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Campo elétrico
Não podendo detetar o fluxo de fluido elétrico, Franklin assumiu que no vidro esfregado
com seda o fluido passa da seda para o vidro. Assim sendo, Franklin chamou carga
positiva (excesso de fluido elétrico) ao estado de eletrização do vidro esfregado com
seda e carga negativa ao estado de eletrização da seda usada para esfregar esse vidro.
Atualmente sabe-se que a matéria é constituída por átomos e que um átomo ou molécula
está no seu estado elétrico "natural" (neutro), quando tem o mesmo número de eletrões e
de protões. O fluido elétrico postulado por Franklin é realmente a transferência de
eletrões entre átomos ou moléculas. No caso do vidro eletrizado por fricção com seda,
os eletrões passam do vidro para a seda; ou seja, usando os sinais adotados por Franklin
para a carga, o eletrão é uma partícula com carga elétrica negativa,
Navegação:
Por exemplo, o átomo com 3 protões e 4 neutrões que mostra a figura 1.1 é um átomo
de lítio, com número atómico igual a 4. Um eletrão isolado é uma partícula muito
pequena, mas dentro do átomo, cada eletrão assemelha-se de uma "nuvem" espalhada
em torno do núcleo.
Entre dois protões ou dois eletrões atua uma força repulsiva chamada força elétrica. A
origem dessa força é atribuída a uma propriedade intrínseca das partículas
fundamentais, chamada carga elétrica.
A intensidade da força elétrica entre dois protões ou dois eletrões é exatamente igual, se
a distância entre as partículas for a mesma. Isso implica que a grandeza da carga elétrica
dos protões e dos eletrões é a mesma. Um protão e um eletrão, colocados à mesma
distância que esses dois protões ou eletrões, também interagem com força elétrica da
mesma intensidade, mas essa força é atrativa, em vez de repulsiva.
Conclui-se então que existem dois tipos diferentes de carga elétrica: a carga dos protões
e a carga dos eletrões. A força elétrica entre duas partículas com o mesmo tipo de carga
é repulsiva, enquanto que a força entre partículas com diferentes tipo de carga é atrativa.
Um átomo neutro (com igual número de protões e de eletrões) e não polarizado (nuvem
eletrónica com centro no núcleo), não produz forças elétricas sobre outras partículas
com carga. Assim sendo, é conveniente distinguir os dois tipos de carga atribuindo-lhes
sinais opostos; a convenção adotada é que a carga dos protões é positiva e a carga dos
eletrões é negativa. Como o valor absoluto das cargas dessas duas partículas é assim, a
carga total dos átomos com igual número de eletrões e protões é nula, explicando
porque não produzem forças elétricas sobre outras partículas externas.
Quando um átomo neutro perde um eletrão, fica com uma unidade de carga positiva (ião
positivo, com um excesso de um protão em relação ao número de eletrões) e produz as
mesmas forças que produz um único protão. Quando num átomo neutro entra mais um
eletrão, o átomo passa a ter uma carga total igual a uma unidade de carga negativa (ião
negativo, com um eletrão a mais em relação ao número de protões), produzindo as
mesmas forças elétricas do que um único eletrão.
A unidade SI usada para medir carga é o coulomb, indicado com a letra C. Nessas
unidades, a carga de um protão tem o valor
(1.1)
A carga de um eletrão é também igual a esse mesmo valor, mas com sinal negativo. Os
neutrões não têm carga elétrica e, como tal, não sofrem nem produzem nenhuma força
elétrica.
A partir da segunda metade do século 20, têm sido descobertas muitas outras partículas
fundamentais, mas todas essas novas partículas têm cargas elétricas iguais a um
múltiplo inteiro (positivo ou negativo) do valor da carga do protão. Diz-se então que
existe quantização da carga. Isto é, qualquer sistema no universo tem sempre uma
carga total que é um múltiplo inteiro da carga elementar: (ver equação 1.1).
1.2. Eletrização
É necessária uma energia muito elevada para conseguir remover um protão, ou um
neutrão, do núcleo de um átomo. Isso só ocorre no interior das estrelas, na camada mais
externa da atmosfera onde chocam partículas cósmicas com muita energia ou nos
aceleradores de partículas onde as energias das partículas são suficientemente elevadas.
Para extrair ou introduzir um eletrão num átomo neutro é necessária uma energia muito
menor.
Sempre que dois objetos diferentes entram em contacto próximo, há eletrões de um dos
objetos que passam para o outro. O objeto que for mais susceptível de perder eletrões
fica entãoeletrizado com carga positiva ( protões em excesso) e o objeto que tiver menos
tendência para perder os seus eletrões fica com carga da mesma intensidade, mas
negativa ( eletrões em excesso). Por exemplo, a figura 1.2 mostra uma barra que perdeu
eletrões após ter sido esfregada com um pano e esses eletrões passaram para o pano.
Figura 1.2: Barra de vidro eletrizada por fricção com um pano de seda.
Os diferentes materiais podem ser ordenados numa triboelétrica (tabela 1.1), em que os
materiais no topo da série são mais susceptíveis de ficar com carga positiva e os
materiais no fim da série têm maior tendência para ficar com carga negativa.
Quando a barra de vidro da figura 1.2 é friccionada com seda, alguns eletrões passam do
vidro para a seda, porque o vidro está acima da seda na tabela triboelétrica. Como os
eletrões transportam carga negativa, o vidro fica com carga positiva e a seda com carga
negativa, com o mesmo valor absoluto da carga no vidro. Se a mesma barra de vidro
fosse esfregada com uma pele de coelho, que está acima do vidro na série triboelétrica,
a passagem de eletrões seria da pele para o vidro, ficando a barra de vidro com carga
negativa e a pele com carga positiva.
Priestley conseguiu explicar esse fenómeno da forma seguinte: considere-se uma esfera
metálica carregada, como mostra a figura 1.3, e uma partícula com carga colocada num
ponto qualquer dentro da esfera. Um conjunto contínuo de retas que passam pela
partícula interseta a esfera, nos dois lados opostos à partícula, formando duas regiões
com áreas e , que são diretamente proporcionais aos quadrados das distâncias e desde
P até os dois lados da esfera.
(1.2)
A mobilidade das cargas no metal e as forças repulsivas entre cargas do mesmo sinal,
faz com que as cargas se distribuam uniformemente na superfície. Assim sendo, os
valores absolutos das cargas nas duas regiões opostas da esfera, e , são diretamente
proporcionais às áreas das duas regiões e a equação anterior implica:
(1.3)
As duas regiões nos lados opostos de produzem sobre a partícula duas forças
opostas e . Se o módulo da força elétrica produzida por cada região é proporcional ao
valor absoluto da carga na região, dividida pelo quadrado da distância até à partícula,
então essas duas forças têm o mesmo módulo e anulam-se.
Qualquer outra região na superfície da esfera tem sempre uma respetiva região no lado
oposto da carga e as força resultante dessas duas regiões sobre a carga também é nula.
Conclui-se então que a força elétrica nula em qualquer ponto do interior da esfera
condutora é consequência de que a força elétrica produzida por uma partícula com
carga , sobre outra partícula com carga , é diretamente proporcional a e inversamente
proporcional ao quadrado da distância entre as cargas. A lei de ação e reação também
implica que o módulo da força elétrica de sobre seja o mesmo, ou seja, a força elétrica
entre as partículas deverá ser também proporcional a . Resumindo, a expressão do
módulo da força entre duas partículas com cargas e é
(1.4)
A força elétrica entre duas cargas pontuais é diretamente proporcional ao produto das
cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas.
A expressão vetorial para a força que a partícula produz sobre a partícula é a seguinte:
(1.5)
Na equação 1.5, a força tem a mesma direção do versor , que é ao longo da linha que
passa pelas duas partículas. O produto tem sinal positivo se as cargas são do mesmo
sinal, ou negativo se fossem de sinal contrário. Ou seja, se as cargas têm o mesmo sinal
a força é no mesmo sentido do versor (força repulsiva) e se os sinais das cargas são
diferentes, o sentido da força é oposto a (força atrativa). O módulo da força é
diretamente proporcional às grandezas das cargas e inversamente proporcional ao
quadrado da distância entre elas.
Observe-se que os dois índices (12) no vetor indicam a origem ou a causa, seguido pelo
destino ou receptor, neste caso a força produzida pela partícula 1, que atua sobre a
partícula 2. A lei de ação e reação indica que , mas os módulos dessas duas forças são
iguais: .
A lei de Coulomb é válida unicamente para um sistema de duas cargas pontuais, ou seja,
duas partículas com carga concentrada numa região muito pequena do espaço.
Para calcular as forças elétricas entre corpos com cargas distribuídas numa região do
espaço não é necessário dividir cada uma dessas regiões em várias regiões pequenas que
possam ser aproximadas a cargas pontuais, obter as forças entre todas essas cargas
pontuais a partir da lei de Coulomb e obter a soma vetorial de todas essas forças.
A equação vetorial 1.5 é particularmente útil em três dimensões. Em duas dimensões é
geralmente mais fácil usar a equação 1.4 para o módulo da força e desenhar a sua
direção e sentido num diagrama que permita aplicar relações geométricas.
(1.6)
Também pode interpretar-se como a constante que define a unidade SI de carga: uma
carga de 1 C é uma carga tal que a força elétrica entre duas cargas de 1 C, distanciadas
de 1 m, é igual a 9×109 N.
Exemplo 1.1
isto implica que, usando unidades de nC para as cargas, mm para as distâncias e o valor
de 9 para a constante , as forças calculadas pela lei de Coulomb serão dadas em mN.
As duas forças são atractivas e fazem um ângulo de 30° com a vertical. Assim sendo, as
componentes da força resultante são
Exemplo 1.2
Quatro cargas pontuais , , e encontram-se nos vértices de um tetraedro regular de
aresta = 21 cm. Determine a força resultante sobre a carga .
Resolução. Os três eixos coordenados podem ser escolhidos como mostra a figura ao
lado, com a carga na origem, a carga no eixo dos e a carga sobre o plano . Como tal,
as posições dessas três cargas são
Para calcular a altura do tetraedro, calcula-se o módulo de , que deve ser igual a ; assim
sendo,
A posição da partícula 4 relativa a cada uma das outras três partículas obtém-se
subtraindo menos a posição da respectiva partícula e os respetivos versores obtêm-se
dividindo por , já que as arestas do tetraedro são todas iguais a :
(1.7)
onde o vetor chama-se campo elétrico. Um sistema de várias cargas produzem, em
cada ponto do espaço, um campo elétrico , que pode ser determinado medindo a força
elétrica que atua sobre uma pequena carga de prova colocada nesse ponto e dividindo a
força pelo valor de .
Por exemplo, para calcular o campo elétrico produzido por um sistema de cargas
pontuais (, , ), num ponto P, calcula-se a força exercida por cada uma dessas cargas
sobre uma carga de prova colocada no ponto P, como mostra a figura 1.5). A resultante
dessas forças é:
(1.8)
onde cada vector vai desde a carga até a carga e e o versor na direção e sentido desse
vetor. O campo obtém-se dividindo pela carga de prova :
(1.9)
A interpretação física do campo elétrico é que cada carga altera o espaço à sua volta
(ver figura 1.6) e essa alteração é o campo elétrico. Essa alteração do espaço pode ser
detetada através da força que outras partículas com carga sentem quando colocadas
nesse espaço.
O conceito de campo elétrico foi adotado pelos físicos do século 19, para explicar como
as forças eletrostáticas e gravitacionais podem atuar à distância, entre duas partículas
que não estão em contacto. O campo era associado a um meio invisível e imaterial
chamado éter; o campo seria como uma onda que se propaga no éter produzindo forças
em outros corpos.
Figura 1.6: Campo de uma carga
pontual.
A teoria do éter foi abolida na física do século 20, mas o conceito do campo como
alteração do espaço prevalece. Existe evidência experimental de que a ação de uma
partícula sobre outra não ocorre instantaneamente, mas propaga-se desde uma partícula
até a outra à velocidade da luz. Se, por exemplo, neste instante uma grande quantidade
de carga negativa saísse do Sol, ficando este com carga total positiva, as forças
produzidas por essas cargas só seriam detetadas na Terra minutos mais tarde, o tempo
que o campo demora a deslocar-se do Sol até a Terra, à velocidade da luz.
Exemplo 1.3
O valor da força sobre uma carga de prova de 5 nC, num determinado ponto, é igual a
2×10−4 N e tem a direção do eixo dos . Calcule o campo elétrico nesse ponto. Qual será
a força sobre um eletrão colocado nesse mesmo ponto?
Figura 1.8: Campo elétrico de uma carga negativa (esquerda) e de uma carga positiva
(direita).
No exemplo que foi apresentado na figura 1.7, há linhas a sair em todas direções nos
pontos (, ) = (0, 0) e (1, 0), onde existem cargas positivas. Existe um único ponto onde o
campo total é nulo, no segmento entre as duas cargas onde os módulos dos campos das
duas cargas são iguais:
(1.10)
e como a soma das duas distâncias é , é igual a 0.4 e as coordenadas do ponto de campo
nulo são (0.4, 0). As duas linhas de campo ao longo do eixo dos , no segmento entre =
0 e = 1, aproximam-se assimptoticamente desse ponto de campo nulo e existem outras
duas linhas de campo que partem do ponto para os dois quadrantes onde é positivo e
onde é negativo.
Outro exemplo são as linhas de campo de um dipolo elétrico, formado por duas cargas
iguais de sinais opostos. As linhas de campo são apresentadas na figura 1.9.
Uma distribuição contínua de cargas pode ser aproximada por uma série de cargas
pontuais. Por exemplo, se existem cargas distribuídas uniformemente no segmento do
eixo dos entre = −3 e = 3, pode-se imaginar um sistema de cargas pontuais,
equidistantes, sobre o segmento entre = −3 e = 3. A figura 1.10 mostra as linhas de
campo obtidas com 7 cargas pontuais.
Figura 1.10: Campo elétrico de um sistema de 7 cargas sobre o segmento de reta
entre = −3 e = 3.
Em qualquer sistema de duas cargas cuja soma não seja zero, existe um ponto de campo
nulo onde terminam e saem linhas de campo. As linhas de campo elétrico dão também
alguma ideia da grandeza relativa do campo elétrico. O campo é mais forte onde a
densidade de linhas for maior e mais fraco onde as linhas estiverem mais distanciadas.
Se um condutor é colocado numa região onde existe campo elétrico, como a nuvem
eletrónica de condução tem carga negativa, desloca-se no sentido oposto às linhas de
campo. O deslocamento dos eletrões de condução faz surgir carga negativa num
extremo (excesso de eletrões) e carga positiva no extremo oposto (falta de eletrões). Se
a carga total do condutor é nula, o valor absoluto dessas cargas nos extremos será igual.
Essas cargas de sinais opostos nos extremos opostos do condutor produzem um campo
elétrico interno, no sentido oposto ao campo externo e quando as cargas acumuladas nos
extremos sejam suficientemente elevadas, dentro do condutor os dois campos se anulam
e o movimento dos eletrões de condução cessa.
A figura 1.11 mostra uma barra com carga positiva, colocada na proximidade de uma
esfera condutora montada num suporte isolador; a nuvem eletrónica de condução na
esfera aproxima-se da barra, deixando carga positiva na região mais afastada da barra e
a mesma quantidade de carga negativa na região mais próxima da barra. Se o suporte
não fosse isolador, entravam no condutor eletrões do suporte e as cargas positivas
indicadas na figura desapareciam.
Se a barra tivesse carga negativa, em vez de positiva, as posições das cargas positivas e
negativas na esfera seriam trocadas. Uma vez acumuladas cargas de sinais opostos nos
extremos da esfera, o campo elétrico total dentro da esfera é nulo; como tal, as linhas de
campo não penetram na esfera e os eletrões de condução dentro da esfera não sentem
qualquer força elétrica. Nos dois casos (barra com carga positiva ou negativa), as cargas
na superfície da esfera mais próxima da barra são atraídas para a barra e essa atração é
maior do que a repulsão sobre as cargas na superfície mais afastada da barra. Assim,
qualquer objeto externo com carga de qualquer sinal produz sempre uma força atrativa
nos condutores com carga total nula.
Se a mesma experiência é realizada com uma esfera isoladora (figura 1.12), não há
acumulação de cargas nos extremos; assim, o campo no interior da esfera não se anula e
todas as moléculas dentro dela são polarizadas, isto é, a sua própria nuvem eletrónica
desloca-se no seu interior da molécula, no sentido oposto do campo. No caso
apresentado na figura (barra com carga positiva), a nuvem eletrónica das moléculas
deixa de estar centrada no mesmo ponto das cargas positivas, passando a estar centrada
num ponto mais próximo da barra; cada átomo torna-se um pequeno dipolo elétrico,
que é um sistema com carga total nula, mas com as cargas positivas e negativas em
pontos diferentes.
Figura 1.12: Isolador num campo
elétrico.
A figura 1.12 mostra também algumas das moléculas da esfera isoladora, polarizadas
formando dipolos. O lado dos dipolos que está mais próximo da barra com carga tem
sempre carga de sinal oposto ao da carga na barra. Como consequência, a força
resultante em cada dipolo é atrativa e a sobreposição de todas essas forças produz uma
força resultante atrativa entre a barra e a esfera. Ou seja, entre um objeto com carga de
qualquer sinal e um material isolador sem carga surge sempre força elétrica atrativa.
Figura 1.13: Carga distribuída numa região e pequena sub-região com carga .
(1.12)
onde a região de integração, R, é a região onde existe carga. O integral será integral de
linha, de superfície ou de volume, conforme a carga esteja distribuída numa curva,
superfície ou volume, respetivamente.
(1.13)
onde é uma função que depende da posição no fio, chamada carga linear, que é igual à
carga por unidade de comprimento do fio.
(1.14)
Trata-se de uma aproximação, porque o fio não é uma curva mas sim um sólido. A
aproximação será mais exata quanto menor for a secção transversal do fio. Realmente
existem muitos percursos possíveis dentro do fio, sendo necessário usar um percurso
médio para calcular o integral de linha.
Exemplo 1.4
Um anel circular de raio tem carga total , distribuída uniformemente. Determine a
expressão do campo elétrico ao longo do eixo do anel.
Sejam o eixo dos o eixo do anel, o eixo dos no plano do anel, tal como mostra a figura
seguinte:
resultado este que pode ser obtido também calculando o módulo do vetor
(1.15)
Ou seja, em qualquer ponto do eixo do anel, o campo elétrico aponta na direção desse
eixo, afastando-se do anel se a carga for positiva ou aproximando-se dele se for
negativa.
O mesmo procedimento pode ser feito com todos os segmentos do anel e, como a
componente do campo ao longo do eixo será a mesma independentemente da posição do
segmento no anel, todas as cargas do anel podem ser concentradas numa única carga
pontual colocada na posição do lado direito na figura acima e o campo total será a
projeção do campo produzido por essa carga pontual ao longo do eixo.
O quadrado da distância desde essa carga pontual até o ponto P é igual a e o módulo
do campo elétrico devido a essa carga é:
Quando a carga está distribuída continuamente numa lâmina fina (ver figura 1.15),
o integral do campo pode ser aproximado por um integral de superfície. Nesse caso, a
carga infinitesimal numa região da lâmina está relacionada com a carga superficial, :
(1.16)
Assim sendo, a expressão 1.12 para o campo conduz a um integral de superfície sobre a
superfície S da lâmina:
(1.17)
O integral de superfície para o campo é uma aproximação já que as partículas com carga
não podem ocupar uma superfície sem espessura, mas sim um volume no espaço. A
aproximação será mais exacta quanto menor for a espessura da camada onde estão as
cargas (ver figura 1.15).
O integral é um integral duplo, em ordem aos dois parâmetros que sejam usados para
definir a superfície S parametricamente. A equação vetorial da uma expressão para o
vetor posição em função de dois parâmetros reais e . O elemento diferencial de
superfície é igual à área da superfície descrita pelo vetor quando aumenta
para e aumenta para .
Quando a superfície é plana, definem-se dois dos eixos cartesianos, por exemplo e ,
sobre a superfície e o elemento diferencial de área é ; por vezes é mais útil usar
coordenas polares e , como no caso do exemplo seguinte.
Exemplo 1.5
(1.18)
(1.19)
(1.20)
onde é a carga volúmica no ponto na posição , ou seja, a carga por unidade de volume.
A equação 1.12 conduz a um integral triplo
(1.21)
onde V é a região onde há carga. Esse integral triplo costuma ser difícil de calcular
analiticamente; os casos em que é possível obter um resultado analítico acontecem
quando existe alguma simetria na forma como a carga está distribuída no espaço. Nesses
casos, existem outros métodos mais simples de determinar a expressão do campo sem
ser preciso calcular o integral triplo na equação anterior. Esses métodos serão estudados
nos 3 próximos capítulos. Como tal, neste capítulo não será dado nenhum exemplo de
utilização dessa equação.
Perguntas
(Para conferir a sua resposta, clique nela.)
1. Coloca-se uma barra com carga positiva próxima de uma folha de papel com
carga nula. A força que a barra exerce sobre o papel é então:
o A. Atrativa.
o B. Repulsiva.
o C. Nula.
o D. Atrativa ou repulsiva, conforme a barra seja condutora ou isoladora.
o E. Atrativa se o papel estiver seco ou nula se estiver húmido.
2. O que distingue um condutor elétrico de um isolador é:
o A. Ter mais eletrões do que protões.
o B. Ter mais protões do que eletrões.
o C. Ter mais eletrões do que o isolador.
o D. Ter moléculas que se deformam mais facilmente.
o E. Ter algumas partículas com carga livres de se deslocar.
3. Colocam-se três cargas pontuais no eixo dos :
= −6.0 µC, em = −2.0 m,
= +4.0 µC, em = 0,
= −6.0 µC, em = +2.0 m.
Determine a intensidade da força elétrica resultante sobre .
o A. 2.4×10−2 N
o B. 1.7×10−2 N
o C. 0
o D. 2.7×10−2 N
o E. 3.4×10−2 N
4. Três esferas idênticas e condutoras, isoladas, uma delas com carga e as outras
duas sem carga, colocam-se em contacto, cada uma delas tocando as outras duas
e a seguir separam-se. Qual das seguintes afrimações é correta?
o A. Todas as esferas ficam sem carga.
o B. Cada uma delas fica com carga .
o C. Duas delas ficam com carga /2 e outra com carga −/2.
o D. Cada uma delas fica com carga /3.
o E. Uma delas fica com carga e outra com carga −.
5. Uma esfera metálica montada num suporte isolador liga-se à terra com um fio
condutor e a seguir aproxima-se uma barra de plástico com carga positiva. A
ligação da esfera à terra é retirada e a seguir afasta-se a barra de plástico. Com
que carga fica a esfera metálica?
o A. Nula.
o B. Positiva.
o C. Negativa.
o D. Diferente de zero, mas não é possível saber o sinal.
o E. Positiva num extremo e negativa no extremo oposto.
Problemas
1. A soma dos valores de duas cargas pontuais e é = 10 µC. Quando estão
afastadas 3 m entre si, o módulo da força exercida por cada uma delas sobre a
outra é 24 mN. Determine os valores de e , se: (a) Ambas cargas são positivas.
(b) Uma das cargas é positiva e a outra negativa.
2. O campo elétrico na atmosfera terrestre tem intensidade de aproximadamente
150 N/C e aponta na direção e sentido do centro da Terra. Calcule a razão entre
o peso de um eletrão e o módulo da força elétrica oposta exercida pelo campo
elétrico da atmosfera (a massa do eletrão é 9.109×10−31 kg e admita que a
aceleração da gravidade é 9.8 m/s2).
3. Três cargas pontuais estão ligadas por dois fios isoladores de 2.65 cm cada (ver
figura). Calcule a tensão em cada fio.
13. Um fio retilíneo tem uma carga linear constante. Determine a expressão do
campo elétrico em qualquer ponto P em função da distância ao fio, e os
ângulos e definidos na figura. Calcule o valor limite do campo quando o fio for
infinito. (Sugestão: defina o eixo na direção do fio, com origem em O e o
eixo na perpendicular que passa por P.)
Respostas
Perguntas: 1. A. 2. E. 3. E. 4. D. 5. C.
Problemas