformados
plasticamente, diminuindo a dureza dos
mesmos

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MECANISMO QUE OCORRE NO AQUECIMENTO
DE UM MATERIAL ENCRUADO
ESTÁGIOS:

• Recuperação
• Recristalização
• Crescimento de grão

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MECANISMO QUE OCORRE NO AQUECIMENTO
DE UM MATERIAL ENCRUADO

Ex: Latão

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RECUPERAÇÃO
• Há um alívio das tensões internas armazenadas
durante a deformação devido ao movimento das
discordâncias resultante da difusão atômica
• Nesta etapa há uma redução do número de
discordâncias e um rearranjo das mesmas
• Propriedades físicas como condutividade térmica e
elétrica voltam ao seu estado original
(correspondente ao material não-deformado)

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RECRISTALIZAÇÃO
• Depois da recuperação, os grãos ainda estão
tensionados
• Na recristalização os grão se tornam novamente
equiaxiais (dimensões iguais em todas as direções)
• O número de discordâncias reduz mais ainda
• As propriedades mecânicas voltam ao seu estado
original

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CRESCIMENTO DE GRÃO
• Depois da recristalização se o material
permanecer por mais tempo em temperaturas
elevadas o grão continuará à crescer
• Em geral, quanto maior o tamanho de grão
mais mole é o material e menor é sua
resistência

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TEMPERATURAS DE
RECRISTALIZAÇÃO

• A temperatura de recristalização é
dependente do tempo
• A temperatura de recristalização está entre
1/3 e ½ da temperatura de fusão

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TEMPERATURAS DE
RECRISTALIZAÇÃO
• Chumbo - 4C
• Estanho - 4C
• Zinco 10C
• Alumínio de alta pureza 80C
• Cobre de alta pureza 120C
• Latão 60-40 475C
• Níquel 370C
• Ferro 450C
• Tungstênio 1200C 31
DEFORMAÇÃO À QUENTE E
DEFORMAÇÃO À FRIO
• Deformação à quente: quando a deformação
ou trabalho mecânico é realizado acima da
temperatura de recristalização do material
• Deformação à frio: quando a deformação ou
trabalho mecânico é realizado abaixo da
temperatura de recristalização do material

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DEFORMAÇÃO À QUENTE
VANTAGENS
 Permite o emprego de menor esforço mecânico para a mesma
deformação (necessita-se então de máquinas de menor capacidade
se comparado com o trabalho a frio).
 Promove o refinamento da estrutura do material, melhorando a
tenacidade
 Elimina porosidades
 Deforma profundamente devido a recristalização

DESVANTAGENS:
 Exige ferramental de boa resistência ao calor, o que implica em
custo
 O material sofre maior oxidação, formando casca de óxidos
 Não permite a obtenção de dimensões dentro de tolerâncias estreitas 33
DEFORMAÇÃO À FRIO

 Aumenta a dureza e a resistência dos materiais,


mas a ductilidade diminui
 Permite a obtenção de dimensões dentro de
tolerâncias estreitas
 Produz melhor acabamento superficial

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VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES EM FUNÇÃO DO
ENCRUAMENTO

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