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Évelyn Bisconsin1
Centro Universitário Ritter dos Reis, Rio Grande do Sul
Resumo
Este trabalho se propõe a levantar aspectos sustentáveis da difusão de informação
jornalística através da internet em comparação ao tradicional jornal impresso.
Pretende avaliar aspectos positivos e negativos de ambos suportes (aqui tratando do
ciberespaço e do jornal impresso como suportes) do ponto de vista da
sustentabilidade. Não há respostas ou avaliações definitivas, visto que a tecnologia
verde avança rapidamente, tanto em se tratando de informática quanto de indústria
gráfica. O objetivo é conseguir visualizar e esclarecer toda uma gama de variáveis
que permeiam tais mídias, de modo a enriquecer o campo de conhecimento do
designer a respeito.
Abstract
This paper aims to raise sustainable aspects of information broadcast by Internet
compared to printed journalism. To evaluate positive and negative aspects of each
media (deal with cyberspace and the print newspaper as media) from the standpoint
of sustainability.
There are no definitive answers or ratings, since green technology advances quickly,
both when it comes to computers and the printing industry. The goal is to observe
and to clarify a range of variables that underlie such media, in order to improve the
field of about designer's knowledge.
Key words: draw of information path; internet; printed journalism.
1
evelynbisconsin@gmail.com
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INTRODUÇÃO
1. QUE É SUSTENTABILIDADE
O desenvolvimento sustentável é um conceito que surgiu nos anos 70, com maior
repercussão a partir do lançamento do livro Limites do crescimento: um relatório
para o Projeto do Clube de Roma sobre o Dilema da Humanidade (MEADOWS, et.
al., ano da publicação?1972), quando se fez uma previsão bastante pessimista do
futuro da humanidade, caso as bases do modelo de exploração do meio ambiente
não fossem alteradas.
Com poucas e pequenas modificações, o conceito amplamente divulgado nos
dias de hoje e atribuído a Lester Brown é o de que sustentabilidade significa suprir
as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras
de suprir as suas.
A construção de uma eco-economia é empolgante e recompensadora.
Significa podermos viver num mundo onde a energia venha de turbinas
eólicas, e não de minas de carvão; onde as indústrias de reciclagem
substituam indústrias de mineração; e onde as cidades sejam planejadas
para pessoas e não para carros. E, mais importante talvez, ter a satisfação
de construir uma economia para sustentar, e não solapar as gerações
futuras. (BROWN, 2001 p. 36).
Com base nisso, Manzini e Vezzolli (2002, p. 28) citam que as ações humanas,
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Figura 12: Legenda da figura e fonte de referência?Caminho da notícia no jornal impresso (Fonte: da
autora)
Neste artigo, são abordadas notícias geradas por empresas de jornalismo, que
podem ter sua divulgação online ou, como nesta seção, via suportes impressos. No
caso do esquema apresentado na Figura 1, trata-se diretamente da informação no
meio impresso. A seguir, serão abordadas as etapas 1 (gráfica/impressão), 2
(distribuição) e 3-4 (leitores principais e secundários), de modo a informar sobre o
momento no ciclo da informação, abordando aspectos descritivos e, claro,
sustentáveis.
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2.1.2 Pré-impressão
A pré-impressão engloba os processos que antecedem a impressão, ou seja,
todas as operações que são necessárias para a criação do material, finalização da
arte, layout, originais ou artes-finais, tratamento de imagens, confecção de fotolitos,
gravação dos clichês e verificação da qualidade dos mesmos por meio de provas
digitais ou analógicas (fonte de referência consultada?FERNANDES, 2003).
A matriz de impressão do sistema offset, por exemplo, é obtida a partir de dois
processos: gravação de fotolito (Imagesetter) para gravação da chapa ou gravação
direta na chapa sem precisar de fotolito (CTP - Computer to Plate).
O fotolito é um filme transparente fotossensível, uma espécie de folha de acetato
que, através de exposição de luz, transfere a imagem digitalmente ou através de
processo fotográfico. Esse filme passa por banhos químicos para ser revelado e,
assim, se obter o fotolito pronto para a gravação da chapa.
Na gravação das chapas metálicas, o fotolito fica sobre a chapa para que ela seja
exposta a uma luz por um determinado tempo. Esse processo é similar ao da
ampliação de fotografias. .
(As partes que são expostas à luz se tornam hidrófilas e não têm como acumular
tinta).
Muitas gráficas não utilizam mais o sistema de gravação de fotolito, sendo pois a
chapa é gerada através de CTP - Computer to Plate, pois a chapa é gravada
diretamente por meio de um laser controlado por um computador. Essa chapa,
porém, também passa por banhos químicos para ser revelada e estar pronta para a
impressão.
A eliminação do fotolito é algo vantajoso para o meio ambiente, pois, além de não
usar o filme de acetato, ainda minimiza a utilização de banhos químicos que podem
causar um impacto ambiental.
Contando com a ajuda da eliminação do fotolito acompanhando a evolução cada
vez maior do CTP, há, hoje em dia, uma nova geração de chapas que podem ser
eficazes contra a degradação do meio ambiente. Eliminando variáveis de
processamento, torna a produção mais sustentável. Segundo a fabricante
Heidelberg, a tecnologia consiste em um processo simples de gravação, goma e
impressão, sem o uso de produtos químicos e sem as preocupações com as
tradicionais variáveis de processamento, sem uso de tintas ou solução de molhagem
especial (HEIDELBERG, 2010).
Tanto a fase de pré-impressão quanto a fase de impressão geram resíduos que
podem ser classificados2 como perigosos, não-inertes e inertes, dado o grande
número de processos físicos e químicos para a preparação e impressão. Mesmo
com o avanço das tecnologias e a busca das empresas por processos e
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Segundo a norma NBR 10004:2004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, cada resíduo
geradotem uma classificação de periculosidade:
§ Resíduos Classe l - perigosos; São aqueles que apresentam periculosidade, (…) ou uma das características
seguintes: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade
§ Resíduos Classe ll - não inertes; São aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe l
perigosos ou de resíduos da classe lll inertes, nos termos desta norma. Podem ter tais como: combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade em água.
§ Resíduos Classe lll - inertes. Quaisquer resíduos que, quando a mostrados de forma representativa e
submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou ionizadas, a temperatura ambiente,
conforme teste de solubilização, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações
superiores aos padrões de potabilidade de água, executando se ou os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor.
Como exemplo, podem se citar as rochas, tijolos, vidros e certos plásticos os e borrachas que não são
decompostos prontamente.
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2.1.3 Papel
Atualmente, 100% da produção de papel e celulose no Brasil emprega matéria-
prima de áreas de reflorestamento, principalmente de eucalipto (65%) e pinus (31%)
(IDEC, 2010). A especialização, ou seja, a monocultura de eucalipto e pinus apresenta
algumas contradições, porque, se de um lado ela promove um aumento na circulação
de produtos e de pessoas, por outro lado, há o perigo que toda monoatividade
econômica pode representar para o meio ecológico e social, causando a diminuição de
espécies da fauna e da flora regional típicas, bem como a perda de empregos em
outros setores da produção.
Segundo a consultora de meio ambiente do Idec, Lisa Gunn, utilizar
madeira de área reflorestada é sempre melhor do que derrubar matas
nativas, mas isso não quer dizer que o meio ambiente está protegido.
"Quando o reflorestamento é feito nos moldes de uma monocultura em
grande extensão de terras, não é sustentável porque causa impactos
sociais e ambientais, como pouca oferta de empregos e perda de
biodiversidade."
De acordo com algumas pesquisas científicas, a monocultura do
eucalipto, por exemplo, consome tanta água que pode afetar
significativamente os recursos hídricos. (IDEC, 2010)
2.2 DISTRIBUIÇÃO
Em Jornalismo, a distribuição é a etapa final do processo de produção de
veículos impressos. Os dois processos mais comuns de distribuição são a
assinatura e a venda avulsa.
Na assinatura, o leitor recebe os impressos em sua residência ou no endereço
designado, mediante pagamento prévio por um tempo determinado. Para que isso
ocorra, as empresas gráficas empregam caminhões e automóveis de grande porte,
como utilitários e vans, para levar os impressos de seu local de impressão (parque
gráfico) até o destino final. Os destinos mais distantes são carregados primeiro, e
assim sucessivamente, até os endereços mais próximos. A entrega em volumes
menores é feita de motocicleta ou a pé.
A venda avulsa utiliza jornaleiros ambulantes (atualmente, chamados de
promotores, em vários casos) que circulam pelas ruas oferecendo exemplares, ou
bancas de jornal, quiosques especificamente voltados para a venda de impressos.
Existe, também, a venda em estabelecimentos comerciais como livrarias, tabacarias
e cafeterias.
O caminho que percorrem os jornais, diariamente, no Brasil, conta
majoritariamente com transporte rodoviário, além de aéreo, via transportadoras e via
correio (esses últimos que mesclam os tipos de transporte). Apesar da oferta de
biocombustível, a emissão de gases poluentes pelos veículos pode ser considerada
uma grande vilã nesse cenário. Todo o percurso, não só da gráfica ao leitor, mas
também aquele que leva o papel e demais insumos às gráficas, quanto o percurso
que o próprio leitor faz de carro de uma banca de jornal até a sua casa, por exemplo,
são momentos em que há grande impacto ao meio ambiente.
3.1 PU
B Figura 23: Caminho da notícia no jornal online (Fonte: da autora)Legenda e fonte de LICAÇÃO
referência da figura? NA
INTERNET EM SITES ESPECÍFICOS (DATA CENTER)
Assim como para o jornal impresso, a web necessita que o material seja editado,
diagramado e revisado. Assim como o material é enviado para a gráfica nos moldes
tradicionais, ele é publicado em um site – na web.
Segundo Capra (2002, p. 146), a internet é uma forma interativa de uso dos
computadores, que, em menos de trinta anos, passou de uma rede experimental,
que atendia a pouco mais de dez institutos de pesquisa dos Estados Unidos, a um
sistema global feito de milhares de redes interconectadas, ligando milhões de
computadores e aparentemente capaz de uma expansão e uma diversificação
infinitas.
Na etapa da publicação, em termos de sustentabilidade, há os data centers, que são
serviços de valor agregado, oferecendo recursos de processamento e armazenamento
de dados em larga escala para que organizações de qualquer porte possam ter ao seu
alcance uma estrutura de grande capacidade e flexibilidade, alta segurança e
capacidade, do ponto de vista de hardware e software, para processar e armazenar as
suas informações (fonte de referência consultada/DINIZ, 2010).
Estabelecendo-se uma comparação entre o processo de pré-impressão (jornal
impresso) e o processo de publicação na internet, por exemplo, pode-se levar em
conta o consumo de energia. Hoje, os grandes data centers já consomem quase 1%
de toda energia elétrica gerada no planeta. Metade mantém os servidores em
funcionamento, e o restante é usado nos gigantes sistemas de ar-condicionado que
regulam a temperatura das salas onde ficam as máquinas (TEIXEIRA, 2007, p. 100).
Mesmo com os gastos de energia, a produção de praticamente zero resíduo mostra
uma face um tanto quanto sustentável da informação digital.
Há, ainda, alternativas verdes dentro desse processo. Sabe-se que os data
centers, pela própria natureza dos seus respectivos equipamentos, necessitam de
refrigeração. Algumas estimativas sugerem que dois terços da energia consumida
por um data center seja para fins de arrefecimento. A IBM, em Madrid, utiliza o calor
gerado pelos servidores do centro de dados para aquecer o edifício (AGUIAR e
AFONSO, 2009, p. 4).
4 CONCLUSÕES
Sustentabilidade é um tema amplo e complexo, pois mostra que cada pequena
ação do homem dentro de um processo pode mudar influenciar o todo, gerando
muito mais ou muito menos impacto ambiental. Por conta disso, não se pode afirmar
se as mídias impressas são mais ou menos sustentáveis que a web. O que se
observa, na web, é uma tendência forte no sentido de facilitar o alcance à
informação sem grandes aumentos de custo para o leitor/consumidor ou, ainda, sem
o aumento de impactos ambientais.
Mesmo na consagrada mídia impressa, pôde-se notar uma série de iniciativas,
legislações e tendências para que haja diminuição do impacto ambiental. Como o
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Para se obter a pureza necessária na produção de pasta de silício, utilizado na fabricação de circuitos e placas
de computadores, por exemplo, deve-se banhar o material em grande quantidade de água pura.
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REFERÊNCIAS
BROWN, Lester R. O Vigésimo nono dia Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas,
1980
CAPRA, F. As conexões ocultas. Ciência para uma vida sustentável. São Paulo:
Cultrix, 2002.
TEIXEIRA, Sérgio Jr. A Era da Computação verde. Exame, Ed. 895 ano 41
20/06/2007 p. 100-101.